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DIREITO CONSTITUCIONAL

Ordem Social – Comunicação Social


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ORDEM SOCIAL – COMUNICAÇÃO SOCIAL

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Trataremos agora acerca da comunicação social. Esse assunto é abordado na Constitui-


ção nos arts. 220 a 224. Neste estudo, existem muitos pontos da doutrina e da jurisprudência
para trabalharmos.

Propriedade de Empresa Jornalística


A propriedade de empresa jornalística é uma das hipóteses de diferenciação entre nato
e naturalizado. A Constituição Federal afirma que a lei não pode diferenciar nato de natu-
ralizado. Quem não pode é a lei; a própria Constituição pode e o faz em diferentes pontos.
Ela faz isso no art. 5º, quando permite, por exemplo, a extradição de brasileiro naturalizado
em duas situações excepcionais: se tiver cometido crime antes da naturalização ou se tiver
envolvimento comprovado com o tráfico de drogas.

Expulsão Vs Extradição de Pessoas com têm Família Brasileira


A expulsão possui uma consequência e a extradição possui outra consequência. É pre-
ciso saber o que é expulsão e o que é extradição. Qual é a diferença central entre os dois
institutos? Na extradição, o sujeito comete atos ilegais em outro país e quem quer a “cabeça”
dele não é o Brasil, mas sim o outro país. Inclusive, vale salientar que é possível a extradi-
ção para outro país que não seja o país de origem. Ex.: há alguns anos, o Supremo Tribunal
Federal julgou uma situação envolvendo o Juan Carlos Abadia (traficante de drogas colom-
biano). Na ocasião, a Colômbia pediu que o Brasil o extraditasse para os Estados Unidos.
Se o sujeito tem família brasileira, primeiro, é preciso saber que a Súmula n. 421 do
Supremo Tribunal Federal continua em vigor. Essa súmula afirma que o fato de ter família
brasileira não impede a extradição.
Extradição famosa: Cesare Baptiste. Esse italiano tinha casado com uma mulher brasi-
leira e possuía filho brasileiro, mas, mesmo assim, ele foi extraditado. Vale salientar que o
fato de possuir família brasileira impede a expulsão.
O brasileiro nato que cometer crime no exterior não será extraditado pelo Brasil, ainda
que o sujeito possua dupla nacionalidade.
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Os internacionalistas afirmam que a entrega seria possível para o Tribunal Penal Inter-
nacional, pois não estaria entregando de um país para outro, mas sim para um órgão
supranacional.
Em relação ao brasileiro nato que cometeu crime em outro país e vem para o nosso país,
ele será julgado em nosso país. A pergunta é: Justiça Comum Estadual ou Justiça Comum
Federal? O fato de ele ter cometido crime em outro país atrai a competência da Justiça Fede-
ral? Nas provas, marque que não.
São quatro as situações em que a Constituição autoriza a diferença de tratamento de
natos e naturalizados. Vejamos:

Extradição (Art. 5º, LI)


O nato não pode ser extraditado pelo Brasil. Já o naturalizado pode ser extraditado em
duas hipóteses:
a) crime antes da naturalização; e
b) envolvimento com tráfico de drogas, antes ou depois da naturalização.

Cargos Públicos (Art. 12, § 3º)


Cargos ligados à segurança com do Estado, relações internacionais e também aqueles
que estejam na linha de vocação sucessória só podem ser ocupados por natos.

Funções Públicas (Art. 89)


O Conselho da República conta diversos integrantes. Entre eles, há previsão de seis
cidadãos natos, escolhidos pelo Presidente da República, pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal – dois cada um. Mas atenção: nem todos os componentes do Conselho
precisam ser natos!

Propriedade de Empresa Jornalística (Art. 222)


A propriedade é permitida a natos e a naturalizados há mais de dez anos. A EC n. 36/02
abriu a possibilidade de a propriedade ser estendida a pessoas jurídicas constituídas sob leis
brasileiras e que tenham sede no país.
Cabe destacar que nem todos os integrantes do Conselho da República precisam ser
brasileiros natos. Existe a necessidade de 6 cidadãos natos estarem ali.
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Exigência de Diploma de Jornalismo


A liberdade de expressão tem ganhado, dentro do Supremo Tribunal Federal, cada vez
mais espaço. O Supremo Tribunal Federal entende que, na atualidade, havendo choque
entre o direito da liberdade de expressão e outros (ex.: intimidade e privacidade), a liberdade
de expressão é favorecida. Ex.: o Supremo Tribunal Federal crava que é possível publi-
car biografias sem consentimento. Se for o caso, o biografado “que lute” nas esferas penal
e cível, buscando ressarcimento. Excepcionalmente, poderia se valer da tutela inibitória (a
regra é que a tutela inibitória configuraria censura).
A censura não é admitida em nosso ordenamento. Inclusive, o Supremo Tribunal Federal
marca a necessidade de reforçar isso perante os órgãos do Poder Judiciário, inibindo deci-
sões que tragam a tutela de impedir que aquilo seja publicado. Então, a premissa básica é:
primeiro publica e depois confere se houve violação a direitos da personalidade.
Nesse sentido, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, a exigência de diploma de
jornalismo foi afastada, pois restringia a liberdade de expressão.
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Ainda dentro desse cenário, a OMB cobrava dos músicos a ideia de que o indivíduo pre-
cisaria sempre contribuir e estar filiado e registrado na OMB, para o exercício da atividade.
Todavia, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a necessidade de registro só se adequa
às necessidades que tenham potencial de dano, o que não é o caso da atividade de músico.

Recomendação de Horário e a Inconstitucionalidade do Art. 254 do ECA


Aqui, trazia-se uma punição administrativa caso houvesse transmissão, através de rádio
ou televisão, de espetáculo em horário diverso do autorizado. Tem-se, nesse sentido, uma
recomendação de horário e não uma limitação propriamente dita.
Isso seria uma espécie de censura e o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitu-
cionalidade do art. 254 do ECA.

Proselitismo Político
Proselitismo político é a tentativa de convencimento em rádios comunitárias. Se debru-
çando sobre esse tema, o Supremo Tribunal Federal entendeu que seria possível a tentativa
de convencimento nas rádios comunitárias e não haveria nenhuma restrição a essa atuação.
Vale lembrar que o proselitismo é a atividade de convencer uma ou várias pessoas em prol
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de determinada ideologia. A Lei n. 9.612/1998 vedava o proselitismo e o Supremo Tribunal


Federal entendeu que o discurso proselitista é inerente à liberdade de expressão religiosa, e
que a política pressupõe a livre manifestação do pensamento.

Uso de Sátiras com Candidatos a Mandatos Eletivos


Quando falamos sobre política e imprensa, precisamos tratar das atividades de sátiras
envolvendo políticos. O grande problema é que a sátira pode ser uma forma de direcionar as
pessoas a favor ou contra determinado político.
A pergunta é: será que o uso de sátiras pode influenciar as campanhas e pode ser vedada
por conta disso? Foi feita uma norma proibindo sátiras com candidatos e o Supremo Tribunal
Federal entendeu que essa norma era inconstitucional, por ferir a liberdade de expressão.

Porta dos Fundos e “Crônicas de Natal”


O humorístico Porta dos Fundos estreou um programa, no final de 2019, chamado Crôni-
cas de Natal. Esse programa gerou uma confusão, pois mexia com dogmas do cristianismo.
Às vezes, a piada é um pouco sem graça, quando envolve a fé das pessoas. E isso não se
restringe apenas ao cristianismo.
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O programa “Crônicas de Natal” acabou levando a vários questionamentos na justiça. Em
alguns, foi determinada a retirada da exibição do programa de streaming (Netflix). A questão
chegou ao Supremo Tribunal Federal, o qual entendeu que não é porque isso é de mau gosto
que deve ser retirado. Na realidade, trata-se de um programa de streaming, assim, ninguém
é obrigado a assistir. Além disso, deve haver liberdade de expressão (que larga na frente de
outros direitos).

Voto Útil
Foi feita uma norma federal apresentando a impossibilidade de divulgação de pesquisas
nos últimos 15 dias anteriores ao pleito. Todavia, foi declarada a inconstitucionalidade de lei
eleitoral que proibia a divulgação de pesquisas eleitorais nos 15 dias anteriores ao pleito.
Pela norma, a participação em debates é assegurada aos partidos que tenham mais de
9 deputados federais. Porém, aconteceu que as duas maiores cidades do país não tinham
a quantidade mínima de parlamentares na Câmara federal. Diante disso, o Supremo Tribu-
nal Federal deparou com a situação em que as empresas de jornalismo queriam convidar
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para o debate os candidatos. Assim, o Supremo Tribunal Federal autorizou que as empre-
sas de comunicação fizessem convites para que esses candidatos participassem do debate.
Havendo o convite, a regra do mínimo de 9 seria burlada.
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Direito ao Esquecimento
A pena, quando é imposta, é cumprida e extinta e quem a cumpriu fica quite. Dentro
desse cenário, quem cometeu o crime também tem o direito ao esquecimento, tanto é que
existe o procedimento de reabilitação criminal. Porém, o direito ao esquecimento que esta-
mos falando aqui não é só do acusado, mas também da família vítima.
Chegou ao Supremo Tribunal Federal, uma ação movida contra a Rede Globo de tele-
visão. Na Rede Globo, passou um programa chamado Linha Direta. Nesse programa, um
homicídio rumoroso foi revivido, fato que desagradou algumas pessoas. Diante disso, o
Supremo Tribunal Federal entendeu que não haveria o direito ao esquecimento como tese
ampla. Então, não haveria o direito ao esquecimento por conta da própria memória e da liber-
dade de expressão.
Caso a caso, é possível que haja o dever de indenizar, se for apurado abuso do direito,
por exemplo.
Em relação a essa história de direito ao esquecimento e à questão criminal, o Supremo
Tribunal Federal entende que, depois de passar o período depurador dos 5 anos do art. 64
do Código Penal, o sujeito volta a ser réu primário, mas os maus antecedentes permanecem.
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Normas Municipais sobre Instalação de Antenas


Vários municípios estabeleciam a proibição de instalação de ERB (Estação Rádio Base,
que determina onde a pessoa está e dá o sinal de comunicação do seu telefone) na área
urbana, ou então estabeleciam distância mínima.
O Supremo Tribunal, em um primeiro momento, entendeu que isso seria adequado, pois
dizia respeito à questão própria do poder de polícia e da organização urbanística.
Mas verificou-se que já existia uma norma federal sobre isso. E o mais interessante é
que, nesses mesmos municípios, estabelecia-se punições para as empresas, por conta da
má qualidade do serviço.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal acabou fazendo prevalecer a norma federal da
Lei de Antenas, de modo que não poderiam os municípios estabelecer esse tipo de vedação.
É preciso lembrar que é inconstitucional norma municipal que autorize o prefeito a con-
ceder rádio comunitária. Ocorre que a concessão de rádio comunitária é competência exclu-
siva da União e a legislação sobre esse tema (telecomunicações) é competência priva-
tiva da União.

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Propagandas de Cigarro e de Bebidas nas Corridas de Fórmula 1


Dentro desse tema, prevaleceu ser válida e confirmada a norma municipal que restringia
propagandas de cigarro e de bebidas nas corridas de Fórmula 1. Ocorre que esse espetáculo
esportivo acontece dentro de um espaço público municipal.

Cota de Tela
Qual é a sustentação constitucional para a cota de tela? A necessidade de as empresas
de comunicação trazerem programas regionais e programas que trazem a realidade local. De
onde se extrai essa necessidade e o embasamento constitucional?
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes
princípios: (...)
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabeleci-
dos em lei;

A cota de tela é o dispositivo que prevê que, pelo menos, 5% das produções jornalísticas,
culturais e artísticas devem ser feitas dentro do ambiente do município.

Participação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário

O próprio texto da Constituição delimita o papel do Executivo, do Legislativo e do Judici-


ário. As bancas gostam de trocar conceitos e confundir os candidatos.
Então, qual é a incumbência de cada um dos Poderes? Veja:
• Poder Executivo: outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o ser-
viço de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
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• Poder Legislativo: não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprova-
ção de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional.
• Poder Judiciário: cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o
prazo, depende de decisão judicial.
A ideia central de atribuir uma tarefa para um dos Poderes é evitar que haja uma retaliação.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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