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Técnico em Transações Imobiliárias

Direito Imobiliário I
Prof. Esp. Brendon Monteiro
Apresentação
Brendon Monteiro
▪ Advogado
▪ Professor
▪ Especialista em Direito Público Administrativo
▪ Pós-graduando em Advocacia extrajudicial
▪ Formando em TTI
▪ Contato: brendon.adv@gmail.com

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Noções preliminares
▪ Moral e o Direito: ordenam a conduta humana
▪ Moral → regramento íntimo do sujeito
▪ Direito → regramento das relações entre os sujeitos
▪ O Direito é uno e indivisível
▪ Divisão em ramos facilita a compreensão, o estudo e a aplicação.
▪ O Direito Imobiliário é um desses ramos
▪ Possui regras próprias que lhe caracteriza, regulando situações específicas dentro de
inúmeras relações jurídicas.

▪ Direito enquanto Norma de Conduta.


▪ Estado → dotado de poder para criar Normas Jurídicas
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Noções preliminares
Fontes do Direito: Nem tudo é “lei”!
▪ Conceitos importantes:
▪ Constituição: é a lei máxima de um país. Contém normas que regulam a vida
em sociedade, bem como define como os poderes constituídos deverão
produzir as normas de grau inferior.
▪ Tratados e Convenções Internacionais: São normas internacionais que
podem ter validade dentro do país, desde que passem pela aprovação do
Congresso Nacional. Assumem posição hierárquica equivalente a da lei
ordinária. Ex.: Convenções da ONU, OIT, ONS. Pactos internacionais.
▪ Lei: constitui uma norma de conduta escrita de caráter imperativo, geral e
abstrato, criada pelo Legislativo e dotada de coercibilidade.

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Noções preliminares
▪ Decreto ou Regulamento: é ato normativo de competência do chefe do Poder
Executivo visando implementar/concretizar/regulamentar o comando genérico
contido na lei, mas sem apresentar inovações.
▪ Portaria: são instruções expedidas pelos Auxiliares do Chefe do Poder
Executivo destinadas a executar a lei, os decretos e os regulamentos.
▪ Ex.: Portaria do Ministério do Trabalho n.º 3.214/1978 aprovou as Normas
Regulamentadoras (NR’s).
▪ Contrato: norma criada pelos sujeitos interessados a partir da expressão da
vontade e da observância de regras mínimas de validade.
▪ Costume: norma reconhecida e praticada reiteradamente pela sociedade, mas
que não está escrita em um instrumento legislativo.
▪ Jurisprudência, doutrina, princípios, entre outros.

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Fontes do Direito
▪ Não precisamos sair do senso comum para entender o
sentido da expressão “fonte do direito”, portanto, em
linhas simples, o termo “fonte” designa a origem, a
procedência de alguma coisa.
▪ Entende-se então que “fonte do direito” é o meio pelo
qual nasce o Direito.
▪ Teoria da Pirâmide de Kelsen – forma de organização
piramidal das normas de um Ordenamento Jurídico.

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Fontes do Direito
▪ Hierarquia das fontes
▪ Regra geral:
▪ Norma de hierarquia superior
prevalece sobre a de hierarquia
inferior.
▪ Ao mesmo tempo, a regra de
hierarquia superior serve de
fundamento para a de hierarquia
inferior.
▪ Exceção:
▪ Mitigação/flexibilização da hierarquia
▪ Quando a lei autorizar e as partes
manifestarem vontade 7
Direito Civil
▪ Ramo do Direito Privado que regula das relações obrigacionais,
patrimoniais e familiares dos indivíduos entre si e perante a
comunidade em toda a vida social.
▪ É um conjunto de regras e princípios que disciplina as relações
humanas desde antes do nascimento até a morte do ser
humano.
▪ A principal norma de Direito Civil no Brasil é o Código Civil (Lei n.º
10.406/2002).
▪ Os direitos são titularizados por pessoas. Por isso elas recebem o
nome de sujeitos de direito.

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Personalidade e Capacidade Jurídica
▪ Personalidade jurídica é a aptidão genérica para ser titular de um
direito e contrair deveres na ordem jurídica.
▪ Tanto Pessoas Físicas quanto Pessoas Jurídicas possuem
Personalidade no Brasil, ou seja, podem ser titulares de direitos.
▪ Objeto de direito são os bens titularizados pelos Sujeitos de Direito.
▪ Capacidade Jurídica: é a possibilidade de exercício da personalidade.
▪ Capacidade de Direito: adquirida durante o nascimento.
▪ Capacidade de Fato: plena possibilidade de exercitar os atos da vida civil.
▪ Capacidade de Fato + Capacidade de Direito = Capacidade Jurídica

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Personalidade e Capacidade da Pessoa Física
▪ Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
▪ Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
▪ Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
▪ Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
▪ I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
▪ II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
▪ III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
▪ IV - os pródigos.
▪ Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

▪ Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
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Personalidade e Capacidade da Pessoa Física
Absolutamente Relativamente incapazes Plenamente capazes
Incapazes
Menores impúberes Menores púberes Maiores de 18 anos
Ébrio habitual
Viciado em tóxico
Incapacitados de exprimir sua vontade
Pródigo
• Absolutamente incapazes são representados - Tutor ou Curador
• Relativamente capazes serão assistidos - Assistente
• Senilidade (velhice) e Deficiência não implicam, por si só, em
incapacidade. 11
Pessoa Jurídica
▪ É a soma dos esforços humanos ou patrimoniais tendente a uma
finalidade lícita, específica e constituída na forma da lei.
▪ Ter CNPJ não significa ser pessoa jurídica (Ex.: Empresário Individual).
▪ A PJ é sujeito de direito, participando de relações jurídicas com a mesma
capacidade da pessoa física.

▪ “Nascimento” da PJ = Registro dos atos constitutivos (Arts. 45 e


985, CC/02)
▪ A ausência de registro tem fortes impactos patrimoniais.

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Classificação da Pessoa Jurídica
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público: desenvolvem atividade
de direito público:
I. Externo: países e organismos internacionais, como a ONU.
II. Interno:
▪ Entes políticos (União, Estados, DF e Municípios)
▪ Entes da Administração Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de
Economia Mista e Empresas Públicas)

2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado: definidas no art. 44 do


Código Civil.
I. Sociedades
II. Associações
III. Fundações
IV. Partidos Políticos
V. Organizações religiosas
VI. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) 13
Bens Jurídicos
▪ Bem jurídico é o objeto de um direito subjetivo, sendo uma
expressão genérica, pois compreende tanto bens corpóreos
(coisas) quanto bens incorpóreos (imateriais).
Bem jurídico ≠ Coisa ≠ Patrimônio
▪ Segundo o Código Civil de 2002:
Bem Coisa Patrimônio
Gênero Espécie de bem São os bens corpóreos e
Bem é a cristalização de um São todos os bens incorpóreos de um
determinado sujeito
valor jurídico corpóreos
Pode ser corpóreo ou Estão na Parte Especial do Compreende os ativos (+) e
incorpóreo Código Civil passivos (-) dos bens
Estão na Parte Geral do avaliáveis em dinheiro
Código Civil
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Bens Jurídicos - Classificações
▪ Bens considerados em si mesmos
1. Imóveis (arts. 79 a 81, do CC/02): são aqueles que não podem ser
transportados de um lugar para o outro sem alteração da própria substância.
▪ Exemplos: Solo, rios, árvore com seus frutos, edifícios, construções.
2. Móveis (arts. 82 a 84, do CC/02): podem ser deslocados sem a perda de
sua substância ou da sua destinação.
▪ Exemplos: computadores, automóvel, animais, energia elétrica.

Bens Imóveis Bens Móveis

Propriedade adquirida por escritura Propriedade adquirida pela


pública e Registro no Cartório de tradição, em regra (entrega do bem)
Registro de Imóveis (art. 1.245, CC)
Alienação (venda) exige outorga Alienação (venda) não exige a
uxória, em regra outorga uxória
Usucapião se dá em prazo maior Usucapião se dá em prazo menor
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Bens Jurídicos – Outras classificações:
▪ Bens fungíveis: são os bens móveis que podem ser substituídos. Ex.: dinheiro.
▪ Bens Infungíveis: são os bens móveis insubstituíveis. Ex.: obra de arte.

▪ Bens divisíveis: podem ser repartidos em porções sem alterar sua substância,
destinação ou valor econômico. Ex.: Um loteamento.
▪ Bens Indivisíveis: não admitem uma divisão, sem que ocorra sua
desvalorização ou um dano. Ex.: uma casa edificada.

▪ Bens Principais: é o bem que existe de forma autônoma. Ex.: Uma árvore em
relação ao fruto; O carro em relação ao som automotivo.
▪ Bens Acessórios: é o bem que depende de um bem principal. Ex.: O fruto da
árvore; os rendimentos de um imóvel, como o aluguel.
▪ Regra geral de Direito Civil: os bens acessórios seguem o principal!

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Bens Jurídicos – Classificação quanto à titularidade

▪ CC/02 – Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes


às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
▪ Bens Públicos: São os bens da União, Estados, DF, Municípios, Autarquias,
Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
▪ Não podem ser objeto de usucapião (art. 183 e 191, CF/88, e art. 102, CC/02)
1. Bens Públicos de Uso Comum do Povo: rios, praças, estradas, ruas e mares.
2. Bens Públicos de Uso Especial: edifícios ou terrenos utilizados pela Administração
Pública. Ex.: Prédio da prefeitura.
3. Bens Públicos Dominicais: constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público. Ex.: Carros oficiais, material de escritório, etc.
▪ Bens Particulares: Bens de todos os outros sujeitos de direitos (PF e PJ).
▪ São estes que serão objeto das transações imobiliárias
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Dos Fatos e Atos
Jurídicos
Ato e Fato Jurídico

▪ Fato material x Fato jurídico


▪ Fato material: evento sem consequência jurídica, pois não atinge indivíduo
algum. Ex.: terremoto no fundo do oceano ou um raio no meio da floresta.
▪ Fato jurídico: qualquer acontecimento natural ou humano relevante para o
direito, dividindo-se em:
1. Fatos Naturais: Fatos da natureza que independem de ato humano. Ex.:
Maioridade, Nascimento, Morte, Tsunami (causando muitas mortes e ferimentos).
2. Fatos Humanos ou Ato Jurídico: Para acontecerem, dependem da vontade
humana exteriorizada e consciente, dirigida para um determinado objetivo. Ex.:
perdão de uma dívida, celebração de um contrato, o “sim” no casamento, aceitação
de uma herança.
▪ Dentre as espécies de Atos Jurídicos, destacaremos o Negócio Jurídico, que
está regulado pelos arts. 104 a 184, do Código Civil.

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Negócio Jurídico

▪ Manifestação de vontade que objetiva criar, conservar, modificar ou


extinguir relações jurídicas, podendo determinar os efeitos que serão
consequência daquele acontecimento.
▪ Ex.: Declarações Unilaterais, Contratos e Testamentos.
▪ Baseia-se no exercício da autonomia privada plena.

▪ Requisitos de validade do Negócio Jurídico:


Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita (definida) ou não defesa (não proibida) em lei.
▪ Ex.: Transferência da propriedade de bens imóveis em valor superior a 30 salários mínimos
deverá obrigatoriamente ser por escritura pública (art. 108, CC/02)
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Responsabilidade Civil do Corretor de Imóveis
▪ https://m.youtube.com/watch?v=4Ue73otvh68
▪ Entrevista com o Desembargador Sylvio Campanema realizada pela TV
CRECI Rio
▪ Foi advogado por 33 anos e no ano de 1994 se tornou juiz no Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
▪ Importante jurista brasileiro com várias obras escritas
▪ Após a aposentadoria compulsória do cargo de juiz (65 anos), retomou a
advocacia cível e empresarial com ênfase em direito imobiliário e
contratual

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Contrato de Corretagem
e Contrato de Mandato
Contrato de Corretagem

▪ Arts. 722 a 729, do CC/02: Trabalho que tem por objetivo aproximar as pessoas
para a realização de determinado negócio jurídico.
▪ Mediação com diligência e prudência + dever de prestar informações do negócio
▪ Corretagem imobiliária depende de inscrição no CRECI (Lei nº 6.530/78)
▪ Responsabilidade civil (Art. 723, § único): quebra do dever de informação acerca da
segurança e riscos do negócio.
▪ Ex.: Imóvel com constrição judicial (cláusula de inalienabilidade averbada no registro) ou
pendente de meação após divórcio.

▪ Qual a natureza da obrigação assumida no contrato de corretagem?


▪ Obrigação de resultado (Paulo Nader) x Obrigação de meio (Cristiano Chaves
e N. Rosenvald)

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Contrato de Corretagem

▪ Natureza da obrigação de corretagem


▪ Obrigação de resultado (Paulo Nader) x Obrigação de meio (Cristiano Chaves
e N. Rosenvald)
▪ Intensa discussão doutrinária e jurisprudencial
▪ STJ considera obrigação de resultado e uma relação de consumo: “não cabe
pagamento de corretagem quando a desistência da compra é motivada” (Resp
1.364.54/RS – Relator Luis Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017)
▪ Honorários são devidos caso um serviço seja prestado e o negócio que ficou
encaminhado só não se concretizou por motivo pessoal dos contratantes, como o
arrependimento posterior imotivado?
▪ Resposta: Art. 725. A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o
resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de
arrependimento das partes.

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Contrato de Corretagem

▪ De quem é o dever de pagar os honorários?


▪ É livre a negociação das partes contratantes.
▪ Se não estiver previsto em lei ou no contrato, ou se as partes contratantes estiverem se
esquivando dessa obrigação, será responsável pelo pagamento o comitente, ou seja,
aquele que inicialmente buscou os serviços de intermediação do corretor (Resp
1.288.450/AM, Rel. Min. João Otário de Noronha, julgado em 24/02/2015).

▪ Se a compra e venda não se concretizar pela falta de pagamento do


comprador, serão devidos os honorários?
▪ Sim, caso a intermediação tenha gerado o compromisso de compra e venda e o
promitente comprador tenha pago o sinal, ou seja, foi alcançado um resultado útil do
serviço prestado pelo corretor a partir do momento que foi firmado o acordo de vontades
entre as partes (Resp 1.339.642/RJ, Rel. Min. Nancy Andrigui, julgado em 12/03/2013).

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Contrato de Corretagem

▪ Corretagem na Incorporação Imobiliária – compra e venda de unidade


autônoma
▪ Contrato de adesão → cláusulas de transferência da obrigação ao consumidor para
pagar comissão de corretagem e o serviço de assessoria técnico-imobiliária
(SATI).
▪ Por ser relação de consumo, a incorporadora deve respeitar o dever de informação,
deixando claro para o consumidor essa transferência.
▪ Caso prático: Resp 1.599.511/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Segunda
Seção, julgado em 24/08/2016
1. Considerou válida a cláusula que transferiu ao promitente comprador a obrigação de
pagar a comissão de corretagem quando previamente informada ao consumidor o
valor total da transação com o destaque da comissão de corretagem.
2. Considerou abusiva a cobrança pelo SATI, ou atividade congênere, vinculado à
celebração da promessa de compra e venda do imóvel (o consumidor adquirente
pode pedir o ressarcimento em até 3 anos) 26
Contrato de Mandato ou de Administração de Bens

▪ Ocorre quando alguém constitui outro como seu representante,


conferindo-lhe poderes para executar ato ou série de atos jurídicos.
▪ Típico contrato de administração de imóveis firmado com imobiliárias.
▪ A procuração é o instrumento de mandato.
▪ O substabelecimento é o instrumento de transmissão de poderes de um
mandatário para outro, mediante autorização do mandante.
▪ Obrigações do mandatário:
1. Aplicar toda a sua diligência habitual na execução do mandato.
2. Indenizar qualquer prejuízo causado por culpa (o ônus de provar que agiu
adequadamente é do mandatário).
3. Prestar contas 27
Contrato de Mandato ou de Administração de Bens

▪ Obrigações do mandante:
▪ Pagar todas as obrigações contraídas pelo mandatário e adiantar o valor de
despesas necessárias à execução do mandato. (ex.: adiantamento de
despesas cartorárias).
▪ Pagar a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda
que o negócio não surta o efeito esperado (obrigação de meio, e não de
resultado), exceto quando o mandatário teve culpa no resultado negativo.
▪ (Caso concreto) Resp 1.103.658-RN, julgado em 04/04/2013 – Situação em que a
imobiliária foi condenada a indenizar o proprietário pelo insucesso de execução
judicial de aluguéis, débitos condominiais e tributos fruto da má aprovação do
cadastro do locatário e de seu fiador.

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Contrato de Mandato ou de Administração de Bens
▪ “Direito do consumidor. Aplicabilidade do CDC aos contratos de administração
imobiliária. É possível a aplicação do CDC à relação entre proprietário de
imóvel e a imobiliária contratada por ele para administrar o bem. Isso
porque o proprietário do imóvel é, de fato, destinatário final fático e também
econômico do serviço prestado. Revela-se, ainda, a presunção da sua
vulnerabilidade, seja porque o contrato firmado é de adesão, seja porque é
uma atividade complexa e especializada ou, ainda, porque os mercados se
comportam de forma diferenciada e específica em cada lugar e período. No
cenário caracterizado pela presença da administradora na atividade de locação
imobiliária sobressaem pelo menos duas relações jurídicas distintas: a de
prestação de serviços, estabelecida entre o proprietário de um ou mais imóveis e
a administradora; e a de locação propriamente dita, em que a imobiliária atua
como intermediária de um contrato de locação. Nas duas situações, evidencia-se
a destinação final econômica do serviço prestado ao contratante, devendo a
relação jurídica estabelecida ser regida pelas disposições do diploma
consumerista” (REsp 509.304/PR – Rel. Min. Villas Bôas Cueva – j. 16.05.2013,
publicado no seu Informativo n. 523).

29
Responsabilidade Civil
Responsabilidade Civil

▪ Dever de informação – Art. 723, CC/02


▪ Obrigações básicas decorrentes do Código de Ética:
1. Inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio antes de oferece-lo;
2. Quando oferecer um negócio, apresentar dados rigorosamente certo, sem
omissões de detalhes que o depreciem, cientificando as partes dos riscos e
demais circunstâncias que possam comprometer o negócio.
3. Recusar transação que saiba injusta, ilegal ou imoral.

▪ A transação imobiliária envolve diversas peculiaridades técnicas que


podem passar despercebidas pelos contratantes, mas que deverão ser
objeto de análise do profissional encarregado de assessorar a
negociação.
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Responsabilidade Civil

▪ Qualquer negociação envolve boa-fé, confiança e transparência na


manutenção do equilíbrio da relação.
▪ Se o corretor praticar um ato viciado, beneficiando uma das partes e
lesando a outra, seja por uma ação ou por uma omissão, ele poderá ser
responsabilizado civilmente por isso.
Responsabilidade civil = reparar/restituir
▪ É fruto da transgressão de uma norma jurídica causadora de dano
▪ Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor na relação de corretagem

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Responsabilidade Civil

▪ Interpretação do CDC
▪ Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos. (responsabilidade objetiva)
▪ Aplicável quando o serviço de corretagem é prestado por uma Pessoa Jurídica
(imobiliária)
▪ O prejudicado não precisará prova a culpa
▪ § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa. (responsabilidade subjetiva)
▪ Aplicável quando o serviço de corretagem for prestado diretamente por Pessoa Física
(Técnico em Transações Imobiliárias)
▪ Depende da prova de culpa.
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Elementos da Responsabilidade Civil

▪ Requer a combinação de alguns elementos:


a. Conduta: ação (comissiva) ou omissão (omissiva) voluntária do corretor.
b. Dano: lesão a um bem jurídico tutelado pelo Direito (material ou moral).
c. Nexo de Causalidade: ligação lógica entre a conduta e o dano.
d. Elemento subjetivo: é a vontade que move o agente. Divide-se em:
i. Dolo: vontade livre e consciente de praticar determinada ação ou omissão.
ii. Culpa: violação de um dever jurídico em razão de uma atuação imprudente,
negligente ou imperita.
▪ Negligência: falta da atenção necessária na prática de um ato (omissão);
▪ Imprudência: ação precipitada e sem cautela (ação errada);
▪ Imperícia: inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou
prática, ou mesmo a ausência de conhecimentos elementares e básicos da
profissão.
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Cuidados essenciais na corretagem e na administração de bens
1. Antes de iniciar o trabalho, firme uma Autorização de Serviço e/ou Contrato
de Corretagem
2. Elabore o Termo de Vistoria, preferencialmente com fotos e assinatura de 2
(duas) testemunhas
3. Consulte o crédito dos interessados na transação imobiliária (SPC/SERASA)
4. Solicite ou providencie a certidão de distribuição cível (para saber se há
ações de cobrança ou execução de títulos)
5. Providencie a certidão negativa de débitos municipais, estaduais e
federais (a maioria fornecida pela internet)
6. Solicite a certidão negativa de condomínio (fornecida pelo síndico)
7. Tenha atualizada a certidão de inteiro teor da matrícula do imóvel
8. Conheça a convenção de condomínio (podem haver limitações que
prejudiquem o interesse do seu cliente) 35
Responsabilidade Civil do Corretor de Imóveis
▪ https://m.youtube.com/watch?v=4Ue73otvh68
▪ Entrevista com o Desembargador Sylvio Campanema realizada pela TV
CRECI Rio
▪ Foi advogado por 33 anos e no ano de 1994 se tornou juiz no Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
▪ Importante jurista brasileiro com várias obras escritas
▪ Após a aposentadoria compulsória do cargo de juiz (65 anos), retomou a
advocacia cível e empresarial com ênfase em direito imobiliário e
contratual

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Avaliação – Parecer Imobiliário
▪ Parecer é um instrumento de opinião técnica acerca de determinado
assunto emitido por um especialista em uma situação que exige
análise por meio de conhecimentos específicos.
▪ É composto pelas seguintes partes:
1. Solicitante: quem pediu o parecer
2. Ementa: palavras que resumem a opinião técnica
Ex.: Usucapião. Posse mansa e pacífica. Boa fé. Justo título.
Extrajudicial. Anuência dos Confinantes.
3. Relatório: síntese do problema que foi apresentado
4. Fundamentação: base técnica que justifica a opinião defendida
5. Conclusão: posicionamento final do parecer com proposta de solução

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Muito obrigado!

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