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Aspectos Gerais do Direito Civil

Direito Civil Constitucional corrente metodológica que defende a necessidade de


permanente releitura do direito civil à luz da Constituição.

Pilares da Constituição

 P. da Igualdade conferir o mesmo tratamento às pessoas ( igualdade formal) e


tratar desigualmente as pessoas na medida dos fatores que a desigualam
(igualdade material)
 P. da Solidariedade Social busca-se a construção de uma sociedade justa,
livre e solidária.
 P. da Dignidade da Pessoa Humana valor moral e espiritual inerente à
pessoa; valorização do homem como pessoa, e nunca um meio para atingir um
objetivo.

Despatrimonialização do direito civil mudança de paradigma – desvio da


preocupação do Direito Civil com o titular do patrimônio para a preocupação do sujeito
como pessoa, como cidadão.

Funcionalização dos institutos do direito civil  atribuição de funções aos institutos do


direito civil interligada à função maior da Constituição que é a promoção da dignidade
da pessoa humana. Ex.: função sócia da propriedade, função social dos contratos etc.

Princípios Fundamentais do Novo Código Civil

 Operabilidade ►utilização de um vocabulário técnico e mais preciso –


eliminação de expressões defasadas como “loucos de todos os gêneros”, eliminação de expressões com
duplo sentido, como “prescrição” que ora designava prescrição, ora designava decadência... ►adoção
de normas e cláusulas gerais – cláusulas abertas que dão maior liberdade de interpretação e
atuação ao juiz. Ex.: boa fé.
 Eticidade introdução de valores éticos no ordenamento. Importância dada à
equidade, boa fé e justa causa = confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa.
 Socialidade substituição do individualismo pela socialização nas relações
jurídicas. Prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda,
contudo, dos valores da pessoa humana. Ex.: função social: dos contratos e da propriedade

Aspectos gerais da personalidade

Personalidade jurídica projeção social da personalidade psíquica, com


consequências jurídicas, que se consubstancia na aptidão para adquirir direitos e
contrair obrigações.

 Titularidade: pessoas físicas ou jurídicas

Momento de aquisição da personalidade jurídica

1
 TEORIA NATALISTA: após o nascimento com vida. O nascimento se dá com a
separação do feto do ventre materno. A vida ocorre com a respiração – expectativa
de vida para os nascituros.
 TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: momento da concepção, mas
sujeita, contudo, a uma condição: o nascimento com vida – condição suspensiva:
evento futuro que suspende a eficácia de um ato.
 TEORIA CONCEPCIONISTA: momento da concepção (14º dia de gestação). Obs.:
direitos de natureza patrimonial só são adquiridos após o nascimento com vida.

Teoria predominante STF e doutrina: concepcionista.

Teoria predominante na lei art. 2º CC – A personalidade civil da pessoa começa do


nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro
= a lei não adotou expressamente nenhuma teoria.

Nascituro é o que está para nascer, já concebido no ventre materno. ►Natalistas:


possuem expectativa de direito. ►Concepcionistas: o nascituro já seria titular de
direitos extrapatrimoniais e titular ainda, de um direito eventual – direito sujeito a uma
condição: nascer com vida.

Importância da determinação do momento do nascimento  o marco da aquisição da


personalidade jurídica gera efeitos sucessórios. ►Exame: Docimasia Hidrostática de Galeno

Titularidade dos alimentos gravídicos *corrente natalista: pertencem à grávida.


*corrente concepcionista: pertencem ao nascituro.

Capacidade de direito sinônimo de personalidade jurídica

Legitimidade ►Corrente Majoritária: requisito específico exigido para a prática de


determinados atos da vida civil; ►Corrente Minoritária: pertinência entre o objeto e o
sujeito da relação jurídica.

Capacidade de fato/exercício aptidão para exercer pessoalmente seus direitos e


deveres

 Incapacidade Absoluta
 Menores de 16 anos;
 Os que por enfermidade ou doença mental não tiverem o necessário
discernimento para a prática dos atos da vida civil1;
 Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade ( Ex.:
surdos e mudos, hipnose, epilético, coma...)

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A pessoa deve ser portadora de uma anomalia mental que a prive completamente da capacidade de
raciocínio. Obs.: Lúcidos intervalos: fenômeno psiquiátrico no qual o doente mental vive momentos de
lucidez – o ordenamento jurídico não considera esse fenômeno – segurança jurídica – presume-se a
incapacidade absoluta.

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 Incapacidade Relativa zona intermediária entre a incapacidade absoluta e a
capacidade civil plena.
 Maiores de 16 anos e menores de 18 anos;
 Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os deficientes mentais com
discernimento reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento mental
completo.
 Pródigos – incapacidade se restringe aos atos de caráter econômico; para os atos
extrapatrimoniais o pródigo conserva sua capacidade.

Atos praticados pelo absolutamente incapaz  NULOS. O incapaz absolutamente deve


ser representado pelos pais, tutores ou curadores.

Atos praticados pelo relativamente incapaz ANULÁVEIS. O relativamente deve ser


assistido pelos pais, tutor ou curador.

Limites temporais da incapacidade:

 Incapacidade decorrente da menoridade considera-se atingida a maioridade


no primeiro minuto após o dia seguinte ao aniversário de 18 anos.
 Incapacidade decorrente da interdição Se trona pública após o registro da
sentença que declarou a interdição. Os atos praticados serão anulados por perícia
médica; se os atos foram praticados depois da interdição, serão anulados por
sentença.

Ato praticado por menor não poderá ser anulado quando  menor for relativamente
incapaz e tenha ocultado dolosamente sua idade ou se apresentado como maior.

Emancipação é a antecipação da capacidade plena do menor, em decorrência da


autorização dos pais, do juiz, ou da confirmação de um dos fatos previstos e lei.
Espécies:

 Voluntária: concedida por ambos os pais ou apenas um deles na hipótese de


morte ou ausência do outro. ►Não é direito dos filhos, é faculdade dos pais.
►Irrevogável. ►Requisito: idade mínima de 16 anos. ►Efeito: a partir da
escritura pública de outorga da emancipação. ►Recusa de um dos pais: uma das
partes terá que solicitar suprimento judicial.
 Judicial: concebida por meio de sentença judicial após a oitiva do tutor. A única
hipótese de emancipação que depende da sentença do juiz é a do menor sob
tutela que já completou 16 anos de idade.
 Legal: resulta de uma das hipóteses previstas em lei:
1. Casamento2
2. Exercício de emprego público efetivo3
3. Colação de grau em curso de ensino superior
2
Idade mínima: 16 anos com anuência dos pais. ►Dissolução do casamento: os menores conservarão sua
capacidade, exceto se o casamento for inválido. Obs.: casamento putativo: inválido, mas contraído de boa
fé – conserva a capacidade.
3
Vínculo deve ser permanente

3
4. Estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego 4

Atos não abrangidos pela emancipação atos que não possuem natureza civil e atos
para os quais a lei exige idade mínima de 18 anos.

Extinção da pessoa natural: morte Classificação:

 Morte “strictu sensu”: falência orgânica do corpo constatada pela falência


encefálica – será constatada por laudo médico ou na impossibilidade deste, por duas
testemunhas.
 Morte presumida com declaração de ausência: ficção jurídica presumindo a morte
de uma pessoa na hipótese em CC permita a abertura da sucessão definitiva. Modo
de constatação: necessária a proposição de uma ação declaratória de ausência que
dura em média 11 anos.
 Morte presumida sem declaração de ausência: hipótese: desaparecimento de uma
pessoa em situação de risco de vida e desaparecimento de uma pessoa que esteja
servindo em guerra após dois anos de busca. Modo de constatação: processo de
justificação.

Morte civil supressão dos direitos de uma pessoa como se morta fosse. Não existe
mais no direito moderno. Resquício: herdeiro indigno não tem direito à herança do ofendido (art.
1816 CC).

Comoriência morte de duas ou mais pessoas, na mesma ocasião, e por força do


mesmo evento, sendo elas reciprocamente herdeiras umas das outras. Presunção legal:
morte simultânea. NÃO GERA EFEITOS SUCESSÓRIOS: não há transferência de
bens entre os comorientes: um não herda do outro.

Direitos da personalidade

São aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si
e em suas projeções sociais.

Natureza jurídica ►Corrente positivista: direitos da personalidade são apenas


aqueles que o estado reconhece. ►Corrente jusnaturalista: os direitos da personalidade
são inatos – nascem com o próprio homem e independem do Estado (direito natural).

Características estruturais

 Caráter absoluto: são oponíveis erga omnes


 Generalidade: assegurados a todas as pessoas, sem distinção.
 Indisponibilidade relativa: REGRA: direitos da personalidade não admitem
modificação subjetiva. EXCEÇÕES: ►Previsão legal: disposição do corpo a
transplante; ►Enunciado nº4 do CJF: o exercício dos direitos da personalidade pode

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Requisitos: o menor deve possuir economia própria que deve resultar do estabelecimento ou do emprego
(não pode resultar de herança)

4
sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. Cessão de
imagens – tempo determinado. Os créditos que nascem dessa cessão podem ser cedidos.
 Impenhorabilidade: direitos da personalidade não podem ser penhorados.
 Imprescritibilidade: direitos da personalidade não são extintos pela sua não
utilização.
 Vitaliciedade: direitos da personalidade acompanham o titular por toda a vida.
 Irrenunciabilidade: REGRA: direitos da personalidade são irrenunciáveis.
EXCEÇÃO: situações previstas em lei e condutas toleradas pela sociedade por meio
do princípio da adequação social ( Ex.: direito à privacidade x BBB; direito à integridade física
x UFC)

Classificação dos direitos da personalidade divergência doutrinária: numerus


clausus (rol taxativo) ou numerus apertus (rol exemplificativo)?

*Direito à vida aborto; eutanásia; fertilização “in vitro”...


*Direito à integridade moral direito à honra; direito à imagem; direito à identidade
► Dano moral.
*Direito à integridade psíquica direito à liberdade (liberdade de locomoção, liberdade de
pensamento, liberdade de expressão); direito à privacidade
*Direito à integridade física ►Doação de órgãos (Doação em vida: forma escrita e na
presença de duas testemunhas, só podem ser doados órgãos duplos ou parte de órgãos que não acarrete
riscos; destinatários: cônjuge, companheiros ou parentes até o quarto grau. Exceção: poderá ocorrer a
doação para outras pessoas mas somente mediante autorização judicial; Doação post mortem:
autorização pode ser feita pelo falecido em vida ou por seus familiares; Conflito entre a vontade do
falecido e de sua família: deve prevalecer a vontade do falecido. Destinatários: órgãos serão destinados
conforme fila de transplante. Revogabilidade: a doação pode ser revogada até o momento de sua
concretização). ►Intervenção cirúrgica (médico tem o dever de informar riscos e chances de êxito
de todo tratamento; Ninguém pode ser obrigado a submeter-se a tratamento médico que acarrete risco de
vida; Corrente Majoritária entende que a pessoa não pode se recusar a submeter-se a um tratamento por
questão religiosa). ►Direito à integralidade do corpo (REGRA: CC não admite a disposição de
partes do corpo; EXCEÇÕES: transplante de órgãos, exigência médica, disposição que não acarrete
redução permanente da integridade física ); ►Submissão à perícia médica (nenhuma pessoa pode
ser obrigada a se submeter a uma perícia médica – direito à integridade física e à privacidade. Presunção
da prova do fato diante da recusa).

Conflito entre direitos da personalidade direito à vida é o único direito da


personalidade ABSOLUTO. ►P. da proporcionalidade deve prevalecer o direito de
maior valor jurídico para o ordenamento: liberdade religiosa x direito à vida; liberdade
de expressão x direito à honra; integridade física x direito de origem genética.

Titularidade
 Nascituros *Natalistas: personalidade só tem início com o nascimento com
vida. *Concepcionistas: o nascituro adquire a personalidade jurídica desde o
momento da concepção. Somente para fins patrimoniais exige-se o nascimento
com vida.

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 Pessoas naturais todas as pessoas naturais: caráter geral do direito da
personalidade
 Pessoas jurídicas art. 52 CC: aplicação dos direitos da personalidade às pessoas
jurídicas que sejam compatíveis com a sua natureza (Ex.: direito à imagem, à honra)

Obs.: Falecido: a personalidade jurídica se encerra com a morte. ►Lesados indiretos:


familiares do falecido que passam a ter legitimidade para defender em juízo os direitos
da personalidade que pertenciam ao “de cujos”. REGRA: lesados indiretos: cônjuge e
parentes na linha reta e colateral até quarto grau. EXCEÇÃO: direito à imagem que
pertencia ao falecido só pode ser defendido pelo cônjuge e demais parentes na linha
reta. Obs.: doutrina e enunciado 275 do CJF estende o benefício para o companheiro (a)
em caso de união estável. ►Natureza da legitimidade: para Caio Mário: interesse:
*cessar a agressão = todos podem pedir; *financeiro: legitimidade sucessiva.

Proteção aos direitos da personalidade ►Preventiva: ação cominatória – multa


diária (astreintes); habeas corpus preventivo – salvo conduto...►Repressiva: ação
indenizatória, habeas corpus repressivo, mandado de segurança, habeas data...

Nome Civil

Nome é o elemento significativo do indivíduo e fator de sua identificação na sociedade


integrando a personalidade, individualizando a pessoa e indicando a sus procedência
familiar.

Elementos Prenome (João, João Paulo); Patronímico ou sobrenome (Nome de Família);


Agnome (elemento facultativo que se acrescenta ao nome para diferenciá-lo dos parentes mais
próximos).

Alteração do nome REGRA: os nomes são imutáveis (segurança jurídica); EXCEÇÕES:

1. Alterações feitas no próprio cartório ►casamento e ►erro gráfico evidente


2. Alterações feitas mediante decisão judicial ►modificação do estado de filiação
(hipótese de adoção ou de reconhecimento de paternidade – possível mudar também o prenome );
►maioridade civil (Requisitos: o pedido deve ser formulado após um ano atingida a maioridade
civil e deve-se preservar os patronímicos de família ). ►União estável (Requisitos: existência de
impedimento para o casamento, decurso do prazo de cinco anos de convivência 5 e anuência do outro
companheiro). ►Substituição do prenome por apelido público notório ( jurisprudência –
interpretação extensiva da norma: permite não só a substituição como o acréscimo do apelido
conservando o prenome. Ex.: Luiz Inácio Lula da Silva ). ►Alteração do prenome por expor
seu titular ao ridículo ( art. 55, p. único da lei 6015/73 – proíbe o tabelião de registrar nomes
vexatórios. Se o solicitante insistir, a questão deverá ser encaminhada ao representante judicial ).
►Acréscimo de patronímico do padrasto ou madrasta ( Requisitos: existência de motivo
razoável; anuência do padrasto ou madrasta; conservação dos patronímicos de família já

5
Tacitamente revogado, pois, hoje em dia não existe prazo mínimo para União estável

6
incorporados ao nome). ►Alteração para proteção de vítimas e testemunhas de crime
(alteração temporária – a pessoa poderá solicitar o retorno à situação anterior após cessada a situação
de perigo). ►Alteração em razão da mudança do sexo (não possui previsão expressa na lei,
mas o Dir. Civil Constitucional defende a mudança: p. da dignidade da pessoa humana).

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Ausência

Considera-se ausente a pessoa cuja habitação se ignora ou de cuja existência se duvida


e cujos bens ficaram em desamparo.

Prazo para a configuração da ausência ►Ausente que não deixa procurador: não
há prazo mínimo para configuração desse pedido. ► Ausente que deixa procurador: o
pedido só poderá ser formulado após três anos depois do desparecimento.

Fases da ausência

Curadoria dos bens do ausente

 Termo inicial declaração judicial de ausência de uma pessoa


 Atos praticados juiz nomeia um curador e estabelece seus poderes e deveres.
Ordem para a nomeação (art. 25 CC): ►Cônjuge – desde que não esteja separado judicialmente
ou separado de fato há mais de dois anos; ►Pais; ►Descendentes – os mais próximos excluem os mais
remotos; ►Pessoa de confiança do juiz.
 Situação dos bens deverão ser arrecadados, individualizados e administrados pelo
curador.

Sucessão provisória

 Termo inicial sentença declaratória de sucessão de uma pessoa, proferida após 1


ano da arrecadação dos bens.
 Atos praticados abertura do inventário do ausente e partilha dos bens.
 Situação dos bens os herdeiros vão adquirir a POSSE dos bens. Requisitos para a
posse: os herdeiros deverão oferecer uma caução real proporcional ao quinhão
recebido. Exceção: cônjuge, ascendentes e descendentes estão dispensados dessa
caução. Frutos: cônjuge, ascendentes e descendentes adquirem a PROPRIEDADE
dos frutos. Demais herdeiros terão que capitalizar metade dos frutos por meio de
títulos da dívida pública.
 Alienação dos bens só poderá ocorrer em duas hipóteses: autorização judicial ou
desapropriação.

Sucessão definitiva

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 Termo inicial sentença do juiz que declara a sucessão definitiva. Essa sentença só
pode ser proferida após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que determinou
a abertura da sucessão provisória.
 Situação dos bens os herdeiros vão adquirir a PROPRIEDADE dos bens.
 Atos praticados os herdeiros já poderão alienar os bens e poderão requerer o
levantamento da caução.

Dispensa das fases provisória e permanente requisitos: ►o ausente deve possuir


mais de 80 anos; ►inexistência de notícias do ausente nos últimos cinco anos.

Retorno do ausente

Na fase de curadoria dos bens curador deverá restituir os bens ao ausente.

Na fase de abertura da sucessão provisória REGRA: os herdeiros deverão restituir


os bens ao ausente (o ausente tem direito aos bens que não mais existirem por culpa dos herdeiros ).
EXCEÇÃO: não são obrigados a devolver os frutos na hipótese de ausência voluntária
(se a ausência for justificada deverão devolver os bens e os frutos).

Na fase de sucessão definitiva os bens retornam ao ausente. O ausente tem direito


aos bens sub-rogados.

Após dez anos da abertura da sucessão definitiva  o ausente NÃO terá direito à
restituição dos bens. Crítica: inconstitucional – não assegura o patrimônio mínimo, ofende a
dignidade da pessoa humana.

Inexistência de sucessores os bens do ausente serão repassados aos municípios ou


DF ou ainda à União - se os bens estiverem em território federal.

Pessoas Jurídicas

Conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído


na forma da lei, para a consecução de fins comuns.

Natureza jurídica

 Teoria da Ficção apenas as pessoas físicas possuem personalidade jurídica, mas


considera a extensão dessa personalidade às pessoas jurídicas por força de uma
ficção convencionada pela coletividade. Crítica: considera o estado, o direito como uma
ficção.
 Teoria da Equiparação só existem pessoas físicas, mas o ordenamento equipara
um conjunto de bens a uma pessoa. Crítica: reduz o ser humano à coisa ao elevar uma
categoria de bens à condição de pessoa.
 Teoria da realidade objetiva/orgânica pessoa jurídica tem existência real
declarada pelo ordenamento. Crítica: o ordenamento não declara a existência jurídica de uma
pessoa, ele constitui uma pessoa jurídica.

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 Teoria da realidade jurídica/técnica a pessoa jurídica existe de fato, mas o
ordenamento não a declara, e sim a constitui.

Pressupostos de existência

 Affectio Societatis vontade humana – elemento anímico.


 Observância das condições legais de constituição  aquisição da personalidade
jurídica no momento do registro do seu ato constitutivo ( no cartório de pessoas
jurídicas – sociedade civil - ou na Junta Comercial – sociedade empresarial ).
 Irregularidade na constituição: vontade humana sem registro sociedade de
fato/irregular.

Capacidade de representação da pessoa jurídica capacidade limitada: aptidão de ter


direitos e obrigações relacionadas ao campo de sua atuação. As pessoas jurídicas são
representadas pelas pessoas físicas designadas no ato constitutivo. Crítica: representante:
usar o termo presentante.

Responsabilidade dos sócios REGRA: não respondem pelas obrigações da pessoa


jurídica. EXCETO:

 Sociedade de fato/irregular
 Previsão da responsabilidade solidária ou subsidiária dos sócios estipulada no ao
constitutivo.
 Previsão legal (ex.: CTN prevê a responsabilidade dos sócios pelo pagamento de tributos de
sociedades em extinção).

Classificação das pessoas jurídicas

 PJ de direito público só podem ser criadas pelo Estado. Finalidade: satisfação do


interesse público. Extinção: somente por lei. Controle positivo do Estado: estabelece
regras que devem ser seguidas e observadas.
 PJ de direito privado podem ser criadas tanto por particulares quanto pelo Estado
(ex.: EP e SEM). Finalidade: lucro. Extinção: vontade das partes. Controle negativo do
Estado: dita o mínimo de coisas que não podem ser feitas.

Pessoas jurídicas de direito PÚBLICO

 PJ de direito público externo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica


pelo direito internacional público. Estados ( país), Organizações Intergovernamentais,
Santa Sé (cúpula governativa da Igreja Católica).
 PJ de direito público interno Entes da Federação (União, estados Membros, DF e
Municípios), Autarquias e outras entidades de caráter público criadas por lei ( ex.:
Fundações Governamentais).

Pessoas jurídicas de direito PRIVADO  Associações, Fundações, Sociedades,


Partidos Políticos, Organizações Religiosas e a Empresa Individual LTDA.

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ASSOCIAÇÕES são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que
reúnem seus esforços para a realização de fins não econômicos.

 Característica principal: ausência do intuito de lucro. Obs.: a Associação pode gerar


receita própria (não pode gerar lucros).
 Requisitos do estatuto da Associação – art. 54
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

I – a denominação, os fins e a sede da associação;

II – os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;

 Requisitos para exclusão: existência de justa causa e de um procedimento que assegure o direito
de defesa e de recurso.

III – os direitos e deveres dos associados;

IV – as fontes de recursos para sua manutenção;

V – o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos;

 Assembleia Geral: órgão máximo da Associação composto por todos os associados. Existência
obrigatória. Competência privativa para alterar o estatuto e para destituição dos dirigentes.
Quórum será estabelecido no estatuto (maioria absoluta ou maioria simples).
 Conselho Deliberativo: composto por membros eleitos na Assembleia Geral. Órgão de existência
facultativa. Competência definida no estatuto.

VI – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; *competência


privativa da Assembleia Geral.

VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

 Diretoria: órgão responsável pela execução das atividades da associação


 Conselho fiscal: fiscalizar a observância dos deveres legais e estatutário pelos demais órgãos.
Constituição: REGRA: existência facultativa. EXCEÇÃO: OSCIP – obrigatório ter Conselho
Fiscal.

 Transmissão da cota da Associação REGRA: as cotas são intransmissíveis. A


condição de associado não se transmite por herança – o valor da cota pode ser exigido pelo
herdeiro.

FUNDAÇÕES é a atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio que a


vontade humana destina a uma finalidade social.

Fundações Associações
Personalidade Jurídica Sim Sim
Finalidade Lucrativa Não Não
Vontade Suficiente vontade de uma Vontade de duas ou mais
pessoa pessoas
Existência de bens Imprescindível Não é necessário
Fins Imutáveis Pode haver modificação

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 Fases de constituição:
 Dotação de bens reserva de bens pelo instituidor com uma finalidade
específica. Pode ser feita por ato inter vivos (Ex.: escritura pública) e por ato causa mortis (Ex.:
testamento).
 Elaboração do estatuto ►Elaborador: pessoa escolhida pelo instituidor na
escritura ou testamento (pode ser o próprio instituidor). Obs.: se o instituidor não
estabelecer o elaborador, presume-se que o MP o fará . ►Prazo: determinado pelo
instituidor. E se ele for omisso? Prazo será de 180 dias. ►Inobservância do
prazo: o estatuto deverá ser elaborado pelo MP.
 Apreciação pelo MP observar: se os fins da Fundação dão lícitos, se o
estatuto foi elaborado de forma regular, se os bens são suficientes para a
constituição da Fundação. Obs.: Insuficiência dos bens: deverão ser repassados a uma
Fundação com fins semelhantes.
 Registro no cartório de pessoas jurídicas.

 Extinção da Fundação somente ocorrerá em duas hipóteses: ❶decurso de prazo


de duração; ❷quando a finalidade da Fundação tornar-se inútil, impossível ou
ilícita. Destino dos bens: serão destinados a uma instituição com fins semelhantes.

PARTIDOS POLÍTICOS e ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS  são em sua essência


ASSOCIAÇÕES. Pontos de distinção: não têm Assembleia Geral nem estatuto. Os
Partidos Políticos são regulamentados por lei própria.

EMPRESA INDIVDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) Pode


ser criada por apenas uma pessoa física ou jurídica; a pessoa física só pode criar uma
EIRELI, quanto à pessoa jurídica não há limitação; a EIRELI deve ser constituída com
capital mínimo de 100 salários.

Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito PÚBLICO

Teoria da responsabilidade objetiva o Estado deve ser responsabilizado independente


de dolo ou culpa. (CF/88 art. 37, VI e art. 43 CC)

 Tese do risco administrativo o poder público não pode ser responsabilizado


em três situações: ❶Fato exclusivo da vítima; ❷Caso fortuito; ❸Força maior.

Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito PRIVADO

REGRA: responsabilidade subjetiva. EXCEÇÕES: previsão legal. Ex.: a lei prevê a


responsabilidade objetiva das prestadoras de serviços públicos, das PJ de direito privado pelos serviços e
produtos colocados em circulação e nas relações de consumo.

Desconsideração da personalidade jurídica6 permissão judicial para responsabilizar


civilmente o sócio, nas hipóteses nas quais for o autêntico obrigado ou o verdadeiro
responsável, em face da lei ou do contrato diante de atos praticados sob o véu
societário. Causas:
6
Desconsideração tem caráter temporário. A PJ continua exercendo suas atividades.

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 Teoria Menor: desconsideração pode ser feita sempre que houver prejuízo para um
credor. (adotada pelo CDC, art. 28, § 5º e pela Lei 9605/98 – dano ambiental)
 Teoria Maior: desconsideração é possível sempre que a pessoa jurídica for utilizada
para a prática de atos abusivos.
 Teoria Maior Objetiva: suficiente que ocorra confusão patrimonial. ( adotada pelo
CC, art. 50).
 Teoria Maior Subjetiva: necessária a intenção de utilizar a pessoa jurídica de
forma deturpada.

Alcance da desconsideração Enunciado nº 7 do CJF: desconsideração só pode atingir os


bens dos sócios dirigentes ou dos sócios envolvidos na atividade abusiva.

Extinção da pessoa jurídica Convencional (estabelecida pelos próprios sócios),


Administrativa (quando a autoridade pública promove a cassação para o funcionamento de uma pessoa
jurídica), Legal (ocorre quando configurada uma das hipóteses previstas em lei), Judicial (decorre de
sentença judicial).

Entes despersonalizados

É um conjunto de pessoas e bens reconhecido pelo ordenamento jurídico, que possui


capacidade processual, embora não seja titular de uma personalidade jurídica.

Esfera de atuação entes despersonalizados só podem atuar nos limites autorizados


pela lei. Espécies:

 Sociedade de fato ou irregular sociedade que não possui personalidade


jurídica por ausência do registro do ato constitutivo. A ação é proposta em nome
da sociedade de fato, mas os sócios que respondem.
 Espólio conjunto de bens e direitos deixado pelo falecido para seus herdeiros
legítimos ou testamentários. Por um tempo pode atuar como autor ou como réu:
propõe uma ação em face do espólio que será representado pelo inventariante*
(algum parente nomeado pelo juiz).
 Herança vacante ou jacente herança que não possui herdeiro constituído. Será
representada em juízo pelo curador escolhido pelo juiz.
 Massa falida conjunto de bens do empresário que teve a sua falência decretada
judicialmente. Representada por um síndico.

Obs.: alguns doutrinadores incluem mais dois tipos de entes despersonalizados: a


família e o condomínio.

Domicílio

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É o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

Elementos estruturais►Elemento objetivo/externo: residência – lugar onde a pessoa


se estabelece com habitualidade. ►Elemento subjetivo/interno: “animus manendi” –
intenção de permanecer em determinado lugar (não precisa ser ad eternum).

Morada (lugar em que a pessoa se instala temporariamente ) ≠ Residência (lugar em que a pessoa se
instala habitualmente) ≠ Domicílio (abarca a residência + elemento subjetivo)

Importância da delimitação do domicílio

 Direito processual civil: o domicílio do réu é o elemento caracterizador da


competência de foro.
 Direito internacional privado: o domicílio é o elemento de conexão para a
determinação da regra de capacidade do direito de família e direito das sucessões.
 Direito das obrigações: em regra, o lugar de cumprimento da obrigação é o lugar do
domicílio do devedor.

Pluralidade de domicílios a pessoa pode ter mais de um domicílio, desde que tenha
mais de uma residência.

Domicílio profissional CC permite que o lugar em que a pessoa exerce a sua


profissão seja considerado domicílio. Essa extensão se restringe às atividades
relacionadas à própria profissão. Ex.: professora compra um dicionário e um pijama na cidade X
em que exerce sua profissão. Não paga. O credor do dicionário poderá acioná-la na cidade x, e o credor
do pijama deverá acioná-la na cidade em que ela mora.

Mudança de domicílio transferência da residência e intenção de mudança. Prova da


intenção de mudar: ►declaração prestada às autoridades do lugar que se deixa e do
lugar que se pretende ir (quando a pessoa é parte num processo ); ►pelas circunstâncias que
acompanham a própria mudança de domicílio.

Domicílio aparente ou ocasional pessoas que não possuem residência: presunção de


que elas são domiciliadas no lugar em que se encontrem.

Espécies de domicílio

 Voluntário escolhido por uma pessoa conforme sua conveniência. (regra)


 Legal ou necessário imposto a cinco categorias de pessoas: Incapaz:
domicílio do seu representante legal; Preso: lugar em que cumpre a sentença;
Militar: lugar em que servir; Servidor Público: lugar em que exerce suas
funções em caráter permanente; Marítimo: lugar em que o navio estiver
registrado.

13
 Domicílio de eleição7 estabelecido pelas partes do contrato para fatos
concernentes à própria relação contratual.

Domicílio do agente diplomático agente diplomático = toda pessoa que representa os


interesses públicos de um país nas relações internacionais. Não pode ser julgado nem
condenado no país que exerce sua profissão ( é processado no país de origem ) – imunidade de
jurisdição ampla (civil e penal). Se não tiver domicílio deverá ser processado na capital
(DF) ou no lugar em que ele possuiu seu último domicílio no país.

Domicílio das PJ de direito PÚBLICO  *UNIÃO = DF; *ESTADOS E


TERRITÓRIOS = CAPITAL; *MUNICÍPIOS = LUGAR EM QUE SE ENCONTRA
SUA ADMINISTRAÇÃO.

Domicílio das PJ de direito PRIVADO lugar apontado em seu ato constitutivo. Se o


ato constitutivo for omisso será considerado como domicílio o lugar onde funciona a
administração dessa pessoa jurídica.

 Pluralidade de estabelecimentos: cada estabelecimento pode ser considerado


como sede da pessoa jurídica para fatos nele praticados.
 Pessoa jurídica com sede no estrangeiro: domiciliada no lugar em que possuir
um estabelecimento no Brasil para as relações aqui desenvolvidas.

Objeto do direito

Objeto da relação jurídica é tudo que se pode submeter ao poder dos sujeitos de
direito como instrumento de realização de suas finalidades jurídicas.

Patrimônio é um complexo de relações jurídicas (atinge os débitos e créditos de uma


pessoa) de uma pessoa que possui valor econômico ( só integram o patrimônio as relações
jurídicas que possam ser apreciadas pecuniariamente).

Bem e coisa divergência doutrinária na definição

 1º corrente: coisa = gênero. Bem é espécie – bem seriam as coisas que podem ser
apreciadas pecuniariamente.
 2º corrente: bem = gênero – tudo aquilo que corresponde à satisfação dos nossos
anseios. Bem jurídico: bens de valor econômico - *materiais e *imateriais. Coisa =
bens jurídicos materiais.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS

Dos Bens Considerados em Si Mesmos

7
Disponibilidade do domicílio de eleição: o autor da cláusula pode optar pelo domicílio do réu e
renunciar pelo domicílio eleito no contrato. A cláusula de eleição beneficia o autor do contato que pode
renunciar ao benefício. Contrato de adesão: é NULA a cláusula de eleição de foro em um contrato de
adesão.

14
Bens corpóreos bens que possuem existência material criada pela natureza. Ex.:
energia, gases... ►Alienação

Bens incorpóreos bens que possuem existência ideal porque são criados pelo direito.
Ex.: direito de crédito. ►Cessão

Bens imóveis aqueles que não podem ser transportados de um local para o outro sem
destruição. Classificação:

 Bens imóveis por sua natureza solo, subsolo, espaço aéreo correspondente...
 Bens imóveis por acessão
 Acessão natural: bens que se agregam ao solo sem intervenção física.
Ex.: árvore que a natureza plantou.
 Acessão física, artificial ou industrial: bens que o homem agrega ao solo
de forma permanente. Ex.: construções, árvores plantadas por intervenção humana.
 Acessão intelectual: bens imobilizados pela vontade humana destinados à
comodidade de um imóvel ou à exploração industrial. Ex.: ventilador de teto,
ar condicionado, um quadro... Obs.: o CC/02 não contemplou essa categoria.

Obs.: bens provisoriamente destacados de um imóvel: permanecem sendo considerados


bens imóveis. Ex.: telhas, casa de madeira.

 Bens imóveis por determinação legal *direitos reais sobre bens imóveis e
respectivas ações. Ex.: usucapião. *direito à sucessão aberta (herança) é considerado
bem imóvel.

Bens móveis todos aqueles suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por


força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
►Semoventes: bens móveis que se deslocam de um lugar para o outro por movimento próprio. Ex.:
animais.

 Bens móveis por sua natureza bens que podem ser transportados de um lugar
para o outro sem que haja transformação de sua essência.
 Bens móveis por determinação legal  bens incorpóreos que são considerados
móveis por escolha do legislador:
 Direitos reais sobre os bens móveis e as respectivas ações.
 Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
 Energias que possuem valor econômico.
 Bens móveis por antecipação (não há previsão no CC – criação jurisprudencial) bens que,
embora agregados ao solo, destinam-se a se transformar em bens móveis. Ex.:
eucaliptos destinados ao corte, árvore que se converterá em lenha, venda de uma casa para
demolição...

 Bens móveis e imóveis – importância da distinção

Bens imóveis acima de 30 salários mínimos só podem ser alienados por escritura
pública.

15
Alienação de bem imóvel, em regra, depende da outorga uxória ou marital.

O bem móvel é adquirido pela tradição (Exceção: lei fiduciária dos bancos para carros) enquanto o
bem imóvel é adquirido pelo registro.

Bens imóveis são utilizados como garantia por meio de hipoteca. Bens móveis por meio
do penhor.

Bens fungíveis e infungíveis bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. ►Bens fungíveis podem se
transformar em infungíveis: evolução histórica e cultural; vontade do titular. ►Para
o CC, bem fungível é necessariamente móvel. *Exceção feita por Caio Mário: loteamento – 1
lote entre 10. ►Importância da distinção:

 Bens fungíveis: objeto de contrato de MÚTO. Bens infungíveis: COMODATO.


 Direitos das Obrigações: caso fortuito ou força maior – se for fungível não pode
alegar, se for infungível sim. Obrigação de fazer: *Fungível: pode ser cumprida
por terceiros. *Infungível: não.

Bens consumíveis e inconsumíveis são consumíveis os bens móveis cujo uso resulta
em destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os
destinados à alienação. ►Importância da distinção: usufruto impróprio ou quase
usufruto recai sobre bens consumíveis. O usufrutuário pode consumir o bem, mas deve
restituir outro da mesma espécie ou equivalente em dinheiro. ►Classificação:

 Bens consumíveis de fato naturalmente consumíveis – não se destinam à


utilização contínua. Ex.: alimento
 Bens consumíveis de direito juridicamente consumíveis – bens que se
destinam à alienação. Ex.: livro

Bens divisíveis e indivisíveis bens divisíveis são os que se podem fracionar sem
alteração em sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo de uso a que
se destina. ►Critérios: Natural: considera-se divisível o bem que pode ser fracionado
sem alteração de sua substância. Econômico: considera-se divisível aquele que pode ser
fracionado sem que ocorra diminuição considerada de seu valor ( Ex.: saco de arroz – divisível;
diamante - indivisível). Convencional: a vontade das partes pode tornar um bem divisível em
indivisível (Ex.: indivisibilidade do condomínio).8 ►Importância da distinção: obrigações
indivisíveis: refere-se a um bem indivisível – o credor pode exigir o cumprimento de
apenas um dos devedores.

Bens singulares são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per
si, independente dos demais. ►Espécies: Bem simples: aqueles com partes
componentes unidas entre si naturalmente (Ex.: árvore, animais). Bem compostos: bens que
possui partes unidas por intervenção humana (bens industriais em sua maioria).

8
Renda constituída sobre o imóvel: o casal repassa a propriedade para alguém e essa pessoa é obrigada a
transferir uma renda (aluguel) para o casal. Caso um faleça e for indivisível, o valor permanece.

16
Bens coletivos aqueles que formam um conjunto homogêneo e passam a ter
individualidade própria (livros que compõem uma biblioteca específica, quadros de um museu ).
►Espécies: Universalidade de fato – universitas facti: possuem uma destinação unitária
que será feita em decorrência da vontade humana ( quadros de um museu). Universalidade de
direitos – universitas juris: possuem uma destinação, mas não por vontade humana, mas
por vontade da lei (Ex.: massa falida; herança).

Dos Bens Reciprocamente Considerados

Bens principais e acessórios bem principal é o bem que possui existência autônoma.
Bem acessório é aquele que existe em função do principal. ►REGRA: destino do bem
acessório segue o do principal. Obs.: até o momento da transferência, quem é dono do
bem principal é também dono do bem acessório. Ex.: vaca prenha.

Espécies de bens acessórios frutos, produtos, partes integrantes, pertenças e


benfeitorias.

a) Frutos são utilidades que a coisa periodicamente produz. Classificação: ►Quanto


à natureza: naturais (gerados pelo bem principal em decorrência de sua própria força orgânica.
Ex.: frutas, leite, cria de animais), industriais (frutos gerados pelo bem principal em decorrência
da vontade humana. Ex.: qualquer produto em relação à máquina que o cria ), civis (=rendimentos –
aqueles que possibilitam a percepção de uma renda. Ex.: aluguel, juros, lucro em dividendos ).
►Quanto ao estado: pendentes (frutos que ainda se encontram agregados ao bem principal.
Ex.: aluguel não pago); colhidos e percebidos (fruto já destacado do bem principal);
percipiendos (frutos que poderiam ter sido colhidos, mas não foram. Ex.: fruta que apodrece e
cai); estantes (frutos que se encontram armazenados e destinados à venda ); consumidos (frutos
que não mais existem).
 Importância da classificação: ►art. 1214 CC: o possuidor de boa fé tem direito aos
frutos colhidos e percebidos, além de uma indenização pelas despesas de produção.
►art. 1660, V, CC: regime de comunhão parcial de bens: ocorrerá a comunicação dos
frutos colhidos ou pendentes de bens particulares na constância do casamento. Ex.:
aluguel que não foi pago – pendente – a mulher tem direito.

b) Produtos são utilidades que a coisa produz, cuja percepção ou extração diminui a
sua substância. Ex.: petróleo. ►Importância da classificação: o possuidor, ainda que de
boa fé, extrair produto de propriedade alheia, terá que restituir o produto para o
proprietário. Ex.: petróleo.

c) Partes integrantes são as partes concretas que entram na unidade que faz a coisa
embora conserve sua identidade. Ex.: volantes e rodas de um veículo automotor. Obs.: ≠ parte
componente: bens que se fundem para dar origem a outro, mas perdem sua
identidade. Ex.: cimento, areia, tinta e tijolos que formam uma casa.

d) Pertenças são bens destinados a conservar ou facilitar o uso dos bens principais
sem que destes sejam partes integrantes. Ex.: ar condicionado, máquina de uma indústria.

17
 Importância da classificação: as partes integrantes, ao contrário das pertenças,
seguem o princípio da gravitação jurídica – o acessório segue o principal.

e) Benfeitoria é a obra realizada pelo homem na estrutura da coisa principal, com o


propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Classificação: ►Benfeitorias
necessárias9: buscam conservar um bem ou evitar sua destruição. ►Benfeitorias
úteis: benfeitoria destinada a facilitar ou aumentar a utilização de um bem;
►Benfeitorias voluptuárias: benfeitorias com fins estéticos.

Benfeitoria Acessão
Origem Decorre de intervenção humana Decorre de intervenção humana
ou natural
(ex.: aluvião ou avulsão)
Transformação Transforma um bem já existente Cria outro bem
(ex.: transformar um cômodo em garagem) (ex.: construir uma garagem)

Importância da classificação Possuidor de boa fé tem direito: ►à indenização pelas


benfeitorias necessárias e úteis. ►de levantar as benfeitorias voluptuárias desde que
preenchido dois requisitos: *ausência de destruição do bem principal e *ausência de
interesse do proprietário na indenização. ►de retenção pelas benfeitorias necessárias.
Obs.: o possuidor de má fé tem direito apenas à indenização das benfeitorias
necessárias.

Bens públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público
(critério da titularidade)

 Bem de uso comum do povo aquele destinado a ser utilizado por toda a
coletividade sem formalidades (praças, praias, ruas, rodovias).
 Bem de uso especial bem utilizado pelo poder público na prestação de um
serviço público (fórum, presídio, hospital público, ambulância, auditório DPD)
 Bem dominial/dominical bem que pertence ao poder público, mas não é
destinado a ser utilizado por toda a coletividade e nem é empregado na prestação
de um serviço público (bens herdados pelo município, terras devolutas, estradas de ferro).

 Possibilidade de alienação Bem dominial: pode ser alienado desde observadas as


condições legais. Bem de uso especial ou de uso comum do povo: podem ser
alienados mediante um processo de desafetação, em que se declara a perda da
utilidade pública de um bem.
 Bem público não pode ser objeto de usucapião.
 Terras devolutas não se encontram registradas nem em nome do poder público e
nem em nome de particulares. Propriedade? Duas correntes: ❶Essa terras são de
propriedade do poder público – fundamento histórico; ❷Essa terras são “res
9
A jurisprudência tem classificado como benfeitoria necessária a propriedade que cumpra sua função
social.

18
nullius” – coisa de ninguém – o Estado torna-se proprietário dessa terra através do
processo de discriminação – o dono é quem chegar primeiro, desde que preenchido
15 anos de usucapião. Todavia, o Estado pode propor a ação antes de o particular
usucapir o bem.

Bem de Família constitui-se em uma porção de bens que a lei resguarda com as
características de inalienabilidade e impenhorabilidade em benefício da constituição e
permanência de uma moradia para o corpo familiar.

 Bem de Família VOLUNTÁRIO pode ser constituído tanto por testamento como
por escritura pública. Pode abranger até 1/3 do patrimônio líquido do constituidor.
OBJETO: abrange dois tipos de bem: ❶imóvel urbano ou rural destinado à
residência da família; ❷Valores mobiliários (Ex.: Aluguel e ações). São destinados à
conservação da família e do imóvel. DURAÇÃO: gera efeitos até a morte de ambos
os cônjuges e até que seja atingida a capacidade para todos os filhos. EFEITOS:
●Inalienabilidade dos bens de família voluntário ( só pode ser alienado mediante autorização
judicial, desde que comprovada a necessidade da venda ); ●Impenhorabilidade: não pode ser
objeto de penhora em relação às dívidas constituídas APÓS o bem de família.
Exceções: tributos do imóvel e despesas de condomínio. Obs.: ¹se o bem for
vendido a quantia remanescente deve ser aplicada na aquisição de outro imóvel, ou
aquisição de títulos da dívida pública, ou outro destino que o juiz julgar
conveniente. ²Os bens vão gerar efeitos a partir do registro do ato constitutivo no
cartório de registro de imóveis.

 Bem de Família LEGAL independem de qualquer manifestação de vontade – Se


tem uma casa só, a lei já considera como bem de família legal .
OBJETO: REGRA: abrange o
imóvel destinado à residência da família e os bens móveis que guarnecem as
mesmas. EXCEÇÕES: obras de arte, adornos suntuosos, bens móveis não quitados,
veículos de transporte. EFEITOS: gera apenas a impenhorabilidade. EXCEÇÕES:
execução de pensão alimentícia, execução de créditos trabalhistas em relação aos
empregados da própria residência, execução do financiamento para a construção e
reforma do imóvel, execução da hipoteca oferecida sobre o imóvel, execução de
sentença penal condenatória, execução de tributos incidentes sobre o imóvel,
execução do imóvel do fiador no contrato de locação 10. MÁ FÉ NA AQUISIÇÃO
DO IMÓVEL: o juiz pode transferir a impenhorabilidade para o imóvel anterior ou
até anular a venda da casa nova. PLURALIDADE DE RESIDÊNCIA: considera-se
impenhorável o bem de menor valor. Exceção: poderá ser considerado outro imóvel
de maior valor se estiver registrado como bem de família voluntário. APLICAÇÃO
ÀS PESSOAS SOZINHAS: Súmula 264 STJ: defende a aplicação extensiva da lei
com base no p. da dignidade da pessoa humana. Para assegurar a todos o patrimônio
jurídico mínimo e a subsistência.

10
Exceção que tem sido considerada inconstitucional, pois ofende o p. da dignidade da pessoa humana e o
princípio da igualdade (tratar desigualmente pessoas numa mesma relação jurídica).

19
Teoria Geral dos Fatos Jurídicos

Fato Jurídico todo acontecimento relevante para o direito.

 Fato Jurídico stricto sensu é o fato jurídico que decorre da ação da natureza.
Ex.: queda de um raio que atinge um navio assegurado; morte por causa natural ou por doença.

Ato Jurídico é o fato jurídico que resulta de ação humana

 Ato Jurídico Ilícito ato que acarreta resultado vedado pelo ordenamento. Ex.:
morte por atropelamento; suicídio.
 Ato Jurídico Lícito ato que gera consequências almejadas pelo ordenamento.
 Negócio Jurídico todo ato jurídico que decorre da vontade humana e
que pode, inclusive, delimitar o seu conteúdo. Ex.: contratos, contrato de adesão,
regime de bens.
 Ato Jurídico stricto sensu todo ato que resulta de vontade humana que
não pode, contudo, delimitar seu conteúdo. Ex.: casamento, reconhecimento
voluntário de paternidade.
 Ato-fato Jurídico ato que decorre da vontade humana, sendo esta,
contudo, irrelevante para o direito. Ex.: menor que pesca um peixe – ato válido.
Forma de o ordenamento validar alguns atos-fatos praticados por incapazes. Obs.: pesca proibida:
ato jurídico ilícito; vender um peixe: negócio jurídico.

Fato Jurídico
Fato Jurídico "stricto sensu"
"lato sensu"
Ato Jurídico Ilícito
Ato Jurídico
Negócio Jurídico Ato-fato Jurídico
Ato Jurídico Lícito
Ato Jurídico "stricto
sensu"

Efeitos dos fatos jurídicos

Aquisição de direitos ocorre com a incorporação do direito ao patrimônio e à


personalidade do titular. Classificação:

 Quanto à origem
 Aquisição originária: feita sem qualquer participação do titular anterior. Ex.:
ocupação de uma coisa sem dono “res nullius”, usucapião.
 Aquisição derivada: quando um direito é adquirido em decorrência da
transmissão feita pelo titular anterior. Ex.: contrato de doação, compra e venda...

20
IMPORTÂNCIA PRÁTICA *incidência de impostos: venda (ITBI), herança e doação (ITCD).
Usucapião: não paga imposto de transmissão justamente pela causa de aquisição. *vícios na aquisição:
ninguém pode transmitir mais direitos do que possui.

 Quanto à extensão
 Aquisição à título singular: se restringe a determinados bens. Ex.: comprador num
contrato de compra e venda; legatário11
 Aquisição à título universal: o adquirente sucede o antecessor em todos os
seus direitos. Ex.: herdeiro

Modificação de direitos Espécies:

 Objetiva: ocorre com a alteração (qualitativa ou quantitativa) do objeto da relação


jurídica. Ex.: dação em pagamento – o credor recebe um bem diverso do convencionado.
 Subjetiva: ocorre com a alteração do sujeito da relação jurídica. Ex.: sub-rogação
(substituição de uma pessoa por outra na ralação jurídica – ex.: fiador num contrato de aluguel); cessão de
créditos, assunção de dívidas...

ATENÇÃO: direitos personalíssimos NÃO admitem modificação

Extinção dos direitos Espécies:

 Causas objetivas: causas externas ao agente. Ex.: prescrição, perecimento de um bem por
caso fortuito – um raio cair no carro...
 Causas subjetivas: causas relacionadas ao titular do direito. Ex.: abandono, renúncia.

MORTE: causa de extinção ou modificação de um direito? REGRA: causa de


modificação, pois, quando uma pessoa morre os seus direitos são adquiridos por outrem.
EXCEÇÃO: no caso dos direitos personalíssimos, essas são causas de extinção.

Aspectos Gerais do Negócio Jurídico

Negócio Jurídico fato jurídico consistente na declaração de vontade, a que o


ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como querido, respeitados os
pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre
ele incide. Classificação:

Quanto ao número de partes

 UNILATERAL: resulta da manifestação de vontade de apenas uma parte. Ex.:


testamento
 BILATERAL: decorre da vontade de duas partes. Ex.: contratos – contrato de doação
 PLURILATERAL: decorre da conjugação de mais de duas partes. Ex.: contrato social

Quanto à vantagem patrimonial

 GRATUITOS: geram vantagens patrimoniais para apenas uma das partes. Ex.: doação,
testamento.
11
Herdeiro (sucede em todos os direitos) ≠ Legatário (recebe um legado, um bem determinado,
individualizado)

21
 ONEROSOS: acarretam uma vantagem e uma perda patrimonial para cada uma das
partes. Ex.: compra e venda; permuta/troca.
 NEUTROS: negócios desprovidos de vantagem patrimonial. Ex.: constituição dos bens de
família; doação de órgãos; gestação no útero alheio.
 BIFRONTES: negócios que podem ser gratuitos ou onerosos, conforme a vontade
das partes. Ex.: contrato de mútuo – pode ou não cobrar juros; depósito: tanto gratuito quanto oneroso.

Quanto à forma

 FORMAIS/SOLENES: negócios devem observar forma específica prevista em lei.


Ex.: alienação de bens imóveis acima de 30 salários mínimos só pode ser feita por escritura pública.
 NÃO FORMAIS/DE FORMA LIVRE: negócios para os quais a lei não impõe
forma especial. Ex.: contrato de compra e venda de bens imóveis.

Quanto ao momento de produção dos efeitos

 “INTER VIVOS”: negócios destinados a gerar efeitos durante a vida das partes. Ex.:
contratos em geral. *OBS.: seguro de vida – doutrina defende que é ato inter vivos pois o pgt é feito em vida.
 “CAUSA MORTIS”: destinado a gerar efeitos após a morte do agente. Ex.: testamento

Quanto à equivalência das prestações

 COMUTATIVO: negócio em que ocorre entre as prestações. Ex.: compra e venda


 ALEATÓRIO: negócio em que as partes assumem o risco de existência de um
desequilíbrio entre as prestações. Ex.: contrato de seguro.

Quanto à origem

 CAUSAL: negócio que está vinculado à causa que lhe deu origem. Ex.: contrato de
compra e venda
 ABSTRATO: negócio que se liberta da causa que justificou o seu nascimento. Ex.:
títulos de créditos: nota promissória e o cheque – contrato X para pintar a casa e passo o cheque antecipado pelo
serviço; X não pinta a casa e passa o cheque para Y. Y tem o direito de cobrar o cheque? Sim. Porque o cheque é
um negócio abstrato que se liberta da obrigação de origem.

Elementos configurados do negócio jurídico

“Escada Ponteana”

manifestação de vontade, agente, objeto, forma de expressão


Plano da Existência
vontade livre, agente capaz, objeto lícito
Plano da Validade
quando o ato encontra-se apto a gerar efeitos

Plano da Eficácia

22
OBS.: ►O CC/02 não adotou essa teoria. ►existência ≠ validade: venda de uma
bicicleta para um menino de 14 anos: esse negócio existe? Sim. É válido? NÃO.

Elementos de validade do negócio jurídico (art. 104, CC/02)

Agente capaz negócio jurídico deve ser celebrado por uma pessoa que possua
capacidade de fato ou de exercício.

Objeto lícito, possível, determinado ou determinável ►objeto lícito = não ofende a


ordem pública, a moral e os bons costumes ( objeto ilícito: contrato de compra e venda de órgãos e
contrato de prestação de serviços carnais). ►objeto possível = aquele que se encontra dentro do
campo das forças humanas ou das forças da natureza ( objeto impossível: compra e venda de terreno
em marte). Espécies: ●Objeto juridicamente impossível: aquele que encontra um óbice
legal para a sua concretização. Ex.: contrato de compra e venda de herança de pessoa viva. ● Objeto
fisicamente impossível: aquele que transcende os limites das forças naturais. Ex.: contrato
de compra/venda de bem em Marte ►objeto determinado: aquele que se encontra
individualizado no negócio. Ex.: contrato de compra e venda de um carro – especifica o carro, marca, ano,
cor...►objeto determinável: aquele que apresenta elementos que possibilitem a sua
individualização. Ex.: contatos em que o objeto é determinado apenas pelo gênero e quantidade.

Forma prescrita¹ ou não defesa em lei²  ►¹forma imposta/determinada; ²forma não


vedada/não proibida. Forma* = meio de manifestação de vontade – Espécies ●Oral
●Escrita: instrumento particular (confeccionado pelo próprio interessado. Ex.: contrato de locação,
reconhecimento de firma) ou público (conta com o agente público para a sua formação. Ex.: escritura pública ).
REGRA GERAL (art. 107 do CC/02) = liberdade de escolha da forma; excepcionalmente a
lei imporá uma forma específica. – Funções da Forma ●Substância do Ato: quando a
forma constitui elemento de validade do negócio jurídico. Ex.: contrato de compra e venda de
bens imóveis acima de 30 salários mínimos ●Prova do ato: forma atua como meio de
comprovação do ato. Ex.: CC/02 art. 227.

Manifestação de vontade livre aquela emitida sem vícios do consentimento ou vícios


sociais. Espécies ●Expressa: manifestação de vontade explícita seja verbal ou por
escrito ●Tácita: que se deduz de um comportamento do agente, pode ser escrita ou
verbal. Ex.: casamento do menor em que o pai não autoriza de forma expressa, mas, ao comparecer à cerimônia do
casamento manifesta tacitamente a aceitação do ato. ● Presumida*: decorre da lei – a lei deduz de certos
comportamentos do agente. *pode ser: *presunção relativa (juris tantum) – admite prova em
contrário. Ex.: morte presumida com ou sem declaração de ausência. *presunção absoluta (juris et de
jure): não admite prova em contrário. Ex.: art. 1239 CC/02 boa fé na usucapião extraordinária – 15 anos
na propriedade presume-se a boa fé absolutamente.

 O silêncio como manifestação de vontade Art. 111. O silêncio importa anuência, quando
as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa
 REGRA: não se pode extrair/concluir vontade em decorrência do silêncio.
 EXCEÇÕES: ¹Se as partes convencionarem expressamente que na falta de
manifestação contrária o contrato continuará valendo. ²Usos e costumes - Art.
539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.

23
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.

 Reserva mental (art. 110 CC) limitação psíquica do agente restringindo


mentalmente a vontade declarada. Efeitos: não pode ser considerada para análise,
salvo se ade conhecimento da outra parte. Ex.: casamento para naturalização: casa só para ter os
requisitos e não para cumprir os deveres conjugais de fato.

Interpretação do negócio jurídico Elementos de manifestação de vontade:


►¹Interno/anímico: vontade idealizada na mente do agente; ►²Externo: vontade
exteriorizada/materializada pelo agente.

 Teorias de Interpretação
 Teoria da Vontade: julgador deve se ater mais ao elemento anímico em detrimento da forma
como a vontade foi exteriorizada. (posição subjetivista)
 Teoria da Declaração: foca nos elementos declarados/exteriorizados pelo agente.
Fundamento: segurança jurídica. Crítica: a pessoa é obrigada a cumprir aquilo que não era sua
intenção (posição objetivista)

 Teoria adotada pelo CC/02: art. 112 c/c art. 113 ( p. da eticidade) = harmonizou as duas
teorias12.

 Regras de interpretação - os negócios devem ser interpretados:


 Em consonância com os princípios constitucionais;
 Favoravelmente ao devedor;
 Favoravelmente à parte contrária que redigiu o contrato;
 Negócios benéficos/gratuitos e a renúncia devem ser interpretados estritamente.
Ex.: João contrai uma dívida com Maria de R$500,00 e lhe dá como garantia um computador. Passado um
tempo, João pede o perdão da dívida e a devolução do computador. Maria devolve o computador. Pode-se
entender que Maria perdoou a dívida? Não. Pois não cabe aqui interpretação extensiva. A devolução do
computador só permite a interpretação de que houve renúncia á garantia.

Representação ato por meio do qual se transfere determinados poderes a uma pessoa
para que ela possa integrar uma relação jurídica defendendo interesses de outra. –
Espécies:

 Representação Voluntária estabelecida pela própria parte interessada. Ex.:


contrato de mandato.
 Representação Legal imposta por lei. Ex.: pais, tutor, curador.
 Representação Judicial fixada pelo juiz no curso de um processo. Ex.:
inventariante; síndico – que representa a massa falida num processo de falência.

Representação e figuras afins

 Núncio mero porta-voz de uma pessoa; limita-se a reproduzir uma vontade.


 Representante recebe certos poderes e possui margem de deliberação.

12
Para muitos doutrinadores o CC teria adotado a Teoria da Confiança para a qual deve-se respeitar as
expectativas que as partes depositaram no negócio jurídico (aproxima-se da Teoria da Declaração).

24
 Gestor de Negócios representa interesse alheio sem procuração.

Procuração instrumento do mandato. Deve estabelecer os poderes conferidos para


que o terceiro tenha conhecimento desses poderes.

Efeitos da representação (arts. 116 e 118 do CC/02)

 Relação representante-representado manifestação de vontade do


representante vincula o representado, desde que respeitado os limites dos
poderes outorgados.
 Relação representante-terceiros o representante responde perante terceiros
em duas hipóteses: ❶quando o representante exceder os poderes conferidos;
❷quando há conflito de interesses entre representante e representado e esse fato
seja ou deva ser de conhecimento de terceiros. Ex.: A é proprietário de um restaurante e B é
gerente. B compra produtos vencidos de C para prejudicar A.

Representação e Teoria da Aparência* (= imprime juridicidade às circunstâncias que aparentam ter


sido praticadas de acordo com a lei ) Representante aparente: aquele que aparenta ter poderes
para representar alguém = atos são válidos. Ex.: A é representante de B. A recebe o aluguel todo mês
para B. C paga para A. A não é mais representante (revogação) – representante aparente. A cobra aluguel de C.
Pagamento feito por C a A é válido!

Negócio celebrado consigo mesmo (autocontrato)  quando uma pessoa figura


simultaneamente como parte e representante de outra parte numa mesma relação
jurídica. ►Admissibilidade: REGRA: vedado pelo nosso ordenamento jurídico;
EXCEÇÕES: ¹previsão legal; ²quando o representado autorizar expressamente o
autocontrato.

 Substabelecimento (art. 117, p. único do CC) repassar os poderes para terceiros –


deve contar como cláusula na procuração. A vedação do autocontrato se estende ao
substabelecido e a quem substabeleceu a procuração.

Defeitos do Negócio Jurídico

Vícios do consentimento quando uma pessoa expressa uma declaração de vontade


que não corresponde à sua vontade real. ►erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo.

Vícios sociais quando uma pessoa expressa uma declaração que corresponde à sua
vontade, todavia, essa vontade corresponde a uma ofensa a interesse de terceiros.
►simulação e fraude contra credores.

Erro ocorre erro quando o agente por desconhecimento ( ignorância) ou falso


conhecimento das circunstâncias age de um modo que não seria a sua vontade se
conhecesse a verdadeira situação.

 Requisito pacífico: art. 139 CC o erro deve ser substancial = o erro deve ser referir
à essência do negócio jurídico e atuar como fator determinante para a manifestação

25
de vontade. Ex.: X quer comprar um celular verde. Ao receber o celular constata que o carregador é preto. X
pode anular o negócio jurídico? NÃO, porque o que se leva em conta é a essência do negócio, no caso, o celular .
O erro é substancial quando:
 Erro relativo à natureza e ao objeto do negócio
 Erro relativo à identidade ou qualidade da pessoa
 Erro quanto ao caráter ilícito do fato. Ex.: pessoa que contrata a importação de
determinada mercadoria ignorando existir lei que proíbe tal importação.
 Requisito divergente: art. 138, 2º parte “(...) que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal (...)”. Erro escusável ou cognoscível?
 Corrente Minoritária: o erro deve ser escusável = erro perdoável capaz de
atingir qualquer pessoa de diligência normal.
 Corrente Majoritária: o erro deve ser cognoscível = erro que poderia ser
percebido pela outra parte do negócio jurídico.

Enunciado 12 do CJF no art. 138 é irrelevante ser ou não escusável o erro porque o
dispositivo adota o p. da confiança13

Erro e falso motivo (art. 140 CC) o falso motivo só enseja a anulação do negócio
jurídico quando ele constar expressamente como razão determinante do ato.

Erro na individualização do objeto (art. 142 CC) se o objeto pode ser individualizado
pela análise das circunstâncias, o negócio jurídico não poderá ser anulado.

Erro de cálculo (art. 143 CC) autoriza apenas a retificação do valor. NÃO autoriza a
anulação do negócio jurídico.

Erro ≠ Vício redibitório (art. 441CC) erro é de ordem subjetiva – está na mente da pessoa, é
um vício da vontade; vício é de ordem objetiva – é um defeito oculto da coisa.

P. da conservação do negócio jurídico (art. 144 CC) impõe a manutenção do negócio


jurídico desde que sanadas as irregularidades.

Dolo é todo artifício ou ardil empregado por uma das partes ou por terceiro, com o
fito de induzir outrem à prática de um ato

 Erro (tropeço – é um vício espontâneo) ≠ Dolo (empurrão – erro induzido pela outra parte).
 Espécies (arts. 146-147 CC):
 Dolo essencial/principal dolo que induz ao agente a praticar um negócio
jurídico que lhe é prejudicial. Efeito: acarreta a ANULAÇÃO do negócio
jurídico.
 Dolo acidental dolo que induz ao agente a praticar o negócio de forma
diversa da pretendida. Efeito: acarreta apenas o dever de INDENIZAÇÃO.
 Dolo bonus dolo inocente, incapaz de atingir uma pessoa inocente. Efeito:
NÃO acarreta a invalidade do negócio jurídico14

13
P. da Confiança tutela as expectativas exteriorizadas das partes, consagrando a boa-fé objetiva.
14
Lei 8078/90, art. 37 – veda todo tipo de propaganda enganosa e abusiva.

26
Dolo malus dolo grave, capaz de prejudicar uma das partes. Efeito: acarreta a
ANULAÇÃO do negócio jurídico
 Dolo positivo decorre de uma ação do agente desvirtuando a vontade da outra
parte.
 Dolo negativo/omissivo silêncio intencional do agente acerca de dado
relevante para a celebração do negócio jurídico.

Dolo de terceiros (art. 148 CC) Consequências: ❶Ciência do dolo pela parte
beneficiada= negócio jurídico inválido ( anulável)❷ desconhecimento pela parte
beneficiada= negócio jurídico válido ►a parte prejudicada pode pedir que o terceiro a
indenize por perdas e danos. ►Obs.: atos unilaterais: não existe parte beneficiada – não se aplica
o art. 148 – doutrina defende que os atos unilaterais viciados por dolo podem ser anulados.

Dolo do representante (art. 148 CC) Responsabilidade pelos danos causados:


►Representante: sempre responde pelos danos causados quando agir dolosamente;
►Representado: responsabilidade varia de acordo com o tipo de representação:

 Representação legal ou judicial: representado não escolhe seu representante,


logo, o representado responde até o limite do benefício que ele conseguiu obter
com a ação dolosa.
 Representação convencional: representante e representado respondem
solidariamente. Fundamento: o representado responde porque agiu com culpa in elegendo.

Dolo de ambas as partes – bilateral (art. 150 CC) nenhuma das partes poderá alegar o
dolo da outra parte para anular o negócio jurídico. P. de que ninguém há de se beneficiar
com a própria torpeza.

Coação (arts. 151-155 CC)  constrangimento exercido sobre uma pessoa impelindo-a a
realizar um ato que de outra forma não realizaria. Espécies:

 Coação Física ("vis absoluta”) manifestação corporal que determina a


conduta do agente. Efeitos: acarreta a INEXISTÊNCIA do ato *não há um elemento
que estrutura o negócio jurídico: a vontade
 Coação Moral (“vis compulsiva”)  há manifestação de vontade, porém, não é
espontânea. Efeitos: acarreta a INVALIDADE do negócio jurídico.

 Requisitos:
 Fundado temor: coação deve causar um receio justificado que deve ser analisado
pelo juiz considerando as condições da vítima e do caso concreto. ►Temor
reverencial (art. 153 CC): receio de desagradar pessoa a quem deve obediência – NÃO
configura coação = não anula o negócio jurídico.
 Ameaça dirigida aos bens ou aos membros da família (art. 151 CC): estende-se a
terceiros com vínculo afetivo.
 Ilegalidade da ameaça (art. 153 CC):
não configura coação a ameaça a um
exercício regular de um direito. ►uso abusivo do direito – pode configurar
coação.

27
 Ameaça de dano atual ou iminente : CC/02 – não admite coação por dano
remoto.
 Nexo causal entre a coação e o negócio jurídico : a coação deve ser a causa da
celebração do negócio jurídico.

Coação praticada por terceiros Consequências: ❶Ciência da coação pela parte


beneficiada= negócio jurídico poderá ser anulado ❷ desconhecimento da coação pela
parte beneficiada= negócio jurídico válido ►Obs.: atos unilaterais: sempre poderão ser
anulados por coação de terceiros independentemente do conhecimento ou desconhecimento da coação.

Estado de perigo (art. 156 CC)  caracteriza-se quando alguém, premido pela
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

Estado de perigo (situação de perigo causada por questões circunstanciais ) ≠ Coação (situação de
perigo provocada pelo próprio interessado)

 Requisitos
 Situação de necessidade
 Nexo de causalidade entre a situação de perigo e a declaração
 Incidência do perigo sobre a própria pessoa do declarante ou de sua família
(ver art. 156, p. único – permite que a situação de perigo possa atingir pessoa não integrante
da família do declarante)
 Conhecimento do perigo pela parte beneficiada – em caso de desconhecimento da
situação de perigo, o negócio jurídico será válido.
 Existência de uma obrigação excessivamente onerosa – se a recompensa for
razoável, o negócio jurídico será válido.

P. da conservação do negócio jurídico redução do excesso – diminuir ou aumentar o


excesso na desproporção. Não há previsão legal para a aplicação desse princípio ao estado de perigo .
Enunciado 148 do CJF: defende a conservação do negócio jurídico no instituto do
estado de perigo por analogia ao instituto da lesão.

Lesão (art. 157 do CC) prejuízo que uma pessoa sofre na conclusão de um ato negocial
resultante da desproporção existente entre as prestações das duas partes. Requisitos:

 Requisito objetivo para existir a lesão deve haver desproporção entre as


prestações a ser apurada conforme os valores vigentes ao tempo da celebração
do negócio jurídico.
 Requisito subjetivo a situação de necessidade econômica ou desconhecimento
da parte (ignorância).

Anulação do negócio jurídico a parte interessada deve provar que comprou o produto
por um preço desarrazoado e que desconhecia essa desproporção. NÃO é necessário
provar que a parte beneficiada tenha conhecimento dessa situação. – segundo a doutrina a
lesão é objetiva, pois, embora exista o requisito subjetivo, não é necessário que a outra parte tenha conhecimento da
situação.

28
Conservação do negócio jurídico (art. 157, §2º CC) se a parte beneficiada concordar em
oferecer um complemento no benefício ou reduzir o excesso no valor. A parte beneficiada
tem o direito de conservar o negócio jurídico indenizando valores à parte lesada.

Fraude contra credores ocorre quando o devedor insolvente, ou na iminência de


tornar-se tal pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo desse modo
a garantia que este representa para resgate de suas dívidas.

 Devedor insolvente aquele que possui mais dívidas do que bens capazes de
garanti-las (devedor que possui o ativo maior que o passivo).
 Requisitos
 Elemento objetivo: “eventos damni” = para existir fraude contra credores deve
haver transferência de bens feita por um devedor insolvente ou que venha a se
tornar insolvente em razão do ato.
 Elemento subjetivo: “consilium fraudis” = a má fé do adquirente que tenha
ciência da situação de insolvência do devedor. A jurisprudência estabeleceu
situações em que se presume a má fé do adquirente:
 Quando a transferência do bem é feita para um parente/amigo íntimo;
 Transferência de todos os bens para a mesma pessoa;
 Hipótese de alienação com a conservação da posse.

Atos fraudatórios

Negócios gratuitos e remissão de dívidas (art. 158 CC) o devedor insolvente não pode
doar bens e nem pode renunciar a direitos e perdoar dívidas, porque esses atos
acarretam prejuízos para os credores. Consilium fraudis – é dispensado.

Negócios onerosos (art. 159 CC) é vedado ao devedor insolvente praticar negócios
onerosos. Obs.: art. 164 CC – o devedor insolvente pode alienar bens em duas hipóteses:

 Alienação de bens para a subsistência da família – p. da dignidade da pessoa humana


 Prática de negócios habitualmente feitos para a manutenção do estabelecimento.

Pagamento antecipado de dívidas não vencidas (art. 162 CC) é vedado o pagamento
antecipado. Busca preservar a igualdade entre os credores quirografários. Consilium
fraudis – é dispensado

Oferecimento de garantias a certos credores (art. 163 CC) proibido – preservar a


isonomia entre os credores quirografários. Consilium fraudis – é dispensado

 Obs.: doutrina: poderão ser oferecidas garantias fidejussórias (ex.: fiador), pois não
atinge o patrimônio do devedor insolvente e por isso não gera desequilíbrio.

Fraude contra credores Fraude à execução


Natureza Instituto de direito Instituto de direito
MATERIAL PROCESSUAL
Momento de O agente se desfaz dos bens Após o ajuizamento da ação, com
configuração antes do vencimento da dívida a citação do devedor.

29
Interesse atingido Atinge apenas interesses Ofensa ao interesse público é à
particulares dignidade da justiça
Forma de alegação Ação Pauliana Autos do processo
Efeitos Acarreta ANULAÇÃO do ato Acarreta INEFICÁCIA do ato

Ação Revocatória ou Pauliana ação anulatória do negócio jurídico celebrado em fraude


contra credores.

 Legitimidade ativa (art. 158 CC): CREDOR com duas características:


 Credor quirografário¹
 Crédito anterior à prática do ato fraudulento

OBS¹.: art. 159, §2º CC estende a legitimidade ao credor com garantia real quando o bem
em garantia não mais existir ou até mesmo se tornar insuficiente para o pagamento da
dívida.

 Legitimidade passiva: ação deve ser proposta em face do DEVEDOR e em face do


TERCEIRO ADQUIRENTE do bem.

Destino dos bens objeto do negócio fraudado (art. 165 CC) após a anulação do
negócio jurídico os bens serão destinados ao concurso de credores e não apenas ao
credor que propôs a ação.

Conservação do negócio fraudado (art. 160 CC) o adquirente do bem do devedor


insolvente pode evitar a anulação do negócio depositando em juízo o valor de mercado
desse bem.

Simulação (art. 167 CC) é uma declaração enganosa da vontade visando a produzir
efeito diverso do ostensivamente indicado.

 Art. 550 CC – veda a doação de bens para a amante. Art. 496 CC – veda a venda de bens de
ascendente para ascendente sem anuência dos demais.
 Classificação:
 Simulação absoluta quando um ato é praticado para não gerar qualquer
efeito prático.
 Simulação relativa/dissimulação quando um ato é praticado para encobrir
outro vedado pela lei. Ex.: doação de um bem a um amigo para a doação para a amante.
Negócio oculto: doação para a amante; negócio aparente – doação para o amigo.

Simulação inocente é a que não acarreta prejuízo para terceiros nem para a lei. Não
está prevista no CC/02. Efeitos:

 Corrente minoritária: anulação do negócio jurídico;


 Corrente majoritária: não invalida o negócio jurídico.

Hipóteses de simulação (art. 167, §1º)

30
 Simulação por interposta pessoa utilização de laranja/testa de ferro. Ex.: doa para
o amigo para doar para a amante.
 Simulação por falsidade na declaração uso de certidão/declaração falsa. Ex.:
declaração de valor inferior na escritura.
 Simulação por falsidade na data Ex.: grileiros pedindo usucapião.

Efeitos NULIDADE do ato.

Invalidade do negócio jurídico

Invalidade é a declaração legal de que a determinados atos não se prendem os efeitos


jurídicos normalmente produzidos por atos semelhantes.

Nulo
Invalidade
Anulável

Nulidade absoluta (nulidade propriamente dita) atos que ferem preceitos de ordem
pública e acarretam ofensa a toda sociedade. Hipóteses CC, art. 166:

 Ato praticado por agente absolutamente incapaz;


 Ato nulo por objeto ilícito, impossível ou indeterminado;
 Inobservância da solenidade exigida em lei; Ex.: CC, arts. 1864, II e 1534.
 Fraude à lei imperativa – no ato simulado há o manifesto propósito de fraudar a lei.
 Motivo ilícito comum a ambas as partes. Ex.: prefeito que desapropria um bem de um
amigo para beneficiá-lo.
 Proibição da prática de ato sem previsão de sanção ( nulidade implícita ou virtual):
Ex.: art. 31 CC – presume-se nula a sanção.

Nulidade relativa (anulabilidade) atos que ofendem preponderantemente interesses


particulares e não de toda a sociedade. Hipóteses CC, art. 171:

 Ato praticado por agente relativamente incapaz;


 Ato praticado com fraude contra credores;
 Casos de vícios do consentimento;
 Previsão expressa em lei.
Ler se ele
dispositivo nada
legal disuser...

Analisar as se não se
enquadrar
hipóteses de em
ato anulável nenhuma..

ato será nulo

NULIDADE ANULABILIDADE

31
Interesse lesado Público Preponderantemente
particular
Possibilidade de alegação Art. 168 CC: qualquer Art. 177 CC: somente a parte
interessado, MP, juiz de interessada
ofício.
Efeitos REGRA: não gera efeitos; Gera efeitos até a data da
EXCEÇÃO: casamento sentença que decreta a
putativo – art. 1561 CC: gera anulabilidade
efeitos até a data da sentença
que declara a putatividade.
Sentença DECLARATÓRIA DESCONSTITUTIVA
Efeito ex tunc Efeito ex nunc
Direito de declarar a REGRA: imprescritível- CC, Prazo varia de acordo com
invalidade de um ato 169 EXCEÇÃO: declarar a hipótese15
nulidade de testamento –
prescreve em 5 anos – CC,
1859
Possibilidade de NÃO pode ser confirmado PODE ser confirmado
confirmação pelas partes pelas partes

Art. 105 CC uma parte não pode alegar a incapacidade relativa da outra em benefício
próprio.

Art. 177 CC - coobrigados REGRA: a anulabilidade não beneficia os demais


coobrigados. EXCEÇÕES: obrigação indivisível e obrigação solidária.

Confirmação do negócio jurídico Espécies:

 Confirmação/ratificação/convalidação é a renúncia feita pelas partes de


invalidar o negócio jurídico. Pode ser expressa – art. 173 CC (quando as partes
celebram um novo negócio jurídico declarando expressamente a intenção de conservar o
primeiro ato inválido) ou tácita – art. 174 CC (ocorre quando o agente, embora ciente da
anulabilidade do ato, continua a cumpri-lo).
 Redução (art. 184 CC) ocorre nas hipóteses de invalidade parcial do negócio
jurídico – despreza-se a parte inválida reduzindo o alcance do negócio à sua
parte válida.
 Conversão (art. 170 CC) transformação de um negócio jurídico inválido em um
negócio jurídico válido. Ex.: transformar testamento em codicilo.

Ato praticado por menor não pode ser invalidado nas seguintes hipóteses (art. 180 CC)

 Menor relativamente incapaz;


 Menor que ocultou dolosamente sua idade ou se apresentou como maior.

15
Exs.: 1) Incapacidade relativa: prazo de 4 anos começa fluir a partir da data em que cessou a
menoridade; 2) Vícios do consentimento e fraude contra credores: prazo de quatro anos. Termo a quo:
regra: data da celebração do negócio jurídico. Exceção: coação – prazo começa a fluir quando a coação
acabar.

32
Retorno ao “status quo ante” (art. 182 CC)

 REGRA: após a anulação do negócio jurídico as partes deverão retornar ao estado


em que se encontravam antes da celebração do negócio jurídico.
 EXCEÇÕES: não ocorrerá o retorno ao status quo ante:
 Impossibilidade fática. Ex.: o bem não mais existe.
 Pagamento feito a incapaz – TODAVIA, a parte contrária pode exigir a restituição da quantia
se provar que essa quantia foi revestida em proveito do menor.

Plano da eficácia

Condição art. 121 CC – é a cláusula derivada da vontade dos declarantes que subordina
a eficácia ou a resolução do ato jurídico a evento futuro e certo.

 Características:
 Vontade exclusiva das partes – a condição não pode resultar de uma imposição legal
 Evento futuro e incerto
 Classificação
 Condição LÍCITA e ILÍCITA (art. 122 CC – aquela que ofende a moral, os bons costumes e a
ordem pública).
 Condição SUSPENSIVA e RESOLUTIVA
 Condição suspensiva – art. 125 CC: condição que suspende os efeitos de um negócio
jurídico até que ocorra um evento futuro incerto.
 Condição resolutiva – art. 127 CC: condição cujo implemento faz cessar os efeitos de
um negócio jurídico.
 Condição CAUSAL e POTESTATIVA
 Condição causal: relacionada a um fato desvinculado da vontade das partes. Ex.: te
dou R$500 se chover amanhã.
 Condição potestativa: aquela subordinada a um acontecimento ligado à vontade das
partes. ►Condição puramente potestativa: é a que se sujeita ao arbítrio de uma das
partes. Ex.: trabalhar para mim uma semana e eu te pagar se eu gostar do serviço = ILÍCITA;
►Condição meramente potestativa: relacionada a um evento incerto que depende da
vontade da parte conjugado com valores que transcendem a sua vontade. Ex.: te dou
minha casa se eu conseguir emprego em BH.
 Condição IMPOSSÍVEL: aquela que jamais irá se concretizar.
 Condição juridicamente impossível: condição que encontra um óbice legal para a sua
concretização.
 Condição fisicamente impossível: aquela que encontra um óbice natural para a sua efetivação.
 Condições PERPLEXAS ou CONTRADITÓRIAS: condições que não possuem
qualquer sentido. Ex.: empréstimo de casa na praia com a condição de não ir lá, não alugar nem
emprestar para ninguém.

Condições que invalidam o negócio jurídico – art. 123 CC

 Condições física ou juridicamente impossíveis na modalidade suspensiva;


 Condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita;

33
 Condições perplexas ou contraditórias;

Condições inexistentes – art. 124 CC nesses casos o negócio jurídico será considerado
válido, será desprezada apenas a condição. .

 Condições física ou juridicamente impossíveis na modalidade resolutiva16;


 Condição de não fazer coisa impossível, seja resolutiva ou suspensiva. Ex.: dou a
você um carro desde que você não voe.

Efeitos do implemento das condições - arts. 126 e 128 CC

REGRA: efeito retroativo - ex tunc

EXCEÇÃO: a condição NÃO gera efeitos retroativos desde que preenchidos os


seguintes requisitos:

 A condição deve ser resolutiva


 O negócio jurídico deve ser de execução continuada

Malícia do interessado ocorre quando o interessado provoca ou impede o


implemento da condição. ►O art. 129 do CC presume o resultado inverso do
pretendido pelo agente.

Conservação de direitos o art. 130 do CC assegura garantias ao titular de um direito


eventual (direito sujeito a uma condição): pode praticar atos tendentes a assegurar o seu
direito.

Termo cláusula que subordina a um acontecimento FUTURO e CERTO o


nascimento ou a extinção dos efeitos de um negócio jurídico.

Termo (evento certo: quando acontecer) ≠ Condição (evento incerto: se acontecer)

 Classificação:
 Momento de produção dos efeitos
 Termo inicial/suspensivo (“dies a quo”): aquele a partir do qual o negócio jurídico
vai gerar seus efeitos.
 Termo final/resolutivo (“dies ad quem”): aquele a partir do qual são encerrados os
efeitos do negócio jurídico.

Obs.: art. 135 do CC = ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as regras relativas à
condição suspensiva e resolutiva.

 Momento de ocorrência
 Termo certo: aquele que possui data determinada.
 Termo incerto: não possui data determinada. Ex.: morte.

16
Ex.: empresto o carro e você terá que devolver no dia em que encontrar um ET – transforma o contrato
de comodato em doação neste caso.

34
Prazos – art. 132 CC intervalo entre os termos inicial e final. ►Contagem do prazo:
deve-se excluir o dia de início e incluir o dia do término. Vencimento do prazo em
feriado: será prorrogado para o primeiro dia útil subsequente. Os dias de meses e anos
se encerram no dia equivalente correspondente, ou no posterior se faltar equivalente.
Prazos em horas serão contados de minuto a minuto.

 Presunção relativa (iuris tantum) de que os prazos serão fixados em favor do


devedor e do herdeiro. – art. 133 CC
 Exigibilidade dos negócios jurídicos sem prazo: REGRA: podem ser exigidos
imediatamente. EXCEÇÃO: casos em que as próprias circunstâncias fáticas irão
estabelecer prazo razoável. – art. 134 CC

Encargo/modo é o ônus imposto ao beneficiário de uma liberalidade. Espécies:

 Encargo lícito e ilícito


 Encargo possível e impossível

 Consequências: REGRA: o negócio jurídico com encargo impossível ou ilícito é


válido. Despreza-se apenas o encargo ilícito ou impossível, preservando-se assim o
negócio jurídico. EXCEÇÃO: o encargo ilícito ou impossível pode acarretar a
nulidade do negócio jurídico quando o encargo for o motivo determinante para a
celebração do negócio. –art. 137 CC. N

Descumprimento do encargo consequências – arts. 553 e 562 CC

 Poderá ser proposta ação para a revogação da doação – ação revocatória;


 Poderá ser proposta ação para exigir o cumprimento do encargo – ação
cominatória.

Legitimidade: ►DOADOR: poderá propor tanto a ação revocatória quanto a ação


cominatória; ►TERCEIRO BENEFICIADO: poderá propor apenas a ação cominatória;
►MP: poderá propor a ação somente se o encargo for de interesse geral e houver
falecimento do doador (requisitos cumulativos). Obs.: MP só poderá propor a ação revocatória se o
doador não tiver herdeiros.

Atos ilícitos

Ato ilícito é todo ato praticado em desconformidade com o ordenamento jurídico. Para
o CC ato ilícito é aquele que acarreta dano a outrem.

 Crítica doutrinária à definição legal: pode haver ato ilícito sem dano assim como
pode haver atos lícitos que acarretem o dever de indenizar ( agiu em estado de
necessidade).

Espécies:

35
 Ato ilícito extracontratual – responsabilidade contratual ou aquiliana – art. 186
CC: ato que decorre de violação da lei.
 Ato ilícito contratual – responsabilidade contratual – art. 389 CC: decorre do
descumprimento de uma cláusula do contrato.

Importância da distinção: no ato ilícito contratual há presunção de culpa. O simples inadimplemento de


um contrato já gera presunção de culpa.

Responsabilidade Responsabilidade
CIVIL PENAL
Finalidade Reparar os danos causados Punitiva e preventiva
Sujeito passivo Vítima do dano Vítima do crime e o Estado
Compensação de culpas Pode Não pode

Há crimes que geram só responsabilidade civil (dano culposo) e só responsabilidade penal (tentativa de
homicídio) e há crimes que geram ambas responsabilidades (homicídio).

Culpa “stricto sensu” violação de um dever de cuidado em decorrência de


negligência, imprudência ou imperícia.

 IMPRUDÊNCIA: descumprimento de um dever jurídico de cuidado decorrente de uma ação.


 IMPERÍCIA: descumprimento de um dever de cuidado por inobservância de normas técnicas.
 NEGLIGÊNCIA: descumprimento de um dever de cuidado decorrente de uma conduta
omissiva.

Culpa “lato sensu” culpa em sentido estrito + dolo

Elementos da responsabilidade civil conduta, resultado, nexo de causalidade, culpa


ou dolo.

Responsabilidade objetiva e subjetiva

 Responsabilidade objetiva do Estado: (Teoria da responsabilidade objetiva + Tese do risco administrativo ) –


O Poder Público não será responsabilizado em três situações: fato exclusivo da vítima; caso fortuito
ou força maior.

Excludentes de ilicitude

Legítima defesa entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. Requisitos: ►Dano atual ou iminente; ►agressão injusta; ► estado subjetivo:
intenção de salvar-se; ► uso dos meios necessários; ► uso moderado do meio.

Exercício regular do direito compreende ações do cidadão comum autorizadas pela


existência de direito definido em lei e condicionados à regularidade do exercício deste.

36
Estado de necessidade considera-se me estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.

Estrito cumprimento do dever legal não é prevista expressamente no CC. Os


civilistas inserem essa excludente dentro do exercício regular de um direito, sob o
fundamento de que quem cumpre um dever, tem o direito de cumprir esse dever.

Consequências:

REGRA: a excludente de ilicitude suprime o dever de indenização.

EXCEÇÕES – arts. 929 e 930 CC

 Legítima defesa putativa


 Erro na execução: “aberratio ictus” – atinge pessoa diversa da pretendida ao
tentar se defender legitimamente. Consequência: indeniza a vítima atingida e
terá direito de regresso contra aquele que provocou a agressão injusta.
 Agente lesado (terceiro) no estado de necessidade tem direito à indenização
quando ele não for o ocasionador da situação de perigo.

Abuso de direito – art. 187 CC = cláusula geral ocorre quando um titular de um direito,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico e
social, pela boa fé ou pelos bons costumes.

Obs.: O CC/16 não tutelava o abuso de direito. A doutrina construía essa teoria a partir da excludente –
exercício regular de um direito – o que não se enquadrasse no “exercício regular” seria abuso de direito.

Espécies:

 Proibição de comportamento contraditório – “Venire contra factum proprium” Ex.:


art. 1542 CC c/c 1550, V.
 Tu quoque: ocorre quando alguém viola uma determinada norma jurídica e
posteriormente tenta tirar proveito da situação, com o fito de se beneficiar. Ex.: art. 180
CC – menor que agiu de má fé não pode se aproveitar disso para anular o negócio jurídico. Obs.: poderia
der evocado o p. de que ninguém há de se beneficiar com a própria torpeza, não
sendo necessário, portanto, esse instituto.

Tu quoque (um comportamento é ilícito e posteriormente o agente quer se beneficiar da sua torpeza ) ≠
Venire (os dois comportamentos são lícitos, mas acabam sendo contraditórios no seu conjunto).

Prescrição e Decadência

Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e de toda a sua capacidade


defensiva em consequência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo.

37
Decadência é a perda do direito potestativo pelo inércia do seu titular num período
determinado em lei.

Finalidade e fundamento dos institutos imprimir juridicidade à situações de fato que


o tempo consolidou. ►necessidade de se garantir a segurança nas relações jurídicas.

Espécies de obrigações:

 Obrigações jurídicas: há o débito e há a responsabilidade pelo seu pagamento.


 Obrigações naturais: existe apenas o débito.

Efeito da prescrição e decadência transforma uma obrigação jurídica em uma


obrigação natural.

Critérios distintivos entre prescrição e decadência

Critério clássico a prescrição atinge a ação que tutela o direito enquanto que na
decadência é o próprio direito que é atingido. Crítica: hoje a ação é vista como um
direito de exigir uma prestação jurisdicional. A prescrição não põe fim à ação. Até
chegar o momento do juiz reconhecer ou não a prescrição ele deve dar início à ação. A
ação foi garantida ainda com o direito material prescrito.

Critério do Novo Código Civil critério topológico = prazos prescricionais e


decadenciais estão previstos na parte geral, e prazos decadenciais são encontrados na
parte especial. Crítica: esse critério não enfrenta a natureza jurídica do instituto.

Prazos
decadenciais e PARTE GERAL Prazos PARTE
prescricionais decadenciais ESPECIAL

Critério Científico desenvolvido pelo Prof. Agnelo Amorim Filho

 Prescrição extinção de uma pretensão de exigir o cumprimento de um dever


violado.
 Decadência extinção do próprio direito.

 Direitos relacionados a uma prestação: aqueles que só se concretizam mediante


uma atividade a ser exercida por outra pessoa.
 Direitos potestativos: direitos de interferir em uma esfera jurídica alheia,
independentemente da aprovação da outra parte.

Relação entre direitos e institutos

por isso se relacionam


Direitos a uma pretensão
podem ser
relacionados a (direito de buscar o PRESCRIÇÃO
violados cumprimento de um
uma PRESTAÇÃO
dever violado)

38
NÃO estão
Direitos podem ser, no
sujeitos a uma DECADÊNCIA
potestativos máximo, extintos
violação

 Ação condenatória: busca obrigar uma pessoa a cumprir uma prestação.


 Ação constitutiva: busca a criação, modificação ou extinção de direitos.
 Ação declaratória: busca uma certeza jurídica; se limita a declarar uma situação
jurídica já existente. Ex.: investigação de paternidade, ação de usucapião, declaração de ausência.

Relação entre institutos e ações

Direitos se relacionam a ação condenatória


relacionados a uma uma ação relaciona-se à
prestação condenatória PRESCRIÇÃO

se relacionam a ação constitutiva


Direitos
uma ação está sujeita à
potestativos
constitutiva DECADÊNCIA

Conclusão

 Ações condenatórias REGRA: sujeitas à prescrição. EXCEÇÃO: ação de


ressarcimento contra o erário público – art. 37, §5º CF.
 Ações constitutivas sujeitam-se à decadência se houver prazo previsto em lei.
 Ações declaratórias são perpétuas17.

Interrupção, suspensão e impedimento do prazo prescricional

Prazos prescricionais REGRA: 10 anos – art. 205 CC. *EXCEÇÕES: previsão legal.

Prazos decadenciais podem ser estabelecidos por lei (decadência legal) ou pela vontade
das partes (decadência convencional).

 Causas impeditivas obstam o NASCIMENTO do prazo prescricional. Ex.:


casamento
 Causas suspensivas obstam o PROSSEGUIMENTO do prazo prescricional
sem prejuízo do lapso temporal já desenvolvido. Ex.: casamento

17
Súmula 149 STF: e imprescritível o direito de investigação de paternidade, mas não o direito de
repartição de herança.

39
Distinção: deve ser analisada no caso concreto. Ex.: empréstimo feito durante o casamento (causa
impeditiva); empréstimo feito antes do casamento (causa suspensiva).

Hipóteses:

1. Casamento
2. Ascendentes e descendentes durante o poder familiar
3. Tutor e tutelado, curador e curatelado, durante a tutela e curatela
4. Contra o absolutamente incapaz
5. O ausente do país a serviço público
6. Integrantes das Forças Armadas durante a guerra
7. Situação de pendência de condição suspensiva18
8. Não tenha ocorrido o vencimento do prazo
9. Pendência de ação de evicção
10. Pendência de ação criminal necessária para o esclarecimento do fato.

Amplitude art. 201 CC: REGRA: suspensão do prazo em favor de um dos credores não
beneficia os demais. EXCEÇÃO: a suspensão promovida por um dos credores vai
beneficiar os demais na hipótese de obrigação indivisível.

 Causas interruptivas art. 202, p. único do CC: obstam o prosseguimento do prazo


prescricional COM PREJUÍZO do lapso temporal anterior. Obs.: a interrupção ocorrerá
apenas por uma vez.

Hipóteses art. 202 do CC.

Amplitude art. 204 CC: REGRA: interrupção feita por um dos credores não beneficia
os demais; interrupção feita contra um dos devedores não prejudica os demais.
EXCEÇÕES: obrigações indivisíveis e solidárias: atinge os demais credores e
devedores.

Momento de alegação da prescrição e decadência  podem ser alegadas em qualquer


momento e em qualquer grau de jurisdição.

Responsabilidade dos representantes as pessoas jurídicas e os relativamente


incapazes poderão processar os seus representantes quando:

 O representante permitir a ocorrência da prescrição/decadência


 O representante não alegar a prescrição/decadência em favor do representado.

Prescrição Decadência
Causas de impedimento, Sempre se aplicam Aplicação depende de
suspensão e interrupção previsão legal
Origem Decorre sempre da lei Pode resultar da lei ou da
vontade das partes
Renúncia Deve ocorrer após o É nula a renúncia à
decurso do prazo decadência legal
18
Ex.: promessa de dar R$5.000 quando vc se formar – prazo só começa a correr depois da formatura.

40
prescricional sem prejuízos
a terceiros
Conhecimento de ofício O juiz deve reconhecer de O juiz só pode conhecer de
ofício após intimadas as ofício a decadência legal.
partes
Alteração dos prazos Prazos prescricionais NÃO Só podem ser alterados os
podem ser alterados pelas prazos de decadência
partes convencional

Prescrição, decadência e institutos processuais afins:

 Prescrição é a extinção da PRETENSÃO e da EXCEÇÃO ( alegação de um direito em


defesa). Ex.: compensação e dívida prescrita – não pode ser alegada uma dívida para compensação se esta
está vencida, pois a prescrição atinge tanto a pretensão quanto à exceção.
 Preclusão: é perda de uma faculdade processual ou da possibilidade de se
rediscutirem ou rejulgarem questões. – perda de um prazo dentro do processo.
 Perempção: ocorre quando a parte promove o abandono de um processo por três
vezes. Obs.: a perempção não põe fim ao direito material, porque a pessoa não pode mais cobrar a
dívida em juízo, mas pode alegar essa dívida em defesa (exceção) a título de compensação .

Prescrição a favor da fazenda pública19 – (Decreto 20910/32 e DL4597/42)

REGRA: cinco anos.

Interrupção: a prescrição interrompida recomeça sempre pela metade do prazo.

 Exceção: súmula 383 do STF: a prescrição em favor da fazenda pública nunca ficará
aquém dos cinco anos, ainda que a interrupção tenha ocorrido na primeira metade do
prazo. ► Prazo corrido + 2 anos e meio ( metade do prazo de cinco anos) = a soma não pode
ficar abaixo de cinco anos, nem acima de cinco anos na hora de acrescentar o prazo
pela metade. Ex.: 2012(dívida) >>>>>>2013-2014(causa interruptiva) – Prazo corrido(1 ano) + 2
anos e meio – tenho que acrescentar aqui 4 anos para o tempo não ficar aquém de cinco anos .

Obs.: o decreto foi criado para beneficiar a fazenda pública. Mas, o CC/02 reduziu alguns prazos, como
no caso de responsabilidade civil que era de 20 anos no CC/16, e agora é de três anos. Conclusão: nesse
caso, a fazenda pública sai prejudicada. Para o STJ – entendimento majoritário – não deve se aplicar o
prazo de três anos à fazenda pública na hipótese de responsabilidade civil. Para a maioria da doutrina a
prescrição em favor da fazenda pública nos casos de responsabilidade civil deve ser de três anos –
interpretação teleológica e art. 10 do decreto.

19
Fazenda Pública: União, Estados, DF, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas.

41
Teoria Geral do Processo

a) Direito Processual

Conjunto de normas que regula a função jurisdicional.

Escopos da função jurisdicional *função estatal pacificadora – pacificar um conflito


de interesses; *função promotora de justiça – pacificar com justiça. *função destinada à
atuação concreta do direito – elaboração de uma norma concreta e efetivação da norma
individual (execução da sentença).

Autonomia do direito processual em relação ao direito material direito material:


objeto: regulação dos bens da vida; direito processual: objeto: desempenho da função
jurisdicional. Obs.: os dois campos se comunicam ainda que autônomos, pois, o direito
processual é um instrumento de atuação do direito material.

Caracterização da autonomia da Ciência do direito processual

1. Objeto próprio conjunto de normas jurídicas que integram o direito processual


positivo – Subconjuntos:
 Jurisdição: função soberana do Estado; por meio dela o Estado elabora e efetiva
concretamente a vontade do direito; por meio dela o Estado substitui a atividade
das partes de modo imparcial e com justiça; por meio dela o Estado soluciona
um conflito de interesses e o faz de modo definitivo.

42
 Processo: instrumento do exercício da jurisdição; conjunto de princípios
modelado pela Constituição que diz como o juiz deve agir; figura abstrata.
 Ação: direito subjetivo processual de se exigir do Estado juiz o exercício da
jurisdição a fim de examinar determinada pretensão de um direito material.
 Exceção: defesa é o direito de exigir do Estado juiz o exercício da jurisdição
levando em conta o que p réu falou.20
2. Método determinado de trabalho são inúmeros os métodos utilizados pela
ciência processual. Exemplos:
 Método técnico-jurídico: realização de um trabalho de análise seguido de uma
síntese.
 Direito comparado: consiste em estabelecer o confronto entre dois ou mais
ordenamentos jurídicos de Estados diversos com a finalidade de compreender
como o direito alienígena funciona, o que ele tem de bom e o que dele pode ser
importado para o direito interno.

Posição Enciclopédica ramo do direito público► regulamenta função estatal


soberana que é a função jurisdicional; direito processual disciplina relações jurídicas de
subordinação e não de coordenação (no topo da pirâmide que esboça a triangular relação
processual está o Estado-juiz. Os membros dessa composição – autor, réu e Estado-juiz – não estão em
posição igualitária, mas de subordinação );
o direito processual está sujeito a um regime
jurídico de direito público. Importância: associar o direito processual ao direito público;
quando as regras não são claras, devem ser invocados os princípios do direito público.

Direito Processual e Direito Constitucional estudo do direito processual às luzes do


direito constitucional.

 É a Constituição que institui o Poder Judiciário, no sentido de que ela cria e organiza
os diversos órgãos do Poder Judiciário;
 Constitucionalização das fontes formais do direito infraconstitucional – tendência de
levar para o texto constitucional normas do direito infraconstitucional. Existem uma
série de normas no campo do direito processual que foram introduzidas na CF.
 Constitucionalização do direito infraconstitucional – “filtragem constitucional”:
interpretação de qualquer dispositivo legal deve ser feita lavando-se em
consideração o que dispõe a Constituição. A CF regula não apenas a forma de
produção das normas jurídicas, mas contém valores que devem ser observados.

Divisão do Direito Processual: Direito Processual Civil e Direito Processual Penal 


direito processual é uno; essa divisão é apenas para fins didáticos e pragmáticos.

 Direito Processual Penal disciplina o processo penal; o exercício da jurisdição


penal. Regra: por meio do processo penais concretizam-se normas penais;

20
Trilogia estrutural do processo: alguns autores defendem que são apenas três os institutos fundamentai
do dir. processual: jurisdição, processo e ação. Esses autores não contestam a existência do direito de
defesa, mas, tendo em vista as semelhanças entre defesa e ação, eles agrupam estes institutos em uma
única categoria.

43
Exceção: através do processo penal aplicam-se normas processuais penais 21. Se a
norma penal é que dá ao juiz o mérito para a solução do processo, é o processo
penal que será aplicado. Definitividade não é uma característica absoluta da
jurisdição: revisão criminal.
 Direito Processual Civil direito processual não penal. Normas aplicadas:
direito civil, direito processual civil e quaisquer outras normas materiais não
penais. Relativização da coisa julgada: ação rescisória.

Teoria Geral do Processo a TGP não defende a unificação legislativa dos direitos
processual civil e processual penal. A TGP pretende o estudo dos institutos, dos
princípios e dos métodos comuns aos sub-ramos do direito processual.

 Amplitude: o conceito de processo abrange todos os processos estatais. O Estado


exerce seu poder através da função jurisdicional, legislativa e administrativa.

Linhas Evolutivas do Processo o processo é um fenômeno histórico, não existe no


vácuo, existe na sociedade, e, a medida que a sociedade evolui, o processo também
evolui. Fases da Evolução:

1. Fase Sincrética (= praxismo) até metade do século XIX – 1868: direito de ação
era visto como próprio direito material. Não havia autonomia do direito
processual. ¹Sincretismo: ideia de mistura – não havia distinção entre direito
processual e direito material. ²Praxismo: as únicas preocupações eram de ordem
prática.
2. Fase autonomista (fase científica, fase conceitual) meado do séc. XIX a meado do
séc. XX. Pensamento dominante relacionado à ideia de se alcançar a autonomia
da ciência do direito processual. Construção das grandes teorias do direito
processual; principais institutos do direito processual foram modelados. Crítica:
não havia preocupação com os reflexos sociais do processo. Processo era visto
como simples instrumento técnico para a atuação concreta do direito – juiz tinha
a função de declarar o que a lei diz.
3. Fase Instrumentalista (fase teleológica)  inicia-se com o pós-guerra.
Preocupação com a finalidade do processo. Processo é pensado como
instrumento que deve ser adequado a pacificar e a produzir justiça. Preocupação
com os reflexos sociais do processo. Deseja-se que o processo seja capaz de
conduzir a uma decisão justa. Efetiva e tempestiva. Atuação do juiz: o juiz não
declara a vontade da lei, o juiz cria a norma concreta individual. O juiz tem
participação ativa na atuação concreta do direito.
4. Fase do Formalismo Valorativo pretende suceder a corrente anteriormente
estudada. O direito processual precisa aproveitar os avanços advindos de outros
campos do direito, sobretudo do direito constitucional. É necessário observar a
filtragem constitucional: deve-se observar valores constitucionalmente
consagrados na aplicação do direito processual. *Formalismo valorativo: o
21
Ex.: para que o juiz julgue a ação de revisão criminal, ele não aplicará normas penais, mas normas
processuais penais.

44
processo prevê diversas formalidades, mas essas formalidades não são vazias,
elas só se justificam enquanto necessárias à consagração dos valores
constitucionais.

b) Lide e Forma de Solução

Definições *Lide (= litígio): conflito de interesses qualificado pela pretensão de um


dos interessados e pela resistência do outro. *Necessidade: falta de algo que possa trazer
satisfação pessoal. *Bem: aquilo que pode trazer satisfação a uma necessidade.
*Interesse: vínculo psicológico que une uma pessoa, movida por uma necessidade, a um
determinado bem. *Conflito de interesses: surge quando o mesmo bem desperta o
interesse de mais de uma pessoa – as necessidades econômicas são ilimitadas, mas os bens para
satisfazerem essas necessidades são limitados . *Pretensão: é a exigência de subordinação do
interesse alheio ao interesse próprio. *Resistência: oposição a uma pretensão.

Evolução das formas de solução de conflitos

 Autotutela (= autodefesa): a composição do conflito se dá com o uso da força ou


da astúcia e a solução se dá prevalência da vontade de uma das partes.
Características: inexistência de um julgador distinto das partes e imposição da
decisão por uma das partes. Justificativa do surgimento: inexistência de um
Estado forte capaz de impor a vontade do direito sobre a vontade dos
particulares. Crítica: a solução do conflito não será uma solução justa pois
prevalecerá sempre a vontade do mais forte/astuto.
 Autocomposição: a controvérsia se resolve pelo consenso das partes. É o acordo
de vontades que põe fim ao conflito de interesses. Características: ausência de
um julgador distinto das partes que possa ditar uma melhor solução para
resolução das controvérsias e a solução é obtida por intermédio de um acordo de
vontades. Modalidades: ●Desistência: quando uma das partes renuncia sua
pretensão; ●Submissão: quando aquele que oferecia a oposição/resistência deixa
de opor-se/resistir; ●Transação: ocorre quando há transações recíprocas entre as
partes.
 Arbitragem: modalidade de heterocomposição de conflitos – existe um julgador
distinto das partes; a composição do conflito não mais decorre da vontade de
qualquer das partes, mas da deliberação do árbitro.
 Jurisdição: surge quando o Estado se torna forte o suficiente para impor sua
vontade sobre a vontade dos particulares. Características: modalidade
heterocompositiva de solução de controvérsia: há um julgador distinto das partes
– o juiz. A composição se dá pela manifestação do Estado através do juiz.

Obs.: essa evolução nos conduz de um sistema de justiça privado a um sistema de


justiça público. Paralelamente observa-se um fortalecimento do Estado.

Formas de solução de conflito no direito moderno

45
1. Jurisdição: embora hoje s jurisdição continue sendo a regra, há bum incentivo à
meios alternativos de solução de controvérsias. MASC: Meios Alternativos de Solução de
Controvérsias.
 Autotutela regra: inadmissibilidade da autotutela. Só admitida em caráter
excepcional – deve haver autorização legal ( Exs.: legítima defesa, estado de
necessidade, desforço imediato – CC, art. 1210, §1º ). Porque é admitida? O Estado
não é onipresente. Em alguns casos a atuação estatal não é rápida o
suficiente para evitar a injustiça.
2. Solução Consensual: para determinados conflitos a solução jurisdicional não se
mostra a mais adequada; determinados conflitos exigem a justiça coexistencial;
maior aceitabilidade da solução consensual. Modalidades:
 Negociação contato direto entre as partes litigantes. Inexistência da
intervenção de um terceiro durante o processo de negociação.
 Mediação há a participação de um terceiro que visa viabilizar um diálogo
construtivo entre as partes. Normalmente a mediação será utilizada quando
as partes não conseguem mais dialogar entre si, ou seja, quando a negociação
já não é mais viável. Modalidades: Mediação ativa (mediador procura interferir
no acordo, convencendo as partes. Formula ele próprio propostas de solução para o
conflito);Mediação passiva (mediador atua como simples facilitador do diálogo; não
formula propostas de solução de conflitos, deixa isso a cargo das partes ); Mediação pré-
processual (ocorre antes do processo); Mediação processual (ocorre durante o
processo); Mediação pós-processual (ocorre após a formação da coisa julgada – obs.: a
coisa julgada não pode ser modificada pela lei, mas é possível que seja modificada pela
vontade das partes).
 Conciliação vem sendo utilizada como sinônimo de mediação ativa.
Conciliação seria a forma de solução de conflitos em que o mediador procura
influenciar as partes. Exemplos no direito brasileiro: Juiz de paz, audiência preliminar,
audiência especial de conciliação, Juizados Especiais.

Solução Consensual Admissibilidade

 Concepção tradicional direitos disponíveis admitiriam uma solução


consensual. Direitos indisponíveis não poderiam, em hipótese alguma, afastar a
incidência de normas cogentes, não sendo passíveis, portanto, de solução
consensual.
 Concepção moderna quase todas as controvérsias admitem solução
consensual. Há certos direitos que são inteiramente indisponíveis mas que
admitem transação (Ex.: embora não seja possível renunciar aos alimentos, o seu patrimonial
envolve certa disponibilidade, como no acordo do valor a ser pago ). Relativização das
indisponibilidades: indisponibilidade objetiva: acordo em torno da guarda do
menor e acordo acerca do valor da pensão alimentícia. Indisponibilidade
subjetiva: Juizado Especial da Fazenda Pública: dentro de certos limites a
fazenda Pública pode sim transigir o que acaba com o dogma da
indisponibilidade subjetiva da Fazenda Pública.

46
Arbitragem a convenção de arbitragem comporta dois tipos: ❶Cláusula
compromissória: as partes celebram um contrato e estabelecem que eventual conflito dali surgido será
solucionado pela arbitragem. ❷Compromisso arbitral: celebrado após o surgimento do litígio.
Vontade das partes = as partes afastam a jurisdição e optam por uma solução através da
intervenção de um árbitro. É possível desistência? Desistência unilateral: NÃO é
possível por força da obrigatoriedade dos contratos. Desistência bilateral: é possível. A
arbitragem é constitucional? STF entende que sim: art. 5º, XXXV determina que a lei
não excluirá a apreciação jurisdicional, mas não a vontade das partes. Esse mesmo
dispositivo prevê o acesso à justiça, e o acesso à justiça se atinge não só por meio da
jurisdição; a arbitragem pode ser um meio de acesso à justiça. Importância: *maior
eficiência para produzir soluções mais justas – determinados conflitos de interesses possuem
tantas especificidades que poderiam ser solucionados de modo mais justo por pessoas especializadas ;
*celeridade: o árbitro trabalha com poucos casos e, portanto, tende a ter mais tempo
para cuidar do caso.

c) Princípios

Introdução princípios são normas. Alguns princípios têm aplicação direta ( quando não
existe nenhuma regra a regular aquele caso concreto ) ou indireta (quando o princípio influencia o
legislador que cria uma regra que tenha por fundamento esse princípio ) conforme as situações
concretas. Espécies de princípios: constitucionais e legais; expressos e implícitos; de
direito processual ou de direito público. Relação entre direito processual e direito
constitucional: os princípios aqui expostos oferecem o contorno do que seja o processo
no Estado Democrático de Direito.

Princípio da Imparcialidade o juiz deve ter conduta reta, não pendendo para autor
ou réu. Somente pode ser juiz em um processo pessoa que não possua interesse na
vitória de qualquer das partes. Juiz: posição de mando; deve estar equidistante das
partes.

 Garantias e vedações constitucionais: CF/88, art. 95, I, II e III: prerrogativas


garantidas ao magistrado para independência de sua atuação, livre de qualquer
pressão, assegurando imparcialidade. CF/88, art. 95, p. único: é vedado ao
magistrado receber auxílios financeiros de qualquer das partes.
 Hipóteses de impedimento e suspeição do juiz: *Impedimento: o juiz com
certeza será imparcial (CPC arts. 134 e 136 e CPP arts. 252 e 253). *Suspeição: muito
provavelmente o juiz será imparcial (CPC art. 135 e CPP art. 254). Obs.: processualistas
entendem que o rol de impedimento e suspeição NÃO é taxativo.
 Amplitude: CPC, art. 138: não só o juiz deve ser imparcial, mas o juízo deve ser
imparcial.
 Imparcialidade ≠ Neutralidade: não é possível atingir a neutralidade porque
ninguém pode se desvencilhar das influências recebidas ao longo da vida. O juiz
deve ser consciente da sua falta de neutralidade. Sentidos: neutralidade =
santidade, neutralidade = imparcialidade, neutralidade = postura letárgica.

47
 Imparcialidade e ativismo: o juiz para ser imparcial deve evitar a postura ativa
na condução do processo? No que se refere às provas, o juiz deve aguardar que
sejam trazidas pelas partes? ►Prof. Barbosa Moreira: é equivoco que tal
iniciativa beneficia uma das partes porque o juiz, ao trazer as provas para o
processo, não sabe o resultado das mesmas. Por outro lado, a conduta omissiva
poderia beneficiar uma das partes. Conclusão: parcialidade não se relaciona com
conduta ativa.

Princípio do juiz/juízo natural todo processo deve ser presidido pelo seu juiz
natural. Juiz natural é aquele cuja competência resulta, no momento do fato, das
normas legais e abstratas. Juiz = pessoa natural, servidor público, magistrado. Juízo =
órgão público, figura abstrata, conjunto de atribuições, órgão jurisdicional que envolve
diversas pessoas tendo como chefe o juiz. ►O juízo natural deve ser um órgão público
que recebeu da Constituição a função jurisdicional. Competência é o limite dentro do
qual cada órgão jurisdicional exerce suas atribuições. ►Juiz natural é aquele juiz que
presidi o juízo natural. A garantia da inamovibilidade está relacionada a este princípio.
Corolário: proibição dos juízes/juízos de exceção* = são os juízos ad hoc – designados
para o caso. São aqueles criados pós factum, criados após a ocorrência dos fatos, seja
para um caso isolado, seja para diversos casos particulares individualmente
determinados. O p. do juiz natural visa assegurar a imparcialidade. Obs.: juiz
cooperador: auxilia um determinado juízo: não há transgressão do p. do juiz natural.

P. da igualdade norma jurídica que impõe tanto à lei quanto ao Poder Judiciário que
dispensem tratamento igualitário às partes litigantes. Objetivo: permitir que as partes
tenham as mesmas oportunidades no processo. ►Igualdade substancial: dispensar
tratamento igual aos iguais e tratamento desigual aos desiguais de modo a compensar as
suas desigualdades dentro dos limites do possível. Premissa é de que as pessoas não são
iguais. A igualdade substancial ganha relevo no Estado Social, mas sua raiz está presente em Aristóteles.

P. da ampla defesa se manifesta por meio de várias garantias por intermédio de


outros princípios. Dessa norma decorre para ambas as partes o direito de formular
alegações e produzir provas. Assegura o direito de defesa no processo que abrange:
❶Defesa Técnica: realizada por profissional habilitado; ❷Autodefesa: realizada pelo
próprio réu (ocorre no curso do processo – o juiz formula perguntas ao réu para que ele tenha a
oportunidade de pessoalmente contar sua versão dos fatos).

P. do contraditório aspectos:

 Bilateralidade da audiência manifestação-manifestação; prova-prova; novo ato-


manifestação. Novidades no processo devem ser levadas a conhecimento da parte,
dando a ela a oportunidade de se manifestar.
 Paridade de armas partes: mesmas oportunidades + mesmos instrumentos. Não
basta que as partes se manifestem sobre o que é novo no processo, mas que elas
tenham a condição de se manifestar através dos mesmos instrumentos processuais.

48
 Formulação técnica do p. do contraditório C = I + R ►O p. do contraditório
articula, em suas manifestações técnicas, dois aspectos ou tempos essenciais:
informação e reação; necessária sempre a primeira e eventual a segunda ( mas
necessário que se torne possível).
 INFORMAÇÃO: qualquer novidade que surja no processo deve ser
comunicada à parte que ainda não tinha ciência de tal fato jurídico processual.
Atos de comunicação no processo civil: citação e intimação.
 Citação: CPC, art. 213 – ato que avisa ao réu a existência do processo e
convida-o a participar do processo para defender-se22.
 Intimação: CPC, art. 234 – ato de comunicação que será utilizado em
todas as demais ocasiões do processo em que for necessário comunicar
seja ao autor, seja ao réu ou a terceiros para que essa pessoa possa ter
conhecimento de todas as novidades do processo.
 REAÇÃO: manifestação no processo daquela parte que foi citada ou intimada.
Direito processual civil: a reação em regra é *eventual dá-se ao réu a
oportunidade de reagir e ele poderá escolher se reagirá ou não. Se o réu não
reagir ocorrerá a revelia – art. 319 do CPC: imputar-se-á verdadeiro os fatos
alegados pelo autor. Exceção: citação ficta: a reação será *real presume-se
que o réu recebeu a citação ( citação por edital e citação com hora certa ). Obs.: no
processo penal a reação sempre será real. Pode até existir revelia, mas os efeitos desta não
ocorre, ou seja, não é porque o réu é revel que serão presumidas as acusações do autor.

 Caráter dialético do processo o processo deve ser um instrumento de


exercício do poder caracterizado pelo diálogo. A decisão proferida ao fim do
processo é um ato do juiz, mas de certo modo, um ato que o juiz profere que não
é inteiramente dele na medida em que ele é influenciado pelas partes.
 Direito de ser ouvido contraditório não é apenas o direito de falar, mas o
direito de ser ouvido. ► “conhecer de ofício”: não significa que o juiz pode
decidir sem ouvir as partes; significa que o juiz pode trazer ao processo a
discussão.

Princípio da demanda

Princípio dispositivo x P. da livre investigação das provas  prevalece tanto no direito


processual penal quanto no direito processual civil o p. da livre investigação das provas.

 Verdade real (material) é a que se observa na realidade sensível; verdade


baseada nos fatos que efetivamente ocorreram.
 Verdade formal verdade dos autos do processo, aquela verdade que as provas
revelaram nos autos do processo.

Situação ideal: verdade formal deve coincidir com a verdade real.

22
No momento em que ocorre a citação a relação jurídica processual se completa, pois o vínculo se
estende ao réu. O vício da citação não chega sequer a formar a coisa julgada. Esse ato é importante não
apenas do ponto de vista formal, mas visa assegurar direitos fundamentais legitimando a ação do Estado.

49
P. da persuasão racional neste princípio as provas já estão presentes no processo.

 Sistema da prova legal: estabelece uma hierarquia legal para os meios de prova.
A lei diz qual prova vale mais e qual prova vale menos. Crítica: o juiz seria um
autômato, vez que verificaria apenas o valor de cada prova com base na lei.
Nesse sistema é grande a chance de a verdade formal não coincidir com a
verdade real.
 Sistema da livre convicção [motivada]: a liberdade do juiz é ampla; prevalece a
íntima convicção do juiz – impacto que as provas causam no convencimento do
juiz. Nesse sistema o juiz não está sujeito à regra alguma que estabeleça
previamente o valor de cada meio de prova. O juiz pode valer-se de qualquer
prova, ainda que ela não tenha sido trazida ao processo. Crítica: esse sistema
fragiliza o p. do contraditório. Se o juiz pode julgar com fundamento numa
prova que não foi trazida ao processo isso faz com que as partes não tomem
conhecimento dessas provas. Resquícios: tribunal do júri – jurados não precisam
motivar sua decisão de modo que não se pode ter certeza de quais provas foram
analisadas.
 Sistema da persuasão racional: o juiz só pode se basear em provas que foram
submetidas a crivo do contraditório – “O que não está nos autos, não está no
mundo”. O laudo do perito não vincula o juiz que possui liberdade para
examinar as provas trazidas ao processo. As decisões do juiz devem ser
fundamentadas.

P. da motivação norma jurídica que obriga o juiz a apresentar o fundamento de todas


as suas decisões. Esse princípio possibilita: o controle da observância do p. da livre
persuasão (é pela motivação que saberemos que o juiz não se baseou em provas externas ao processo e
se o exame que o juiz fez das provas é correto ); controle da observância dos p. do contraditório
e da ampla defesa; a impugnação por intermédio de recurso; junto com o p. da
publicidade o controle popular das decisões; controlar a legitimidade da decisão.

P. da publicidade estabelece que os atos do processo são públicos – impõe a


publicidade dos atos do processo. Publicidade também da audiência e dos autos ( caderno
que documenta todos os atos do processo) do processo. Finalidade: permitir o controle popular
sobre o exercício da atividade jurisdicional e assegurar a imparcialidade do juiz.
Restrições: esse princípio não é absoluto! A lei pode impor restrições para proteger, por
exemplo, a intimidade das partes ou o interesse público.

P. do duplo grau norma jurídica dotada de coercibilidade, que estabelece para as


partes o direito de recorrer contra as decisões judiciais que lhes sejam desfavoráveis.
Obs.: existem exceções a esse princípio – Ex.: recurso de processos originários no STF: é o
próprio STF que aprecia o recurso de processo por ele mesmo julgado. ►Provocação: o duplo grau
de jurisdição está sujeito á provocação. Se o réu deixa transcorrer in albis o prazo de
recurso forma-se a coisa julgada. ►Duplo grau sem recurso/duplo grau obrigatório:
casos de reexame necessário (CPC, 475).

50
P. da lealdade impõe atuação ética a todos aqueles que, de algum modo, participam
do processo. “Atuação ética” = moralidade, probidade, boa fé.

P. do acesso à justiça é um super-princípio do dir. processual. Os princípios


decorrentes do devido processo legal visam a promover o acesso à justiça.

 Acesso à justiça ≠ Acesso ao judiciário acesso à justiça pode até ser


assegurado pelo Poder Judiciário, mas o Poder Judiciário não é o único meio
de acesso à justiça (MASC também proporciona acesso à justiça). A ideia de acesso ao
judiciário revela uma das formas, mas não a única de se promover acesso à
justiça.
 Acesso à justiça se resume ao direito de postular? Não. O acesso à justiça
engloba o direito de postular, mas não se resume a ele, afinal, o acesso à
justiça compreende momentos anteriores (relacionados à informação acerca dos
próprios direitos) e posteriores (para que haja acesso à justiça é necessário que o processo
seja capaz de produzir resultados justos, tempestivos e efetivos ) ao exercício do direito
de postular.
 Para haver acesso à justiça deve haver três pontos sensíveis:
 Universalização do processo
 Justiça das decisões
 Utilidade das decisões

P. DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (FONTE) E P. DO ACESSO À JUSTIÇA


(FINALIDADE) DE TODOS OS DEMAIS PRINCÍPIOS.

P. do devido processo legal princípio síntese de todos os demais princípios. Possui


dois aspectos:

 Processual: corresponde ao conceito de processo justo, legítimo, que observa


todos os demais princípios do dir. processual.
 Material: sinônimo de princípio da razoabilidade/proporcionalidade.

Teoria da Norma Processual

Norma processual regula o modo como será desempenhada a função jurisdicional.


Regula os quatro institutos fundamentais do direito processual: jurisdição, ação, defesa
e processo. Classificação:

 Normas de organização judiciária normas que regulam a estrutura do Poder


Judiciário com a finalidade de organizar sistematicamente esse poder.
 Norma procedimental o processo se desenvolve por meio de um
procedimento, mas o procedimento em si é uma sequência ordenada de atos
processuais que se encontram concatenados tendo e vista uma finalidade.
 Norma processual em sentido restrito norma que regula a relação jurídica
processual

51
Natureza jurídica da norma processual norma de Direito Público, Norma cogente
(regra, mas há normas processuais que são dispositivas).

 Norma processual x Norma material: como distingui-las? Saber o objeto


imediato, ou seja, aquilo que é regulado diretamente pela norma jurídica: objeto
imediato► da norma processual – desempenho da função jurisdicional; ►da
norma material: bens da vida.

Eficácia da norma processual no espaço normas jurídicas estão sujeitas a uma


limitação territorial de sua eficácia. Essa limitação decorre da necessidade de
convivência de soberanias.

Norma processual e p. da territorialidade lex fori: o juiz deverá aplicar a norma


processual do local onde ele exerce a jurisdição.

 Jurisdicionados nacionais e estrangeiros na justiça brasileira  se for


instaurada uma ação aqui no Brasil em que eles sejam partes, as normas
aplicadas serão a norma pátria.

Eficácia da norma processual no tempo qual a norma processual deve ser aplicada (a
nova ou a revogada?) em determinado processo caso após o início desse processo e antes de
seu término, haja uma modificação no ordenamento jurídico? Sistemas teóricos que
fornecem a solução:

 Sistema da unidade processual considera o processo como uma unidade que


deve ser regido apenas por uma lei. Havendo alteração legislativa, ou essa lei
não se aplica ao processo, e, portanto, continua a ser aplicada a lei antiga
(desvantagem: em tese a lei nova vem para melhorar o mecanismo processual, os processos pendentes não
se beneficiaram com essa nova lei.), ou a lei nova retroage reconstruindo o processo
(crítica: atenta contra o p. da economia processual e prejudica os atos jurídicos perfeitos).
 Sistema das fases processuais premissa de que o processo pode ser fracionado
em fases e que cada uma dessas fases deve ser regulada por uma única lei, seja a
velha, seja a nova.
 Sistema do isolamento dos atos processuais o processo é um conjunto de atos
encadeados sistematicamente tendo em vista uma finalidade comum, isso
significa que o conjunto de atos pode ser considerado uma unidade, mas não
significa que o processo seja indivisível. Quando a lei nova incide na pendência
do processo ela passa a valer daí em diante. Os atos já praticados sob a égide da
lei anterior são atos jurídicos perfeitos e não podem ser modificados; os novos
atos seguirão o que determina a lei nova.
 No silêncio da lei nova ( ou seja, quando a nova lei nada dispuser sobre os processos
pendentes) deve ser invocado o art. 2º do CPP: Art. 2o A lei processual penal
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior. ►utilização de uma norma do CPP para colmatar lacunas do
CPC.

52
 Possibilidade de exceções: o sistema de isolamento não está previsto
constitucionalmente, logo, qualquer lei pode não segui-lo, desde que não
seja inconstitucional. Ex.: art. 76 do CPC adotou o sistema da unidade processual.

Jurisdição

É uma das funções estatais soberanas. É uma atividade estatal, ou seja, conjunto de atos
realizados no desempenho da função estatal, daí falarmos em atividade jurisdicional
cognitiva e executiva.

Jurisdição como método de solução de controvérsias jurisdição é a função do Estado


mediante a qual este se impõe aos titulares dos interesses em conflito, substituindo sua
vontade, para, imparcialmente, buscar a pacificação com justiça.

Jurisdição e Processo o processo é o instrumento de exercício da jurisdição. A única


forma legítima de exercer a jurisdição é por meio do processo.

Jurisdição e Ação a ação é a força motriz que rompe a inércia permitindo que o
Estado-juiz passe a exercer a função jurisdicional.

Jurisdição e Defesa relacionam-se intimamente porque a oportunidade de defesa


constitui fator de legitimação da jurisdição. Sem defesa não há exercício legítimo da
jurisdição.

Características

1. Substitutividade: a jurisdição é uma atividade pública que visa a substituir uma


atividade privada. Essa característica está associada à vedação da autotutela como
regra.
2. Inércia: a jurisdição é inerte, ou seja, o Estado só desempenha a função
jurisdicional se houver provocação do interessado. Exceção: habeas corpus de ofício e
inventário.
3. Definitividade: significa a possibilidade de alguns atos jurisdicionais se tronarem
imutáveis. Obs.: atos legislativos e administrativos não gozam de definitividade.
 Como um pronunciamento decisório se torna definitivo? Com a formação da coisa
julgada. Como se forma a coisa julgada?
 Coisa julgada FORMAL: surge quando a decisão se torna
irrecorrível, ou seja, quando não cabe mais recurso contra a decisão
 hipóteses: ►decurso in albis do prazo recursal; ►esgotamento da
via recursal.
 Coisa julgada MATERIAL: é a impossibilidade de se voltar a discutir
em qualquer processo a pretensão deduzida pelo autor e decidida pelo
Estado-juiz. Quando surge? Dois requisitos cumulativos: ❶Coisa
julgada formal (só há coisa julgada material quando a decisão se torna
irrecorrível) + ❷Exame do mérito do processo: o juiz deve ter
examinado a pretensão do autor.

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A COISA JULGADA É UMA SÓ. QUANDO FALAMOS EM COISA JULGADA MATERIAL E FORMAL NÃO
ESTAMOS NOS REFERINDO A DUAS COISAS JULGADAS, MAS A DOIS ASPECTOS DA MESMA COISA.

PODE EXISTIR COISA JULGADA FORMAL SEM QUE EXISTA COISA JULGADA MATERIAL, MAS A
RECÍPROCA NÃO É VERDADEIRA.

Tipos de sentença

 Sentença Terminativa não examina o mérito do processo. Destina-se apenas a por


fim ao processo. Se o autor não recorrer da sentença terminativa haverá coisa
julgada formal.
 Se eu tenho coisa julgada formal a pretensão do autor pode ser
novamente deduzida em juízo, num outro processo pois o mérito do
processo não foi examinado.
 Sentença Definitiva/Mérito  o juiz examina a pretensão do autor.
 Se eu tenho coisa julgada material a pretensão não pode ser objeto do
exercício da jurisdição mais de uma vez (p. da segurança jurídica).

Consequências da coisa julgada material para:

 PARTES: não podem propor novamente uma ação que vise a


rediscutir a pretensão já examinada.
 ESTADO-JUIZ: se a parte ajuizar ação para rediscutir uma pretensão
já examinada, o juiz deverá proferir uma sentença terminativa.
 ESTADO-LAGISLADOR: é vedado ao legislador alterar por lei
posterior situação jurídica que a sentença criou para as partes.
TODOS OS ATOS JURISDICIONAIS GOZAM DE DEFINITIVIDADE? NÃO! GOZAM APENAS DE
DEFINITIVIDADE OS ATOS DECISÓRIOS QUE EXAMINAM O MÉRITO DO PROCESSO.

 Flexibilização da definitividade Ação de Revisão Criminal e Ação Rescisória

Presença de uma lide – característica da jurisdição? Corrente majoritária: o que é


necessário ao exercício da jurisdição é a pretensão e não a lide.

Princípios da Jurisdição

P. da Inércia, P. do Juiz Natural.

P. da Investidura somente pode exercer a função jurisdicional aquela pessoa que


tenha sido regularmente investida em um cargo que receba da lei a competência para o
exercício dessa função.

 Investidura em um cargo de competência jurisdicional


 Juiz de direito e juiz federal a investidura se dá mediante concurso de provas e
títulos.
 STF requisitos para investidura: idade, reputação ilibada e notório saber
jurídico. Como se dá a investidura? O Presidente da República escolhe um
nome, e depois comunica ao SF o nome. Em seguida o SF sabatina a nomeação,
aprovando ou não o nome do indicado. (11 Ministros)

54
 STJ requisitos para investidura: idade, reputação ilibada e notório saber
jurídico. Investidura: escolha pelo PR – aprovação da escolha pelo SF –
nomeação pelo PR. (33 ministros – nº mínimo). Obs.: o universo de escolha é
limitado: escolha é embasada numa lista tríplice enviada ao PR pelo STJ.
 Desembargador do TRF e do TJ formas de acesso à esses Tribunais:
¹promoção (feita com base no merecimento do juiz e com base na antiguidade ) e ²quinto
constitucional (CF/88, art. 94).

P. da aderência ao território impõe limitações territoriais ao exercício da jurisdição.

 Limitação no plano internacional: o Poder Judiciário brasileiro somente pode


exercer a jurisdição no território brasileiro (fundamento: ideia de soberania).
 Limitação no plano interno: ligada à ideia de eficiência – divisão do trabalho.
 Foro: espaço territorial dentro do qual um órgão jurisdicional está autorizado a
desempenhar sua função.

STF Território nacional


STJ Território nacional
TJ Território correspondente ao Estado-membro ao qual ele pertence
Vara Comarca
TRF Respectiva região (cinco regiões)
Vara (federal) Foro = seção judiciária - que corresponde ao território do Estado-membro, cuja sede será sempre a respectiva
capital.

 Cooperação entre órgãos jurisdicionais – carta precatória e carta rogatória.

P. da Indelegabilidade impede que o Poder Judiciário delegue o exercício da função


jurisdicional ao Poder Executivo ou ao Poder Legislativo ( fundamento: p. da separação dos
Poderes), bem como que um órgão do Poder Judiciário delegue o exercício da função
jurisdicional a outro órgão no próprio Poder Judiciário ( fundamento: p. da legalidade23 e p. do
juiz natural). Obs.: esse princípio comporta algumas exceções: CF/88, 102, I, “m” e CPC,
492.

P. da Inevitabilidade a autoridade do órgão jurisdicional se põe por si mesma, sendo


desnecessária a anuência das partes para que a jurisdição seja exercida. ►Não é
necessária a anuência do réu para que a jurisdição seja exercida ( como ocorria no direito
romano através da litiscontestatio); ►Não é necessária a anuência da parte derrotada para que
a norma jurídica individual seja efetivada.

P. da Indeclinabilidade impõe ao Poder Judiciário o dever de desempenhar a


jurisdição. – p. do acesso à justiça e proibição do non liquet (CPC, art. 126).

ATIVIDADE JURISDICIONAL – Espécies

23
Cada órgão possui um conjunto de atribuições denominadas competência. Quem define a competência
é a Constituição ou a legislação infralegal baseada na Constituição. Quem delega suas competências está
ferindo a própria Constituição (p. da legalidade).

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Cognitiva atividade jurisdicional consistente na elaboração da vontade concreta da
lei.

Executiva a jurisdição tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei. Atuar
é efetivar a vontade concreta da lei.

Cautelar não configura rigorosamente uma terceira espécie. Na verdade ela é um


misto de cognição e execução. Característica:

 Atividade acessória em relação a uma atividade principal (cognição/execução)


com a finalidade de proteger a atividade principal.

ATIVIDADE JURISDICIONAL – Classificação

Critério da matéria Baseia-se na espécie de norma jurídica que será aplicada para
solucionar a pretensão do autor, e de acordo com esse critério podemos dizer que há
duas Jurisdições: Penal e Civil.
 Jurisdição penal: norma penal ou processual penal
 Jurisdição civil: norma extrapenal – Processo Civil

JP e JC se relacionam e como consequência há o aproveitamento de atos – um mesmo


fato jurídico pode dar origem a um processo civil e a um processo penal. Quando isso
acontecer é possível que atos praticados em um processo sejam aproveitados em outro
processo (p. da economia processual).
HÁ ILÍCITOS CIVIS QUE NÃO SÃO PENAIS, MAS TODO ILÍCITO PENAL É UM ILÍCITO CIVIL.

Critério orgânico nos permite falar em dois tipos de jurisdição: Especial e


Comum.
 Jurisdição Especial: pode ser desempenhada pela justiça do trabalho, militar,
eleitoral.
 Jurisdição Comum: Justiça Comum Federal e Justiça Comum Estadual*
(*competência residual – tudo o que não for apreciado pela JCF e pela Justiça Especial).

Critério da hierarquia Jurisdição inferior e Jurisdição superior.


 Grau = Instância? Doutrina majoritária entende que sim. Gláucio e Alexandre
Freitas Câmara entendem que não (instância = posição do órgão dentro da estrutura do
poder judiciário; grau = conotação mais concreta, depende do processo para se indicar o grau ).
 A ideia de hierarquia aqui está ligada à ideia de competência de derrogação
(recurso). NÃO está vinculada à ideia de competência de mando, pois o
magistrado possui independência funcional.

Jurisdição Voluntária designa o conjunto de atividades desempenhadas pelo Poder


Judiciário, em virtude de imposição legal, na celebração de negócios ou atos jurídicos
entre particulares, a fim de assegurar-lhes a validade.

56
 Necessária quando a lei condicionar a validade de determinado negócio jurídico
à participação do juiz (escolha do legislador relacionada à segurança jurídica).
 A jurisdição voluntária corresponde ao mais alto grau de formalidade exigido
pela ordem jurídica.
 Juiz = fiscal: finalidade: juiz fiscalize o negócio ou ato jurídico.
 Exs.: ►contrato de compra e venda de bem imóvel de valor superior a 30
salários mínimos, sendo o vendedor um incapaz: necessária a jurisdição
voluntária para a proteção do incapaz; ► Emancipação de menor sujeito à
tutela.

Natureza Jurídica da jurisdição voluntária: Duas Correntes:

 Corrente Clássica/Tradicional/Administrativista: jurisdição voluntária seria


atividade administrativa desempenhada pelo Poder Judiciário. (majoritária)
 Corrente Revisionista/Jurisdicionalista: jurisdição voluntária é jurisdição.

COMPETÊNCIA

Designa os limites dentro dos quais um determinado órgão está autorizado a


desempenhar a função jurisdicional. Fundamento: p. da eficiência: divisão do trabalho.

Determinação da competência em abstrato: trabalho do legislador.

 Criação de órgãos jurisdicionais diferenciados


 Formação de conjuntos de causas
 Atribuição de conjuntos de causas a órgãos jurisdicionais determinados

Determinação da competência em concreto: trabalho do aplicador do direito –


determina para o caso específico concreto qual é o órgão jurisdicional competente.
Método utilizado pelo legislador brasileiro para desempenhar esse trabalho:

57
Justiça competente: NACIONAL
Competência ou ESTRANGEIRA?
Internacional (arts. 88 e 89 da CF)

Órgãos de Competência é do STF?


Competência é do STJ?
superposição

Justiça Especializada?
Justiça Justiça Comum:
Competente Federal? Estadual?

Competência
originária

Competência
de foro

1º: Competência internacional Justiça competente: Nacional ou estrangeira? – arts.


88 e 89 da CF/88.

2º: Órgãos de superposição Competência é do STF? (CF/88, art. 102, I). A


competência é do STJ? (CF/88, art. 105, I)

3º: Justiça Competente Justiça especializada? (Justiça do Trabalho – art. 114, Militar – art.
124 ou Eleitoral – art. 121?). Justiça Comum: Federal – art. 108 e 109? Estadual?

4º: Competência Originária Qual instância? A ação deverá ser ajuizada perante um
órgão de 1º instância, ou ela deverá ser ajuizada perante um órgão de instância superior?
REGRA: a competência originária cabe aos órgãos de 1º instância. EXCEÇÃO: as
ações sejam ajuizadas diretamente perante um órgão de 2º instância ( apenas quando haja
previsão expressa nesse sentido).

5º: Competência territorial – de foro Qual o foro competente? Onde deverá ser
ajuizada a ação? REGRA: domicílio do réu. Existem exceções.

 Foro = espaço do território nacional dentro do qual um órgão jurisdicional


exerce sua função.
 Comarca = Foro? NÃO! Foro é gênero e Comarca é espécie.
 Comarca = espaço do território nacional dentro do qual um órgão da Justiça
Comum Estadual de 1º instância exerce sua função.

6º: Competência de juízo Qual juízo competente? Justiça Comum de 1º instância:


¹existe uma Vara especializada? ²Se não houver Vara especializada na Comarca a causa
vai para a Vara Cível* (*competência residual). Se houver duas Varas Cíveis haverá a
distribuição feita por computador.

58
 Juízo = menor unidade de competência

7º: Competência Hierárquica Competência recursal ou derivada. Qual órgão


jurisdicional possui competência recursal? Verificar a qual órgão aquele Tribunal está
vinculado. REGRA: Juiz federal proferiu decisão: recurso para o TRF. Juiz estadual
proferiu decisão: recurso para o TJ. Existem exceções.

Ação

Ação é o direito subjetivo público, processual, constitucional, autônomo e abstrato, de


exigir do Estado o desempenho da função jurisdicional, a fim de que seja examinada
determinada pretensão de direito material.

*Direito subjetivo possibilidade de exigir-se, de maneira garantida, aquilo que as normas de direito
atribuem a alguém como próprio.

*Direito subjetivo público porque é um direito exercido contra o Estado.

*Direito processual a ação não se confunde com o direito subjetivo material que o autor diz possuir
(este é exercido contra o réu). O direito de ação é o direito de exigir o desempenho da função
jurisdicional. O direito subjetivo material é o direito de exigir determinado bem da vida.

*Direito autônoma a ação é autônoma em relação ao direito material, pois, pode-se exigi-la sem que
haja direito subjetivo material.

*Direito abstrato ação é o direito subjetivo de exigir uma manifestação jurisdicional sobre uma
pretensão de direito material, qualquer que seja o conteúdo dessa manifestação.

Ação como poder situação excepcional em que não existirá a possibilidade de


escolha. Nesses casos aplica-se o p. da obrigatoriedade: satisfeitos os requisitos
mínimos para propor uma ação, o legitimado não terá escolha: deverá propor a ação.
Exemplos: Ação penal pública incondicionada (o MP é obrigado a ajuizar essas ações ); Ação
civil pública.

CONDIÇÕES DA AÇÃO

São os requisitos de existência do direito de ação

Condições da ação e mérito o exame das condições da ação deve preceder o exame
do mérito. O juiz só vai analisar a pretensão do autor se presente os requisitos da
condições da ação.

Joeiramento prévio permite o juiz separar, desde o início, aqueles processos que não
são aptos a conduzir a uma sentença de mérito.

Condições da ação que se aplicam ao processo:

 Civil: Possibilidade Jurídica do Pedido; Interesse de Agir; Legitimidade.


 Penal: Possibilidade Jurídica do Pedido; Interesse de Agir; Legitimidade; Justa
Causa.

59
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO é a conformação do pedido à ordem
jurídica.

 Exame: devemos examinar a impossibilidade jurídica. Examinar se a ordem


jurídica veda expressamente o pedido.
 Ex.: de impossibilidade jurídica: Pedido de separação da Federação; Pedido de
condenação a pena de trabalho forçado.

INTERESSE DE AGIR (= interesse processual; = legítimo interesse). Utilidade do processo


para o autor. Exame da utilidade através do binômio necessidade/adequação:

 Necessidade: impossibilidade de um autor satisfazer seu direito subjetivo


material sem que haja a interferência do Estado-juiz. Quando haverá
necessidade?
 Quando o autor afirme em sua petição inicial que o réu se recusa a
satisfazer espontaneamente o direito do autor.
 Hipóteses das denominadas ações necessárias (aquelas que constituem o
único meio que a ordem jurídica coloca a disposição dos jurisdicionados para a
satisfação de um direito material)
 Adequação: relação de pertinência entre a situação lamentada pelo autor e a
medida jurisdicional solicitada concretamente.
 Ex.: de interesse de agir inadequado: anulação de casamento pelo
simples desejo de não continuar casado: não é possível! Esse desejo deve
ser pedido através do divórcio.

LEGITIMIDADE legitimatio ad causam: é a pertinência subjetiva da ação.


Examinar a legitimidade é verificar se quem é autor na ação deveria figurar como autor
diante dos fatos narrados, é verificar se quem é réu na ação, deveria figurar como réu
diante dos fatos narrados.

 Legitimidade ordinária: cabe às partes da relação jurídica material conflituosa.


 Legitimidade extraordinária: surge quando a lei autoriza uma pessoa a ingressar
em juízo em seu próprio nome para defender interesse alheio. *Nome próprio: o
legitimado extraordinário será parte, mas não defenderá um interesse seu, mas
de outra pessoa.
 Exemplos: Ação civil pública; Ação popular; Mandado de segurança
individual em proveito de terceiro; Ação de paternidade ajuizada pelo
MP; Ação penal privada* (*o ofendido defende interesse alheio: interesse do
Estado de punir, pois o jus puniendi pertence ao Estado).
 Só é admitida quando há previsão legal.
 Substituição processual: fenômeno que ocorre quando o legitimado
extraordinário exerce sua legitimação.
 Substituição (age em nome próprio na defesa de interesse alheio ) ≠
Representação (age em nome alheio na defesa de interesse alheio ): repercussão
prática = quem suporta o ônus da sucumbência: representação –
representado; substituição – substituto (legitimado extraordinário).

60
TEORIA DA ASSERÇÃO

Técnica criada para permitir o exame das condições da ação  a teoria da asserção
serve para que nós possamos, com base nela, verificar se uma condição da ação está
presente ou ausente.

 Essa teoria é útil para o exame de três condições da ação: legitimidade,


possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir.
 Essa teoria NÃO se aplica à justa causa.

Justa causa condição exclusiva do processo penal. Conceito: suporte probatório


mínimo que deve lastrear toda e qualquer acusação penal. Toda denúncia ou queixa
deve ser instruída por um mínimo de documentos que comprovem que possivelmente
houve crime e que possivelmente, o réu é autor daquele crime.

Carência de ação é a inexistência do direito de ação que ocorre quando ausente uma
das condições da ação. Consequências:

 REGRA: o juiz deve proferir uma sentença terminativa (art. 267, VI do CPC).

Condições da ação constituem matéria de ordem pública consequências:

 O juiz pode conhecer das condições da ação de ofício ( ou seja, o juiz não precisa
aguardar a provocação do réu para só então examinar as condições da ação );
 O Exame das condições da ação NÃO está sujeito à preclusão (as condições da ação
podem ser analisadas pelo juiz em qualquer instante do processo).

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO

Identificar uma ação é individualizá-la, isto é, é isolá-la e distingui-la das ações já


propostas e das que venham a ser propostas.

Elementos da ação e identificação da ação  PARTES, CAUSAS DE PEDIR E


PEDIDO (CPC, art. 301, §§1º a 3º).

 Relevância prática: litispendência, coisa julgada material, conexão.

Nome da ação e identificação da ação o nome da ação NÃO é relevante para a


identificação da demanda.

PARTES

Partes são as pessoas que participam do contraditório perante o Estado-juiz, podendo ter
sua esfera jurídica atingida pelo resultado do processo. ( Obs.: o juiz não é parte da relação
processual, ele é sujeito imparcial).

61
Partes¹ (elemento da ação) ≠ Parte legítima² (condição da ação)  ¹quem, efetivamente
figura como parte num processo ≠ ²aquele que figura como parte é realmente quem
deveria figurar como parte?

REGRA: um autor e um réu. EXCEÇÕES: *litisconsórcio – pluralidade de pessoas em um


dos polos da relação processual. *intervenção de terceiros.

CAUSA DE PEDIR

É o fundamento do pedido formulado pelo autor. Ex.: Ação de Despejo ajuizada em


decorrência de não pagamento do aluguel – causa de pedir = celebração do contrato de locação e
inadimplemento.

Amplitude da expressão: duas correntes

 CP = Fatos + Fundamentos Jurídicos fundamentos jurídicos constituem a


ponte que liga os fatos narrados à consequência jurídica pretendida.
 CP = Fatos  causa de pedir são só os fatos, é importante os fundamentos
jurídicos, mas não é necessário para integrar o conceito de causa de pedir24.

PEDIDO

É o núcleo da petição inicial. É o pedido que revela a pretensão do autor. Pedido =


pretensão = mérito = objeto do processo.

 Pedido imediato providência jurisdicional solicitada (sentença condenatória)


 Pedido mediato bem da vida pretendido (500.000 reais)

Direito Processual Civil I

a) Pressupostos Processuais

Configuração da Relação Jurídica Processual a RJP é uma relação tríplice cuja


formação é gradual, isto é, ela não nasce tríplice, ela nasce como uma relação jurídica
linear entre autor e juiz e, depois de iniciada a demanda e a citação ela se completa.

Os pressupostos processuais são requisitos de existência e de validade da relação


jurídica processual

Importância dos pressupostos processuais são requisitos para que o juiz possa
proferir uma sentença de mérito

24
Se fundamento jurídico fizesse parte da causa de pedir o mesmo problema poderia ser apresentado
diversas vezes, ou seja, jamais chegaríamos a uma decisão definitiva, pois, o mesmo problema seria
examinado sob vestes diferentes cada vez que fosse ajuizado causando insegurança jurídica.

62
Condições da Ação x Pressupostos Processuais  CA = consequência será a prolação
de uma sentença terminativa; PP = dependerá do pp inexistente: se sanável poderá haver
sentença de mérito, se insanável será prolatada uma sentença terminativa.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS OBJETIVOS

PPO EXTRÍNSECOS são extrínsecos os pp que são examinados fora da relação


jurídica processual. São pp objetivos porque não estão relacionados aos sujeitos do
processo mas sim a aspectos objetivos da relação jurídica processual. Esses pp em sua
maioria são negativos: significa que algo não pode existir e essa é uma condição para
que a relação processual se constitua e se desenvolva regularmente. Exemplos:

 Inexistência de coisa julgada material – a mesma pretensão só pode ser julgada uma vez.
 Inexistência de litispendência* - ação que já foi ajuizada antes, mas ainda, não houve a
prolação de uma sentença.
 Inexistência de perempção* - é a perda do direito de demandar decorrente da prévia
caracterização de três abandonos de causa, com prolação de três sentenças terminativas.
 Inexistência de convenção de arbitragem – pela convenção de arbitragem (que é negócio
jurídico unilateral) os litigantes submetem o conflito a uma convenção de arbitragem. Se o autor
pudesse ajuizar uma ação judicial ele estaria, unilateralmente, alterando o acordo que ele
celebrou com o réu. O juiz não pode conhecer desta questão de ofício.
 Inexistência de débitos relativos às despesas processuais e honorários da
sucumbência.

PPO INTRÍNSECOS examinados na própria relação jurídica processual;


relacionados ao processo que examina; relacionados à observância das formalidades que
devem ser verificadas pelos diversos atos processuais que integram o procedimento.
Obs.: os atos do procedimento são diversos e concretamente o procedimento pode ter uma variação no
seu desenho por isso cuidaremos de apenas alguns exemplos:

 Existência de demanda
 Requisitos da petição inicial
 Procuração (instrumento do contrato de mandato)
 Citação
 P. da causalidade o vício da citação (inexistência de citação ou existência de
citação inválida) contamina todo o processo e não apenas o ato inicial.
Segundo esse princípio, cada ato processual retira o seu fundamento de
validade de um ato anterior. Esse princípio determina que um vício
existente em um ato processual repercute sobre os atos subsequentes que
dele dependem. O vício de citação contamina a própria sentença, pois, a
citação inaugura o contraditório. A sentença contaminada pelo vício da
citação não se mostra legítima pois não houve contraditório.
 P. do prejuízo “não há nulidade sem prejuízo”. As formalidades não
possuem uma finalidade em si próprias de modo que se não houver
prejuízo para a defesa não será decretada a nulidade. Conclusão: apesar
de, em tese, o vício da citação poder ocasionar uma nulidade absoluta,
ele pode ser sanado. Ver CPC arts. 214, §1º e 249 §§1º e 2º.
63
 Vício transrecisório vício que não é sanado nem mesmo pelo decurso
do prazo de dois anos para o ajuizamento da Ação Rescisória.

Graduações da nulidade absoluta

Vícios menos graves Sanados pela preclusão


(à medida que o procedimento evolui – nulidade relativa)
Vícios mais graves Podem ser alegados a qualquer instante do procedimento
antes do trânsito em julgado (juiz pode conhecer de ofício)
Vícios mais graves As partes podem alegar após o trânsito em julgado

Vícios Transrecisórios Ex.: inexistência de citação ou existência de citação


inválida

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS SUBJETIVOS

PPS respeitantes ao juiz/juízo investidura, imparcialidade e competência.

Investidura somente pode exercer atividade jurisdicional aquela pessoa natural que
tenha sido regularmente investida em um cargo ao qual a lei tenha atribuído
competência jurisdicional.

 Vício na investidura = nulidade absoluta = vício transrecisório. Obs.: vício


detectado antes do ato: é possível corrigir o vício através da repetição de atos

Imparcialidade inexistência de suspeição ou impedimento.

 Suspeição vício que pode ser alegado a qualquer instante do procedimento.


CPC, arts. 135 e 305.
 Impedimento vício que pode ser alegado após o trânsito em julgado via Ação
Rescisória. CPC, arts. 134, 136 e 485, II.

Competência o juiz do caso deve ser o juiz competente. Regras de competência:

 Regras de competência ABSOLUTA: inspiradas no interesse público.


Inobservância: incompetência absoluta.
 Regras de competência RELATIVA: inspiradas no interesse de uma ou de
ambas as partes. Inobservância: incompetência relativa.

Incompetência Juiz pode conhecer de ofício ou


ABSOLUTA mediante provocação das partes Vício Transrecisório
a qualquer momento do
processo
Vícios que são sanados pela
Incompetência Somente pode ser reconhecida preclusão à medida que o
RELATIVA mediante provocação das partes procedimento avança

64
(prorrogação de competência)

PPS respeitantes às partes

Capacidade de ser parte capacidade para figurar em um dos polos da relação


processual

 Quem possui capacidade de ser parte?


 Pessoa natural/jurídica
 Nascituro – predomina o entendimento de que pode ser parte, pois, ainda que não
goze de personalidade jurídica seus direitos são protegidos pela ordem jurídica pátria.
 Morto – em caso de morte há a suspensão do processo para que os herdeiros ocupem a
posição do falecido.
 Entes despersonalizados – massa falida, espólio, herança vacante ou jacente,
condomínio, órgão.
 Incapacidade de ser parte ≠ ilegitimidade ad causam

Capacidade de ser parte Legitimidade ad causam

Pressuposto Processual Condição da Ação


Capacidade para ser autor ou réu Pertinência subjetiva da ação25
Independe da causa de pedir ou Examinada em função da causa de pedir ou
pedido26 pedido
(ou a pessoa tem ou não tem)

Capacidade de estar em juízo (= legitimidade ad processum; = capacidade processual)


capacidade de praticar validamente e por si os diversos atos processuais,
independentemente de representação ou assistência ( representação legal – supri a incapacidade
civil).

 Pessoas Naturais: capacidade de fato = capacidade de exercício ( arts. 3º e 4º do CC


– casos de incapacidade absoluta e relativa)
 Pessoas Jurídicas e Entes Despersonalizados: precisam ser representadas no
processo.

 Petição inicial: deve conter os documentos que comprovem a representação.

25
Está presente quando quem é autor é aquele que deveria figurar como autor e quem é réu, aquele que
deveria figurar como réu.
26
Há casos excepcionais em que a lei restringe a capacidade de ser parte em função do tipo de
procedimento a ser observado pelo processo. Ex.: o art. 8º da Lei 9099/95 determina que no procedimento
sumaríssimo não pode figurar como parte o preso.

65
Capacidade postulatória relaciona-se à regularidade da representação por um
advogado.

 Direito de Postular: direito de agir e falar em nome das partes no processo.


 Quem possui?
 Advogado
 Representante do MP atuando em nome do MP (Procuradores e Promotores de
Justiça)
 Juiz (quando ele apresenta uma defesa contra a alegação de impedimento e suspeição )
 Como a parte adquire capacidade postulatória? Quando ela constitui um
advogado através de uma procuração (outorga um mandato a seu advogado).
 Atribuição do ius postulandi diretamente à parte - situações que se amoldam ao
acesso à justiça:
 Quando na Comarca não existir advogado (CPC, art. 36)
 Quando os advogados foram impedidos de exercer a advocacia
 Quando o valor da causa for menor/igual a 20 salários mínimos
 Valor da causa menor/igual a 60 salários mínimos (âmbito da Justiça Federal)

Ausência de pressuposto processual subjetivo respeitante à parte

Ausência de capacidade de ser parte *morte: o juiz suspende o processo para que os
herdeiros se habilitem e sucedam o morto; *preso no processo que corre perante o
juizado especial: extingue-se o processo com a prolação de uma sentença terminativa.

Ausência de capacidade de estar em juízo

 Parte incapaz sem representante ou assistente


 Parte incapaz havendo irregularidade na representação ou assistência
 Pessoa jurídica ou ente despersonalizado havendo irregularidade na
representação
 Falta de autorização nos casos em que ela seja exigida por lei.

Ausência de capacidade postulatória

 Parte que litiga em causa própria em hipótese não autorizada


 Parte representada por quem não possua o ius postulandi

 Consequência da falta desses dois pressupostos poderá implicar em sentença


terminativa (art. 267, IV). Todavia, esse vícios são sanáveis – antes do juiz aplicar
uma sentença terminativa ele deverá dar a parte a oportunidade de sanar o vício ( art.
13 do CPC).

Partes: Autor e Réu

Autor aquele que pede por si ou por intermédio do representante a atuação da vontade
concreta da lei.

66
Réu aquele em face de quem se pede a atuação da vontade concreta da lei.

Parte é o sujeito de direito que participa do contraditório perante o Estado-juiz,


sujeitando-se a eventuais modificações em sua esfera jurídica em decorrência do
processo.

Capacidade processual da pessoa casada

REGRA: a pessoa casada possui capacidade processual plena – ela não precisa de
autorização do cônjuge para ser parte tampouco para participar dos atos do processo .

 RESTRIÇÃO à capacidade ativa da pessoa casada (CPC, art. 10) a pessoa casada
dependerá da anuência do cônjuge para ações que versem sobre direitos reais
imobiliários. Obs.: exceto no regime de separação absoluta (art. 1647, II do CPC).

Suprimento judicial da incapacidade (CPC, arts. 11 e 1648)  é possível que o juiz


dispense o consentimento do cônjuge nas seguintes hipóteses:

 Quando o cônjuge recusa-se, sem justo motivo, a dar o seu consentimento;


 Quando há uma impossibilidade de o cônjuge prestar o seu consentimento ( Ex.:
cônjuge em coma)

Integração da capacidade através da anuência do cônjuge de duas formas:

 Subscrição de uma declaração pelo cônjuge


 Quando o cônjuge também participa do processo – espécie de um consentimento
“tácito” – litisconsórcio ativo facultativo

Falta de consentimento não suprida pelo juiz invalidade do processo – o juiz marca
prazo para ser sanado o vício, se não for corrigido = prolação de sentença terminativa.

 RESTRIÇÃO à capacidade passiva da pessoa casada (CPC, art. 10, §1º) não basta o
consentimento do cônjuge é necessário que ambos os cônjuges participem no
processo no polo passivo.

Suprimento a incapacidade pelo litisconsórcio passivo necessário. Falta do


litisconsórcio: vício transrecisório.

Hipóteses § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações:

I - que versem sobre direitos reais imobiliários;

II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles;

III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair
sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados;

IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de
um ou de ambos os cônjuges.

 Incisos I e IV: litisconsórcio necessário.

67
 Incisos II e III: NÃO há verdadeiro litisconsórcio necessário nem verdadeira
incapacidade processual da pessoa casada – foram mal alocados pelo legislador. É
possível nesses casos o ajuizamento da ação em face de apenas um cônjuge, no
entanto, somente o patrimônio de um será atingido pela coisa julgada.

§ 2º: Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos
casos de composse ou de ato por ambos praticados.

Curador especial (curador à lide) é um representante* da parte (*não é parte no


processo), nomeado pelo juiz, com a finalidade específica de exercer a representação em
um processo determinado.

Curatela de interditos ≠ Curador especial

Hipóteses de nomeação do curador especial (CPC, art. 9º)

1. Incapaz em duas situações:


 Incapaz que ainda não possui representante;
 Conflito de interesses entre incapaz e seu representante ( Ex.: ação de inventário e
partilha sendo o de cujus o marido e partes a esposa e os filhos menores do casal)

Finalidade do curador: integração da incapacidade.

2. Réu revel, citado por edital ou com hora marcada

Finalidade do curador: assegurar ao réu revel o contraditório, a ampla defesa e a


igualdade.

3. Réu preso

Finalidade do curador: assegurar ao réu revel o contraditório, a ampla defesa e a


igualdade

*Obs.: Sempre que o réu estiver preso deverá ser dado a ele um curador especial? NÃO. Somente nos
casos em que da prisão do réu decorrer algum prejuízo para a sua defesa.

Necessidade de reação efetiva Contraditório = Informação + Possibilidade de


Reação. Todavia, o curador especial possui o dever de reagir C + I + Reação. Quando
o réu é citado nasce para o curador o ônus de impugnar os fatos alegados pelo autor.

Quem pode ser curador especial? Representante judicial de incapazes ou de ausentes


(mas a lei não foi regulamentada). Situação atual: a função do curador especial é uma função
da defensoria pública.

Obs.: MP NÃO pode ser curador especial. É vedado ao MP atuar como representantes
de pessoas naturais/jurídicas.

68
Ausência de nomeação do curador especial  desrespeito a um PPS respeitante às
partes (incapacidade processual) ou desrespeito a um PPO intrínseco ( observância das
formalidades exigidas num processo). Só há invalidação se houver prejuízo.

SUCESSÃO PROCESSUAL (substituição de partes)

Transformação da relação jurídica processual em virtude da qual uma pessoa, até


então estranha a essa relação, passa a ocupar a posição de uma das partes originárias.

*Todas as situações subjetivas de que era titular parte retirante são transferidas para o terceiro.

*Retirada e ingresso ocorrem simultaneamente (Ex.: João morre e seu filho ingressa na rjp ocupando sua
posição)

Sucessão na RJM é pressuposto para sucessão na RJP  sempre que nós cogitarmos
de sucessão na RJP é porque antes operou-se sucessão na RJM.

SOMENTE PODERÁ OCORRER SUCESSÃO NA RELAÇÃO JURÍDICA MATERIAL


SE, E SOMENTE SE, ANTES HOUVER OCORRIDO SUCESSÃO NA RJM.

Proibição da sucessão processual como regra  em regra a sucessão processual é


proibida – p. da perpetuação da legitimação.

EXCEÇÕES:

Sucessão causa mortis: art. 43 do CPC: sempre que uma pessoa falecer, sendo ela parte
num processo, haverá sucessão processual. Herdeiros – procedimento de habilitação.

 Ação intransmissível: se o direito disputado for intransmissível NÃO haverá


sucessão processual. O juiz proferirá uma sentença terminativa ( Exs.: Ação de Divórcio;
Ação por indenização por danos estéticos; Ação para assegurar nomeação em um concurso)

Transmissão do objeto litigioso inter vivos: se durante o processo o objeto litigioso é


alienado pela parte a um terceiro, haverá sucessão na RJM, mas não haverá sucessão na
RJP. Requisito para que ocorra a sucessão: consentimento do adversário.

 Ausência de consentimento: não haverá sucessão processual. Pode haver


substituição processual: pessoa pleiteia em nome próprio interesse alheio. O terceiro
também pode intervir no processo por meio de assistência.
 Ainda que terceiro não tenha intervindo no processo, quer como substituto quer
como assistente, ele será atingido. Isso porque ele comprou um bem litigioso, diante
que a alienação desse bem se torna ineficaz diante do processo.

Partes no Processo Civil (partes: litisconsórcio)

Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos em um dos polos da RJP.

Só é admitido quando a lei permita ou determine.

69
Classificação

 Ativo/Passivo/Misto (pluralidade de autores e de réus)


 Facultativo (a lei permite a formação do litisconsórcio) e Necessário (a lei determina a
formação do litisconsórcio)
 Inicial (=originário formado no momento da instauração do processo ) e Ulterior
(=superveniente formado posteriormente à instauração do processo)
 Unitário (decisão uniforme obrigatória para todos os litisconsortes ) e Simples (há a possibilidade
de que a decisão seja divergente para cada litisconsorte)

Litisconsórcio unitário RJM = relação incindível

Litisconsórcio simples/comum RJM = relação cindível

Litisconsórcio facultativo formação é permitida pela ordem jurídica – cabe ao autor a


faculdade de optar entre a pluralidade e a singularidade dos sujeitos nos polos da RJP.

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

I – Litisconsórcio por comunhão ocorre quando um mesmo direito/dever possui mais


de um titular. Exs.: obrigação solidária, condomínio, pessoa casada em ação que verse sobre direito
real imobiliário.

II e III27 – Litisconsórcio por conexão todos aqueles casos em que duas pessoas
pudessem isoladamente ajuizar sua própria ação, mas, se agindo desse modo, haveria
conexão entre suas ações, poderá ser formado o litisconsórcio. Ex.: acidente automobilístico
– pedido de indenização por A e B.

IV – Litisconsórcio por afinidade “Afinidade é uma conexão degradada” – tanto na conexão


quanto na afinidade há semelhanças quanto às demandas que envolvem os
litisconsortes, mas na afinidade, essas semelhanças são menores. Ex.: indenizações por
pílulas anticoncepcionais de farinha.

 Critério da convicção única: p. da economia processual: somente poderá ser


formado o litisconsórcio por afinidade se ao resolver o ponto comum de fato ou de
direito essa decisão aplicar-se não apenas a um mas a todos os litisconsortes.

Litisconsórcio multitudinário existência de um número excessivo de litisconsortes.

27
A hipótese do inciso II está prevista na hipótese do inciso III.

70
 Hipóteses de limitação – juiz pode promover a limitação de ofício ( decisão
interlocutória)
 Quando do número excessivo de litisconsortes decorrer prejuízo para a rápida
solução do processo.
 Quando este dificultar a defesa.
 Possibilidade de limitação RESTRITA ao litisconsórcio FACULTATIVO.

Litisconsórcio necessário formação imposta pela ordem jurídica cabendo ao autor o


ônus28 de promover a inserção da pluralidade de sujeitos nos polos da RJP. Hipóteses:

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença
dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.

Litisconsórcio necessário por disposição de lei

Litisconsórcio necessário pela natureza da ralação jurídica a necessariedade aqui não


precisa contar com um dispositivo específico, pois ela decorre da RJM. Aqui a RJM é
incindível.

 REGRA: litisconsórcio necessário = litisconsórcio unitário.

Exs.: Ação declaratória de nulidade ajuizada pelo MP em face de ambos os cônjuges; Ação
reivindicatória estando o imóvel registrado em nome de diversas pessoas.

Sempre a unitariedade implicará em necessariedade? NÃO!  Ação reivindicatória


ajuizada por diversos condôminos: litisconsórcio unitário facultativo.

Consequência da não formação do litisconsórcio necessário

 Identificação durante o processo juiz fixa prazo para o autor promover a


citação do litisconsorte. Se o autor se omitir o juiz proferirá uma sentença
terminativa.
 Identificação após o transito em julgado sentença será ineficaz.

REGRA EXCEÇÃO
L. unitário - L. simples -
necessário necessário
L. simples - L. unitário -
facultativo facultativo

Para Gláucio existe litisconsórcio necessário ATIVO. Mas a maioria da doutrina


entende que não existe!

Autonomia dos litisconsortes

28
Não há um dever porque o autor não pode ser obrigado a formar o litisconsórcio necessário. Temos o
ônus porque se o autor não formar o litisconsórcio, o processo será inválido.

71
 INDIVIDUALIDADE: cada litisconsorte em suas relações com a parte
adversária deve ser considerado litigante distinto dos demais.
 LIBERDADE: nenhum dos litisconsortes precisa de autorização dos demais
para praticar ou deixar de praticar qualquer ato no processo.
 CONHECIMENTO: de todos os atos praticados no processo cada litisconsorte
deve ser intimado individualmente.

Litisconsórcio simples autonomia plena entre os litisconsortes: cada litisconsorte


pode agir livremente sem prejudicar nem beneficiar os demais litisconsortes. Exceção:
art. 509 do CPC – interposição de um recurso por um dos litisconsortes beneficia os
demais.

Litisconsórcio unitário atos benéficos: beneficiarão todos os litisconsortes; atos


prejudiciais: não prejudicarão a ninguém, nem mesmo ao litisconsorte que os praticou.

Intervenção de terceiros

Sentido: excepcional; só é cabível nos casos autorizados por lei; figura heterogênea;
terceiro = não-parte; Terceiro com interesse jurídico – terceiro = parte em uma relação
jurídica material que sofrerá reflexos da sentença. Exceção: Fazenda Pública pode
intervir num processo sem que seja parte interessada.

Oposição: Sentido: duas ações, um processo e uma RJP; resultado da intervenção: C


coloca em litisconsórcio necessário e simples A e B  C x (A + B); Ampliação subjetiva
(A e B – A, B e C) e objetiva (ampliação do mérito; cumulação de ações – dois pedidos para serem
examinados) do processo; Classificação: total/parcial; interventiva¹/autônoma² ( momento:
¹oposição oferecida antes de começar a AIJ; ²intervenção depois de começar a AIJ )

Nomeação à autoria: Sentido: extromissão do réu; provocada pelo réu originário do


processo; Nomeante (réu originário); Nomeado (terceiro – parte - réu); Finalidade –
correntes: a) Tradicional (corrigir legitimidade passiva) e Crítica (revelar ao autor uma RJM que
para ele era imperceptível – obter resultado mais útil do processo ); Dever = objetivo da lei foi
defender o autor. Descumprimento do dever = sanção pecuniária/uso da força;
Fundamento: p. da economia processual e p. da lealdade processual. Características:
provocada/inserção; Hipóteses: 1) réu detentor da coisa alheia ( ação para reaver a coisa.
Interpretação extensiva - Detentor e possuidor indireto? Só se o objetivo do réu originário for retirar-se do
processo) 2) Réu preposto (ação de indenização); Regra da dupla anuência: autor e terceiro*
(*constitucional?) devem concordar com a nomeação à autoria.

Denunciação da lide: Sentido: ação regressiva/reembolso. Quem pode realizar? Autor e


réu. In silmuntaneos processos (uma só sentença resolve a pretensão originária e a pretensão vinda
ao processo). Depois da DL  polo ativo (autor); polo passivo (réu originário + denunciado);
Denunciação feita pelo: réu (espécie de intervenção de terceiros); autor (litisconsórcio
eventual/alternativo); Fundamento: p. da economia processual e segurança jurídica
(necessidade de eliminar o risco de decisões contraditórias ); Características: provocada/ação;
72
Prejudicialidade: desfavorável ao denunciante = exame da ação de regresso; favorável
ao denunciante = ação de regresso prejudicada ( interesse de agir/utilidade). Dois momentos
diversos: 1º: para julgar ação principal e 2º: para julgar a ação de regresso. OBS: a
sentença da ação de regresso pode ser favorável ou não! Hipóteses: ¹EVICÇÃO:
direito de reembolso resulta do direito material; ²POSSUIDOR DIRETO DA COISA
DEMANDADA: denunciação aqui tem duplo objetivo: pretensão de reembolso e
conceder ao possuidor indireto a possibilidade de vir ao processo proteger sua posse
indireta contra a pretensão do autor da ação. ³TITULAR DE PRTEENSÃO
REGRESSIVA: dever de reembolso é atribuído a terceiro ( responsabilidade da adm. pública
pelos danos provocados por seus agentes) – Interpretação: ampliativa? Restritiva? Correntes:
1º: restritiva: só se o dever de indenizar resultasse automaticamente da derrota do
denunciante - não pode trazer ao processo fatos novos, não se encaixa art. 37, §6º . 2º: ampliativa:
só se não representasse abuso de direito – intenção de procrastinar a produção de efeitos. DL é
obrigatória? Ônus/Dever/Faculdade?  1º: ônus nos três incisos; 2º: faculdade nos três
incisos; 3º: ônus para inciso I e faculdade para II e III ( consequências do descumprimento do
ônus: perda de todos os direitos ) 4º: ônus para inciso I e faculdade para II e III ( consequências
do descumprimento do ônus: perda parcial: mantém o direito de reaver o preço pago pelo bem – vedação
do enriquecimento ilícito). Espécies: ►sucessiva (hipótese de regresso sucessivo – denunciado
denuncia; É verdadeira DL? Correntes: 1º- não: a lei fala em ‘intimação’ – direito de regresso deve ter
processo próprio; 2º - sim. Imprecisão do legislador; mas só cabe DL sucessiva se não houver prejuízo
para economia processual); ►per saltum (DL – réu originário pode denunciar a lide a qualquer dos
antecessores na cadeia alienal: ou C, ou D, ou E );►coletiva (não tem previsão legal: pode denunciar
todos que pertencem à cadeia alienal: C + D + E).

Chamamento ao processo: Sentido: ação que envolve uma pretensão de cobrança;


Litisconsórcio ulterior. Somente o réu pode ser chamante; Obrigatoriedade? Regra:
Faculdade; Exceção: art. 70, II = Ônus: prejuízo: não pode invocar o benefício de
ordem* (somente poderá ser invocado se, e somente se, o fiador chamou o devedor ao processo durante
a cognição – P. do contraditório); Pressupostos: 1) o chamado deve ser, de acordo com a
relação jurídica material, devedor do autor chamado = devedor do autor; 2) O
chamante deve possuir, de acordo com a rjm, o direito de reembolso contra o chamado;
Hipóteses:

 Chamamento ao processo do devedor principal na ação em que o fiador for réu :


título executivo para o credor e eventualmente (só vai ser título executivo de fato para o
fiador quando ele pagar o débito) para o fiador chamante. Credor pode executar: ¹o
réu –fiador-chamante; ²a chamada; ³tanto o réu quanto a chamada. Fiador poderá
utilizar o mesmo processo para cobrar a dívida do devedor principal/afiançado.

 Chamamento ao processo dos outros fiadores quando apenas um for demandado :


situação em que o devedor principal indicou mais de um fiador – ação é ajuizada
em face apenas de um fiador, esse pode chamar ao processo os demais fiadores.
Obs.: é possível aplicação cumulativa dos incisos I e II do art. 77 . Sentença é título
executivo para o credor e para o fiador que pagar o débito* (* não necessariamente

73
precisa ser o fiador chamante; pode ser o fiador-chamado ).
Credor pode executar a
sentença em face: ¹do fiador-réu-chamante; ²fiador-chamado; ³ambos.

 Chamamento ao processo dos outros devedores solidários: devedor solidário


pode, ao ser citado, chamar ao processo os demais devedores solidários. A
sentença será um título executivo não apenas para o credor, mas para o devedor
que venha pagar a dívida. Devedor que paga a dívida = se sub-roga no direito do
credor – utiliza o mesmo processo para formar um título executivo em face dos
demais devedores solidários. CP  credor pode pedir que qualquer um dos
devedores solidários efetue o adimplemento da obrigação, ainda que ele tenha
ajuizado ação em face apenas de um deles. OBS.: hipótese do art. 77, II, prevista
no inciso III (ver art. 829 CC). Mitigação da faculdade do credor – escolha não é inteiramente
sua pq o devedor pode chamar os outros devedores ao processo (ver art. 275 CC). CP x DL
(art. 70, III)  ambos tratam de um direito de regresso; ≠: princípio da
especialidade (se a hipótese tiver relacionada aos incisos do art. 77 ele será
aplicado; nas demais hipóteses, aplica-se o art. 70, III)

Assistência: Sentido: interesse jurídico (quando houver probabilidade de o terceiro sofrer reflexos
da sentença em sua esfera jurídica – hipóteses: ¹terceiro =é parte na própria rjm; ²terceiro parte em uma
rjm que, embora não debatida no processo, sofra reflexos da sentença ).
Exemplos: ¹Terceiro parte
na própria rjm discutida no processo: autor recusa sucessão processual. ²Terceiro parte
em um rjm que, embora não debatida no processo, sofra reflexos da sentença.:
sublocação. ¹interesse jurídico mais intenso = assistência qualificada (litisconsorcial);
²interesse jurídico menos intenso = assistência simples (adesiva). Assistente qualificado
= litisconsorte (tem mais poderes); Assistente simples = simples auxiliar. Divergência: c.
minoritária: assistente qualificado = litisconsorte e assistente simples = litisconsorte. c.
majoritária: assistente qualificado deve ser tratado como litisconsórcio. Características:
Inserção e Espontânea* (regra)  Exceção: provocada: intervenção de terceiros no
processo cautelar para a produção de provas se dá pode meio da assistência. Poderes do
assistente:

 Assistência simples: REGRA: atuação do assistente está subordinada à atuação


do assistido. Reflexos da regra – autocomposição* ( *submissão do réu ao pedido do
autor) – o assistente simples não pode celebrar autocomposição em qualquer de
suas modalidades sem a participação do assistido que é o dominus lide (assistente
não pode renunciar a algo que não lhe pertence ). Obs.: a autocomposição pode decorrer
da vontade do assistido sem a participação do assistente? Sim. A
autocomposição celebrada pelo assistido vinculará o assistente. Mas... se da
autocomposição decorrer prejuízo para o assistente ele poderá pleitear,
eventualmente, indenização em processo próprio. Art. 53 CPC – interpretação
extensiva: outros atos de disposição de direitos existem além daqueles e esses
outros atos de disposição podem ser praticados pelo assistido sem que haja
autorização do assistente.

74
 Assistente qualificado (litisconsorcial): autocomposição – a manifestação d
vontade do assistido não vinculará o assistente (art. 54).

 Outras modalidades de intervenção de terceiros: 1) Fazenda Pública: art. 5º, Lei 9469/97; 2)
Ação de alimentos (não é chamamento ao processo): CC, art. 1698.
 Intervenção litisconsorcial voluntária: litisconsórcio facultativo ulterior simples; afinidade
de questão = pontos de direito em comum; terceiro se insere no processo em decorrência de
interesse próprio representando a si mesmo.
 Amicus curiae: atua em processos objetivos e alguns subjetivos; sujeito que poderá
apresentar razões de direito destinadas a subsidiar a decisão do estado-juiz acerca da
matéria de direito. Admitido desde 67; previsto na ADI e na ADC. NÃO É
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS; É INTERVENÇÃO ALTRUÍSTICA.

E/P A/I NJ
Oposição Espontânea Ação Faculdade
Nomeação à autoria Provocada Inserção Dever
(réu)
Denunciação da lide Provocada Ação *ônus
(autor/réu) *faculdade
*ônus no I e faculdade I e II (perda total)
*ônus no I e faculdade no I e II (perda
parcial)
Chamamento ao Provocada Ação/ *Regra: faculdade
processo (réu) Inserção* *Exceção: art. 70, I = ônus (benefício de
ordem)
Assistência Espontânea Inserção
Exceção:
processo
cautelar e
produção
antecipada de
provas =
provocada
Competência

Princípios afins: eficiência e divisão do trabalho e p. da legalidade.

PPS respeitante ao juízo  incompetência absoluta = vício que ultrapassa a coisa


julgada (CPC, 485, II)

Concretização da jurisdição  determinar qual o órgão competente – procedimento


lógico.

Metodologia no momento do ajuizamento da ação

75
Competencia Internacional?
1 Órgãos de superposição: STF? STJ?

Há Justiça Especializada?
2 Justiça Comum - Federal ou Estadual?

Competência de 1º instância ou originária?


3 pode ser um órgão de primeira ou segunda instância que julgará o caso em 1º grau

Foro/Comarca competente?
4 Juízo/Foro competente?

Determinação em abstrato da competência: legislador – edição de normas gerais e


abstratas que regulam a competência. Como?

 Criação de órgãos jurisdicionais diferenciados;


 Formação de conjunto de causas;
 Atribui determinados grupos de causas a determinados órgãos jurisdicionais.

Competência Internacional: normas de soberania – estabelecem os limites da


jurisdição brasileira.

 Competência concorrente/cumulativa competência da justiça estrangeira E


brasileira (CPC, art. 88).
 Nesse caso, a sentença pode ser executada aqui no Brasil. Competência para
homologação: STJ; competência para execução: Juiz Federal de 1º grau.
 Competência exclusiva só é competente a justiça brasileira (CPC, art. 89).
 Imóvel localizado no Brasil e inventário e partilha de bens situados no Brasil.
 Sentença estrangeira denegação de eficácia pelo STJ se alguém solicitar homologação.

Princípios norteadores da definição de competência internacional: P. da efetividade


(possiblidade de efetivar a sentença); P. da imunidade (ideia de soberania; atos de império e de
gestão* - não estão abrangidos pela imunidade. Obs.: a imunidade não pode ser reconhecida de ofício );
P. da proibição da denegação da justiça (se a justiça estrangeira recusar-se a analisar a causa, a
justiça brasileira deverá ajuizar a ação aqui).

Litispendência e coisa julgada: a pendência de processo no exterior não induz


litispendência no Brasil = ação pendente no exterior pode ser ajuizada aqui no Brasil.
Ação transitada em julgado no exterior pode ser ajuizada no Brasil? Se a ação de
homologação não foi ajuizada pode.

Competência Interna

Critérios orientadores: OBJETIVO, TERRITORIAL e FUNCIONAL.

 Critério Objetivo: baseado em elementos caracterizadores da pretensão:


 Valor da causa demanda – petição inicial
 Natureza da causa matéria que constitui o processo – mesmo no
âmbito da Justiça Comum é possível uma especialização dos juízos.

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 Critério Territorial: limites dentro dos quais o órgão jurisdicional pode
desempenhar suas funções.
 Competência territorial geral autor deve ajuizar a ação no
DOMICÍLIO DO RÉU. Fundamento: p. da isonomia e da ampla defesa
(advogado do réu tem 15 dias para elaborar a contestação).
 Réu com mais de um domicílio: qualquer dos foros é competente.
 Réu com domicílio incerto ou desconhecido = ação poderá ser
ajuizada onde o réu for encontrado ou no domicílio do autor ( p. do
acesso à justiça x p. da isonomia).
 Réu que não possui domicílio/residência no Brasil: se a
competência é da justiça brasileira = domicílio do autor é
competente. E se o autor também não possui domicílio/residência
no Brasil? Ação pode ser ajuizada em qualquer local.
 Pluralidade de réus com domicílios diversos: ação pode ser
ajuizada em qualquer dos foros.

 Competência territorial especial estabelece como foro competente um


foro diverso do foro geral

 Situação/localização da coisa

Ações fundadas em direito real sobre bem imóvel = devem ser ajuizadas no:

 Local onde estiver o imóvel – competência absoluta* (*Ações dominiais –


reivindicatória, usucapião; *Ações possessórias – reintegração, manutenção ).
 Foro do domicílio ou de eleição – competência relativa: somente quando NÃO
recair o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão
e demarcação de terras e denunciação de obra nova.

P. da economia processual e p. da verdade real.

 Qualidades da pessoa envolvida na lide

Art. 100, I: domicílio da mulher na ação de separação/divórcio – é constitucional? Deve


ser apreciado no caso concreto: se de fato a mulher tiver uma posição mais frágil, nós
aplicaremos essa regra.

Art. 100, II: domicílio/residência do alimentando na ação de alimentos – interpretação


extensiva (estende-se essa norma para os casos de ação exoneratória e ação revisional )

*OBS: Súmula nº1 STJ: se for ajuizada ação de investigação de paternidade cumulada
com uma ação de alimentos aplica-se a regra do art. 100, II. ► se for ajuizada ação de
investigação de paternidade sozinha aplica-se o art. 94 (regra geral = domicílio do réu)

77
Ações que versem sobre direitos indisponíveis do idoso = deverá ser ajuizada no
domicílio do idoso (competência territorial absoluta).

REGRA: normas de competência territorial são RELATIVAS;

EXCEÇÃO: algumas normas podem ter competência absoluta.

 Local dos fatos litigiosos

É competente o foro:

 Do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita (portável: domicílio do credor;


quesível: domicílio do devedor* – *se o contrato for omisso);
 Do lugar do ato ou fato para a ação de reparação do dano¹ e para ação em
que for réu administrador ou gestor de negócio alheio;
 ¹Ações de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de
veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do
fato. OBS*: o autor pode renunciar desse benefício e aplicar a regra do art. 94, pois
trata-se de regra de competência territorial relativa, que, em regra, é renunciável.

 Critério Funcional: repartição das atividades jurisdicionais entre os diversos


órgãos que devam atuar dentro de um mesmo processo. Competência funcional
= refere-se àquelas situações nas quais em um processo é necessária a
participação de um ou mais órgãos funcionais.

Classificação da competência funcional:

 Pelas fases do procedimento: numa mesma fase do procedimento mais


de um juiz pode ser competente;
 Pelo grau de jurisdição: nos casos de competência hierárquica fica
estipulados os juízos originários e recursais.
 Pelo objeto do juízo: podem haver dois julgamentos distintos, como é o
caso quando é suscitada questão de inconstitucionalidade no julgamento
dos Tribunais: a Câmara decide o recurso e o Pleno decide o incidente.

*Expedição de cartas precatória, rogatória, de ordem também se enquadram nesse


conceito.

A competência funcional é absoluta. – competência funcional é espécie da dicotomia competência


absoluta/relativa.

Modificação de Competência

Ampliação de competência de um órgão jurisdicional, tornando-o competente para


determinado processo que, a princípio, não se encontrava inserido dentro dos limites de
sua esfera de competência.

78
Competência absoluta Improrrogável – norma cogente – incidência
não pode ser afastada pela vontade das partes –
ditadas para atender o interesse público
Competência relativa Prorrogável – normas dispositivas – as partes
podem afastar a incidência dessas normas – ditadas
para atender o interesse particular.

Modificação Voluntária decorre da vontade de uma (renúncia a um benefício) ou de ambas


as partes (eleição de foro)

 Vontade de ambas as partes: eleição de foro;

Ex.: ação de despejo – regra territorial – competência relativa = pode ser modificada
pela vontade das partes;

Manifestação de vontade válida: deve ser bilateral e na forma escrita ( pode ser feita antes ou
depois da celebração do negócio)

Permite-se a eleição de foro e não a eleição de juízo.

 Competências que admitem eleição de foro: competências determinadas em


razão do valor da causa e a competência territorial (CPC, art. 111).
OBSERVAÇÕES:
1) Competência determinada em razão da matéria e da competência funcional
= não admitem eleição de foro – são absolutas.

2) Em regra a competência territorial é relativa, mas há três exceções, em que a


competência será territorial e absoluta:

 Art. 95 in fine do CPC = Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio
ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança,
servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
 Lei da Ação Civil Pública = Art. 2º: As ações previstas nesta Lei serão
propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
funcional = absoluta para processar e julgar a causa.
 Estatuto do Idoso = Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar
a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária
dos Tribunais Superiores.

3) Cláusula de eleição de foro no contrato de adesão = PODE, mas só será


válida se não apresentar um obstáculo no exercício de direitos do aderente.

 O juiz pode de ofício declarar a nulidade dessa cláusula e declarar-se


incompetente.

 Vontade de umas das partes: renúncia a um benefício

Manifestação unilateral de vontade.

79
 Benefício de foro concedido:
 RÉU: denúncia tácita = decorre da inércia do réu = quando ele não
apresenta em 15 dias a exceção de competência  ocorre prorrogação
automática da competência (se relativa)

Comp . Exceção de
Prorroga
RELATIVA Incompetência

Comp.
Contestação Prorroga
ABSOLUTA

 AUTOR: ocorre a renúncia com o ajuizamento da ação no foro mais


benéfico para o réu.

Prorrogação Incompetência:
Reconhecimento de ofício?
Competência Absoluta NÃO SIM
Competência Relativa SIM NÃO
Competência Mista¹ SIM SIM

Competência sujeita a regime a misto¹  caso do contrato de adesão. Ocorrerá a


prorrogação de incompetência se o réu for beneficiário da regra de competência e não
apresentar exceção de incompetência no prazo de 15 dias.

Modificação Legal tem como causa a própria lei

 Conexão
 Continência
 Quando ocorrer CONEXÃO entre duas causas

Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir (= fatos).

Obs.: grau de coincidência: pode ser parcial – analisar se o julgamento separado das
duas causas geraria decisões distintas.

 Quando ocorrer CONTINÊNCIA

Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

Ex.: ação por meio da qual o autor pleiteia a anulação de uma cláusula contatual.
Mais tarde, o autor ou réu ajuíza uma ação para anular todo o contrato.

OBS: TODO CASO DE CONTINÊNCIA É UM CASO DE CONEXÃO

Modificação decorrente da conexão/continência

80
Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas
simultaneamente.

Consequência da Conexão reunião das causas para julgamento em conjunto. Haverá


modificação de competência? Depende:

 Causas distribuídas para o MESMO juízo = NÃO.


 Causas distribuídas para juízos DIFERENTES = SIM.

Qual juízo será competente para as duas ações em decorrência da conexão?

Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência
territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e,
ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição 
regra especial em relação ao art. 106.

O juiz que Ex.: ações


Juízos com a ajuizadas na
mesma primeiro comarca de
competência despachar Viçosa uma na 1º
Vara e outra na 2º
territorial nos autos Vara

Juízos com Citação Ex.: Ações ajuizads


competência válida torna na Comarca de
Viçosa e na
territorial provento o Comarca de Ponte
diversa juiz Nova

Quais espécies de competência admitem prorrogação ou modificação legal?

 Competências relativas: em razão do território (embora existam exceções) e em


razão do valor – Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá
modificar-se pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes.
 Competências absolutas: funcional e material = não admitem modificação.
Súmula 235 do STJ - A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado. Ver ex. do caderno na pág. 69-70 IMPORTANTE!

Prevenção

Critério para exclusão de outros juízos igualmente competentes

Requisitos:

 Dois ou mais juízos igualmente competentes em abstrato


 Ocorrência de um fato jurídico antes do ajuizamento da ação ao qual a lei atribua
o efeito de excluir a competência de um desses juízos fazendo com que a
competência do outro sobressaia.

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Instituto com aplicação EXCEPCIONAL a regra é que a competência seja
determinada no momento do ajuizamento da ação. Na prevenção a regra é determinada
antes mesmo do ajuizamento da ação.

Fatos jurídicos previstos pela lei como ensejadores da prevenção:

1. Conexão (e continência) se duas causas são conexas elas devem ser reunidas para
julgamento. Juízos do mesmo foro: será prevento o que primeiro despachou; Juízos diversos – será
prevento o juízo que realizou primeiro a citação válida.

2. Litispendência realizada a citação em um processo, esse juízo estará prevento para essa ação,
isto é, se a mesma ação for ajuizada novamente, dando origem a um novo processo, o juiz do novo
processo deverá reconhecer sua incompetência.

3. Imóvel situado em mais de uma comarca o foro competente é o lugar onde se encontra
situado o imóvel. Se o imóvel estiver em mais de um foro, a competência será de qualquer um dos
foros. Aqui a data da citação é relevante.

4. Ações Acessórias ações acessórias seguem a principal. O foro da ação principal é prevento
para o ajuizamento da ação acessória. Ex.: Processo Cautelar (ação de sequestro por ex.) será sempre
um processo acessório. ATENÇÃO: Ação de produção antecipada de provas – é uma ação cautelar
preparatória. Aqui o principal seguirá o acessório – eu devo pensar: qual o foro competente para a
ação principal? A ação principal seguirá o juízo da ação acessória.

5. Ações incidentais são distribuídas por dependência. Exs.: reconvenção, ação declaratória
incidental, ações de garantia (denunciação à lide e oposição) e outras relacionadas à intervenção de
terceiros

6. Prevenção destinada a evitar distribuições múltiplas “distribuição borboleta” –


torna prevento o juiz da primeira distribuição.

Conflito de Competência

 Conflito POSITIVO ocorre quando dois ou mais juízos se declaram


competentes para um mesmo processo.
 Conflito NEGATIVO surge quando todos os juízes que se manifestaram em
determinado processo se considerem incompetentes para aquele processo.

NÃO pode existir conflito de competência entre juízo inferior e juízo superior.

NÃO há conflito de competência se uma das decisões já transitou em julgado.

 E se o juiz que julgou a ação que transitou em julgado era


incompetente? Se a competência era relativa: a competência dele
se prorrogou. Se a competência era absoluta, o meio adequado
para enfrentar a questão é por meio de ação rescisória.

OBS: o conflito de competência não dá origem a um novo processo – ele é mero


incidente processual – é um desdobramento do processo já existente.

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Legitimidade:

 Partes autor, réu e terceiro interveniente no processo. OBS: se a parte ofereceu


exceção de incompetência, ela não poderá alegar conflito de competência.
 MP tanto como parte quanto como custos legis. OBS.: se o MP não atuou em um
processo ele não poderá suscitar o incidente, mas, ele deverá intervir como fiscal da lei
no procedimento do incidente processual.
 Juiz do processo

Competência para julgamento do conflito de competência

 O conflito de competência será solucionado por um Tribunal


 Conflito que envolve dois juízos subordinados a um mesmo Tribunal: esse
Tribunal será o competente.

 VER EXEMPLOS NA P. 75

TRF
JC FEDERAL
JUIZ FEDERAL
JUSTIÇA COMUM
TJ
JC ESTADUAL
JUIZ DE DIREITO
STJ
TST - TRT - JUÍZES
DO TRABALHO
JUSTIÇA
STF TST
ESPECIALIZADA
TSE - TRE JUÍZES
ELEITORAIS
STM

TSE
S

Competência do STF para julgar conflitos de competência  sempre que estiver


envolvido um Tribunal Superior.

 Ex.: conflito entre STJ e STM = STF


 Ex.: conflito entre STJ e TRT = STF (TRT está subordinado ao TST)

Competência do STJ para julgamento de conflitos de competência  três hipóteses:

1. Conflitos que envolvam Tribunais que não sejam Tribunais Superiores

 Se tiver pelo menos um Tribunal Superior envolvido no conflito a competência


será do STF
 Ex.: TJMG x TRF; TJMG x TJRJ; TJMG x TJPA

2. Conflito de competência entre Tribunal e juízo a ele não vinculado

 Ex.: conflito entre TJMG e um Juízo da Sessão Judiciária de Minas Gerais.

3. Conflito de competência entre juízos subordinados a tribunais diversos


83
 Ex.: Juiz de direito (JC Estadual) x Juiz Federal (JC Federal)

ATENÇÃO:

TRT 3 x TRT 1 = TST (art.114, V da CF/88)


Juiz Federal x Juiz Estadual investido de função federal = TRF

Esquema do procedimento para se descobrir a competência em caso de conflito:

Um Tribunal Caso afirmativo, a


é superior ao competencia será do
outro? Tribunal superior

Os Tribunais Caso afirmativo a


são competencia será
superiores? do STF

Tribunais
A competência será
não são do STJ
Supeirores.

Processo e Procedimento

Espécies:

 Classificação TRADICIONAL:
 Processo de conhecimento/cognição/cognitivo atividade intelectual – juiz
sai dos fatos para chegar ao direito – estabelece uma norma jurídica para o caso
concreto – “processo de sentença”: atividade cognitiva para decidir a quem assiste
razão.
 Processo de execução atividade executiva – relacionada a uma obrigação de dar,
fazer ou não fazer – coação jurisdicional – satisfação coercitiva de uma obrigação – sai
do direito para chegar aos fatos. Pressupostos: inadimplemento de uma obrigação e um
título executivo (ex.: cheque é título executivo extrajudicial)
 Processo cautelar não é terceira espécie de processo. Atividade cognitiva +
Atividade executiva (sem que nenhuma delas prepondere). Objetivo: assegurar a justiça
(produção antecipada de provas) e utilidade (ação cautelar de sequestro). Característica:
Acessoriedade – processo cautelar é sempre acessório ao principal.

OBS: Critério utilizado na classificação: preponderância.

 Classificação MODERNA
 Processo de Conhecimento
 Processo de Execução
 Processo Cautelar

84
 Processo Sincrético/Unitário/Misto/Cognitivo-Executivo

Processo sincrético: duas fases: uma cognitiva e uma executiva em um mesmo


processo. Após o trânsito em julgado o autor pode requerer a execução (não é nova
demanda).

REGRA: Toda vez que o autor formular como pedido a condenação do réu ao
cumprimento de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer, a princípio, o processo será
sincrético.

Escolha do procedimento
(processo cognitivo e 1º etapa do processo sincrético)

Procedimento Procedimento
Especial Comum

Jurisdição
Sumário
Voluntária

Jurisdição
Ordinário
Contenciosa

Escolha pelo critério da exclusão:

Cabe Cabe jurisdição


procedimento voluntária? E
especial? contenciosa?

Cabe o
procedimento CPC, art.
sumário? 275

Procedimento
ordinário Aplicação residual

A disciplina do procedimento ordinário aplica-se subsidiariamente aos procedimentos


sumário e especiais.

Atividades e Fases desenvolvidas durante o procedimento ordinário:

Saneadora
Postulatória Instrutória Descisória
ou Ordinária

Procedimento Ordinário: fase probatória

85
Demanda ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação da atividade jurisdicional

 Importância no processo:
 Formação do processo: a demanda rompe com a inércia da jurisdição
dando início à relação processual.
 Fixação do objeto do processo: pela demanda que o autor faz seus
pedidos, formula sua pretensão, fornece ao juiz os contornos do
mérito do processo. P. da congruência entre pedido e sentença: o juiz
só tem que apreciar a pretensão pedida. P. do contraditório: o réu vai
se manifestar com base no pedido do autor.

Demanda e Petição Inicial a demanda se instrumentaliza por meio da petição inicial.

Forma da petição inicial REGRA: escrita; EXCEÇÕES:

 Juizados Especiais: ação deduzida oralmente, mas reduzida por


escrito (termo).
 Ações de alimentos: podem ser ajuizadas oralmente, mas serão
reduzidas a escrito, sem que seja, necessariamente, em forma de
petição.

Documentos indispensáveis ao ajuizamento da demanda variam conforme o tipo de


ação necessária. Exs.:

 Ação que verse sobre direito real imobiliário ajuizada por pessoa casada: documento que
declare a autorização do cônjuge.
 Ação ajuizada por pessoa jurídica: anexar à petição inicial o contrato social.
 Anexar à petição inicial o comprovante das despesas judiciais.

Procuração

Instrumento do contrato de MANDATO.

Por ela o cliente confere poderes ao advogado para que ele possa falar em seu nome.

Procuração e Pressuposto Processual: capacidade postulatória.

REGRA: em todo processo ao advogado deve apresentar procuração.

EXCEÇÃO:

 Dispensa de apresentação imediata. Ex.: para evitar prescrição ou decadência ou intervir


no processo para praticar atos reputados urgentes.
 Verdadeira dispensa de procuração: ações ajuizadas pelo MP, defensoria
pública ou ações ajuizadas em causa própria.

Poderes outorgados ao advogado:

 Procuração simples, limitada à constituição de advogado: confere ao advogado


todos os poderes para os quais a lei não exige especificamente um poder

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especial. “Clausula ad judicia” – o cliente confere ao advogado os poderes
gerais para a prática dos atos processuais.

OBS: defensor que vem a juízo sem a procuração: só detém os poderes gerais.

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