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Das Pessoas Naturais Prof.

Robson Kublickas
• Conceito

•O primeiro livro da Parte Geral do Código Civil trata acerca das pessoas
como sujeitos de direito e busca regular a vida em sociedade,
bem como as relações que estas compõem. Dessa forma, há duas espécies de
pessoas que integram o ordenamento jurídico: a pessoa natural ou pessoa
física, ou seja, o ser humano propriamente dito, e a pessoa jurídica, essa
formada por um grupo de pessoas naturais.

•Cada uma dessas pessoas – natural e jurídica – possui direitos e deveres estipulados
pelo ordenamento jurídico. A fim de se compreender e entender quais são esses
direitos e deveres, é necessário um estudo mais aprofundado. Vejamos:
Código Civil.

Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa


do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.
• Conceito de Pessoa Natural

•Para o ramo do Direito Civil, pessoa natural é o próprio ser


hum+++++++++ano dotado de capacidade.

•É o sujeito provido de direitos e obrigações a partir de seu


nascimento com vida, de acordo com o artigo 2º do Código
Civil.

•Todo ser humano, dessa forma, recebe a denominação de

pessoa natural para ser intitulado como sujeito de


direito. Importante destacar que o termo “pessoa

natural” pode ser substituído pelo termo “pessoa física”.


• Aquisição da Personalidade Jurídica

• Todas as pessoas são detentoras da chamada personalidade jurídica ou


direitos da personalidade que é definida como a aptidão para adquirir direitos
e contrair deveres e, devido a isso, são consideradas como sujeitos de
direito. Há três Teorias que tratam da aquisição da personalidade jurídica, são
elas:

• Natalista: a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida;

• Personalidade Condicional: o nascituro é pessoa condicional, pois a


aquisição da personalidade depende do nascimento com vida; e

• Concepcionista: se adquire a personalidade antes do nascimento, ou seja,


desde a concepção.
•O Direito Brasileiro adotou a segunda
teoria, isto é, a Teoria da Personalidade Condicional.

•De acordo com o artigo 2º do Código Civil: “A


personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro.”, dessa maneira, tem-se o
nascimento da pessoa com vida como o ponto inicial
da personalidade, entretanto a lei resguarda certos
direitos ao feto.
•O nascimento de uma pessoa ocorre a partir do momento em que a criança se separa do ventre
de sua mãe, aqui independe o meio com o qual isso tenha ocorrido, isso quer dizer, não é
relevante para o mundo do Direito se o parto aconteceu de forma natural ou com auxilio de outros
recursos cirúrgicos.

•Entretanto, para que seja possível dizer que a criança teve um “nascimento com vida” se faz

necessário a presença de um elemento indispensável que caracterize essa situação, qual seja: ar

nos pulmões.

•Assim, só podemos considerar, em termos jurídicos, que uma criança de fato teve seu nascimento
com vida e adquiriu personalidade jurídica se essa respirou e permitiu a entrada de ar em seus
pulmões.

• Se respirou, isso quer dizer que viveu e, se viveu, ainda que sua morte tenha ocorrido em
seguida, adquiriu a personalidade jurídica e se tornou sujeito capaz de contrair direitos e
obrigações.
•A constatação de se a criança nasceu com vida ou
não se faz pelo exame denominado docimasia
hidrostática de galeno. No qual, se o feto respirou,
inflou de ar os pulmões, se não respirou, os pulmões
se encontraram vazios.

•A importância dada ao fato de saber se a criança


nasceu com vida ou não reflete principalmente no
que diz respeito ao direito de herança.
• Nascituro

•A palavra nascituro significa “aquele que virá a nascer”. É o ser


que já foi gerado ou formado, mas que ainda não nasceu,
ainda não saiu se desprendeu do ventre materno. Quando a
criança nasce morta, recebe o nome de natimorto.

•Entretanto, apesar de não ter personalidade jurídica, a se


preocupou em resguardar certos direitos ao nascituro desde a
sua concepção. Por exemplo, o nascituro tem o direito de
nascer e, devido a isso, a prática do aborto é considerado
crime pelo Código Penal. Por fim, os direitos no nascituro,
basicamente, se resumem em vida, honra, imagem.
• Capacidade

•Segundo o artigo, 1º do Código Civil, “toda a pessoa é capaz de direitos na

ordem civil”. Tal capacidade refere-se a aptidão que uma pessoa possui de
executar e atuar plenamente em sua vida civil.

•Em outras palavras, capaz é a pessoa que consegue e pode responder


por suas ações realizadas na vida em sociedade, como por exemplo,
assinar um contrato ou comprar ou vender coisas.

•Para o direito brasileiro, possui capacidade jurídica plena todo individuo maior
de 18 anos, e não exerça práticas que dificultem ou impeça sua aptidão de
tomar decisões e realizar escolhas, como é o caso dos viciados, seja em tóxicos
ou em hábitos extremos.
•A diferença entre o instituto da personalidade em relação à
capacidade, diz respeito a natureza de ambas.

•A Primeira (personalidade) é atributo do sujeito, inerente


à sua natureza, desde o início de seu nascimento com vida;

• A capacidade é a aptidão para o exercício de atos e


negócios jurídicos. No ordenamento jurídico brasileiro.
• existem duas espécies de capacidade:

• a) Capacidade de direito ou de gozo: É a


possibilidade que toda pessoa tem de ser sujeito de
Direito. Se define como sendo a aptidão genérica para
aquisição de direitos e deveres;

• b) Capacidade de fato ou de exercício: aptidão


de exercer, por si só, os atos da vida civil.
•Incapacidade Absoluta e Relativa

•A incapacidade, para o ramo do Direito Civil, é a ausência de capacidade de fato ou de


exercício, ou seja, a falta de aptidão para exercer alguma atividade da vida civil.

•A incapacidade de uma pessoa é tida como exceção para o Código Civil, e devido a
isso, a Lei prevê taxativamente as hipóteses em que alguém pode ser considerado

como incapaz. Geralmente, a incapacidade é atribuída a alguém para proteger aquele

que não tem discernimento, maturidade ou alguma doença que o torne vulnerável.
•São dois os tipos de incapacidade civil:

•a) Incapacidade absoluta: Na qual o sujeito necessita de


estar Representado por pessoa com a capacidade civil plena.
Aqueles que são têm sua vida gerida pelo representante. Aqui
a figura do incapaz é refletida por meio de um representante; e

•b) Incapacidade relativa: que impõem estar o sujeito de


direitos Assistido por pessoa com capacidade civil plena. Os
assistentes possui o papel de assegurar a regularidade dos atos
praticados ou negócios celebrados pelo assistido.
• O Código Civil, cuida em seu artigo 3º da incapacidade absoluta o qual
dispõe que: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos
da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”

• Já o artigo 4º se encarregou de tratar das hipóteses em que o sujeito é


relativamente incapaz, são elas:

• os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (impúbere);

• os ébrios habituais e os viciados em tóxico, ou seja, as pessoas alcoólatras


ou viciadas em alguma substância tóxica (drogas), ao ponto de não
conseguirem exercer determinado ato ou atividade;

• aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir


sua vontade: como por exemplo as pessoas que, devido a alguém acidente,
encontram-se em coma;

• os pródigos: aqueles que são incapazes de controlar seus gastos a ponto de


perder de tudo e ficar em uma situação de pobreza devido a isso.
•Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

• Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

•I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

• II - pelo casamento;

• III - pelo exercício de emprego público efetivo;

• IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

•V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de


emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria
•A incapacidade pode se extinguir de duas maneiras distintas, sendo uma
pela maioridade, ou seja, quando a pessoa alcança a maioridade civil
completando 18 anos, ou por meio da emancipação.

•A emancipação se caracteriza como a aquisição da capacidade civil


antes do tempo, ou seja, antes de completados os 18 anos. Pode ocorrer
por concessão dos pais ou de sentença do juiz, bem como de
determinados fatos a que a lei atribui esse efeito, quais sejam:

•pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;

• pelo casamento;
• pelo exercício de emprego público efetivo;
• pela colação de grau em curso de ensino superior;
• pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação
de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos
completos tenha economia própria.
•Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.
• Extinção da Pessoa Natural

•Tento em vista que a aquisição da personalidade jurídica se dá com a vida, sua


perda se ocorre com a extinção da pessoa natural, ou seja, com a morte. Prevê o
artigo 6º Código Civil que “A existência da pessoa natural termina com a morte
(…)”

•Constatada a morte de uma pessoa, em regra, desaparecem seus direitos e


obrigações de natureza personalíssima, ou seja, seus direitos da personalidade.

•Uma característica importante de tal direito é sua irrenunciabilidade e


intransmissibilidade, isso quer dizer que uma pessoa não pode dispor de seus
direitos da personalidade, não pode cede-los à outra pessoa ou decidir não tê-los
mais, conforme previsão do artigo 11 do Código Civil.

•Por outro lado, os direitos não personalíssimos, como por exemplo os de


natureza não patrimonial, são transmitidos aos seus sucessores.
•Há, para o código civil, três tipos de mortes:

•Morte Real: A sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou por ação
declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência. A morte real
extingue a capacidade e dissolve tudo;

•Morte Simultânea ou comoriência: na hipótese de comoriência


(quando dois ou mais indivíduos faleceram na mesma ocasião, sem saber
quem faleceu primeiro), será presumido que todos morreram no mesmo
instante, ou seja, simultaneamente. Somente interessa saber qual delas
morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra; e

•Morte Presumida: pode ser com ou sem declaração de ausência.


Presume-se a morte nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva. Pode-se ainda, requerer a sucessão definitiva, provando-se que o
ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias.
• Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem
decretação de ausência:

• I - se for extremamente provável a morte de quem estava


em perigo de vida;

• II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito


prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra.

• Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses


casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.

• Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma


ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente
mortos.
• Conceito de Pessoa Jurídica

• Art. 40 -45 Código Civil


•Conceito de Pessoa Jurídica

•Pessoa jurídica é” a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução de


certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.” (Maria Helena
Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002.p.206).

•Em outras palavras, pessoa jurídica é o conjunto de pessoas (naturais ou jurídicas) ou bens, dotado
de personalidade jurídica própria, na forma da lei. Assim, a pessoa jurídica possui capacidade para a
prática de atos jurídicos ou qualquer outro ato que não seja tido como proibido.

•A personalidade jurídica da pessoa jurídica é uma ficção do “ordenamento”, cuja existência decorre
da lei.

•As pessoas jurídicas não são “reais”, mas com o fim de facilitar a vida em sociedade concede-se a
capacidade para uma entidade puramente legal subsistir e desenvolver-se no mundo jurídico. Sua
realidade, dessa forma, é social, concedendo-lhe direitos e obrigações.
• Classificação das Pessoas Jurídicas

•Conforme o artigo 40 do Código Civil brasileiro de 2002, as


pessoas jurídicas são de direito público (interno ou externo) e de
direito privado. As primeiras encontram-se na disciplina do direito
público, e as últimas, no do direito privado.

•Pessoas jurídicas de direito público interno (artigo 41 do Código


Civil): “As pessoas jurídicas de direito público interno se dividem
em entes de administração direta União, Estados, Distrito Federal
e Territórios e Município, as autarquias, inclusive as associações
públicas e as demais entidades de caráter público criadas por lei.”
•Sua existência legal, ou seja, sua criação e extinção,
decorre de lei.

•Pessoas jurídicas de direito público externo (artigo 42


do Código Civil) “São pessoas jurídicas de direito público
externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que
forem regidas pelo direito internacional público.”

•São exemplos de pessoas jurídicas de direito público


externo as nações estrangeiras, Santa Sé e organismos
internacionais, ONU, etc.
Pessoas jurídicas de direito privado (artigo 44 do Código
Civil): “são pessoas jurídicas de direito privado: as
associações, as sociedades, as fundações, as organizações
religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de
responsabilidade limitada.”

As pessoas jurídicas de direito privado são instituídas por


iniciativa de particulares e dividem-se em duas categorias:

a) Estatais: aquelas para cujo capital houve contribuição


do Poder Público (sociedades de economia mista, empresas
públicas)

b) Particulares: as constituídas apenas com recursos


particulares. A pessoa jurídica de direito privado particular
pode revestir seis formas diferentes: a fundação, a
associação, a cooperativa, a sociedade, a organização
religiosa, os partidos políticos e as empresas individuais de
responsabilidade limitada.
• Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica

•Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

O IDPJ surgiu no caso Salomon versus Salomon Company, em 1897, na Inglaterra.


•A concessão de personalidade jurídica leva, muitas vezes, a
determinados abusos por parte do titular da empresa e dos
sócios das sociedades, atingindo e ferindo direitos de
terceiros que podem ser prejudicados.

•Nesse caso, vem-se admitindo o superamento da


personalidade jurídica com o fim exclusivo de atingir o
patrimônio do titular da empresa ou dos sócios da sociedade
empresária envolvidos na administração dos negócios.

•Há duas teorias acerca da desconsideração da personalidade


jurídica: a Teoria Maior e a Teoria Menor.
•Teoria maior: regra de desconsideração. O mero
esgotamento do patrimônio da sociedade não permite
que o patrimônio dos sócios seja atingido pela dívida (art.
50). Para que ocorra desconsideração da personalidade
jurídica, é necessário que aconteça um abuso:

• Desvio de finalidade; ou
• Confusão patrimonial.

• Teoria menor: caráter excepcional. Diz que esgotado


o patrimônio da sociedade já se pode atacar o patrimônio
dos sócios.
• Extinção da Pessoa Jurídica
• Art. 1033 e seguintes CC.

•Tal como a pessoa natural, a pessoa jurídica também


se extingue.

•São formas de extinção da:

•pelo encerramento da liquidação;

•pela incorporação, fusão ou cisão com transferência


de todo o patrimônio em outras sociedades;

•Sentença Judicial, etc…

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