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GUIA BÁSICO DE LEGISLAÇÃO SOBRE

Brasileira Para Manutenção De Espécies Silvestres/Exótica Sob Cuidados Humanos

A diversidade de animais selvagens mantidos em cativeiro atualmente


no Brasil, e a necessidade de cumprir as exigências legais para sua correta
manutenção e manejo fazem com que o profissional que atue na área
necessite buscar constantemente atualização sobre o tema.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), por meio da Instrução Normativa nº 169/2008, determina
nove categorias de uso e manejo de fauna em cativeiro, a saber: zoológicos;
centros de triagem (CETAS); centros de reabilitação (CRAS); mantenedor de
fauna; criadouro comercial de fauna silvestre; criadouro científico de fauna
silvestre para fins de pesquisa; criadouro científico de fauna silvestre para fins
de conservação; estabelecimento comercial de fauna silvestre e abatedouro de
fauna silvestre.
Cada categoria demanda condições específicas de funcionamento,
considerando as espécies a serem mantidas, criadas e/ou abatidas, além das
exigências administrativas e de infraestrutura.

Zoológicos
A primeira lei brasileira sobre o funcionamento de zoológicos foi a Lei n°
7173, de 14 de dezembro de 1983. No entanto, somente com a publicação da
Instrução Normativa nº 04, de 04 de março de 2002, o IBAMA estabeleceu as
condições mínimas para o alojamento de animais em jardins zoológicos,
criando, conforme a infraestrutura, as categorias A, B e C. Essa instrução
normativa apresenta as exigências para manutenção de diversos grupos
animais, com especificações de tamanho mínimo, tipo de piso, abrigo,
substrato, entre outras.
O manejo dos resíduos hospitalares e dos materiais biológicos
contaminados, gerados nos zoológicos, são regulamentados pela RDC n°
306/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que dispõe
sobre o gerenciamento dos resíduos produzidos nos serviços de saúde e pela
Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nº 358/2005.
Salienta-se que o trabalho com espécies mantidas em zoológicos está
sujeito a riscos de ordem sanitária e os relacionados ao manejo e manipulação
de animais selvagens. Por isso, os médicos veterinários e demais profissionais
envolvidos na atividade devem ser submetidos a treinamentos e capacitações,
visando ao uso correto de equipamentos de proteção individual, ao
conhecimento do potencial de risco de cada espécie manejada, bem como às
diferentes formas de contenção dos animais.
Um programa de profilaxia humana também deve ser adotado como
rotina para todos os funcionários, técnicos e estudantes, assegurando a
integridade dos trabalhadores responsáveis pela rotina de alimentação,
higienização, cuidados e manejo preventivo dos animais em cativeiro. As
vacinas que devem fazer parte do programa de imunização são a da febre
amarela, raiva, hepatite B e tétano. Conforme o perfil endêmico da região,
outras vacinas deverão ser incluídas no programa.

Centros de Triagem e Centros de Reabilitação


Os Centros de Triagem e os Centros de Reabilitação de animais
silvestres são os locais destinados a receber, triar, identificar, avaliar, marcar,
recuperar, e reabilitar a fauna silvestre proveniente de ações de fiscalização,
resgate ou entrega voluntária de particulares. São locais que atuam em
programas de reintrodução dos animais em ambiente natural, após período de
reabilitação ou quarentena, de acordo com a espécie, suas características e
distribuição original.
Fatores como a grande demanda de animais recebidos, a falta de
origem dos mesmos, o tempo de cativeiro, as restrições físicas, a região de
distribuição original, os riscos sanitários, a infraestrutura insuficiente, e a falta
de monitoramento pós-soltura dificultam o bom andamento dos programas de
reintrodução. Em 2008, foi publicada a Instrução Normativa IBAMA nº 179 que
defini as diretrizes e procedimentos para destinação dos animais da fauna
silvestre nativa e exótica apreendidos, resgatados ou entregues
espontaneamente às autoridades competentes. Essa normativa tornou mais
criteriosa a destinação de fauna, requerendo a aprovação prévia de projeto de
soltura e reintrodução. Soma-se, ainda, a publicação da Resolução CONAMA
nº 457/2013, que dispõe sobre o depósito e a guarda provisória de animais
silvestres apreendidos ou resgatados pelos órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente, como também oriundos de entrega
espontânea, quando houver justificada impossibilidade das destinações
previstas no §1o do art. 25, da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Mantenedores de Fauna
Anteriormente classificados como Criadouros Conservacionistas pela
Portaria IBAMA n°139, de 29 de dezembro de 1993, os Mantenedores de
Fauna são locais mantidos por pessoa física ou jurídica, podendo receber
apenas animais destinados pelo órgão competente, sem possibilidade de
recebimento por entrega espontânea.
Só poderão receber visitação pública através de programa de visitas
monitoradas de caráter técnico, didático ou para atender programas de
educação ambiental da rede pública ou privada de ensino, de acordo com a
Portaria IBAMA n° 138, de 14 de novembro de 1997.
Criadouro Comercial de Fauna Silvestre
A regulamentação para a criação comercial de espécies silvestres
nativas está definida na Portaria n° 118, de 15 de outubro de 1997, que
normatiza a criação para fins econômicos e industriais. Para a criação
comercial de fauna exótica, a Portaria n° 102, de 15 de julho de 1998,
regulamenta a atividade. Além disso, a Resolução nº 394/07, estabelece os
critérios para determinação de espécies silvestres a serem criadas e
comercializadas como animais de estimação. Até o momento, não foi publicada
a lista destas espécies, conhecida popularmente como “Lista Pet”. Nessa
mesma lista, estarão sujeitos os animais silvestres objeto da Resolução nº
457/2013.
Atualmente estão suspensas novas autorizações para a criação de
répteis, anfíbios e invertebrados, conforme determina a Instrução Normativa
IBAMA n° 31, de 31 de dezembro de 2002.

Criadouro Científico de Fauna Silvestre para fins de pesquisa


A criação de animais para fins de pesquisa científica em universidades,
centros de pesquisa, e instituições oficiais ou autorizadas pelo poder público
está regulamentada pela Portaria nº 16, de 04 de março de 1994. Com relação
aos animais marinhos, existe uma regulamentação específica. A Portaria n° 98,
de 14 de abril de 2000 normatiza a manutenção em cativeiro, o manejo e o uso
de mamíferos aquáticos exóticos ou da fauna silvestre brasileira. Devido a
criação dessa Portaria, não são autorizados no Brasil parques aquáticos com o
uso de animais marinhos.
Atualmente, todas as categorias de uso e manejo de fauna devem estar
cadastradas e autorizadas por meio do Sistema Nacional de Gestão de Fauna
(SISFAUNA) e do Sistema de Cadastro de Passeriformes (SISPASS), criados
pelo IBAMA (Instrução Normativa n°10/2011). Nessas plataformas, devem
constar informações de cadastro referentes ao empreendimento que, em última
instância, deve conter a Autorização de Uso e Manejo para seu funcionamento
regular.
Recentemente, foi publicada a Lei Complementar n° 140/2011 que
transfere a gestão do manejo de fauna em cativeiro para os estados e
municípios. No Rio Grande do Sul, em julho de 2013, foi assinado o acordo de
cooperação técnica entre IBAMA e Secretaria Estadual do Meio Ambiente
(SEMA) para realizar a gestão compartilhada dos recursos faunísticos do Estado.
Segundo o IBAMA, o acordo se propõe a compartilhar a gestão por
três anos, repassando gradativamente seu conhecimento até que o Estado
possa estar adequadamente estruturado para exercer plenamente suas
atribuições.
Outro aspecto a ser considerado refere-se ao atendimento de animais
silvestres sem procedência legal em clínicas e hospitais veterinários. O CFMV
publicou em 2006 a Resolução CFMV nº 829 que disciplina o atendimento de
animais silvestres em clínicas particulares, levando em consideração o
princípio do livre exercício profissional, do sigilo e da necessária e obrigatória
assistência técnica e sanitária aos animais selvagens independente de sua
posse, origem e espécie. Dessa forma, oferece respaldo legal à atividade.

Alguns aspectos importantes da resolução são:


Art. 1º Os animais silvestres/selvagens devem receber assistência médica
veterinária independentemente de sua origem.
Art. 2º Quando do atendimento a animais silvestres/selvagens os médicos
veterinários deverão:
Elaborar prontuário contendo informações indispensáveis à identificação
do animal e de seu detentor;
Informar ao detentor a necessidade de legalização dos animais e a
proibição de manutenção em cativeiro dos animais constantes da lista
Oficial Brasileira da Fauna Silvestre Ameaçada de Extinção ou dos
anexos I e II da Convenção sobre o Comércio Internacional das
Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção quando
este não possuir autorização do órgão competente;
Art. 3º O médico veterinário deve encaminhar comunicado à Superintendência
do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e ao órgão executor da
Defesa Sanitária Animal no Estado, quando do atendimento de doenças de
notificação obrigatória.
ANEXOS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 306, DE 07 DE
DEZEMBRO DE 2004

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA


RESOLUÇÃO Nº 1000, DE 11 DE MAIO DE 2012
RESOLUÇÃO Nº 829 DE 25 DE ABRIL DE 2006
RESOLUÇÃO Nº 877, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2008

CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL


RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 6, DBE 10 DE JULHO DE 2012

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA


RESOLUÇÃO Nº 358, DE 29 DE ABRIL DE 2005
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 394, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2007
RESOLUÇÃO Nº 457, DE 25 DE JUNHO DE 2013

GOVERNO FEDERAL
LEI Nº 7.173, DE 14 DE DEXEMBRO DE 1983
LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 04, DE 04 DE MARÇO DE 2002
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 31 DE 31 DE DEZEMBRO DE 2002
INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 179, DE 25 DE JUNHO DE 2008
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 10 /2011, DE 20 DE SETEMBRO DE 2011
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 169, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2008
PORTARIA Nº 139-N/ 93, DE 29 DE DEXEMBRO DE 1993
PORTARIA Nº 016, DE 04 DE MARÇO DE 1994
PORTARIA Nº 98, DE 14 DE ABRIL DE 2000.
PORTARIA Nº 118-N DE 15 DE OUTUBRO DE 1997
PORTARIA Nº 138 DE 14 DE NOVEMBRO DE 1997
PORTARIA Nº 102/98, DE 15 DE JULHO DE 1998

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