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DIREITO CONSTITUCIONAL

Teoria Geral dos Direitos Fundamentais


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TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


O ponto da Constituição que mais costuma cair em provas de concursos é o Título II, que
trata dos Direitos e Garantias Fundamentais e vai do art. 5º (o maior da nossa CF) ao 17.

– O art. 5º trata dos deveres e direitos individuais e coletivos;


– Do art. 6º ao 11, trata dos direitos sociais;
– Art. 12 e 13, trata da nacionalidade;
– Do art. 14 ao 16, trata dos direitos políticos; e – Art. 17, trata dos partidos políticos.

Antes de estudar propriamente os direitos e garantias fundamentais, é necessário fazer


uma diferenciação. Existem direitos humanos, direitos fundamentais e direitos individuais.
Isso é bastante cobrado em provas discursivas e orais, mas, mesmo em provas objetivas,
deve haver esse conhecimento.
Direitos humanos estão mais ligados à ideia de direito internacional; já direitos
fundamentais e individuais referem-se mais à proteção interna. Embora ambos sejam
proteção interna, os direitos fundamentais são um título da CF e os individuais, um capítulo
da CF, ou seja, entre eles há uma relação daquele de maior abrangência (título) para aquele
de menor abrangência (capítulo). Pense numa pizza: direitos fundamentais é o todo;
individuais são uma fatia.
No entanto, antes de trabalharmos o texto da CF propriamente dito, é preciso trabalhar a
parte doutrinária, pois, ainda que não esteja explícito em edital, tende a ser cobrada.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Essas são as mais comuns em prova. Existem outras.

• Relatividade
que prevalece no cenário interno, na jurisprudência do STF ou nas bancas de concursos. Se
não há direito absoluto, é claramente possível haver choque entre direitos
constitucionais.
Ex. 1: diariamente nos noticiários vemos informações sobre a vida de pessoas
famosas. Entram em choque aí os direitos de liberdade e de expressão e de intimidade
da vida privada. Não existe hierarquia entre normas da Constituição; em caso de
choque entre normas originárias (que constam na CF desde seu nascimento), nenhuma
delas será considerada inconstitucional. Muito se fala que é preciso, então, adotar a regra da
ponderação, como em uma balança; no caso concreto, vê-se qual tem o peso maior.
Ex. 2: o programa Pânico na TV tinha uma brincadeira de perseguir pessoas famosas

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para fazê-las calçarem a “sandália da humildade”. A atriz Carolina Dieckmann foi tão
importunada por eles que entrou com uma ação judicial pedindo um mandado de
distanciamento de pelo menos 100 metros. Os rapazes do programa então colocaram em
uma escada grande, como a dos bombeiros, um megafone e chinelos, abrindo-a por mais de
100 metros até à janela do apartamento da atriz, pedindo pelo megafone que ela os
calçasse. Eles foram depois multados pela justiça. Nesse caso, de um lado havia o direito
dela de intimidade da vida privada, e do outro o deles de liberdade de expressão. Até
pessoas públicas como a atriz ou um político têm
Não há direito absoluto. Um importante doutrinador internacional, Norberto Bobbio, tem
um livro clássico chamado A Era dos Direitos. Para ele, existem 2 direitos absolutos: o direito
de não ser torturado e o direito de não ser escravizado. Entretanto, não é esse
entendimento direito à intimidade da vida privada, mesmo que em um grau menor que um
cidadão comum.

Ex. 3: uma pessoa sabe que uma revista irá publicar uma matéria contra ela dentro de
alguns dias. De acordo com o STF, se a pessoa entrar na justiça para que a matéria não
seja divulgada e a revista não vá para as bancas, tem-se uma forma de censura prévia. Não
há hierarquia entre os direitos fundamentais; mas, no conflito entre eles, a liberdade de
expressão tem prioridade e, se for o caso, a pessoa pode agir depois com o Poder
Judiciário responsabilizando o veículo de comunicação criminalmente, por
responsabilidade civil etc.

Imprescritibilidade

A pessoa não perde o direito de agir. De acordo com o Código Civil, os direitos da
pessoa à personalidade (à honra, ao nome) são imprescritíveis, em regra. Entretanto o
direito à propriedade é uma exceção.
Ex.: a pessoa tem um sítio nos arredores de Brasília ao qual não vai há 20 anos,
encontrando-se o local "abandonado". Passado esse tempo, ela decide ir lá e, ao chegar, depara-
se com uma família ali morando. Nessa situação, há a chamada usucapião.
Inalienabilidade

Em regra, não é possível vender; mas alguns que têm repercussão econômica aí sim
é possível a venda, direito de exploração econômica. O próprio professor, por exemplo,
abre seu direito de imagem e direito autoral para a Gran Cursos explorar economicamente.
O mesmo acontece com um jogador de futebol ou mesmo os participantes do Big Brother
Brasil. Em geral, essa venda tem prazo, é algo temporário, restrito e determinado.

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•Irrenunciabilidade
A pessoa não pode renunciar, por exemplo, abrir mão de sua vida. Alguns direitos
podem ser renunciado. É possível abrir mão da integridade física ao permitir, por exemplo,
que um médico-cirurgião faça uma cirurgia plástica. No exemplo apresentado anteriormente,
do sítio abandonado, a pessoa renunciou do seu direito de propriedade, sofreu a prescrição
com a usucapião.
Ex.: na França, um anão trabalhava em um circo. Em uma das atrações, ele era usado
como uma bala de canhão. Representantes dos direitos humanos intercederam, mas o anão dizia
que era o trabalho dele. Entretanto, mesmo que a pessoa concorde, as regras trabalhistas não
permitiam. O direito fundamental à vida é irrenunciável.
• Historicidade
Com o passar do tempo os direitos fundamentais vão sendo agregados, incluídos.
O § 2º do art. 5º da CF indica que os direitos ali previstos não excluem outros que
possam ser incorporados. As pessoas têm direitos fundamentais e esses vão evoluindo com
o passar do tempo, sendo incorporados ao longo da história. Em 1215, na magna carta do
rei João Sem Terra, quando nasce a ideia de devido processo legal, os direitos fundamentais
eram diferentes dos que existem hoje.
O STF recebeu uma ação chamada Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental – ADPF na ocasião de uma paralisação do WhatsApp por decisão judicial, que
alegava que o direito fundamental à internet estava sendo violado. O acesso à internet virou
um preceito fundamental, mesmo que não haja qualquer menção na CF/1988; ou seja, o rol
previsto é aberto e permite que outros sejam implementados com o passar do tempo.
Extensão a pessoas jurídicas?

Os direitos fundamentais nascem para proteger pessoas naturais/físicas, mas também
podem ser usados para proteger pessoa jurídica no que couber, no que for aplicável.
Ex. 1: a Gran Cursos Online tem direito a seu nome.
Ex. 2: uma pessoa falar mal da Gran Cursos Online está ferindo sua honra? As pessoas
naturais têm honra objetiva e subjetiva; já as pessoas jurídicas só têm honra objetiva. Honra
subjetiva é o que a pessoa acha a seu próprio respeito; honra objetiva é o que terceiros
acham dessa pessoa.
Dados: pessoas físicas e jurídicas possuem. Vida: pessoa jurídica não possui. Liberdade:
pessoa jurídica não tem locomoção. Não cabe um habeas corpus para pessoa jurídica, mas
cabem habeas data e mandado de segurança.

•Extensão a estrangeiros?
Sim, no que couber, tanto para estrangeiros quanto para apátridas.

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