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RELAÇÃO JURÍDICA

PROF. SANDRO LÔBO


RELAÇÕES JURÍDICAS
CONCEITOS BÁSICOS

• Vida em sociedade: conflitos (relações familiares, amorosas, religiosas, sociais...


jurídicas vínculo jurídico entre pessoas)
• Nem todas as relações sociais são jurídicas.
As relações sociais relevantes para a vida em convivência ingressam no
mundo do Direito.

• As relações jurídicas se forma pela incidência de normas jurídicas em fatos sociais – não há
relação jurídica se não houver um fato que corresponda a certas normas ou regras de Direito.
• O direito é um dos meios de resolver conflitos, quando há relação jurídica.
• Os conflitos e relações podem ser judicializados (nem todos) levar os conflitos da sociedade para
o judiciário resolver.
• Quando existe uma norma jurídica prévia (positiva ou não) que incide sobre um fato social
(conflito) e existe um direito subjetivo (possibilidade de exigir de alguém aquilo q a lei me
atribui como próprio) temos uma relação jurídica.
Relação Jurídica

• Vínculo entre pessoas do qual derivam consequências obrigatórias, por


• corresponder a uma hipótese normativa.
• Dois requisitos são necessários para que haja uma relação jurídica:
 Uma relação intersubjetiva – um vínculo entre duas ou mais pessoas (físicas ou
jurídicas)
 A correspondência ou adequação do vínculo a uma hipótese normativa,
decorrendo por isso consequências obrigatórias.

• Direito objetivo→ fato Relação Jurídica → Relação Jurídica → direito subjetivo


SUJEITO DE DIREITOS
PROF. SANDRO LÔBO
• O Código Civil é uma parcela do
ordenamento jurídico encarregado dessa
tarefa e começa regulando a capacidade que
cada um terá para adquirir seus direitos e
obrigações, bem como a de executá-las.
SUJEITO Possui também dispositivos legais
permitindo as pessoas consideradas
DE naturais que se unam para formar ente

DIREITOS maior, uma pessoa jurídica, e possam


atingir com mais eficiência suas
prerrogativas. Importante também regular
quando essa capacidade termina e o código
o faz dizendo que a personalidade ganha
em vida, apenas se extingue com a morte.
• No sentido jurídico pessoa é todo
SUJEITO ente ao qual se atribui
personalidade. Sendo assim
DE todo ser humano nascido vivo é
uma pessoa. A definição de
DIREITO pessoa é sinônima de sujeito de
direito. Sendo assim sujeito de
E direito será toda pessoa natural
PESSOA ou jurídica capaz de manifestar-
se juridicamente.
SUJEITO DE DIREITOS
SUJEITO DE DIREITOS
• Sujeito: Na acepção jurídica, pessoa é o ente físico ou moral, suscetível de
direitos e obrigações.
• O sujeito de direito é aquele a quem a lei – em sentido amplo – atribui direitos
e obrigações, aquele cujo comportamento se pretende regular. A pergunta
sobre como esse sujeito toma decisões – em última instância, quem ele é –
interessa aos juristas sob diversos pontos de vista. Imputabilidade e
inimputabilidade, capacidade e incapacidade, deliberação e intuição são
conceitos juridicamente relevantes e que se referem a estados mentais,
intenções, processos cognitivos, em suma, o que se passa em nossas cabeças
quando tomamos uma decisão.
SUJEITO DE DIREITOS
• É importante referir que os sujeitos de direito podem ser de dois tipos:

• Sujeitos de direito individuais, que são os cidadãos individuais que são


capazes de adquirir direitos e obrigações. Também são conhecidos como
pessoas naturais ou físicas.

• Sujeitos de direitos coletivos, que são aqueles que se constituem como


pessoas jurídicas, povos indígenas, comunidades quilombolas, movimentos
sociais.
2. Pessoa física e pessoa jurídica

• A pessoa natural/física como sujeito de direito:


• Direito objetivo: é a norma posta (criada) vigente;
• Direito subjetivo: é a prerrogativa que para o indivíduo decorre da
norma objetiva;
• - Consiste numa relação jurídica que se estabelece entre um sujeito
ativo e passivo;
Pessoa física e pessoa jurídica

• Relação jurídica: relação humana que o direito impõe força


coercitiva.
• - Assim, a relação jurídica se estabelece entre indivíduos, porque o
direito tem por escopo regular interesses humanos, de maneira que
o sujeito da relação jurídica é sempre o ser humano.
• Há exceção, as pessoas jurídicas também são titulares de direitos, e
elas são criadas para melhor atingir os interesses humanos.
• Se toda relação jurídica tem por titular a
pessoa humana, isso quer dizer que
Pessoa todo ser humano tem capacidade para
ser titular de direitos.
física e • É o que proclama o artigo 1º do Código
pessoa Civil (Lei Federal nº 10.406/2002):
• Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos
jurídica e deveres na ordem civil.
• A circunstância de existir confere ao ser
humano a possibilidade de ser titular de
direitos, que se chama personalidade.
• Personalidade da pessoa física/natural:
• - Início: nascimento com vida (art. 2º do
Código Civil);
Pessoa • Art. 2o A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei
física e põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro;
pessoa • No Brasil, até 1890, exigia-se que
nascesse com vida e fosse viável. Em
jurídica outras legislações se requereria
viabilidade e a forma humana (art. 30 do
Código Civil Espanhol, revogado em
2011).
Pessoa física e pessoa jurídica

• Fim: morte (art. 6º do Código Civil);


• Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

• Morte real (“Morte real é a morte certa, ainda que sem cadáver, e a morte presumida é aquela que é
muito provável que aconteceu, mas você não tem certeza. Por exemplo, quando você está diante de
um desastre aéreo, e existe a prova de que a pessoa estava naquela aeronave, que foi completamente
destruída, e não há a possibilidade de sobreviventes, como o acidente da TAM em Congonhas, você
tem certeza da morte ainda que o corpo não seja localizado.

• Morte civil (Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Dos Excluídos da
Sucessão Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão)

• Morte presumida é aquela em que é muito provável a morte, mas não se tem certeza dela. Um caso
muito famoso que nós tivemos no Brasil é o da morte da namorada do goleiro Bruno, porque não se
encontrou o corpo, ela sumiu. O que se teve ali foi uma morte presumida sem ausência, porque é
muito provável, por vários vestígios, que ela tenha morrido’.
Pessoa física e pessoa jurídica

• Capacidade de direito e de exercício: todo ser humano, desde seu


nascimento até a morte, tem capacidade para ser titular de direitos e
obrigações na ordem civil (direito), mas isso não significa que todos
possam exercer pessoalmente tais direitos (exercício).
• É titular de direitos (capacidade de direito), mas não pode exercê-los
pessoalmente, pois não tem capacidade de exercício, ou seja, é incapaz;
• Código Civil classifica as incapacidades em absolutas e relativas.
Pessoa física e pessoa jurídica

• Incapacidades:
• - Absolutamente incapaz: aquele que não pode, por si mesmo,
praticar quaisquer atos jurídicos. Pode ser representado por seu
representante legal.
• Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos
da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos;
Pessoa física e pessoa jurídica

• Relativamente incapaz: pode, por si mesmo, praticar quaisquer atos jurídicos,


desde que assistido por seu representante legal.
• Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
• I - os maiores de 16 e menores de 18 anos;
• II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
• III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
• IV - os pródigos.
Pessoa física e pessoa jurídica

EMANCIPAÇÃO: é a antecipação da capacidade civil antes da idade legal (artigo 5º do Código


Civil)
• Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
• Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
• I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor
tiver dezesseis anos completos;
• II - pelo casamento;
• III - pelo exercício de emprego público efetivo;
• IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
• V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Pessoa física e pessoa jurídica

• Direitos da personalidade: são direitos inerentes à pessoa humana, como


direito à vida, à liberdade física ou intelectual, ao nome, corpo, imagem,
honra etc, são inalienáveis, intransmissíveis, imprescritíveis e
irrenunciáveis.

• Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.
Pessoa física e pessoa jurídica

• PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


• Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária; (Código Civil)
• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
• (...)
• X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
Pessoa jurídica

• Conceito: são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade


diversa da dos indivíduos que os compõe, capazes de serem sujeitos de
direitos e obrigações na ordem civil.
• Origem: a pessoa jurídica surge para atender as necessidades humanas,
pois ao estabelecer sociedade com outros indivíduos, o ser humano
poderá alcançar o fim almejado.
• A finalidade poderá ser econômica, recreativa, caridade, assistência
social, religião etc.
PESSOA JURÍDICA
• As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas morais, não são indivíduos,
mas entidades criadas por pessoas físicas. Fora a sua natureza abstrata ou ideal,
também são sujeitos de direito.

• Isto significa que os seres humanos, as empresas, as cooperativas, as associações


civis e as organizações não-governamentais (ONG), só para citar alguns
exemplos de pessoas físicas e jurídicas, contam com direitos que estão
protegidos pela lei. Estes sujeitos de direito também têm obrigações às quais não
podem fugir: caso contrário, são castigados no que toca ao estipulado pela
legislação em vigor.
Pessoa jurídica

• Conceito: são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade


diversa da dos indivíduos que os compõe, capazes de serem sujeitos de
direitos e obrigações na ordem civil.
• Origem: a pessoa jurídica surge para atender as necessidades humanas,
pois ao estabelecer sociedade com outros indivíduos, o ser humano
poderá alcançar o fim almejado.
• A finalidade poderá ser econômica, recreativa, caridade, assistência
social, religião etc.
• Unidade de pessoas e/ou bens jurídicamente organizada, estável, com
vistas a certas finalidades, públicas ou privadas.

• (Des)constituídas ato jurídico voluntário.

• Funções desempenhadas
o Funções políticas e públicas: Estado, União, Municípios, Autarquias (PJ de Direito
Público)
o Funções econômicas: sociedade limitada, sociedade anônima, cooperativa
o Funções sociais: fundações, associações.
Pessoa jurídica

• Natureza jurídica: há várias teorias; a) ficção legal; b) realidade objetiva; c) realidade


técnica; d) institucionalista;
• 3.1. Classificação das pessoas jurídicas:
• a) Pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, Código Civil):
• I - a União;
• II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
• III - os Municípios;
• IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
• V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Pessoa jurídica

São pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, Código Civil):


• I - as associações;
• II - as sociedades;
• III - as fundações.
• IV - as organizações religiosas;
• V - os partidos políticos;
• VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada;
Pessoa jurídica

• Associações: agrupamento de indivíduos, sem fins lucrativos. Exemplo: clubes


recreativos, centros culturais etc.
• Sociedades: agrupamentos de indivíduos com fins lucrativos. Existem vários tipos.
• Fundações: destinam-se a algum fim determinado por seu fundador. Exemplo:
Fundação Roberto Marinho.
• Organizações religiosas: agrupamento de pessoas para prática de religião;
• Partidos políticos: destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a
autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais
definidos na Constituição Federal.
Pessoa jurídica

• SOCIEDADE SIMPLES: É definida como a organização que tenha como


objetivo social o exercício de profissão intelectual, de natureza cientifica,
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
são os prestadores de serviços (artigo 966 parágrafo único, Código Civil);

• SOCIEDADE EMPRESÁRIA: É definida como sociedade empresária aquela


que tem como objetivo social a atividade econômica organizada para
produção ou circulação de bens ou serviços (Artigos 966 e 982, Código Civil)
Pessoa jurídica

• Personalidade jurídica da pessoa jurídica:


• Início: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo. A partir da inscrição a pessoa jurídica está apta a agir como
sujeito de direitos e obrigações na ordem civil.
• Extinção: cancelamento da inscrição da pessoa jurídica, após liquidação
Pessoa jurídica

• Art. 46. O registro declarará:


• I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
• II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
• III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
• IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
• V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
• VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.
Pessoa jurídica

• A pessoa jurídica tem direitos da personalidade?


• Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção
dos direitos da personalidade.
DIREITOS DA PESSOA JURÍDICA
• Conforme o Código Civil de 2002, no seu art. 52, aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Neste sentido, no que couber – ou seja, não são todos os direitos de
proteção à personalidade inerente à pessoa jurídica – a pessoa
jurídica é dotada de direitos da personalidade, tais como: o direito ao
nome, à marca, à liberdade, à imagem, à privacidade, à própria
existência, ao segredo, à honra objetiva. Não são todos os direitos da
personalidade da pessoa natural que são admissíveis à pessoa
jurídica (direito à honra, p. ex, nos crimes contra a honra subjetiva).
• APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESCISÃO DE CONTRATO E NULIDADE
DE DÉBITO C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CDC.
RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA. ÔNUS DA PROVA DO RÉU. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM MANTIDO. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. VALOR
MANTIDO. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. A pessoa
jurídica que adquire ou utiliza o produto como destinatário final, não o incorporando em outro,
nem o revendendo, faz jus à proteção do CDC. 2. Conf. art. 333, inciso II, do CPC, o ônus da
prova incumbe ao Réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do Autor, devendo, portanto, provar o eficiente funcionamento e continuidade do serviço
telefônico disponibilizado à Autora. 3. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227
do colendo STJ). A fixação do quantum indenizatório, a título de danos morais, deve observar os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sopesando a conduta do infrator e o dano
sofrido pelo ofendido, devendo ser mantido, caso não tenha sido arbitrado em valor irrisório, ou
exorbitante. 4. Devidamente comprovados os danos materiais, a sentença deve ser mantida nesse
ponto. 5. Juros de mora a partir da data do evento danoso (Súmula 54 do colendo STJ). A
correção monetária sobre a indenização por danos morais é devida a partir do arbitramento
(INPC). Súmula 362 do c. STJ. APELAÇÕES CONHECIDAS E DESPROVIDAS (art. 557, caput,
do CPC). (TJGO, APELACAO CIVEL 75069-39.2012.8.09.0051, Rel. DES. OLAVO JUNQUEIRA
DE ANDRADE, 5A CAMARA CIVEL, julgado em 21/01/2016, DJe 1959 de 29/01/2016)
Pessoa jurídica

• Desconsideração da personalidade da pessoa jurídica:


• Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o
juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Capacidade de agir
• Direito Civil e Administrativo
o Nos limites do ato constitutivo (contrato social, estatuto,
lei)
o Conforme poderes outorgados a seus representantes

• Direito Penal
o Apenas pessoas físicas (princípio da culpabilidade)
o Crimes Ambientais: pessoas físicas + pessoas jurídicas
Classificação dos sujeitos de direito de
acordo com a titularidade do direito.
• Os sujeitos ativos referem-se aos titulares de direito diante de
terceiros como, por exemplo, os credores. Onde se podem
reclamar de outros a responsabilidade pela conduta de alguém;

• Já os sujeitos passivos são os próprios titulares do da obrigação e


direito, ou seja, eles mesmos respondem por si quanto a um
comportamento ou decisão, seja de forma voluntária ou não. A
exemplo disso temos uma pessoa que se encontra em situação de
devedor.
PRÉ-NATAL
Jurisprudência do STJ vem reconhecendo nascituros como sujeitos de direito

• Embora o artigo 2º do Código Civil diga que "a personalidade


civil começa do nascimento com vida", a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido direitos aos ainda
não nascidos. Em diversas decisões, o tribunal tem afirmado que o
direito à vida e à assistência pré-natal, por exemplo, são tanto da
mãe quanto do nascituro. Mas não há delimitação expressa de
quais são esses direitos.
• Direito à vida

Ao reconhecer a uma mulher o direito de receber o seguro DPvat após sofrer
aborto em decorrência de acidente de carro, o ministro Luis Felipe Salomão,
esclareceu que o ordenamento jurídico como um todo — e não apenas o Código
Civil de 2002 — alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da
situação jurídica do nascituro.

• Erro em exame

A jurisprudência do STJ possibilita ao nascituro a indenização por danos


morais, os quais devem ser decorrentes da violação da dignidade da pessoa
humana (em potencial), desde que, de alguma forma, comprometam o seu
desenvolvimento digno e saudável no meio intrauterino e o consequente
nascimento com vida, ou repercutam na vida após o nascimento.
• Indenização equivalente

No entanto, quando há o dever de reparação, o valor devido ao nascituro não pode ser
inferior pela condição de não ter ainda nascido. Ao negar provimento ao pedido de
uma empresa condenada por danos morais e materiais pela morte de um empregado
em virtude de acidente de trabalho, a 3ª Turma manteve a fixação da indenização em
montante igual, tanto para os filhos nascidos da vítima quanto para o nascituro.

• Alimentos gravídicos

Em 2017, a 3ª Turma estabeleceu que os alimentos gravídicos — destinados à gestante
para cobertura das despesas no período compreendido entre a gravidez e o parto —
devem ser automaticamente convertidos em pensão alimentícia em favor do recém-
nascido, independentemente de pedido expresso ou de pronunciamento judicial. Essa
conversão é válida até que haja eventual decisão em sentido contrário, em ação de
revisão da pensão ou mesmo em processo em que se discuta a própria paternidade.
Animais na legislação
brasileira: objetos ou
sujeitos de direito?
LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002
(CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO).

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de


movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social.
Animais na legislação brasileira: objetos ou sujeitos
de direito?
• Seres sencientes: seres dotados de natureza biológica e emocional, passíveis de sofrimento.

• “A Constituição diz que os animais são sujeitos de direito desde que estejam assistidos por uma
pessoa capaz – representante, ONG, Ministério Público ou Defensoria Pública. Eles podem estar
como partes de um processo”, explica Edenise Andrade. A consequência dessa divergência de
ideias entre o Código Civil e a interpretação dos juristas animalistas da Constituição está na
dificuldade de ações com animais enquanto autores serem acolhidas pelo juizado, porque,
segundo os estudiosos que não concordam com a tese de que animais são sujeitos de direitos,
somente humanos poderiam fazer isso.

• Além disso, conforme a norma constitucional da proibição da crueldade, os animais têm direito
fundamental à existência digna e podem ir a juízo, conforme o art. 2º, §3º do Decreto 24.645/1934,
ou seja, podem defender um direito próprio no judiciário por meio de ação – uma das principais
argumentações de que animais são sujeitos de direito.
Nem coisas, nem pessoas: animais de estimação seriam um "terceiro
gênero"
OS ANIMAIS PODEM SER PARTE EM PROCESSOS
JUDICAIS?

• “[...] inexistindo a titularidade de direitos por parte dos animais, inexiste a capacidade de ser parte, qualidade
essa umbilicalmente ligada à possibilidade de titular direitos e contrair obrigações, ainda que representado
ou assistido.
• [...] a conclusão a chegamos decorre, em última instância — nada obstante o emprego da doutrina e da
jurisprudência —, da lei. Basta a vontade do legislador para que se necessite de novo estudo, pois aí os textos
normativos serão outros, e, por consequência, igualmente outras serão as opiniões doutrinárias e
jurisprudenciais. Afinal, já dizia Ihering, “o direito não é pura teoria, mas uma força viva”, e como força viva,
está em constante mudança. Por ora, no entanto, o sistema jurídico brasileiro nega aos animais a capacidade
de ser parte, e isso não significa necessariamente uma menor importância à tutela desses direitos”.

• DE OLIVEIRA ALVES, Pedro; MENDES DA SILVA, Iuri. ANIMAIS COMO PARTES NO PROCESSO: UMA IMPOSSIBILIDADE
JURÍDICA?. Direito. UnB - Revista de Direito da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 121–151, 2023. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/revistadedireitounb/article/view/43518. Acesso em: 21 mar. 2024.
Decisões judiciais reconhecem a capacidade
de ser parte dos animais em âmbito jurídico
• Em diversas ocasiões, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua jurisprudência, reconhecendo dignidade aos animais
e considerando ultrapassado e insuficiente o conceito civilista que os define como coisa/bem. O Superior Tribunal de
Justiça (STJ) também rejeitou o tratamento jurídico dos animais como simples "coisas", apontando para
"a incongruência entre o regime jurídico dos animais não-humanos no Código Civil de 2002 com a Constituição".
• Todo animal é sujeito de direitos fundamentais porque a própria Constituição Federal, no artigo 225, parágrafo 1º, lhe
reconhece dignidade. O reconhecimento, pois, da dignidade própria dos animais gera também efeitos processuais,
possibilitando o acesso à justiça para a defesa de direitos subjetivos e a ampliação da proteção animal por vias, até
então, pouco reguladas e conhecidas pelo Direito.
• Desde o ano de 1934, o Decreto Federal nº 25.645 reconhece a capacidade processual dos animais ao dispor que "os
animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros
das sociedades protetoras de animais". Em que pese alguma discussão quanto à vigência do Decreto, o normativo foi
validado pelo STJ, que o considerou compatível com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
• GONZAGA, Henrique de Araújo & PAVLOVSKY, Rebeca Stefanin. Decisões judiciais reconhecem a capacidade de ser
parte dos animais em âmbito jurídico. Migalhas, 9 de junho de 2022. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/367655/capacidade-de-ser-parte-dos-animais-em-ambito-jurídico.
PROPOSTA DE REFORMA DO CÓDIGO
CIVIL BRASILEIRO
• Dos Bens Móveis e Animais

(…)
Art. 82-A Os animais, que são objeto de direito, são considerados seres vivos dotados de
sensibilidade e passíveis de proteção jurídica, em virtude da sua natureza especial.
§ 1º A proteção jurídica prevista no caput será regulada por lei especial, a qual disporá
sobre o tratamento ético adequado aos animais;
§ 2º Até que sobrevenha lei especial, são aplicáveis subsidiariamente aos animais as
disposições relativas aos bens, desde que não sejam incompatíveis com a sua natureza e
sejam aplicadas considerando a sua sensibilidade;
§ 3º Da relação afetiva entre humanos e animais pode derivar legitimidade para a tutela
correspondente de interesses, bem como pretensão indenizatória por perdas e danos
sofridos.
Projeto de Lei nº de 2023 (Do Sr. Matheus Laiola)
Reconhece a família multiespécie como entidade familiar e dá outras
providências (PL nº 179/2023).

• O Congresso Nacional decreta:


• TÍTULO I
• DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
• Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral às famílias multiespécies.
• § 1º Considera-se família multiespécie a comunidade formada por seres
humanos e seus animais de estimação como entidade familiar.
• § 2º Consideram-se animais de estimação os animais domésticos selecionados
para convívio com o ser humano por razões de afeto, assistência ou companhia.
• De acordo com o projeto, os animais devem ser considerados filhos
por afetividade e ficam sujeitos ao poder familiar. Caso o texto seja
aprovado, os pets também passarão a ter acesso à Justiça para a
defesa de seus interesses ou a reparação de danos materiais e
existenciais, hipóteses em que caberá ao tutor – ou, na falta dele, à
Defensoria Pública e ao Ministério Público – representar o bicho em
juízo. A proposta ainda aguarda distribuição na Câmara.
Sentença do Habeas Corpus impetrado em
favor da chimpanzé Suíça

• HABEAS CORPUS Nº 833085-3/2005.IMPETRANTES: DRS.


HERON JOSÉ DE SANTANAE LUCIANO ROCHA SANTANA -
PROMOTORES DEJUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE E
OUTROS.PACIENTE: CHIMPANZÉ “SUÍÇA”.
HABEAS CORPUS EM FAVO DA
MACACA SUÍCA
• Os Drs. HERON JOSÉ DE SANTANA e LUCIANO ROCHA SANTANA,
Promotores de Justiça do Meio Ambiente e demais entidades e pessoas físicas
indicadas na petição de fls. 2, impetraram este HABEAS CORPUS
REPRESSIVO, em favor da chimpanzé “Suíça” (nome científico
anthropopithecus troglodytes), macaca que se encontra enjaulada no Parque
Zoobotânico Getúlio Vargas (Jardim Zoológico de Salvador), situado na Av.
Ademar de Barros, nesta Capital, sendo indicado como autoridade coatora, do
ato ora atacado como ilegal, o Sr. Thelmo Gavazza, Diretor de Biodiversidade
da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH.
Para sustentar a impetração, alegaram os requerentes que “Suíça” está aprisionada em jaula que
apresenta sérios problemas de infiltrações na estrutura física, o que estaria impossibilitando o acesso do
animal à área de cambiamento direto, que possui tamanho maior e ainda ao corredor destinado ao
manejo do animal, jaula esta com área total de 77,56 m2 e altura de 4,0 metros no solário, e área de
confinamento de 2,75 metros de altura, sendo privada, portanto, a chimpanzé, de seu direito de
locomoção.
Pretendendo demonstrar da admissibilidade do Writ, os impetrantes, em suma, sustentam que
“numa sociedade livre e comprometida da garantia da liberdade e com a igualdade, as leis evoluem
de acordo com as maneiras que as pessoas pensam e se comportam e, quando as atitudes públicas
mudam, a lei também muda, acreditando muitos autores que o Judiciário pode ser um poderoso
agente no processo de mudança social”.
Afirmam, também, em síntese, que a partir de 1993, um grupo de cientistas começou a defender
abertamente a extensão dos direitos humanos para os grandes primatas, dando início ao movimento
denominado “Projeto Grandes Primatas”, que conta com apoio de primatólogos, etólogos e intelectuais,
que parte do ponto de vista que humanos e primatas se dividiram em espécies diferentes há mais ou
menos 5 ou 6 milhões de anos, com uma parte evoluindo para os atuais chimpanzés e bonobos e outra
para os primatas bípedes eretos, dos quais descendem o Homo Australopithecus,o Homo Ardipithecus
e o Homo Paranthropus, resumindo, a pretensão é de equiparar os primatas aos seres humanos para
fins de concessão de Habeas Corpus.
Efetivamente, se trata de um caso inédito nos anais da Justiça da Bahia,
embora tenha eu conhecimento de que houve um caso, há alguns anos atrás,
julgado pelo STF, em que um advogado do Rio de Janeiro, juntamente com a
Sociedade Protetora dos Animais, impetrou um Habeas Corpus, para libertar
um pássaro aprisionado em gaiola, todavia, o pleito não foi acolhido, tendo o
relator, eminente ministro Djaci Falcão se inclinado pelo indeferimento, como
o foi, entendendo e “Animal não pode integrar uma relação jurídica, na
qualidade de sujeito de direito, podendo ser apenas objeto de direito,
atuando como coisa ou bem” (STF RHC – 63/399).
A CONSTITUIÇAO FEDERAL E O
RECONHECIMENTO DOS INDÍGENAS
COMO SUJEITOS DE DIREITOS

• Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes


legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo (grifos nossos).
A NATUREZA COMO SUJEITO DE
DIRETOS?
• Dispõe o artigo 72 da Constituição Equatoriana:
• A natureza ou Pachamama onde se reproduz e se
realiza a vida, tem direito a que se respeite
integralmente sua existência e a manutenção e
regeneração de seus ciclos vitais, estrutura,
funções e processos evolutivos (grifos nossos).

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