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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL PARAÍBA
NÚCLEO DE JUSTIÇA ANIMAL

Ofício n.º 16/2019/NEJA/UFPB

João Pessoa (PB), 6 de maio de 2019.

Excelentíssimo Senhor
José Leonardo Clementino Pinto
Promotor de Justiça
Rua Manoel Moreira Dantas, n.° 24, Itaporanga/PB, 58780-000

Assuntos:  Pedido de APURAÇÃO, por esse respeitado Ministério Público, das denúncias
acerca da CHACINA de cães, gatos e galinhas veiculadas na mídia no dia 27/04/19;
 Pedido de RECOMENDAÇÃO ao município de Itaporanga/PB, dado ao fato, dentre
outros, de o Código de Direito e Bem-Estar Animal da Paraíba ter erigido o
CONTROLE POPULACIONAL de cães e gatos à categoria de ação para garantia da
SAÚDE PÚBLICA1, de criação, no prazo máximo de 6 (seis) meses, de políticas 1
públicas que garantam o cumprimento da Lei Federal n.° 13.426/17 (art. 1°), da Lei
Estadual n.° 11.140/18 (inciso VI do § 4° do art. 7°, arts. 31 a 34), instituindo meios
propiciadores da ESTERILIZAÇÃO de cães e gatos na modalidade cirúrgica;
 Pedido de RECOMENDAÇÃO ao município de Itaporanga/PB no sentido de fazer
valer o art. 3° da Lei Federal n.° 13.426/17, criando, desde logo, políticas
educacional-animalistas, deflagrando um PROGRAMA que desencadeie
CAMPANHAS EDUCATIVAS pelos meios de comunicação adequados, que
propiciem a assimilação pelo público de NOÇÕES DE ÉTICA sobre a POSSE
RESPONSÁVEL de animais domésticos;
 Pedido de RECOMENDAÇÃO ao município de Itaporanga/PB para concretizar as
determinações de sua própria LEI ORGÂNICA (vide no parágrafo “5” do presente
ofício o conteúdo de seu 139 e respectivos §§, bem assim de seu art. 140 e inciso I),
promovendo “os meios necessários para satisfazer o direito de todos ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado”, introduzindo em suas políticas práticas
educacionais, culturais, desportivas e recreativas que instigue a PRESERVAÇÃO
DO MEIO AMBIENTE;
 Pedido de RECOMENDAÇÃO ao município de Itaporanga/PB que materialize os
mandamentos insertos em sua própria LEI ORGÂNICA (vide no parágrafo “5” do
presente ofício o conteúdo de seu 139 e respectivos §§, bem assim de seu art. 140

1Lei n.° 11.140/18: “Art. 31. O CONTROLE POPULACIONAL e de zoonoses de caninos e felinos em todo o Estado da Paraíba
será considerado matéria de SAÚDE PÚBLICA, que deverá abranger, além de outras medidas devidamente autorizadas em Lei, a
esterilização cirúrgica ou outras formas cabíveis, desde que também autorizadas em Lei específica” (grifos nossos). Disponível em:
<http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2019.
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e inciso I), instituindo nas escolas que estão sob sua gestão DISCIPLINAS de
EDUCAÇÃO AMBIENTAL e de CONSCIENTIZAÇÃO para PRESERVAÇÃO DA
NATUREZA, protegendo, em conjunto com a comunidade, a FAUNA e a flora;
 Pedido de RECOMENDAÇÃO ao município de Itaporanga/PB que, em consonância
com o que estabelece o art. 54 da Lei n.° 11.140/18, estruture o “Centro de
Controle de Zoonoses, Canil ou estabelecimento equivalente, definindo suas
instalações físicas, competências técnica e administrativa correspondentes, no
PRAZO MÁXIMO de 2 (dois) anos [...]”, computado, tal lapso temporal, do início de
vigência do Código que se deu em 7/out/2018;
 SUGESTÃO de RECOMENDAÇÃO à Prefeitura e à CASA DE VEREADORES de
agendamento de uma AUDIÊNCIA PÚBLICA, objetivando discutir com o
NEJA/UFPB, a POPULAÇÃO em geral e o PODER PÚBLICO MUNICIPAL (Executivo e
Legislativo), bem assim com os órgãos incumbidos da investigação das denúncias
formuladas (DELEGACIA DE POLÍCIA, PROMOTORIA DE JUSTIÇA e CONSELHO
REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DA PARAÍBA), os desafios por que passam
o DIREITO, a SAÚDE e a DIGNIDADE dos ANIMAIS ITAPORANGUENSES.

Excelentíssimo Senhor Promotor, 2


Ao cumprimentá-lo cordialmente, vem-se, por meio do presente expediente, expor e, por último,
solicitar o que abaixo se segue.

1 CONSIDERANDO-SE a criação do NÚCLEO DE JUSTIÇA ANIMAL – NEJA – da UNIVERSIDADE


FEDERAL DA PARAÍBA, que, desde 2017, vem cumprindo seu desiderato que, dentre
outros, são os seguintes:

Identificar, a partir de ocorrências e denúncias,


os casos de maus tratos a animais no Estado da
Paraíba, providenciando que tais casos sejam
devidamente denunciados e apurados pelas
autoridades correspondentes;
Participar de ações judicias como amicus curiae,
para as quais se detenha conhecimento técnico
suficiente a auxiliar o juízo na conclusão de casos
submetidos ao Estado [Poder Judiciário] [...]
(grifos nossos);

2 CONSIDERANDO-SE um dos alcances deste NEJA/UFPB, qual seja, contribuir na solução


dos problemas envolvendo os bichos salvaguardados por ONGs de proteção animal, por
protetores(as) independentes e, ainda, pelo próprio Poder Público (municipal, estadual e
federal, nos limites territoriais da Paraíba), notadamente aqueles que estão em situação de
rua;

3 CONSIDERANDO-SE a necessária participação do Poder Público na solução da problemática


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envolvendo animais, quer na conformidade do que determina a Constituição da República


em seu art. 225 e respectivos desdobramentos2, quer em consonância com o que dispõe a
Constituição do Estado da Paraíba em seu art. 227 e correlato alongamento 3 ou, ainda, tal
como impõe a Lei Orgânica do Município de ITAPORANGA/PB4;

4 CONSIDERANDO-SE o que impõe a todos os municípios brasileiros a Lei Federal n.°


13.426/2017, especialmente no que concerne à necessária ESTERILIZAÇÃO a ser
promovida por esses Entes Federativos, bem assim em relação ao conteúdo de seu art. 3o,
que diz respeito à imperiosa instituição de “campanhas educativas pelos meios de
comunicação adequados, que propiciem a assimilação pelo público de noções de ética
sobre a posse responsável de animais domésticos”; in verbis:

Art. 1o O controle de natalidade de CÃES e GATOS em


todo o território nacional será regido de acordo
com o estabelecido nesta Lei, mediante
esterilização permanente por CIRURGIA, ou por outro
procedimento que garanta eficiência, segurança e
bem-estar ao animal.
Art. 2o A esterilização de animais de que trata o

3
art. 1o desta Lei será executada mediante programa
em que seja levado em conta:
I - o estudo das localidades ou regiões que apontem

2 CR/1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...] VII - proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade” (grifos nossos).
3 CEPB/1989: “Art. 227. O meio ambiente é do uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, sendo dever do Estado

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Parágrafo único. Para garantir esse objetivo, incumbe ao Poder
Público: [...] II - proteger a fauna e a flora, proibindo as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção da espécie ou submetam os animais à crueldade” (grifos nossos).
4 LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA: “Art. 8º - É da competência administrativa comum do Município, da

União e do Estado, observado a lei complementar, o exercício das seguintes medidas: [...] V – proteger o meio ambiente e combater
a poluição em qualquer de suas formas; VI – preservar as florestas, a FAUNA, a flora e as matas [...]. Art. 123 – O Município,
dentro de sua competência, organizará a ordem econômica e social, conciliando a liberdade de iniciativa com os superiores interesses
da coletividade, observado os seguintes princípios: [...] V – defesa do meio ambiente [...]. Art. 125 [...] § 1º - Visando a satisfação do
DIREITO À SAÚDE, garantido na Constituição da República, o Município, no âmbito de sua competência assegurará: I – acesso
universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde; II – participação de entidades
especializadas na elaboração de políticas e no controle de atividades com impacto sobre a saúde [...]. § 2º - Para a execução dos
objetivos referidos no parágrafo anterior, o Município promoverá: VII – a DEFESA DO MEIO AMBIENTE, nele compreendido o
do trabalho. [...] Art. 139 – O Município promoverá os meios necessários para satisfazer o direito de todos ao meio ambiente,
ecologicamente equilibrado, nos termos da Constituição da República. § 1º - As práticas educacionais, culturais, desportivas e
recreativas municipais terão como um dos seus aspectos fundamentais a PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE e da
qualidade de vida da população local; § 2º - As escolas municipais manterão DISCIPLINAS de educação ambiental e de
conscientização para preservação da natureza. Art. 140 – O Município, com a colaboração da comunidade tomará todas as
providências necessárias para: I – proteger a FAUNA e a flora [...]. Art. 142 – A política de desenvolvimento urbano do Município
tem por finalidade ordenar o pleno desenvolvimento das funções urbanas e garantir o bem-estar da comunidade local, mediante,
dentre outros, dos seguintes objetivos gerais: [...] IV – proteção, preservação e recuperação do MEIO AMBIENTE [...]” (grifos
nossos). Disponível em: <http://camaraitaporanga.pb.gov.br/images/arquivos/documentos/1541695325.pdf>. Acesso em: 5 maio
2019.
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para a necessidade de atendimento prioritário ou


emergencial, em face da superpopulação, ou quadro
epidemiológico;
II - o quantitativo de animais a serem
esterilizados, por localidade, necessário à redução
da taxa populacional em níveis satisfatórios,
inclusive os não domiciliados; e
III - o tratamento prioritário aos animais
pertencentes ou localizados nas comunidades de
baixa renda.
Art. 3o O programa desencadeará CAMPANHAS
EDUCATIVAS pelos meios de comunicação adequados,
que propiciem a assimilação pelo público de NOÇÕES
DE ÉTICA sobre a POSSE RESPONSÁVEL de animais
domésticos;

5 CONSIDERANDO-SE, além da determinação educativo-animalista prevista no art. 3° da Lei


Federal n.° 13.426/17, tal como debulhado acima, a OBRIGAÇÃO DE FAZER contida na
própria LEI ORGÂNICA do Município de Itaporanga/PB que, dentre outras práticas/ações a
ser concretizadas pela municipalidade, as [práticas] educacionais deve ter como foco a
PRESERVAÇÃO DA AMBIÊNCIA. Impõe, ainda, às escolas daquela localidade, que criem
disciplinas de educação ambiental e de CONSCIENTIZAÇÃO para preservação da natureza,
4
devendo, em comunhão com a comunidade, proteger a FAUNA e a flora. Veja-se, in verbis,
seu teor:

Art. 139 – O Município promoverá os meios


necessários para satisfazer o direito de todos ao
meio ambiente, ecologicamente equilibrado, nos
termos da Constituição da República.
§ 1º - As práticas educacionais, culturais,
desportivas e recreativas municipais terão como um
dos seus aspectos fundamentais a PRESERVAÇÃO DO
MEIO AMBIENTE e da qualidade de vida da população
local.
§ 2º - As escolas municipais manterão DISCIPLINAS
de educação ambiental e de conscientização para
PRESERVAÇÃO DA NATUREZA.
Art. 140 – O Município, com a colaboração da
comunidade tomará todas as providências necessárias
para:
I – proteger a FAUNA e a flora [...] (grifos
nossos).

6 CONSIDERANDO-SE que os animais da Paraíba têm DIREITOS FUNDAMENTAIS garantidos


pela Lei n.° 11.140/2018, que instituiu o CÓDIGO DE DIREITO E BEM-ESTAR ANIMAL DA
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PARAÍBA”5, in verbis:

Art. 5º Todo animal tem o direito:


I - de ter as suas existências física e psíquica
respeitadas;
II - de receber tratamento digno e essencial à
sadia qualidade de vida;
III - a um abrigo capaz de protegê-lo da chuva, do
frio, do vento e do sol, com espaço suficiente para
se deitar e se virar;
IV - de receber CUIDADOS VETERINÁRIOS em caso de
doença, ferimento ou danos psíquicos
experimentados;
V - a um limite razoável de tempo e intensidade de
trabalho, a uma ALIMENTAÇÃO ADEQUADA e a um repouso
reparador (grifos nossos);

7 CONSIDERANDO-SE que os maus-tratos tipificados como CRIME AMBIENTAL no art. 32 da


Lei n.° 9.605/986 têm regulamentação, por assim dizer, em razão da competência
constitucional dos Estados7, na Lei n° 11.140/188, que conceitua, em vários incisos, o que
vem a ser maus tratos a animais: 5
Art. 7° Esta Lei estabelece a política a ser
adotada pelo Poder Executivo e seus órgãos,
envolvendo a relação entre a sociedade e os animais
no âmbito do Estado da Paraíba. [...]
§ 2º Para efeitos desta Lei, entende-se como MAUS
TRATOS a animais:
[...]
II - manter animais em lugares ANTI-HIGIÊNICOS ou
que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o
descanso ou, ainda, privem-nos de ar, luz, ÁGUA ou
ALIMENTAÇÃO mínima necessária para sua
subsistência, levando-se sempre em conta a sua
espécie e/ou o seu porte, ocasionando-lhes
desconforto físico e/ou mental;
[...]
IV - golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente,
qualquer órgão ou parte externa do animal, exceto a

5 Lei n° 11.140/18: Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 14 abr.


2019.
6 Lei n.° 9.605/98: “Art. 32. Art. 32. Praticar ato de abuso, MAUS-TRATOS, ferir ou mutilar animais silvestres, DOMÉSTICOS

ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa [...]” (grifos nossos). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm>. Acesso em: 14 abr. 2019.
7 CR/88: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR concorrentemente sobre: [...] VI - florestas,

caça, pesca, FAUNA, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição [...] VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico [...] (grifos nossos)”.
8 Lei n° 11.140/18: Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 14 abr.

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esterilização, só para animais domésticos [...];


V - abandonar animal em qualquer circunstância,
recém-nascido, jovem ou idoso, estando ou não são,
doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como
deixar de lhe ministrar tudo o que humanitariamente
se lhe possa prover, inclusive assistência
veterinária;
[...]
XXXV - lesar ou agredir os animais (por
espancamento, lapidação, por instrumentos
cortantes, contundentes, por substâncias químicas,
escaldantes, tóxicas, por FOGO ou outros modos que
ocasionem dor, desconforto e até a morte),
sujeitando-os a qualquer experiência que infrinja a
Lei nº 11.794, de 8 de outubro de 2008;
XXXVI - qualquer prática ou atividade capaz de
causar sofrimento ao animal, dano físico e/ou
mental ou, ainda, provocar-lhe a morte, observados
os limites impostos pela Lei nº 11.794, de 8 de
outubro de 2008;
XXXVII - ENVENENAR animal, ocasionando-lhe ou não a
morte; 6
XXXVIII - eliminar, sob qualquer modalidade, cães,
gatos ou outros animais domésticos como MÉTODO DE
CONTROLE DA DINÂMICA POPULACIONAL ou de CONTROLE
ZOONÓTICO, salvo expressa autorização em lei
específica e somente em relação ao controle de
zoonoses [...].
[...]
§ 3º PRATICARÁ TAMBÉM MAUS TRATOS toda pessoa
física e/ou jurídica:
I - que não tomar as medidas necessárias para que o
abandono não ocorra nas dependências que estejam
sob sua governança;
II - OMITIR-SE em cumprir as determinações
expressas nesta Lei (grifos nossos);

8 CONSIDERANDO-SE que na Paraíba a EUTANÁSIA somente será possível dentro dos limites
estabelecidos pelo Código de Direito e Bem-Estar Animal (Lei n.° 11.140/2018), que exige,
dentre outras medidas, o laudo de 2 (dois) médicos veterinários atestadores da
necessidade imperiosa para essa modalidade de morte, devendo, ainda, ser precedida de
exame laboratorial específico identificador da doença e, também, ser ratificado por novo
exame que utilize metodologia distinta da anteriormente empregada, podendo, o pretenso
eutanasiado, ser adotado por entidade de proteção animal 9:

9 Lei n° 11.140/18: Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 14 abr.


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Art. 25. O animal somente poderá ser submetido à


EUTANÁSIA quando:
I - portador de enfermidade de caráter zoonótico ou
infectocontagioso incurável e que coloque em risco
a saúde e a segurança de pessoas e/ou de outros
animais, sendo vedada essa prática pela simples
constatação de tumores, doenças venéreas ou
afecções outras tratáveis e, também, pelo fato de
se encontrar em condição caquética ou, ainda,
decorrente da situação de ser idoso ou de rua;
II - nos demais casos permitidos por Lei Federal
específica.
§ 1º A prática de eutanásia nas hipóteses previstas
nos incisos acima fica condicionada à prévia
emissão de laudo médico, detalhando a condição
clínica do animal, a imperiosidade da execução do
procedimento e a respectiva razão motivadora,
devendo ser elaborado por 2 (dois) médicos
veterinários devidamente inscritos no conselho
profissional pertinente.
§ 2º Deverá ser explicitado, pormenorizadamente,
nesse mesmo laudo médico, o método clínico a ser 7
utilizado para eutanasiar o animal, quer esse
procedimento se evidencie em centros de zoonoses,
quer em CANIS, abrigos de animais, clínicas
veterinárias ou congêneres.
§ 3º A eutanásia autorizada pelos incisos I e II
será precedida, obrigatoriamente, de exame
laboratorial específico atestador da doença,
devendo, ainda, ser ratificado por novo exame que
utilize metodologia distinta da anteriormente
empregada.
§ 4º Os 2 (dois) resultados dos exames exigidos na
forma do § 3º serão anexados ao laudo que embasará
o atestado a ser expedido na forma prevista no §
1º.
§ 5º NÃO será permitida a eutanásia quando a doença
for tratável, a exemplo da esporotricose, dentre
outras.
[...]
Art. 27. Faculta-se, diante da constatação de
necessidade da realização de eutanásia segundo as
hipóteses autorizadoras, a qualquer pessoa física
ou jurídica ou, ainda, à entidade de proteção
animal realizar a ADOÇÃO DEFINITIVA do pretenso
eutanasiado.
§ 1º Para a consecução da possibilidade prevista no
caput, deverá haver a transferência da tutela do
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animal para o interessado, desde que garantida,


pelo novo tutor e em documento próprio, a
implementação das condições necessárias a sanar as
causas motivadoras do processo de eutanásia [...]
(grifos nossos);

9 CONSIDERANDO-SE que as infrações à Lei n.° 11.140/2018 são puníveis, dentre outras
formas, por MULTAS a ser imputadas à pessoa física ofensora ou ente privado ou, ainda, ao
próprio agente público (gestor) responsável pelo desrespeito as suas disposições, quer por
ação, quer por OMISSÃO, inclusive com o fechamento definitivo, a depender do caso, do
estabelecimento (canil, pets, etc.), devendo os animais ali encontrados sob maus tratos ser
disponibilizados à adoção imediata, tal como consta de várias de suas determinações
codificadas10:

Art. 102. Constitui infração, para os efeitos desta


Lei, toda AÇÃO ou OMISSÃO que importe na
inobservância de preceitos estabelecidos por ela ou
na desobediência às determinações das autoridades
administrativas competentes.
Art. 103. Para a imposição e gradação das
penalidades referentes às infrações definidas nesta
Lei serão considerados(as):
8
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos
da infração e suas consequências para a saúde e o
bem-estar do animal;
[...]
IV - a situação econômica do infrator, no caso de
incidência de multa, devendo sua aplicação ser
diretamente proporcional à sua capacidade
financeira.
§ 1º Responderá pela infração quem por qualquer
modo a cometer, concorrer para sua prática ou dela
se beneficiar.
[...]
Art. 104. Sem prejuízo da obrigação de o infrator
REPARAR O DANO por ele causado ao animal e da
aplicação das sanções civis e penais cabíveis, as
infrações indicadas nesta Lei serão punidas,
isoladas ou cumulativamente, com as seguintes
sanções administrativas, considerando-se, quando de
sua aplicação, cada animal atingido
INDIVIDUALMENTE:
[...]
II - MULTA SIMPLES, que variará entre 200
(duzentos) e 630 (seiscentos e trinta) UFR-PB;

10Lei n° 11.140/18: Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 14 abr.


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III - MULTA DIÁRIA:


a) até que sejam cessados os maus tratos
constatados e/ou
b) no caso de continuidade ao desrespeito a esta
Lei por motivo outro diferente daquele contido na
alínea anterior;
IV - resgate dos animais encontrados em situação de
maus tratos pelos órgãos competentes;
[...]
VI - INTERDIÇÃO definitiva dos estabelecimentos,
incluindo-se CANIS e gatis fixados no Estado da
Paraíba que comercializam, expõem, hospedam,
alojam, permutam, doam ou realizam prestação de
serviço a animais vivos.
§ 1º Sendo o Ente Público o descumpridor desta Lei,
a penalidade aplicada será destinada diretamente ao
patrimônio do respectivo responsável pelo seu fiel
cumprimento, ficando a possibilidade de o próprio
Ente ser responsabilizado no caso de
impossibilidade financeira de seu representante.
§ 2º Nos casos de reincidência específica,
caracterizados pelo cometimento de nova infração da 9
mesma natureza e gravidade, a multa corresponderá
ao dobro da anteriormente imposta.
§ 3º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas
ou mais infrações, serão aplicadas cumulativamente
as sanções a elas cominadas, somando-se, assim,
seus respectivos valores, considerando-se, ainda,
cada animal atingido individualmente.
§ 4º As penalidades previstas neste artigo poderão
ser aplicadas cumulativamente com a penalidade de
multa e em relação a cada animal considerado
INDIVIDUALMENTE.
[...]
§ 7º Além da específica multa a que está sujeito,
fica, o infrator, pessoa física ou jurídica,
obrigado a custear todas as despesas médico-
veterinárias decorrentes dos maus tratos
evidenciados, tais como consultas, cirurgias,
medicamentos, fisioterapias, peças ortopédicas,
dentre outras.
[...]
Art. 107. Em razão dos princípios da prevenção e da
precaução, independentemente das penalidades
previstas no artigo antecedente, a pessoa física ou
jurídica que cometer maus tratos sob quaisquer das
formas determinadas nesta Lei:
I - NÃO poderá ficar como depositário, sob nenhuma
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circunstância, com o animal cujos maus tratos foram


identificados;
II - perderá definitivamente a guarda do animal tão
logo sejam comprovados os maus tratos pela
autoridade competente;
III - perderá também, em definitivo, a guarda de
outros animais que estejam sob sua custódia, ainda
que não comprovados os maus tratos em relação a
eles em específico;
[...]
Art. 110. As sanções previstas serão aplicadas
pelos órgãos executores competentes estaduais.
[...]
Art. 111. A autoridade ou servidor que deixar de
cumprir as obrigações de que trata esta Lei ou,
ainda, agir para impedir, dificultar ou retardar o
seu cumprimento incorrerá nas mesmas
responsabilidades do infrator, sem prejuízo da
incidência das demais penalidades administrativas,
civis e penais cabíveis.
Art. 112. A autoridade ambiental
conhecimento de qualquer infração ambiental é
que tiver
10
obrigada a promover a sua apuração imediata,
mediante instauração de processo administrativo
próprio, bem como tomar as medidas legais
adequadas, sob pena de se responsabilizar
solidariamente, observada, ainda, a determinação
contida no § 3º do art. 70 da Lei nº. 9.605/98
(grifos nossos);

10 CONSIDERANDO-SE o quadro ameaçador por que passam os animais de ITAPORANGA/PB,


especialmente os CÃES que estão perambulando pelas ruas da cidade sem tutor específico
para os acolher;

11 CONSIDERANDO-SE DENÚNCIA recebida por este NÚCLEO DE JUSTIÇA ANIMAL –


NEJA/UFPB, concernentemente ao fato de que, aproximadamente, 40 (quarenta) cães
foram mortos e enterrados no lixão da cidade de Itaporanga/PB ou, então, segundo se
conta também, foram queimados para esconder as provas da chacina, episódio ocorrido
entre os dias 25 e 26/abril/2019 (DOC. 01 – vide postagem veiculada nas redes sociais em
27/04/19);

12 CONSIDERANDO-SE que boatos ainda relatam a morte de 15 (quinze) gatos supostamente


envenenados nas “imediações do conjunto” cuja fala ouvida não precisa de que localidade
se trata efetivamente, bem assim enaltece o perecimento de várias galinhas mortas com
suspeita de envenenamento em dado bairro de Itaporanga;

13 CONSIDERANDO-SE o episódio da chacina de cães havida em cidade próxima à Itaporanga,


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qual seja, Igaracy/PB, em março/2018, ocasião na qual restou comprovado que foi a
própria Prefeitura da localidade a mandatária da morte, por espancamento, de 31 (trinta e
um) cães;

14 CONSIDERANDO-SE, por fim, o arcabouço jurídico-animalista trazido mais acima,


especialmente aqueles mandamentos que impõem uma proteção e defesa efetiva dos
animais de todo o Brasil e, em razão do Código de Direito e Bem-Estar Animal da Paraíba, a
imputação de pesadas multas para quem descumprir as determinações ali codificadas,
SOLICITA-SE de V. Exa. que, segundo vosso criterioso entendimento:

14.1 APURE as denúncias acerca da CHACINA de cães, gatos e galinhas veiculadas na


mídia, inclusive com a exumação dos cadáveres, caso seja necessário para o
deslinde da questão, tomando todas as demais medidas legais necessárias à
realização do presente pedido;

14.2 RECOMENDE ao município de Itaporanga/PB, dado ao fato, dentre outros, de o


Código de Direito e Bem-Estar Animal da Paraíba ter erigido o CONTROLE
POPULACIONAL de cães e gatos à categoria de ação para garantia da SAÚDE
PÚBLICA11, a criação, no prazo máximo de 6 (seis) meses, de políticas públicas que
garantam o cumprimento da Lei Federal n.° 13.426/17 (art. 1°), da Lei Estadual n.°
11.140/18 (inciso VI do § 4° do art. 7°, arts. 31 a 34), instituindo meios
11
propiciadores da ESTERILIZAÇÃO de cães e gatos na modalidade cirúrgica;

14.3 RECOMENDE ao município de Itaporanga/PB que faça valer o art. 3° da Lei Federal
n.° 13.426/17, criando, desde logo, políticas educacional-animalistas, deflagrando
um PROGRAMA que desencadeie CAMPANHAS EDUCATIVAS pelos meios de
comunicação adequados, que propiciem a assimilação pelo público de NOÇÕES DE
ÉTICA sobre a POSSE RESPONSÁVEL de animais domésticos;

14.4 RECOMENDE ao município de Itaporanga/PB que concretize as determinações de


sua própria LEI ORGÂNICA (vide no parágrafo “5” do presente ofício o conteúdo de
seu 139 e respectivos §§, bem assim de seu art. 140 e inciso I), promovendo “os
meios necessários para satisfazer o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado”, introduzindo em suas políticas práticas educacionais,
culturais, desportivas e recreativas que instigue a PRESERVAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE;

14.5 RECOMENDE ao município de Itaporanga/PB que materialize os mandamentos


insertos em sua própria LEI ORGÂNICA (vide no parágrafo “5” do presente ofício o
conteúdo de seu 139 e respectivos §§, bem assim de seu art. 140 e inciso I),
instituindo nas escolas que estão sob sua gestão DISCIPLINAS de EDUCAÇÃO
AMBIENTAL e de CONSCIENTIZAÇÃO para PRESERVAÇÃO DA NATUREZA,

11Lei n.° 11.140/18: “Art. 31. O CONTROLE POPULACIONAL e de zoonoses de caninos e felinos em todo o Estado da Paraíba
será considerado matéria de SAÚDE PÚBLICA, que deverá abranger, além de outras medidas devidamente autorizadas em Lei, a
esterilização cirúrgica ou outras formas cabíveis, desde que também autorizadas em Lei específica” (grifos nossos). Disponível em:
<http://static.paraiba.pb.gov.br/2018/06/Diario-Oficial-09-06-2018.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2019.
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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL PARAÍBA
NÚCLEO DE JUSTIÇA ANIMAL

DOC. 01
13
Reportagem veiculada nas redes sociais, em
27/04/19, delatando a chacina de animais no
município de ITAPORANGA/PB

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