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DIREITO CIVIL - Aula 01

PERSONALIDADE JURIDICA

Conceito: personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e


contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de
direito.

O sujeito de direito é a pessoa física ou natural ou a pessoa jurídica.

PESSOA FISICA OU NATURAL:

Em que momento a pessoa física ou natural adquire personalidade?

R: Aparentemente, a resposta está contida na primeira parte do art. 2° do CC que diz:


“a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida”. “Nascer com vida”
significa operar-se o funcionamento do aparelho cardiorespiratório do recém nascido,
independentemente da forma humana e de tempo mínimo de sobrevida, em respeito
ao principio da dignidade da pessoa humana.

Nascituro e teorias explicativas:

A segunda parte do art. 2°, ao se referir ao nascituro (aquele que ainda, embora
concebido, não nasceu), reconhece em seu favor direitos. Ora, se o nascituro é dotado
de direitos, não deveria ser também considerado uma pessoa? A doutrina diverge a
esse respeito, construindo duas teorias fundamentais.

1° Teoria natalista (Eduardo Espinola, Vicente Ráo, Silvio Rodrigues)

Sustenta que a personalidade só seria adquirida a partir do nascimento com vida, de


maneira que o nascituro não seria considerado pessoa, gozando de mera expectativa
de direito.

2° Teoria concepcionista (Teixeira de Freitas, Silmara Chinelato)

O nascituro seria considerado pessoa desde a concepção, inclusive para efeitos


patrimoniais.

Obs: Existe uma teoria intermediaria, referida por alguns autores como a professora
Maria Helena Diniz, denominada Teoria da personalidade formal ou condicional,
segundo a qual o nascituro teria formalmente personalidade para titularizar direitos
personalíssimos, mas, quanto aos direitos patrimoniais, estes só seriam consolidados
sob a condição de nascer com vida.
Qual foi a teoria adotada pelo CCB?

R: Na esteira do pensamento de Clovis Bevilaqua (comentários ao CC dos Estados


Unidos do Brasil, Editora Rio, 1975, pg 178), o legislador teria adotado a teoria
natalista “por ser mais pratica”, mas cedeu aos encantos da concepcionista em
números pontos do sistema que tratam o nascituro como pessoa.

Questões especiais de concurso público envolvendo o nascituro.

Alimentos: Firme jurisprudência do TJ/RS (agravo de instrumento n° 70006429096),


reforçada pela recente Lei de Alimentos Gravídicos (Lei n° 11.804-08) reconhece ao
nascituro o direito (patrimonial aos alimentos).

Jurisprudência própria do STJ (Resp. 931556/RS e Resp. 399028 /SP) tem admitido, sob
inegável influencia concepcionista, em nosso sentir, direito a indenização por dano
moral em favor do nascituro.

Existe proteção jurídica ao natimorto?

Segundo a doutrina, como podemos ver no enunciado n° 01 da primeira jornada de


direito civil, o natimorto teria, sim, proteção jurídica como o direito ao nome, a
imagem e a memória.

CAPACIDADE

Capacidade de Direito: é a que toda pessoa tem, é uma capacidade genérica para
titularizar direitos e obrigações em geral na orbita jurídica.

Capacidade de Fato/de exercício: nem toda a pessoa tem. Trata-se da aptidão para
pessoalmente praticar atos da vida civil. Ausente essa capacidade, haverá
INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA OU RELATIVA.

*Quando uma pessoa tem as duas capacidades, a de direito e a de fato, a pessoa tem
capacidade civil plena.

Obs: Qual é a diferença entre capacidade e legitimidade?

Legitimidade traduz, no dizer de Calmões de Passos, pertinência subjetiva para a


pratica de determinado ato, ou seja, mesmo capaz, uma pessoa pode estar impedida
de praticar determinado ato. Neste caso, falta-lhe legitimidade (ex: é o caso de dois
irmãos, de sexo diferente, que, mesmo capazes não podem casar entre si).
*A incapacidade absoluta esta prevista no artigo 3° do CC. São representados. I -
Menor de 16 anos – menores impúberes. II - Os que por enfermidade ou deficiência
mental, não tenham o necessário discernimento para a prática desses atos. Vale
observar, analisando o inciso II, do artigo 3°, que a incapacidade por enfermidade ou
deficiência mental deve ser apurada mediante procedimento de interdição, nos
termos do artigo 1.177 e seguintes do CPC. III – as pessoas q ainda por causa
transitória não podem exprimir sua vontade (ex.: pessoa que sofre um acidente e fica
em coma; pessoa que recebeu boa noite cinderela).

Obs.: É forte a doutrina no Brasil, em direito civil, no sentido de reconhecer a


invalidade do ato praticado pela pessoa já interditada mesmo em momento de lucidez.

O ato praticado pelo portador de enfermidade ou deficiência mental grave (portanto


absolutamente incapaz), ainda não interditado, teria validade jurídica?

O CCB, diferentemente do que dispõe o artigo 503 do CC da França, é omisso a esse


respeito. A nossa doutrina, todavia, seguindo a linha italiana e francesa, como
podemos ver na Obra de Orlando Gomes, sustenta que o ato praticado pelo portador
de enfermidade ainda não interditado poderá ser invalidado se ficarem demonstrados:
primeiro a incapacidade anterior, segundo o prejuízo ao incapaz, terceiro a má-fé da
outra parte (vale lembrar que esta má-fé derivar da circunstancia do negocio).

Obs.: A Teoria da Actio Libera in Causa (teoria da ação livre na causa), segundo
pensamento de Alvino Lima, em sua clássica obra Culpa e Risco, também pode ser
invocada em direito civil para impedir a isenção de responsabilidade daquele que
VOLUNTARIAMENTE SE COLOCOU EM ESTADO DE INCAPACIDADE.

Obs.: O surdo-mudo sem habilidade especial para manifestar vontade pode ser
considerado absolutamente incapaz nos termos do próprio inciso III, do artigo 3°, uma
vez que se trata de uma causa permanente impeditiva de manifestação de vontade. Se
uma causa transitória pode gerar incapacidade absoluta, quanto mais a permanente...
Finalmente, o ausente é tratado como morto por presunção nos termos do artigo 6° do
CCB.

*A incapacidade relativa esta prevista no artigo 4° do CC. São assistidos. Menores


púberes. I- Maiores de 16 anos e menores de 18. II- Ébrios, viciados em tóxicos, e os
que, por deficiência mental, reduzem o discernimento. III – Os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo. IV – Os pródigos (tem desvio de comportamento
gravíssimo), vale lembrar que prodigo é aquele que gasta imoderadamente seu
patrimônio, podendo reduzir-se a miséria. Trata-se de pessoa relativamente incapaz a
quem o juiz, no bojo de procedimento de interdição, nomeara curador para assisti-lo
na pratica de atos de disposição ou repercussão patrimonial (artigo 1.782 do CC).
Obs.: O curador do pródigo não pode impedir o seu casamento sob fundamento de
ordem pessoal, mas deverá se manifestar quanto ao regime de bens adotado. Quanto
a capacidade dos índios o artigo 8° do Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) considera, regra
geral, nulo de pleno direito o ato praticado pelo índio não representado, ressalvada a
hipótese de revelar consciência e conhecimento do ato praticado.

Obs.: Ver questão especial referente ao tema Restitutio in Integrum.

EFEITOS DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL NOS AMBITOS DO DIREITO


PREVIDENCIARIO E NO DIREITO DE FAMÍLIA

*Sobre o prisma previdenciário, o próprio governo federal publicou a Nota SAJ n°


42/03 – JMF no sentido de manter pagamento de benefícios previdenciários até o
limite de idade da norma previdenciária especial, e não do CCB (Ver também
enunciado n° 3).

*O STJ já pacificou entendimento segundo o qual a maioridade civil não implica


cancelamento automático da pensão alimentícia. Vale dizer, para que aja o
cancelamento da pensão não basta o credor ter chegado aos 18 anos, é preciso que o
devedor justifique o seu pedido, respeitado o contraditório (HC 55606/SP e Súm. 358
DO STJ).

Em mais de uma oportunidade o STJ negou ao MP legitimidade para recorrer de


decisão exoneratória de alimentos (Resp. 982410/DF).

CLAUS ROXIN. www.cienciaspenales.net

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