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DIREITO CONSTITUCIONAL

Teoria Geral dos Direitos Fundamentais


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TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

O ponto da Constituição que mais costuma cair em provas de concursos é o Título II, que
trata dos Direitos e Garantias Fundamentais e vai do art. 5º (o maior da nossa CF) ao 17.

– O art. 5º trata dos deveres e direitos individuais e coletivos;


– Do art. 6º ao 11, trata dos direitos sociais;
– Art. 12 e 13, trata da nacionalidade;
– Do art. 14 ao 16, trata dos direitos políticos; e
– Art. 17, trata dos partidos políticos.

Antes de estudar propriamente os direitos e garantias fundamentais, é necessário fazer


uma diferenciação. Existem direitos humanos, direitos fundamentais e direitos individuais.
Isso é bastante cobrado em provas discursivas e orais, mas, mesmo em provas objetivas,
deve haver esse conhecimento.
Direitos humanos estão mais ligados à ideia de direito internacional; já direitos fundamen-
tais e individuais referem-se mais à proteção interna. Embora ambos sejam proteção interna,
os direitos fundamentais são um título da CF e os individuais, um capítulo da CF, ou seja, entre
eles há uma relação daquele de maior abrangência (título) para aquele de menor abrangência
(capítulo). Pense numa pizza: direitos fundamentais é o todo; individuais são uma fatia.
No entanto, antes de trabalharmos o texto da CF propriamente dito, é preciso trabalhar a
parte doutrinária, pois, ainda que não esteja explícito em edital, tende a ser cobrada.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Essas são as mais comuns em prova. Existem outras.

Relatividade

Não há direito absoluto. Um importante doutrinador internacional, Norberto Bobbio, tem
um livro clássico chamado A Era dos Direitos. Para ele, existem 2 direitos absolutos: o direito
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de não ser torturado e o direito de não ser escravizado. Entretanto, não é esse entendimento
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que prevalece no cenário interno, na jurisprudência do STF ou nas bancas de concursos. Se
não há direito absoluto, é claramente possível haver choque entre direitos constitucionais.
Ex. 1: diariamente nos noticiários vemos informações sobre a vida de pessoas famosas.
Entram em choque aí os direitos de liberdade de expressão e de intimidade da vida privada.
Não existe hierarquia entre normas da Constituição; em caso de choque entre normas origi-
nárias (que constam na CF desde seu nascimento), nenhuma delas será considerada incons-
titucional. Muito se fala que é preciso, então, adotar a regra da ponderação, como em uma
balança; no caso concreto, vê-se qual tem o peso maior.
Ex. 2: o programa Pânico na TV tinha uma brincadeira de perseguir pessoas famosas para
fazê-las calçarem a “sandália da humildade”. A atriz Carolina Dieckmann foi tão importunada
por eles que entrou com uma ação judicial pedindo um mandado de distanciamento de pelo
menos 100 metros. Os rapazes do programa então colocaram em uma escada grande, como
a dos bombeiros, um megafone e chinelos, abrindo-a por mais de 100 metros até à janela do
apartamento da atriz, pedindo pelo megafone que ela os calçasse. Eles foram depois multados
pela justiça. Nesse caso, de um lado havia o direito dela de intimidade da vida privada, e do
outro o deles de liberdade de expressão. Até pessoas públicas como a atriz ou um político têm
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direito à intimidade da vida privada, mesmo que em um grau menor que um cidadão comum.
Ex. 3: uma pessoa sabe que uma revista irá publicar uma matéria contra ela dentro de
alguns dias. De acordo com o STF, se a pessoa entrar na justiça para que a matéria não seja
divulgada e a revista não vá para as bancas, tem-se uma forma de censura prévia. Não há hie-
rarquia entre os direitos fundamentais; mas, no conflito entre eles, a liberdade de expressão
tem prioridade e, se for o caso, a pessoa pode agir depois com o Poder Judiciário responsabi-
lizando o veículo de comunicação criminalmente, por responsabilidade civil etc.

Imprescritibilidade

A pessoa não perde o direito de agir. De acordo com o Código Civil, os direitos da pessoa
à personalidade (à honra, ao nome) são imprescritíveis, em regra. Entretanto o direito à pro-
priedade é uma exceção.
Ex.: a pessoa tem um sítio nos arredores de Brasília ao qual não vai há 20 anos, encon-
trando-se o local "abandonado". Passado esse tempo, ela decide ir lá e, ao chegar, depara-se
com uma família ali morando. Nessa situação, há a chamada usucapião.
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• Inalienabilidade
Em regra, não é possível vender; mas alguns têm repercussão econômica e é possível
a venda. O próprio professor, por exemplo, abre seu direito de imagem e direito autoral para
a Gran Cursos explorar economicamente. O mesmo acontece com um jogador de futebol ou
mesmo os participantes do Big Brother Brasil. Em geral, essa venda tem prazo, é algo tempo-
rário, restrito e determinado.

• Irrenunciabilidade
A pessoa não pode, por exemplo, abrir mão de sua vida. É possível abrir mão da integri-
dade física ao permitir, por exemplo, que um médico-cirurgião faça uma cirurgia plástica. No
exemplo apresentado anteriormente, do sítio abandonado, a pessoa renunciou do seu direito
de propriedade, sofreu a prescrição com a usucapião.
Ex.: na França, um anão trabalhava em um circo. Em uma das atrações, ele era usado
como uma bala de canhão. Representantes dos direitos humanos intercederam, mas o anão
dizia que era o trabalho dele. Entretanto, mesmo que a pessoa concorde, as regras trabalhis-
tas não permitiam. O direito fundamental à vida é irrenunciável.
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• Historicidade
O § 2º do art. 5º da CF indica que os direitos ali previstos não excluem outros que possam
ser incorporados. As pessoas têm direitos fundamentais e esses vão evoluindo com o passar
do tempo, sendo incorporados ao longo da história. Em 1215, na magna carta do rei João Sem
Terra, quando nasce a ideia de devido processo legal, os direitos fundamentais eram diferen-
tes dos que existem hoje.
O STF recebeu uma ação chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamen-
tal – ADPF na ocasião de uma paralisação do WhatsApp por decisão judicial, que alegava que
o direito fundamental à internet estava sendo violado. O acesso à internet virou um preceito
fundamental, mesmo que não haja qualquer menção na CF/1988; ou seja, o rol previsto é
aberto e permite que outros sejam implementados com o passar do tempo.
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• Extensão a pessoas jurídicas?


Os direitos fundamentais nascem para proteger pessoas naturais/físicas, mas também
podem ser usados para proteger pessoa jurídica no que couber, no que for aplicável.
Ex. 1: a Gran Cursos Online tem direito a seu nome.
Ex. 2: uma pessoa falar mal da Gran Cursos Online está ferindo sua honra? As pessoas
naturais têm honra objetiva e subjetiva; já as pessoas jurídicas só têm honra objetiva. Honra
subjetiva é o que a pessoa acha a seu próprio respeito; honra objetiva é o que terceiros acham
dessa pessoa.

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Dados: pessoas físicas e jurídicas possuem. Vida: pessoa jurídica não possui. Liberdade:
pessoa jurídica não tem locomoção. Não cabe um habeas corpus para pessoa jurídica, mas
cabem habeas data e mandado de segurança.

• Extensão a estrangeiros?
Sim, no que couber, tanto para estrangeiros quanto para apátridas.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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