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DIREITO CIVIL

LINDB

Vigência

A existência somada à validade da lei não confere a ela a vigência. Aquelas resultam da
promulgação e publicação da norma, enquanto esta fica condicionada a um prazo para que lei
possa gerar efeitos (cogência).

Esse período de hibernação da norma é chamado vacacio legis, e, de acordo com a LINDB, se o
texto da lei não trouxer previsão acerca do prazo, este será de 45 dias.

Princípio da vigência sincrônica: a lei entrará em vigor, de uma vez só, em todo o território
nacional.

Modificações da lei:

1- Já em vigor: lei nova+ novo prazo de vacatio;


2- Ainda na vacatio: nova publicação do texto + novo prazo de vacatio.

Princípio da continuidade/permanência da norma: a lei continua em vigor até que seja


revogada por outra, total ou parcialmente.

Ab-rogação: revogação total

Derrogação: parcial

Expressa: quando a norma expressamente revoga a outra (é a regra de acordo com a Lei
complementar 95/98)

Tácita: Incompatibilidade do texto da nova lei com a lei vigente.

 Critério hierárquico: norma superior revoga inferior;


 Critério cronológico: norma mais nova revoga a mais antiga;
 Critério da especialidade: Norma específica revoga a geral
OBS: Se a lei nova que estabeleça regras gerais ou especiais, a par das já existentes,
sem incompatibilidade ou antinomia, não revoga nem modifica lei anterior.

ULTRATIVIDADE DA LEI: quando a norma já revogada ainda possui vigor.

 Normas circunstanciais: regram determinada circunstância durante determinado


período de tempo.
 Normas temportárias: tem vigência pré-programada; com data limite para terminar a
vigência.

Exemplo mais utilizado: Norma sucessória, sendo aplicável aquela vigente à época do óbito,
não do curso do inventário.

REPRISTINAÇÃO: fenômeno em que a norma revoga volta a ter vigência em razão da


revogação da lei que a revogou.
No ordenamento jurídico pátrio, acontece mediante previsão normativa expressa da norma
revogadora.

Repristinação oblíqua/indireta: ocorre em sede de Ação de Inconstitucionalidade, quando a


norma revogadora é declarada inconstitucional desde o seu nascedouro, voltando a viger a
norma revogada.

OBS: Apenas é possível se a decisão possui eficácia retroativa, não cabendo se for o caso de
modulação dos efeitos.

Princípio da obrigatoriedade da lei: ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando


desconhecê-la.

Essa regra não é absoluta, havendo situações específicas e isoladas em que o erro de direito é
tolerado. Ex: erro de direito que gera anulação do negócio jurídico.

INTEGRAÇÃO NORMATIVA

DA PESSOA NATURAL (PARTE GERAL, LIVRO I)

 Teoria natalista: adotada pelo art. 1º do CC, tendo em vista que se considera a
personalidade jurídica a partir do nascimento com vida;
 Teoria concecpcionista: protege os direitos do nascituro.

Pode-se afirmar, então, que o indivíduo que nasce com vida parte de uma expectativa de vida,
para um ser dotado de direito subjetivo (formado pelo indivíduo, pelo bem, e pela relação
jurídica).
Portanto, o natirmorto, em que pese não fazer jus à personalidade jurídica, será titular de
direitos da personalidade.

CAPACIDADE

TEORIA DAS INCAPACIDADES

O legislador quis proteger as pessoas que não têm o necessário discernimento para a prática
dos atos da vida civil. Para isso, foi criada a figura do “incapaz”.

Essa proteção manifesta-se basicamente:

1) Pela necessidade de representante ou assistente para os atos da vida civil:

Para que um incapaz possa praticar atos da vida civil, será importante a presença de
um representante para o absolutamente incapaz ou de um assistente para o
relativamente incapaz. O representante manifestará vontade própria na persecução
do interesse do absolutamente incapaz. Já o assistente manifestará a sua, coadjuvando
com a vontade do relativamente incapaz (vontade do assistente + vontade do
relativamente incapaz) na persecução de um único interesse. No caso dos menores, os
titulares do poder familiar (pais) irão assumir a condição de representante e
assistente. Na hipótese de ausência (ou morte, por exemplo) dos pais, os tutores
designados pelos juízes irão exercer o poder familiar. Já na hipótese de insanidade, o
curador, nomeado no bojo de um procedimento de interdição, assumirá o papel ou de
representante (se o incapaz não tiver discernimento) ou de assistente (no caso de
incapaz com discernimento reduzido), a depender do grau de insanidade.

2) Pela invalidade dos atos praticados pelo incapaz, sem a presença do representante ou
assistente.

Nulo: praticado pelo incapaz;

Anulável: praticado pelo relativamente capaz.

Os arts. 3º a 5º do CC fixam os critérios legais para a definição das hipóteses de incapacidade,


ou seja, as razões que justificariam que alguém viesse a ser considerado incapaz.
Pode-se resumir em dois critérios:

a) Fator etário (critério objetivo): são absolutamente incapazes os menores de 16 anos (art.
3º, caput, do CC), e, ainda, são relativamente incapazes os maiores de 16 e menores de 18
anos (art. 4º, I, do CC). São plenamente capazes os maiores de 18 anos (art. 5º, caput, do CC).
Vale recordar que, quando da concretização de direitos existenciais relativos ao menor,
sempre que possível a vontade deste deve ser levada em consideração, desde que demonstre
discernimento para tanto. Exemplos: adoção, guarda, cessão de direitos da imagem – o menor
deve ter sua vontade respeitada nesses casos, se tiver discernimento. Há alguns atos que
podem ser praticados pelo relativamente incapaz sem a necessidade de manifestação de
vontade do assistente. São atos personalíssimos, que podem ser praticados validamente, quais
sejam: ser testemunha (art. 228, I, do CC), ser mandatário (art. 666 do CC), fazer testamento
(art. 1.860 do CC).

b) Fator sanidade (critério subjetivo): esse fator se fazia fortemente presente nos arts. 3º, II e
III, e 4º, II a IV, do CC até ocorrer uma substancial mudança nesse regime com o advento do
Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Lei n. 13.146/2016. A nova norma alterou o sistema de
incapacidades do Código Civil, partindo da premissa de que uma pessoa deficiente não deve
ser considerada a princípio como um incapaz. Pela lógica do Estatuto, a deficiência física,
mental, intelectual ou sensorial não deve ser tida como causa de incapacidade, preservando-se
dessa maneira a autonomia do indivíduo portador de tais deficiências. Assim, foram eliminadas
do Código as hipóteses nas quais o deficiente mental era tido como incapaz.

Em resumo, hoje a pessoa portadora de deficiência poderá se enquadrar em três situações


relativas à sua capacidade:

■ Regra geral: será considerada plenamente capaz.

■ Primeira exceção: será submetida ao regime da curatela, sendo então relativamente


incapaz.

■ Segunda exceção: será submetida ao regime da tomada de decisão apoiada, preservando-se


assim sua plena capacidade.

O deficiente jamais será considerado absolutamente incapaz. Atualmente, a única hipótese de


absoluta incapacidade, nos termos do art. 3º do CC, é a do menor de 16 anos.

EMANCIPAÇÃO:

A emancipação é a aquisição antecipada da plena capacidade de fato, ou seja, o sujeito, antes


de completar a maioridade civil, acaba por alcançar a situação jurídica de plenamente capaz. O
emancipado continua sendo menor, e em razão disso permanece sob a proteção do Estatuto
da Criança e do Adolescente. Dessa maneira, o menor emancipado não poderá praticar atos
reservados por lei aos maiores de 18 anos, por exemplo, adoção, frequência a certos locais e
obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.

A emancipação foi disciplinada pelo Código Civil em seu art. 5º, parágrafo único, e
comportaria três espécies: (a) voluntária; (b) judicial; e (c) legal.

a) Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, do CC): apresenta os seguintes


requisitos:

■ O emancipando ser maior de 16 anos.

■ A vontade ser manifestada pelos pais, titulares do poder familiar. A manifestação será
realizada pelos dois em conjunto ou apenas de um deles na ausência do outro.

■ Manifestação devidamente realizada através de instrumento público.

■ O ato é extrajudicial, não havendo necessidade de homologação pelo juiz.

Importante recordar que não há previsão legal expressa para que haja o consentimento do
menor quando de sua emancipação voluntária. Porém, vários doutrinadores recomendam que
se colha o consentimento do menor a fim de preservar os interesses deste.

Há que se recordar que a emancipação voluntária é um ato não negocial, ou seja, os efeitos
são impostos pela lei (efeitos ex legis), não podendo ser estabelecidos pelas partes. A prática
do ato deflagra os efeitos previamente previstos pela lei.

A emancipação voluntária é irrevogável por ato de vontade dos pais, contudo esse ato de
emancipação, por ser um ato de vontade, poderá ser invalidado se estiver presente, por
exemplo, algum vício do consentimento. Por exemplo, menor que coage moralmente seus pais
a emancipá-lo.

Por fim, há que ter em conta que os pais respondem pelos atos do incapaz (art. 932, I, do CC).
A emancipação voluntária não exonerará os pais da responsabilidade civil pelos atos ilícitos
praticados pelos incapazes. Ou seja, a emancipação é ineficaz em relação à vítima do ato ilícito
praticado pelo menor. Isso evita a simulação e a fraude contra credores, sendo esse o
posicionamento da doutrina majoritária e do Superior Tribunal de Justiça, o STJ.

b) Emancipação judicial (art. 5º, parágrafo único, I, do CC): essa modalidade


emancipatória terá os seguintes requisitos:

■ O emancipando ser maior de 16 anos.

■ Sentença de emancipação (procedimento de jurisdição voluntária).

■ Presença de menores que estão sob o pálio da tutela. Os menores que são colocados sob
regime de tutela são aqueles cujos pais estão mortos, ausentes ou destituídos do poder
familiar (art. 1.728 do CC).

■ Oitiva do tutor.

c) Emancipação legal (art. 5º, parágrafo único, II a V, do CC): o Código Civil

prevê quatro hipóteses de emancipação legal:

■ A primeira delas é o casamento. A idade núbil, segundo o art. 1.517 do CC, se

dá aos 16 anos. Com a reforma promovida pela Lei n. 13.811/2019, alterando a

redação do art. 1.520 do CC, fica proibida qualquer forma de casamento aos
menores de 16 anos, ainda que se esteja diante de uma situação de gravidez.

Assim, é possível dizer que a emancipação pelo casamento, agora, ocorrerá

necessariamente a partir dos 16 anos.

O casamento emancipa por ser um dos negócios jurídicos mais formais, impondo

uma série de deveres aos cônjuges. Logo, o legislador entende que, se já há

maturidade para casar, há também maturidade para a prática dos demais atos da

vida civil.

Destaque-se que a separação, o divórcio ou a viuvez não farão o emancipado

retornar à condição de incapaz. Porém, se o casamento for invalidado por alguma

razão, os efeitos produzidos serão cassados, dentre eles a eventual emancipação

do menor. Para a lei só o casamento emancipa, não sendo prevista a hipótese de

emancipação no caso de constituição de uma união estável.

■ A segunda hipótese de emancipação legal ocorre com o exercício de emprego

público efetivo, conforme previsto no art. 5º, parágrafo único, III, do CC.

Registre-se que o Código Civil não foi técnico a ponto de excluir tal hipótese em

caso de cargo ou função pública, devendo a expressão “emprego público efetivo”

ser interpretada extensivamente.

■ A terceira hipótese refere-se à colação de grau em curso de ensino superior,

uma hipótese extremamente difícil na prática, já que o menor deveria se graduar

numa universidade antes dos 18 anos.

■ A última situação que conduziria à emancipação ex lege seria o

desenvolvimento de estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de

relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos

completos tenha economia própria. Essa hipótese de emancipação deve ser

avaliada pelo juiz diante de algum caso concreto, especialmente quando o

assistente discordar do ato praticado isoladamente pelo relativamente incapaz e

ingressar com ação anulatória. O juiz avaliará a posteriori se o menor, ao tempo

do ato, era ou não emancipado com base em tal hipótese.

Economia própria é um conceito jurídico indeterminado que serve ao juiz para

aplicar a regra, de acordo com o que demandar o caso concreto. Ou seja, o juiz dirá no

caso concreto o que é economia própria, fundamentando seu entendimento. É comum a


utilização de conceitos indeterminados pelo legislador civilista.

ESQUEMA DO PROCESSO DE AUSÊNCIA:

PRIMEIRA FASE – CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE

1 – O interessado (qualquer) ou MP entra com o procedimento;

2 – Será nomeado curador (preferência: cônjuge, desde que não separado judicialmente ou de
fato há mais de dois anos, ascendentes, descendentes – mais próximos-, curador dativo –
nomeado pelo juiz);

3 – O curador irá arrecadar e proteger os bens;

4 – Nomeado o curador, deverá ser publicado edital na internet, no sítio do tribunal vinculado
e edital do CNJ, por um ano;

5 – Se não houver sítio, anunciar-se-á, de dois em dois meses, no órgão oficial e na imprensa
da comarca.

6 – Essa curadoria durará 1 (UM) ANO, se nos trâmites acima elencados, ou 3 (TRÊS) ANOS, no
caso do ausente, antes do desaparecimento, deixar curador, e este aceitar o encargo.

SEGUNDA FASE - SUCESSÃO PROVISÓRIA

1 – Findo o prazo da curadoria, os interessados (cônjuge não separado judicialmente,


herdeiros, credores do ausente) poderão requerer a sucessão provisória.

2 – OBS: Acaso nenhum dos interessados acima faça o requerimento, o MP poderá fazê-lo;

3 – A decisão que converte a curadoria em sucessão provisória terá efeito 180 DIAS APÓS
PUBLICADA NA IMPRENSA OFICIAL;

4 – O pedido da sucessão precária dos bens dependerá de caução, exceto se o requerente for
herdeiro necessário (ascendente, descendente, cônjuge);

5 – NÃO PODEM OS BENS SEREM DISPOSTOS, exceto com autorização do juiz, ou para
desapropriação;

6 – Os herdeiros devem CAPITALIZAR o valor referente à metade dos frutos e rendimentos


recebidos dos bens, PRESTANDO CONTA ANUALMENTE AO JUÍZO;

7 – Os frutos não serão devidos se a ausência foi voluntária e injustificada;

8 – FINDO O PRAZO fixado no edital, os curadores requererão a sucessão provisória, em que o


requerente pedirá citação pessoal dos herdeiros e do curador e por edital, do ausente.

9 – Presentes os requisitos legais, poderá requerer a conversão da sucessão provisória para


definitiva;
TERCEIRA FASE- SUCESSÃO DEFINITIVA

1 – Inicia-se 10 ANOS APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE ABRIU A SUCESSÃO


PROVISÓRIA OU 5 ANOS DEPOIS DAS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO AUSENTE, SE ESTE TINHA 80
ANOS.

2 – Há transmissão dos bens em caráter definitivo, com restituição das cauções e frutos, bem
como admite os atos de disposição;

SE O AUSENTE VOLTAR:

NA 1ª FASE: Reassume a titularidade do patrimônio;

NA 2ª FASE: direito de reaver o patrimônio no estado em que deixou, no caso de depreciação,


levantar caução. Se houver possuidor de boa-fé, indenização. Terá direito aos frutos, salvo se
ausência injustificada e voluntária;

NA 3ª FASE: terá direito aos bens no estado em que se encontram, e se forem vendidos, terá
direito no que se sub-rogou (substituiu);

10 ANOS DA TERCEIRA FASE: não terá direito a nada.

COM A DECRETAÇÃO DA AUSÊNCIA: O CASAMENTO SE DISSOLVE, NÃO HAVENDO


RESTAURAÇÃO NO CASO DE RETORNO.

 Vide art. 745, CPC.

Justificação de óbito: ação judicial de morte presumida quando há extrema probabilidade da


morte de quem estava em perigo de vida, ou 2 anos após a guerra e o desaparecido não for
encontrado, sendo o seu desaparecimento causado por prisão ou campanha.

Neste caso, só poderá haver requerimento depois de esgotadas as buscas e averiguações,


devendo a sentença fixar a PROVÁVEL DATA DO FALECIMENTO.

COMORIÊNCIA:

Declaração de morte simultânea, em que não é possível precisar QUEM MORREU ANTES,
NUMA MESMA OCASIÃO. Aqui significa “ao mesmo tempo” e não no mesmo evento.

É presunção relativa e pode ser afastada no caso de prova de pré-comoriência.

Morada: temporária;

Residência: habitual;
Domicílio: habitual com animo definitivo.

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