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INTENSIVO I

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 02

ROTEIRO DE AULA

Parte Geral do Código Civil de 2002

A Parte Geral do CC/2002 é estruturada da seguinte forma:


✓ Pessoas naturais e pessoas jurídicas
✓ Bens
✓ Teoria geral do negócio jurídico
✓ Prescrição e decadência
✓ Provas (não serão analisadas neste curso, mas sim em Direito Processual Civil)

1. Pessoa Natural

1.1. Conceitos iniciais

Nas provas de Direito Civil, não se deve utilizar a expressão “pessoa física”. Deve-se utilizar “pessoa natural” ou “pessoa
humana”. Também não é adequado utilizar o termo “homem”.
O Código Civil, em seu art. 1º1, dispõe que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Assim, a capacidade
mencionada neste artigo é a capacidade de direito ou de gozo, a qual todas as pessoas têm, sem distinção. Trata-se da
capacidade para ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.

É necessário ter atenção porque a palavra “gozo” pode dar a entender que é a capacidade para exercer um direito, mas,
na verdade, é a capacidade de usufruir do direito.
Assim, se é pessoa humana, automaticamente, tem capacidade de direito ou de gozo.

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Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

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Há ainda a capacidade de fato ou de exercício, que é aquela para exercer direitos. Algumas pessoas não têm essa
capacidade, sendo elas os incapazes dos artigos 3º e 4º 2do CC.
Lembrando que os artigos 3º e 4º, CC, foram alterados recentemente pelo Estatuto das Pessoas com Deficiência.
O professor Flávio Tartuce apresenta a seguinte fórmula:

Capacidade de direito/gozo (para ser sujeito de direitos e deveres)


+
Capacidade de fato/exercício (para exercer os direitos na órbita civil)
=
Capacidade civil plena

1.1.1. Conceitos correlatos à capacidade

a) Legitimação
É uma capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico. Um exemplo de legitimação é a outorga conjugal,
que pode ser de dois tipos:
I – Uxória: da esposa;
II – Marital: do marido.
Essa outorga conjugal é exigida para alguns atos que estão no art. 1647, CC3.
Geralmente, o desrespeito à legitimação acarreta uma sanção. Assim, se não houver suprimento judicial, o art. 1.649,
CC4, prevê que a falta de outorga gera a anulabilidade do ato praticado. Ressaltando que a anulabilidade é também
chamada de nulidade relativa.

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CC, art. 3o “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis)
anos.
CC, art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores
de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos.”
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CC, art. 1.647. “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca
desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos
que possam integrar futura meação. (...)”
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CC, art. 1.649. “A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato
praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.”

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Atenção: o ato praticado sem outorga era nulo apenas no Código Civil de 1916. No Código Civil de 2002, o ato é anulável
e, conforme preceituado no art. 1.649, CC, o prazo para pleitear a anulação é de dois anos (decadencial), contados do
término da sociedade conjugal.

b) Legitimidade
É a capacidade processual, ou seja, capacidade específica para o processo (art. 17, CPC5/2015 que equivale ao art. 3º do
CPC/1973).
Observação: a própria lei utiliza as expressões legitimação e legitimidade como sinônimas, mas há distinção entre elas.
Ex: No art. 12, parágrafo único6, CC, o legislador usou o termo “legitimação”, quando o correto seria “legitimidade”.

c) Personalidade
Personalidade é a soma de caracteres ou aptidões da pessoa, aquilo que a pessoa é para si e para a sociedade. Este
conceito é do autor italiano Adriano de Cupis.
Como diferenciar capacidade de personalidade?
✓ Capacidade é a medida da personalidade (quantum). Assim, ela é apenas um dos aspectos da personalidade.
✓ Personalidade é a essência da personalidade (quid).

Sobre o início da personalidade, tem-se o art. 2º, CC, o qual é bastante polêmico e diz que “a personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”
Lembrando que nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu.
O professor, ao analisar o art. 2º, CC7, afirma que é equivocado dizer que tal dispositivo adotou a teoria natalista, pois
ela se encontra apenas no início do artigo. Prevalece na doutrina que o CC adotou a teoria concepcionista.
A respeito da situação jurídica do nascituro, há três correntes doutrinárias:
✓ Teoria natalista: para tal teoria, o nascituro não é pessoa humana, pois a personalidade começa do nascimento
com vida. Os autores Silvio Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira e Santiago Dantas, todos civilistas clássicos já
falecidos, defendiam esta teoria.
✓ Teoria da personalidade condicional: na opinião do professor Flávio Tartuce, essa teoria equivale à natalista. O
nascituro é considerado pessoa se nascer com vida. Os defensores dessa teoria são Washington de Barros
Monteiro, Serpa Lopes e Arnaldo Rizzardo.
✓ Teoria concepcionista: o nascituro é pessoa humana, tendo direitos da personalidade desde a concepção. Essa
teoria é defendida pela professora Silmara Chinellato, Francisco Amaral, Maria Helena Diniz, Álvaro Villaça,
Giselda Hinoraka, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald.

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CPC, art. 17. “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.”
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CC, art. 12 “(...). Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
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CC, art. 2º. “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro.”

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Assim, a teoria concepcionista prevalece na visão contemporânea. Inclusive, o Enunciado 18, aprovado na I
Jornada de Direito Civil, também adotou esta teoria.
A proteção que o CC deferiu ao nascituro alcança também o natimorto.
Há um argumento de que o STF, ao julgar o caso de aborto de feto anencéfalo e ao julgar a possibilidade de utilização de
célula-tronco embrionária, valeu-se da teoria natalista. O professor afirma que isso não é verdadeiro, pois essa foi a
posição adotada pelo relator do caso e não pelo STF.
A teoria concepcionista tem prevalecido na atual composição do STJ.
Entende o STJ que cabe dano moral pela morte do pai do nascituro ocorrida antes de seu nascimento (REsp 399.028/SP)
EMENTA. “DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23
ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES
DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA.
POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização
por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é
fato a ser considerado na fixação do quantum. II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do
pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III - Recomenda-se
que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e
evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional
(STJ - REsp: 399028 SP 2001/0147319-0, Relator: Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data de Julgamento:
26/02/2002, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 15.04.2002 p. 232 RSTJ vol. 161 p. 395 RT vol. 803 p. 193)

Mais recentemente, há o AgRg no AgRg no AREsp 150297 – DF:

“AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS.
NASCITURO. PERDA DO PAI. 1.- Não há falar em omissão, contradição ou obscuridade no acórdão recorrido, que
apreciou todas as questões que lhe foram submetidas de forma fundamentada, ainda que de modo contrário aos
interesses da Recorrente. 2.- "O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a
circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum" (REsp 399.028/SP, Rel. Min.
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ 15.4.2002). 3.- "A jurisprudência desta Corte é disposta no sentido de que o
benefício previdenciário é diverso e independente da indenização por danos materiais ou morais, porquanto, ambos
têm origens distintas. Este, pelo direito comum; aquele, assegurado pela Previdência; A indenização por ato ilícito é
autônoma em relação a qualquer benefício previdenciário que a vítima receba"(AgRg no AgRg no REsp 1.292.983/AL,
Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 7.3.2012). 4.- "Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a
constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da
situação financeira do demandado" (Súmula 313/STJ). 5.- "A apreciação do quantitativo em que autor e réu saíram
vencidos na demanda, bem como a verificação da existência de sucumbência mínima ou recíproca, encontram

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I Jornada de Direito Civil - Enunciado 1 – “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que
concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.”

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inequívoco óbice na Súmula 7/STJ, por revolver matéria eminentemente fática" (AgRg nos EDcl no REsp 757.825/RS,
Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJe 2.4.2009). 6.- O recurso não trouxe nenhum argumento capaz de modificar a
conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 7.- Agravo Regimental improvido.”

(STJ - AgRg no AgRg no AREsp: 150297 DF 2012/0041902-2, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento:
19/02/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/05/2013).

Um caso recente, julgado pela atual composição do STJ, é o de Rafinha Bastos x Wanessa Camargo e filho (REsp.
1.487.089/SP). Neste caso, foi fixada uma indenização em benefício da Wanessa Camargo e uma indenização em
benefício de seu filho. Na opinião do professor, é um julgado que adota a teoria concepcionista.

“RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COMENTÁRIO REALIZADO POR APRESENTADOR
DE PROGRAMA TELEVISIVO, EM RAZÃO DE ENTREVISTA CONCEDIDA POR CANTORA EM MOMENTO ANTECEDENTE -
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE AFIRMARAM A OCORRÊNCIA DE ATO ILÍCITO ANTE A AGRESSIVIDADE DAS PALAVRAS
UTILIZADAS E, COM FUNDAMENTO NO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DETERMINARAM A
RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO RÉU PELOS DANOS MORAIS SUPORTADOS PELOS AUTORES, APLICANDO VERBA
INDENIZATÓRIA NO MONTANTE DE R$ 150.000,00 (CENTO E CINQUENTA MIL REAIS). IRRESIGNAÇÃO DO RÉU. Hipótese:
A controvérsia cinge-se a aferir a existência ou não de dano moral indenizável em razão do conteúdo de frase
pronunciada em programa humorístico veiculado na televisão aberta. 1. Revela-se inviável o pleito de concessão de
efeito suspensivo ao recurso especial, ante a inadequação da via eleita, pois, nos termos da jurisprudência desta Corte,
tal pedido deve ser formulado de forma apartada, ou seja, mediante ação cautelar (artigo 288 do RISTJ), não se
admitindo sua inserção nas razões do apelo extremo. Precedentes. 2. Quanto à apontada violação do art. 535, inciso II,
do CPC, aplicável à hipótese o óbice da súmula 284/STF, porquanto das razões recursais não é possível extrair qual o
objeto de irresignação do recorrente, uma vez que apenas alegou, genericamente, a ocorrência de omissão no julgado
quanto aos dispositivos apontados, sem especificação das teses que supostamente deveriam ter sido analisadas pelo
acórdão recorrido. 3. Inaplicável, ao caso, o óbice sumular nº 7/STJ, porquanto incontroverso o teor do comentário
tecido pelo recorrente e, estando a controvérsia afeta exclusivamente à ponderação/valoração jurídica acerca da
potencialidade ofensiva dos fatos tidos como certos e inquestionáveis, expressamente delineados pelas instâncias
ordinárias, descabida a incidência do referido enunciado sumular. Precedentes. 4. Quanto à tese de responsabilização
civil do réu pelo comentário tecido, aplicável o óbice da súmula 320 desta Corte Superior, pois o fato de o voto vencido
ter apreciado a questão à luz dos dispositivos legais apontados como violados não é suficiente para satisfazer o requisito
do prequestionamento. Precedentes do STJ. 5. Apesar de em dados e específicos momentos ter o Tribunal a quo,
implicitamente se referido a questões existentes no ordenamento legal infraconstitucional, é certa a índole
eminentemente constitucional dos fundamentos adotados pelo acórdão recorrido, não tendo o recorrente interposto o
regular recurso extraordinário, a atrair o óbice da súmula 126 desta Corte Superior. Precedentes. 6. No que tange ao
pedido subsidiário de redução do quantum indenizatório fixado pela Corte local em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)
para cada um dos autores, totalizando a quantia de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), ponto sobre o qual,
implicitamente, houve o prequestionamento de dispositivo de lei federal, haja vista que nos termos do artigo 944 do
Código Civil "a indenização mede-se pela extensão do dano" - não merece acolhida a irresignação ante a aplicação do
óbice da súmula 7/STJ. O Tribunal local analisou detidamente a conduta do ofensor, as consequências do seu

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comentário, a carga ofensiva do discurso, o abalo moral sofrido pelos autores e, de forma proporcional e razoável, o
valor da indenização a ser custeada pelo réu para aplacar o sofrimento, a angústia e a comoção imposta aos ofendidos.
Para modificar as conclusões consignadas no acórdão impugnado e concluir estar exagerado o quantum indenizatório
como quer a parte recorrente, seria necessária a incursão no conjunto fático-probatório das provas e nos elementos de
convicção dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial (Súmula nº 7 do STJ). 7. Recurso especial conhecido
em parte e, na extensão, desprovido.”
(STJ - REsp: 1.487.089 – SP (2014/0199523-6), Relator: Ministro Marco Buzzi- QUARTA TURMA, julgado em 23/06/2015.
DJe 28/10/2015).
O STJ tem posição consolidada de que cabe indenização por seguro DPVAT em favor do nascituro (REsp 1.120.676/SC de
2011 – Terceira Turma; e REsp 1.415.727/SC de 2014 – Segunda Turma):

“SEGURO DPVAT. MORTE. NASCITURO. Trata-se de REsp em que se busca definir se a perda do feto, isto é, a morte do
nascituro, em razão de acidente de trânsito, gera ou não aos genitores dele o direito à percepção da indenização
decorrente do seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT). Para o
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, voto vencedor, o conceito de dano-morte como modalidade de danos pessoais não se
restringe ao óbito da pessoa natural, dotada de personalidade jurídica, mas alcança, igualmente, a pessoa já formada,
plenamente apta à vida extrauterina, embora ainda não nascida, que, por uma fatalidade, teve sua existência abreviada
em acidente automobilístico, tal como ocorreu no caso. Assim, considerou que sonegar o direito à cobertura pelo
seguro obrigatório de danos pessoais consubstanciados no fato ‘morte do nascituro’ entoaria, ao fim e ao cabo,
especialmente aos pais já combalidos com a incomensurável perda, a sua não existência, malogrando-se o respeito e a
dignidade que o ordenamento deve reconhecer, e reconhece inclusive, àquele que ainda não nascera (art. 7º da Lei n.
8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adolescente). Consignou não haver espaço para diferenciar o filho nascido
daquele plenamente formado, mas ainda no útero da mãe, para fins da pretendida indenização ou mesmo daquele que,
por força do acidente, acabe tendo seu nascimento antecipado e chegue a falecer minutos após o parto. Desse modo, a
pretensa compensação advinda da indenização securitária estaria voltada a aliviar a dor, talvez não na mesma
magnitude, mas muito semelhante à sofrida pelos pais diante da perda de um filho, o que, ainda assim, sempre se
mostra quase impossível de determinar. Por fim, asseverou que, na hipótese, inexistindo dúvida de quem eram os
ascendentes (pais) da vítima do acidente, devem eles figurar como os beneficiários da indenização, e não como seus
herdeiros. Diante dessas razões, entre outras, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao
recurso. Cumpre registrar que, para o Min. Relator (vencido), o nascituro não titulariza direitos disponíveis/patrimoniais
e não detém capacidade sucessória. Na verdade, sobre os direitos patrimoniais, ele possui mera expectativa de direitos,
que somente se concretizam (é dizer, incorporam-se em seu patrimônio jurídico) na hipótese de ele nascer com vida.
Dessarte, se esse é o sistema vigente, mostra-se difícil ou mesmo impossível conjecturar a figura dos herdeiros do
natimorto, tal como propõem os ora recorrentes.” Precedente citado: REsp 931.556-RS, DJe 5/8/2008. (REsp 1.120.676-
SC, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/12/2010 - DJe:
04/02/2011).

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“DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE
SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA.
PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 1. A despeito da
literalidade do art. 2º do Código Civil – que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento –, o
ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o
conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais
simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a
condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º, e 45, caput, do Código Civil; direito do
nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção
conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir
o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe
(Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro – embora não nascida – é afirmada sem a
menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a
pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" – tutela da vida humana em formação, a chamada vida
intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63;
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias
mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica
superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas
transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta.
Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa –
como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. Ademais, hoje, mesmo que se adote
qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao
nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo
direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida,
que é direito pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro
DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o
aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu,
senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especial provido.” (REsp 1.415.727-
SC (2013/0360491-3), Rel. Min. Luis Felipe Salomão- Segunda Turma - Julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014).

1.2. Teoria das incapacidades. Os incapazes no CC/2002 (arts. 3º e 4º, alterados pela Lei 13.146/2015 – Estatuto da
Pessoa com Deficiência)
1.2.1. Considerações sobre o Estatuto das Pessoas com Deficiência

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a) Regulamenta a Convenção de Nova Iorque, que é um tratado de direitos humanos. Tal tratado tem força de
Emenda à Constituição, conforme art. 5º, § 3º, CF9.
O professor ressalta que o referido dispositivo legal foi incluído pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004 e,
portanto, as convenções internacionais sobre direitos humanos anteriores a ele têm natureza supralegal.
b) Premissas fundamentais do Estatuto das Pessoas com Deficiência (art. 4º, Lei 13.14610/2015):
✓ Igualdade.
✓ Inclusão com autonomia.
✓ Vedação da discriminação.

Antes, para as pessoas com deficiência, existia a premissa da dignidade-vulnerabilidade. Tal premissa foi substituída
pela dignidade-igualdade. A pessoa com deficiência, a partir da entrada em vigor do Estatuto das Pessoas com
Deficiência, passou a ser, em regra, plenamente capaz. Para os atos existenciais familiares, sempre haverá capacidade
civil plena (art. 6º, Lei 13.146/201511).
Ex: contrair casamento, união estável, praticar atos reprodutivos, adotar e exercer o planejamento familiar.

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CF, art. 5º (...) “§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.”
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Lei 13.146/2015, “Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais
pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. § 1o Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir
ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência,
incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
§ 2o A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa”
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Lei 13.146/2015, “Art. 6o- A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e
constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade,
sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI -
exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades
com as demais pessoas.”

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As eventuais restrições somente atingem os atos patrimoniais (artigos 84 e 85, EPD - Lei 13.146/201512). Para tanto, a
regra passa ser a tomada de decisão apoiada (art. 1.783-A, CC13).
A tomada de decisão apoiada é um procedimento judicial em que a própria pessoa com deficiência, por sua iniciativa,
indica apoiadores (ao menos dois) para auxiliá-la.
Somente em casos excepcionais, caberá a restrição para atos patrimoniais.
✓ O CPC traz a Ação de Interdição Relativa (art. 747/758, CPC);
✓ O EPD traz a Ação de Instituição de Curatela Parcial (artigos 84 e 85, Lei 13.146/2015).
O professor ressalta que, pelo direito posto, o que cabe é a Ação de Interdição Relativa.
1.2.2. Análise dos artigos 3º e 4º, CC.
Antes do Estatuto das Pessoas com Deficiência – EPD
Art. 3º- Absolutamente incapazes Art. 4º - Relativamente incapazes
I- Menores de 16 anos (impúberes). I- Maiores de 16 anos e menores de 18 anos (púberes).
II- Enfermos e deficientes mentais sem II- Ébrios habituais, viciados em tóxicos e pessoas com
discernimento. discernimento reduzido.
III- Pessoas que, por causa transitória ou definitiva, III- Excepcionais sem desenvolvimento completo.
não puderem exprimir vontade.
IV- Pródigos

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Lei 13.146/2015 -“Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em
igualdade de condições com as demais pessoas. § 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à
curatela, conforme a lei. § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. § 4o Os curadores são obrigados a
prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano". "Art. 85. A
curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. § 1o A definição da
curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
trabalho e ao voto. § 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e
motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado. § 3o No caso de pessoa em situação de
institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar,
afetiva ou comunitária com o curatelado.”
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CC, art. 1.783-A. “A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa
exercer sua capacidade".

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Depois do Estatuto das Pessoas com Deficiência – EPD
Art. 3º- Absolutamente incapazes Art. 4º - Relativamente incapazes
“Caput” - Menores de 16 anos (impúberes). *1 I- Maiores de 16 anos e menores de 18 anos (púberes).
(Obs: Não existem mais maiores de idade que sejam *2
absolutamente incapazes).
I- Revogado. II- Ébrios habituais e viciados em tóxicos. *3
II- Revogado. III- Pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não
puderem exprimir vontade. *4
III- Revogado. IV- Pródigos *5

✓ Os absolutamente incapazes devem ser representados, sob pena de nulidade absoluta do ato praticado (art.
166, I, CC14).
✓ Para os relativamente incapazes, há o instituto da assistência, sob pena de nulidade relativa do ato praticado
(art. 171, I, CC15).

*1- Art. 3º, “caput”: Há um critério etário de incapacidade absoluta, o que independe de ação específica - Não há
interdição de menor de idade.
Cuidado! Os menores impúberes podem praticar atos de menor complexidade, desde que demonstrem discernimento
bastante para tanto (Enunciado 138, III Jornada de Direito Civil 16 – Atos-fatos jurídicos).
Exemplo: comprar lanche na cantina da escola.

*2- Art.4º, I: Há um critério etário de incapacidade relativa, sem ação de interdição.


Os menores púberes podem praticar atos civis mais complexos, sem assistência, por previsão legal.
Exemplos: podem se casar (há autorização especial), fazer testamento, reconhecer filho, ser testemunhas, aceitar
mandato extrajudicial (“ad negotia”).
Em alguns casos, ocorrerá a emancipação do menor de idade (art. 5º, CC17).

14
CC, art. 166. “É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; (...)”
15
CC, art. 171. “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade
relativa do agente; (...)”
16
Enunciado 138, III JDC, “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º é juridicamente
relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento
bastante para tanto.”
17
CC, art. 5o. “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os
atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles
na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público

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1.2.2.1. Observações sobre a emancipação:
✓ Com a emancipação, ocorre a antecipação dos efeitos da maioridade para data anterior aos 18 anos, para
efeitos civis.
✓ Cuidado! O menor emancipado continua menor, mas passa a ser um menor capaz (apenas para efeitos civis).

1.2.2.2. Modalidades de emancipação:


✓ Voluntária: feita por concessão dos pais (escritura pública), tendo o filho 16 anos completos.
✓ Judicial: feita por suprimento do juiz, tendo o menor 16 anos completos.
✓ Legal:
1º) Matrimonial: decorrente do casamento. Tem-se entendido que a união estável não emancipa;
2º) Exercício de emprego público efetivo;
3º) Colação de grau em Ensino Superior; e
4º) Estabelecimento civil/empresarial do menor ou relação de emprego. Nestes casos, o menor deve ter 16 anos
completos e economia própria. É chamada de emancipação profissional ou laboral.
A emancipação é irrevogável, salvo nos casos de invalidade do casamento.
O professor entende que, no caso de casamento anulável, também é possível revogar a emancipação, apesar de que tal
procedimento é muito raro.

*3 – Art. 4º, II: Ébrios habituais (viciados em álcool) e viciados em tóxicos.


Nestes casos, há necessidade de interdição relativa com laudo médico. A sentença deve apontar quais atos podem ou
não podem ser praticados pelo indivíduo.

*4 - Art. 4º, III: Pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não puderem exprimir vontade (antiga previsão do art.
3º, III, CC).
Grande problema do EPD: Pessoas em coma profundo e pessoas em estado vegetativo são relativamente capazes.
Há o PL 757/2015 que visa a corrigir este erro.

Atenção! O cego, o surdo-mudo e o senil, em regra, são capazes. Se, entretanto, elas não conseguirem exprimir suas
vontades, poderão se enquadrar como relativamente incapazes.

efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.”

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*5 - Art. 4º, IV – Pródigos: são as pessoas que gastam de maneira destemperada o seu patrimônio, o que pode reduzi-
los à penúria.
Ex: viciado em jogo.
✓ Art. 1.782, CC18: a interdição do pródigo somente diz respeito a atos de disposição direta de bens.
Ex: vender, doar, hipotecar etc.
✓ Ele pode se casar livremente.
✓ Em regra, o regime de casamento do pródigo é o da comunhão parcial de bens, e não o da separação
obrigatória, pois ele não consta nos casos do art. 1.641, CC19.
✓ Para fazer pacto antenupcial, há necessidade de assistência? Há duas correntes sobre o tema:
1º) Não. José Fernando Simão defende que não há previsão do pacto no art. 1.782, CC.
2º) Sim. Esta é a corrente majoritária, encabeçada pelo professor Carlos Roberto Gonçalves, o qual defende que
a celebração do pacto é tida como ato de “alienar” (especialmente se a comunhão de bens é universal).
✓ No caso de testamento, predomina o entendimento de que o pródigo pode testar, pois é ato “post mortem” e o
art. 1.782, CC, trata de atos entre vivos.

1.2.3. Observações finais sobre a teoria das incapacidades


1º) O ausente era absolutamente incapaz pelo CC/1916. Entretanto, o mesmo não ocorre no CC/2002.
Ausente é aquele que desapareceu sem deixar notícias (local incerto e não sabido).
A ausência é uma morte presumida. Ocorre após três fases:
✓ Curadoria de bens do ausente;
✓ Sucessão provisória; e
✓ Sucessão definitiva.
2°) Os indígenas, índios ou silvícolas não são relativamente incapazes pelo CC/2002.
O CC/2002 prevê, em seu art.4º, § único20, que a situação dos indígenas será regulada por lei especial. Tal lei existe e é o
Estatuto do Índio (Lei 6.001/1973).

18
CC, Art. 1.782. “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar,
hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.”
19
CC, art. 1.641. “É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com
inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta)
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento
judicial.”
20
CC, art. 4º (...) “Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.”

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