Porque estudar ou criar um animal
silvestre?
A criação de animais silvestre possibilita geração
de empregos; pagamento de tributos; fixação do
homem ao campo; exploração sustentável dos
recursos naturais; compreender a biologia das
espécies; diminuição da pressão sobre os
recursos naturais; combater o comércio ilegal de
animais silvestres; gerar nova tecnologia no
manejo das espécies; e preservação das
espécies.
Terminologia e conceituação animal:
- Animais Silvestres são aqueles pertencentes às
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, -
aquáticas ou terrestres, que tenham a sua vida ou
parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos
limites do território brasileiro. São aqueles que não
sofreram processo de domesticação e mesmo em
cativeiro retém ainda mesmo que em potencial seu
instinto indômito.
- Animal selvagem seria aquele que tem vida livre
sem sofrer a influência do homem e está
incondicionado ao mesmo ou aos seus sistemas
quer sejam produtivos ou aspectos
antropomórficos.
- Animais exóticos são aqueles cuja distribuição
geográfica não inclui o território brasileiro. Seria
aquele que não ocorre no território nacional em
nenhuma ocasião.
- Animais domésticos são aqueles animais que
através de processos tradicionais e sistematizados
de manejo e melhoramento zootécnico tornaram-
se domésticas, possuindo características
biológicas e comportamentais em estreita
dependência do homem.
- Animais de ornamentação são aqueles que são
criados pela sua beleza, podendo ser domésticos,
exóticos silvestres ou selvagens.
Matar um animal silvestre para comer
porque está com fome é crime?
Não é. Está previsto na lei 9.605 de 12 de
fevereiro de 1998, Art. 37 que diz não ser crime o
abate de animal quando realizado:
- Em estado de necessidade, para saciar a fome
do agente ou de sua família.
- Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da
ação predatória ou destruidora de animais, desde
que seja autorizado pela autoridade competente.
- Por ser nocivo, desde que assim caracterizado
pelo órgão competente.
Que problemas pode se ter com a posse
ou consumo de um animal silvestre?
Além da possibilidade de detenção e multa,
retenção do material utilizado (armas, armadilhas,
redes) com multa sobre estes itens, retenção do(s)
animal(ais) e multa, existe a possibilidade do
homem contrair doenças.
Posso legalizar meu animal silvestre?
Não. O que já é ilegal continua nesta situação. O
que pode ser feito seria a entrega voluntária ou
conseguir comprovar mediante parecer técnico
que aquele animal em sua posse não tem
condições de retorno à natureza e você ser aceito
como tutor.
O que fazer quando encontrar alguém
vendendo um animal silvestre?
Pode registrar uma denúncia anônima.
Qualquer pessoa pode obter uma
licença de coleta de animais ou plantas
silvestres?
Não. A pessoa deve ter um cadastro e vinculação
que justifique isto.
Aquisição de animais silvestres
legalmente
Alguns itens são obrigatórios na aquisição de
animais silvestres:
- Nota fiscal cumprindo todas as exigências,
autorizado pelo IBAMA;
- Identificação do animal através de marcação
definitiva;
- Certificado de sexagem;
- Termo de garantia certificando que o animal
desfruta de boa saúde.
Órgãos competentes que envolvem
animais silvestres e terminologia
- IBAMA: autarquia federal dotada de
personalidade jurídica de direito público,
autonomia administrativa e financeira. Tem como
atribuições o licenciamento ambiental; o controle
da qualidade ambiental; fiscalização; etc.
- Policia Ambiental: atua na defesa e preservação
do meio ambiente, prevenindo e reprimindo ações
predatórias.
- ICMBio: aplica estratégias para a proteção de
espécies ameaçadas; executa programas sobre
sustentabilidade, educação ambiental, etc.
Recepção de destinação de animais
silvestres
Caso um órgão competente realize uma repressão
ou apreensão de animais primeiramente deve ser
feito um exame de triagem. Analisando a situação
do animal, podem ser realizados diferentes
caminhos que podem ser:
- Soltura: se o animal oferece condições quanto
mais rápido melhor, pois este sofrerá menos
estresse e menos contato com o homem. Neste
procedimento estão incluídos aqueles recém-
capturados que estejam em boas condições.
- Retenção: quando o animal não pode ser
liberado de imediato ele vai ser retido, seja por
suspeita de doença ou trauma, como também por
estar em local de risco de caça ou acidentes.
- Tratamento: o animal vai entrar no processo de
reabilitação.
Soltura, reintrodução, revigoramento ou
translocação:
Após a reabilitação do animal existem algumas
possibilidades como:
- Soltura: liberação do animal na natureza em uma
área com recursos, dentro do limite de suporte
ambiental;
- Reintrodução: devolução animal empregada no
restabelecimento de uma população em seu
habitat original, em razão desta aí ter sido extinta.
Podendo envolver um processo de treinamento
prévio do animal, com acompanhamento, visando
à sobrevivência deste no seu ambiente natural.
- Revigoramento populacional (restoking): é uma
soltura, porém com a intenção de aumentar o
número de indivíduos de uma população. É feita
em seu habitat e distribuição geográfica originais
ou semelhante.
- Translocação ou Relocação: quando se realiza a
captura e transferência de animais em estado
selvagem, de uma área de sua distribuição natural
para outra.
Criadouros de animais silvestres
O primeiro passo a regulamentação de um
criadouro de animais silvestres é efetuar o registro
do empreendimento.
Para isso deve-se escolher uma das quatro
modalidades: conservacionista, científica,
comercial fauna nacional e comercial fauna
exótica. Também é necessário escolher entre duas
categorias que seriam a empresarial e o produtor
rural, sendo necessário um responsável técnico
capacitado e registrado em conselho profissional.
- Criadouros Conservacionistas: conhecidos
também como criatórios de manutenção. Tem
como objetivos apoiar as ações do IBAMA e dos
demais órgãos ambientais, auxiliar a manutenção
de animais silvestres em condições adequadas de
cativeiro, dar subsídios no desenvolvimento de
estudos sobre sua biologia e reprodução.
- Criadouros Científicos: o objetivo é regulamentar
as atividades de pesquisas científicas com animais
silvestres.
- Criadouros Comerciais: a finalidade é a produção
das espécies para fins de comércio.
- Criadouros Comerciais da Fauna Exótica:
objetiva regulamentar a criação de animais
exóticos, ou seja, animais provenientes de outros
países.
- Próximos passos para registro de um
empreendimento: assinatura de um termo de
ciência, seguindo para a elaboração de uma carta
consulta, para ver a viabilidade do
empreendimento e do animal que deseja criar.
Mediante aprovação, segue-se a elaboração do
projeto que poderá ser completo em suas
construções ou planejado em módulos que
permite investimentos temporais, ocorre então as
vistorias do IBAMA. Caso aprovado segue-se a
autorização para as construções e recebe-se o
registro.
Leis de interesse
Lei: Conjunto de normas que regem a sociedade.
Decreto-Lei: É um decreto emanado pelo poder
executivo e não pelo poder legislativo. Tem força de lei.
Portaria: Documento de ato administrativo de qualquer
autoridade pública que contém instruções acerca da
aplicação de leis ou regulamentos.
Instrução Normativa: Unifica definições de todos os
conceitos utilizados e descreve com clareza vedações
e permissões que estavam dispersas nos antigos
documentos.
- Instrução Normativa 001/99: estabelece os
critérios para licenciamento Ambiental de
empreendimentos e atividades que envolvam
manejo da fauna silvestre em cativeiro quer seja
exótica ou nacional.
- Portaria IBAMA nº 93/1998: normatiza a
importação e a exportação de espécimes vivos,
produtos e subprodutos.
- Instalação sem licença ambiental: multa:
R$500,00 a 10 milhões e acrescido de
R$500,00/animal se não estiver em extinção.
Acrescidos de R$5.000,00 (animal em extinção).
- Portaria nº 12.493/2016: estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos gerais sobre a
destinação de animais silvestres provenientes de
captura, apreensão ou entrega voluntária e ainda,
cadastro de áreas para soltura de animais
silvestres.
- Lei de Proteção a Fauna (Lei nº 5197/67):
proporcionou medidas de proteção a fauna,
eliminando a caça profissional e o comércio
deliberado de espécies da fauna brasileira. Por
outro lado, faculta a prática da caça amadorista e
estimula a construção de criadouros destinados à
criação de animais silvestres para fins econômicos
e industriais.
- Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98):
sistematiza os crimes ambientais, estabelecendo
tratamento específico e diferenciado para o infrator
ambiental.
Contenção e Captura
A contenção consiste numa restrição de
movimentos. Na captura e contenção é essencial
estar familiarizado com o comportamento e
anatomia do animal. A contenção pode ser:
- Contenção Física: pode ser manual ou com
instrumentos (mãos nuas, luvas, botas de cano
longo ou perneiras, puçá, pau de couro, laço,
gancho, rodo saco, etc);
Cada espécie animal pode exigir um equipamento
diferente em sua captura e contenção. Exemplos:
Puçá ou paçaguá - aves, pequenos e médios mamíferos;
Pau de couro - grandes mamíferos: lobo-guará,
tamanduá-bandeira;
Gancho para ofídios (serpentes)
- Contenção Química: utiliza fármacos para
tranquilização ou imobilização. As contenções
podem ser usadas para acalmar e capturar
animais ou anestesiar. Normalmente empregadas
devido a característica do animal física, fisiológica
ou comportamental.
- Condicionamento: treinamento para realizar
determinadas funções ou ações (anteriormente
com trabalho de condicionamento com punição ou
métodos que o animal recebe um carinho de
incentivo e/ou recompensa; atualmente com
utilização do condicionamento operante por
reforço positivo e também associação de um
estímulo sonoro que o animal associará e
registrará ao bom desempenho).
A contenção pode acarretar em óbito do animal,
podendo ser dividido em:
- Superagudo: durante a realização da contenção
(fibrilação ventricular, bradicardia colinérgica, anoxia,
traumas, etc.);

- Agudo ou mediato: até uma hora após a contenção

(insuficiência adrenal, timpanismo, acidose, hipo ou
hipertermia, etc.);
- Tardio: de horas a dias após a contenção membros
(miopatia de captura, pneumonia aspirativa e falência
circulatória aguda).