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PM-RJ
POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO

Curso de Formação
de Soldados
CONTEÚDO DIGITAL
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

CÓD: SL-027JH-23
7908433236795
ÍNDICE

Noções de Direitos Humanos


1. Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Resolução nº 217ª (III) da AssembLei nºa Geral das Nações
Unidas, de 10 de dezembro de 1948.......................................................................................................................................... 4

2. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988. Cap. I - dos direitos e deveres individuais e coletivos (Art. 5º)............ 6
3. Direitos Humanos e seus tratados internacionais protetivos e repercussão no Direito brasiLeiro............................................. 10
4. Controle de convencionalidade e direitos humano.................................................................................................................... 13
5. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos................................... 14
6. Lei nº Federal nº 13.445/2017 - Direito das pessoas Refugiadas e Imigrantes........................................................................... 22
7. Lei nº Federal nº 12.847/2013 - Institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.............................................. 34
8. Lei nº Federal nº 9.455/1997- Define os crimes de tortura........................................................................................................ 37
9. Decreto nº 4.388/2002 - Promulga o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.......................................................... 37
10. Lei nº Federal Nº 13. 060, de 22 de dezembro de 2014 - Lei nº disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública em todo o território nacional............................................................................................ 70

Legislação Aplicada À PMERJ


1. Constituição Federal (art. 42, art. 144 e § 4º e §5º art. 125)...................................................................................................... 74

2. Constituição Estadual (art. 91 a 93);........................................................................................................................................... 75


3. Decreto-Lei nº n º 667, de 02 de julho de 1969 (Lei nº de Organização das Polícias Militares) - (Capítulo II - art. 8º ao art. 12º;
Capítulo VII - art. 22 ao art. 25).................................................................................................................................................. 76
4. Lei nº Estadual Nº 443, de 01 de julho de 1981 (Estatuto Dos Policiais Militares)..................................................................... 78
5. Lei nº Estadual Nº 9537, de 29 de dezembro de 2021 (Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado do Rio de Janeiro
(SPSMERJ); ................................................................................................................................................................................. 97
6. Lei nº Estadual nº 279, de 26 de novembro de 1979 (Lei nº de Remuneração)......................................................................... 104
7. Lei nº Estadual nº 3.527, de 09 de janeiro de 2001 (Lei nº do Auxílio Invalidez)........................................................................ 114

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 1
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
PROCLAMADA PELA RESOLUÇÃO Nº 217ª (III) DA AS- direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela-
SEMBLEI NºA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, DE 10 DE ção uns aos outros com espírito de fraternidade.
DEZEMBRO DE 1948 Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual-
Declaração Universal dos Direitos Humanos quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen-
Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. to, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
Preâmbulo dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no tação de soberania.
mundo, Artigo 3
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência pessoal.
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e Artigo 4
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi-
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
mais alta aspiração do ser humano comum, Artigo 5
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe- go cruel, desumano ou degradante.
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, Artigo 6
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
relações amistosas entre as nações, reconhecido como pessoa perante a lei.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, Artigo 7
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig- Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a Artigo 8
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
observância desses direitos e liberdades, fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
Considerando que uma compreensão comum desses direitos lei.
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento Artigo 9
desse compromisso, Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla- Artigo 10
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- quer acusação criminal contra ele.
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela Artigo 11
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

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2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. assegure a liberdade de voto.
Artigo 12 Artigo 22
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
contra tais interferências ou ataques. Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 13 Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
residência dentro das fronteiras de cada Estado. emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in- contra o desemprego.
clusive o próprio e a esse regressar. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
Artigo 14 remuneração por igual trabalho.
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
procurar e de gozar asilo em outros países. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 15 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. Artigo 24
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
nem do direito de mudar de nacionalidade. mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
riódicas.
Artigo 16 Artigo 25
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri- 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
ao casamento, sua duração e sua dissolução. indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
sentimento dos nubentes. subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
Artigo 17 mônio, gozarão da mesma proteção social.
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- Artigo 26
dade com outros. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
Artigo 18 trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli- no mérito.
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
Artigo 19 pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
Artigo 20 instrução que será ministrada a seus filhos.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- Artigo 27
ciação pacífica. 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
Artigo 21 progresso científico e de seus benefícios.
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
mente escolhidos. ria ou artística da qual seja autor.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú-
blico do seu país.

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Artigo 28 b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao


Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna- Estado Liberal;
cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente c) estão ligados ao ideal de igualdade;
Declaração possam ser plenamente realizados. d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
Artigo 29 positiva do Estado;
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
sível. • Direitos Fundamentais de Terceira Geração
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva- pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên- neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática. Direitos Metaindividuais
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Natureza Destinatários
Unidas. Difusos Indivisível Indeterminados

Artigo 30 Determináveis
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter- Coletivos Indivisível ligados por uma
pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes- relação jurídica
soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer Determinados
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades Individuais
Divisível ligados por uma
aqui estabelecidos. Homogêneos
situação fática

Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-


guintes características:
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - a) surgiram no século XX;
1988. CAP. I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E CO- b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
LETIVOS (ART. 5º) que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
bens da coletividade;
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- interesse coletivo;
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
ratório. • Direitos Fundamentais de Quarta Geração
Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração Também são transindividuais.
Possuem as seguintes características:
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução Direitos Fundamentais de Quinta Geração
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
ram todo o século XIX; taria o direito fundamental de quinta geração.
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição
ao Estado Absoluto; Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
c) estão ligados ao ideal de liberdade; São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
em favor das liberdades públicas; índole evolutiva;
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
teção em face da ação opressora do Estado; dentemente de características pessoais;
f) são os direitos civis e políticos. c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
• Direitos Fundamentais de Segunda Geração e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
Possuem as seguintes características: possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
a) surgiram no início do século XX;

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f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen- Direito à Liberdade


do pelo decurso do tempo. O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir-
Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são privada.
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
compatíveis com a sua natureza. dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco-
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais expressão.
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- Direito à Igualdade
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais formal.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa didos aos membros da coletividade por meio da norma.
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
tituição (princípio da reserva legal). da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
constitucionalmente consagrados. formação social.

Os quatro status de Jellinek Direito à Privacidade


a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon- Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
do-se como detentor de deveres para com o Estado; gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; de sua violação.
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em Direito à Honra
seu favor; O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- tal motivo, são previstos no Código Penal.
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto.
Referências Bibliográficas: Direito de Propriedade
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º e o usucapião.
da CF. São eles: Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Direito à Vida intelectual) e os direitos reativos à herança.
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna. conforme veremos abaixo:
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla-
rada).
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura,
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.

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TÍTULO II XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-


DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
CAPÍTULO I XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS necer associado;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori-
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros extrajudicialmente;
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à XXII- é garantido o direito de propriedade;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
termos desta Constituição; por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
coisa senão em virtude de lei; previstos nesta Constituição;
III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu- XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
mano ou degradante; tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- prietário indenização ulterior, se houver dano;
nimato; XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência ros pelo tempo que a lei fixar;
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli- a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir desportivas;
prestação alternativa, fixada em lei; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
terial ou moral decorrente de sua violação; triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- mento tecnológico e econômico do País;
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por XXX- é garantido o direito de herança;
determinação judicial; XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei do de cujus;
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
sual penal; sumidor;
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, sociedade e do Estado;
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
cer ou dele sair com seus bens; mento de taxas:
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
petente; XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada ou ameaça a direito;
a de caráter paramilitar; XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- perfeito e a coisa julgada;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
estatal em seu funcionamento;
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XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
que lhe der a lei, assegurados: ilícitos;
a) a plenitude da defesa; LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga-
b) o sigilo das votações; do da sentença penal condenatória;
c) a soberania dos veredictos; LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
a vida; LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena esta não for intentada no prazo legal;
sem prévia cominação legal;
XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
e liberdades fundamentais; LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres- dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de litar, definidos em lei;
graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion- serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, ou à pessoa por ele indicada;
podendo evitá-los, se omitirem; LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru- de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o lia e de advogado;
Estado Democrático; LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por
XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo sua prisão ou por seu interrogatório policial;
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles dade judiciária;
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
outras, as seguintes: LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
a) privação ou restrição de liberdade; pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-
b) perda de bens; tícia e a do depositário infiel;
c) multa; LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
d) prestação social alternativa; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
e) suspensão ou interdição de direitos; de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
XLVII- não haverá penas: LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
artigo 84, XIX; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
b) de caráter perpétuo; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
c) de trabalhos forçados; buições de Poder Público;
d) de banimento; LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
e) cruéis; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e defesa dos interesses de seus membros ou associados;
moral; LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
ção; lidade, à soberania e à cidadania;
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, LXXII- conceder-se-á habeas data:
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
gas afins, na forma da lei; de entidades governamentais ou de caráter público;
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
lítico ou de opinião; por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
toridade competente; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
devido processo legal; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, da sucumbência;
com os meios e recursos a ela inerentes;
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita A Comissão do Itamarati foi nomeada pelo Governo Provisório.
aos que comprovarem insuficiência de recursos; Dela faziam parte figuras destacadas do mundo político e jurídico do
LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as- pais como Afrânio MeIo Franco, Carlos Maximiliano, José Américo
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; de Almeida, Temístocles Cavalcanti e João Mangabeira. Este último
LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- exerceu um singular papel de vanguarda advogando, na Comissão
ma da lei: do Itamarati, as teses mais avançadas para sua época.
a) o registro civil de nascimento; O anteprojeto constitucional foi bastante discutido no interior
b) a certidão de óbito. da Assembleia Constituinte. For criada uma Comissão Constitucio-
LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data nal. Nomearam-se relatores parciais que se encarregaram de estu-
e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania; dar os diversos capítulos do anteprojeto elaborado pela Comissão
LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- do Itamarati. Foi escolhida uma Comissão de Revisão, para dar aca-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a bamentos ao texto, antes que fosse votado pela Assembleia Cons-
celeridade de sua tramitação. tituinte.
A participação popular foi, entretanto, bastante reduzida. Um
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dos motivos dessa carência de participação foi a censura à impren-
dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda sa. Esta vigorou durante todo o período de funcionamento da Cons-
Constitucional nº 115, de 2022) tituinte.
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais Apesar dessa censura extremamente deplorável, a Constitui-
têm aplicação imediata. ção de 1934 restabeleceu as franquias liberais, suprimidas pelo pe-
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ríodo autoritário que se seguiu à Revolução de 1930. As franquias
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela foram mesmo ampliadas.
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. Os tratados internacionais de direitos humanos têm como fonte
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos o Direito Internacional dos Direitos Humanos, surgido do pós guer-
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso ra da Segunda Guerra Mundial, tendo seu desenvolvimento pode
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos ser atribuído a uma resposta às monstruosas violações de direitos
§4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal humanos da era Hitler e à crença de que parte destas violações po-
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. deria ser prevenida se um efetivo sistema de proteção internacional
de direitos humanos existisse.
O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às Neste cenário fortalece-se a ideia de que a proteção dos direi-
leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men- tos humanos não deve se reduzir ao domínio reservado do Estado,
cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui em âmbito exclusivo à jurisdição doméstica, dado seu relevante in-
característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em teresse internacional.
nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu- Com o surgimento da Organização das Nações Unidas em 1948,
cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas é aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como um
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas. código de princípios e valores universais a serem respeitados pelos
Estados, considerado como marco do desenvolvimento do Direito
Referências Bibliográficas: Internacional dos Direitos Humanos, a partir do qual são adotados
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e inúmeros tratados internacionais voltados à proteção de direitos
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. fundamentais.
Forma-se o sistema normativo global de proteção dos direitos
humanos, no âmbito das Nações Unidas. Este sistema normativo,
DIREITOS HUMANOS E SEUS TRATADOS INTERNACIONAIS por sua vez, é integrado por instrumentos de alcance geral (como
PROTETIVOS E REPERCUSSÃO NO DIREITO BRASILEIRO os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais de 1966) e por instrumentos de al-
cance específico, como as Convenções internacionais que buscam
A Revolução Constitucionalista de 1932 e a voz dos que se le- responder a determinadas violações de direitos humanos.
vantaram contra a prepotência precipitaram a convocação da As- Ao lado do sistema normativo global, surge o sistema norma-
sembleia Constituinte, em 1933.1 tivo regional de proteção, que busca internacionalizar os direitos
Vencidos no embate das armas os paulistas foram historica- humanos no plano regional, particularmente na Europa, América
mente vencedores. Graças a sua resistência. o arbítrio de 193o teve e África.
de ceder. Os sistemas global e regional não são dicotômicos, mas com-
Antecipando os trabalhos da Constituinte, um projeto de Cons- plementares. Inspirados pelos valores e princípios da Declaração
tituição foi elaborado por uma Comissão que veio a ficar conhecida Universal, compõem o universo instrumental de proteção dos direi-
como Comissão do Itamarati. Recebeu esse nome, como fruto do tos humanos, no plano internacional.
uso, porque se reunia ao Palácio do Itamarati. A crescente participação brasileira frente ao sistema interna-
cional de proteção dos direitos humanos tem como marco o proces-
so de democratização do país, deflagrado em 1985, a partir do qual
1 http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/herkenhoff/livro1/ o Estado Brasileiro passou a ratificar relevantes tratados internacio-
dhbrasil/br5.html nais de direitos humanos.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Tido como marco inicial do processo de incorporação de tra- Antes da Emenda Constitucional nº 45/04 que alterou o quadro
tados internacionais de direitos humanos pelo Direito Brasileiro, a quanto aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, ou seja,
ratificação, em 1989, da Convenção contra a Tortura e Outros Tra- tratados de direitos humanos possuem caráter de lei ordinária, mas
tamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes possibilitou que inú- isso não significa que tais direitos eram menos importantes. Na verda-
meros outros importantes instrumentos internacionais de proteção de, após a Constituição de 1988 passou-se a afirmar que os tratados de
dos direitos humanos foram também incorporados pelo Direito direitos humanos são mais do que leis ordinárias, mas fontes de direi-
Brasileiro, sob a égide da Constituição Federal de 1988, tais como: tos implícitos, o que mostra a primazia dos direitos humanos.
a) a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, O precedente histórico da declaração dos tratados internacio-
em 20 de julho de 1989; nais como fonte de direito implícitos foi o questionamento pelo Par-
b) a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setem- tido MDB com relação à LC nº 5. Tal partido político brasileiro que
bro de 1990; abrigou os opositores do Regime Militar de 1964 ante o poderio go-
c) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de vernista da Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Organizado em
janeiro de 1992; fins de 1965 e fundado no ano seguinte, o partido se caracterizou
d) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Cul- por sua multiplicidade ideológica graças sobretudo aos embates
turais, em 24 de janeiro de 1992; entre os “autênticos” e “moderados” quanto aos rumos a seguir
e) a Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25 de se- no enfrentamento ao poder militar. Inicialmente raquítico em seu
tembro de 1992; desempenho eleitoral, experimentou grande crescimento no go-
f) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar verno de Ernesto Geisel obrigando os militares a extinguirem o bi-
a Violência contra a Mulher, em 27 de novembro de 1995. partidarismo e assim surgiu o Partido do Movimento Democrático
Brasileiro em 1980. A LC nº 5 previa que eram inelegíveis não só os
As inovações introduzidas pela Carta de 1988 — especialmen- condenados por certos crimes, mas também quem estivesse sendo
te no que tange ao primado da prevalência dos direitos humanos, processado por estes. Foi efetuada a arguição incidental de incons-
como princípio orientador das relações internacionais — foram fun- titucionalidade, identificando no padrão de confronto o princípio
damentais para a ratificação destes importantes instrumentos de do estado de inocência, que na época era implícito (uma vez que
proteção dos direitos humanos. previsto na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948). O
Segundo o Art. 5º, § 2º da CF, os direitos e garantias expressos TRE não acolheu a tese, mas o TSE sim (4x3). Contudo, o STF caçou a
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos decisão (7x4). Ficou impedida, assim, a candidatura do MDB.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que Logo, todos os tratados que ingressaram no ordenamento jurí-
a República Federativa do Brasil seja parte. dico após a Constituição Federal de 1988 são mais que leis ordiná-
Com efeito, quando um tratado internacional ingressa no or- rias, mas efetivas fontes de direitos implícitos. A exemplo, pode-se
denamento jurídico acrescenta outros direitos e deveres para os mencionar os pactos internacionais dos direitos civis e políticos e
cidadãos. dos direitos econômicos, sociais e culturais, ambos de 1966, e a
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi- Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, que en-
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que traram em vigor no ordenamento em 1992; e a Convenção sobre a
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou tortura de 1984, que entrou em vigor no Brasil em 1991. A questão
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República), é que tais tratados não passaram pelo procedimento similar ao da
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará Emenda Constitucional para aprovação, uma vez que a alteração
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado constitucional que passou a assim estabelecer data de 2004:
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) e a Ainda, segundo o Art. 5º, § 3º, os tratados e convenções inter-
promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo2. nacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direitos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos di- constitucionais. 
reitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudência Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/04, que in-
majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos huma- troduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, os tratados in-
nos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve incor- ternacionais de direitos humanos foram equiparados às emendas
porar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasi- constitucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
leiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas à cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em dois
proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no turnos e com três quintos dos votos dos respectivos membros.
Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”3. Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro,
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma- Não há dúvidas de que os tratados internacionais posteriores à
téria de direitos humanos. emenda, aprovados pelo quórum de 3/5, em dois turnos, têm sta-
tus de norma constitucional. Atualmente, está nesta condição a
2 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão Civil. Convenção Internacional de Direitos da Pessoa Portadora de Defi-
Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. ciência (Decreto nº 6949/09).
3 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e
Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Mas e quanto aos demais tratados? Tratados Internacionais de Direitos Humanos no Brasil
Há posicionamentos conflituosos quanto à possibilidade de
considerar como hierarquicamente constitucional os tratados inter-
TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL APÓS A
nacionais de direitos humanos que ingressaram no ordenamento
CONSTITUIÇÃO DE 1988
jurídico brasileiro anteriormente ao advento da referida emenda. A
posição predominante foi estabelecida pelo Supremo Tribunal Fe- Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
deral na discussão que se deu com relação à prisão civil do deposi- Tortura.
tário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal no Pacto de 1989
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos
São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes Cruéis, desumanos ou degradantes.
da EC nº 45/04 e depois da CF/88). O Supremo Tribunal Federal fir-
mou o entendimento pela supra legalidade do tratado de direitos 1990 Convenção sobre os Direitos da Criança.
humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que paralisaria a Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.
eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a Constituição
no ponto controverso). Logo, o tratado de direitos humanos ante- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
1992
rior à Emenda Constitucional nº 45/04 é mais do que lei ordinária, Culturais.
e por isso paralisa a lei ordinária que o contrarie, porém menos que Convenção Americana de Direitos Humanos.
o texto constitucional. Criou-se, então, uma necessidade de dupla
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
compatibilidade das leis ordinárias. 1995
É possível que um tratado de direitos humanos anterior à Erradicar a Violência contra a Mulher.
Emenda Constitucional nº 45/04 adquira caráter constitucional? Protocolo à Convenção Americana referente à abolição
Sim, basta que este tratado seja submetido a uma nova votação da Pena de Morte.
no Congresso Nacional, desta vez nos moldes da Emenda (2 turnos, 1996 Protocolo à Convenção Americana referente aos
quórum de 3/5). Feito isto, se encerraria qualquer controvérsia e o
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de
caráter do tratado passaria a ser de norma constitucional.
San Salvador).
As formalidades exigidas para a incorporação de normas in- Reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana
1998
ternacionais em geral e tratados de direitos humanos de Direitos Humanos.
A incorporação das normas internacionais ao direito interno Convenção Interamericana para a Eliminação de todas
brasileiro de modo geral, somente se dá após o cumprimento de
2001 as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras
um rito solene: negociação, assinatura do instrumento pelo Esta-
de Deficiência.
do brasileiro; aprovação do Congresso Nacional mediante decreto
legislativo; ratificação, promulgação por decreto do Executivo e pu- Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal
blicação. Assim, a aprovação dos tratados no Brasil segue o mesmo Internacional.
processo da elaboração da lei. 2002
Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação
A promulgação e publicação incorporam os tratados interna- de todas as formas de Discriminação contra a Mulher.
cionais ao Direito interno, colocando-os, em regra, no mesmo nível
das leis ordinárias, a exceção dos Tratados Internacionais de Direi- Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos
tos Humanos. da Criança, referentes ao envolvimento de crianças em
2004
Com a Emenda Constitucional nº 45, que introduziu na Cons- conflitos armados e à venda de crianças e prostituição e
tituição de 1988 o § 3º do art. 5º, os tratados e convenções inter- pornografia infantis.
nacionais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 2007 e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
respectivos membros, passaram a ter status equivalentes às emen- Degradantes.
das constitucionais. No Brasil, apenas o Tratado de Marraquexe e
a Convenção internacional sobre os direitos das pessoas com defici- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
2008
ência e seu Protocolo Facultativo tem esse status. Deficiência (inclui Protocolo Facultativo).
Os demais, a exemplo do Pacto de San José da Costa Rica, tem Tratado de Marraquexe para facilitar o acesso a obras
status supralegal, e, os Tratados e Convenções Internacionais de as- 2015
públicas às pessoas cegas.
sunto geral, que não tratam sobre Direitos Humanos tem status de
Lei ordinária. As posições doutrinárias
A Constituição Federal não estabelece por si só com clareza a
hierarquia entre tratados internacionais e as normas internas do di-
reito brasileiro. Coube, assim, à jurisprudência e à doutrina definir a
hierarquia entre normas internas e internacionais no ordenamento
jurídico brasileiro. O entendimento doutrinário não coadunava com
a ideia do STF (de antes da EC 45/04) da primazia absoluta do direi-
to internacional sobre o direito interno, adotando o monismo mo-

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

derado ao tempo que alguns doutrinadores acreditavam ser permi- TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO
tido o ingresso dos tratados internacionais de direitos humanos no
BRASILEIRO
ordenamento jurídico com status de norma constitucional.
Hoje, com relação ao status dos Tratados e Convenções Inter- TRATADOS STATUS
nacionais no direito interno brasileiro, a doutrina, embora nem Tratados Internacionais que versem sobre
sempre uníssona, acolhe em sua maioria, a classificação e o status Direitos Humanos aprovados em cada casa Emenda
atribuído pelo STF. do Congresso, em 2 turnos por 3/5 dos Constitucional
respectivos membros.
A posição do Supremo Tribunal Federal
Quanto à hierarquia entre tratados internacionais e normas de Tratados Internacionais sobre Direitos
direito interno, antes, o STF adotava o entendimento de que todo e Humanos, mas não aprovados em 2 turnos por Supralegal
qualquer tratado internacional, independentemente de seu conte- 3/5 dos membros de cada casa do Congresso.
údo, tinha o status de lei ordinária (CF, artigo 102, III, b) e até 1977, Tratados internacionais que não versem sobre
os tratados internacionais sempre prevaleciam sobre o direito inter- Lei Ordinária
Direitos Humanos. 
no. Dada a paridade normativa, em caso de conflito deve se resol-
ver pela aplicação dos critérios cronológicos (lei posterior prevalece
à anterior) e da especialidade (lei especial prevalece sobre a geral. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE E DIREITOS
Quanto ao status dos tratados internacionais, em 2008, no RE HUMANOS
466.343-1 / SP, o STF julgou controvérsia envolvendo a prisão do
depositário infiel, revolucionando a jurisprudência.
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão Trata-se do mecanismo de direito internacional que permite a
civil por dívidas, salvo nos casos de não pagamento de pensão ali- averiguação da compatibilidade do direito interno com os tratados
mentícia e do depositário infiel. O Pacto Internacional dos Direitos internacionais em vigor no país, notadamente os de direitos huma-
Civis e Políticos (PIDCP) e a Convenção Americana sobre Direitos nos, mas não somente eles. Assim, a norma interna deve ser com-
Humanos – Pacto de São José da Costa Rica vedam a prisão do de- patível com a ordem jurídica internacional e não violar preceitos de
positário infiel. Ainda assim, restou mantida a jurisprudência pela direito internacional a que está obrigado o país.
constitucionalidade da prisão do depositário infiel, uma vez que o
Pacto ingressou no ordenamento jurídico na qualidade de norma O controle de convencionalidade foi criado a partir dos docu-
infraconstitucional. mentos internacionais, chamados comumente convenções. Os
Após a Emenda Constitucional 45, de 2004, que acrescentou o tratados internacionais são baseados em convenção internacional,
parágrafo 3° ao inciso LXXVIII do artigo 5º, os tratados e convenções que é uma negociação internacional, assim, o controle de conven-
internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil seja signatá- cionalidade tem por lógica aferir se as leis e os atos normativos
rio e que forem aprovados pelo Congresso Nacional, em votação ofendem ou não a algum tratado internacional que verse sobre Di-
de dois turnos, por três quintos de seus membros, passaram a ter reitos Humanos.
status equivalente às Emendas Constitucionais. Contudo, o Pacto A terminologia adotada e difundida no Brasil por Valério Ma-
de San José da Costa Rica foi aprovado por maioria simples. Tal zzuoli (em adesão à tradição francesa) busca evidenciar a distinção
questão acerca do status dos tratados de direitos humanos gerou entre o controle de constitucionalidade, pois independentemente
profundas discussões nos tribunais e o STF decidiu que os tratados de sua hierarquia constitucional, trata-se de afirmar que os tratados
internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil antes (aqui referidos pelo termo convenções) operam como parâmetro
das alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, ou para o controle de outros atos normativos que lhes são — ou não
seja, sem passar pelo processo de aprovação previsto no art. 5º, § — hierarquicamente inferiores.
3º deveriam ter status supralegal, hierarquicamente inferior às nor- Há que considerar que o controle de convencionalidade (interno)
mas constitucionais, mas superior às normas infraconstitucionais. não é um controle exclusivamente jurisdicional igualmente há de
Assim, a prisão do depositário infiel não foi considerada inconsti- ser sublinhado e talvez possa merecer alguma atenção adicional
tucional, pois sua previsão segue na Constituição, mas, na prática, como hipótese plausível. O Poder Legislativo, quando da apreciação
passou a ser ilegal, uma vez que as leis que regulam tal medida de algum projeto de lei, assim como deveria sempre atentar para
coercitiva estão abaixo dos tratados internacionais de direitos hu- a compatibilidade da legislação com a CF, também deveria assumir
manos. Esse entendimento do que caráter supralegal dos tratados como parâmetro os tratados internacionais, o que, de resto, não
devidamente ratificados e internalizados na ordem jurídica brasi- se aplica apenas aos tratados de direitos humanos, mas deveria
leira, sem submeter-se ao processo legislativo estipulado pelo art. ser levado ainda mais a sério nesses casos. Não se pode olvidar
5º, § 3º, da CF/88 foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculante que legislação interna incompatível com algum tratado ratificado
25, em 2009 que aduz: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, pelo Brasil e que esteja em vigor na esfera supranacional configura
qualquer que seja a modalidade do depósito”. violação do tratado, cabendo ao Poder Legislativo operar de modo
preventivo também nessa seara.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

PARTE I
PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTI- ARTIGO 1
COS E CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE DIREI-
TOS HUMANOS 1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude
desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asse-
guram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultur-
DECRETO NO 592, DE 6 DE JULHO DE 1992. al.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem
Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e dispor livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem
Políticos. Promulgação prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica in-
ternacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe Internacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus
confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e meios de subsistência.
Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis 3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que
e Políticos foi adotado pela XXI Sessão da Assembléia-Geral das tenham a responsabilidade de administrar territórios não-autôno-
Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966; mos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do dire-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do ito à autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n° com as disposições da Carta das Nações Unidas.
226, de 12 de dezembro de 1991;
Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional PARTE II
sobre Direitos Civis e Políticos foi depositada em 24 de janeiro de ARTIGO 2
1992;
Considerando que o pacto ora promulgado entrou em vigor, 1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a
para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 49, § 2°; respeitar e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu
DECRETA: território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos recon-
hecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo
Art. 1° O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, ap- de raça, cor, sexo. língua, religião, opinião política ou de outra na-
enso por cópia ao presente decreto, será executado e cumprido tão tureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento
inteiramente como nele se contém. ou qualquer condição.
Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza
Brasília, 06 de julho de 1992; 171° da Independência e 104° da destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente
República. Pacto, os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
tomar as providências necessárias com vistas a adotá-las, levando
ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNAC- em consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e
IONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS/MRE as disposições do presente Pacto.
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a:
PREÂMBULO a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades recon-
Os Estados Partes do presente Pacto, hecidos no presente Pacto tenham sido violados, possa de um re-
curso efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetra por pes-
Considerando que, em conformidade com os princípios proc- soas que agiam no exercício de funções oficiais;
lamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da digni- b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu
dade inerente a todos os membros da família humana e de seus direito determinado pela competente autoridade judicial, adminis-
direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, trativa ou legislativa ou por qualquer outra autoridade competente
da justiça e da paz no mundo, prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão; e a desen-
Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade iner- volver as possibilidades de recurso judicial;
ente à pessoa humana, c) Garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de
Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni- qualquer decisão que julgar procedente tal recurso.
versal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, no gozo
das liberdades civis e políticas e liberto do temor e da miséria, não ARTIGO 3
pode ser realizado e menos que se criem às condições que per-
mitam a cada um gozar de seus direitos civis e políticos, assim como Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a asse-
de seus direitos econômicos, sociais e culturais, gurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Esta- civis e políticos enunciados no presente Pacto.
dos a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos di-
reitos e das liberdades do homem,
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem a
obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos recon-
hecidos no presente Pacto,
Acordam o seguinte:
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ARTIGO 4 5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes


cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mul-
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da heres em estado de gravidez.
nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes do pre- 6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo
sente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida pela situação, para retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Esta-
medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente do Parte do presente Pacto.
Pacto, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as de-
mais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito Internacional ARTIGO 7
e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça,
cor, sexo, língua, religião ou origem social. Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido so-
dos artigos 6, 7, 8 (parágrafos 1 e 2) 11, 15, 16, e 18. bretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a ex-
3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem uso do di- periências médias ou cientificas.
reito de suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Es-
tados Partes do presente Pacto, por intermédio do Secretário-Geral ARTIGO 8
da Organização das Nações Unidas, as disposições que tenham sus-
pendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes 1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a escravidão
deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por intermédio e o tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na data em 2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
que terminar tal suspensão. 3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos força-
dos ou obrigatórios;
ARTIGO 5 b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpre-
tada no sentido de proibir, nos países em que certos crimes sejam
1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser inter- punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma
pretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente;
qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou praticar c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considera-
quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ou dos «trabalhos forçados ou obrigatórios»:
liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limitações i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea b) nor-
mais amplas do que aquelas nele previstas. malmente exigido de um individuo que tenha sido encarcerado em
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direi- cumprimento de decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal
tos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer decisão, ache-se em liberdade condicional;
Estado Parte do presente Pacto em virtude de leis, convenções, reg- ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se
ulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço na-
os reconheça ou os reconheça em menor grau. cional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço
militar por motivo de consciência;
PARTE III iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de
ARTIGO 6 calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade;
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito cívicas normais.
deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente
privado de sua vida. ARTIGO 9
2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida,
esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
em conformidade com legislação vigente na época em que o crime Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Nin-
foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições do guém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previs-
presente Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a tos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabe-
Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena ap- lecidos.
enas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e pro- 2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das
ferida por tribunal competente. razões da prisão e notificada, sem demora, das acusações formu-
3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio, ladas contra ela.
entende-se que nenhuma disposição do presente artigo autorizará 3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de in-
qualquer Estado Parte do presente Pacto a eximir-se, de modo al- fração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz
gum, do cumprimento de qualquer das obrigações que tenham ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais
assumido em virtude das disposições da Convenção sobre a Pre- e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta
venção e a Punição do Crime de Genocídio. em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam jul-
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto gamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá
ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação da pena estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento
poderá ser concedido em todos os casos. da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e,
se necessário for, para a execução da sentença.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação
prisão ou encarceramento terá o direito de recorrer a um tribunal de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de
para que este decida sobre a legislação de seu encarceramento e seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público
ordene sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal. poderão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento,
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais quer por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segu-
terá direito à repartição. rança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o in-
teresse da vida privada das Partes o exija, que na medida em que
ARTIGO 10 isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circun-
stâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em
humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. matéria penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o in-
2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo teresse de menores exija procedimento oposto, ou processo diga
em circunstâncias excepcionais, das pessoas condenadas e rece- respeito à controvérsia matrimoniais ou à tutela de menores.
ber tratamento distinto, condizente com sua condição de pessoa 2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se pre-
não-condenada. suma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua
b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das culpa.
adultas e julgadas o mais rápido possível. 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena
3. O regime penitenciário consistirá num tratamento cujo ob- igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias:
jetivo principal seja a reforma e a reabilitação normal dos prisionei- a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreen-
ros. Os delinquentes juvenis deverão ser separados dos adultos e da e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusão con-
receber tratamento condizente com sua idade e condição jurídica. tra ela formulada;
b) De dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de
ARTIGO 11 sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha;
c) De ser julgado sem dilações indevidas;
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com d) De estar presente no julgamento e de defender-se pessoal-
uma obrigação contratual. mente ou por intermédio de defensor de sua escolha; de ser infor-
mado, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo
ARTIGO 12 e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensor
designado ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para remu-
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um nerá-lo;
Estado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua e) De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusão
residência. e de obter o comparecimento eo interrogatório das testemunhas
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer de defesa nas mesmas condições de que dispõem as de acusação;
país, inclusive de seu próprio país. f) De ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não
3. os direitos supracitados não poderão em lei e no intuito de compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento;
restrições, a menos que estejam previstas em lei e no intuito de g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confes-
proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral pú- sar-se culpada.
blica, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que 4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos
sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no presente termos da legislação penal em conta a idade dos menos e a im-
Pacto. portância de promover sua reintegração social.
4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito de 5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá direito de
entrar em seu próprio país. recorrer da sentença condenatória e da pena a uma instância supe-
rior, em conformidade com a lei.
ARTIGO 13 6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for pos-
teriormente anulada ou se um indulto for concedido, pela ocorrên-
Um estrangeiro que se ache legalmente no território de um Es- cia ou descoberta de fatos novos que provem cabalmente a existên-
tado Parte do presente Pacto só poderá dele ser expulso em decor- cia de erro judicial, a pessoa que sofreu a pena decorrente desse
rência de decisão adotada em conformidade com a lei e, a menos condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos
que razões imperativas de segurança nacional a isso se oponham, que fique provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente,
terá a possibilidade de expor as razões que militem contra sua ex- a não revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil.
pulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades compe- 7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito
tentes, ou por uma ou varias pessoas especialmente designadas pelo qual já foi absorvido ou condenado por sentença passada em
pelas referidas autoridades, e de fazer-se representar com esse julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos penais de
objetivo. cada país.

ARTIGO 14 ARTIGO 15

1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes 1. ninguém poderá ser condenado por atos omissões que não
de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacion-
com devidas garantias por um tribunal competente, independente al, no momento em que foram cometidos. Tampouco poder-se-á
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrên- ARTIGO 20


cia do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a im-
posição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se. 1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guer-
2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julga- ra.0707
mento ou a condenação de qualquer individuo por atos ou omissões 2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, ra-
que, momento em que forma cometidos, eram considerados delit- cial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à host-
uosos de acordo com os princípios gerais de direito reconhecidos ilidade ou a violência.
pela comunidade das nações.
ARTIGO 16 ARTIGO 21

Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reconhecimen- O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exercício
to de sua personalidade jurídica. desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e
que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no in-
ARTIGO 17 teresse da segurança nacional, da segurança ou da ordem pública,
ou para proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e as
1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbitrárias ou liberdades das demais pessoas.
ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas honra e ARTIGO 22
reputação.
2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas in- 1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras,
gerências ou ofensas. inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a
proteção de seus interesses.
ARTIGO 18 2. O exercício desse direito estará sujeito apenas ás restrições
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade de-
1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de con- mocrática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da
sciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os
adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de direitos e liberdades das demais pessoas. O presente artigo não im-
professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito
pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de por membros das forças armadas e da polícia.
ritos, de práticas e do ensino. 3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacion-
possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou al do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito
crença de sua escolha. sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam ou
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença es- aplicar a lei de maneira a restringir as garantias previstas na referida
tará sujeita apenas à limitações previstas em lei e que se façam Convenção.
necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral
públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. ARTIGO 23
4. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a re-
speitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais 1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
- de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
acordo com suas próprias convicções. 2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em
idade núbil, contrair casamento e constituir família.
ARTIGO 19 3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre
e pleno dos futuros esposos.
1. ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar as medi-
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direi- das apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsa-
to incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e bilidades dos esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e
ideias de qualquer natureza, independentemente de considerações por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, deverão ad-
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou otar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os
artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha. filhos.
3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente
artigo implicará deveres e responsabilidades especiais. Conse- ARTIGO 24
quentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem,
entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam 1. Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por mo-
necessárias para: tivo de cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou social, situ-
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais ação econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua
pessoas; condição de menor requerer por parte de sua família, da sociedade
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral e do Estado.
públicas. 2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu
nascimento e deverá receber um nome.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. ARTIGO 30

ARTIGO 25 1. A primeira eleição realizar-se-á no máximo seis meses após a


data de entrada em vigor do presente Pacto.
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das 2. Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição do
formas de discriminação mencionadas no artigo 2 e sem restrições Comitê, e desde que seja uma eleição para preencher uma vaga
infundadas: declarada nos termos do artigo 34, o Secretário-Geral da Organ-
a) de participar da condução dos assuntos públicos, direta- ização das Nações Unidas convidará, por escrito, os Estados Partes
mente ou por meio de representantes livremente escolhidos; do presente Protocolo a indicar, no prazo de três meses, os candida-
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, tos a membro do Comitê.
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, 3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas or-
que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; ganizará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções assim designados, mencionando os Estados Partes que os tiverem
públicas de seu país. indicado, e a comunicará aos Estados Partes o presente Pacto, no
Máximo um mês antes da data de cada eleição.
ARTIGO 26 4. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões dos Es-
tados Partes convocados pelo Secretário-Geral da Organização das
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem Nações Unidas na sede da Organização. Nessas reuniões, em que
discriminação alguma, a igual proteção da Lei. A este respeito, a lei o quórum será estabelecido por dois terços dos Estados Partes do
deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas presente Pacto, serão eleitos membros do Comitê os candidatos
as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou votos dos representantes dos Estados Partes presentes e votantes.
de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica,
nascimento ou qualquer outra situação. ARTIGO 31

ARTIGO 27 1. O Comitê não poderá ter mais de uma nacional de um mes-


mo Estado.
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lin- 2. Nas eleições do Comitê, levar-se-ão em consideração uma
guísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão distribuição geográfica equitativa e uma representação das diversas
ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros membros formas de civilização, bem como dos principais sistemas jurídicos.
de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua
própria religião e usar sua própria língua. ARTIGO 32

PARTE IV 1. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de


ARTIGO 28 quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas
novamente, ser reeleitos. Entretanto, o mandato de nove dos mem-
1. Constituir-se-á um Comitê de Diretores Humanos (doravante bros eleitos na primeira eleição expirará ao final de dois anos; ime-
denominado o «Comitê» no presente Pacto). O Comitê será com- diatamente após a primeira eleição, o presidente da reunião a que
posto de dezoito membros e desempenhará as funções descritas se refere o parágrafo 4 do artigo 30 indicará, por sorteio, os nomes
adiante. desses nove membros.
2. O Comitê será integrado por nacionais dos Estados Partes do 2. Ao expirar o mandato dos membros, as eleições se realizarão
presente Pacto, os quais deverão ser pessoas de elevada reputação de acordo com o disposto nos artigos precedentes desta parte do
moral e reconhecida competência em matéria de direito humanos, presente Pacto.
levando-se em consideração a utilidade da participação de algumas
pessoas com experiências jurídicas. ARTIGO 33
3. Os membros do Comitê serão eleitos e exercerão suas
funções a título pessoal. 1.Se, na opinião unânime dos demais membros, um membro
do Comitê deixar de desempenhar suas funções por motivos dis-
ARTIGO 29 tintos de uma ausência temporária, o Presidente comunicará tal
fato ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, que
1. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta declarará vago o lugar que o referido membro ocupava.
dentre uma lista de pessoas que preencham os requisitos previstos 2. Em caso de morte ou renúncia de um membro do Comitê, o
no artigo 28 e indicados, com esse objetivo, pelos Estados Partes do Presidente comunicará imediatamente tal fato ao Secretário-Geral
presente Pacto. da Organização das Nações Unidas, que declarará vago o lugar des-
2. Cada Estado Parte no presente Pacto poderá indicar duas de a data da morte ou daquela em que a renúncia passe a produzir
pessoas. Essas pessoas deverão ser nacionais do Estado que as in- efeitos.
dicou.
3. A mesma pessoa poderá ser indicada mais de uma vez.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ARTIGO 34 b) As decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos


dos membros presentes.
1. Quando uma vaga for declarada nos termos do artigo 33 e
o mandato do membro a ser substituído não expirar no prazo de ARTIGO 40
seis messes a conta da data em que tenha sido declarada a vaga, o
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas comunicará tal 1. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a
fato aos Estados Partes do presente Pacto, que poderá, no prazo de submeter relatórios sobre as medidas por eles adotadas para tor-
dois meses, indicar candidatos, em conformidade com o artigo 29, nar efeitos os direitos reconhecidos no presente Pacto e sobre o
para preencher a vaga. processo alcançado no gozo desses direitos:
2. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas or- a) Dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência do
ganizará uma lista por ordem alfabética dos candidatos assim des- presente pacto nos Estados Partes interessados;
ignados e a comunicará aos Estados Partes do presente Pacto. A b) A partir de então, sempre que o Comitê vier a solicitar.
eleição destinada a preencher tal vaga será realizada nos termos 2. Todos os relatórios serão submetidos ao Secretário-Geral da
das disposições pertinentes desta parte do presente Pacto. Organização das Nações Unidas, que os encaminhará, para exame,
3. Qualquer membro do Comitê eleito para preencher uma ao Comitê. Os relatórios deverão sublinhar, caso existam, os fatores
vaga em conformidade com o artigo 33 fará parte do Comitê du- e as dificuldades que prejudiquem a implementação do presente
rante o restante do mandato do membro que deixar vago o lugar do Pacto.
Comitê, nos termos do referido artigo. 3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
poderá, após consulta ao Comitê, encaminhar às agências especial-
ARTIGO 35 izadas interessadas cópias das partes dos relatórios que digam res-
peito a sua esfera de competência.
Os membros do Comitê receberão, com a aprovação da Assem- 4. O Comitê estudará os relatórios apresentados pelos Es-
bléia-Geral da Organização das Nações, honorários provenientes de tados Partes do presente Pacto e transmitirá aos Estados Partes
recursos da Organização das Nações Unidas, nas condições fixadas, seu próprio relatório, bem como os comentários gerais que julgar
considerando-se a importância das funções do Comitê, pela Assem- oportunos. O Comitê poderá igualmente transmitir ao Conselho
bléia-Geral. Econômico e Social os referidos comentários, bem como cópias dos
relatórios que houver recebido dos Estados Partes do presente Pac-
ARTIGO 36 to.
5. Os Estados Partes no presente Pacto poderão submeter ao
O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas colocará Comitê as observações que desejarem formular relativamente aos
à disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários ao de- comentários feitos nos termos do parágrafo 4 do presente artigo.
sempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas em virtude do
presente Pacto. ARTIGO 41

ARTIGO 37 1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte do presente


Pacto poderá declarar, a qualquer momento, que reconhece a com-
1. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas con- petência do Comitê para receber e examinar as comunicações em
vocará os Membros do Comitê para a primeira reunião, a realizar-se que um Estado Parte alegue que outro Estado Parte não vem cum-
na sede da Organização. prindo as obrigações que lhe impõe o presente Pacto. As referidas
2. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas comunicações só serão recebidas e examinadas nos termos do pre-
as ocasiões previstas em suas regras de procedimento. sente artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte
3. As reuniões do Comitê serão realizadas normalmente na que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação
sede da Organização das Nações Unidas ou no Escritório das Nações a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê não receberá co-
Unidas em Genebra. municação alguma relativa a um Estado Parte que não houver fei-
to uma declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em
ARTIGO 38 virtude do presente artigo estarão sujeitas ao procedimento que
se segue:
Todo Membro do Comitê deverá, antes de iniciar suas funções, a) Se um Estado Parte do presente Pacto considerar que outro
assumir, em sessão pública, o compromisso solene de que desem- Estado Parte não vem cumprindo as disposições do presente Pacto
penhará suas funções imparciais e conscientemente. poderá, mediante comunicação escrita, levar a questão ao conheci-
mento deste Estado Parte. Dentro do prazo de três meses, a contar
ARTIGO 39 da data do recebimento da comunicação, o Estado destinatário for-
necerá ao Estado que enviou a comunicação explicações ou quais-
1. O Comitê elegerá sua mesa para um período de dois anos. Os quer outras declarações por escrito que esclareçam a questão, as
membros da mesa poderão ser reeleitos. quais deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinente,
2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de procedimen- aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos adotados, em
to; estas, contudo, deverão conter, entre outras, as seguintes dis- trâmite ou disponíveis sobre a questão;
posições: b) Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data do re-
a) O quorum será de doze membros; cebimento da comunicação original pelo Estado destinatário, a
questão não estiver dirimida satisfatoriamente para ambos os Esta-
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

dos partes interessados, tanto um como o outro terão o direito de ofícios à disposição dos Estados Partes interessados no intuito de se
submetê-la ao Comitê, mediante notificação endereçada ao Comitê alcançar uma solução amistosa para a questão baseada no respeito
ou ao outro Estado interessado; ao presente Pacto.
c) O Comitê tratará de todas as questões que se lhe submetem b) A Comissão será composta de cinco membros designados
em virtude do presente artigo somente após ter-se assegurado de com o consentimento dos Estados interessados. Se os Estados
que todos os recursos jurídicos internos disponíveis tenham sido Partes interessados não chegarem a um acordo a respeito da to-
utilizados e esgotados, em consonância com os princípios do Direito talidade ou de parte da composição da Comissão dentro do prazo
Internacional geralmente reconhecidos. Não se aplicará essa regra de três meses, os membro da Comissão em relação aos quais não
quanto a aplicação dos mencionados recursos prolongar-se injusti- se chegou a acordo serão eleitos pelo Comitê, entre os seus própri-
ficadamente; os membros, em votação secreta e por maioria de dois terços dos
d) O Comitê realizará reuniões confidencias quando estiver ex- membros do Comitê.
aminando as comunicações previstas no presente artigo; 2. Os membros da Comissão exercerão suas funções a título
e) Sem prejuízo das disposições da alínea c) Comitê colocará pessoal. Não poderão ser nacionais dos Estados interessados, nem
seus bons Ofícios dos Estados Partes interessados no intuito de al- de Estado que não seja Parte do presente Pacto, nem de um Estado
cançar uma solução amistosa para a questão, baseada no respeito Parte que não tenha feito a declaração prevista no artigo 41.
aos direitos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos no 3. A própria Comissão alegará seu Presidente e estabelecerá
presente Pacto; suas regras de procedimento.
f) Em todas as questões que se submetam em virtude do pre- 4. As reuniões da Comissão serão realizadas normalmente na
sente artigo, o Comitê poderá solicitar aos Estados Partes interes- sede da Organização das Nações Unidas ou no escritório das Nações
sados, a que se faz referencia na alínea b) , que lhe forneçam quais- Unidas em Genebra. Entretanto, poderão realizar-se em qualquer
quer informações pertinentes; outro lugar apropriado que a Comissão determinar, após consulta
g) Os Estados Partes interessados, a que se faz referência na ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas e aos Esta-
alínea b), terão direito de fazer-se representar quando as questões dos Partes interessados.
forem examinadas no Comitê e de apresentar suas observações 5. O secretariado referido no artigo 36 também prestará
verbalmente e/ou por escrito; serviços às condições designadas em virtude do presente artigo.
h) O Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data de re- 6. As informações obtidas e coligidas pelo Comitê serão colo-
cebimento da notificação mencionada na alínea b), apresentará cadas à disposição da Comissão, a qual poderá solicitar aos Estados
relatório em que: Partes interessados que lhe forneçam qualquer outra informação
(i se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea pertinente.
e), o Comitê restringir-se-á, em relatório, a uma breve exposição 7. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos,
dos fatos e da solução alcançada. mas, em qualquer caso, no prazo de doze meses após dela tomado
(ii se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da conhecimento, a Comissão apresentará um relatório ao Presidente
alínea e), o Comitê, restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve do Comitê, que o encaminhará aos Estados Partes interessados:
exposição dos fatos; serão anexados ao relatório o texto das ob- a) Se a Comissão não puder terminar o exame da questão, re-
servações escritas e as atas das observações orais apresentadas pe- stringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição sobre o está-
los Estados Parte interessados. gio em que se encontra o exame da questão;
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos Estados b) Se houver sido alcançado uma solução amistosa para a
Partes interessados. questão, baseada no respeito dos direitos humanos reconhecidos
2. As disposições do presente artigo entrarão em vigor a partir no presente Pacto, a Comissão restringir-se-á, em relatório, a uma
do momento em que dez Estados Partes do presente Pacto houver- breve exposição dos fatos e da solução alcançada;
em feito as declarações mencionadas no parágrafo 1 desde artigo. c) Se não houver sido alcançada solução nos termos da alínea
As referidas declarações serão depositados pelos Estados Partes b) a Comissão incluirá no relatório suas conclusões sobre os fatos
junto ao Secretário-Geral das Organizações das Nações Unidas, relativos à questão debatida entre os Estados Partes interessados,
que enviará cópias das mesmas aos demais Estados Partes. Toda assim como sua opinião sobre a possibilidade de solução amistosa
declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante no- para a questão, o relatório incluirá as observações escritas e as atas
tificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem das observações orais feitas pelos Estados Partes interessados;
prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto d) Se o relatório da Comissão for apresentado nos termos da
de uma comunicação já transmitida nos termos deste artigo; em alínea c), os Estados Partes interessados comunicarão, no prazo
virtude do presente artigo, não se receberá qualquer nova comu- de três meses a contar da data do recebimento do relatório, ao
nicação de um Estado Parte uma vez que o Secretário-Geral tenha Presidente do Comitê se aceitam ou não os termos do relatório da
recebido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos que Comissão.
o Estado Parte interessado haja feito uma nova declaração. 8. As disposições do presente artigo não prejudicarão as
atribuições do Comitê previstas no artigo 41.
ARTIGO 42 9. Todas as despesas dos membros da Comissão serão repar-
tidas equitativamente entre os Estados Partes interessados, com
1. a) Se uma questão submetida ao Comitê, nos termos do arti- base em estimativas a serem estabelecidas pelo Secretário-Geral da
go 41, não estiver dirimida satisfatoriamente para os Estados Partes Organização das Nações Unidas.
interessados, o Comitê poderá, com o consentimento prévio dos
Estados Partes interessados, constituir uma Comissão ad hoc (dora-
vante denominada «a Comissão»). A Comissão colocará seus bons
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

10. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas 3. O presente Pacto está aberto à adesão de qualquer dos Esta-
poderá caso seja necessário, pagar as despesas dos membros da dos mencionados no parágrafo 1 do presente artigo.
Comissão antes que sejam reembolsadas pelos Estados Partes in- 4. Far-se-á a adesão mediante depósito do instrumento de
teressados, em conformidade com o parágrafo 9 do presente artigo. adesão junto ao Secretário-Geral da Organização das Nações Uni-
das.
ARTIGO 43 5. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas in-
formará todos os Estados que hajam assinado o presente Pacto ou
Os membros do Comitê e os membros da Comissão de Concil- a ele aderido do deposito de cada instrumento de ratificação ou
iação ad hoc que forem designados nos termos do artigo 42 terão adesão.
direito às facilidades, privilégios e imunidades que se concedem aos
peritos no desempenho de missões para a Organização das Nações ARTIGO 49
Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Convenção
sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas. 1. O presente Pacto entrará em vigor três meses após a data
do depósito, junto ao Secretário-Geral da Organização das Nações
ARTIGO 44 Unidas, do trigésimo-quinto instrumento de ratificação ou adesão.
2. Para os Estados que vierem a ratificar o presente Pacto ou
As disposições relativas à implementação do presente Pac- a ele aderir após o deposito do trigésimo-quinto instrumento de
to aplicar-se-ão sem prejuízo dos procedimentos instituídos em ratificação ou adesão, o presente Pacto entrará em vigor três meses
matéria de direito humanos pelos ou em virtude dos mesmos in- após a data do deposito, pelo Estado em questão, de seu instru-
strumentos constitutivos e pelas Convenções da Organização das mento de ratificação ou adesão.
Nações Unidas e das agências especializadas e não impedirão que
os Estados Partes venham a recorrer a outros procedimentos para ARTIGO 50
a solução de controvérsias em conformidade com os acordos inter-
nacionais gerias ou especiais vigentes entre eles. Aplicar-se-ão as disposições do presente Pacto, sem qualquer
limitação ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados
ARTIGO 45 federativos.

O Comitê submeterá a Assembleia-Geral, por intermédio do ARTIGO 51


Conselho Econômico e Social, um relatório sobre suas atividades.
1. Qualquer Estado Parte do presente Pacto poderá propor
PARTE V emendas e depositá-las junto ao Secretário-Geral da Organização
ARTIGO 46 das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará todas as propos-
tas de emenda aos Estados Partes do presente Pacto, pedindo-lhes
Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpreta- que o notifiquem se desejam que se convoque uma conferencia dos
da em detrimento das disposições da Carta das Nações Unidas e Estados Partes destinada a examinar as propostas e submetê-las a
das constituições das agências especializadas, as quais definem as votação. Se pelo menos um terço dos Estados Partes se manifes-
responsabilidades respectivas dos diversos órgãos da Organização tar a favor da referida convocação, o Secretário-Geral convocará a
das Nações Unidas e das agências especializadas relativamente às conferência sob os auspícios da Organização das Nações Unidas.
questões tratadas no presente Pacto. Qualquer emenda adotada pela maioria dos Estados Partes pre-
sente e votantes na conferência será submetida à aprovação da As-
ARTIGO 47 sembleia-Geral das Nações Unidas.
2. Tais emendas entrarão e, vigor quando aprovadas pela As-
Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpreta- sembleia-Geral das Nações Unidas e aceitas em conformidade com
da em detrimento do direito inerente a todos os povos de desfrutar seus respectivos procedimentos constitucionais, por uma maioria
e utilizar plena e livremente suas riquezas e seus recursos naturais. de dois terços dos Estados Partes no presente Pacto.
3. Ao entrarem em vigor, tais emendas serão obrigatórias para
PARTE VI os Estados Partes que as aceitaram, ao passo que os demais Estados
ARTIGO 48 Partes permanecem obrigados pelas disposições do presente Pacto
e pelas emendas anteriores por eles aceitas.
1. O presente Pacto está aberto à assinatura de todos os Esta-
dos membros da Organização das Nações Unidas ou membros de ARTIGO 52
qualquer de suas agências especializadas, de todo Estado Parte do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça, bem como de qualquer Independentemente das notificações previstas no parágrafo 5
de suas agências especializadas, de todo Estado Parte do Estatu- do artigo 48, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
to da Corte Internacional de Justiça, bem como de qualquer outro comunicará a todos os Estados referidos no parágrafo 1 do referido
Estado convidado pela Assembleia-Geral a tornar-se Parte do pre- artigo:
sente Pacto. a) as assinaturas, ratificações e adesões recebidas em conform-
2. O presente Pacto está sujeito à ratificação. Os instrumentos idade com o artigo 48;
de ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral da Or-
ganização da Organização das Nações Unidas.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

b) a data de entrega em vigor do Pacto, nos termos do artigo Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de normas internas
49, e a data, e a data em entrada em vigor de quaisquer emendas, e internacionais específicas sobre refugiados, asilados, agentes e
nos termos do artigo 51. pessoal diplomático ou consular, funcionários de organização inter-
nacional e seus familiares.
ARTIGO 53
Seção II
1. O presente Pacto cujos textos em chinês, espanhol, francês, Dos Princípios e das Garantias
inglês e russo são igualmente autênticos, será depositado nos ar-
quivos da Organização das Nações Unidas. Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes
2. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas en- princípios e diretrizes:
caminhará cópias autênticas do presente Pacto a todos os Estados I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos di-
mencionados no artigo 48. reitos humanos;
Em fé do quê, os abaixo-assinados, devidamente autorizados II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer
por seus respectivos Governos, assinaram o presente Pacto, aberto formas de discriminação;
à assinatura em Nova York, aos 19 dias do mês de dezembro do ano III - não criminalização da migração;
de mil novecentos e sessenta e seis. IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedi-
mentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional;
V - promoção de entrada regular e de regularização documen-
LEI Nº FEDERAL Nº 13.445/2017 - DIREITO DAS PESSOAS tal;
REFUGIADAS E IMIGRANTES VI - acolhida humanitária;
VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, es-
portivo, científico e tecnológico do Brasil;
LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017. VIII - garantia do direito à reunião familiar;
IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e
Institui a Lei de Migração. a seus familiares;
X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- políticas públicas;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas
e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica
CAPÍTULO I integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES social;
XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e
Seção I obrigações do migrante;
Disposições Gerais XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação
de políticas migratórias e promoção da participação cidadã do mi-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migran- grante;
te e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social
princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se: espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas;
I - (VETADO); XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trân-
II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que sito e de destino de movimentos migratórios, a fim de garantir efe-
trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente tiva proteção aos direitos humanos do migrante;
no Brasil; XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e
III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou defi- articulação de políticas públicas regionais capazes de garantir efeti-
nitivamente no exterior; vidade aos direitos do residente fronteiriço;
IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse da
apátrida que conserva a sua residência habitual em município fron- criança e do adolescente migrante;
teiriço de país vizinho; XVIII - observância ao disposto em tratado;
V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que XIX - proteção ao brasileiro no exterior;
vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se XX - migração e desenvolvimento humano no local de origem,
estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional; como direitos inalienáveis de todas as pessoas;
VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício
por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Con- profissional no Brasil, nos termos da lei; e
venção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coleti-
Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , ou assim reconhecida vas.
pelo Estado brasileiro. Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em con-
§ 2º (VETADO). dição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem
como são assegurados:
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

II - direito à liberdade de circulação em território nacional; § 1º Os documentos previstos nos incisos I, II, III, IV, V, VI e
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou IX, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de propriedade da
companheiro e seus filhos, familiares e dependentes; União, cabendo a seu titular a posse direta e o uso regular.
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e § 2º As condições para a concessão dos documentos de que
de violações de direitos; trata o § 1º serão previstas em regulamento.
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e
economias pessoais a outro país, observada a legislação aplicável; Seção II
VI - direito de reunião para fins pacíficos; Dos Vistos
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos;
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social Subseção I
e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em ra- Disposições Gerais
zão da nacionalidade e da condição migratória;
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gra- Art. 6º O visto é o documento que dá a seu titular expectativa
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; de ingresso em território nacional.
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão Parágrafo único. (VETADO).
da nacionalidade e da condição migratória; Art. 7º O visto será concedido por embaixadas, consulados-ge-
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais rais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão
trabalhistas e de aplicação das normas de proteção ao trabalhador, competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de re-
sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migra- presentação do Brasil no exterior.
tória; Parágrafo único. Excepcionalmente, os vistos diplomático, ofi-
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declara- cial e de cortesia poderão ser concedidos no Brasil.
ção de hipossuficiência econômica, na forma de regulamento; Art. 8º Poderão ser cobrados taxas e emolumentos consulares
XIII - direito de acesso à informação e garantia de confidenciali- pelo processamento do visto.
dade quanto aos dados pessoais do migrante, nos termos da Lei nº Art. 9º Regulamento disporá sobre:
12.527, de 18 de novembro de 2011 ; I - requisitos de concessão de visto, bem como de sua simplifi-
XIV - direito a abertura de conta bancária; cação, inclusive por reciprocidade;
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em territó- II - prazo de validade do visto e sua forma de contagem;
rio nacional, mesmo enquanto pendente pedido de autorização de III - prazo máximo para a primeira entrada e para a estada do
residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto imigrante e do visitante no País;
em autorização de residência; e IV - hipóteses e condições de dispensa recíproca ou unilateral
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias de visto e de taxas e emolumentos consulares por seu processa-
que lhe são asseguradas para fins de regularização migratória. mento; e
§ 1º Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão exerci- V - solicitação e emissão de visto por meio eletrônico.
dos em observância ao disposto na Constituição Federal, indepen- Parágrafo único. A simplificação e a dispensa recíproca de visto
dentemente da situação migratória, observado o disposto no § 4º ou de cobrança de taxas e emolumentos consulares por seu proces-
deste artigo, e não excluem outros decorrentes de tratado de que samento poderão ser definidas por comunicação diplomática.
o Brasil seja parte. Art. 10. Não se concederá visto:
§ 2º (VETADO). I - a quem não preencher os requisitos para o tipo de visto plei-
§ 3º (VETADO). teado;
§ 4º (VETADO). II - a quem comprovadamente ocultar condição impeditiva de
concessão de visto ou de ingresso no País; ou
CAPÍTULO II III - a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem
DA SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE E DO VISITANTE autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de au-
toridade competente.
Seção I Art. 11. Poderá ser denegado visto a quem se enquadrar em
Dos Documentos de Viagem pelo menos um dos casos de impedimento definidos nos incisos I,
II, III, IV e IX do art. 45.
Art. 5º São documentos de viagem: Parágrafo único. A pessoa que tiver visto brasileiro denegado
I - passaporte; será impedida de ingressar no País enquanto permanecerem as
II - laissez-passer ; condições que ensejaram a denegação.
III - autorização de retorno; Subseção II
IV - salvo-conduto; Dos Tipos de Visto
V - carteira de identidade de marítimo; Art. 12. Ao solicitante que pretenda ingressar ou permanecer
VI - carteira de matrícula consular; em território nacional poderá ser concedido visto:
VII - documento de identidade civil ou documento estrangeiro I - de visita;
equivalente, quando admitidos em tratado; II - temporário;
VIII - certificado de membro de tripulação de transporte aéreo; III - diplomático;
e IV - oficial;
IX - outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro V - de cortesia.
em regulamento.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Subseção III § 4º O visto temporário para estudo poderá ser concedido ao


Do Visto de Visita imigrante que pretenda vir ao Brasil para frequentar curso regular
ou realizar estágio ou intercâmbio de estudo ou de pesquisa.
Art. 13. O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que § 5º Observadas as hipóteses previstas em regulamento, o visto
venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de esta- temporário para trabalho poderá ser concedido ao imigrante que
belecer residência, nos seguintes casos: venha exercer atividade laboral, com ou sem vínculo empregatício
I - turismo; no Brasil, desde que comprove oferta de trabalho formalizada por
II - negócios; pessoa jurídica em atividade no País, dispensada esta exigência se
III - trânsito; o imigrante comprovar titulação em curso de ensino superior ou
IV - atividades artísticas ou desportivas; e equivalente.
V - outras hipóteses definidas em regulamento. § 6º O visto temporário para férias-trabalho poderá ser conce-
§ 1º É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer ativida- dido ao imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que seja nacional
de remunerada no Brasil. de país que conceda idêntico benefício ao nacional brasileiro, em
§ 2º O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamen- termos definidos por comunicação diplomática.
to do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a § 7º Não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil em via-
título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras des- gem de longo curso ou em cruzeiros marítimos pela costa brasileira
pesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em o visto temporário de que trata a alínea “e” do inciso I do caput ,
dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos bastando a apresentação da carteira internacional de marítimo, nos
ou culturais. termos de regulamento.
§ 3º O visto de visita não será exigido em caso de escala ou co- § 8º É reconhecida ao imigrante a quem se tenha concedido
nexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área visto temporário para trabalho a possibilidade de modificação do
de trânsito internacional. local de exercício de sua atividade laboral.
§ 9º O visto para realização de investimento poderá ser conce-
Subseção IV dido ao imigrante que aporte recursos em projeto com potencial
Do Visto Temporário para geração de empregos ou de renda no País.
§ 10. (VETADO).
Art. 14. O visto temporário poderá ser concedido ao imigran-
te que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por Subseção V
tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das Dos Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia
seguintes hipóteses:
I - o visto temporário tenha como finalidade: Art. 15. Os vistos diplomático, oficial e de cortesia serão con-
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; cedidos, prorrogados ou dispensados na forma desta Lei e de re-
b) tratamento de saúde; gulamento.
c) acolhida humanitária; Parágrafo único. Os vistos diplomático e oficial poderão ser
d) estudo; transformados em autorização de residência, o que importará ces-
e) trabalho; sação de todas as prerrogativas, privilégios e imunidades decorren-
f) férias-trabalho; tes do respectivo visto.
g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; Art. 16. Os vistos diplomático e oficial poderão ser concedidos
h) realização de investimento ou de atividade com relevância a autoridades e funcionários estrangeiros que viajem ao Brasil em
econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; missão oficial de caráter transitório ou permanente, representando
i) reunião familiar; Estado estrangeiro ou organismo internacional reconhecido.
j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo § 1º Não se aplica ao titular dos vistos referidos no caput o
determinado; disposto na legislação trabalhista brasileira.
II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vis- § 2º Os vistos diplomático e oficial poderão ser estendidos aos
tos; dependentes das autoridades referidas no caput .
III - outras hipóteses definidas em regulamento. Art. 17. O titular de visto diplomático ou oficial somente po-
§ 1º O visto temporário para pesquisa, ensino ou extensão derá ser remunerado por Estado estrangeiro ou organismo inter-
acadêmica poderá ser concedido ao imigrante com ou sem vínculo nacional, ressalvado o disposto em tratado que contenha cláusula
empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino brasileira, específica sobre o assunto.
exigida, na hipótese de vínculo, a comprovação de formação supe- Parágrafo único. O dependente de titular de visto diplomático
rior compatível ou equivalente reconhecimento científico. ou oficial poderá exercer atividade remunerada no Brasil, sob o am-
§ 2º O visto temporário para tratamento de saúde poderá ser paro da legislação trabalhista brasileira, desde que seja nacional de
concedido ao imigrante e a seu acompanhante, desde que o imi- país que assegure reciprocidade de tratamento ao nacional brasilei-
grante comprove possuir meios de subsistência suficientes. ro, por comunicação diplomática.
§ 3º O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser Art. 18. O empregado particular titular de visto de cortesia so-
concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação mente poderá exercer atividade remunerada para o titular de visto
de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito arma- diplomático, oficial ou de cortesia ao qual esteja vinculado, sob o
do, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou amparo da legislação trabalhista brasileira.
de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional
humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Parágrafo único. O titular de visto diplomático, oficial ou de cor- Seção II


tesia será responsável pela saída de seu empregado do território Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia
nacional.
Art. 26. Regulamento disporá sobre instituto protetivo especial
Seção III do apátrida, consolidado em processo simplificado de naturaliza-
Do Registro e da Identificação Civil do Imigrante e dos Deten- ção.
tores de Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia § 1º O processo de que trata o caput será iniciado tão logo seja
reconhecida a situação de apatridia.
Art. 19. O registro consiste na identificação civil por dados bio- § 2º Durante a tramitação do processo de reconhecimento da
gráficos e biométricos, e é obrigatório a todo imigrante detentor de condição de apátrida, incidem todas as garantias e mecanismos
visto temporário ou de autorização de residência. protetivos e de facilitação da inclusão social relativos à Convenção
§ 1º O registro gerará número único de identificação que garan- sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, promulgada pelo Decreto
tirá o pleno exercício dos atos da vida civil. nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , à Convenção relativa ao Estatuto
§ 2º O documento de identidade do imigrante será expedido dos Refugiados, promulgada pelo Decreto nº 50.215, de 28 de ja-
com base no número único de identificação. neiro de 1961 , e à Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 .
§ 3º Enquanto não for expedida identificação civil, o documen- § 3º Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos atribuí-
to comprobatório de que o imigrante a solicitou à autoridade com- dos ao migrante relacionados no art. 4º.
petente garantirá ao titular o acesso aos direitos disciplinados nesta § 4º O reconhecimento da condição de apátrida assegura os
Lei. direitos e garantias previstos na Convenção sobre o Estatuto dos
Art. 20. A identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de
de reconhecimento de apatridia e de acolhimento humanitário po- maio de 2002 , bem como outros direitos e garantias reconhecidos
derá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o pelo Brasil.
imigrante dispuser. § 5º O processo de reconhecimento da condição de apátrida
Art. 21. Os documentos de identidade emitidos até a data de tem como objetivo verificar se o solicitante é considerado nacional
publicação desta Lei continuarão válidos até sua total substituição. pela legislação de algum Estado e poderá considerar informações,
Art. 22. A identificação civil, o documento de identidade e as documentos e declarações prestadas pelo próprio solicitante e por
formas de gestão da base cadastral dos detentores de vistos diplo- órgãos e organismos nacionais e internacionais.
mático, oficial e de cortesia atenderão a disposições específicas pre- § 6º Reconhecida a condição de apátrida, nos termos do inciso
vistas em regulamento. VI do § 1º do art. 1º, o solicitante será consultado sobre o desejo de
adquirir a nacionalidade brasileira.
CAPÍTULO III § 7º Caso o apátrida opte pela naturalização, a decisão sobre o
DA CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE E DO VISITANTE reconhecimento será encaminhada ao órgão competente do Poder
Executivo para publicação dos atos necessários à efetivação da na-
Seção I turalização no prazo de 30 (trinta) dias, observado o art. 65.
Do Residente Fronteiriço § 8º O apátrida reconhecido que não opte pela naturalização
imediata terá a autorização de residência outorgada em caráter de-
Art. 23. A fim de facilitar a sua livre circulação, poderá ser con- finitivo.
cedida ao residente fronteiriço, mediante requerimento, autoriza- § 9º Caberá recurso contra decisão negativa de reconhecimen-
ção para a realização de atos da vida civil. to da condição de apátrida.
Parágrafo único. Condições específicas poderão ser estabeleci- § 10. Subsistindo a denegação do reconhecimento da condição
das em regulamento ou tratado. de apátrida, é vedada a devolução do indivíduo para país onde sua
Art. 24. A autorização referida no caput do art. 23 indicará o vida, integridade pessoal ou liberdade estejam em risco.
Município fronteiriço no qual o residente estará autorizado a exer- § 11. Será reconhecido o direito de reunião familiar a partir do
cer os direitos a ele atribuídos por esta Lei. reconhecimento da condição de apátrida.
§ 1º O residente fronteiriço detentor da autorização gozará das § 12. Implica perda da proteção conferida por esta Lei:
garantias e dos direitos assegurados pelo regime geral de migração I - a renúncia;
desta Lei, conforme especificado em regulamento. II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o re-
§ 2º O espaço geográfico de abrangência e de validade da au- conhecimento da condição de apátrida; ou
torização será especificado no documento de residente fronteiriço. III - a existência de fatos que, se fossem conhecidos por ocasião
Art. 25. O documento de residente fronteiriço será cancelado, do reconhecimento, teriam ensejado decisão negativa.
a qualquer tempo, se o titular:
I - tiver fraudado documento ou utilizado documento falso para Seção III
obtê-lo; Do Asilado
II - obtiver outra condição migratória;
III - sofrer condenação penal; ou Art. 27. O asilo político, que constitui ato discricionário do Es-
IV - exercer direito fora dos limites previstos na autorização. tado, poderá ser diplomático ou territorial e será outorgado como
instrumento de proteção à pessoa.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre as condições para
a concessão e a manutenção de asilo.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Art. 28. Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime Art. 31. Os prazos e o procedimento da autorização de residên-
de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime cia de que trata o art. 30 serão dispostos em regulamento, observa-
de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal In- do o disposto nesta Lei.
ternacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de § 1º Será facilitada a autorização de residência nas hipóteses
setembro de 2002 . das alíneas “a” e “e” do inciso I do art. 30 desta Lei, devendo a de-
Art. 29. A saída do asilado do País sem prévia comunicação im- liberação sobre a autorização ocorrer em prazo não superior a 60
plica renúncia ao asilo. (sessenta) dias, a contar de sua solicitação.
§ 2º Nova autorização de residência poderá ser concedida, nos
Seção IV termos do art. 30, mediante requerimento.
Da Autorização de Residência § 3º O requerimento de nova autorização de residência após o
vencimento do prazo da autorização anterior implicará aplicação da
Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, sanção prevista no inciso II do art. 109.
ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visitante que se enqua- § 4º O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátri-
dre em uma das seguintes hipóteses: da fará jus a autorização provisória de residência até a obtenção de
I - a residência tenha como finalidade: resposta ao seu pedido.
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; § 5º Poderá ser concedida autorização de residência indepen-
b) tratamento de saúde; dentemente da situação migratória.
c) acolhida humanitária; Art. 32. Poderão ser cobradas taxas pela autorização de resi-
d) estudo; dência.
e) trabalho; Art. 33. Regulamento disporá sobre a perda e o cancelamento
f) férias-trabalho; da autorização de residência em razão de fraude ou de ocultação
g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; de condição impeditiva de concessão de visto, de ingresso ou de
h) realização de investimento ou de atividade com relevância permanência no País, observado procedimento administrativo que
econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; garanta o contraditório e a ampla defesa.
i) reunião familiar; Art. 34. Poderá ser negada autorização de residência com fun-
II - a pessoa: damento nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, IV e IX do art.
a) seja beneficiária de tratado em matéria de residência e livre 45.
circulação; Art. 35. A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere
b) seja detentora de oferta de trabalho; o direito de obter visto ou autorização de residência em território
c) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou nacional, sem prejuízo do disposto sobre visto para realização de
não reúna os requisitos para readquiri-la; investimento.
d) (VETADO); Art. 36. O visto de visita ou de cortesia poderá ser transforma-
e) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apá- do em autorização de residência, mediante requerimento e regis-
trida; tro, desde que satisfeitos os requisitos previstos em regulamento.
f) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desacompa-
nhado ou abandonado, que se encontre nas fronteiras brasileiras Seção V
ou em território nacional; Da Reunião Familiar
g) tenha sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho escravo
ou de violação de direito agravada por sua condição migratória; Art. 37. O visto ou a autorização de residência para fins de reu-
h) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena nião familiar será concedido ao imigrante:
no Brasil; I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma;
III - outras hipóteses definidas em regulamento. II - filho de imigrante beneficiário de autorização de residência,
§ 1º Não se concederá a autorização de residência a pessoa ou que tenha filho brasileiro ou imigrante beneficiário de autoriza-
condenada criminalmente no Brasil ou no exterior por sentença ção de residência;
transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na le- III - ascendente, descendente até o segundo grau ou irmão de
gislação penal brasileira, ressalvados os casos em que: brasileiro ou de imigrante beneficiário de autorização de residência;
I - a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo; ou
II - (VETADO); ou IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda.
III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas Parágrafo único. (VETADO).
“b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” do inciso II do caput deste
artigo. CAPÍTULO IV
§ 2º O disposto no § 1º não obsta progressão de regime de DA ENTRADA E DA SAÍDA DO TERRITÓRIO NACIONAL
cumprimento de pena, nos termos da Lei nº 7.210, de 11 de julho
de 1984 , ficando a pessoa autorizada a trabalhar quando assim exi- Seção I
gido pelo novo regime de cumprimento de pena. Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fronteira
§ 3º Nos procedimentos conducentes ao cancelamento de au-
torização de residência e no recurso contra a negativa de concessão Art. 38. As funções de polícia marítima, aeroportuária e de
de autorização de residência devem ser respeitados o contraditório fronteira serão realizadas pela Polícia Federal nos pontos de entra-
e a ampla defesa. da e de saída do território nacional.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Parágrafo único. É dispensável a fiscalização de passageiro, tri- b) esteja com o prazo de validade vencido; ou
pulante e estafe de navio em passagem inocente, exceto quando c) esteja com rasura ou indício de falsificação;
houver necessidade de descida de pessoa a terra ou de subida a VI - que não apresente documento de viagem ou documento
bordo do navio. de identidade, quando admitido;
Art. 39. O viajante deverá permanecer em área de fiscalização VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou
até que seu documento de viagem tenha sido verificado, salvo os com o motivo alegado para a isenção de visto;
casos previstos em lei. VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação
Art. 40. Poderá ser autorizada a admissão excepcional no País ou prestado informação falsa por ocasião da solicitação de visto; ou
de pessoa que se encontre em uma das seguintes condições, desde IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos
que esteja de posse de documento de viagem válido: dispostos na Constituição Federal.
I - não possua visto; Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País
II - seja titular de visto emitido com erro ou omissão; por motivo de raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo so-
III - tenha perdido a condição de residente por ter permanecido cial ou opinião política.
ausente do País na forma especificada em regulamento e detenha
as condições objetivas para a concessão de nova autorização de re- CAPÍTULO V
sidência; DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA
IV - (VETADO); ou
V - seja criança ou adolescente desacompanhado de responsá- Seção I
vel legal e sem autorização expressa para viajar desacompanhado, Disposições Gerais
independentemente do documento de viagem que portar, hipóte-
se em que haverá imediato encaminhamento ao Conselho Tutelar Art. 46. A aplicação deste Capítulo observará o disposto na Lei
ou, em caso de necessidade, a instituição indicada pela autoridade nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , e nas disposições legais, tratados,
competente. instrumentos e mecanismos que tratem da proteção aos apátridas
Parágrafo único. Regulamento poderá dispor sobre outras hi- ou de outras situações humanitárias.
póteses excepcionais de admissão, observados os princípios e as Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas
diretrizes desta Lei. para o país de nacionalidade ou de procedência do migrante ou do
Art. 41. A entrada condicional, em território nacional, de pes- visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos tratados
soa que não preencha os requisitos de admissão poderá ser autori- dos quais o Brasil seja parte.
zada mediante a assinatura, pelo transportador ou por seu agente, Art. 48. Nos casos de deportação ou expulsão, o chefe da uni-
de termo de compromisso de custear as despesas com a permanên- dade da Polícia Federal poderá representar perante o juízo federal,
cia e com as providências para a repatriação do viajante. respeitados, nos procedimentos judiciais, os direitos à ampla defesa
Art. 42. O tripulante ou o passageiro que, por motivo de força e ao devido processo legal.
maior, for obrigado a interromper a viagem em território nacional
poderá ter seu desembarque permitido mediante termo de respon- Seção II
sabilidade pelas despesas decorrentes do transbordo. Da Repatriação
Art. 43. A autoridade responsável pela fiscalização contribuirá
para a aplicação de medidas sanitárias em consonância com o Re- Art. 49. A repatriação consiste em medida administrativa de
gulamento Sanitário Internacional e com outras disposições perti- devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de pro-
nentes cedência ou de nacionalidade.
§ 1º Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de
Seção II repatriação à empresa transportadora e à autoridade consular do
Do Impedimento de Ingresso país de procedência ou de nacionalidade do migrante ou do visitan-
te, ou a quem o representa.
Art. 44. (VETADO). § 2º A Defensoria Pública da União será notificada, preferen-
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entre- cialmente por via eletrônica, no caso do § 4º deste artigo ou quando
vista individual e mediante ato fundamentado, a pessoa: a repatriação imediata não seja possível.
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da ex- § 3º Condições específicas de repatriação podem ser definidas
pulsão vigorarem; por regulamento ou tratado, observados os princípios e as garantias
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terroris- previstos nesta Lei.
mo ou por crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime § 4º Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em si-
de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatu- tuação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor
to de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família,
pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 ; exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por de seus direitos ou para a reintegração a sua família de origem, ou
crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira; a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem caso, medida de devolução para país ou região que possa apresen-
judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil perante organis- tar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa.
mo internacional; § 5º (VETADO).
V - que apresente documento de viagem que:
a) não seja válido para o Brasil;
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Seção III § 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum


Da Deportação não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena,
a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a
Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual,
administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de
se encontre em situação migratória irregular em território nacional. condições ao nacional brasileiro.
§ 1º A deportação será precedida de notificação pessoal ao § 4º O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada
deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena
verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo.
dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fun- Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:
damentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualiza- I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação
das suas informações domiciliares. brasileira;
§ 2º A notificação prevista no § 1º não impede a livre circulação II - o expulsando:
em território nacional, devendo o deportando informar seu domi- a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou depen-
cílio e suas atividades. dência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua
§ 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regularize a situação tutela;
migratória, a deportação poderá ser executada. b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem dis-
§ 4º A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em criminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira. c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade,
§ 5º A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País residindo desde então no País;
equivale ao cumprimento da notificação de deportação para todos d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País
os fins. há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento
§ 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nos casos que da expulsão; ou
se enquadrem no inciso IX do art. 45. e) (VETADO).
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem Art. 56. Regulamento definirá procedimentos para apresenta-
respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso ção e processamento de pedidos de suspensão e de revogação dos
com efeito suspensivo. efeitos das medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e
§ 1º A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, pre- permanência em território nacional.
ferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência Art. 57. Regulamento disporá sobre condições especiais de au-
ao deportando em todos os procedimentos administrativos de de- torização de residência para viabilizar medidas de ressocialização
portação. a migrante e a visitante em cumprimento de penas aplicadas ou
§ 2º A ausência de manifestação da Defensoria Pública da executadas em território nacional.
União, desde que prévia e devidamente notificada, não impedirá a Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contradi-
efetivação da medida de deportação. tório e a ampla defesa.
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de depor- § 1º A Defensoria Pública da União será notificada da instaura-
tação dependerá de prévia autorização da autoridade competente. ção de processo de expulsão, se não houver defensor constituído.
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar § 2º Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a ex-
extradição não admitida pela legislação brasileira. pulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do
expulsando.
Seção IV Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do ex-
Da Expulsão pulsando cujo processo esteja pendente de decisão, nas condições
previstas no art. 55.
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de re- Art. 60. A existência de processo de expulsão não impede a sa-
tirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, ída voluntária do expulsando do País.
conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determi-
nado. Seção V
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença Das Vedações
transitada em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à ex-
guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de pulsão coletivas.
Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou
Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 ; ou expulsão coletiva aquela que não individualiza a situação migratória
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberda- irregular de cada pessoa.
de, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização Art. 62. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à ex-
em território nacional. pulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem razões para acre-
§ 2º Caberá à autoridade competente resolver sobre a expul- ditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade
são, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a pessoal.
revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

CAPÍTULO VI I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;


DA OPÇÃO DE NACIONALIDADE E DA NATURALIZAÇÃO II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condi-
ções do naturalizando; e
Seção I III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos
Da Opção de Nacionalidade termos da lei.
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao mi-
Art. 63. O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior grante criança ou adolescente que tenha fixado residência em ter-
e que não tenha sido registrado em repartição consular poderá, a ritório nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá
qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade. ser requerida por intermédio de seu representante legal.
Parágrafo único. O órgão de registro deve informar periodica- Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será conver-
mente à autoridade competente os dados relativos à opção de na- tida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o reque-
cionalidade, conforme regulamento. rer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.
Art. 71. O pedido de naturalização será apresentado e proces-
Seção II sado na forma prevista pelo órgão competente do Poder Executivo,
Das Condições da Naturalização sendo cabível recurso em caso de denegação.
§ 1º No curso do processo de naturalização, o naturalizando
Art. 64. A naturalização pode ser: poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu nome à língua
I - ordinária; portuguesa.
II - extraordinária; § 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado
III - especial; ou associado ao nome anterior.
IV - provisória. Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da natu-
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que ralização, deverá o naturalizado comparecer perante a Justiça Elei-
preencher as seguintes condições: toral para o devido cadastramento.
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de Seção III
4 (quatro) anos; Dos Efeitos da Naturalização
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condi-
ções do naturalizando; e Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos Diário Oficial do ato de naturalização.
termos da lei. Art. 74. (VETADO).
Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art.
65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando Seção IV
preencher quaisquer das seguintes condições: Da Perda da Nacionalidade
I - (VETADO);
II - ter filho brasileiro; Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele se- condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interes-
parado legalmente ou de fato no momento de concessão da natu- se nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da Constituição
ralização; Federal .
IV - (VETADO); Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia
V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; será levado em consideração antes da efetivação da perda da na-
ou cionalidade.
VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica
ou artística. Seção V
Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos Da Reaquisição da Nacionalidade
incisos V e VI do caput será avaliado na forma disposta em regula-
mento. Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do §
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa 4º do art. 12 da Constituição Federal , houver perdido a nacionali-
de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) dade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão compe-
nacionalidade brasileira. tente do Poder Executivo.
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao es-
trangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: CAPÍTULO VII
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de DO EMIGRANTE
integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa
a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou Seção I
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou Das Políticas Públicas para os Emigrantes
em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininter-
ruptos. Art. 77. As políticas públicas para os emigrantes observarão os
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização es- seguintes princípios e diretrizes:
pecial:
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

I - proteção e prestação de assistência consular por meio das I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro
representações do Brasil no exterior; nato;
II - promoção de condições de vida digna, por meio, entre ou- II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
tros, da facilitação do registro consular e da prestação de serviços Brasil ou no Estado requerente;
consulares relativos às áreas de educação, saúde, trabalho, previ- III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
dência social e cultura; crime imputado ao extraditando;
III - promoção de estudos e pesquisas sobre os emigrantes e as IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a
comunidades de brasileiros no exterior, a fim de subsidiar a formu- 2 (dois) anos;
lação de políticas públicas; V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver
IV - atuação diplomática, nos âmbitos bilateral, regional e mul- sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se
tilateral, em defesa dos direitos do emigrante brasileiro, conforme fundar o pedido;
o direito internacional VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei
V - ação governamental integrada, com a participação de ór- brasileira ou a do Estado requerente;
gãos do governo com atuação nas áreas temáticas mencionadas VII - o fato constituir crime político ou de opinião;
nos incisos I, II, III e IV, visando a assistir as comunidades brasileiras VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente,
no exterior; e perante tribunal ou juízo de exceção; ou
VI - esforço permanente de desburocratização, atualização e IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da
modernização do sistema de atendimento, com o objetivo de apri- Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , ou de asilo territorial.
morar a assistência ao emigrante. § 1º A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá
a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração à lei
Seção II penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político,
Dos Direitos do Emigrante constituir o fato principal.
§ 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação
Art. 78. Todo emigrante que decida retornar ao Brasil com âni- do caráter da infração.
mo de residência poderá introduzir no País, com isenção de direitos § 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I,
de importação e de taxas aduaneiras, os bens novos ou usados que será observada, nos casos de aquisição de outra nacionalidade por
um viajante, em compatibilidade com as circunstâncias de sua via- naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.
gem, puder destinar para seu uso ou consumo pessoal e profissio- § 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
nal, sempre que, por sua quantidade, natureza ou variedade, não crime político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer au-
permitam presumir importação ou exportação com fins comerciais toridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra,
ou industriais. crime de genocídio e terrorismo.
Art. 79. Em caso de ameaça à paz social e à ordem pública por § 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hi-
grave ou iminente instabilidade institucional ou de calamidade de póteses previstas na Constituição Federal.
grande proporção na natureza, deverá ser prestada especial assis- Art. 83. São condições para concessão da extradição:
tência ao emigrante pelas representações brasileiras no exterior. I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
Art. 80. O tripulante brasileiro contratado por embarcação ou ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
armadora estrangeira, de cabotagem ou a longo curso e com sede II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório
ou filial no Brasil, que explore economicamente o mar territorial e a ou a processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judici-
costa brasileira terá direito a seguro a cargo do contratante, válido árias do Estado requerente a pena privativa de liberdade.
para todo o período da contratação, conforme o disposto no Regis- Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extra-
tro de Embarcações Brasileiras (REB), contra acidente de trabalho, dição poderá, previamente ou conjuntamente com a formalização
invalidez total ou parcial e morte, sem prejuízo de benefícios de do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio
apólice mais favorável vigente no exterior. de autoridade central do Poder Executivo, prisão cautelar com o
objetivo de assegurar a executoriedade da medida de extradição
CAPÍTULO VIII que, após exame da presença dos pressupostos formais de admis-
DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá representar à
autoridade judicial competente, ouvido previamente o Ministério
Seção I Público Federal.
Da Extradição § 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter informação
sobre o crime cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer ou-
entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou tro meio que assegure a comunicação por escrito.
solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal § 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à au-
definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso. toridade competente para extradição no Brasil por meio de canal
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de
autoridades centrais designadas para esse fim. Polícia Criminal (Interpol) no País, devidamente instruído com a do-
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas cumentação comprobatória da existência de ordem de prisão pro-
pelo órgão competente do Poder Executivo em coordenação com as ferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado,
autoridades judiciárias e policiais competentes. com a promessa de reciprocidade recebida por via diplomática.
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

§ 3º Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição § 3º O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com
será encaminhado à autoridade judiciária competente. o original da sentença condenatória ou da decisão penal proferida,
§ 4º Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado conterá indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as
estrangeiro deverá formalizar o pedido de extradição no prazo de circunstâncias do fato criminoso e a identidade do extraditando e
60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido cientificado será acompanhado de cópia dos textos legais sobre o crime, a com-
da prisão do extraditando. petência, a pena e a prescrição.
§ 5º Caso o pedido de extradição não seja apresentado no pra- § 4º O encaminhamento do pedido de extradição ao órgão
zo previsto no § 4º, o extraditando deverá ser posto em liberdade, competente do Poder Executivo confere autenticidade aos docu-
não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato mentos.
sem que a extradição tenha sido devidamente requerida. Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado estrangei-
§ 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento ro será recebido pelo órgão competente do Poder Executivo e, após
final da autoridade judiciária competente quanto à legalidade do exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade
pedido de extradição. exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado à autoridade judici-
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da ária competente.
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque- Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos referidos no
le em cujo território a infração foi cometida. caput , o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada,
§ 1º Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessiva- sem prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, devidamen-
mente: te instruído, uma vez superado o óbice apontado.
I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; nunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre sua legalidade e
II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do procedência, não cabendo recurso da decisão.
extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; Art. 91. Ao receber o pedido, o relator designará dia e hora para
III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extra- o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, nomear-lhe-á
ditando, se os pedidos forem simultâneos. curador ou advogado, se não o tiver.
§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do § 1º A defesa, a ser apresentada no prazo de 10 (dez) dias
Poder Executivo decidirá sobre a preferência do pedido, priorizan- contado da data do interrogatório, versará sobre a identidade da
do o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o pessoa reclamada, defeito de forma de documento apresentado ou
Brasil. ilegalidade da extradição.
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tribu-
prevalecerão suas normas no que diz respeito à preferência de que nal, a requerimento do órgão do Ministério Público Federal corres-
trata este artigo. pondente, poderá converter o julgamento em diligência para suprir
Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Pú- a falta.
blico, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar ou determinar § 3º Para suprir a falta referida no § 2º, o Ministério Público
que o extraditando responda ao processo de extradição em liber- Federal terá prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, após o qual
dade, com retenção do documento de viagem ou outras medidas o pedido será julgado independentemente da diligência.
cautelares necessárias, até o julgamento da extradição ou a entrega § 4º O prazo referido no § 3º será contado da data de notifica-
do extraditando, se pertinente, considerando a situação administra- ção à missão diplomática do Estado requerente.
tiva migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias Art. 92. Julgada procedente a extradição e autorizada a entrega
do caso. pelo órgão competente do Poder Executivo, será o ato comunica-
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente do por via diplomática ao Estado requerente, que, no prazo de 60
ao Estado requerente, desde que o declare expressamente, este- (sessenta) dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do
ja assistido por advogado e seja advertido de que tem direito ao território nacional.
processo judicial de extradição e à proteção que tal direito encerra, Art. 93. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
caso em que o pedido será decidido pelo Supremo Tribunal Federal. território nacional no prazo previsto no art. 92, será ele posto em
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição liberdade, sem prejuízo de outras medidas aplicáveis.
em face de Estado estrangeiro deverá ser encaminhado ao órgão Art. 94. Negada a extradição em fase judicial, não se admitirá
competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder novo pedido baseado no mesmo fato.
Judiciário responsável pela decisão ou pelo processo penal que a Art. 95. Quando o extraditando estiver sendo processado ou
fundamenta. tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena priva-
§ 1º Compete a órgão do Poder Executivo o papel de orienta- tiva de liberdade, a extradição será executada somente depois da
ção, de informação e de avaliação dos elementos formais de ad- conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvadas as
missibilidade dos processos preparatórios para encaminhamento hipóteses de liberação antecipada pelo Poder Judiciário e de deter-
ao Estado requerido. minação da transferência da pessoa condenada.
§ 2º Compete aos órgãos do sistema de Justiça vinculados ao § 1º A entrega do extraditando será igualmente adiada se a efe-
processo penal gerador de pedido de extradição a apresentação de tivação da medida puser em risco sua vida em virtude de enfermi-
todos os documentos, manifestações e demais elementos neces- dade grave comprovada por laudo médico oficial.
sários para o processamento do pedido, inclusive suas traduções § 2º Quando o extraditando estiver sendo processado ou tiver
oficiais. sido condenado, no Brasil, por infração de menor potencial ofensi-
vo, a entrega poderá ser imediatamente efetivada.

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Art. 96. Não será efetivada a entrega do extraditando sem que § 2º Não preenchidos os pressupostos referidos no § 1º, o pe-
o Estado requerente assuma o compromisso de: dido será arquivado mediante decisão fundamentada, sem prejuízo
I - não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato da possibilidade de renovação do pedido, devidamente instruído,
anterior ao pedido de extradição; uma vez superado o óbice apontado.
II - computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi imposta por Art. 102. A forma do pedido de transferência de execução da
força da extradição; pena e seu processamento serão definidos em regulamento.
III - comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em pena Parágrafo único. Nos casos previstos nesta Seção, a execução
privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento penal será de competência da Justiça Federal.
de 30 (trinta) anos;
IV - não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil, Seção III
a outro Estado que o reclame; Da Transferência de Pessoa Condenada
V - não considerar qualquer motivo político para agravar a
pena; e Art. 103. A transferência de pessoa condenada poderá ser con-
VI - não submeter o extraditando a tortura ou a outros trata- cedida quando o pedido se fundamentar em tratado ou houver pro-
mentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. messa de reciprocidade.
Art. 97. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasi- § 1º O condenado no território nacional poderá ser transferido
leiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e para seu país de nacionalidade ou país em que tiver residência ha-
instrumentos do crime encontrados em seu poder. bitual ou vínculo pessoal, desde que expresse interesse nesse sen-
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste ar- tido, a fim de cumprir pena a ele imposta pelo Estado brasileiro por
tigo poderão ser entregues independentemente da entrega do ex- sentença transitada em julgado.
traditando. § 2º A transferência de pessoa condenada no Brasil pode ser
Art. 98. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re- concedida juntamente com a aplicação de medida de impedimento
querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por de reingresso em território nacional, na forma de regulamento.
ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via Art. 104. A transferência de pessoa condenada será possível
diplomática ou pela Interpol e novamente entregue, sem outras for- quando preenchidos os seguintes requisitos:
malidades. I - o condenado no território de uma das partes for nacional ou
Art. 99. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, tiver residência habitual ou vínculo pessoal no território da outra
pelo órgão competente do Poder Executivo, o trânsito no território parte que justifique a transferência;
nacional de pessoa extraditada por Estado estrangeiro, bem como o II - a sentença tiver transitado em julgado;
da respectiva guarda, mediante apresentação de documento com- III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para
probatório de concessão da medida. cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação
do pedido ao Estado da condenação;
Seção II IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal
Da Transferência de Execução da Pena perante a lei de ambos os Estados;
V - houver manifestação de vontade do condenado ou, quando
Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradi- for o caso, de seu representante; e
ção executória, a autoridade competente poderá solicitar ou auto- VI - houver concordância de ambos os Estados.
rizar a transferência de execução da pena, desde que observado o Art. 105. A forma do pedido de transferência de pessoa conde-
princípio do non bis in idem . nada e seu processamento serão definidos em regulamento.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº § 1º Nos casos previstos nesta Seção, a execução penal será de
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , a transferência de competência da Justiça Federal.
execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes § 2º Não se procederá à transferência quando inadmitida a ex-
requisitos: tradição.
I - o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver § 3º (VETADO).
residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil;
II - a sentença tiver transitado em julgado; CAPÍTULO IX
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS
cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação
do pedido ao Estado da condenação; Art. 106. Regulamento disporá sobre o procedimento de apu-
IV - o fato que originou a condenação constituir infração penal ração das infrações administrativas e seu processamento e sobre
perante a lei de ambas as partes; e a fixação e a atualização das multas, em observância ao disposto
V - houver tratado ou promessa de reciprocidade. nesta Lei.
Art. 101. O pedido de transferência de execução da pena de Art. 107. As infrações administrativas previstas neste Capítulo
Estado estrangeiro será requerido por via diplomática ou por via de serão apuradas em processo administrativo próprio, assegurados o
autoridades centrais. contraditório e a ampla defesa e observadas as disposições desta
§ 1º O pedido será recebido pelo órgão competente do Poder Lei.
Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de § 1º O cometimento simultâneo de duas ou mais infrações im-
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado ao portará cumulação das sanções cabíveis, respeitados os limites es-
Superior Tribunal de Justiça para decisão quanto à homologação. tabelecidos nos incisos V e VI do art. 108.

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§ 2º A multa atribuída por dia de atraso ou por excesso de per- Art. 112. As autoridades brasileiras serão tolerantes quanto ao
manência poderá ser convertida em redução equivalente do perío- uso do idioma do residente fronteiriço e do imigrante quando eles
do de autorização de estada para o visto de visita, em caso de nova se dirigirem a órgãos ou repartições públicas para reclamar ou rei-
entrada no País. vindicar os direitos decorrentes desta Lei.
Art. 108. O valor das multas tratadas neste Capítulo conside- Art. 113. As taxas e emolumentos consulares são fixados em
rará: conformidade com a tabela anexa a esta Lei.
I - as hipóteses individualizadas nesta Lei; § 1º Os valores das taxas e emolumentos consulares poderão
II - a condição econômica do infrator, a reincidência e a gravi- ser ajustados pelo órgão competente da administração pública fe-
dade da infração; deral, de forma a preservar o interesse nacional ou a assegurar a
III - a atualização periódica conforme estabelecido em regula- reciprocidade de tratamento.
mento; § 2º Não serão cobrados emolumentos consulares pela con-
IV - o valor mínimo individualizável de R$ 100,00 (cem reais); cessão de:
V - o valor mínimo de R$ 100,00 (cem reais) e o máximo de R$ I - vistos diplomáticos, oficiais e de cortesia; e
10.000,00 (dez mil reais) para infrações cometidas por pessoa física; II - vistos em passaportes diplomáticos, oficiais ou de serviço,
VI - o valor mínimo de R$ 1.000,00 (mil reais) e o máximo de ou equivalentes, mediante reciprocidade de tratamento a titulares
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para infrações cometidas por de documento de viagem similar brasileiro.
pessoa jurídica, por ato infracional. § 3º Não serão cobrados taxas e emolumentos consulares pela
Art. 109. Constitui infração, sujeitando o infrator às seguintes concessão de vistos ou para a obtenção de documentos para regu-
sanções: larização migratória aos integrantes de grupos vulneráveis e indiví-
I - entrar em território nacional sem estar autorizado: duos em condição de hipossuficiência econômica.
Sanção: deportação, caso não saia do País ou não regularize a § 4º (VETADO).
situação migratória no prazo fixado; Art. 114. Regulamento poderá estabelecer competência para
II - permanecer em território nacional depois de esgotado o órgãos do Poder Executivo disciplinarem aspectos específicos desta
prazo legal da documentação migratória: Lei.
Sanção: multa por dia de excesso e deportação, caso não saia Art. 115. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
do País ou não regularize a situação migratória no prazo fixado; (Código Penal) , passa a vigorar acrescido do seguinte art. 232-A:
III - deixar de se registrar, dentro do prazo de 90 (noventa) dias “ Promoção de migração ilegal
do ingresso no País, quando for obrigatória a identificação civil: Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter
Sanção: multa; vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território
IV - deixar o imigrante de se registrar, para efeito de autori- nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
zação de residência, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, quando Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
orientado a fazê-lo pelo órgão competente: § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer
Sanção: multa por dia de atraso; meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estran-
V - transportar para o Brasil pessoa que esteja sem documenta- geiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país es-
ção migratória regular: trangeiro.
Sanção: multa por pessoa transportada; § 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:
VI - deixar a empresa transportadora de atender a compromis- I - o crime é cometido com violência; ou
so de manutenção da estada ou de promoção da saída do território II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.
nacional de quem tenha sido autorizado a ingresso condicional no § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo
Brasil por não possuir a devida documentação migratória: das correspondentes às infrações conexas.”
Sanção: multa; Art. 116. (VETADO).
VII - furtar-se ao controle migratório, na entrada ou saída do Art. 117. O documento conhecido por Registro Nacional de Es-
território nacional: trangeiro passa a ser denominado Registro Nacional Migratório.
Sanção: multa. Art. 118. (VETADO).
Art. 110. As penalidades aplicadas serão objeto de pedido de Art. 119. O visto emitido até a data de entrada em vigor desta
reconsideração e de recurso, nos termos de regulamento. Lei poderá ser utilizado até a data prevista de expiração de sua vali-
Parágrafo único. Serão respeitados o contraditório, a ampla de- dade, podendo ser transformado ou ter seu prazo de estada prorro-
fesa e a garantia de recurso, assim como a situação de hipossufici- gado, nos termos de regulamento.
ência do migrante ou do visitante. Art. 120. A Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia
terá a finalidade de coordenar e articular ações setoriais implemen-
CAPÍTULO X tadas pelo Poder Executivo federal em regime de cooperação com
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com participação de
organizações da sociedade civil, organismos internacionais e enti-
Art. 111. Esta Lei não prejudica direitos e obrigações estabe- dades privadas, conforme regulamento.
lecidos por tratados vigentes no Brasil e que sejam mais benéficos § 1º Ato normativo do Poder Executivo federal poderá definir
ao migrante e ao visitante, em particular os tratados firmados no os objetivos, a organização e a estratégia de coordenação da Políti-
âmbito do Mercosul. ca Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia.

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§ 2º Ato normativo do Poder Executivo federal poderá esta- § 2º O SNPCT poderá ser integrado, ainda, pelos seguintes ór-
belecer planos nacionais e outros instrumentos para a efetivação gãos e entidades, dentre outros:
dos objetivos desta Lei e a coordenação entre órgãos e colegiados I - comitês e mecanismos estaduais e distrital de prevenção e
setoriais. combate à tortura;
§ 3º Com vistas à formulação de políticas públicas, deverá ser II - órgãos do Poder Judiciário com atuação nas áreas de infân-
produzida informação quantitativa e qualitativa, de forma sistemá- cia, de juventude, militar e de execução penal;
tica, sobre os migrantes, com a criação de banco de dados. III - comissões de direitos humanos dos poderes legislativos fe-
Art. 121. Na aplicação desta Lei, devem ser observadas as dis- deral, estaduais, distrital e municipais;
posições da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , nas situações que IV - órgãos do Ministério Público com atuação no controle ex-
envolvam refugiados e solicitantes de refúgio. terno da atividade policial, pelas promotorias e procuradorias mili-
Art. 122. A aplicação desta Lei não impede o tratamento mais tares, da infância e da juventude e de proteção ao cidadão ou pelos
favorável assegurado por tratado em que a República Federativa do vinculados à execução penal;
Brasil seja parte. V - defensorias públicas;
Art. 123. Ninguém será privado de sua liberdade por razões mi- VI - conselhos da comunidade e conselhos penitenciários esta-
gratórias, exceto nos casos previstos nesta Lei. duais e distrital;
Art. 124. Revogam-se: VII - corregedorias e ouvidorias de polícia, dos sistemas pe-
I - a Lei nº 818, de 18 de setembro de 1949 ; e nitenciários federal, estaduais e distrital e demais ouvidorias com
II - a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estran- atuação relacionada à prevenção e combate à tortura, incluídas as
geiro) . agrárias;
Art. 125. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e VIII - conselhos estaduais, municipais e distrital de direitos hu-
oitenta) dias de sua publicação oficial. manos;
IX - conselhos tutelares e conselhos de direitos de crianças e
Brasília, 24 de maio de 2017; 196º da Independência e 129º da adolescentes; e
República. X - organizações não governamentais que reconhecidamente
atuem no combate à tortura.
§ 3º Ato do Poder Executivo disporá sobre o funcionamento
LEI Nº FEDERAL Nº 12.847/2013 - INSTITUI O SISTEMA do SNPCT.
NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA Art. 3º Para os fins desta Lei, considera-se:
I - tortura: os tipos penais previstos na Lei nº 9.455, de 7 de
abril de 1997, respeitada a definição constante do Artigo 1 da Con-
LEI Nº 12.847, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. venção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, De-
sumanos ou Degradantes, promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de
fevereiro de 1991 ; e
Institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; II - pessoas privadas de liberdade: aquelas obrigadas, por man-
cria o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Me- dado ou ordem de autoridade judicial, ou administrativa ou policial,
canismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; e dá outras a permanecerem em determinados locais públicos ou privados,
providências. dos quais não possam sair de modo independente de sua vontade,
abrangendo locais de internação de longa permanência, centros de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- detenção, estabelecimentos penais, hospitais psiquiátricos, casas
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de custódia, instituições socioeducativas para adolescentes em con-
flito com a lei e centros de detenção disciplinar em âmbito militar,
CAPÍTULO I bem como nas instalações mantidas pelos órgãos elencados no art.
DO SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TOR- 61 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984.
TURA - SNPCT Art. 4º São princípios do SNPCT:
Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Prevenção e Com- I - proteção da dignidade da pessoa humana;
bate à Tortura- SNPCT, com o objetivo de fortalecer a prevenção e o II - universalidade;
combate à tortura, por meio de articulação e atuação cooperativa III - objetividade;
de seus integrantes, dentre outras formas, permitindo as trocas de IV - igualdade;
informações e o intercâmbio de boas práticas. V - imparcialidade;
Art. 2º O SNPCT será integrado por órgãos e entidades públi- VI - não seletividade; e
cas e privadas com atribuições legais ou estatutárias de realizar o VII - não discriminação.
monitoramento, a supervisão e o controle de estabelecimentos e Art. 5º São diretrizes do SNPCT:
unidades onde se encontrem pessoas privadas de liberdade, ou de I - respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direi-
promover a defesa dos direitos e interesses dessas pessoas. tos das pessoas privadas de liberdade;
§ 1º O SNPCT será composto pelo Comitê Nacional de Preven- II - articulação com as demais esferas de governo e de poder e
ção e Combate à Tortura - CNPCT, pelo Mecanismo Nacional de Pre- com os órgãos responsáveis pela segurança pública, pela custódia
venção e Combate à Tortura - MNPCT, pelo Conselho Nacional de de pessoas privadas de liberdade, por locais de internação de longa
Política Criminal e Penitenciária - CNPCP e pelo órgão do Ministério permanência e pela proteção de direitos humanos; e
da Justiça responsável pelo sistema penitenciário nacional.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

III - adoção das medidas necessárias, no âmbito de suas com- § 2º O Vice-Presidente será eleito pelos demais membros do
petências, para a prevenção e o combate à tortura e a outros trata- CNPCT e exercerá mandato fixo de 1 (um) ano, assegurando-se a
mentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. alternância entre os representantes do Poder Executivo federal e os
representantes de conselhos de classes profissionais e de organiza-
CAPÍTULO II ções da sociedade civil, na forma do regulamento.
DO COMITÊ NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTU- § 3º Haverá 1 (um) suplente para cada membro titular do
RA - CNPCT CNPCT.
Art. 6º Fica instituído no âmbito da Secretaria de Direitos Hu- § 4º Representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário,
manos da Presidência da República o Comitê Nacional de Preven- da Defensoria Pública e de outras instituições públicas participarão
ção e Combate à Tortura - CNPCT, com a função de prevenir e com- do CNPCT na condição de convidados em caráter permanente, com
bater a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos direito a voz.
ou degradantes, mediante o exercício das seguintes atribuições, § 5º Poderão participar das reuniões do CNPCT, a convite de
entre outras: seu Presidente, e na qualidade de observadores, especialistas e re-
I - acompanhar, avaliar e propor aperfeiçoamentos às ações, presentantes de instituições públicas ou privadas que exerçam rele-
aos programas, aos projetos e aos planos de prevenção e combate vantes atividades no enfrentamento à tortura.
à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou § 6º A participação no CNPCT será considerada prestação de
degradantes desenvolvidos em âmbito nacional; serviço público relevante, não remunerada.
II - acompanhar, avaliar e colaborar para o aprimoramento da § 7º Ato do Poder Executivo disporá sobre a composição e o
atuação de órgãos de âmbito nacional, estadual, distrital e munici- funcionamento do CNPCT.
pal cuja função esteja relacionada com suas finalidades; § 8º Para a composição do CNPCT - Comitê Nacional de Pre-
III - acompanhar a tramitação dos procedimentos de apuração venção e Combate à Tortura, será assegurada a realização de prévia
administrativa e judicial, com vistas ao seu cumprimento e celeri- consulta pública para a escolha dos membros de classe e da so-
dade; ciedade civil, observadas a representatividade e a diversidade da
IV - acompanhar a tramitação de propostas normativas; representação.
V - avaliar e acompanhar os projetos de cooperação firmados
entre o Governo brasileiro e organismos internacionais; CAPÍTULO III
VI - recomendar a elaboração de estudos e pesquisas e incenti- DO MECANISMO NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À
var a realização de campanhas; TORTURA - MNPCT
VII - apoiar a criação de comitês ou comissões semelhantes na Art. 8º Fica criado o Mecanismo Nacional de Prevenção e Com-
esfera estadual e distrital para o monitoramento e a avaliação das bate à Tortura-MNPCT, órgão integrante da estrutura da Secretaria
ações locais; de Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pela
VIII - articular-se com organizações e organismos locais, regio- prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas
nais, nacionais e internacionais, em especial no âmbito do Sistema cruéis, desumanos ou degradantes, nos termos do Artigo 3 do Pro-
Interamericano e da Organização das Nações Unidas; tocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a Tortura
IX - participar da implementação das recomendações do e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
MNPCT e com ele se empenhar em diálogo sobre possíveis medidas tes, promulgado pelo Decreto nº 6.085, de 19 de abril de 2007.
de implementação; § 1º O MNPCT será composto por 11 (onze) peritos, escolhidos
X - subsidiar o MNPCT com dados e informações; pelo CNPCT entre pessoas com notório conhecimento e formação
XI - construir e manter banco de dados, com informações sobre de nível superior, atuação e experiência na área de prevenção e
a atuação dos órgãos governamentais e não governamentais; combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desu-
XII - construir e manter cadastro de alegações, denúncias crimi- manos ou degradantes, e nomeados pelo Presidente da República,
nais e decisões judiciais; para mandato fixo de 3 (três) anos, permitida uma recondução.
XIII - difundir as boas práticas e as experiências exitosas de ór- § 2º Os membros do MNPCT terão independência na sua atu-
gãos e entidades; ação e garantia do seu mandato, do qual não serão destituídos se-
XIV - elaborar relatório anual de atividades, na forma e no pra- não pelo Presidente da República nos casos de condenação penal
zo dispostos em seu regimento interno; transitada em julgado, ou de processo disciplinar, em conformidade
XV - fornecer informações relativas ao número, tratamento e com as Leis nºs 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e 8.429, de 2 de
condições de detenção das pessoas privadas de liberdade; e junho de 1992.
XVI - elaborar e aprovar o seu regimento interno. § 3º O afastamento cautelar de membro do MNPCT poderá
Art. 7º O CNPCT será composto por 23 (vinte e três) membros, ser determinado por decisão fundamentada do CNPCT, no caso de
escolhidos e designados pelo Presidente da República, sendo 11 constatação de indício de materialidade e autoria de crime ou de
(onze) representantes de órgãos do Poder Executivo federal e 12 grave violação ao dever funcional, o que perdurará até a conclusão
(doze) de conselhos de classes profissionais e de organizações da do procedimento disciplinar de que trata o § 2º .
sociedade civil, tais como entidades representativas de trabalha- § 4º Não poderão compor o MNPCT, na condição de peritos,
dores, estudantes, empresários, instituições de ensino e pesquisa, aqueles que:
movimentos de direitos humanos e outras cuja atuação esteja rela- I - exerçam cargos executivos em agremiação partidária;
cionada com a temática de que trata esta Lei. II - não tenham condições de atuar com imparcialidade no exer-
§ 1º O CNPCT será presidido pelo Ministro de Estado Chefe da cício das competências do MNPCT.
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

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§ 5º Os Estados poderão criar o Mecanismo Estadual de Pre- § 3º A seleção de projetos que utilizem recursos oriundos do
venção e Combate à Tortura - MEPCT, órgão responsável pela pre- Fundo Penitenciário Nacional, do Fundo Nacional de Segurança
venção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, Pública, do Fundo Nacional do Idoso e do Fundo Nacional para a
desumanos ou degradantes, no âmbito estadual. Criança e o Adolescente deverá levar em conta as recomendações
§ 6º A visita periódica a que se refere o inciso I do caput e o § formuladas pelo MNPCT.
2º , ambos do art. 9º , deverá ser realizada em conjunto com o Me- § 4º O Departamento de Polícia Federal e o Departamento de
canismo Estadual, que será avisado com antecedência de 24 (vinte Polícia Rodoviária Federal prestarão o apoio necessário à atuação
e quatro) horas. do MNPCT.
§ 7º A inexistência, a recusa ou a impossibilidade de o Mecanis- Art. 10. São assegurados ao MNPCT e aos seus membros:
mo Estadual acompanhar a visita periódica no dia e hora marcados I - a autonomia das posições e opiniões adotadas no exercício
não impede a atuação do MNPCT. de suas funções;
Art. 9º Compete ao MNPCT: II - o acesso, independentemente de autorização, a todas as
I - planejar, realizar e monitorar visitas periódicas e regulares a informações e registros relativos ao número, à identidade, às con-
pessoas privadas de liberdade em todas as unidades da Federação, dições de detenção e ao tratamento conferido às pessoas privadas
para verificar as condições de fato e de direito a que se encontram de liberdade;
submetidas; III - o acesso ao número de unidades de detenção ou execução
II - articular-se com o Subcomitê de Prevenção da Organização de pena privativa de liberdade e a respectiva lotação e localização
das Nações Unidas, previsto no Artigo 2 do Protocolo Facultativo à de cada uma;
Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamen- IV - o acesso a todos os locais arrolados no inciso II do caput do
tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, promulgado pelo art. 3º , públicos e privados, de privação de liberdade e a todas as
Decreto nº 6.085, de 19 de abril de 2007, de forma a dar apoio a instalações e equipamentos do local;
suas missões no território nacional, com o objetivo de unificar as V - a possibilidade de entrevistar pessoas privadas de liberdade
estratégias e políticas de prevenção da tortura e de outros trata- ou qualquer outra pessoa que possa fornecer informações relevan-
mentos e práticas cruéis, desumanos ou degradantes; tes, reservadamente e sem testemunhas, em local que garanta a
III - requerer à autoridade competente que instaure procedi- segurança e o sigilo necessários;
mento criminal e administrativo mediante a constatação de indícios VI - a escolha dos locais a visitar e das pessoas a serem entre-
da prática de tortura e de outros tratamentos e práticas cruéis, de- vistadas, com a possibilidade, inclusive, de fazer registros por meio
sumanos ou degradantes; da utilização de recursos audiovisuais, respeitada a intimidade das
IV - elaborar relatório circunstanciado de cada visita realizada pessoas envolvidas; e
nos termos do inciso I e, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, apre- VII - a possibilidade de solicitar a realização de perícias oficiais,
sentá-lo ao CNPCT, à Procuradoria-Geral da República e às autorida- em consonância com as normas e diretrizes internacionais e com o
des responsáveis pela detenção e outras autoridades competentes; art. 159 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
V - elaborar, anualmente, relatório circunstanciado e sistema- de Processo Penal.
tizado sobre o conjunto de visitas realizadas e recomendações for- § 1º As informações obtidas pelo MNPCT serão públicas, ob-
muladas, comunicando ao dirigente imediato do estabelecimento servado o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
ou da unidade visitada e ao dirigente máximo do órgão ou da insti- § 2º O MNPCT deverá proteger as informações pessoais das
tuição a que esteja vinculado o estabelecimento ou unidade visita- pessoas privadas de liberdade, de modo a preservar sua segurança,
da de qualquer dos entes federativos, ou ao particular responsável, intimidade, vida privada, honra ou imagem, sendo vedada a publi-
do inteiro teor do relatório produzido, a fim de que sejam solucio- cação de qualquer dado pessoal sem o seu consentimento expres-
nados os problemas identificados e o sistema aprimorado; so.
VI - fazer recomendações e observações às autoridades públi- § 3º Os documentos e relatórios elaborados no âmbito das
cas ou privadas, responsáveis pelas pessoas em locais de privação visitas realizadas pelo MNPCT nos termos do inciso I do caput do
de liberdade, com vistas a garantir a observância dos direitos dessas art. 9º poderão produzir prova em juízo, de acordo com a legislação
pessoas; vigente.
VII - publicar os relatórios de visitas periódicas e regulares rea- § 4º Não se prejudicará pessoa, órgão ou entidade por ter for-
lizadas e o relatório anual e promover a difusão deles; necido informação ao MNPCT, assim como não se permitirá que ne-
VIII - sugerir propostas e observações a respeito da legislação nhum servidor público ou autoridade tolere ou lhes ordene, aplique
existente; e ou permita sanção relacionada com esse fato.
IX - elaborar e aprovar o seu regimento interno. Art. 11. O MNPCT trabalhará de forma articulada com os de-
§ 1º A atuação do MNPCT dar-se-á sem prejuízo das competên- mais órgãos que compõem o SNPCT e, anualmente, prestará contas
cias atribuídas aos demais órgãos e entidades que exerçam funções das atividades realizadas ao CNPCT.
semelhantes.
§ 2º Nas visitas previstas no inciso I do caput, o MNPCT poderá CAPÍTULO IV
ser representado por todos os seus membros ou por grupos meno- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
res e poderá convidar representantes de entidades da sociedade Art. 12. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
civil, peritos e especialistas com atuação em áreas afins. República garantirá o apoio técnico, financeiro e administrativo ne-
cessários ao funcionamento do SNPCT, do CNPCT e do MNPCT, em
especial à realização das visitas periódicas e regulares previstas no
inciso I do caput do art. 9º por parte do MNPCT, em todas as unida-
des da Federação.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Art. 13. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
República fomentará a criação de mecanismos preventivos de com- deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação
bate à tortura no âmbito dos Estados ou do Distrito Federal, em dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
consonância com o Protocolo Facultativo à Convenção das Nações III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, De- § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
sumanos ou Degradantes, promulgado pelo Decreto nº 6.085, de prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
19 de abril de 2007. da pena aplicada.
Art. 14. Os primeiros membros do MNPCT cumprirão mandatos § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
diferenciados, nos seguintes termos: ou anistia.
I - 3 (três) peritos serão nomeados para cumprir mandato de 2 § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
(dois) anos; do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
II - 4 (quatro) peritos serão nomeados para cumprir mandato Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
de 3 (três) anos; e tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi-
III - 4 (quatro) peritos serão nomeados para cumprir mandato leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
de 4 (quatro) anos. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. Nos mandatos subsequentes deverá ser apli- Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
cado o disposto no § 1º do art. 8º . 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º DECRETO Nº 4.388/2002 - PROMULGA O ESTATUTO DE
da República. ROMA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

LEI Nº FEDERAL Nº 9.455/1997- DEFINE OS CRIMES DE DECRETO Nº 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002.


TORTURA
Promulga o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição,
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do
Define os crimes de tortura e dá outras providências. Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, por meio do De-
creto Legislativo no 112, de 6 de junho de 2002;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Considerando que o mencionado Ato Internacional entrou em
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: vigor internacional em 1o de julho de 2002, e passou a vigorar, para
o Brasil, em 1o de setembro de 2002, nos termos de seu art. 126;
Art. 1º Constitui crime de tortura: DECRETA:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Art. 1o O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido
vítima ou de terceira pessoa; tão inteiramente como nele se contém.
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quais-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; quer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida gravosos ao patrimônio nacional.
de caráter preventivo. Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante Preâmbulo
de medida legal. Os Estados Partes no presente Estatuto.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção Conscientes de que todos os povos estão unidos por laços co-
de um a quatro anos. muns e de que suas culturas foram construídas sobre uma herança
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, que partilham, e preocupados com o fato deste delicado mosaico
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- poder vir a quebrar-se a qualquer instante,
são é de oito a dezesseis anos. Tendo presente que, no decurso deste século, milhões de cri-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: anças, homens e mulheres têm sido vítimas de atrocidades inimag-
I - se o crime é cometido por agente público; ináveis que chocam profundamente a consciência da humanidade,
Reconhecendo que crimes de uma tal gravidade constituem
uma ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da humanidade,
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Afirmando que os crimes de maior gravidade, que afetam a co- 2. O Tribunal estabelecerá um acordo de sede com o Estado
munidade internacional no seu conjunto, não devem ficar impunes anfitrião, a ser aprovado pela Assembléia dos Estados Partes e em
e que a sua repressão deve ser efetivamente assegurada através da seguida concluído pelo Presidente do Tribunal em nome deste.
adoção de medidas em nível nacional e do reforço da cooperação 3. Sempre que entender conveniente, o Tribunal poderá fun-
internacional, cionar em outro local, nos termos do presente Estatuto.
Decididos a por fim à impunidade dos autores desses crimes e
a contribuir assim para a prevenção de tais crimes, Artigo 4o
Relembrando que é dever de cada Estado exercer a respectiva Regime Jurídico e Poderes do Tribunal
jurisdição penal sobre os responsáveis por crimes internacionais,
Reafirmando os Objetivos e Princípios consignados na Carta 1. O Tribunal terá personalidade jurídica internacional. Pos-
das Nações Unidas e, em particular, que todos os Estados se devem suirá, igualmente, a capacidade jurídica necessária ao desempenho
abster de recorrer à ameaça ou ao uso da força, contra a integri- das suas funções e à prossecução dos seus objetivos.
dade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou 2. O Tribunal poderá exercer os seus poderes e funções nos ter-
de atuar por qualquer outra forma incompatível com os Objetivos mos do presente Estatuto, no território de qualquer Estado Parte e,
das Nações Unidas, por acordo especial, no território de qualquer outro Estado.
Salientando, a este propósito, que nada no presente Estatuto
deverá ser entendido como autorizando qualquer Estado Parte a in- Capítulo II
tervir em um conflito armado ou nos assuntos internos de qualquer Competência, Admissibilidade e Direito Aplicável
Estado,
Determinados em perseguir este objetivo e no interesse das Artigo 5
gerações presentes e vindouras, a criar um Tribunal Penal Internac- Crimes da Competência do Tribunal
ional com caráter permanente e independente, no âmbito do siste-
ma das Nações Unidas, e com jurisdição sobre os crimes de maior 1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais
gravidade que afetem a comunidade internacional no seu conjunto, graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto.
Sublinhando que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para
presente Estatuto, será complementar às jurisdições penais nacio- julgar os seguintes crimes:
nais, a) O crime de genocídio;
Decididos a garantir o respeito duradouro pela efetivação da b) Crimes contra a humanidade;
justiça internacional, c) Crimes de guerra;
d) O crime de agressão.
Convieram no seguinte: 2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao
crime de agressão desde que, nos termos dos artigos 121 e 123,
Capítulo I seja aprovada uma disposição em que se defina o crime e se enunci-
Criação do Tribunal em as condições em que o Tribunal terá competência relativamente
a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as disposições
Artigo 1 pertinentes da Carta das Nações Unidas.
O Tribunal
Artigo 6
É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal In- Crime de Genocídio
ternacional (“o Tribunal”). O Tribunal será uma instituição perma-
nente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por
de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o “genocídio”, qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, prat-
presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais na- icado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
cionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:
pelo presente Estatuto. a) Homicídio de membros do grupo;
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros
Artigo 2 do grupo;
Relação do Tribunal com as Nações Unidas c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista
a provocar a sua destruição física, total ou parcial;
A relação entre o Tribunal e as Nações Unidas será estabelecida d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no
através de um acordo a ser aprovado pela Assembléia dos Estados seio do grupo;
Partes no presente Estatuto e, em seguida, concluído pelo Presiden- e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.
te do Tribunal em nome deste.

Artigo 3
Sede do Tribunal

1. A sede do Tribunal será na Haia, Países Baixos (“o Estado an-


fitrião”).

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 7 outras violações graves do direito internacional. Esta definição


Crimes contra a Humanidade não pode, de modo algum, ser interpretada como afetando as dis-
posições de direito interno relativas à gravidez;
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “crime g) Por “perseguição’’ entende-se a privação intencional e grave
contra a humanidade”, qualquer um dos atos seguintes, quando de direitos fundamentais em violação do direito internacional, por
cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade
contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse em causa;
ataque: h) Por “crime de apartheid” entende-se qualquer ato desuma-
a) Homicídio; no análogo aos referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de
b) Extermínio; um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de
c) Escravidão; um grupo racial sobre um ou outros grupos nacionais e com a in-
d) Deportação ou transferência forçada de uma população; tenção de manter esse regime;
e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, i) Por “desaparecimento forçado de pessoas” entende-se a de-
em violação das normas fundamentais de direito internacional; tenção, a prisão ou o sequestro de pessoas por um Estado ou uma
f) Tortura; organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordân-
g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, cia destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação
gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a situação ou
violência no campo sexual de gravidade comparável; localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a pro-
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser iden- teção da lei por um prolongado período de tempo.
tificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, 3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se que o termo
religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em “gênero” abrange os sexos masculino e feminino, dentro do con-
função de outros critérios universalmente reconhecidos como ina- texto da sociedade, não lhe devendo ser atribuído qualquer outro
ceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato significado.
referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência
do Tribunal; Artigo 8o
i) Desaparecimento forçado de pessoas; Crimes de Guerra
j) Crime de apartheid;
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem 1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guer-
intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a inte- ra, em particular quando cometidos como parte integrante de um
gridade física ou a saúde física ou mental. plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga
2. Para efeitos do parágrafo 1o: escala desse tipo de crimes.
a) Por “ataque contra uma população civil” entende-se 2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “crimes
qualquer conduta que envolva a prática múltipla de atos referidos de guerra”:
no parágrafo 1o contra uma população civil, de acordo com a políti- a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de
ca de um Estado ou de uma organização de praticar esses atos ou Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos
tendo em vista a prossecução dessa política; contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de
b) O “extermínio” compreende a sujeição intencional a Genebra que for pertinente:
condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou i) Homicídio doloso;
medicamentos, com vista a causar a destruição de uma parte da ii) Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as ex-
população; periências biológicas;
c) Por “escravidão” entende-se o exercício, relativamente a iii) O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou
uma pessoa, de um poder ou de um conjunto de poderes que tra- ofensas graves à integridade física ou à saúde;
duzam um direito de propriedade sobre uma pessoa, incluindo o iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quan-
exercício desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em particu- do não justificadas por quaisquer necessidades militares e executa-
lar mulheres e crianças; das de forma ilegal e arbitrária;
d) Por “deportação ou transferência à força de uma população” v) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa
entende-se o deslocamento forçado de pessoas, através da ex- sob proteção a servir nas forças armadas de uma potência inimiga;
pulsão ou outro ato coercivo, da zona em que se encontram legal- vi) Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de out-
mente, sem qualquer motivo reconhecido no direito internacional; ra pessoa sob proteção do seu direito a um julgamento justo e im-
e) Por “tortura” entende-se o ato por meio do qual uma dor parcial;
ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente vii) Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de
causados a uma pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do liberdade;
acusado; este termo não compreende a dor ou os sofrimentos re- viii) Tomada de reféns;
sultantes unicamente de sanções legais, inerentes a essas sanções b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em
ou por elas ocasionadas; conflitos armados internacionais no âmbito do direito internacion-
f) Por “gravidez à força” entende-se a privação ilegal de liber- al, a saber, qualquer um dos seguintes atos:
dade de uma mulher que foi engravidada à força, com o propósito i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral
de alterar a composição étnica de uma população ou de cometer ou civis que não participem diretamente nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou seja bens
que não sejam objetivos militares;
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, em violação do direito internacional aplicável aos conflitos arma-
material, unidades ou veículos que participem numa missão de ma- dos, na medida em que tais armas, projéteis, materiais e métodos
nutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a de combate sejam objeto de uma proibição geral e estejam incluí-
Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à pro- dos em um anexo ao presente Estatuto, em virtude de uma alter-
teção conferida aos civis ou aos bens civis pelo direito internacional ação aprovada em conformidade com o disposto nos artigos 121 e
aplicável aos conflitos armados; 123;
iv) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que o mesmo xxi) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular por meio de
causará perdas acidentais de vidas humanas ou ferimentos na pop- tratamentos humilhantes e degradantes;
ulação civil, danos em bens de caráter civil ou prejuízos extensos, xxii) Cometer atos de violação, escravidão sexual, prostituição
duradouros e graves no meio ambiente que se revelem claramente forçada, gravidez à força, tal como definida na alínea f) do parágr-
excessivos em relação à vantagem militar global concreta e direta afo 2o do artigo 7o, esterilização à força e qualquer outra forma
que se previa; de violência sexual que constitua também um desrespeito grave às
v) Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, Convenções de Genebra;
habitações ou edifícios que não estejam defendidos e que não se- xxiii) Utilizar a presença de civis ou de outras pessoas protegi-
jam objetivos militares; das para evitar que determinados pontos, zonas ou forças militares
vi) Matar ou ferir um combatente que tenha deposto armas sejam alvo de operações militares;
ou que, não tendo mais meios para se defender, se tenha incondi- xxiv) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material,
cionalmente rendido; unidades e veículos sanitários, assim como o pessoal que esteja
vii) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua, a bandei- usando os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em
ra nacional, as insígnias militares ou o uniforme do inimigo ou conformidade com o direito internacional;
das Nações Unidas, assim como os emblemas distintivos das Con- xxv) Provocar deliberadamente a inanição da população civil
venções de Genebra, causando deste modo a morte ou ferimentos como método de guerra, privando-a dos bens indispensáveis à sua
graves; sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros, tal como
viii) A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocu- previsto nas Convenções de Genebra;
pante de parte da sua população civil para o território que ocupa xxvi) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças arma-
ou a deportação ou transferência da totalidade ou de parte da pop- das nacionais ou utilizá-los para participar ativamente nas hostili-
ulação do território ocupado, dentro ou para fora desse território; dades;
ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internac-
culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, ional, as violações graves do artigo 3o comum às quatro Convenções
monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doen- de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos
tes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares; atos que a seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não
x) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de uma participem diretamente nas hostilidades, incluindo os membros das
parte beligerante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de ex- forças armadas que tenham deposto armas e os que tenham ficado
periências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um impedidos de continuar a combater devido a doença, lesões, prisão
tratamento médico, dentário ou hospitalar, nem sejam efetuadas ou qualquer outro motivo:
no interesse dessas pessoas, e que causem a morte ou coloquem i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particu-
seriamente em perigo a sua saúde; lar o homicídio sob todas as suas formas, as mutilações, os trata-
xi) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à nação ou ao mentos cruéis e a tortura;
exército inimigo; ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de
xii) Declarar que não será dado quartel; tratamentos humilhantes e degradantes;
xiii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que tais iii) A tomada de reféns;
destruições ou apreensões sejam imperativamente determinadas iv) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem
pelas necessidades da guerra; julgamento prévio por um tribunal regularmente constituído e que
xiv) Declarar abolidos, suspensos ou não admissíveis em tribu- ofereça todas as garantias judiciais geralmente reconhecidas como
nal os direitos e ações dos nacionais da parte inimiga; indispensáveis.
xv) Obrigar os nacionais da parte inimiga a participar em op- d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo aplica-se aos
erações bélicas dirigidas contra o seu próprio país, ainda que eles conflitos armados que não tenham caráter internacional e, por con-
tenham estado ao serviço daquela parte beligerante antes do início seguinte, não se aplica a situações de distúrbio e de tensão inter-
da guerra; nas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou
xvi) Saquear uma cidade ou uma localidade, mesmo quando outros de caráter semelhante;
tomada de assalto; e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos
xvii) Utilizar veneno ou armas envenenadas; conflitos armados que não têm caráter internacional, no quadro do
xviii) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases ou direito internacional, a saber qualquer um dos seguintes atos:
qualquer líquido, material ou dispositivo análogo; i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral
xix) Utilizar balas que se expandem ou achatam facilmente no ou civis que não participem diretamente nas hostilidades;
interior do corpo humano, tais como balas de revestimento duro ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, uni-
que não cobre totalmente o interior ou possui incisões; dades e veículos sanitários, bem como ao pessoal que esteja usan-
xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos de combate do os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em con-
que, pela sua própria natureza, causem ferimentos supérfluos ou formidade com o direito internacional;
sofrimentos desnecessários ou que surtam efeitos indiscriminados,
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, As referidas alterações entram em vigor depois de aprovadas
material, unidades ou veículos que participem numa missão de ma- por uma maioria de dois terços dos membros da Assembléia dos
nutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a Estados Partes.
Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à pro- 3. Os elementos constitutivos dos crimes e respectivas alter-
teção conferida pelo direito internacional dos conflitos armados aos ações deverão ser compatíveis com as disposições contidas no pre-
civis e aos bens civis; sente Estatuto.
iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto re-
ligioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monu- Artigo 10
mentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e
feridos, sempre que não se trate de objetivos militares; Nada no presente capítulo deverá ser interpretado como lim-
v) Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo itando ou afetando, de alguma maneira, as normas existentes ou
quando tomado de assalto; em desenvolvimento de direito internacional com fins distintos dos
vi) Cometer atos de agressão sexual, escravidão sexual, pros- do presente Estatuto.
tituição forçada, gravidez à força, tal como definida na alínea f do
parágrafo 2o do artigo 7o; esterilização à força ou qualquer outra Artigo 11
forma de violência sexual que constitua uma violação grave do arti- Competência Ratione Temporis
go 3o comum às quatro Convenções de Genebra;
vii) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas 1. O Tribunal só terá competência relativamente aos crimes
nacionais ou em grupos, ou utilizá-los para participar ativamente cometidos após a entrada em vigor do presente Estatuto.
nas hostilidades; 2. Se um Estado se tornar Parte no presente Estatuto depois da
viii) Ordenar a deslocação da população civil por razões relacio- sua entrada em vigor, o Tribunal só poderá exercer a sua competên-
nadas com o conflito, salvo se assim o exigirem a segurança dos civis cia em relação a crimes cometidos depois da entrada em vigor do
em questão ou razões militares imperiosas; presente Estatuto relativamente a esse Estado, a menos que este
ix) Matar ou ferir à traição um combatente de uma parte be- tenha feito uma declaração nos termos do parágrafo 3o do artigo
ligerante; 12.
x) Declarar que não será dado quartel;
xi) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de out- Artigo 12
ra parte beligerante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de ex- Condições Prévias ao Exercício da Jurisdição
periências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um
tratamento médico, dentário ou hospitalar nem sejam efetuadas 1. O Estado que se torne Parte no presente Estatuto, aceitará
no interesse dessa pessoa, e que causem a morte ou ponham seri- a jurisdição do Tribunal relativamente aos crimes a que se refere o
amente a sua saúde em perigo; artigo 5o.
xii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que as ne- 2. Nos casos referidos nos parágrafos a) ou c) do artigo 13, o
cessidades da guerra assim o exijam; Tribunal poderá exercer a sua jurisdição se um ou mais Estados a
f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo aplicar-se-á seguir identificados forem Partes no presente Estatuto ou aceitar-
aos conflitos armados que não tenham caráter internacional e, por em a competência do Tribunal de acordo com o disposto no pará-
conseguinte, não se aplicará a situações de distúrbio e de tensão in- grafo 3o:
ternas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados a) Estado em cujo território tenha tido lugar a conduta em
ou outros de caráter semelhante; aplicar-se-á, ainda, a conflitos ar- causa, ou, se o crime tiver sido cometido a bordo de um navio ou de
mados que tenham lugar no território de um Estado, quando exista uma aeronave, o Estado de matrícula do navio ou aeronave;
um conflito armado prolongado entre as autoridades governamen- b) Estado de que seja nacional a pessoa a quem é imputado
tais e grupos armados organizados ou entre estes grupos. um crime.
3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2o, em nada afe- 3. Se a aceitação da competência do Tribunal por um Estado
tará a responsabilidade que incumbe a todo o Governo de manter e que não seja Parte no presente Estatuto for necessária nos termos
de restabelecer a ordem pública no Estado, e de defender a unidade do parágrafo 2o, pode o referido Estado, mediante declaração de-
e a integridade territorial do Estado por qualquer meio legítimo. positada junto do Secretário, consentir em que o Tribunal exerça a
sua competência em relação ao crime em questão. O Estado que
Artigo 9o tiver aceito a competência do Tribunal colaborará com este, sem
Elementos Constitutivos dos Crimes qualquer demora ou exceção, de acordo com o disposto no Capítulo
IX.
1. Os elementos constitutivos dos crimes que auxiliarão o Tri-
bunal a interpretar e a aplicar os artigos 6o, 7o e 8o do presente Artigo 13
Estatuto, deverão ser adotados por uma maioria de dois terços dos Exercício da Jurisdição
membros da Assembléia dos Estados Partes.
2. As alterações aos elementos constitutivos dos crimes O Tribunal poderá exercer a sua jurisdição em relação a
poderão ser propostas por: qualquer um dos crimes a que se refere o artigo 5o, de acordo com
a) Qualquer Estado Parte; o disposto no presente Estatuto, se:
b) Os juízes, através de deliberação tomada por maioria abso- a) Um Estado Parte denunciar ao Procurador, nos termos do
luta; artigo 14, qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a
c) O Procurador. prática de um ou vários desses crimes;
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b) O Conselho de Segurança, agindo nos termos do Capítulo Artigo 16


VII da Carta das Nações Unidas, denunciar ao Procurador qualquer Adiamento do Inquérito e do Procedimento Criminal
situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou
vários desses crimes; ou Nenhum inquérito ou procedimento crime poderá ter início
c) O Procurador tiver dado início a um inquérito sobre tal crime, ou prosseguir os seus termos, com base no presente Estatuto, por
nos termos do disposto no artigo 15. um período de doze meses a contar da data em que o Conselho
de Segurança assim o tiver solicitado em resolução aprovada nos
Artigo 14 termos do disposto no Capítulo VII da Carta das Nações Unidas; o
Denúncia por um Estado Parte pedido poderá ser renovado pelo Conselho de Segurança nas mes-
mas condições.
1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar ao Procurador uma
situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou Artigo 17
vários crimes da competência do Tribunal e solicitar ao Procurador Questões Relativas à Admissibilidade
que a investigue, com vista a determinar se uma ou mais pessoas
identificadas deverão ser acusadas da prática desses crimes. 1. Tendo em consideração o décimo parágrafo do preâmbulo e
2. O Estado que proceder à denúncia deverá, tanto quanto pos- o artigo 1o, o Tribunal decidirá sobre a não admissibilidade de um
sível, especificar as circunstâncias relevantes do caso e anexar toda caso se:
a documentação de que disponha. a) O caso for objeto de inquérito ou de procedimento criminal
por parte de um Estado que tenha jurisdição sobre o mesmo, salvo
Artigo 15 se este não tiver vontade de levar a cabo o inquérito ou o procedi-
Procurador mento ou, não tenha capacidade para o fazer;
b) O caso tiver sido objeto de inquérito por um Estado com
1. O Procurador poderá, por sua própria iniciativa, abrir um jurisdição sobre ele e tal Estado tenha decidido não dar seguimento
inquérito com base em informações sobre a prática de crimes da ao procedimento criminal contra a pessoa em causa, a menos que
competência do Tribunal. esta decisão resulte do fato de esse Estado não ter vontade de pro-
2. O Procurador apreciará a seriedade da informação recebi- ceder criminalmente ou da sua incapacidade real para o fazer;
da. Para tal, poderá recolher informações suplementares junto aos c) A pessoa em causa já tiver sido julgada pela conduta a que se
Estados, aos órgãos da Organização das Nações Unidas, às Organ- refere a denúncia, e não puder ser julgada pelo Tribunal em virtude
izações Intergovernamentais ou Não Governamentais ou outras do disposto no parágrafo 3o do artigo 20;
fontes fidedignas que considere apropriadas, bem como recolher d) O caso não for suficientemente grave para justificar a ulteri-
depoimentos escritos ou orais na sede do Tribunal. or intervenção do Tribunal.
3. Se concluir que existe fundamento suficiente para abrir um 2. A fim de determinar se há ou não vontade de agir num de-
inquérito, o Procurador apresentará um pedido de autorização terminado caso, o Tribunal, tendo em consideração as garantias de
nesse sentido ao Juízo de Instrução, acompanhado da documen- um processo equitativo reconhecidas pelo direito internacional,
tação de apoio que tiver reunido. As vítimas poderão apresentar verificará a existência de uma ou mais das seguintes circunstâncias:
representações no Juízo de Instrução, de acordo com o Regulamen- a) O processo ter sido instaurado ou estar pendente ou a de-
to Processual. cisão ter sido proferida no Estado com o propósito de subtrair a
4. Se, após examinar o pedido e a documentação que o pessoa em causa à sua responsabilidade criminal por crimes da
acompanha, o Juízo de Instrução considerar que há fundamento competência do Tribunal, nos termos do disposto no artigo 5o;
suficiente para abrir um Inquérito e que o caso parece caber na b) Ter havido demora injustificada no processamento, a qual,
jurisdição do Tribunal, autorizará a abertura do inquérito, sem pre- dadas as circunstâncias, se mostra incompatível com a intenção de
juízo das decisões que o Tribunal vier a tomar posteriormente em fazer responder a pessoa em causa perante a justiça;
matéria de competência e de admissibilidade. c) O processo não ter sido ou não estar sendo conduzido de
5. A recusa do Juízo de Instrução em autorizar a abertura do in- maneira independente ou imparcial, e ter estado ou estar sendo
quérito não impedirá o Procurador de formular ulteriormente outro conduzido de uma maneira que, dadas as circunstâncias, seja in-
pedido com base em novos fatos ou provas respeitantes à mesma compatível com a intenção de levar a pessoa em causa perante a
situação. justiça;
6. Se, depois da análise preliminar a que se referem os parágr- 3. A fim de determinar se há incapacidade de agir num deter-
afos 1o e 2o, o Procurador concluir que a informação apresentada minado caso, o Tribunal verificará se o Estado, por colapso total
não constitui fundamento suficiente para um inquérito, o Procura- ou substancial da respectiva administração da justiça ou por indis-
dor informará quem a tiver apresentado de tal entendimento. Tal ponibilidade desta, não estará em condições de fazer comparecer
não impede que o Procurador examine, à luz de novos fatos ou pro- o acusado, de reunir os meios de prova e depoimentos necessários
vas, qualquer outra informação que lhe venha a ser comunicada ou não estará, por outros motivos, em condições de concluir o pro-
sobre o mesmo caso. cesso.

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Artigo 18 a) O acusado ou a pessoa contra a qual tenha sido emitido um


Decisões Preliminares sobre Admissibilidade mandado ou ordem de detenção ou de comparecimento, nos ter-
mos do artigo 58;
1. Se uma situação for denunciada ao Tribunal nos termos do b) Um Estado que detenha o poder de jurisdição sobre um
artigo 13, parágrafo a), e o Procurador determinar que existem fun- caso, pelo fato de o estar investigando ou julgando, ou por já o ter
damentos para abrir um inquérito ou der início a um inquérito de feito antes; ou
acordo com os artigos 13, parágrafo c) e 15, deverá notificar todos c) Um Estado cuja aceitação da competência do Tribunal seja
os Estados Partes e os Estados que, de acordo com a informação exigida, de acordo com o artigo 12.
disponível, teriam jurisdição sobre esses crimes. O Procurador 3. O Procurador poderá solicitar ao Tribunal que se pronuncie
poderá proceder à notificação a título confidencial e, sempre que sobre questões de jurisdição ou admissibilidade. Nas ações relati-
o considere necessário com vista a proteger pessoas, impedir a de- vas a jurisdição ou admissibilidade, aqueles que tiverem denuncia-
struição de provas ou a fuga de pessoas, poderá limitar o âmbito da do um caso ao abrigo do artigo 13, bem como as vítimas, poderão
informação a transmitir aos Estados. também apresentar as suas observações ao Tribunal.
2. No prazo de um mês após a recepção da referida notificação, 4. A admissibilidade de um caso ou a jurisdição do Tribunal só
qualquer Estado poderá informar o Tribunal de que está proceden- poderão ser impugnadas uma única vez por qualquer pessoa ou Es-
do, ou já procedeu, a um inquérito sobre nacionais seus ou outras tado a que se faz referência no parágrafo 2o. A impugnação deverá
pessoas sob a sua jurisdição, por atos que possam constituir crimes ser feita antes do julgamento ou no seu início. Em circunstâncias
a que se refere o artigo 5o e digam respeito à informação constante excepcionais, o Tribunal poderá autorizar que a impugnação se faça
na respectiva notificação. A pedido desse Estado, o Procurador mais de uma vez ou depois do início do julgamento. As impugnações
transferirá para ele o inquérito sobre essas pessoas, a menos que, à admissibilidade de um caso feitas no início do julgamento, ou pos-
a pedido do Procurador, o Juízo de Instrução decida autorizar o in- teriormente com a autorização do Tribunal, só poderão fundamen-
quérito. tar-se no disposto no parágrafo 1o, alínea c) do artigo 17.
3. A transferência do inquérito poderá ser reexaminada pelo 5. Os Estados a que se referem as alíneas b) e c) do parágrafo 2o
Procurador seis meses após a data em que tiver sido decidida ou, a do presente artigo deverão deduzir impugnação logo que possível.
todo o momento, quando tenha ocorrido uma alteração significati- 6. Antes da confirmação da acusação, a impugnação da admis-
va de circunstâncias, decorrente da falta de vontade ou da incapaci- sibilidade de um caso ou da jurisdição do Tribunal será submetida
dade efetiva do Estado de levar a cabo o inquérito. ao Juízo de Instrução e, após confirmação, ao Juízo de Julgamento
4. O Estado interessado ou o Procurador poderão interpor re- em Primeira Instância. Das decisões relativas à jurisdição ou admis-
curso para o Juízo de Recursos da decisão proferida por um Juízo sibilidade caberá recurso para o Juízo de Recursos, de acordo com
de Instrução, tal como previsto no artigo 82. Este recurso poderá o artigo 82.
seguir uma forma sumária. 7. Se a impugnação for feita pelo Estado referido nas alíneas b)
5. Se o Procurador transferir o inquérito, nos termos do pará- e c) do parágrafo 2o, o Procurador suspenderá o inquérito até que o
grafo 2o, poderá solicitar ao Estado interessado que o informe pe- Tribunal decida em conformidade com o artigo 17.
riodicamente do andamento do mesmo e de qualquer outro pro- 8. Enquanto aguardar uma decisão, o Procurador poderá solic-
cedimento subsequente. Os Estados Partes responderão a estes itar ao Tribunal autorização para:
pedidos sem atrasos injustificados. a) Proceder às investigações necessárias previstas no parágrafo
6. O Procurador poderá, enquanto aguardar uma decisão a 6o do artigo 18;
proferir no Juízo de Instrução, ou a todo o momento se tiver trans- b) Recolher declarações ou o depoimento de uma testemunha
ferido o inquérito nos termos do presente artigo, solicitar ao tribu- ou completar o recolhimento e o exame das provas que tenha ini-
nal de instrução, a título excepcional, que o autorize a efetuar as ciado antes da impugnação; e
investigações que considere necessárias para preservar elementos c) Impedir, em colaboração com os Estados interessados, a fuga
de prova, quando exista uma oportunidade única de obter provas de pessoas em relação às quais já tenha solicitado um mandado de
relevantes ou um risco significativo de que essas provas possam não detenção, nos termos do artigo 58.
estar disponíveis numa fase ulterior. 9. A impugnação não afetará a validade de nenhum ato realiza-
7. O Estado que tenha recorrido de uma decisão do Juízo de In- do pelo Procurador, nem de nenhuma decisão ou mandado anteri-
strução nos termos do presente artigo poderá impugnar a admissi- ormente emitido pelo Tribunal.
bilidade de um caso nos termos do artigo 19, invocando fatos novos 10. Se o Tribunal tiver declarado que um caso não é admissível,
relevantes ou uma alteração significativa de circunstâncias. de acordo com o artigo 17, o Procurador poderá pedir a revisão
dessa decisão, após se ter certificado de que surgiram novos fatos
Artigo 19 que invalidam os motivos pelos quais o caso havia sido considerado
Impugnação da Jurisdição do Tribunal ou da Admissibilidade inadmissível nos termos do artigo 17.
do Caso 11. Se o Procurador, tendo em consideração as questões referi-
das no artigo 17, decidir transferir um inquérito, poderá pedir ao
1. O Tribunal deverá certificar-se de que detém jurisdição so- Estado em questão que o mantenha informado do seguimento do
bre todos os casos que lhe sejam submetidos. O Tribunal poderá processo. Esta informação deverá, se esse Estado o solicitar, ser
pronunciar-se de ofício sobre a admissibilidade do caso em confor- mantida confidencial. Se o Procurador decidir, posteriormente,
midade com o artigo 17. abrir um inquérito, comunicará a sua decisão ao Estado para o qual
2. Poderão impugnar a admissibilidade do caso, por um dos foi transferido o processo.
motivos referidos no artigo 17, ou impugnar a jurisdição do Tribu-
nal:
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Artigo 20 3. O disposto no presente artigo em nada afetará a tipificação


Ne bis in idem de uma conduta como crime nos termos do direito internacional,
independentemente do presente Estatuto.
1. Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma
pessoa poderá ser julgada pelo Tribunal por atos constitutivos de Artigo 23
crimes pelos quais este já a tenha condenado ou absolvido. Nulla poena sine lege
2. Nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por
um crime mencionado no artigo 5°, relativamente ao qual já tenha Qualquer pessoa condenada pelo Tribunal só poderá ser puni-
sido condenada ou absolvida pelo Tribunal. da em conformidade com as disposições do presente Estatuto.
3. O Tribunal não poderá julgar uma pessoa que já tenha sido
julgada por outro tribunal, por atos também punidos pelos artigos Artigo 24
6o, 7o ou 8o, a menos que o processo nesse outro tribunal: Não retroatividade ratione personae
a) Tenha tido por objetivo subtrair o acusado à sua responsabil-
idade criminal por crimes da competência do Tribunal; ou 1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente re-
b) Não tenha sido conduzido de forma independente ou impar- sponsável, de acordo com o presente Estatuto, por uma conduta
cial, em conformidade com as garantias de um processo equitativo anterior à entrada em vigor do presente Estatuto.
reconhecidas pelo direito internacional, ou tenha sido conduzido de 2. Se o direito aplicável a um caso for modificado antes de pro-
uma maneira que, no caso concreto, se revele incompatível com a ferida sentença definitiva, aplicar-se-á o direito mais favorável à
intenção de submeter a pessoa à ação da justiça. pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada.

Artigo 21 Artigo 25
Direito Aplicável Responsabilidade Criminal Individual

1. O Tribunal aplicará: 1. De acordo com o presente Estatuto, o Tribunal será compe-


a) Em primeiro lugar, o presente Estatuto, os Elementos Consti- tente para julgar as pessoas físicas.
tutivos do Crime e o Regulamento Processual; 2. Quem cometer um crime da competência do Tribunal será
b) Em segundo lugar, se for o caso, os tratados e os princípios considerado individualmente responsável e poderá ser punido de
e normas de direito internacional aplicáveis, incluindo os princípios acordo com o presente Estatuto.
estabelecidos no direito internacional dos conflitos armados; 3. Nos termos do presente Estatuto, será considerado criminal-
c) Na falta destes, os princípios gerais do direito que o Tribunal mente responsável e poderá ser punido pela prática de um crime da
retire do direito interno dos diferentes sistemas jurídicos existentes, competência do Tribunal quem:
incluindo, se for o caso, o direito interno dos Estados que exerceri- a) Cometer esse crime individualmente ou em conjunto ou
am normalmente a sua jurisdição relativamente ao crime, sempre por intermédio de outrem, quer essa pessoa seja, ou não, criminal-
que esses princípios não sejam incompatíveis com o presente Es- mente responsável;
tatuto, com o direito internacional, nem com as normas e padrões b) Ordenar, solicitar ou instigar à prática desse crime, sob for-
internacionalmente reconhecidos. ma consumada ou sob a forma de tentativa;
2. O Tribunal poderá aplicar princípios e normas de direito tal c) Com o propósito de facilitar a prática desse crime, for cúm-
como já tenham sido por si interpretados em decisões anteriores. plice ou encobridor, ou colaborar de algum modo na prática ou na
3. A aplicação e interpretação do direito, nos termos do pre- tentativa de prática do crime, nomeadamente pelo fornecimento
sente artigo, deverá ser compatível com os direitos humanos inter- dos meios para a sua prática;
nacionalmente reconhecidos, sem discriminação alguma baseada d) Contribuir de alguma outra forma para a prática ou tenta-
em motivos tais como o gênero, definido no parágrafo 3o do artigo tiva de prática do crime por um grupo de pessoas que tenha um
7o, a idade, a raça, a cor, a religião ou o credo, a opinião política ou objetivo comum. Esta contribuição deverá ser intencional e ocorrer,
outra, a origem nacional, étnica ou social, a situação econômica, o conforme o caso:
nascimento ou outra condição. i) Com o propósito de levar a cabo a atividade ou o objetivo
criminal do grupo, quando um ou outro impliquem a prática de um
Capítulo III crime da competência do Tribunal; ou
Princípios Gerais de Direito Penal ii) Com o conhecimento da intenção do grupo de cometer o
crime;
Artigo 22 e) No caso de crime de genocídio, incitar, direta e publica-
Nullum crimen sine leqe mente, à sua prática;
f) Tentar cometer o crime mediante atos que contribuam sub-
1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente re- stancialmente para a sua execução, ainda que não se venha a con-
sponsável, nos termos do presente Estatuto, a menos que a sua sumar devido a circunstâncias alheias à sua vontade. Porém, quem
conduta constitua, no momento em que tiver lugar, um crime da desistir da prática do crime, ou impedir de outra forma que este
competência do Tribunal. se consuma, não poderá ser punido em conformidade com o pre-
2. A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e sente Estatuto pela tentativa, se renunciar total e voluntariamente
não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambigüidade, ao propósito delituoso.
será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou
condenada.
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4. O disposto no presente Estatuto sobre a responsabilidade c) O superior hierárquico não adotou todas as medidas
criminal das pessoas físicas em nada afetará a responsabilidade do necessárias e adequadas ao seu alcance para prevenir ou reprim-
Estado, de acordo com o direito internacional. ir a sua prática ou para levar o assunto ao conhecimento das au-
toridades competentes, para efeitos de inquérito e procedimento
Artigo 26 criminal.
Exclusão da Jurisdição Relativamente a Menores de 18 anos
Artigo 29
O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da ale- Imprescritibilidade
gada prática do crime, não tenham ainda completado 18 anos de
idade. Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem.
Artigo 30
Artigo 27 Elementos Psicológicos
Irrelevância da Qualidade Oficial
1. Salvo disposição em contrário, nenhuma pessoa poderá ser
1. O presente Estatuto será aplicável de forma igual a todas as criminalmente responsável e punida por um crime da competência
pessoas sem distinção alguma baseada na qualidade oficial. Em par- do Tribunal, a menos que atue com vontade de o cometer e conhe-
ticular, a qualidade oficial de Chefe de Estado ou de Governo, de cimento dos seus elementos materiais.
membro de Governo ou do Parlamento, de representante eleito ou 2. Para os efeitos do presente artigo, entende-se que atua in-
de funcionário público, em caso algum eximirá a pessoa em causa tencionalmente quem:
de responsabilidade criminal nos termos do presente Estatuto, nem a) Relativamente a uma conduta, se propuser adotá-la;
constituirá de per se motivo de redução da pena. b) Relativamente a um efeito do crime, se propuser causá-lo
2. As imunidades ou normas de procedimento especiais decor- ou estiver ciente de que ele terá lugar em uma ordem normal dos
rentes da qualidade oficial de uma pessoa; nos termos do direito acontecimentos .
interno ou do direito internacional, não deverão obstar a que o Tri- 3. Nos termos do presente artigo, entende-se por “conheci-
bunal exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa. mento” a consciência de que existe uma circunstância ou de que
um efeito irá ter lugar, em uma ordem normal dos acontecimentos.
Artigo 28 As expressões “ter conhecimento” e “com conhecimento” deverão
Responsabilidade dos Chefes Militares e Outros Superiores ser entendidas em conformidade.
Hierárquicos
Artigo 31
Além de outras fontes de responsabilidade criminal previstas Causas de Exclusão da Responsabilidade Criminal
no presente Estatuto, por crimes da competência do Tribunal:
a) O chefe militar, ou a pessoa que atue efetivamente como Sem prejuízo de outros fundamentos para a exclusão de re-
chefe militar, será criminalmente responsável por crimes da com- sponsabilidade criminal previstos no presente Estatuto, não será
petência do Tribunal que tenham sido cometidos por forças sob o considerada criminalmente responsável a pessoa que, no momento
seu comando e controle efetivos ou sob a sua autoridade e controle da prática de determinada conduta:
efetivos, conforme o caso, pelo fato de não exercer um controle a) Sofrer de enfermidade ou deficiência mental que a prive da
apropriado sobre essas forças quando: capacidade para avaliar a ilicitude ou a natureza da sua conduta, ou
i) Esse chefe militar ou essa pessoa tinha conhecimento ou, em da capacidade para controlar essa conduta a fim de não violar a lei;
virtude das circunstâncias do momento, deveria ter tido conheci- b) Estiver em estado de intoxicação que a prive da capacidade
mento de que essas forças estavam a cometer ou preparavam-se para avaliar a ilicitude ou a natureza da sua conduta, ou da capaci-
para cometer esses crimes; e dade para controlar essa conduta a fim de não transgredir a lei, a
ii) Esse chefe militar ou essa pessoa não tenha adotado todas menos que se tenha intoxicado voluntariamente em circunstâncias
as medidas necessárias e adequadas ao seu alcance para prevenir que lhe permitiam ter conhecimento de que, em consequência da
ou reprimir a sua prática, ou para levar o assunto ao conhecimento intoxicação, poderia incorrer numa conduta tipificada como crime
das autoridades competentes, para efeitos de inquérito e procedi- da competência do Tribunal, ou, de que haveria o risco de tal suced-
mento criminal. er;
b) Nas relações entre superiores hierárquicos e subordinados, c) Agir em defesa própria ou de terceiro com razoabilidade ou,
não referidos na alínea a), o superior hierárquico será criminal- em caso de crimes de guerra, em defesa de um bem que seja essen-
mente responsável pelos crimes da competência do Tribunal que cial para a sua sobrevivência ou de terceiro ou de um bem que seja
tiverem sido cometidos por subordinados sob a sua autoridade e essencial à realização de uma missão militar, contra o uso iminente e
controle efetivos, pelo fato de não ter exercido um controle apro- ilegal da força, de forma proporcional ao grau de perigo para si, para
priado sobre esses subordinados, quando: terceiro ou para os bens protegidos. O fato de participar em uma
a) O superior hierárquico teve conhecimento ou deliberada- força que realize uma operação de defesa não será causa bastante
mente não levou em consideração a informação que indicava clar- de exclusão de responsabilidade criminal, nos termos desta alínea;
amente que os subordinados estavam a cometer ou se preparavam d) Tiver incorrido numa conduta que presumivelmente consti-
para cometer esses crimes; tui crime da competência do Tribunal, em consequência de coação
b) Esses crimes estavam relacionados com atividades sob a sua decorrente de uma ameaça iminente de morte ou ofensas corporais
responsabilidade e controle efetivos; e graves para si ou para outrem, e em que se veja compelida a atuar

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de forma necessária e razoável para evitar essa ameaça, desde que Artigo 35
não tenha a intenção de causar um dano maior que aquele que se Exercício das Funções de Juiz
propunha evitar. Essa ameaça tanto poderá:
i) Ter sido feita por outras pessoas; ou 1. Os juízes serão eleitos membros do Tribunal para exercer
ii) Ser constituída por outras circunstâncias alheias à sua von- funções em regime de exclusividade e deverão estar disponíveis
tade. para desempenhar o respectivo cargo desde o início do seu man-
2. O Tribunal determinará se os fundamentos de exclusão da dato.
responsabilidade criminal previstos no presente Estatuto serão 2. Os juízes que comporão a Presidência desempenharão as
aplicáveis no caso em apreço. suas funções em regime de exclusividade desde a sua eleição.
3. No julgamento, o Tribunal poderá levar em consideração 3. A Presidência poderá, em função do volume de trabalho
outros fundamentos de exclusão da responsabilidade criminal; dis- do Tribunal, e após consulta dos seus membros, decidir periodica-
tintos dos referidos no parágrafo 1o, sempre que esses fundamen- mente em que medida é que será necessário que os restantes juízes
tos resultem do direito aplicável em conformidade com o artigo 21. desempenhem as suas funções em regime de exclusividade. Estas
O processo de exame de um fundamento de exclusão deste tipo decisões não prejudicarão o disposto no artigo 40.
será definido no Regulamento Processual. 4. Os ajustes de ordem financeira relativos aos juízes que não
tenham de exercer os respectivos cargos em regime de exclusivi-
Artigo 32 dade serão adotadas em conformidade com o disposto no artigo 49.
Erro de Fato ou Erro de Direito
Artigo 36
1. O erro de fato só excluirá a responsabilidade criminal se Qualificações, Candidatura e Eleição dos Juízes
eliminar o dolo requerido pelo crime.
2. O erro de direito sobre se determinado tipo de conduta con- 1. Sob reserva do disposto no parágrafo 2o, o Tribunal será
stitui crime da competência do Tribunal não será considerado fun- composto por 18 juízes.
damento de exclusão de responsabilidade criminal. No entanto, o 2. a) A Presidência, agindo em nome do Tribunal, poderá pro-
erro de direito poderá ser considerado fundamento de exclusão de por o aumento do número de juízes referido no parágrafo 1o funda-
responsabilidade criminal se eliminar o dolo requerido pelo crime mentando as razões pelas quais considera necessária e apropriada
ou se decorrer do artigo 33 do presente Estatuto. tal medida. O Secretário comunicará imediatamente a proposta a
todos os Estados Partes;
Artigo 33 b) A proposta será seguidamente apreciada em sessão da As-
Decisão Hierárquica e Disposições Legais sembléia dos Estados Partes convocada nos termos do artigo 112
e deverá ser considerada adotada se for aprovada na sessão por
1. Quem tiver cometido um crime da competência do Tribunal, maioria de dois terços dos membros da Assembléia dos Estados
em cumprimento de uma decisão emanada de um Governo ou de Partes; a proposta entrará em vigor na data fixada pela Assembléia
um superior hierárquico, quer seja militar ou civil, não será isento dos Estados Partes;
de responsabilidade criminal, a menos que: c) i) Logo que seja aprovada a proposta de aumento do número
a) Estivesse obrigado por lei a obedecer a decisões emanadas de juízes, de acordo com o disposto na alínea b), a eleição dos juízes
do Governo ou superior hierárquico em questão; adicionais terá lugar no período seguinte de sessões da Assembléia
b) Não tivesse conhecimento de que a decisão era ilegal; e dos Estados Partes, nos termos dos parágrafos 3o a 8o do presente
c) A decisão não fosse manifestamente ilegal. artigo e do parágrafo 2o do artigo 37;
2. Para os efeitos do presente artigo, qualquer decisão de com- ii) Após a aprovação e a entrada em vigor de uma proposta
eter genocídio ou crimes contra a humanidade será considerada de aumento do número de juízes, de acordo com o disposto nas
como manifestamente ilegal. alíneas b) e c) i), a Presidência poderá, a qualquer momento, se
o volume de trabalho do Tribunal assim o justificar, propor que o
Capítulo IV número de juízes seja reduzido, mas nunca para um número inferi-
Composição e Administração do Tribunal or ao fixado no parágrafo 1o. A proposta será apreciada de acordo
com o procedimento definido nas alíneas a) e b). Caso a proposta
Artigo 34 seja aprovada, o número de juízes será progressivamente reduzido,
Órgãos do Tribunal à medida que expirem os mandatos e até que se alcance o número
previsto.
O Tribunal será composto pelos seguintes órgãos: 3. a) Os juízes serão eleitos dentre pessoas de elevada idonei-
a) A Presidência; dade moral, imparcialidade e integridade, que reunam os requisitos
b) Uma Seção de Recursos, uma Seção de Julgamento em para o exercício das mais altas funções judiciais nos seus respec-
Primeira Instância e uma Seção de Instrução; tivos países.
c) O Gabinete do Procurador; b) Os candidatos a juízes deverão possuir:
d) A Secretaria. i) Reconhecida competência em direito penal e direito proces-
sual penal e a necessária experiência em processos penais na quali-
dade de juiz, procurador, advogado ou outra função semelhante; ou

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ii) Reconhecida competência em matérias relevantes de dire- 9. a) Salvo o disposto na alínea b), os juízes serão eleitos por um
ito internacional, tais como o direito internacional humanitário e mandato de nove anos e não poderão ser reeleitos, salvo o disposto
os direitos humanos, assim como vasta experiência em profissões na alínea c) e no parágrafo 2o do artigo 37;
jurídicas com relevância para a função judicial do Tribunal; b) Na primeira eleição, um terço dos juízes eleitos será selecio-
c) Os candidatos a juízes deverão possuir um excelente con- nado por sorteio para exercer um mandato de três anos; outro terço
hecimento e serem fluentes em, pelo menos, uma das línguas de será selecionado, também por sorteio, para exercer um mandato de
trabalho do Tribunal. seis anos; e os restantes exercerão um mandato de nove anos;
4. a) Qualquer Estado Parte no presente Estatuto poderá pro- c) Um juiz selecionado para exercer um mandato de três anos,
por candidatos às eleições para juiz do Tribunal mediante: em conformidade com a alínea b), poderá ser reeleito para um
i) O procedimento previsto para propor candidatos aos mais mandato completo.
altos cargos judiciais do país; ou 10. Não obstante o disposto no parágrafo 9, um juiz afeto a
ii) O procedimento previsto no Estatuto da Corte Internacional um Juízo de Julgamento em Primeira Instância ou de Recurso, em
de Justiça para propor candidatos a esse Tribunal. conformidade com o artigo 39, permanecerá em funções até à con-
As propostas de candidatura deverão ser acompanhadas de clusão do julgamento ou do recurso dos casos que tiver a seu cargo.
uma exposição detalhada comprovativa de que o candidato possui
os requisitos enunciados no parágrafo 3o; Artigo 37
b) Qualquer Estado Parte poderá apresentar uma candidatura Vagas
de uma pessoa que não tenha necessariamente a sua nacionali-
dade, mas que seja nacional de um Estado Parte; 1. Caso ocorra uma vaga, realizar-se-á uma eleição para o seu
c) A Assembléia dos Estados Partes poderá decidir constituir, provimento, de acordo com o artigo 36.
se apropriado, uma Comissão consultiva para o exame das candi- 2. O juiz eleito para prover uma vaga, concluirá o mandato do
daturas, neste caso, a Assembléia dos Estados Partes determinará a seu antecessor e, se esse período for igual ou inferior a três anos,
composição e o mandato da Comissão. poderá ser reeleito para um mandato completo, nos termos do ar-
5. Para efeitos da eleição, serão estabelecidas duas listas de tigo 36.
candidatos:
A lista A, com os nomes dos candidatos que reúnam os requisi- Artigo 38
tos enunciados na alínea b) i) do parágrafo 3°; e A Presidência
A lista B, com os nomes dos candidatos que reúnam os requisi-
tos enunciados na alínea b) ii) do parágrafo 3o. 1. O Presidente, o Primeiro Vice-Presidente e o Segundo
O candidato que reuna os requisitos constantes de ambas as Vice-Presidente serão eleitos por maioria absoluta dos juízes. Cada
listas, poderá escolher em qual delas deseja figurar. Na primeira um desempenhará o respectivo cargo por um período de três anos
eleição de membros do Tribunal, pelo menos nove juízes serão elei- ou até ao termo do seu mandato como juiz, conforme o que expirar
tos entre os candidatos da lista A e pelo menos cinco entre os can- em primeiro lugar. Poderão ser reeleitos uma única vez.
didatos da lista B. As eleições subseqüentes serão organizadas por 2. O Primeiro Vice-Presidente substituirá o Presidente em caso
forma a que se mantenha no Tribunal uma proporção equivalente de impossibilidade ou recusa deste. O Segundo Vice-Presidente
de juízes de ambas as listas. substituirá o Presidente em caso de impedimento ou recusa deste
6. a) Os juízes serão eleitos por escrutínio secreto, em sessão ou do Primeiro Vice-Presidente.
da Assembléia dos Estados Partes convocada para esse efeito, nos 3. O Presidente, o Primeiro Vice-Presidente e o Segundo
termos do artigo 112. Sob reserva do disposto no parágrafo 7, serão Vice-Presidente constituirão a Presidência, que ficará encarregada:
eleitos os 18 candidatos que obtenham o maior número de votos e a) Da adequada administração do Tribunal, com exceção do Ga-
uma maioria de dois terços dos Estados Partes presentes e votantes; binete do Procurador; e
b) No caso em que da primeira votação não resulte eleito um b) Das restantes funções que lhe forem conferidas de acordo
número suficiente de juízes, proceder-se-á a nova votação, de acor- com o presente Estatuto.
do com os procedimentos estabelecidos na alínea a), até provimen- 4. Embora eximindo-se da sua responsabilidade nos termos do
to dos lugares restantes. parágrafo 3o a), a Presidência atuará em coordenação com o Gabi-
7. O Tribunal não poderá ter mais de um juiz nacional do mes- nete do Procurador e deverá obter a aprovação deste em todos os
mo Estado. Para este efeito, a pessoa que for considerada nacional assuntos de interesse comum.
de mais de um Estado será considerada nacional do Estado onde
exerce habitualmente os seus direitos civis e políticos. Artigo 39
8. a) Na seleção dos juízes, os Estados Partes ponderarão sobre Juízos
a necessidade de assegurar que a composição do Tribunal inclua:
i) A representação dos principais sistemas jurídicos do mundo; 1. Após a eleição dos juízes e logo que possível, o Tribunal de-
ii) Uma representação geográfica equitativa; e verá organizar-se nas seções referidas no artigo 34 b). A Seção de
iii) Uma representação justa de juízes do sexo feminino e do Recursos será composta pelo Presidente e quatro juízes, a Seção
sexo masculino; de Julgamento em Primeira Instância por, pelo menos, seis juízes
b) Os Estados Partes levarão igualmente em consideração a e a Seção de Instrução por, pelo menos, seis juízes. Os juízes serão
necessidade de assegurar a presença de juízes especializados em adstritos às Seções de acordo com a natureza das funções que cor-
determinadas matérias incluindo, entre outras, a violência contra responderem a cada um e com as respectivas qualificações e ex-
mulheres ou crianças. periência, por forma a que cada Seção disponha de um conjunto
adequado de especialistas em direito penal e processual penal e em
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direito internacional. A Seção de Julgamento em Primeira Instância criminal conexo em nível nacional que envolva a pessoa objeto de
e a Seção de Instrução serão predominantemente compostas por inquérito ou procedimento criminal. Pode ser igualmente desqual-
juízes com experiência em processo penal. ificado por qualquer outro dos motivos definidos no Regulamento
2. a) As funções judiciais do Tribunal serão desempenhadas em Processual;
cada Seção pelos juízos. b) O Procurador ou a pessoa objeto de inquérito ou proced-
b) i) O Juízo de Recursos será composto por todos os juízes da imento criminal poderá solicitar a desqualificação de um juiz em
Seção de Recursos; virtude do disposto no presente número;
ii) As funções do Juízo de Julgamento em Primeira Instância c) As questões relativas à desqualificação de juízes serão decidi-
serão desempenhadas por três juízes da Seção de Julgamento em das por maioria absoluta dos juízes. O juiz cuja desqualificação for
Primeira Instância; solicitada, poderá pronunciar-se sobre a questão, mas não poderá
iii) As funções do Juízo de Instrução serão desempenhadas tomar parte na decisão.
por três juízes da Seção de Instrução ou por um só juiz da referida
Seção, em conformidade com o presente Estatuto e com o Regula- Artigo 42
mento Processual; O Gabinete do Procurador
c) Nada no presente número obstará a que se constituam si-
multaneamente mais de um Juízo de Julgamento em Primeira In- 1. O Gabinete do Procurador atuará de forma independente,
stância ou Juízo de Instrução, sempre que a gestão eficiente do tra- enquanto órgão autônomo do Tribunal. Competir-lhe-á recolher
balho do Tribunal assim o exigir. comunicações e qualquer outro tipo de informação, devidamente
3. a) Os juízes adstritos às Seções de Julgamento em Primeira fundamentada, sobre crimes da competência do Tribunal, a fim de
Instância e de Instrução desempenharão o cargo nessas Seções por os examinar e investigar e de exercer a ação penal junto ao Tribunal.
um período de três anos ou, decorrido esse período, até à conclusão Os membros do Gabinete do Procurador não solicitarão nem cum-
dos casos que lhes tenham sido cometidos pela respectiva Seção; prirão ordens de fontes externas ao Tribunal.
b) Os juízes adstritos à Seção de Recursos desempenharão o 2. O Gabinete do Procurador será presidido pelo Procurador,
cargo nessa Seção durante todo o seu mandato. que terá plena autoridade para dirigir e administrar o Gabinete do
4. Os juízes adstritos à Seção de Recursos desempenharão o Procurador, incluindo o pessoal, as instalações e outros recursos.
cargo unicamente nessa Seção. Nada no presente artigo obstará a O Procurador será coadjuvado por um ou mais Procuradores-Ad-
que sejam adstritos temporariamente juízes da Seção de Julgamen- juntos, que poderão desempenhar qualquer uma das funções que
to em Primeira Instância à Seção de Instrução, ou inversamente, se incumbam àquele, em conformidade com o disposto no presente
a Presidência entender que a gestão eficiente do trabalho do Tri- Estatuto. O Procurador e os Procuradores-Adjuntos terão nacional-
bunal assim o exige; porém, o juiz que tenha participado na fase idades diferentes e desempenharão o respectivo cargo em regime
instrutória não poderá, em caso algum, fazer parte do Juízo de Jul- de exclusividade.
gamento em Primeira Instância encarregado do caso. 3. O Procurador e os Procuradores-Adjuntos deverão ter ele-
vada idoneidade moral, elevado nível de competência e vasta ex-
Artigo 40 periência prática em matéria de processo penal. Deverão possuir
Independência dos Juízes um excelente conhecimento e serem fluentes em, pelo menos, uma
das línguas de trabalho do Tribunal.
1. Os juízes serão independentes no desempenho das suas 4. O Procurador será eleito por escrutínio secreto e por maioria
funções. absoluta de votos dos membros da Assembléia dos Estados Partes.
2. Os juízes não desenvolverão qualquer atividade que possa Os Procuradores-Adjuntos serão eleitos da mesma forma, de entre
ser incompatível com o exercício das suas funções judiciais ou prej- uma lista de candidatos apresentada pelo Procurador. O Procurador
udicar a confiança na sua independência. proporá três candidatos para cada cargo de Procurador-Adjunto a
3. Os juízes que devam desempenhar os seus cargos em regime prover. A menos que, ao tempo da eleição, seja fixado um período
de exclusividade na sede do Tribunal não poderão ter qualquer out- mais curto, o Procurador e os Procuradores-Adjuntos exercerão os
ra ocupação de natureza profissional. respectivos cargos por um período de nove anos e não poderão ser
4. As questões relativas à aplicação dos parágrafo 2o e 3o serão reeleitos.
decididas por maioria absoluta dos juízes. Nenhum juiz participará 5. O Procurador e os Procuradores-Adjuntos não deverão de-
na decisão de uma questão que lhe diga respeito. senvolver qualquer atividade que possa interferir com o exercício
das suas funções ou afetar a confiança na sua independência e não
Artigo 41 poderão desempenhar qualquer outra função de caráter profission-
Impedimento e Desqualificação de Juízes al.
6. A Presidência poderá, a pedido do Procurador ou de um
1. A Presidência poderá, a pedido de um juiz, declarar seu im- Procurador-Adjunto, escusá-lo de intervir num determinado caso.
pedimento para o exercício de alguma das funções que lhe confere 7. O Procurador e os Procuradores-Adjuntos não poderão par-
o presente Estatuto, em conformidade com o Regulamento Proces- ticipar em qualquer processo em que, por qualquer motivo, a sua
sual. imparcialidade possa ser posta em causa. Serão recusados, em
2. a) Nenhum juiz pode participar num caso em que, por conformidade com o disposto no presente número, entre outras
qualquer motivo, seja posta em dúvida a sua imparcialidade. Será razões, se tiverem intervindo anteriormente, a qualquer título, num
desqualificado, em conformidade com o disposto neste número, caso submetido ao Tribunal ou num procedimento crime conexo
entre outras razões, se tiver intervindo anteriormente, a qualquer em nível nacional, que envolva a pessoa objeto de inquérito ou pro-
titulo, em um caso submetido ao Tribunal ou em um procedimento cedimento criminal.
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8. As questões relativas à recusa do Procurador ou de um 3. O Secretário, com o acordo da Presidência e do Procura-


Procurador-Adjunto serão decididas pelo Juízo de Recursos. dor, proporá o Estatuto do Pessoal, que fixará as condições de
a) A pessoa objeto de inquérito ou procedimento criminal nomeação, remuneração e cessação de funções do pessoal do Tri-
poderá solicitar, a todo o momento, a recusa do Procurador ou de bunal. O Estatuto do Pessoal será aprovado pela Assembléia dos
um Procurador-Adjunto, pelos motivos previstos no presente arti- Estados Partes.
go; 4. O Tribunal poderá, em circunstâncias excepcionais, recorrer
b) O Procurador ou o Procurador-Adjunto, segundo o caso, aos serviços de pessoal colocado à sua disposição, a título gratuito,
poderão pronunciar-se sobre a questão. pelos Estados Partes, organizações intergovernamentais e organ-
9. O Procurador nomeará assessores jurídicos especializados izações não governamentais, com vista a colaborar com qualquer
em determinadas áreas incluindo, entre outras, as da violência sex- um dos órgãos do Tribunal. O Procurador poderá anuir a tal eventu-
ual ou violência por motivos relacionados com a pertença a um de- alidade em nome do Gabinete do Procurador. A utilização do pes-
terminado gênero e da violência contra as crianças. soal disponibilizado a título gratuito ficará sujeita às diretivas esta-
belecidas pela Assembléia dos Estados Partes.
Artigo 43
A Secretaria Artigo 45
Compromisso Solene
1. A Secretaria será responsável pelos aspectos não judiciais da
administração e do funcionamento do Tribunal, sem prejuízo das Antes de assumir as funções previstas no presente Estatuto,
funções e atribuições do Procurador definidas no artigo 42. os juízes, o Procurador, os Procuradores-Adjuntos, o Secretário e
2. A Secretaria será dirigida pelo Secretário, principal re- o Secretário-Adjunto declararão solenemente, em sessão pública,
sponsável administrativo do Tribunal. O Secretário exercerá as suas que exercerão as suas funções imparcial e conscienciosamente.
funções na dependência do Presidente do Tribunal.
3. O Secretário e o Secretário-Adjunto deverão ser pessoas de Artigo 46
elevada idoneidade moral e possuir um elevado nível de competên- Cessação de Funções
cia e um excelente conhecimento e domínio de, pelo menos, uma
das línguas de trabalho do Tribunal. 1. Um Juiz, o Procurador, um Procurador-Adjunto, o Secretário
4. Os juízes elegerão o Secretário em escrutínio secreto, por ou o Secretário-Adjunto cessará as respectivas funções, por decisão
maioria absoluta, tendo em consideração as recomendações adotada de acordo com o disposto no parágrafo 2o, nos casos em
da Assembléia dos Estados Partes. Se necessário, elegerão um que:
Secretário-Adjunto, por recomendação do Secretário e pela mesma a) Se conclua que a pessoa em causa incorreu em falta grave ou
forma. incumprimento grave das funções conferidas pelo presente Estatu-
5. O Secretário será eleito por um período de cinco anos para to, de acordo com o previsto no Regulamento Processual; ou
exercer funções em regime de exclusividade e só poderá ser ree- b) A pessoa em causa se encontre impossibilitada de desem-
leito uma vez. O Secretário-Adjunto será eleito por um período de penhar as funções definidas no presente Estatuto.
cinco anos, ou por um período mais curto se assim o decidirem os 2. A decisão relativa à cessação de funções de um juiz, do
juízes por deliberação tomada por maioria absoluta, e exercerá as Procurador ou de um Procurador-Adjunto, de acordo com o pará-
suas funções de acordo com as exigências de serviço. grafo 1o, será adotada pela Assembléia dos Estados Partes em es-
6. O Secretário criará, no âmbito da Secretaria, uma Unidade de crutínio secreto:
Apoio às Vítimas e Testemunhas. Esta Unidade, em conjunto com o a) No caso de um juiz, por maioria de dois terços dos Estados
Gabinete do Procurador, adotará medidas de proteção e disposi- Partes, com base em recomendação adotada por maioria de dois
tivos de segurança e prestará assessoria e outro tipo de assistência terços dos restantes juízes;
às testemunhas e vítimas que compareçam perante o Tribunal e a b) No caso do Procurador, por maioria absoluta dos Estados
outras pessoas ameaçadas em virtude do testemunho prestado por Partes;
aquelas. A Unidade incluirá pessoal especializado para atender as c) No caso de um Procurador-Adjunto, por maioria absoluta
vítimas de traumas, nomeadamente os relacionados com crimes de dos Estados Partes, com base na recomendação do Procurador.
violência sexual. 3. A decisão relativa à cessação de funções do Secretário ou
Artigo 44 do Secretário-Adjunto, será adotada por maioria absoluta de votos
O Pessoal dos juízes.
4. Os juízes, o Procurador, os Procuradores-Adjuntos, o
1. O Procurador e o Secretário nomearão o pessoal qualificado Secretário ou o Secretário-Adjunto, cuja conduta ou idoneidade
necessário aos respectivos serviços, nomeadamente, no caso do para o exercício das funções inerentes ao cargo em conformidade
Procurador, o pessoal encarregado de efetuar diligências no âmbito com o presente Estatuto tiver sido contestada ao abrigo do pre-
do inquérito. sente artigo, terão plena possibilidade de apresentar e obter mei-
2. No tocante ao recrutamento de pessoal, o Procurador e o os de prova e produzir alegações de acordo com o Regulamento
Secretário assegurarão os mais altos padrões de eficiência, com- Processual; não poderão, no entanto, participar, de qualquer outra
petência e integridade, tendo em consideração, mutatis mutandis, forma, na apreciação do caso.
os critérios estabelecidos no parágrafo 8 do artigo 36.

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Artigo 47 2. As línguas francesa e inglesa serão as línguas de trabalho do


Medidas Disciplinares Tribunal. O Regulamento Processual definirá os casos em que out-
ras línguas oficiais poderão ser usadas como línguas de trabalho.
Os juízes, o Procurador, os Procuradores-Adjuntos, o Secretário 3. A pedido de qualquer Parte ou qualquer Estado que tenha
ou o Secretário-Adjunto que tiverem cometido uma falta menos sido admitido a intervir num processo, o Tribunal autorizará o uso
grave que a prevista no parágrafo 1o do artigo 46 incorrerão em re- de uma língua que não seja a francesa ou a inglesa, sempre que
sponsabilidade disciplinar nos termos do Regulamento Processual. considere que tal autorização se justifica.

Artigo 48 Artigo 51
Privilégios e Imunidades Regulamento Processual

1. O Tribunal gozará, no território dos Estados Partes, dos priv- 1. O Regulamento Processual entrará em vigor mediante a sua
ilégios e imunidades que se mostrem necessários ao cumprimento aprovação por uma maioria de dois terços dos votos dos membros
das suas funções. da Assembléia dos Estados Partes.
2. Os juízes, o Procurador, os Procuradores-Adjuntos e o 2. Poderão propor alterações ao Regulamento Processual:
Secretário gozarão, no exercício das suas funções ou em relação a a) Qualquer Estado Parte;
estas, dos mesmos privilégios e imunidades reconhecidos aos chef- b) Os juízes, por maioria absoluta; ou
es das missões diplomáticas, continuando a usufruir de absoluta c) O Procurador.
imunidade judicial relativamente às suas declarações, orais ou es- Estas alterações entrarão em vigor mediante a aprovação por
critas, e aos atos que pratiquem no desempenho de funções oficiais uma maioria de dois terços dos votos dos membros da Assembléia
após o termo do respectivo mandato. dos Estados partes.
3. O Secretário-Adjunto, o pessoal do Gabinete do Procurador 3. Após a aprovação do Regulamento Processual, em casos ur-
e o pessoal da Secretaria gozarão dos mesmos privilégios e imuni- gentes em que a situação concreta suscitada em Tribunal não se
dades e das facilidades necessárias ao cumprimento das respectivas encontre prevista no Regulamento Processual, os juízes poderão,
funções, nos termos do acordo sobre os privilégios e imunidades do por maioria de dois terços, estabelecer normas provisórias a serem
Tribunal. aplicadas até que a Assembléia dos Estados Partes as aprove, altere
4. Os advogados, peritos, testemunhas e outras pessoas, cuja ou rejeite na sessão ordinária ou extraordinária seguinte.
presença seja requerida na sede do Tribunal, beneficiarão do trata- 4. O Regulamento Processual, e respectivas alterações, bem
mento que se mostre necessário ao funcionamento adequado como quaisquer normas provisórias, deverão estar em consonância
deste, nos termos do acordo sobre os privilégios e imunidades do com o presente Estatuto. As alterações ao Regulamento Processual,
Tribunal. assim como as normas provisórias aprovadas em conformidade
5. Os privilégios e imunidades poderão ser levantados: com o parágrafo 3o, não serão aplicadas com caráter retroativo em
a) No caso de um juiz ou do Procurador, por decisão adotada detrimento de qualquer pessoa que seja objeto de inquérito ou de
por maioria absoluta dos juízes; procedimento criminal, ou que tenha sido condenada.
b) No caso do Secretário, pela Presidência; 5. Em caso de conflito entre as disposições do Estatuto e as do
c) No caso dos Procuradores-Adjuntos e do pessoal do Gabi- Regulamento Processual, o Estatuto prevalecerá.
nete do Procurador, pelo Procurador;
d) No caso do Secretário-Adjunto e do pessoal da Secretaria, Artigo 52
pelo Secretário. Regimento do Tribunal

Artigo 49 1. De acordo com o presente Estatuto e com o Regulamento


Vencimentos, Subsídios e Despesas Processual, os juízes aprovarão, por maioria absoluta, o Regimento
necessário ao normal funcionamento do Tribunal.
Os juízes, o Procurador, os Procuradores-Adjuntos, o Secretário 2. O Procurador e o Secretário serão consultados sobre a elab-
e o Secretário-Adjunto auferirão os vencimentos e terão direito aos oração do Regimento ou sobre qualquer alteração que lhe seja in-
subsídios e ao reembolso de despesas que forem estabelecidos em troduzida.
Assembléia dos Estados Partes. Estes vencimentos e subsídios não 3. O Regimento do Tribunal e qualquer alteração posterior en-
serão reduzidos no decurso do mandato. trarão em vigor mediante a sua aprovação, salvo decisão em con-
Artigo 50 trário dos juízes. Imediatamente após a adoção, serão circulados
Línguas Oficiais e Línguas de Trabalho pelos Estados Partes para observações e continuarão em vigor se,
dentro de seis meses, não forem formuladas objeções pela maioria
1. As línguas árabe, chinesa, espanhola, francesa, inglesa e rus- dos Estados Partes.
sa serão as línguas oficiais do Tribunal. As sentenças proferidas pelo
Tribunal, bem como outras decisões sobre questões fundamentais
submetidas ao Tribunal, serão publicadas nas línguas oficiais. A
Presidência, de acordo com os critérios definidos no Regulamento
Processual, determinará quais as decisões que poderão ser consid-
eradas como decisões sobre questões fundamentais, para os efei-
tos do presente parágrafo.

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Capítulo V b) Adotar as medidas adequadas para assegurar a eficácia do


Inquérito e Procedimento Criminal inquérito e do procedimento criminal relativamente aos crimes da
jurisdição do Tribunal e, na sua atuação, o Procurador terá em conta
Artigo 53 os interesses e a situação pessoal das vítimas e testemunhas, in-
Abertura do Inquérito cluindo a idade, o gênero tal como definido no parágrafo 3o do arti-
go 7o, e o estado de saúde; terá igualmente em conta a natureza do
1. O Procurador, após examinar a informação de que dispõe, crime, em particular quando envolva violência sexual, violência por
abrirá um inquérito, a menos que considere que, nos termos do motivos relacionados com a pertença a um determinado gênero e
presente Estatuto, não existe fundamento razoável para proceder violência contra as crianças; e
ao mesmo. Na sua decisão, o Procurador terá em conta se: c) Respeitar plenamente os direitos conferidos às pessoas pelo
a) A informação de que dispõe constitui fundamento razoável presente Estatuto.
para crer que foi, ou está sendo, cometido um crime da competên- 2. O Procurador poderá realizar investigações no âmbito de um
cia do Tribunal; inquérito no território de um Estado:
b) O caso é ou seria admissível nos termos do artigo 17; e a) De acordo com o disposto na Parte IX; ou
c) Tendo em consideração a gravidade do crime e os interess- b) Mediante autorização do Juízo de Instrução, dada nos ter-
es das vítimas, não existirão, contudo, razões substanciais para crer mos do parágrafo 3o, alínea d), do artigo 57.
que o inquérito não serve os interesses da justiça. 3. O Procurador poderá:
Se decidir que não há motivo razoável para abrir um inquérito a) Reunir e examinar provas;
e se esta decisão se basear unicamente no disposto na alínea c), o b) Convocar e interrogar pessoas objeto de inquérito e convo-
Procurador informará o Juízo de Instrução. car e tomar o depoimento de vítimas e testemunhas;
2. Se, concluído o inquérito, o Procurador chegar à conclusão c) Procurar obter a cooperação de qualquer Estado ou organ-
de que não há fundamento suficiente para proceder criminalmente, ização intergovernamental ou instrumento intergovernamental, de
na medida em que: acordo com a respectiva competência e/ou mandato;
a) Não existam elementos suficientes, de fato ou de direito, d) Celebrar acordos ou convênios compatíveis com o presente
para requerer a emissão de um mandado de detenção ou notifi- Estatuto, que se mostrem necessários para facilitar a cooperação
cação para comparência, de acordo com o artigo 58; de um Estado, de uma organização intergovernamental ou de uma
b) O caso seja inadmissível, de acordo com o artigo 17; ou pessoa;
c) O procedimento não serviria o interesse da justiça, consid- e) Concordar em não divulgar, em qualquer fase do processo,
eradas todas as circunstâncias, tais como a gravidade do crime, os documentos ou informação que tiver obtido, com a condição de
interesses das vítimas e a idade ou o estado de saúde do presumív- preservar o seu caráter confidencial e com o objetivo único de ob-
el autor e o grau de participação no alegado crime, comunicará a ter novas provas, a menos que quem tiver facilitado a informação
sua decisão, devidamente fundamentada, ao Juízo de Instrução e consinta na sua divulgação; e
ao Estado que lhe submeteu o caso, de acordo com o artigo 14, f) Adotar ou requerer que se adotem as medidas necessárias
ou ao Conselho de Segurança, se se tratar de um caso previsto no para assegurar o caráter confidencial da informação, a proteção de
parágrafo b) do artigo 13. pessoas ou a preservação da prova.
3. a) A pedido do Estado que tiver submetido o caso, nos ter-
mos do artigo 14, ou do Conselho de Segurança, nos termos do Artigo 55
parágrafo b) do artigo 13, o Juízo de Instrução poderá examinar a Direitos das Pessoas no Decurso do Inquérito
decisão do Procurador de não proceder criminalmente em confor-
midade com os parágrafos 1o ou 2o e solicitar-lhe que reconsidere 1. No decurso de um inquérito aberto nos termos do presente
essa decisão; Estatuto:
b) Além disso, o Juízo de Instrução poderá, oficiosamente, ex- a) Nenhuma pessoa poderá ser obrigada a depor contra si
aminar a decisão do Procurador de não proceder criminalmente, própria ou a declarar-se culpada;
se essa decisão se basear unicamente no disposto no parágrafo b) Nenhuma pessoa poderá ser submetida a qualquer forma de
1o, alínea c), e no parágrafo 2o, alínea c). Nesse caso, a decisão coação, intimidação ou ameaça, tortura ou outras formas de penas
do Procurador só produzirá efeitos se confirmada pelo Juízo de In- ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; e
strução. c) Qualquer pessoa que for interrogada numa língua que não
4. O Procurador poderá, a todo o momento, reconsiderar a compreenda ou não fale fluentemente, será assistida, gratuita-
sua decisão de abrir um inquérito ou proceder criminalmente, com mente, por um intérprete competente e disporá das traduções que
base em novos fatos ou novas informações. são necessárias às exigências de equidade;
d) Nenhuma pessoa poderá ser presa ou detida arbitraria-
Artigo 54 mente, nem ser privada da sua liberdade, salvo pelos motivos pre-
Funções e Poderes do Procurador em Matéria de Inquérito vistos no presente Estatuto e em conformidade com os procedi-
mentos nele estabelecidos.
1. O Procurador deverá: 2. Sempre que existam motivos para crer que uma pessoa
a) A fim de estabelecer a verdade dos fatos, alargar o inquérito cometeu um crime da competência do Tribunal e que deve ser in-
a todos os fatos e provas pertinentes para a determinação da re- terrogada pelo Procurador ou pelas autoridades nacionais, em vir-
sponsabilidade criminal, em conformidade com o presente Estatuto tude de um pedido feito em conformidade com o disposto na Parte
e, para esse efeito, investigar, de igual modo, as circunstâncias que IX do presente Estatuto, essa pessoa será .informada, antes do in-
interessam quer à acusação, quer à defesa; terrogatório, de que goza ainda dos seguintes direitos:
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a) A ser informada antes de ser interrogada de que existem 4. A admissibilidade dos meios de prova preservados ou recol-
indícios de que cometeu um crime da competência do Tribunal; hidos para efeitos do processo ou o respectivo registro, em confor-
b) A guardar silêncio, sem que tal seja tido em consideração midade com o presente artigo, reger-se-ão, em julgamento, pelo
para efeitos de determinação da sua culpa ou inocência; disposto no artigo 69, e terão o valor que lhes for atribuído pelo
c) A ser assistida por um advogado da sua escolha ou, se não Juízo de Julgamento em Primeira Instância.
o tiver, a solicitar que lhe seja designado um defensor dativo, em
todas as situações em que o interesse da justiça assim o exija e sem Artigo 57
qualquer encargo se não possuir meios suficientes para lhe pagar; e Funções e Poderes do Juízo de Instrução
d) A ser interrogada na presença do seu advogado, a menos
que tenha renunciado voluntariamente ao direito de ser assistida 1. Salvo disposição em contrário contida no presente Estatuto,
por um advogado. o Juízo de Instrução exercerá as suas funções em conformidade com
o presente artigo.
Artigo 56 2. a) Para os despachos do Juízo de Instrução proferidos ao
Intervenção do Juízo de Instrução em Caso de Oportunidade abrigo dos artigos 15, 18, 19, 54, parágrafo 2o, 61, parágrafo 7, e 72,
Única de Proceder a um Inquérito deve concorrer maioria de votos dos juízes que o compõem;
b) Em todos os outros casos, um único juiz do Juízo de In-
1. a) Sempre que considere que um inquérito oferece uma strução poderá exercer as funções definidas no presente Estatuto,
oportunidade única de recolher depoimentos ou declarações de salvo disposição em contrário contida no Regulamento Processual
uma testemunha ou de examinar, reunir ou verificar provas, o ou decisão em contrário do Juízo de Instrução tomada por maioria
Procurador comunicará esse fato ao Juízo de Instrução; de votos.
b) Nesse caso, o Juízo de Instrução, a pedido do Procurador, 3. Independentemente das outras funções conferidas pelo
poderá adotar as medidas que entender necessárias para assegurar presente Estatuto, o Juízo de Instrução poderá:
a eficácia e a integridade do processo e, em particular, para prote- a) A pedido do Procurador, proferir os despachos e emitir os
ger os direitos de defesa; mandados que se revelem necessários para um inquérito;
c) Salvo decisão em contrário do Juízo de Instrução, o Procura- b) A pedido de qualquer pessoa que tenha sido detida ou
dor transmitirá a informação relevante à pessoa que tenha sido det- tenha comparecido na sequência de notificação expedida nos ter-
ida, ou que tenha comparecido na sequência de notificação emitida mos do artigo 58, proferir despachos, incluindo medidas tais como
no âmbito do inquérito a que se refere a alínea a), para que possa as indicadas no artigo 56, ou procurar obter, nos termos do dispos-
ser ouvida sobre a matéria em causa. to na Parte IX, a cooperação necessária para auxiliar essa pessoa a
2. As medidas a que se faz referência na alínea b) do parágrafo preparar a sua defesa;
1o poderão consistir em: c) Sempre que necessário, assegurar a proteção e o respeito
a) Fazer recomendações ou proferir despachos sobre o proced- pela privacidade de vítimas e testemunhas, a preservação da pro-
imento a seguir; va, a proteção de pessoas detidas ou que tenham comparecido na
b) Ordenar que seja lavrado o processo; sequência de notificação para comparecimento, assim como a pro-
c) Nomear um perito; teção de informação que afete a segurança nacional;
d) Autorizar o advogado de defesa do detido, ou de quem tiver d) Autorizar o Procurador a adotar medidas específicas no
comparecido no Tribunal na sequência de notificação, a participar âmbito de um inquérito, no território de um Estado Parte sem ter
no processo ou, no caso dessa detenção ou comparecimento não se obtido a cooperação deste nos termos do disposto na Parte IX, caso
ter ainda verificado ou não tiver ainda sido designado advogado, a o Juízo de Instrução determine que, tendo em consideração, na me-
nomear outro defensor que se encarregará dos interesses da defesa dida do possível, a posição do referido Estado, este último não está
e os representará; manifestamente em condições de satisfazer um pedido de coop-
e) Encarregar um dos seus membros ou, se necessário, out- eração face à incapacidade de todas as autoridades ou órgãos do
ro juiz disponível da Seção de Instrução ou da Seção de Julgamen- seu sistema judiciário com competência para dar seguimento a um
to em Primeira Instância, de formular recomendações ou proferir pedido de cooperação formulado nos termos do disposto na Parte
despachos sobre o recolhimento e a preservação de meios de prova IX.
e a inquirição de pessoas; e) Quando tiver emitido um mandado de detenção ou uma
f) Adotar todas as medidas necessárias para reunir ou preservar notificação para comparecimento nos termos do artigo 58, e levan-
meios de prova. do em consideração o valor das provas e os direitos das partes em
3. a) Se o Procurador não tiver solicitado as medidas previs- questão, em conformidade com o disposto no presente Estatuto e
tas no presente artigo mas o Juízo de Instrução considerar que tais no Regulamento Processual, procurar obter a cooperação dos Esta-
medidas serão necessárias para preservar meios de prova que lhe dos, nos termos do parágrafo 1o, alínea k) do artigo 93, para adoção
pareçam essenciais para a defesa no julgamento, o Juízo consultará de medidas cautelares que visem à apreensão, em particular no in-
o Procurador a fim de saber se existem motivos poderosos para teresse superior das vítimas.
este não requerer as referidas medidas. Se, após consulta, o Juízo
concluir que a omissão de requerimento de tais medidas é injustifi-
cada, poderá adotar essas medidas de ofício.
b) O Procurador poderá recorrer da decisão do Juízo de In-
strução de ofício, nos termos do presente número. O recurso
seguirá uma forma sumária.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 58 a) O nome da pessoa em causa e qualquer outro elemento útil


Mandado de Detenção e Notificação para Comparecimento de identificação;
do Juízo de Instrução b) A data de comparecimento;
c) A referência precisa ao crime da competência do Tribunal
1. A todo o momento após a abertura do inquérito, o Juízo de que a pessoa alegadamente tenha cometido; e
Instrução poderá, a pedido do Procurador, emitir um mandado de d) Uma descrição sucinta dos fatos que alegadamente con-
detenção contra uma pessoa se, após examinar o pedido e as pro- stituem o crime.
vas ou outras informações submetidas pelo Procurador, considerar Esta notificação será diretamente feita à pessoa em causa.
que:
a) Existem motivos suficientes para crer que essa pessoa com- Artigo 59
eteu um crime da competência do Tribunal; e Procedimento de Detenção no Estado da Detenção
b) A detenção dessa pessoa se mostra necessária para:
i) Garantir o seu comparecimento em tribunal; 1. O Estado Parte que receber um pedido de prisão preventi-
ii) Garantir que não obstruirá, nem porá em perigo, o inquérito va ou de detenção e entrega, adotará imediatamente as medidas
ou a ação do Tribunal; ou necessárias para proceder à detenção, em conformidade com o re-
iii) Se for o caso, impedir que a pessoa continue a cometer esse spectivo direito interno e com o disposto na Parte IX.
crime ou um crime conexo que seja da competência do Tribunal e 2. O detido será imediatamente levado à presença da autor-
tenha a sua origem nas mesmas circunstâncias. idade judiciária competente do Estado da detenção que determi-
2. Do requerimento do Procurador deverão constar os seguin- nará se, de acordo com a legislação desse Estado:
tes elementos: a) O mandado de detenção é aplicável à pessoa em causa;
a) O nome da pessoa em causa e qualquer outro elemento útil b) A detenção foi executada de acordo com a lei;
de identificação; c) Os direitos do detido foram respeitados,
b) A referência precisa do crime da competência do Tribunal 3. O detido terá direito a solicitar à autoridade competente do
que a pessoa tenha presumivelmente cometido; Estado da detenção autorização para aguardar a sua entrega em
c) Uma descrição sucinta dos fatos que alegadamente con- liberdade.
stituem o crime; 4. Ao decidir sobre o pedido, a autoridade competente do Es-
d) Um resumo das provas e de qualquer outra informação tado da detenção determinará se, em face da gravidade dos crimes
que constitua motivo suficiente para crer que a pessoa cometeu o imputados, se verificam circunstâncias urgentes e excepcionais
crime; e que justifiquem a liberdade provisória e se existem as garantias
e) Os motivos pelos quais o Procurador considere necessário necessárias para que o Estado de detenção possa cumprir a sua
proceder à detenção daquela pessoa. obrigação de entregar a pessoa ao Tribunal. Essa autoridade não
3. Do mandado de detenção deverão constar os seguintes el- terá competência para examinar se o mandado de detenção foi reg-
ementos: ularmente emitido, nos termos das alíneas a) e b) do parágrafo 1o
a) O nome da pessoa em causa e qualquer outro elemento útil do artigo 58.
de identificação; 5. O pedido de liberdade provisória será notificado ao Juízo
b) A referência precisa do crime da competência do Tribunal de Instrução, o qual fará recomendações à autoridade compe-
que justifique o pedido de detenção; e tente do Estado da detenção. Antes de tomar uma decisão, a au-
c) Uma descrição sucinta dos fatos que alegadamente con- toridade competente do Estado da detenção terá em conta essas
stituem o crime. recomendações, incluindo as relativas a medidas adequadas para
4. O mandado de detenção manter-se-á válido até decisão em impedir a fuga da pessoa.
contrário do Tribunal. 6. Se a liberdade provisória for concedida, o Juízo de Instrução
5. Com base no mandado de detenção, o Tribunal poderá so- poderá solicitar informações periódicas sobre a situação de liber-
licitar a prisão preventiva ou a detenção e entrega da pessoa em dade provisória.
conformidade com o disposto na Parte IX do presente Estatuto. 7. Uma vez que o Estado da detenção tenha ordenado a en-
6. O Procurador poderá solicitar ao Juízo de Instrução que al- trega, o detido será colocado, o mais rapidamente possível, à dis-
tere o mandado de detenção no sentido de requalificar os crimes posição do Tribunal.
aí indicados ou de adicionar outros. O Juízo de Instrução alterará
o mandado de detenção se considerar que existem motivos sufi- Artigo 60
cientes para crer que a pessoa cometeu quer os crimes na forma Início da Fase Instrutória
que se indica nessa requalificação, quer os novos crimes.
7. O Procurador poderá solicitar ao Juízo de Instrução que, em 1. Logo que uma pessoa seja entregue ao Tribunal ou nele
vez de um mandado de detenção, emita uma notificação para com- compareça voluntariamente em cumprimento de uma notificação
parecimento. Se o Juízo considerar que existem motivos suficientes para comparecimento, o Juízo de Instrução deverá assegurar-se de
para crer que a pessoa cometeu o crime que lhe é imputado e que que essa pessoa foi informada dos crimes que lhe são imputados e
uma notificação para comparecimento será suficiente para garantir dos direitos que o presente Estatuto lhe confere, incluindo o direito
a sua presença efetiva em tribunal, emitirá uma notificação para de solicitar autorização para aguardar o julgamento em liberdade.
que a pessoa compareça, com ou sem a imposição de medidas re-
stritivas de liberdade (distintas da detenção) se previstas no direito
interno. Da notificação para comparecimento deverão constar os
seguintes elementos:
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

2. A pessoa objeto de um mandado de detenção poderá solic- dor poderá basear-se em provas documentais ou um resumo das
itar autorização para aguardar julgamento em liberdade. Se o Juízo provas, não sendo obrigado a chamar as testemunhas que irão de-
de Instrução considerar verificadas as condições enunciadas no por no julgamento.
parágrafo 1o do artigo 58, a detenção será mantida. Caso contrário, 6. Na audiência, o acusado poderá:
a pessoa será posta em liberdade, com ou sem condições. a) Contestar as acusações;
3. O Juízo de Instrução reexaminará periodicamente a sua de- b) Impugnar as provas apresentadas pelo Procurador; e
cisão quanto à liberdade provisória ou à detenção, podendo fazê-lo c) Apresentar provas.
a todo o momento, a pedido do Procurador ou do interessado. Ao 7. Com base nos fatos apreciados durante a audiência, o Juízo
tempo da revisão, o Juízo poderá modificar a sua decisão quanto à de Instrução decidirá se existem provas suficientes de que o acusa-
detenção, à liberdade provisória ou às condições desta, se consid- do cometeu os crimes que lhe são imputados. De acordo com essa
erar que a alteração das circunstâncias o justifica. decisão, o Juízo de Instrução:
4. O Juízo de Instrução certificar-se-á de que a detenção não a) Declarará procedente a acusação na parte relativamente à
será prolongada por período não razoável devido a demora injustifi- qual considerou terem sido reunidas provas suficientes e remeterá
cada por parte do Procurador. Caso se produza a referida demora, o o acusado para o juízo de Julgamento em Primeira Instância, a fim
Tribunal considerará a possibilidade de por o interessado em liber- de aí ser julgado pelos fatos confirmados;
dade, com ou sem condições. b) Não declarará procedente a acusação na parte relativamente
5. Se necessário, o Juízo de Instrução poderá emitir um man- à qual considerou não terem sido reunidas provas suficientes;
dado de detenção para garantir o comparecimento de uma pessoa c) Adiará a audiência e solicitará ao Procurador que considere
que tenha sido posta em liberdade. a possibilidade de:
i) Apresentar novas provas ou efetuar novo inquérito relativa-
Artigo 61 mente a um determinado fato constante da acusação; ou
Apreciação da Acusação Antes do Julgamento ii) Modificar parte da acusação, se as provas reunidas parecer-
em indicar que um crime distinto, da competência do Tribunal, foi
1. Salvo o disposto no parágrafo 2o, e em um prazo razoável cometido.
após a entrega da pessoa ao Tribunal ou ao seu comparecimento 8. A declaração de não procedência relativamente a parte de
voluntário perante este, o Juízo de Instrução realizará uma audiên- uma acusação, proferida pelo Juízo de Instrução, não obstará a que
cia para apreciar os fatos constantes da acusação com base nos o Procurador solicite novamente a sua apreciação, na condição de
quais o Procurador pretende requerer o julgamento. A audiência apresentar provas adicionais.
ocorrerá lugar na presença do Procurador e do acusado, assim 9. Tendo os fatos constantes da acusação sido declarados pro-
como do defensor deste. cedentes, e antes do início do julgamento, o Procurador poderá,
2. O Juízo de Instrução, de ofício ou a pedido do Procurador, mediante autorização do Juízo de Instrução e notificação prévia do
poderá realizar a audiência na ausência do acusado, a fim de apre- acusado, alterar alguns fatos constantes da acusação. Se o Procura-
ciar os fatos constantes da acusação com base nos quais o Procura- dor pretender acrescentar novos fatos ou substituí-los por outros
dor pretende requerer o julgamento, se o acusado: de natureza mais grave, deverá, nos termos do preserve artigo, re-
a) Tiver renunciado ao seu direito a estar presente; ou querer uma audiência para a respectiva apreciação. Após o início
b) Tiver fugido ou não for possível encontrá-lo, tendo sido do julgamento, o Procurador poderá retirar a acusação, com autor-
tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar o seu com- ização do Juízo de Instrução.
parecimento em Tribunal e para o informar dos fatos constantes 10. Qualquer mandado emitido deixará de ser válido relativa-
da acusação e da realização de uma audiência para apreciação dos mente aos fatos constantes da acusação que tenham sido declara-
mesmos. dos não procedentes pelo Juízo de Instrução ou que tenham sido
Neste caso, o acusado será representado por um defensor, se retirados pelo Procurador.
o Juízo de Instrução decidir que tal servirá os interesses da justiça. 11. Tendo a acusação sido declarada procedente nos termos
3. Num prazo razoável antes da audiência, o acusado: do presente artigo, a Presidência designará um Juízo de Julgamento
a) Receberá uma cópia do documento especificando os fatos em Primeira Instância que, sob reserva do disposto no parágrafo 9
constantes da acusação com base nos quais o Procurador pretende do presente artigo e no parágrafo 4o do artigo 64, se encarregará
requerer o julgamento; e da fase seguinte do processo e poderá exercer as funções do Juízo
b) Será informado das provas que o Procurador pretende apre- de Instrução que se mostrem pertinentes e apropriadas nessa fase
sentar em audiência. do processo.
O Juízo de Instrução poderá proferir despacho sobre a divul-
gação de informação para efeitos da audiência.
4. Antes da audiência, o Procurador poderá reabrir o inquérito
e alterar ou retirar parte dos fatos constantes da acusação. O acu-
sado será notificado de qualquer alteração ou retirada em tempo
razoável, antes da realização da audiência. No caso de retirada de
parte dos fatos constantes da acusação, o Procurador informará o
Juízo de Instrução dos motivos da mesma.
5. Na audiência, o Procurador produzirá provas satisfatórias
dos fatos constantes da acusação, nos quais baseou a sua convicção
de que o acusado cometeu o crime que lhe é imputado. O Procura-

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Capítulo VI b) Ordenar a comparência e a audição de testemunhas e a


O Julgamento apresentação de documentos e outras provas, obtendo para tal, se
necessário, o auxílio de outros Estados, conforme previsto no pre-
Artigo 62 sente Estatuto;
Local do Julgamento c) Adotar medidas para a proteção da informação confidencial;
d) Ordenar a apresentação de provas adicionais às reunidas
Salvo decisão em contrário, o julgamento terá lugar na sede do antes do julgamento ou às apresentadas no decurso do julgamento
Tribunal. pelas partes;
e) Adotar medidas para a proteção do acusado, testemunhas
Artigo 63 e vítimas; e
Presença do Acusado em Julgamento f) Decidir sobre qualquer outra questão pertinente.
7. A audiência de julgamento será pública. No entanto, o Juízo
1. O acusado estará presente durante o julgamento. de Julgamento em Primeira Instância poderá decidir que determi-
2. Se o acusado, presente em tribunal, perturbar persisten- nadas diligências se efetuem à porta fechada, em conformidade
temente a audiência, o Juízo de Julgamento em Primeira Instância com os objetivos enunciados no artigo 68 ou com vista a proteger
poderá ordenar a sua remoção da sala e providenciar para que informação de caráter confidencial ou restrita que venha a ser apre-
acompanhe o processo e dê instruções ao seu defensor a partir sentada como prova.
do exterior da mesma, utilizando, se necessário, meios técnicos de 8. a) No início da audiência de julgamento, o Juízo de Julga-
comunicação. Estas medidas só serão adotadas em circunstâncias mento em Primeira Instância ordenará a leitura ao acusado, dos
excepcionais e pelo período estritamente necessário, após se terem fatos constantes da acusação previamente confirmados pelo Juízo
esgotado outras possibilidades razoáveis. de Instrução. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância deverá
certificar-se de que o acusado compreende a natureza dos fatos
Artigo 64 que lhe são imputados e dar-lhe a oportunidade de os confessar,
Funções e Poderes do Juízo de Julgamento em Primeira de acordo com o disposto no artigo 65, ou de se declarar inocente;
Instância b) Durante o julgamento, o juiz presidente poderá dar in-
struções sobre a condução da audiência, nomeadamente para as-
1. As funções e poderes do Juízo de Julgamento em Primeira segurar que esta se desenrole de maneira equitativa e imparcial.
Instância, enunciadas no presente artigo, deverão ser exercidas em Salvo qualquer orientação do juiz presidente, as partes poderão
conformidade com o presente Estatuto e o Regulamento Proces- apresentar provas em conformidade com as disposições do pre-
sual. sente Estatuto.
2. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância zelará para que 9. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância poderá, inclu-
o julgamento seja conduzido de maneira equitativa e célere, com sive, de ofício ou a pedido de uma das partes, a saber:
total respeito dos direitos do acusado e tendo em devida conta a a) Decidir sobre a admissibilidade ou pertinência das provas; e
proteção das vítimas e testemunhas. b) Tomar todas as medidas necessárias para manter a ordem
3. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância a que seja sub- na audiência.
metido um caso nos termos do presente Estatuto: 10. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância providenciará
a) Consultará as partes e adotará as medidas necessárias para para que o Secretário proceda a um registro completo da audiência
que o processo se desenrole de maneira equitativa e célere; de julgamento onde sejam fielmente relatadas todas as diligências
b) Determinará qual a língua, ou quais as línguas, a utilizar no efetuadas, registro que deverá manter e preservar.
julgamento; e
c) Sob reserva de qualquer outra disposição pertinente do Artigo 65
presente Estatuto, providenciará pela revelação de quaisquer doc- Procedimento em Caso de Confissão
umentos ou da informação que não tenha sido divulgada anteri-
ormente, com suficiente antecedência relativamente ao início do 1. Se o acusado confessar nos termos do parágrafo 8, alínea a),
julgamento, a fim de permitir a sua preparação adequada para o do artigo 64, o Juízo de Julgamento em Primeira Instância apurará:
julgamento. a) Se o acusado compreende a natureza e as consequências da
4. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância poderá, se sua confissão;
mostrar necessário para o seu funcionamento eficaz e impar- b) Se essa confissão foi feita livremente, após devida consulta
cial, remeter questões preliminares ao Juízo de Instrução ou, se ao seu advogado de defesa; e
necessário, a um outro juiz disponível da Seção de Instrução. c) Se a confissão é corroborada pelos fatos que resultam:
5. Mediante notificação às partes, o Juízo de Julgamento em i) Da acusação deduzida pelo Procurador e aceita pelo acusa-
Primeira Instância poderá, conforme se lhe afigure mais adequado, do;
ordenar que as acusações contra mais de um acusado sejam deduz- ii) De quaisquer meios de prova que confirmam os fatos con-
idas conjunta ou separadamente. stantes da acusação deduzida pelo Procurador e aceita pelo acusa-
6. No desempenho das suas funções, antes ou no decurso do; e
de um julgamento, o Juízo de Julgamento em Primeira Instância iii) De quaisquer outros meios de prova, tais como depoimen-
poderá, se necessário: tos de testemunhas, apresentados pelo Procurador ou pelo acusa-
a) Exercer qualquer uma das funções do Juízo de Instrução do.
consignadas no parágrafo 11 do artigo 61;

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

2. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Instância estimar que e) A inquirir ou a fazer inquirir as testemunhas de acusação e a
estão reunidas as condições referidas no parágrafo 1o, consider- obter o comparecimento das testemunhas de defesa e a inquirição
ará que a confissão, juntamente com quaisquer provas adicionais destas nas mesmas condições que as testemunhas de acusação.
produzidas, constitui um reconhecimento de todos os elementos O acusado terá também direito a apresentar defesa e a oferecer
essenciais constitutivos do crime pelo qual o acusado se declarou qualquer outra prova admissível, de acordo com o presente Estat-
culpado e poderá condená-lo por esse crime. uto;
3. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Instância estimar que f) A ser assistido gratuitamente por um intérprete competente
não estão reunidas as condições referidas no parágrafo 1o, consid- e a serem-lhe facultadas as traduções necessárias que a equidade
erará a confissão como não tendo tido lugar e, nesse caso, ordenará exija, se não compreender perfeitamente ou não falar a língua uti-
que o julgamento prossiga de acordo com o procedimento comum lizada em qualquer ato processual ou documento produzido em
estipulado no presente Estatuto, podendo transmitir o processo a tribunal;
outro Juízo de Julgamento em Primeira Instância. g) A não ser obrigado a depor contra si próprio, nem a declarar-
4. Se o Juízo de Julgamento em Primeira Instância considerar se culpado, e a guardar silêncio, sem que este seja levado em conta
necessária, no interesse da justiça, e em particular no interesse das na determinação da sua culpa ou inocência;
vítimas, uma explanação mais detalhada dos fatos integrantes do h) A prestar declarações não ajuramentadas, oralmente ou por
caso, poderá: escrito, em sua defesa; e
a) Solicitar ao Procurador que apresente provas adicionais, in- i) A que não lhe seja imposta quer a inversão do ônus da prova,
cluindo depoimentos de testemunhas; ou quer a impugnação.
b) Ordenar que o processo prossiga de acordo com o proced- 2. Além de qualquer outra revelação de informação prevista
imento comum estipulado no presente Estatuto, caso em que con- no presente Estatuto, o Procurador comunicará à defesa, logo que
siderará a confissão como não tendo tido lugar e poderá transmitir possível, as provas que tenha em seu poder ou sob o seu controle e
o processo a outro Juízo de Julgamento em Primeira Instância. que, no seu entender, revelem ou tendam a revelar a inocência do
5. Quaisquer consultas entre o Procurador e a defesa, no que acusado, ou a atenuar a sua culpa, ou que possam afetar a credibi-
diz respeito à alteração dos fatos constantes da acusação, à con- lidade das provas de acusação. Em caso de dúvida relativamente à
fissão ou à pena a ser imposta, não vincularão o Tribunal. aplicação do presente número, cabe ao Tribunal decidir.

Artigo 66 Artigo 68
Presunção de Inocência Proteção das Vítimas e das Testemunhas e sua Participação
no Processo
1. Toda a pessoa se presume inocente até prova da sua culpa
perante o Tribunal, de acordo com o direito aplicável. 1. O Tribunal adotará as medidas adequadas para garantir a
2. Incumbe ao Procurador o ônus da prova da culpa do acu- segurança, o bem-estar físico e psicológico, a dignidade e a vida
sado. privada das vítimas e testemunhas. Para tal, o Tribunal levará em
3. Para proferir sentença condenatória, o Tribunal deve estar conta todos os fatores pertinentes, incluindo a idade, o gênero tal
convencido de que o acusado é culpado, além de qualquer dúvida como definido no parágrafo 3o do artigo 7o, e o estado de saúde,
razoável. assim como a natureza do crime, em particular, mas não apenas
quando este envolva elementos de agressão sexual, de violência
Artigo 67 relacionada com a pertença a um determinado gênero ou de vi-
Direitos do Acusado olência contra crianças. O Procurador adotará estas medidas, no-
meadamente durante o inquérito e o procedimento criminal. Tais
1. Durante a apreciação de quaisquer fatos constantes da medidas não poderão prejudicar nem ser incompatíveis com os di-
acusação, o acusado tem direito a ser ouvido em audiência pública, reitos do acusado ou com a realização de um julgamento equitativo
levando em conta o disposto no presente Estatuto, a uma audiência e imparcial.
conduzida de forma equitativa e imparcial e às seguintes garantias 2. Enquanto excepção ao princípio do caráter público das
mínimas, em situação de plena igualdade: audiências estabelecido no artigo 67, qualquer um dos Juízos que
a) A ser informado, sem demora e de forma detalhada, numa compõem o Tribunal poderá, a fim de proteger as vítimas e as teste-
língua que compreenda e fale fluentemente, da natureza, motivo e munhas ou o acusado, decretar que um ato processual se realize,
conteúdo dos fatos que lhe são imputados; no todo ou em parte, à porta fechada ou permitir a produção de
b) A dispor de tempo e de meios adequados para a preparação prova por meios eletrônicos ou outros meios especiais. Estas medi-
da sua defesa e a comunicar-se livre e confidencialmente com um das aplicar-se-ão, nomeadamente, no caso de uma vítima de violên-
defensor da sua escolha; cia sexual ou de um menor que seja vítima ou testemunha, salvo
c) A ser julgado sem atrasos indevidos; decisão em contrário adotada pelo Tribunal, ponderadas todas as
d) Salvo o disposto no parágrafo 2o do artigo 63, o acusado circunstâncias, particularmente a opinião da vítima ou da testemu-
terá direito a estar presente na audiência de julgamento e a defend- nha.
er-se a si próprio ou a ser assistido por um defensor da sua escolha; 3. Se os interesses pessoais das vítimas forem afetados, o Tri-
se não o tiver, a ser informado do direito de o tribunal lhe nomear bunal permitir-lhes-á que expressem as suas opiniões e preocu-
um defensor sempre que o interesse da justiça o exija, sendo tal pações em fase processual que entenda apropriada e por forma a
assistência gratuita se o acusado carecer de meios suficientes para não prejudicar os direitos do acusado nem a ser incompatível com
remunerar o defensor assim nomeado; estes ou com a realização de um julgamento equitativo e imparcial.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Os representantes legais das vítimas poderão apresentar as referi- Artigo 70


das opiniões e preocupações quando o Tribunal o considerar opor- Infrações contra a Administração da Justiça
tuno e em conformidade com o Regulamento Processual.
4. A Unidade de Apoio às Vítimas e Testemunhas poderá acon- 1. O Tribunal terá competência para conhecer das seguintes
selhar o Procurador e o Tribunal relativamente a medidas adequa- infrações contra a sua administração da justiça, quando cometidas
das de proteção, mecanismos de segurança, assessoria e assistência intencionalmente:
a que se faz referência no parágrafo 6 do artigo 43. a) Prestação de falso testemunho, quando há a obrigação de
5. Quando a divulgação de provas ou de informação, de acordo dizer a verdade, de acordo com o parágrafo 1o do artigo 69;
com o presente Estatuto, representar um grave perigo para a segu- b) Apresentação de provas, tendo a parte conhecimento de
rança de uma testemunha ou da sua família, o Procurador poderá, que são falsas ou que foram falsificadas;
para efeitos de qualquer diligência anterior ao julgamento, não c) Suborno de uma testemunha, impedimento ou interferên-
apresentar as referidas provas ou informação, mas antes um resu- cia no seu comparecimento ou depoimento, represálias contra uma
mo das mesmas. As medidas desta natureza deverão ser postas em testemunha por esta ter prestado depoimento, destruição ou al-
prática de uma forma que não seja prejudicial aos direitos do acusa- teração de provas ou interferência nas diligências de obtenção de
do ou incompatível com estes e com a realização de um julgamento prova;
equitativo e imparcial. d) Entrave, intimidação ou corrupção de um funcionário do
6. Qualquer Estado poderá solicitar que sejam tomadas as me- Tribunal, com a finalidade de o obrigar ou o induzir a não cumprir
didas necessárias para assegurar a proteção dos seus funcionários as suas funções ou a fazê-lo de maneira indevida;
ou agentes, bem como a proteção de toda a informação de caráter e) Represálias contra um funcionário do Tribunal, em virtude
confidencial ou restrito. das funções que ele ou outro funcionário tenham desempenhado; e
f) Solicitação ou aceitação de suborno na qualidade de fun-
Artigo 69 cionário do Tribunal, e em relação com o desempenho das respec-
Prova tivas funções oficiais.
2. O Regulamento Processual estabelecerá os princípios e pro-
1. Em conformidade com o Regulamento Processual e antes de cedimentos que regularão o exercício da competência do Tribunal
depor, qualquer testemunha se comprometerá a fazer o seu depo- relativamente às infrações a que se faz referência no presente arti-
imento com verdade. go. As condições de cooperação internacional com o Tribunal, rel-
2. A prova testemunhal deverá ser prestada pela própria pes- ativamente ao procedimento que adote de acordo com o presente
soa no decurso do julgamento, salvo quando se apliquem as medi- artigo, reger-se-ão pelo direito interno do Estado requerido.
das estabelecidas no artigo 68 ou no Regulamento Processual. De 3. Em caso de decisão condenatória, o Tribunal poderá impor
igual modo, o Tribunal poderá permitir que uma testemunha preste uma pena de prisão não superior a cinco anos, ou de multa, de
declarações oralmente ou por meio de gravação em vídeo ou áudio, acordo com o Regulamento Processual, ou ambas.
ou que sejam apresentados documentos ou transcrições escritas, nos 4. a) Cada Estado Parte tornará extensivas as normas penais
termos do presente Estatuto e de acordo com o Regulamento Proces- de direito interno que punem as infrações contra a realização da
sual. Estas medidas não poderão prejudicar os direitos do acusado, justiça às infrações contra a administração da justiça a que se faz
nem ser incompatíveis com eles. referência no presente artigo, e que sejam cometidas no seu terri-
3. As partes poderão apresentar provas que interessem ao tório ou por um dos seus nacionais;
caso, nos termos do artigo 64. O Tribunal será competente para b) A pedido do Tribunal, qualquer Estado Parte submeterá,
solicitar de ofício a produção de todas as provas que entender sempre que o entender necessário, o caso à apreciação das suas
necessárias para determinar a veracidade dos fatos. autoridades competentes para fins de procedimento criminal. Essas
4. O Tribunal poderá decidir sobre a relevância ou admissib- autoridades conhecerão do caso com diligência e acionarão os mei-
ilidade de qualquer prova, tendo em conta, entre outras coisas, o os necessários para a sua eficaz condução.
seu valor probatório e qualquer prejuízo que possa acarretar para a
realização de um julgamento equitativo ou para a avaliação equita- Artigo 71
tiva dos depoimentos de uma testemunha, em conformidade com Sanções por Desrespeito ao Tribunal
o Regulamento Processual.
5. O Tribunal respeitará e atenderá aos privilégios de confiden- 1. Em caso de atitudes de desrespeito ao Tribunal, tal como
cialidade estabelecidos no Regulamento Processual. perturbar a audiência ou recusar-se deliberadamente a cumprir as
6. O Tribunal não exigirá prova dos fatos do domínio público, suas instruções, o Tribunal poderá impor sanções administrativas
mas poderá fazê-los constar dos autos. que não impliquem privação de liberdade, como, por exemplo, a
7. Não serão admissíveis as provas obtidas com violação do expulsão temporária ou permanente da sala de audiências, a multa
presente Estatuto ou das normas de direitos humanos internac- ou outra medida similar prevista no Regulamento Processual.
ionalmente reconhecidas quando: 2. O processo de imposição das medidas a que se refere o
a) Essa violação suscite sérias dúvidas sobre a fiabilidade das número anterior reger-se-á pelo Regulamento Processual.
provas; ou
b) A sua admissão atente contra a integridade do processo ou
resulte em grave prejuízo deste.
8. O Tribunal, ao decidir sobre a relevância ou admissibilidade
das provas apresentadas por um Estado, não poderá pronunciar-se
sobre a aplicação do direito interno desse Estado.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 72 a) Quando a divulgação da informação ou do documento for


Proteção de Informação Relativa à Segurança Nacional solicitada no âmbito de um pedido de cooperação, nos termos da
Parte IX do presente Estatuto ou nas circunstâncias a que se refere
1. O presente artigo aplicar-se-á a todos os casos em que a o parágrafo 2o do presente artigo, e o Estado invocar o motivo de
divulgação de informação ou de documentos de um Estado possa, recusa estatuído no parágrafo 4° do artigo 93:
no entender deste, afetar os interesses da sua segurança nacional. i) O Tribunal poderá, antes de chegar a qualquer uma das con-
Tais casos incluem os abrangidos pelas disposições constantes dos clusões a que se refere o ponto ii) da alínea a) do parágrafo 7o, so-
parágrafos 2o e 3o do artigo 56, parágrafo 3o do artigo 61, parágra- licitar consultas suplementares com o fim de ouvir o Estado, incluin-
fo 3o do artigo 64, parágrafo 2o do artigo 67, parágrafo 6 do artigo do, se for caso disso, a sua realização à porta fechada ou à revelia
68, parágrafo 6 do artigo 87 e do artigo 93, assim como os que se de uma das partes;
apresentem em qualquer outra fase do processo em que uma tal ii) Se o Tribunal concluir que, ao invocar o motivo de recusa
divulgação possa estar em causa. estatuído no parágrafo 4o do artigo 93, dadas as circunstâncias
2. O presente artigo aplicar-se-á igualmente aos casos em do caso, o Estado requerido não está a atuar de harmonia com
que uma pessoa a quem tenha sido solicitada a prestação de infor- as obrigações impostas pelo presente Estatuto, poderá remeter a
mação ou provas, se tenha recusado a apresenta-las ou tenha en- questão nos termos do parágrafo 7 do artigo 87, especificando as
tregue a questão ao Estado, invocando que tal divulgação afetaria razões da sua conclusão; e
os interesses da segurança nacional do Estado, e o Estado em causa iii) O Tribunal poderá tirar as conclusões, que entender apro-
confirme que, no seu entender, essa divulgação afetaria os interess- priadas, em razão das circunstâncias, ao julgar o acusado, quanto à
es da sua segurança nacional. existência ou inexistência de um fato; ou
3. Nada no presente artigo afetará os requisitos de confiden- b) Em todas as restantes circunstâncias:
cialidade a que se referem as alíneas e) e f) do parágrafo 3o do arti- i) Ordenar a revelação; ou
go 54, nem a aplicação do artigo 73. ii) Se não ordenar a revelação, inferir, no julgamento do acu-
4. Se um Estado tiver conhecimento de que informações ou sado, quanto à existência ou inexistência de um fato, conforme se
documentos do Estado estão a ser, ou poderão vir a ser, divulgados mostrar apropriado.
em qualquer fase do processo, e considerar que essa divulgação
afetaria os seus interesses de segurança nacional, tal Estado terá Artigo 73
o direito de intervir com vista a ver alcançada a resolução desta Informação ou Documentos Disponibilizados por Terceiros
questão em conformidade com o presente artigo.
5. O Estado que considere que a divulgação de determinada Se um Estado Parte receber um pedido do Tribunal para que
informação poderá afetar os seus interesses de segurança nacional lhe forneça uma informação ou um documento que esteja sob sua
adotará, em conjunto com o Procurador, a defesa, o Juízo de In- custódia, posse ou controle, e que lhe tenha sido comunicado a títu-
strução ou o Juízo de Julgamento em Primeira Instância, conforme lo confidencial por um Estado, uma organização intergovernamen-
o caso, todas as medidas razoavelmente possíveis para encontrar tal ou uma organização internacional, tal Estado Parte deverá obter
uma solução através da concertação. Estas medidas poderão incluir: o consentimento do seu autor para a divulgação dessa informação
a) A alteração ou o esclarecimento dos motivos do pedido; ou documento. Se o autor for um Estado Parte, este poderá con-
b) Uma decisão do Tribunal relativa à relevância das infor- sentir em divulgar a referida informação ou documento ou compro-
mações ou dos elementos de prova solicitados, ou uma decisão so- meter-se a resolver a questão com o Tribunal, salvaguardando-se
bre se as provas, ainda que relevantes, não poderiam ser ou ter sido o disposto no artigo 72. Se o autor não for um Estado Parte e não
obtidas junto de fonte distinta do Estado requerido; consentir em divulgar a informação ou o documento, o Estado req-
c) A obtenção da informação ou de provas de fonte distinta ou uerido comunicará ao Tribunal que não lhe será possível fornecer a
em uma forma diferente; ou informação ou o documento em causa, devido à obrigação previa-
d) Um acordo sobre as condições em que a assistência poderá mente assumida com o respectivo autor de preservar o seu caráter
ser prestada, incluindo, entre outras, a disponibilização de resumos confidencial.
ou exposições, restrições à divulgação, recurso ao procedimento à Artigo 74
porta fechada ou à revelia de uma das partes, ou aplicação de out- Requisitos para a Decisão
ras medidas de proteção permitidas pelo Estatuto ou pelas Regula-
mento Processual. 1. Todos os juízes do Juízo de Julgamento em Primeira Instância
6. Realizadas todas as diligências razoavelmente possíveis com estarão presentes em cada uma das fases do julgamento e nas de-
vista a resolver a questão por meio de concertação, e se o Esta- liberações. A Presidência poderá designar, conforme o caso, um ou
do considerar não haver meios nem condições para que as infor- vários juízes substitutos, em função das disponibilidades, para es-
mações ou os documentos possam ser fornecidos ou revelados tarem presentes em todas as fases do julgamento, bem coma para
sem prejuízo dos seus interesses de segurança nacional, notificará substituírem qualquer membro do Juízo de Julgamento em Primeira
o Procurador ou o Tribunal nesse sentido, indicando as razões pre- Instância que se encontre impossibilitado de continuar a participar
cisas que fundamentaram a sua decisão, a menos que a descrição no julgamento.
específica dessas razões prejudique, necessariamente, os interess- 2. O Juízo de Julgamento em Primeira Instância fundamentará
es de segurança nacional do Estado. a sua decisão com base na apreciação das provas e do processo no
7. Posteriormente, se decidir que a prova é relevante e seu conjunto. A decisão não exorbitará dos fatos e circunstâncias
necessária para a determinação da culpa ou inocência do acusado, descritos na acusação ou nas alterações que lhe tenham sido feitas.
o Tribunal poderá adotar as seguintes medidas: O Tribunal fundamentará a sua decisão exclusivamente nas provas
produzidas ou examinadas em audiência de julgamento.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

3. Os juízes procurarão tomar uma decisão por unanimidade e, conhecer de quaisquer novos elementos de prova ou exposições
não sendo possível, por maioria. relevantes para a determinação da pena, de harmonia com o Regu-
4. As deliberações do Juízo de Julgamento em Primeira Instân- lamento Processual.
cia serão e permanecerão secretas. 3. Sempre que o parágrafo 2o for aplicável, as pretensões
5. A decisão será proferida por escrito e conterá uma exposição previstas no artigo 75 serão ouvidas pelo Juízo de Julgamento em
completa e fundamentada da apreciação das provas e as conclusões Primeira Instância no decorrer da audiência suplementar referida
do Juízo de Julgamento em Primeira Instância. Será proferida uma no parágrafo 2o e, se necessário, no decorrer de qualquer nova
só decisão pelo Juízo de Julgamento em Primeira Instância. Se não audiência.
houver unanimidade, a decisão do Juízo de Julgamento em Primei- 4. A sentença será proferida em audiência pública e, sempre
ra Instância conterá as opiniões tanto da maioria como da minoria que possível, na presença do acusado.
dos juízes. A leitura da decisão ou de uma sua súmula far-se-á em
audiência pública. Capítulo VII
As Penas
Artigo 75
Reparação em Favor das Vítimas Artigo 77
Penas Aplicáveis
1. O Tribunal estabelecerá princípios aplicáveis às formas de
reparação, tais como a restituição, a indenização ou a reabilitação, 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 110, o Tribunal pode im-
que hajam de ser atribuídas às vítimas ou aos titulares desse dire- por à pessoa condenada por um dos crimes previstos no artigo 5o
ito. Nesta base, o Tribunal poderá, de ofício ou por requerimento, do presente Estatuto uma das seguintes penas:
em circunstâncias excepcionais, determinar a extensão e o nível dos a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao
danos, da perda ou do prejuízo causados às vítimas ou aos titulares limite máximo de 30 anos; ou
do direito à reparação, com a indicação dos princípios nos quais b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do
fundamentou a sua decisão. fato e as condições pessoais do condenado o justificarem,
2. O Tribunal poderá lavrar despacho contra a pessoa conde- 2. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá aplicar:
nada, no qual determinará a reparação adequada a ser atribuída a) Uma multa, de acordo com os critérios previstos no Regula-
às vítimas ou aos titulares de tal direito. Esta reparação poderá, mento Processual;
nomeadamente, assumir a forma de restituição, indenização ou re- b) A perda de produtos, bens e haveres provenientes, direta ou
abilitação. Se for caso disso, o Tribunal poderá ordenar que a inden- indiretamente, do crime, sem prejuízo dos direitos de terceiros que
ização atribuída a título de reparação seja paga por intermédio do tenham agido de boa fé.
Fundo previsto no artigo 79.
3. Antes de lavrar qualquer despacho ao abrigo do presente Artigo 78
artigo, o Tribunal poderá solicitar e levar em consideração as pre- Determinação da pena
tensões formuladas pela pessoa condenada, pelas vítimas, por out-
ras pessoas interessadas ou por outros Estados interessados, bem 1. Na determinação da pena, o Tribunal atenderá, em harmonia
como as observações formuladas em nome dessas pessoas ou dess- com o Regulamento Processual, a fatores tais como a gravidade do
es Estados. crime e as condições pessoais do condenado.
4. Ao exercer os poderes conferidos pelo presente artigo, o 2. O Tribunal descontará, na pena de prisão que vier a aplicar, o
Tribunal poderá, após a condenação por crime que seja da sua com- período durante o qual o acusado esteve sob detenção por ordem
petência, determinar se, para fins de aplicação dos despachos que daquele. O Tribunal poderá ainda descontar qualquer outro perío-
lavrar ao abrigo do presente artigo, será necessário tomar quais- do de detenção que tenha sido cumprido em razão de uma conduta
quer medidas em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 93. constitutiva do crime.
5. Os Estados Partes observarão as decisões proferidas nos ter- 3. Se uma pessoa for condenada pela prática de vários crimes,
mos deste artigo como se as disposições do artigo 109 se aplicas- o Tribunal aplicará penas de prisão parcelares relativamente a cada
sem ao presente artigo. um dos crimes e uma pena única, na qual será especificada a du-
6. Nada no presente artigo será interpretado como prejudi- ração total da pena de prisão. Esta duração não poderá ser inferior à
cando os direitos reconhecidos às vítimas pelo direito interno ou da pena parcelar mais elevada e não poderá ser superior a 30 anos
internacional. de prisão ou ir além da pena de prisão perpétua prevista no artigo
77, parágrafo 1o, alínea b).
Artigo 76
Aplicação da Pena Artigo 79
Fundo em Favor das Vítimas
1. Em caso de condenação, o Juízo de Julgamento em Primeira
Instância determinará a pena a aplicar tendo em conta os elemen- 1. Por decisão da Assembléia dos Estados Partes, será criado
tos de prova e as exposições relevantes produzidos no decurso do um Fundo a favor das vítimas de crimes da competência do Tribu-
julgamento, nal, bem como das respectivas famílias.
2. Salvo nos casos em que seja aplicado o artigo 65 e antes de 2. O Tribunal poderá ordenar que o produto das multas e quais-
concluído o julgamento, o Juízo de Julgamento em Primeira Instân- quer outros bens declarados perdidos revertam para o Fundo.
cia poderá, oficiosamente, e deverá, a requerimento do Procura- 3. O Fundo será gerido em harmonia com os critérios a serem
dor ou do acusado, convocar uma audiência suplementar, a fim de adotados pela Assembléia dos Estados Partes.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 80 ii) A decisão proferida pelo juízo de julgamento em primeira


Não Interferência no Regime de Aplicação de Penas Nacion- instância nos termos da sub-alínea i), será recorrível em harmonia
ais e nos Direitos Internos com as Regulamento Processual.
4. Sem prejuízo do disposto nas alíneas a) e b) do parágrafo 3o,
Nada no presente Capítulo prejudicará a aplicação, pelos Esta- a execução da sentença condenatória ou da pena ficará suspensa
dos, das penas previstas nos respectivos direitos internos, ou a apli- pelo período fixado para a interposição do recurso, bem como du-
cação da legislação de Estados que não preveja as penas referidas rante a fase de tramitação do recurso.
neste capítulo.
Artigo 82
Capítulo VIII Recurso de Outras Decisões
Recurso e Revisão
1. Em conformidade com o Regulamento Processual, qualquer
Artigo 81 uma das Partes poderá recorrer das seguintes decisões:
Recurso da Sentença Condenatória ou Absolutória ou da a) Decisão sobre a competência ou a admissibilidade do caso;
Pena b) Decisão que autorize ou recuse a libertação da pessoa obje-
to de inquérito ou de procedimento criminal;
1. A sentença proferida nos termos do artigo 74 é recorrível c) Decisão do Juízo de Instrução de agir por iniciativa própria,
em conformidade com o disposto no Regulamento Processual nos nos termos do parágrafo 3o do artigo 56;
seguintes termos: d) Decisão relativa a uma questão suscetível de afetar sig-
a) O Procurador poderá interpor recurso com base num dos nificativamente a tramitação equitativa e célere do processo ou o
seguintes fundamentos: resultado do julgamento, e cuja resolução imediata pelo Juízo de
i) Vício processual; Recursos poderia, no entender do Juízo de Instrução ou do Juízo de
ii) Erro de fato; ou Julgamento em Primeira Instância, acelerar a marcha do processo.
iii) Erro de direito; 2. Quer o Estado interessado quer o Procurador poderão re-
b) O condenado ou o Procurador, no interesse daquele; poderá correr da decisão proferida pelo Juízo de Instrução, mediante autor-
interpor recurso com base num dos seguintes fundamentos: ização deste, nos termos do artigo 57, parágrafo 3o, alínea d). Este
i) Vício processual; recurso adotará uma forma sumária.
ii) Erro de fato; 3. O recurso só terá efeito suspensivo se o Juízo de Recursos
iií) Erro de direito; ou assim o ordenar, mediante requerimento, em conformidade com o
iv) Qualquer outro motivo suscetível de afetar a equidade ou a Regulamento Processual.
regularidade do processo ou da sentença. 4. O representante legal das vítimas, o condenado ou o propri-
2. a) O Procurador ou o condenado poderá, em conformidade etário de boa fé de bens que hajam sido afetados por um despacho
com o Regulamento Processual, interpor recurso da pena decretada proferido ao abrigo do artigo 75 poderá recorrer de tal despacho,
invocando desproporção entre esta e o crime; em conformidade com o Regulamento Processual.
b) Se, ao conhecer de recurso interposto da pena decretada, o
Tribunal considerar que há fundamentos suscetíveis de justificar a Artigo 83
anulação, no todo ou em parte, da sentença condenatória, poderá Processo Sujeito a Recurso
convidar o Procurador e o condenado a motivarem a sua posição
nos termos da alínea a) ou b) do parágrafo 1o do artigo 81, após o 1. Para os fins do procedimentos referido no artigo 81 e no pre-
que poderá pronunciar-se sobre a sentença condenatória nos ter- sente artigo, o Juízo de Recursos terá todos os poderes conferidos
mos do artigo 83; ao Juízo de Julgamento em Primeira Instância.
c) O mesmo procedimento será aplicado sempre que o Tribu- 2. Se o Juízo de Recursos concluir que o processo sujeito a re-
nal, ao conhecer de recurso interposto unicamente da sentença curso padece de vícios tais que afetem a regularidade da decisão
condenatória, considerar haver fundamentos comprovativos de ou da sentença, ou que a decisão ou a sentença recorridas estão
uma redução da pena nos termos da alínea a) do parágrafo 2o. materialmente afetadas por erros de fato ou de direito, ou vício
3. a) Salvo decisão em contrário do Juízo de Julgamento em processual, ela poderá:
Primeira Instância, o condenado permanecerá sob prisão preventi- a) Anular ou modificar a decisão ou a pena; ou
va durante a tramitação do recurso; b) Ordenar um novo julgamento perante um outro Juízo de
b) Se o período de prisão preventiva ultrapassar a duração da Julgamento em Primeira Instância.
pena decretada, o condenado será posto em liberdade; todavia, se Para os fins mencionados, poderá o Juízo de Recursos reenvi-
o Procurador também interpuser recurso, a libertação ficará sujeita ar uma questão de fato para o Juízo de Julgamento em Primeira
às condições enunciadas na alínea c) infra; Instância à qual foi submetida originariamente, a fim de que esta
c) Em caso de absolvição, o acusado será imediatamente posto decida a questão e lhe apresente um relatório, ou pedir, ela própria,
em liberdade, sem prejuízo das seguintes condições: elementos de prova para decidir. Tendo o recurso da decisão ou da
i) Em circunstâncias excepcionais e tendo em conta, nomeada- pena sido interposto somente pelo condenado, ou pelo Procurador
mente, o risco de fuga, a gravidade da infração e as probabilidades no interesse daquele, não poderão aquelas ser modificadas em pre-
de o recurso ser julgado procedente, o Juízo de Julgamento em juízo do condenado.
Primeira Instância poderá, a requerimento do Procurador, ordenar 3. Se, ao conhecer, do recurso de uma pena, o Juízo de Re-
que o acusado seja mantido em regime de prisão preventiva du- cursos considerar que a pena é desproporcionada relativamente ao
rante a tramitação do recurso; crime, poderá modificá-la nos termos do Capítulo VII.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

4. O acórdão do Juízo de Recursos será tirado por maioria dos no Regulamento Processual, à pessoa que, em virtude de sentença
juízes e proferido em audiência pública. O acórdão será sempre fun- absolutória ou de extinção da instância por tal motivo, haja sido
damentado. Não havendo unanimidade, deverá conter as opiniões posta em liberdade.
da parte maioria e da minoria de juízes; contudo, qualquer juiz
poderá exprimir uma opinião separada ou discordante sobre uma Capítulo IX
questão de direito. Cooperação Internacional e Auxílio Judiciário
5. O Juízo de Recursos poderá emitir o seu acórdão na ausência
da pessoa absolvida ou condenada. Artigo 86
Obrigação Geral de Cooperar
Artigo 84
Revisão da Sentença Condenatória ou da Pena Os Estados Partes deverão, em conformidade com o disposto
no presente Estatuto, cooperar plenamente com o Tribunal no in-
1. O condenado ou, se este tiver falecido, o cônjuge sobrevivo, quérito e no procedimento contra crimes da competência deste.
os filhos, os pais ou qualquer pessoa que, em vida do condenado,
dele tenha recebido incumbência expressa, por escrito, nesse sen- Artigo 87
tido, ou o Procurador no seu interesse, poderá submeter ao Juízo Pedidos de Cooperação: Disposições Gerais
de Recursos um requerimento solicitando a revisão da sentença
condenatória ou da pena pelos seguintes motivos: 1. a) O Tribunal estará habilitado a dirigir pedidos de cooper-
a) A descoberta de novos elementos de prova: ação aos Estados Partes. Estes pedidos serão transmitidos pela via
i) De que não dispunha ao tempo do julgamento, sem que essa diplomática ou por qualquer outra via apropriada escolhida pelo
circunstância pudesse ser imputada, no todo ou em parte, ao req- Estado Parte no momento de ratificação, aceitação, aprovação ou
uerente; e adesão ao presente Estatuto.
ii) De tal forma importantes que, se tivessem ficado provados Qualquer Estado Parte poderá alterar posteriormente a escol-
no julgamento, teriam provavelmente conduzido a um veredicto ha feita nos termos do Regulamento Processual.
diferente; b) Se for caso disso, e sem prejuízo do disposto na alínea a),
b) A descoberta de que elementos de prova, apreciados no os pedidos poderão ser igualmente transmitidos pela Organização
julgamento e decisivos para a determinação da culpa, eram falsos internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) ou por qualquer outra
ou tinham sido objeto de contrafação ou falsificação; organização regional competente.
c) Um ou vários dos juízes que intervieram na sentença conde- 2. Os pedidos de cooperação e os documentos comprovativos
natória ou confirmaram a acusação hajam praticado atos de condu- que os instruam serão redigidos na língua oficial do Estado requeri-
ta reprovável ou de incumprimento dos respectivos deveres de tal do ou acompanhados de uma tradução nessa língua, ou numa das
forma graves que justifiquem a sua cessação de funções nos termos línguas de trabalho do Tribunal ou acompanhados de uma tradução
do artigo 46. numa dessas línguas, de acordo com a escolha feita pelo Estado
2. O Juízo de Recursos rejeitará o pedido se o considerar man- requerido no momento da ratificação, aceitação, aprovação ou
ifestamente infundado. Caso contrário, poderá o Juízo, se julgar adesão ao presente Estatuto.
oportuno: Qualquer alteração posterior será feita de harmonia com o
a) Convocar de novo o Juízo de Julgamento em Primeira Instân- Regulamento Processual.
cia que proferiu a sentença inicial; 3. O Estado requerido manterá a confidencialidade dos pedi-
b) Constituir um novo Juízo de Julgamento em Primeira Instân- dos de cooperação e dos documentos comprovativos que os instru-
cia; ou am, salvo quando a sua revelação for necessária para a execução
c) Manter a sua competência para conhecer da causa, a fim do pedido.
de determinar se, após a audição das partes nos termos do Regula- 4. Relativamente aos pedidos de auxílio formulados ao abrigo
mento Processual, haverá lugar à revisão da sentença. do presente Capítulo, o Tribunal poderá, nomeadamente em
matéria de proteção da informação, tomar as medidas necessárias
Artigo 85 à garantia da segurança e do bem-estar físico ou psicológico das
Indenização do Detido ou Condenado vítimas, das potenciais testemunhas e dos seus familiares. O Tri-
bunal poderá solicitar que as informações fornecidas ao abrigo do
1. Quem tiver sido objeto de detenção ou prisão ilegal terá presente Capítulo sejam comunicadas e tratadas por forma a que
direito a reparação. a segurança e o bem-estar físico ou psicológico das vítimas, das
2. Sempre que uma decisão final seja posteriormente anulada potenciais testemunhas e dos seus familiares sejam devidamente
em razão de fatos novos ou recentemente descobertos que apon- preservados.
tem inequivocamente para um erro judiciário, a pessoa que tiver 5. a) O Tribunal poderá convidar qualquer Estado que não seja
cumprido pena em resultado de tal sentença condenatória será in- Parte no presente Estatuto a prestar auxílio ao abrigo do presente
denizada, em conformidade com a lei, a menos que fique provado Capítulo com base num convênio ad hoc, num acordo celebrado
que a não revelação, em tempo útil, do fato desconhecido lhe seja com esse Estado ou por qualquer outro modo apropriado.
imputável, no todo ou em parte. b) Se, após a celebração de um convênio ad hoc ou de um
3. Em circunstâncias excepcionais e em face de fatos que con- acordo com o Tribunal, um Estado que não seja Parte no presente
clusivamente demonstrem a existência de erro judiciário grave e Estatuto se recusar a cooperar nos termos de tal convênio ou acor-
manifesto, o Tribunal poderá, no uso do seu poder discricionário,
atribuir uma indenização, de acordo com os critérios enunciados
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

do, o Tribunal dará conhecimento desse fato à Assembléia dos Es- e) Se ocorrer, uma aterrissagem imprevista no território do Es-
tados Parles ou ao Conselho de Segurança, quando tiver sido este a tado de trânsito, poderá este exigir ao Tribunal a apresentação de
referenciar o fato ao Tribunal. um pedido de trânsito nos termos previstos na alínea b). O Estado
6. O Tribunal poderá solicitar informações ou documentos a de trânsito manterá a pessoa sob detenção até a recepção do pedi-
qualquer organização intergovernamental. Poderá igualmente re- do de trânsito e a efetivação do trânsito. Todavia, a detenção ao
querer outras formas de cooperação e auxílio a serem acordadas abrigo da presente alínea não poderá prolongar-se para além das
com tal organização e que estejam em conformidade com a sua 96 horas subsequentes à aterrissagem imprevista se o pedido não
competência ou o seu mandato. for recebido dentro desse prazo.
7. Se, contrariamente ao disposto no presente Estatuto, um 4. Se a pessoa reclamada for objeto de procedimento criminal
Estado Parte recusar um pedido de cooperação formulado pelo ou estiver cumprindo uma pena no Estado requerido por crime di-
Tribunal, impedindo-o assim de exercer os seus poderes e funções verso do que motivou o pedido de entrega ao Tribunal, este Estado
nos termos do presente Estatuto, o Tribunal poderá elaborar um consultará o Tribunal após ter decidido anuir ao pedido
relatório e remeter a questão à Assembléia dos Estados Partes ou
ao Conselho de Segurança, quando tiver sido este a submeter o fato Artigo 90
ao Tribunal. Pedidos Concorrentes

Artigo 88 1. Um Estado Parte que, nos termos do artigo 89, receba um


Procedimentos Previstos no Direito Interno pedido de entrega de uma pessoa formulado pelo Tribunal, e rece-
ba igualmente, de qualquer outro Estado, um pedido de extradição
Os Estados Partes deverão assegurar-se de que o seu direito relativo à mesma pessoa, pelos mesmos fatos que motivaram o
interno prevê procedimentos que permitam responder a todas as pedido de entrega por parte do Tribunal, deverá notificar o Tribunal
formas de cooperação especificadas neste Capítulo. e o Estado requerente de tal fato.
2. Se o Estado requerente for um Estado Parte, o Estado req-
Artigo 89 uerido dará prioridade ao pedido do Tribunal:
Entrega de Pessoas ao Tribunal a) Se o Tribunal tiver decidido, nos termos do artigo 18 ou 19,
da admissibilidade do caso a que respeita o pedido de entrega, e tal
1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de detenção e entre- determinação tiver levado em conta o inquérito ou o procedimento
ga de uma pessoa, instruído com os documentos comprovativos criminal conduzido pelo Estado requerente relativamente ao pedi-
referidos no artigo 91, a qualquer Estado em cujo território essa do de extradição por este formulado; ou
pessoa se possa encontrar, e solicitar a cooperação desse Estado na b) Se o Tribunal tiver tomado a decisão referida na alínea a)
detenção e entrega da pessoa em causa. Os Estados Partes darão em conformidade com a notificação feita pelo Estado requerido, em
satisfação aos pedidos de detenção e de entrega em conformidade aplicação do parágrafo 1o.
com o presente Capítulo e com os procedimentos previstos nos re- 3. Se o Tribunal não tiver tomado uma decisão nos termos da
spectivos direitos internos. alínea a) do parágrafo 2o, o Estado requerido poderá, se assim o
2. Sempre que a pessoa cuja entrega é solicitada impugnar a entender, estando pendente a determinação do Tribunal nos ter-
sua entrega perante um tribunal nacional com, base no princípio ne mos da alínea b) do parágrafo 2o, dar seguimento ao pedido de
bis in idem previsto no artigo 20, o Estado requerido consultará, de extradição formulado pelo Estado requerente sem, contudo, extra-
imediato, o Tribunal para determinar se houve uma decisão rele- ditar a pessoa até que o Tribunal decida sobre a admissibilidade do
vante sobre a admissibilidade. Se o caso for considerado admissível, caso. A decisão do Tribunal seguirá a forma sumária.
o Estado requerido dará seguimento ao pedido. Se estiver penden- 4. Se o Estado requerente não for Parte no presente Estatuto,
te decisão sobre a admissibilidade, o Estado requerido poderá difer- o Estado requerido, desde que não esteja obrigado por uma norma
ir a execução do pedido até que o Tribunal se pronuncie. internacional a extraditar o acusado para o Estado requerente, dará
3. a) Os Estados Partes autorizarão, de acordo com os proced- prioridade ao pedido de entrega formulado pelo Tribunal, no caso
imentos previstos na respectiva legislação nacional, o trânsito, pelo de este se ter decidido pela admissibilidade do caso.
seu território, de uma pessoa entregue ao Tribunal por um outro 5. Quando um caso previsto no parágrafo 4o não tiver sido
Estado, salvo quando o trânsito por esse Estado impedir ou retardar declarado admissível pelo Tribunal, o Estado requerido poderá, se
a entrega. assim o entender, dar seguimento ao pedido de extradição formu-
b) Um pedido de trânsito formulado pelo Tribunal será trans- lado pelo Estado requerente.
mitido em conformidade com o artigo 87. Do pedido de trânsito 6. Relativamente aos casos em que o disposto no parágrafo 4o
constarão: seja aplicável, mas o Estado requerido se veja obrigado, por força de
i) A identificação da pessoa transportada; uma norma internacional, a extraditar a pessoa para o Estado req-
ii) Um resumo dos fatos e da respectiva qualificação jurídica; uerente que não seja Parte no presente Estatuto, o Estado requeri-
iii) O mandado de detenção e entrega. do decidirá se procederá à entrega da pessoa em causa ao Tribunal
c) A pessoa transportada será mantida sob custódia no decur- ou se a extraditará para o Estado requerente. Na sua decisão, o Es-
so do trânsito. tado requerido terá em conta todos os fatores relevantes, incluindo,
d) Nenhuma autorização será necessária se a pessoa for trans- entre outros
portada por via aérea e não esteja prevista qualquer aterrissagem a) A ordem cronológica dos pedidos;
no território do Estado de trânsito. b) Os interesses do Estado requerente, incluindo, se relevante,
se o crime foi cometido no seu território bem como a nacionalidade
das vítimas e da pessoa reclamada; e
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

c) A possibilidade de o Estado requerente vir a proceder poste- da alínea c) do parágrafo 2o. No decurso de tais consultas, o Estado
riormente à entrega da pessoa ao Tribunal. Parte informará o Tribunal dos requisitos específicos constantes do
7. Se um Estado Parte receber um pedido de entrega de uma seu direito interno.
pessoa formulado pelo Tribunal e um pedido de extradição formu-
lado por um outro Estado Parte relativamente à mesma pessoa, por Artigo 92
fatos diferentes dos que constituem o crime objeto do pedido de Prisão Preventiva
entrega:
a) O Estado requerido dará prioridade ao pedido do Tribunal, 1. Em caso de urgência, o Tribunal poderá solicitar a prisão
se não estiver obrigado por uma norma internacional a extraditar a preventiva da pessoa procurada até a apresentação do pedido de
pessoa para o Estado requerente; entrega e os documentos de apoio referidos no artigo 91.
b) O Estado requerido terá de decidir se entrega a pessoa ao 2. O pedido de prisão preventiva será transmitido por qualquer
Tribunal ou a extradita para o Estado requerente, se estiver obriga- meio de que fique registro escrito e conterá:
do por uma norma internacional a extraditar a pessoa para o Es- a) Uma descrição da pessoa procurada, contendo informação
tado requerente. Na sua decisão, o Estado requerido considerará suficiente que permita a sua identificação, bem como informação
todos os fatores relevantes, incluindo, entre outros, os constantes sobre a sua provável localização;
do parágrafo 6; todavia, deverá dar especial atenção à natureza e à b) Uma exposição sucinta dos crimes pelos quais a pessoa é
gravidade dos fatos em causa. procurada, bem como dos fatos alegadamente constitutivos de tais
8. Se, em conformidade com a notificação prevista no presente crimes incluindo, se possível, a data e o local da sua prática;
artigo, o Tribunal se tiver pronunciado pela inadmissibilidade do c) Uma declaração que certifique a existência de um manda-
caso e, posteriormente, a extradição para o Estado requerente for do de detenção ou de uma decisão condenatória contra a pessoa
recusada, o Estado requerido notificará o Tribunal dessa decisão. procurada; e
d) Uma declaração de que o pedido de entrega relativo à pes-
Artigo 91 soa procurada será enviado posteriormente.
Conteúdo do Pedido de Detenção e de Entrega 3. Qualquer pessoa mantida sob prisão preventiva poderá ser
posta em liberdade se o Estado requerido não tiver recebido, em
1. O pedido de detenção e de entrega será formulado por es- conformidade com o artigo 91, o pedido de entrega e os respectivos
crito. Em caso de urgência, o pedido poderá ser feito através de documentos no prazo fixado pelo Regulamento Processual. Todavia,
qualquer outro meio de que fique registro escrito, devendo, no en- essa pessoa poderá consentir na sua entrega antes do termo do
tanto, ser confirmado através dos canais previstos na alínea a) do período se a legislação do Estado requerido o permitir. Nesse caso,
parágrafo 1o do artigo 87, o Estado requerido procede à entrega da pessoa reclamada ao Tri-
2. O pedido de detenção e entrega de uma pessoa relativa- bunal, o mais rapidamente possível.
mente à qual o Juízo de Instrução tiver emitido um mandado de de- 4. O fato de a pessoa reclamada ter sido posta em liberdade
tenção ao abrigo do artigo 58, deverá conter ou ser acompanhado em conformidade com o parágrafo 3° não obstará a que seja de
dos seguintes documentos: novo detida e entregue se o pedido de entrega e os documentos em
a) Uma descrição da pessoa procurada, contendo informação apoio, vierem a ser apresentados posteriormente.
suficiente que permita a sua identificação, bem como informação
sobre a sua provável localização; Artigo 93
b) Uma cópia do mandado de detenção; e Outras Formas de Cooperação
c) Os documentos, declarações e informações necessários para
satisfazer os requisitos do processo de entrega pelo Estado requeri- 1. Em conformidade com o disposto no presente Capítulo e
do; contudo, tais requisitos não deverão ser mais rigorosos dos que nos termos dos procedimentos previstos nos respectivos direitos
os que devem ser observados em caso de um pedido de extradição internos, os Estados Partes darão seguimento aos pedidos formula-
em conformidade com tratados ou convênios celebrados entre o dos pelo Tribunal para concessão de auxílio, no âmbito de inquéri-
Estado requerido e outros Estados, devendo, se possível, ser menos tos ou procedimentos criminais, no que se refere a:
rigorosos face à natureza específica de que se reveste o Tribunal. a) Identificar uma pessoa e o local onde se encontra, ou lo-
3. Se o pedido respeitar à detenção e à entrega de uma pessoa calizar objetos;
já condenada, deverá conter ou ser acompanhado dos seguintes b) Reunir elementos de prova, incluindo os depoimentos
documentos: prestados sob juramento, bem como produzir elementos de prova,
a) Uma cópia do mandado de detenção dessa pessoa; incluindo perícias e relatórios de que o Tribunal necessita;
b) Uma cópia da sentença condenatória; c) Interrogar qualquer pessoa que seja objeto de inquérito ou
c) Elementos que demonstrem que a pessoa procurada é a de procedimento criminal;
mesma a que se refere a sentença condenatória; e d) Notificar documentos, nomeadamente documentos ju-
d) Se a pessoa já tiver sido condenada, uma cópia da sentença diciários;
e, em caso de pena de prisão, a indicação do período que já tiver e) Facilitar o comparecimento voluntária, perante o Tribunal,
cumprido, bem como o período que ainda lhe falte cumprir. de pessoas que deponham na qualidade de testemunhas ou de
4. Mediante requerimento do Tribunal, um Estado Parte man- peritos;
terá, no que respeite a questões genéricas ou a uma questão es- f) Proceder à transferência temporária de pessoas, em confor-
pecífica, consultas com o Tribunal sobre quaisquer requisitos pre- midade com o parágrafo 7°;
vistos no seu direito interno que possam ser aplicados nos termos g) Realizar inspeções, nomeadamente a exumação e o exame
de cadáveres enterrados em fossas comuns;
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

h) Realizar buscas e apreensões; c) O Estado requerido poderá, de ofício ou a pedido do


i) Transmitir registros e documentos, nomeadamente registros Procurador, autorizar a divulgação posterior de tais documentos ou
e documentos oficiais; informações; os quais poderão ser utilizados como meios de pro-
j) Proteger vítimas e testemunhas, bem como preservar ele- va, nos termos do disposto nos Capítulos V e VI e no Regulamento
mentos de prova; Processual.
k) Identificar, localizar e congelar ou apreender o produto de 9. a) i) Se um Estado Parte receber pedidos concorrentes for-
crimes, bens, haveres e instrumentos ligados aos crimes, com vista mulados pelo Tribunal e por um outro Estado, no âmbito de uma
à sua eventual declaração de perda, sem prejuízo dos direitos de obrigação internacional, e cujo objeto não seja nem a entrega nem
terceiros de boa fé; e a extradição, esforçar-se-á, mediante consultas com o Tribunal e
I) Prestar qualquer outra forma de auxílio não proibida pela esse outro Estado, por dar satisfação a ambos os pedidos adiando
legislação do Estado requerido, destinada a facilitar o inquérito e o ou estabelecendo determinadas condições a um ou outro pedido,
julgamento por crimes da competência do Tribunal. se necessário.
2. O Tribunal tem poderes para garantir à testemunha ou ao ii) Não sendo possível, os pedidos concorrentes observarão os
perito que perante ele compareça de que não serão perseguidos, princípios fixados no artigo 90.
detidos ou sujeitos a qualquer outra restrição da sua liberdade pes- b) Todavia, sempre que o pedido formulado pelo Tribunal
soal, por fato ou omissão anteriores à sua saída do território do respeitar a informações, bens ou pessoas que estejam sob o con-
Estado requerido. trole de um Estado terceiro ou de uma organização internacional
3. Se a execução de uma determinada medida de auxílio con- ao abrigo de um acordo internacional, os Estados requeridos infor-
stante de um pedido apresentado ao abrigo do parágrafo 1o não for marão o Tribunal em conformidade, este dirigirá o seu pedido ao
permitida no Estado requerido em virtude de um princípio jurídico Estado terceiro ou à organização internacional.
fundamental de aplicação geral, o Estado em causa iniciará sem de- 10. a) Mediante pedido, o Tribunal cooperará com um Estado
mora consultas com o Tribunal com vista à solução dessa questão. Parte e prestar-lhe-á auxílio na condução de um inquérito ou jul-
No decurso das consultas, serão consideradas outras formas de gamento relacionado com fatos que constituam um crime da juris-
auxílio, bem como as condições da sua realização. Se, concluídas dição do Tribunal ou que constituam um crime grave à luz do direito
as consultas, a questão não estiver resolvida, o Tribunal alterará o interno do Estado requerente.
conteúdo do pedido conforme se mostrar necessário. b) i) O auxílio previsto na alínea a) deve compreender, a saber:
4. Nos termos do disposto no artigo 72, um Estado Parte só a. A transmissão de depoimentos, documentos e outros ele-
poderá recusar, no todo ou em parte, um pedido de auxílio formu- mentos de prova recolhidos no decurso do inquérito ou do julga-
lado pelo Tribunal se tal pedido se reportar unicamente à produção mento conduzidos pelo Tribunal; e
de documentos ou à divulgação de elementos de prova que aten- b. O interrogatório de qualquer pessoa detida por ordem do
tem contra a sua segurança nacional. Tribunal;
5. Antes de denegar o pedido de auxílio previsto na alínea l) do ii) No caso previsto na alínea b), i), a;
parágrafo 1o, o Estado requerido considerará se o auxílio poderá ser a. A transmissão dos documentos e de outros elementos de
concedido sob determinadas condições ou se poderá sê-lo em data prova obtidos com o auxílio de um Estado necessita do consenti-
ulterior ou sob uma outra forma, com a ressalva de que, se o Tribu- mento desse Estado;
nal ou o Procurador aceitarem tais condições, deverão observá-las. b. A transmissão de depoimentos, documentos e outros ele-
6. O Estado requerido que recusar um pedido de auxílio comu- mentos de prova fornecidos quer por uma testemunha, quer por
nicará, sem demora, os motivos ao Tribunal ou ao Procurador. um perito, será feita em conformidade com o disposto no artigo 68.
7. a) O Tribunal poderá pedir a transferência temporária de c) O Tribunal poderá, em conformidade com as condições
uma pessoa detida para fins de identificação ou para obter um de- enunciadas neste número, deferir um pedido de auxílio formulado
poimento ou outras forma de auxílio. A transferência realizar-se-á por um Estado que não seja parte no presente Estatuto.
sempre que:
i) A pessoa der o seu consentimento, livremente e com conhe- Artigo 94
cimento de causa; e Suspensão da Execução de um Pedido Relativamente a um
ii) O Estado requerido concordar com a transferência, sem pre- Inquérito ou a
juízo das condições que esse Estado e o Tribunal possam acordar; Procedimento Criminal em Curso
b) A pessoa transferida permanecerá detida. Esgotado o fim
que determinou a transferência, o Tribunal reenviá-la-á imediata- 1. Se a imediata execução de um pedido prejudicar o desen-
mente para o Estado requerido. rolar de um inquérito ou de um procedimento criminal relativos a
8. a) O Tribunal garantirá a confidencialidade dos documentos um caso diferente daquele a que se reporta o pedido, o Estado re-
e das informações recolhidas, exceto se necessários para o inquéri- querido poderá suspender a execução do pedido por tempo deter-
to e os procedimentos descritos no pedido; minado, acordado com o Tribunal. Contudo, a suspensão não deve
b) O Estado requerido poderá, se necessário, comunicar os prolongar-se além do necessário para que o inquérito ou o proced-
documentos ou as informações ao Procurador a título confidencial. imento criminal em causa sejam efetuados no Estado requerido.
O Procurador só poderá utilizá-los para recolher novos elementos Este, antes de decidir suspender a execução do pedido, verificará se
de prova; o auxílio não poderá ser concedido de imediato sob determinadas
condições.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

2. Se for decidida a suspensão de execução do pedido em con- a) Informações insuficientes para dar seguimento ao pedido;
formidade com o parágrafo 1°, o Procurador poderá, no entanto, b) No caso de um pedido de entrega, o paradeiro da pessoa
solicitar que sejam adotadas medidas para preservar os elementos reclamada continuar desconhecido a despeito de todos os esforços
de prova, nos termos da alínea j) do parágrafo 1o do artigo 93. ou a investigação realizada permitiu determinar que a pessoa que
se encontra no Estado Requerido não é manifestamente a pessoa
Artigo 95 identificada no mandado; ou
Suspensão da Execução de um Pedido por Impugnação de c) O Estado requerido ver-se-ia compelido, para cumprimento
Admissibilidade do pedido na sua forma atual, a violar uma obrigação constante de
um tratado anteriormente celebrado com outro Estado.
Se o Tribunal estiver apreciando uma impugnação de admis- Artigo 98
sibilidade, de acordo com os artigos 18 ou 19, o Estado requerido Cooperação Relativa à Renúncia, à Imunidade e ao Consenti-
poderá suspender a execução de um pedido formulado ao abrigo mento na Entrega
do presente Capítulo enquanto aguarda que o Tribunal se pro-
nuncie, a menos que o Tribunal tenha especificamente ordenado 1. O Tribunal pode não dar seguimento a um pedido de entrega
que o Procurador continue a reunir elementos de prova, nos termos ou de auxílio por força do qual o Estado requerido devesse atuar de
dos artigos 18 ou 19. forma incompatível com as obrigações que lhe incumbem à luz do
direito internacional em matéria de imunidade dos Estados ou de
Artigo 96 imunidade diplomática de pessoa ou de bens de um Estado tercei-
Conteúdo do Pedido sob Outras Formas de Cooperarão pre- ro, a menos que obtenha, previamente a cooperação desse Estado
vistas no Artigo 93 terceiro com vista ao levantamento da imunidade.
2. O Tribunal pode não dar seguimento à execução de um pedi-
1. Todo o pedido relativo a outras formas de cooperação pre- do de entrega por força do qual o Estado requerido devesse atuar
vistas no artigo 93 será formulado por escrito. Em caso de urgência, de forma incompatível com as obrigações que lhe incumbem em
o pedido poderá ser feito por qualquer meio que permita manter virtude de acordos internacionais à luz dos quais o consentimento
um registro escrito, desde que seja confirmado através dos canais do Estado de envio é necessário para que uma pessoa pertencente
indicados na alínea a) do parágrafo 1o do artigo 87. a esse Estado seja entregue ao Tribunal, a menos que o Tribunal
2. O pedido deverá conter, ou ser instruído com, os seguintes consiga, previamente, obter a cooperação do Estado de envio para
documentos: consentir na entrega.
a) Um resumo do objeto do pedido, bem como da natureza do
auxílio solicitado, incluindo os fundamentos jurídicos e os motivos Artigo 99
do pedido; Execução dos Pedidos Apresentados ao Abrigo dos Artigos 93
b) Informações tão completas quanto possível sobre a pessoa e 96
ou o lugar a identificar ou a localizar, por forma a que o auxílio solic-
itado possa ser prestado; 1. Os pedidos de auxílio serão executados de harmonia com os
c) Um exposição sucinta dos fatos essenciais que fundamentam procedimentos previstos na legislação interna do Estado requerido
o pedido; e, a menos que o seu direito interno o proíba, na forma especifica-
d) A exposição dos motivos e a explicação pormenorizada dos da no pedido, aplicando qualquer procedimento nele indicado ou
procedimentos ou das condições a respeitar; autorizando as pessoas nele indicadas a estarem presentes e a par-
e) Toda a informação que o Estado requerido possa exigir de ticiparem na execução do pedido.
acordo com o seu direito interno para dar seguimento ao pedido; e 2. Em caso de pedido urgente, os documentos e os elementos
f) Toda a informação útil para que o auxílio possa ser concedi- de prova produzidos na resposta serão, a requerimento do Tribunal,
do. enviados com urgência.
3. A requerimento do Tribunal, um Estado Parte manterá, no 3. As respostas do Estado requerido serão transmitidas na sua
que respeita a questões genéricas ou a uma questão específica, língua e forma originais.
consultas com o Tribunal sobre as disposições aplicáveis do seu 4. Sem prejuízo dos demais artigos do presente Capítulo, sem-
direito interno, susceptíveis de serem aplicadas em conformidade pre que for necessário para a execução com sucesso de um pedi-
com a alínea e) do parágrafo 2°. No decurso de tais consultas, o do, e não haja que recorrer a medidas coercitivas, nomeadamente
Estado Parte informará o Tribunal das disposições específicas con- quando se trate de ouvir ou levar uma pessoa a depor de sua livre
stantes do seu direito interno. vontade, mesmo sem a presença das autoridades do Estado Parte
4. O presente artigo aplicar-se-á, se for caso disso, a qualquer requerido se tal for determinante para a execução do pedido, ou
pedido de auxílio dirigido ao Tribunal. quando se trate de examinar, sem proceder a alterações, um lugar
público ou um outro local público, o Procurador poderá dar cumpri-
Artigo 97 mento ao pedido diretamente no território de um Estado, de acor-
Consultas do com as seguintes modalidades:
a) Quando o Estado requerido for o Estado em cujo território
Sempre que, ao abrigo do presente Capítulo, um Estado Parte haja indícios de ter sido cometido o crime e existir uma decisão
receba um pedido e verifique que este suscita dificuldades que pos- sobre a admissibilidade tal como previsto nos artigos 18 e 19, o
sam obviar à sua execução ou impedi-la, o Estado em causa iniciará, Procurador poderá executar diretamente o pedido, depois de ter
sem demora, as consultas com o Tribunal com vista à solução desta levado a cabo consultas tão amplas quanto possível com o Estado
questão. Tais dificuldades podem revestir as seguintes formas: requerido;
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

b) Em outros casos, o Procurador poderá executar o pedido


após consultas com o Estado Parte requerido e tendo em conta Capítulo X
as condições ou as preocupações razoáveis que esse Estado tenha Execução da Pena
eventualmente argumentado. Sempre que o Estado requerido ver-
ificar que a execução de um pedido nos termos da presente alínea Artigo 103
suscita dificuldades, consultará de imediato o Tribunal para resolver Função dos Estados na Execução das Penas Privativas de
a questão. Liberdade
5. As disposições que autorizam a pessoa ouvida ou interrog-
ada pelo Tribunal ao abrigo do artigo 72, a invocar as restrições 1. a) As penas privativas de liberdade serão cumpridas num Es-
previstas para impedir a divulgação de informações confidenciais tado indicado pelo Tribunal a partir de uma lista de Estados que
relacionadas com a segurança nacional, aplicar-se-ão de igual modo lhe tenham manifestado a sua disponibilidade para receber pessoas
à execução dos pedidos de auxílio referidos no presente artigo. condenadas.
b) Ao declarar a sua disponibilidade para receber pessoas
Artigo 100 condenadas, um Estado poderá formular condições acordadas com
Despesas o Tribunal e em conformidade com o presente Capítulo.
c) O Estado indicado no âmbito de um determinado caso dará
1. As despesas ordinárias decorrentes da execução dos pedidos prontamente a conhecer se aceita ou não a indicação do Tribunal.
no território do Estado requerido serão por este suportadas, com 2. a) O Estado da execução informará o Tribunal de qualquer
exceção das seguintes, que correrão a cargo do Tribunal: circunstância, incluindo o cumprimento de quaisquer condições
a) As despesas relacionadas com as viagens e a proteção das acordadas nos termos do parágrafo 1o, que possam afetar material-
testemunhas e dos peritos ou com a transferência de detidos ao mente as condições ou a duração da detenção. O Tribunal será in-
abrigo do artigo 93; formado com, pelo menos, 45 dias de antecedência sobre qualquer
b) As despesas de tradução, de interpretação e de transcrição; circunstância dessa natureza, conhecida ou previsível. Durante este
c) As despesas de deslocação e de estada dos juízes, do Procura- período, o Estado da execução não tomará qualquer medida que
dor, dos Procuradores-adjuntos, do Secretário, do Secretário-Adjun- possa ser contrária às suas obrigações ao abrigo do artigo 110.
to e dos membros do pessoal de todos os órgãos do Tribunal; b) Se o Tribunal não puder aceitar as circunstâncias referidas
d) Os custos das perícias ou dos relatórios periciais solicitados na alínea a), deverá informar o Estado da execução e proceder em
pelo Tribunal; harmonia com o parágrafo 1o do artigo 104.
e) As despesas decorrentes do transporte das pessoas entreg- 3. Sempre que exercer o seu poder de indicação em conformi-
ues ao Tribunal pelo Estado de detenção; e dade com o parágrafo 1o, o Tribunal levará em consideração:
f) Após consulta, quaisquer despesas extraordinárias decor- a) O princípio segundo o qual os Estados Partes devem partil-
rentes da execução de um pedido. har da responsabilidade na execução das penas privativas de liber-
2. O disposto no parágrafo 1o aplicar-se-á, sempre que dade, em conformidade com os princípios de distribuição equitativa
necessário, aos pedidos dirigidos pelos Estados Partes ao Tribunal. estabelecidos no Regulamento Processual;
Neste caso, o Tribunal tomará a seu cargo as despesas ordinárias b) A aplicação de normas convencionais do direito internacion-
decorrentes da execução. al amplamente aceitas, que regulam o tratamento dos reclusos;
c) A opinião da pessoa condenada; e
Artigo 101 d) A nacionalidade da pessoa condenada;
Regra da Especialidade e) Outros fatores relativos às circunstâncias do crime, às
condições pessoais da pessoa condenada ou à execução efetiva da
1. Nenhuma pessoa entregue ao Tribunal nos termos do pre- pena, adequadas à indicação do Estado da execução.
sente Estatuto poderá ser perseguida, condenada ou detida por 4. Se nenhum Estado for designado nos termos do parágrafo
condutas anteriores à sua entrega, salvo quando estas constituam 1o, a pena privativa de liberdade será cumprida num estabeleci-
crimes que tenham fundamentado a sua entrega. mento prisional designado pelo Estado anfitrião, em conformidade
2. O Tribunal poderá solicitar uma derrogação dos requisitos com as condições estipuladas no acordo que determinou o local da
estabelecidos no parágrafo 1o ao Estado que lhe tenha entregue sede previsto no parágrafo 2o do artigo 3o. Neste caso, as despesas
uma pessoa e, se necessário, facultar-lhe-á, em conformidade com relacionadas com a execução da pena ficarão a cargo do Tribunal.
o artigo 91, informações complementares. Os Estados Partes es-
tarão habilitados a conceder uma derrogação ao Tribunal e deverão Artigo 104
envidar esforços nesse sentido. Alteração da Indicação do Estado da Execução

Artigo 102 1. O Tribunal poderá, a qualquer momento, decidir transferir


Termos Usados um condenado para uma prisão de um outro Estado.
Para os fins do presente Estatuto: 2. A pessoa condenada pelo Tribunal poderá, a qualquer mo-
mento, solicitar-lhe que a transfira do Estado encarregado da ex-
a) Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa por um ecução.
Estado ao Tribunal nos termos do presente Estatuto.
b) Por “extradição”, entende-se a entrega de uma pessoa por
um Estado a outro Estado conforme previsto em um tratado, em
uma convenção ou no direito interno.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 105 3. O parágrafo 1o deixará de ser aplicável se o condenado per-


Execução da Pena manecer voluntariamente no território do Estado da execução por
um período superior a 30 dias após o cumprimento integral da pena
1. Sem prejuízo das condições que um Estado haja estabelecido proferida pelo Tribunal, ou se regressar ao território desse Estado
nos termos do artigo 103, parágrafo 1o, alínea b), a pena privativa após dele ter saído.
de liberdade é vinculativa para os Estados Partes, não podendo es-
tes modificá-la em caso algum. Artigo 109
2. Será da exclusiva competência do Tribunal pronunciar-se so- Execução das Penas de Multa e das Medidas de Perda
bre qualquer pedido de revisão ou recurso. O Estado da execução
não obstará a que o condenado apresente um tal pedido. 1. Os Estados Partes aplicarão as penas de multa, bem como as
medidas de perda ordenadas pelo Tribunal ao abrigo do Capítulo
Artigo 106 VII, sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé e em conformi-
Controle da Execução da Pena e das Condições de Detenção dade com os procedimentos previstos no respectivo direito interno.
2. Sempre que um Estado Parte não possa tornar efetiva a
1. A execução de uma pena privativa de liberdade será subme- declaração de perda, deverá tomar medidas para recuperar o valor
tida ao controle do Tribunal e observará as regras convencionais do produto, dos bens ou dos haveres cuja perda tenha sido declara-
internacionais amplamente aceitas em matéria de tratamento dos da pelo Tribunal, sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé.
reclusos. 3. Os bens, ou o produto da venda de bens imóveis ou, se for
2. As condições de detenção serão reguladas pela legislação caso disso, da venda de outros bens, obtidos por um Estado Parte
do Estado da execução e observarão as regras convencionais inter- por força da execução de uma decisão do Tribunal, serão transferi-
nacionais amplamente aceitas em matéria de tratamento dos rec- dos para o Tribunal.
lusos. Em caso algum devem ser menos ou mais favoráveis do que
as aplicáveis aos reclusos condenados no Estado da execução por Artigo 110
infrações análogas. Reexame pelo Tribunal da Questão de Redução de Pena
3. As comunicações entre o condenado e o Tribunal serão livres
e terão caráter confidencial. 1. O Estado da execução não poderá libertar o recluso antes de
cumprida a totalidade da pena proferida pelo Tribunal.
Artigo 107 2. Somente o Tribunal terá a faculdade de decidir sobre
Transferência do Condenado depois de Cumprida a Pena qualquer redução da pena e, ouvido o condenado, pronunciar-se-á
a tal respeito,
1. Cumprida a pena, a pessoa que não seja nacional do Estado 3. Quando a pessoa já tiver cumprido dois terços da pena, ou
da execução poderá, de acordo com a legislação desse mesmo Es- 25 anos de prisão em caso de pena de prisão perpétua, o Tribunal
tado, ser transferida para um outro Estado obrigado a aceitá-la ou reexaminará a pena para determinar se haverá lugar a sua redução.
ainda para um outro Estado que aceite acolhê-la tendo em conta a Tal reexame só será efetuado transcorrido o período acima referido.
vontade expressa pela pessoa em ser transferida para esse Estado; 4. No reexame a que se refere o parágrafo 3o, o Tribunal poderá
a menos que o Estado da execução autorize essa pessoa a perman- reduzir a pena se constatar que se verificam uma ou várias das
ecer no seu território. condições seguintes:
2. As despesas relativas à transferência do condenado para um a) A pessoa tiver manifestado, desde o início e de forma
outro Estado nos termos do parágrafo 1° serão suportadas pelo Tri- contínua, a sua vontade em cooperar com o Tribunal no inquérito e
bunal se nenhum Estado as tomar a seu cargo. no procedimento;
3. Sem prejuízo do disposto no artigo 108, o Estado da execução b) A pessoa tiver, voluntariamente, facilitado a execução das
poderá igualmente, em harmonia com o seu direito interno, extra- decisões e despachos do Tribunal em outros casos, nomeadamente
ditar ou entregar por qualquer outro modo a pessoa a um Estado ajudando-o a localizar bens sobre os quais recaíam decisões de per-
que tenha solicitado a sua extradição ou a sua entrega para fins de da, de multa ou de reparação que poderão ser usados em benefício
julgamento ou de cumprimento de uma pena. das vítimas; ou
c) Outros fatores que conduzam a uma clara e significativa al-
Artigo 108 teração das circunstâncias suficiente para justificar a redução da
Restrições ao Procedimento Criminal ou à Condenação por pena, conforme previsto no Regulamento Processual;
Outras Infrações 5. Se, no reexame inicial a que se refere o parágrafo 3o, o Tri-
bunal considerar não haver motivo para redução da pena, ele reex-
1. A pessoa condenada que esteja detida no Estado da ex- aminará subsequentemente a questão da redução da pena com a
ecução não poderá ser objeto de procedimento criminal, conde- periodicidade e nos termos previstos no Regulamento Processual.
nação ou extradição para um Estado terceiro em virtude de uma
conduta anterior à sua transferência para o Estado da execução, a Artigo 111
menos que a Tribunal tenha dado a sua aprovação a tal procedi- Evasão
mento, condenação ou extradição, a pedido do Estado da execução.
2. Ouvido o condenado, o Tribunal pronunciar-se-á sobre a Se um condenado se evadir do seu local de detenção e fugir do
questão. território do Estado da execução, este poderá, depois de ter con-
sultado o Tribunal, pedir ao Estado no qual se encontra localizado o
condenado que o entregue em conformidade com os acordos bilat-
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

erais ou multilaterais em vigor, ou requerer ao Tribunal que solicite 7. Cada um dos Estados Partes disporá de um voto. Todos os
a entrega dessa pessoa ao abrigo do Capítulo IX. O Tribunal poderá, esforços deverão ser envidados para que as decisões da Assembléia
ao solicitar a entrega da pessoa, determinar que esta seja entregue e da Mesa sejam adotadas por consenso. Se tal não for possível, e a
ao Estado no qual se encontrava a cumprir a sua pena, ou a outro menos que o Estatuto estabeleça em contrário:
Estado por ele indicado. a) As decisões sobre as questões de fundo serão tomadas por
maioria de dois terços dos membros presentes e votantes, sob a
Capítulo XI condição que a maioria absoluta dos Estados Partes constitua quo-
Assembléia dos Estados Partes rum para o escrutínio;
b) As decisões sobre as questões de procedimento serão toma-
Artigo 112 das por maioria simples dos Estados Partes presentes e votantes.
Assembléia dos Estados Partes 8. O Estado Parte em atraso no pagamento da sua contribuição
financeira para as despesas do Tribunal não poderá votar nem na
1. É constituída, pelo presente instrumento, uma Assembléia Assembléia nem na Mesa se o total das suas contribuições em atra-
dos Estados Partes. Cada um dos Estados Partes nela disporá de so igualar ou exceder a soma das contribuições correspondentes
um representante, que poderá ser coadjuvado por substitutos e aos dois anos anteriores completos por ele devidos. A Assembléia
assessores. Outros Estados signatários do Estatuto ou da Ata Final Geral poderá, no entanto, autorizar o Estado em causa a votar na
poderão participar nos trabalhos da Assembléia na qualidade de Assembléia ou na Mesa se ficar provado que a falta de pagamento é
observadores. devida a circunstâncias alheias ao controle do Estado Parte.
2. A Assembléia: 9. A Assembléia adotará o seu próprio Regimento.
a) Examinará e adotará, se adequado, as recomendações da 10. As línguas oficiais e de trabalho da Assembléia dos Estados
Comissão Preparatória; Partes serão as línguas oficiais e de trabalho da Assembléia Geral da
b) Promoverá junto à Presidência, ao Procurador e ao Secretário Organização das Nações Unidas.
as linhas orientadoras gerais no que toca à administração do Tribu-
nal; Capítulo XII
c) Examinará os relatórios e as atividades da Mesa estabelecido Financiamento
nos termos do parágrafo 3° e tomará as medidas apropriadas;
d) Examinará e aprovará o orçamento do Tribunal; Artigo 113
e) Decidirá, se for caso disso, alterar o número de juízes nos Regulamento Financeiro
termos do artigo 36;
f) Examinará, em harmonia com os parágrafos 5 e 7 do artigo Salvo disposição expressa em contrário, todas as questões fi-
87, qualquer questão relativa à não cooperação dos Estados; nanceiras atinentes ao Tribunal e às reuniões da Assembléia dos
g) Desempenhará qualquer outra função compatível com as dis- Estados Partes, incluindo a sua Mesa e os seus órgãos subsidiários,
posições do presente Estatuto ou do Regulamento Processual; serão reguladas pelo presente Estatuto, pelo Regulamento Finan-
3. a) A Assembléia será dotada de uma Mesa composta por um ceiro e pelas normas de gestão financeira adotados pela Assem-
presidente, dois vice-presidentes e 18 membros por ela eleitos por bléia dos Estados Partes.
períodos de três anos;
b) A Mesa terá um caráter representativo, atendendo nomead- Artigo 114
amente ao princípio da distribuição geográfica equitativa e à neces- Pagamento de Despesas
sidade de assegurar uma representação adequada dos principais
sistemas jurídicos do mundo; As despesas do Tribunal e da Assembléia dos Estados Partes, in-
c) A Mesa reunir-se-á as vezes que forem necessárias, mas, cluindo a sua Mesa e os seus órgãos subsidiários, serão pagas pelos
pelo menos, uma vez por ano. Assistirá a Assembléia no desempen- fundos do Tribunal.
ho das suas funções.
4. A Assembléia poderá criar outros órgãos subsidiários que Artigo 115
julgue necessários, nomeadamente um mecanismo de controle in- Fundos do Tribunal e da Assembléia dos Estados Partes
dependente que proceda a inspeções, avaliações e inquéritos em
ordem a melhorar a eficiência e economia da administração do Tri- As despesas do Tribunal e da Assembléia dos Estados Partes,
bunal. incluindo a sua Mesa e os seus órgãos subsidiários, inscritas no
5. O Presidente do Tribunal, o Procurador e o Secretário ou orçamento aprovado pela Assembléia dos Estados Partes, serão fi-
os respectivos representantes poderão participar, sempre que jul- nanciadas:
guem oportuno, nas reuniões da Assembléia e da Mesa. a) Pelas quotas dos Estados Partes;
6. A Assembléia reunir-se-á na sede do Tribunal ou na sede da b) Pelos fundos provenientes da Organização das Nações Uni-
Organização das Nações Unidas uma vez por ano e, sempre que as das, sujeitos à aprovação da Assembléia Geral, nomeadamente no
circunstâncias o exigirem, reunir-se-á em sessão extraordinária. A que diz respeito às despesas relativas a questões remetidas para o
menos que o presente Estatuto estabeleça em contrário, as sessões Tribunal pelo Conselho de Segurança.
extraordinárias são convocadas pela Mesa, de ofício ou a pedido de
um terço dos Estados Partes.

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68
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 116 examinar a proposta. A Assembléia poderá tratar desta proposta,


Contribuições Voluntárias ou convocar uma Conferência de Revisão se a questão suscitada o
justificar.
Sem prejuízo do artigo 115, o Tribunal poderá receber e uti- 3. A adoção de uma alteração numa reunião da Assembléia dos
lizar, a título de fundos adicionais, as contribuições voluntárias dos Estados Partes ou numa Conferência de Revisão exigirá a maioria
Governos, das organizações internacionais, dos particulares, das de dois terços dos Estados Partes, quando não for possível chegar
empresas e demais entidades, de acordo com os critérios estabele- a um consenso.
cidos pela Assembléia dos Estados Partes nesta matéria. 4. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 5, qualquer alteração
entrará em vigor, para todos os Estados Partes, um ano depois que
Artigo 117 sete oitavos de entre eles tenham depositado os respectivos instru-
Cálculo das Quotas mentos de ratificação ou de aceitação junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas.
As quotas dos Estados Partes serão calculadas em conformi- 5. Qualquer alteração ao artigo 5o, 6o, 7o e 8o do presente Es-
dade com uma tabela de quotas que tenha sido acordada, com base tatuto entrará em vigor, para todos os Estados Partes que a tenham
na tabela adotada pela Organização das Nações Unidas para o seu aceitado, um ano após o depósito dos seus instrumentos de ratifi-
orçamento ordinário, e adaptada de harmonia com os princípios cação ou de aceitação. O Tribunal não exercerá a sua competência
nos quais se baseia tal tabela. relativamente a um crime abrangido pela alteração sempre que
este tiver sido cometido por nacionais de um Estado Parte que não
Artigo 118 tenha aceitado a alteração, ou no território desse Estado Parte.
Verificação Anual de Contas 6. Se uma alteração tiver sido aceita por sete oitavos dos Esta-
dos Partes nos termos do parágrafo 4, qualquer Estado Parte que
Os relatórios, livros e contas do Tribunal, incluindo os balanços não a tenha aceito poderá retirar-se do Estatuto com efeito ime-
financeiros anuais, serão verificados anualmente por um revisor de diato, não obstante o disposto no parágrafo 1o do artigo 127, mas
contas independente. sem prejuízo do disposto no parágrafo 2o do artigo 127, mediante
notificação da sua retirada o mais tardar um ano após a entrada em
Capítulo XIII vigor desta alteração.
Cláusulas Finais 7. O Secretário-Geral da Organização dás Nações Unidas comu-
nicará a todos os Estados Partes quaisquer alterações que tenham
Artigo 119 sido adotadas em reunião da Assembléia dos Estados Partes ou
Resolução de Diferendos numa Conferência de Revisão.

1. Qualquer diferendo relativo às funções judiciais do Tribunal Artigo 122


será resolvido por decisão do Tribunal. Alteração de Disposições de Caráter Institucional
2. Quaisquer diferendos entre dois ou mais Estados Partes
relativos à interpretação ou à aplicação do presente Estatuto, que 1. Não obstante o artigo 121, parágrafo 1o, qualquer Estado
não forem resolvidos pela via negocial num período de três me- Parte poderá, em qualquer momento, propor alterações às dis-
ses após o seu início, serão submetidos à Assembléia dos Estados posições do Estatuto, de caráter exclusivamente institucional, a
Partes. A Assembléia poderá procurar resolver o diferendo ou fazer saber, artigos 35, 36, parágrafos 8 e 9, artigos 37, 38, 39, parágrafos
recomendações relativas a outros métodos de resolução, incluindo 1o (as primeiras duas frases), 2o e 4o, artigo 42, parágrafos 4 a 9,
a submissão do diferendo à Corte Internacional de Justiça, em con- artigo 43, parágrafos 2o e 3o e artigos 44, 46, 47 e 49. O texto de
formidade com o Estatuto dessa Corte. qualquer proposta será submetido ao Secretário-Geral da Organ-
ização das Nações Unidas ou a qualquer outra pessoa designada
Artigo 120 pela Assembléia dos Estados Partes, que o comunicará sem demora
Reservas a todos os Estados Partes e aos outros participantes na Assembléia.
2. As alterações apresentadas nos termos deste artigo, sobre as
Não são admitidas reservas a este Estatuto. quais não seja possível chegar a um consenso, serão adotadas pela
Assembléia dos Estados Partes ou por uma Conferência de Revisão
Artigo 121 ,por uma maioria de dois terços dos Estados Partes. Tais alterações
Alterações entrarão em vigor, para todos os Estados Partes, seis meses após a
sua adoção pela Assembléia ou, conforme o caso, pela Conferência
1. Expirado o período de sete anos após a entrada em vigor do de Revisão.
presente Estatuto, qualquer Estado Parte poderá propor alterações Artigo 123
ao Estatuto. O texto das propostas de alterações será submetido ao Revisão do Estatuto
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, que o comu-
nicará sem demora a todos os Estados Partes. 1. Sete anos após a entrada em vigor do presente Estatuto, o
2. Decorridos pelo menos três meses após a data desta notifi- Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas convocará uma
cação, a Assembléia dos Estados Partes decidirá na reunião seguin- Conferência de Revisão para examinar qualquer alteração ao pre-
te, por maioria dos seus membros presentes e votantes, se deverá sente Estatuto. A revisão poderá incidir nomeadamente, mas não

Editora
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

exclusivamente, sobre a lista de crimes que figura no artigo 5o. A Artigo 127
Conferência estará aberta aos participantes na Assembléia dos Es- Retirada
tados Partes, nas mesmas condições.
2. A todo o momento ulterior, a requerimento de um Estado Parte 1. Qualquer Estado Parte poderá, mediante notificação escrita
e para os fins enunciados no parágrafo 1o, o Secretário-Geral da Organ- e dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas,
ização das Nações Unidas, mediante aprovação da maioria dos Estados retirar-se do presente Estatuto. A retirada produzirá efeitos um ano
Partes, convocará uma Conferência de Revisão. após a data de recepção da notificação, salvo se esta indicar uma
3. A adoção e a entrada em vigor de qualquer alteração ao Es- data ulterior.
tatuto examinada numa Conferência de Revisão serão reguladas 2. A retirada não isentará o Estado das obrigações que lhe
pelas disposições do artigo 121, parágrafos 3o a 7. incumbem em virtude do presente Estatuto enquanto Parte do
mesmo, incluindo as obrigações financeiras que tiver assumido,
Artigo 124 não afetando também a cooperação com o Tribunal no âmbito de
Disposição Transitória inquéritos e de procedimentos criminais relativamente aos quais
o Estado tinha o dever de cooperar e que se iniciaram antes da
Não obstante o disposto nos parágrafos 1o e 2o do artigo 12, data em que a retirada começou a produzir efeitos; a retirada em
um Estado que se torne Parte no presente Estatuto, poderá declarar nada afetará a prossecução da apreciação das causas que o Tribu-
que, durante um período de sete anos a contar da data da entrada nal já tivesse começado a apreciar antes da data em que a retirada
em vigor do Estatuto no seu território, não aceitará a competência começou a produzir efeitos.
do Tribunal relativamente à categoria de crimes referidos no arti-
go 8o, quando haja indícios de que um crime tenha sido praticado Artigo 128
por nacionais seus ou no seu território. A declaração formulada ao Textos Autênticos
abrigo deste artigo poderá ser retirada a qualquer momento. O dis-
posto neste artigo será reexaminado na Conferência de Revisão a O original do presente Estatuto, cujos textos em árabe, chinês,
convocar em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 123. espanhol, francês, inglês e russo fazem igualmente fé, será depos-
itado junto do Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará
Artigo 125 cópia autenticada a todos os Estados.
Assinatura, Ratificação, Aceitação, Aprovação ou Adesão Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente autorizados
pelos respectivos Governos, assinaram o presente Estatuto.
1. O presente Estatuto estará aberto à assinatura de todos os Feito em Roma, aos dezessete dias do mês de julho de mil
Estados na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimen- novecentos e noventa e oito.
tação e a Agricultura, em Roma, a 17 de Julho de 1998, continuan-
do aberto à assinatura no Ministério dos Negócios Estrangeiros de
Itália, em Roma, até 17 de Outubro de 1998. Após esta data, o Estat- LEI Nº FEDERAL Nº 13. 060, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2014
uto continuará aberto na sede da Organização das Nações Unidas, - LEI Nº DISCIPLINA O USO DOS INSTRUMENTOS DE ME-
em Nova Iorque, até 31 de Dezembro de 2000. NOR POTENCIAL OFENSIVO PELOS AGENTES DE SEGU-
2. O presente Estatuto ficará sujeito a ratificação, aceitação ou RANÇA PÚBLICA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL
aprovação dos Estados signatários. Os instrumentos de ratificação,
aceitação ou aprovação serão depositados junto do Secretário-Ger-
al da Organização das Nações Unidas.
3. O presente Estatuto ficará aberto à adesão de qualquer LEI Nº 13.060, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2014.
Estado. Os instrumentos de adesão serão depositados junto do
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. Disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública, em todo o território nacional.
Artigo 126
Entrada em Vigor A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
1. O presente Estatuto entrará em vigor no primeiro dia do
mês seguinte ao termo de um período de 60 dias após a data do Art. 1º Esta Lei disciplina o uso dos instrumentos de menor
depósito do sexagésimo instrumento de ratificação, de aceitação, potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública em todo o
de aprovação ou de adesão junto do Secretário-Geral da Organ- território nacional.
ização das Nações Unidas. Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a uti-
2. Em relação ao Estado que ratifique, aceite ou aprove o Es- lização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que
tatuto ,ou a ele adira após o depósito do sexagésimo instrumento o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos
de ratificação, de aceitação, de aprovação ou de adesão, o Estatuto policiais, e deverão obedecer aos seguintes princípios:
entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao termo de um I - legalidade;
período de 60 dias após a data do depósito do respectivo instru- II - necessidade;
mento de ratificação, de aceitação, de aprovação ou de adesão. III - razoabilidade e proporcionalidade.
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não 3.(IBADE - 2022 - Sargento (PM PB)
represente risco imediato de morte ou de lesão aos agentes de se- A característica dos direitos humanos que prevê que tais direi-
gurança pública ou a terceiros; e tos são limitados, não podendo se falar em direitos humanos abso-
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pú- lutos, é a:
blica, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos (A) Universalidade.
agentes de segurança pública ou a terceiros. (B) Historicidade.
Art. 3º Os cursos de formação e capacitação dos agentes de (C) Irrenunciabilidade.
segurança pública deverão incluir conteúdo programático que os (D) Relatividade.
habilite ao uso dos instrumentos não letais.
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos 4.(IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo)
de menor potencial ofensivo aqueles projetados especificamente A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 busca
para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões perma- garantir a todos, dentre outros, o direito de:
nentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.
(A) nacionalidade.
Art. 5º O poder público tem o dever de fornecer a todo agen-
(B) discriminação.
te de segurança pública instrumentos de menor potencial ofensivo
(C) escravidão.
para o uso racional da força.
(D) tortura.
Art. 6º Sempre que do uso da força praticada pelos agentes de
segurança pública decorrerem ferimentos em pessoas, deverá ser (E) exílio.
assegurada a imediata prestação de assistência e socorro médico
aos feridos, bem como a comunicação do ocorrido à família ou à 5.(IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo)
pessoa por eles indicada. Com relação à propriedade, a Declaração Universal dos Direitos
Art. 7º O Poder Executivo editará regulamento classificando e do Homem de 1948 expressamente prevê que:
disciplinando a utilização dos instrumentos não letais. (A) o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (IPTU) será instituído pela União.
Brasília, 22 de dezembro de 2014; 193º da Independência e (B) não será instituído imposto sobre a propriedade territorial
126º da República. rural.
(C) a propriedade atenderá a sua função social.
(D) ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
QUESTÕES (E) a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos de-
correntes de sua atividade produtiva.
1.(IBADE - 2022 - Cabo (PM PB)/CFC)
6.(IBADE - 2022 - Cabo (PM PB)/CFC)
“Os direitos humanos não se extinguem pelo decurso do tem- A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 garante
po, tampouco pelo seu uso ou desuso; assim, o tempo não influen- a todos, entre outros, o direito ao(à):
cia o exercício dos direitos humanos, podendo eles sempre ser pra- (A) Proteção ao consumidor.
ticados”. (B) Meio ambiente equilibrado.
O trecho acima refere-se a seguinte característica dos direitos (C) Segurança pessoal.
humanos: (D) Engenharia genética.
(A) Universalidade.
(B) Irrenunciabilidade. 7.(IBADE - 2022 - Cabo (PM PB)/CFC)
(C) Imprescritibilidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 PROÍBE
(D) Historicidade. a(o):
(A) Tortura.
2.(IBADE - 2022 - Cabo (PM PB)/CFC) (B) Direito à propriedade.
Os direitos humanos são inalienáveis. Isto que dizer que: (C) Liberdade de reunião.
(A) Não podem ser tirados por outros, nem transferidos ou ce- (D) Participação em associação.
didos voluntariamente por ninguém.
(B) Não existem direitos humanos absolutos, de modo que to- 8.(IBADE - 2022 - Cabo (PM PB)/CFC)
dos podem ser relativizados no caso concreto. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 PERMI-
(C) São razoáveis e proporcionais. TE a(o):
(D) Têm conteúdo patrimonial. (A) Escravidão.
(B) Castigo cruel.
(C) Presunção de inocência.
(D) Tratamento degradante.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

9.(IBADE - 2022 - Oficial Policial Militar (PM PB)/CHO) 13.(IBADE - 2018 - Guarda de Segurança do Sistema Prisional)
São direitos humanos garantidos expressamente pela Declara- É direito previsto no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
ção Universal dos Direitos Humanos: Políticos:
(A) Asilo, prisão especial em sala de estado-maior e investimen- (A) a vedação da prisão para quem não puder cumprir uma
to financeiro em poupança. obrigação contratual.
(B) Asilo, prisão especial em sala de estado-maior e segurança (B) jovens e adultos presos podem ser agrupados, ao passo que
pessoal. os idosos ficarão separados, devendo ser julgados o mais breve
(C) Vida, previdência social e segurança pessoal. possível.
(D) Vida, liberdade e nacionalidade. (C) a proibição da pena de morte.
(D) pessoas processadas serão sempre separadas das pessoas
10.( IBADE - 2021 - Advogado (IAPEN AC) condenadas, recebendo tratamento distinto, condizente com
Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pro- sua condição de pessoa não condenada.
clamada pela Resolução nº 217ª (III) da Assembleia Geral das Na- (E) a vedação da pessoa se submeter a experiências médicas ou
ções Unidas, de 10 de dezembro de 1948, assinale a alternativa científicas, ainda que com seu livre consentimento.
CORRETA.
(A) Todo ser humano acusado de um ato delituoso será presu- 14.(IBADE - 2018 - Guarda de Segurança do Sistema Prisional)
midamente culpado até que a sua inocência tenha sido pro- Aceitar petições apresentadas por qualquer pessoa ou grupo
vada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe de pessoas, que contenham denúncias ou queixas de violação do
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua Pacto de São José da Costa Rica por um Estado-Parte, é competên-
defesa (Artigo 11) cia específica da(dos):
(B) Todo ser humano poderá ser obrigado a fazer parte de uma (A) Corte do Pacto de São José da Costa Rica.
associação (Artigo 20) (B) Corte Interamericana de Direitos Humanos.
(C) Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado (Ar- (C) Assembleia de magistrados ad hoc.
tigo 9) (D) Juízes competentes para julgar casos de violação de direitos
(D) Somente os cidadãos capazes têm o direito de ser, em todos humanos.
os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei (Artigo 6) (E) Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
(E) Todo ser humano estará sujeito à interferências do Poder
Público em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em 15.(IBADE - 2022 - Oficial Policial Militar (PM PB)/CHO)
sua correspondência (Artigo 12) Segundo a Constituição Federal de 1988, a prevalência dos di-
reitos humanos é um dos princípios pelos quais a República Federa-
11.( IBADE - 2021 - Advogado (IAPEN AC) tiva do Brasil se rege na(o)(s) sua(eu)(s):
Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pro- (A) Tripartição de poderes.
clamada pela Resolução nº 217ª (III) da Assembleia Geral das Na- (B) Análise combinatória.
ções Unidas, de 10 de dezembro de 1948, assinale a alternativa (C) Relações internacionais.
CORRETA. (D) Objetivos fundamentais.
(A) Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado
(Art. 9º) 16.(IBADE - 2018 - Soldado (PM CE)
(B) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se cul- Julgue o item.
pado até que se prove o contrário (Art. 11º §1) São considerados direitos fundamentais o direito à vida, à se-
(C) Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua proprie- gurança e ao trabalho.
dade, exceto por conflitos civis (Art. 17º §2) ( ) CERTO
(D) Todos deverão fazer parte de uma associação (Art. 20º §2) ( ) ERRADO
(E) Todos têm direito a salário diferente por trabalho igual, de-
vido a condições peculiares do indivíduo (Art. 23º §2)
17.(IBADE - 2018 - Soldado (PM CE)
Julgue o item.
12.(IBADE - 2021 - Agente Socioeducativo)
É constitucionalmente aceito conduta degradante, na forma da
Conforme preconiza o documento internacional de direitos hu-
lei, que afronte à dignidade humana.
manos conhecido como W, a maternidade e a infância têm direito a
( ) CERTO
cuidados e assistência especiais, sendo que todas as crianças, nas-
( ) ERRADO
cidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção
social. Considerando essas informações, é certo que W se trata do
18.(IBADE - 2018 - Soldado (PM CE)
documento conhecido como:
Julgue o item.
(A) Carta Magna de 1215.
O habeas corpus e o mandado de segurança são exemplos de
(B) Bill of Rights de 1689.
remédios jurídicos utilizados para a manutenção ou resgate dos di-
(C) Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
reitos que garantem a dignidade da pessoa.
(D) Princípios Orientadores de Riad de 1990.
(E) Regras das Nações Unidas para a Proteção dos Menores Pri- ( ) CERTO
vados de Liberdade de 1990. ( ) ERRADO

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72
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

19.(IBADE - 2018 - Soldado (PM CE)


Julgue o item.
ANOTAÇÕES
Toda pessoa tem direito ao trabalho, porém o direito de greve
se sobrepõe àquele, de modo que mesmo na paralisação de ativi- ______________________________________________________
dades consideradas pela lei como essenciais, a Polícia Militar está
impedida de intervir, sob pena de frustrar o direito de greve. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________
20.(IBADE - 2017 - Assistente Social (SEJUDH MT)
Sobre o procedimento de internalização dos tratados interna- ______________________________________________________
cionais de direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, as-
sinale a afirmativa correta. ______________________________________________________
(A) Após a Emenda Constitucional n° 45/2004, os tratados
aprovados foram equiparados às emendas constitucionais. ______________________________________________________
(B) Deverão ser aprovados por quatro quintos dos votos de
______________________________________________________
cada Casa do Congresso Nacional.
(C) Na hipótese de conflitarem com normas constitucionais , ______________________________________________________
prevalecerá o tratado internacional.
(D) Antes da Emenda Constitucional n° 45/2004, eram aprova- ______________________________________________________
dos por decreto legislativo, por maioria qualificada.
(E) Deverão ser aprovados, em cada Casa do Congresso Nacio- ______________________________________________________
nal, em turno único.
______________________________________________________

GABARITO _____________________________________________________

_____________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 A ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 A
5 D ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 C
9 D ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 C
13 A ______________________________________________________

14 E ______________________________________________________
15 C
______________________________________________________
16 CERTO
______________________________________________________
17 ERRADO
18 CERTO ______________________________________________________
19 ERRADO
______________________________________________________
20 A
______________________________________________________

______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou


CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART. 42, ART. 144 E § 4º E §5º em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
ART. 125); entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
SEÇÃO III
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fa-
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
zendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de com-
TERRITÓRIOS
petência;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
de 1998)
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
da União.
ritórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
1998)
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
20, de 15/12/98)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi-
respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Constitu-
litares.
cional nº 41, 19.12.2003)
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
de defesa civil.
101, de 2019)
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a
CAPÍTULO III
segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela
DA SEGURANÇA PÚBLICA
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares,
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
seguintes órgãos:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
I - polícia federal;
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
II - polícia rodoviária federal;
gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
III - polícia ferroviária federal;
eficiência de suas atividades. (Vide Lei nº 13.675, de 2018) Vi-
IV - polícias civis;
gência
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
dispuser a lei. (Vide Lei nº 13.022, de 2014)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór-
te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des-
gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
tina-se a:” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
de 1998)

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§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem *1§ 5º - Ao servidor militar são proibidas a sindicalização e a
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias greve, sendo livre, no entanto, a associação de natureza não sindi-
públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) cal, sem fins lucrativos, garantido o desconto em folha de pagamen-
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- to das contribuições expressamente autorizadas pelo associado.
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao § 6º - O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela filiado a partidos políticos.
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) § 7º - O oficial e a praça só perderão o posto, a patente e a gra-
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos duação se forem julgados indignos do oficialato, da graduação ou
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus com eles incompatíveis, por decisão de tribunal competente.
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. § 8º - O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no parágrafo
SEÇÃO VIII anterior.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS § 9º - A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade e
outras condições de transferência do servidor militar para a inati-
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os vidade.
princípios estabelecidos nesta Constituição § 10- Revogado pela Emenda Constitucional nº 90, de 05 de
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os outubro de 2021
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as § 11 - O Estado fornecerá aos servidores militares os equipa-
ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a com- mentos de proteção individual adequados aos diversos riscos a que
petência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal com- são submetidos em suas atividades operacionais.
petente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e § 12 - Será designado para as corporações da Polícia Militar e
da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda do Corpo de Bombeiros Militar um pastor evangélico que desem-
Constitucional nº 45, de 2004) penhará a função de orientador religioso em quarteis, hospitais e
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar presídios com direito a ingressar no oficialato capelão.
e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis § 13 O servidor público militar estadual demitido por ato ad-
e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao ministrativo, se absolvido pela justiça, na ação que deu causa a de-
Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar missão, será reintegrado à Corporação com todos os direitos res-
e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda tabelecidos.- Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de
Constitucional nº 45, de 2004) 24.06.10.
Art. 92 - Aos servidores militares ficam assegurados os seguin-
tes direitos: Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 63,
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL (ART. 91 A 93); de 08 de dezembro de 2015.
I - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
recebem remuneração variável;
II - décimo terceiro salário com base na remunerarão integral
SEÇÃO IV
ou no valor da aposentadoria;
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
III - salário-família para os seus dependentes;
IV - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
Art. 91 - São servidores militares estaduais os integrantes da
terço a mais do que o salário normal;
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
V - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
§ 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
com a duração de cento e oitenta dias, contados a partir da alta da
inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da re-
Unidade de Tratamento Intensivo, em caso de nascimento prema-
serva ou reformados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Mi-
turo, prorrogável no caso de aleitamento materno, por, no mínimo,
litar, sendo-lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.
mais 30 (trinta) dias, estendendo-se, no máximo, até 90 (noventa)
§ 2º - As patentes dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo de
dias, e no caso de perda gestacional, nos termos no § 1º do Art. 83;
Bombeiros Militar são conferidas pelo Governador do Estado.
(NR)
§ 3º - O militar em atividade que aceitar cargo público civil per-
VI - licença paternidade, sem prejuízo do emprego e do salário,
manente será transferido para a reserva.
contados a partir da alta da Unidade de Tratamento Intensivo, em
§ 4º - O militar da ativa, que aceitar cargo, emprego ou função
caso de nascimento prematuro, com a duração de 30 (trinta) dias,
pública temporária, não eletiva, ainda que da administração indire-
mesmo em caso de perda gestacional da esposa ou companheira;
ta, ficará agregado ao respectivo quadro e, enquanto permanecer
(NR)- Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 15
nessa situação, só poderá ser promovido por antiguidade, contan-
de junho de 2016.
do-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção a trans-
VII - licença especial para os adotantes, nos termos fixados em
ferência para a reserva, sendo, depois de dois anos de afastamento,
lei;
contínuos ou não, transferido para a inatividade.
VIII - elegibilidade do alistável, atendidas as seguintes condi-
ções:
1 * Lei nº 2649, de 25 de novembro de 1991, que regulamenta o § 5º
do artigo 91 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro que dispõe
sobre o direito de associação dos servidores públicos militares.
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a) se contar menos de dez anos de serviço deverá afastar-se da a) admitir o ingresso de pessoal feminino em seus efetivos de
atividade; oficiais e praças, para atender necessidades da respectiva Corpora-
b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela ção em atividades específicas, mediante prévia autorização do Mi-
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato nistério do Exército; (Redação dada pelo Del 2.106, de 6.2.1984)
da diplomação, para a inatividade. b) suprimir na escala hierárquica um ou mais postos ou gra-
IX - aos servidores militares estaduais será permitido o porte duações das previstas neste artigo; e (Redação dada pelo Del
de arma, para a sua defesa pessoal e dos concidadãos, fora do ho- 2.106, de 6.2.1984)
rário de serviço. - Inciso regulamentado pela Lei nº 1890, de 14 de c) subdividir a graduação de soldado em classes, até o máximo
novembro de 1991 de três. (Incluída pelo Del 2.106, de 6.2.1984)
Parágrafo único - O disposto nos incisos V, VI, VIII, XVI, XVII e Art 9º O ingresso no quadro de oficiais será feito através de
XXI do art. 83 desta Constituição aplica-se aos servidores a que se cursos de formação de oficiais da própria Polícia Militar ou de outro
refere este artigo, que também terão assegurado adicional de re- Estado.
muneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na Parágrafo único. Poderão também, ingressar nos quadros de
forma da Lei.- Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 02, de oficiais das Polícias Militares, se convier a estas, Tenentes da Reser-
06 de agosto de 1991. va de 2ª Classe das Fôrças Armadas com autorização do Ministério
Art. 93 - A lei disporá sobre a pensão militar estadual. correspondente.
Art 10. Os efetivos em oficiais médicos, dentistas, farmacêuti-
cos e veterinários, ouvido o Estado-Maior do Exército serão provi-
DECRETO-LEI Nº N º 667, DE 02 DE JULHO DE 1969 (LEI Nº dos mediante concurso e acesso gradual conforme estiver previsto
DE ORGANIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES) - (CAPÍTULO na legislação de cada Unidade Federativa.
II - ART. 8º AO ART. 12º; CAPÍTULO VII - ART. 22 AO ART. 25) Parágrafo único. A assistência médica às Polícias Militares po-
derá também ser prestada por profissionais civis, de preferência
oficiais da reserva ou mediante contratação ou celebração de con-
DECRETO-LEI Nº 667, DE 2 DE JULHO DE 1969. vênio com entidades públicas e privadas existentes na comunidade,
se assim convier à Unidade Federativa.
Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Mi- Art 11. O recrutamento de praças para as Polícias Militares obe-
litares dos Estados, dos Território e do Distrito Federal, e dá outras decerá ao voluntariado, de acôrdo com legislação própria de cada
providências. Unidade da Federação, respeitadas as prescrições da Lei do Serviço
Militar e seu regulamento.
CAPÍTULO III Art 12. O acesso na escala hierárquica tanto de oficiais como de
DO PESSOAL DAS POLÍCIAS MILITARES praça será gradual e sucessivo, por promoção, de acôrdo com legis-
lação peculiar a cada Unidade da Federarão, exigidos os seguintes
Art 8º A hierarquia nas Polícias Militares é a seguinte: requisitos básicos:
a) Oficiais de Polícia: a) para a promoção ao pôsto de Major: curso de aperfeiçoa-
- Coronel mento feito na própria corporação ou em Fôrça Policial de outro
- Tenente-Coronel Estado;
- Major b) para a promoção ao pôsto de Coronel: curso superior de Po-
- Capitão lícia, desde que haja o curso na Corporação.
- 1º Tenente
- 2º Tenente CAPÍTULO VII
DAS VEDAÇÕES, DOS DIREITOS, DOS DEVERES, DA REMUNE-
b) Praças Especiais de Polícia: RAÇÃO, DAS PRERROGATIVAS, DA INATIVIDADE E DA PENSÃO
- Aspirante-a-Oficial (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
- Alunos da Escola de Formação de Oficiais da Polícia.
Art 22. Ao pessoal das Polícias Militares, em serviço ativo, é
c) Praças de Polícia: vedado fazer parte de firmas comerciais de emprêsas industriais de
qualquer natureza ou nelas exercer função ou emprêgo remunera-
- Graduados: dos.
- Subtenente Art 23. É expressamente proibido a elementos das Polícias Mi-
- 1º Sargento litares o comparecimento fardado, exceto em serviço, em manifes-
- 2º Sargento tações de caráter político-partidário.
- 3º Sargento Art. 24. Os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas
- Cabo e outras situações especiais dos militares dos Estados, do Distrito
- Soldado. Federal e dos Territórios são estabelecidos em leis específicas dos
entes federativos, nos termos do § 1º do art. 42, combinado com o
§ 1º A todos os postos e graduações de que trata êste artigo inciso X do § 3º do art. 142 da Constituição Federal. (Redação
será acrescida a designação “PM” (Polícia Militar). dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
2º Os Estados, Territórios e o Distrito Federal poderão, se con-
vier às respectivas Polícias Militares: (Redação dada pelo Del
2.106, de 6.2.1984)
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Art. 24-A. Observado o disposto nos arts. 24-F e 24-G deste De- § 1º Compete ao ente federativo a cobertura de eventuais
creto-Lei, aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal insuficiências financeiras decorrentes do pagamento das pensões
e dos Territórios as seguintes normas gerais relativas à inatividade: militares e da remuneração da inatividade, que não tem natureza
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) (Regulamento) (Vi- contributiva. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
gência) § 2º Somente a partir de 1º de janeiro de 2025 os entes federa-
I - a remuneração na inatividade, calculada com base na remu- tivos poderão alterar, por lei ordinária, as alíquotas da contribuição
neração do posto ou da graduação que o militar possuir por ocasião de que trata este artigo, nos termos e limites definidos em lei fede-
da transferência para a inatividade remunerada, a pedido, pode ser: ral. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) Art. 24-D. Lei específica do ente federativo deve dispor sobre
a) integral, desde que cumprido o tempo mínimo de 35 (trinta outros aspectos relacionados à inatividade e à pensão militar dos
e cinco) anos de serviço, dos quais no mínimo 30 (trinta) anos de militares e respectivos pensionistas dos Estados, do Distrito Federal
exercício de atividade de natureza militar; ou (Incluído pela e dos Territórios que não conflitem com as normas gerais estabele-
Lei nº 13.954, de 2019) cidas nos arts. 24-A, 24-B e 24-C, vedada a ampliação dos direitos e
b) proporcional, com base em tantas quotas de remuneração garantias nelas previstos e observado o disposto no art. 24-F deste
do posto ou da graduação quantos forem os anos de serviço, se Decreto-Lei. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
transferido para a inatividade sem atingir o referido tempo mínimo; Parágrafo único. Compete à União, na forma de regulamento,
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) verificar o cumprimento das normas gerais a que se refere o caput
II - a remuneração do militar reformado por invalidez decorren- deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
te do exercício da função ou em razão dela é integral, calculada com Art. 24-E. O Sistema de Proteção Social dos Militares dos Es-
base na remuneração do posto ou da graduação que possuir por tados, do Distrito Federal e dos Territórios deve ser regulado por
ocasião da transferência para a inatividade remunerada; (In- lei específica do ente federativo, que estabelecerá seu modelo de
cluído pela Lei nº 13.954, de 2019) gestão e poderá prever outros direitos, como saúde e assistência, e
III - a remuneração na inatividade é irredutível e deve ser re- sua forma de custeio. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
vista automaticamente na mesma data da revisão da remuneração Parágrafo único. Não se aplica ao Sistema de Proteção Social
dos militares da ativa, para preservar o valor equivalente à remune- dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios a le-
ração do militar da ativa do correspondente posto ou graduação; e gislação dos regimes próprios de previdência social dos servidores
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) públicos. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
IV - a transferência para a reserva remunerada, de ofício, por Art. 24-F. É assegurado o direito adquirido na concessão de
atingimento da idade-limite do posto ou graduação, se prevista, inatividade remunerada aos militares dos Estados, do Distrito Fe-
deve ser disciplinada por lei específica do ente federativo, observa- deral e dos Territórios, e de pensão militar aos seus beneficiários,
da como parâmetro mínimo a idade-limite estabelecida para os mi- a qualquer tempo, desde que tenham sido cumpridos, até 31 de
litares das Forças Armadas do correspondente posto ou graduação. dezembro de 2019, os requisitos exigidos pela lei vigente do ente
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) federativo para obtenção desses benefícios, observados os critérios
Parágrafo único. A transferência para a reserva remunerada, de concessão e de cálculo em vigor na data de atendimento dos
de ofício, por inclusão em quota compulsória, se prevista, deve ser requisitos. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
disciplinada por lei do ente federativo. (Incluído pela Lei nº Art. 24-G. Os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
13.954, de 2019) Territórios que não houverem completado, até 31 de dezembro de
Art. 24-B. Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Fe- 2019, o tempo mínimo exigido pela legislação do ente federativo
deral e dos Territórios as seguintes normas gerais relativas à pensão para fins de inatividade com remuneração integral do correspon-
militar: (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) (Regula- dente posto ou graduação devem: (Incluído pela Lei nº
mento) (Vigência) 13.954, de 2019)
I - o benefício da pensão militar é igual ao valor da remunera- I - se o tempo mínimo atualmente exigido pela legislação for de
ção do militar da ativa ou em inatividade; (Incluído pela Lei 30 (trinta) anos ou menos, cumprir o tempo de serviço faltante para
nº 13.954, de 2019) atingir o exigido na legislação do ente federativo, acrescido de 17%
II - o benefício da pensão militar é irredutível e deve ser revis- (dezessete por cento); e (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
to automaticamente, na mesma data da revisão das remunerações II - se o tempo mínimo atualmente exigido pela legislação for
dos militares da ativa, para preservar o valor equivalente à remune- de 35 (trinta e cinco) anos, cumprir o tempo de serviço exigido na
ração do militar da ativa do posto ou graduação que lhe deu origem; legislação do ente federativo. (Incluído pela Lei nº 13.954,
e (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) de 2019)
III - a relação de beneficiários dos militares dos Estados, do Dis- Parágrafo único. Além do disposto nos incisos I e II do caput
trito Federal e dos Territórios, para fins de recebimento da pensão deste artigo, o militar deve contar no mínimo 25 (vinte e cinco)
militar, é a mesma estabelecida para os militares das Forças Arma- anos de exercício de atividade de natureza militar, acrescidos de 4
das. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) (quatro) meses a cada ano faltante para atingir o tempo mínimo
Art. 24-C. Incide contribuição sobre a totalidade da remunera- exigido pela legislação do ente federativo, a partir de 1º de janeiro
ção dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, de 2022, limitado a 5 (cinco) anos de acréscimo. (Incluído pela Lei
ativos ou inativos, e de seus pensionistas, com alíquota igual à apli- nº 13.954, de 2019)
cável às Forças Armadas, cuja receita é destinada ao custeio das Art. 24-H. Sempre que houver alteração nas regras dos militares
pensões militares e da inatividade dos militares. (Incluído pela das Forças Armadas, as normas gerais de inatividade e pensão mi-
Lei nº 13.954, de 2019) (Regulamento) (Vigência) litar dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
estabelecidas nos arts. 24-A, 24-B e 24-C deste Decreto-Lei, devem
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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

ser ajustadas para manutenção da simetria, vedada a instituição de ESTATUTO DOS POLICIAIS-MILITARES
disposições divergentes que tenham repercussão na inatividade ou
na pensão militar. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) TÍTULO I
Art. 24-I. Lei específica do ente federativo pode estabelecer: GENERALIDADES
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) CAPÍTULO I
I - regras para permitir que o militar transferido para a reserva DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
exerça atividades civis em qualquer órgão do ente federativo me-
diante o pagamento de adicional, o qual não será incorporado ou Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, obrigações, de-
contabilizado para revisão do benefício na inatividade, não servirá veres, direitos e prerrogativas dos policiais-militares do Estado do
de base de cálculo para outros benefícios ou vantagens e não inte- Rio de Janeiro.
grará a base de contribuição do militar; e (Incluído pela Lei Art. 2º - A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, subordi-
nº 13.954, de 2019) nada ao Secretário de Estado de Segurança Pública, é uma institui-
II - requisitos para o ingresso de militares temporários, median- ção permanente, organizada com base na hierarquia e na disciplina,
te processo seletivo, cujo prazo máximo de permanência no serviço destinada à manutenção da ordem pública no Estado do Rio de Ja-
ativo será de 8 (oito) anos, observado percentual máximo de 50% neiro, sendo considerada Força Auxiliar, reserva do Exército.
(cinquenta por cento) do efetivo do respectivo posto ou graduação. Art. 3º Os integrantes da Polícia Militar, em razão de sua des-
(Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) tinação constitucional, formam uma categoria especial de servido-
§ 1º O militar temporário de que trata o inciso II do caput des- res do Estado e são denominados policiais militares.- Nova redação
te artigo contribuirá de acordo com o disposto no art. 24-C deste dada pela Lei 9535/2021.
Decreto-Lei e fará jus aos benefícios de inatividade por invalidez e § 1º - Os policiais-militares encontram-se em uma das seguin-
pensão militar durante a permanência no serviço ativo. (In- tes situações:
cluído pela Lei nº 13.954, de 2019) 1. na ativa:
§ 2º Cessada a vinculação do militar temporário à respectiva a) os policiais-militares de carreira;
corporação, o tempo de serviço militar será objeto de contagem re- b) os temporários, incorporados à Polícia Militar para prestação
cíproca para fins de aposentadoria no Regime Geral de Previdência de serviço militar voluntário, durante os prazos previstos na legis-
Social ou em regime próprio de previdência social, sendo devida a lação que trata do serviço policial militar temporário voluntário; -
compensação financeira entre os regimes. (Incluído pela Lei Nova redação dada pela Lei 9535/2021.
nº 13.954, de 2019) c) os componentes da reserva remunerada da Polícia Militar,
Art. 24-J. O tempo de serviço militar e o tempo de contribui- quando convocados; e
ção ao Regime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de d) os alunos de órgãos de formação de policiais-militares da
previdência social terão contagem recíproca para fins de inativação ativa.
militar ou aposentadoria, e a compensação financeira será devida
entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as recei- 2. na inatividade:
tas de contribuição referentes aos demais regimes. (Incluído a) na reserva remunerada, quando pertencem à reserva da
pela Lei nº 13.954, de 2019) Corporação e percebem remuneração do Estado, porém sujeitos,
Art 25. Aplicam-se ao pessoal das Polícias Militares: ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação;
a) as disposições constitucionais relativas ao alistamento elei- b) reformados, quando, tendo passado por uma das situações
toral e condições de elegibilidade dos militares; anteriores, estão dispensados, definitivamente, da prestação de
b) as disposições constitucionais relativas às garantias, vanta- serviço na ativa, mas continuam a perceber remuneração do Esta-
gens prerrogativas e deveres, bem como tôdas as restrições ali ex- do.
pressas, ressalvado o exercício de cargos de interêsse policial assim c) reserva remunerada e, excepcionalmente, os reformados,
definidos em legislação própria. executando tarefa por tempo certo. (NR)- Alínea incluída pela Lei
nº 5271/2008.
§ 2º - Os policiais-militares de carreira são os da ativa que, no
LEI Nº ESTADUAL Nº 443, DE 01 DE JULHO DE 1981 (ESTATU- desempenho voluntário e permanente do serviço policial-militar,
TO DOS POLICIAIS MILITARES) têm vitaliciedade assegurada ou presumida.
§ 3º Os militares temporários não adquirem estabilidade ou
vitaliciedade e, após serem desligados do serviço ativo, passam a
LEI Nº 443, DE 1º DE JULHO DE 1981. se sujeitar à Lei do Serviço Militar, conforme o grau de instrução
recebido. - Incluído pela Lei 9535/2021.
DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS POLICIAIS-MILITARES DO ES- Art. 4º - O serviço policial-militar consiste no exercício de ativi-
TADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. dades inerentes à Polícia Militar e compreende todos os encargos
previstos na legislação específica, relacionados com a manutenção
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, da ordem pública.
Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Art. 5º - A carreira policial-militar é caracterizada por atividade
Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei: continuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas da Po-
lícia Militar, denominada atividade policial-militar.
§ 1º - A carreira policial-militar é privativa do pessoal da ativa;
inicia-se com o ingresso na Polícia Militar e obedece à seqüência de
graus hierárquicos.
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78
a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

§ 2º - É privativa de brasileiro nato a carreira de Oficial da Po- CAPÍTULO III


lícia Militar. DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
§ 3º - Constitui requisito indispensável para ingresso no Quadro
de Oficiais Policiais-Militares a conclusão do Curso da Escola de For- Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da
mação de Oficiais da Corporação. Polícia Militar. A autoridade e a responsabilidade crescem com o
Art. 6º - São equivalentes as expressões na ativa, em serviço grau hierárquico.
ativo, em serviço na ativa, em serviço, em atividade ou em atividade § 1º - A hierarquia policial-militar é a ordenação da autoridade
policial-militar conferidas aos policiais-militares no desempenho de em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Militar. A or-
cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou ativi- denação se faz por postos ou graduações; dentro de uma mesmo
dade policial-militar ou considerada de natureza policial-militar nas posto ou de uma mesma graduação se faz pela antigüidade no pos-
organizações policiais-militares, bem como em outros órgãos do Es- to ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no
tado, quando previstos em lei ou regulamento. espírito de acatamento à seqüência de autoridade.
“Ficam incluídos nos dispositivos do art. 6º in fine da Lei nº § 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento inte-
443, de 1º de julho de 1981, e do art. 6º in fine da lei nº 880, de gral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen-
25 de julho de 1985, respectivamente, os servidores militares, no tam o organismo policial-militar e coordenam seu funcionamento
limite de 4 (quatro), lotados na Companhia Estadual de Águas e regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
Esgotos (CEDAE) . (Decreto nº 41503, de 3 de outubro de 2008) dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse
Art. 7º - A condição jurídica dos policiais-militares é definida organismo.
pelos dispositivos constitucionais que lhes forem aplicáveis, por § 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos
este Estatuto e pela legislação que lhes outorgam direitos e prerro- em todas as circunstâncias da vida, entre policiais-militares da ativa,
gativas e lhes impõem deveres e obrigações. da reserva remunerada e reformados.
Art. 8º - Os policiais-militares da reserva remunerada poderão Art. 13 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência en-
ser convocados para o serviço ativo, em caráter transitório e me- tre os policiais-militares da mesma categoria e têm a finalidade de
diante aceitação voluntária, por ato do Governador do Estado, des- desenvolver o espírito de camaradagem em ambiente de estima e
de que haja conveniência para o serviço. confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
Art. 9º - O disposto neste Estatuto aplica-se no que couber, aos Art. 14 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica na Polí-
policiais-militares reformados, da reserva remunerada e aos cape- cia Militar são fixados no Quadro e parágrafo seguintes:
lães policiais-militares.
Parágrafo único - Os Capelães policiais-militares são regidos CÍRCULOS DE OFICIAIS POSTOS
por legislação própria. Superiores Coronel PM
Tenente-Coronel PM
CAPÍTULO II Major PM
DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
Intermediários Capitão PM
Art. 10 - O ingresso na Polícia Militar é facultado a todos os
brasileiros natos, sem distinção de raça ou de crença religiosa, me- Subalternos Primeiro-Tenente PM
diante inclusão, matrícula ou nomeação, observadas as condições Segundo-Tenente PM
prescritas neste Estatuto, em lei e nos regulamentos da Corporação.
Art. 11 - Para a matrícula nos estabelecimentos de ensino po- CÍRCULO DE PRAÇAS GRADUAÇÕES
licial-militar destinados à formação de oficiais, de graduados e de Subtenentes e Sargentos Subtenente PM
soldados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, ap- Primeiro-Sargento PM
tidão intelectual, capacidade física e mental e idoneidade moral, é Segundo-Sargento PM
necessário que o candidato não exerça, nem tenha exercido, ativi- Terceiro-Sargento PM
dades prejudiciais ou perigosas à Segurança Nacional.
§ 1º - O disposto no caput deste artigo e no art. 10 desta Lei Cabos e Soldados Cabo PM
aplica-se aos candidatos ao ingresso nos Quadros de Oficiais em Soldado PM de 1ª Classe
que é também exigido o diploma de estabelecimentos de ensino Soldado PM de 2ª Classe
superior reconhecido pelo Governo Federal e aos Capelães Poli-
ciais-Militares.- Incluído pela Lei 7858/2018. Cabo PM- nova redação dada pelo artigo 1º da Lei nº
§ 2º – Para ingresso no Curso de Formação de Oficiais da Polí- 1008/1986.
cia Militar – CFO – QOPM, além dos requisitos do caput deste artigo Soldado PM - Classe A
e do art. 10 desta Lei, é exigido o título de bacharel em Direito, Soldado PM - Classe B
obtido em estabelecimento reconhecido pelo sistema de ensino fe- Soldado PM - Classe C
deral, estadual ou do Distrito Federal. - Incluído pela Lei 7858/2018.
PRAÇAS ESPECIAIS
Freqüentam o Círculo de Aspirante-a-Oficial PM
Oficiais Subalternos

Excepcionalmente ou em reuniões Aluno-Oficial PM


sociais têm acesso ao Círculo de Oficiais
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§ 1º - Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do § 5º - Nos casos de nomeações simultâneas resultantes de con-
Governador do Estado e confirmado em Carta Patente. curso, a precedência será estabelecida pela ordem de classificação
§ 2º - Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pelo final dos candidatos.
Comandante Geral da Polícia Militar. Art. 16 - A precedência entre as praças especiais e as demais
§ 3º - Os Aspirantes-a-Oficial PM e os Alunos-Oficiais PM são praças é assim regulada:
denominados praças especiais. I - Os Aspirantes-a-Oficial PM são hierarquicamente superiores
§ 4º - A graduação de Soldado da Polícia Militar é subdividida às demais praças;
em três classes: II - Os Alunos-Oficiais PM são hierarquicamente superiores aos
1 - Soldado PM - Classe A subtenentes PM.
2 - Soldado PM - Classe B, e Art. 17 - A Polícia Militar manterá registros de todos os dados
3 - Soldado PM - Classe C. referentes ao seu pessoal da ativa e da reserva remunerada, dentro
Nova redação dada pela Lei nº 1008/1986. das respectivas escalas numéricas, segundo as instruções baixadas
§ 5º - A inclusão do Soldado PM dar-se-á sempre na Classe C pelo Comandante Geral da Corporação.
de sua graduação; se não for aprovado no Curso de Formação de Art. 18 - Os Alunos Oficiais PM são declarados Aspirantes-a-O-
Soldados, será excluído da Corporação, por conveniência do serviço ficial PM, ao final do curso da Escola de Formação de Oficiais, pelo
e inaptidão para a carreira policial-militar; se for aprovado, perma- Comandante Geral da Polícia Militar, na forma especificada em seu
necerá nessa Classe durante os 5 (cinco) primeiros anos de serviço regulamento.
efetivo na Corporação. Nova redação dada pela Lei nº 1008/1986
§ 6º - Decorrido o prazo de 5 (cinco) anos, o Soldado PM - Clas- CAPÍTULO IV
se C terá declarado seu acesso à Classe B, na qual permanecerá até DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES
completar mais 10 (dez) anos de serviço efetivo findos os quais será
incluído na Classe A, até sua promoção ou exclusão. Nova redação Art. 19 - Cargo policial-militar é um conjunto de atribuições,
dada pela Lei nº 1008/1986. deveres e responsabilidades cometidos a um policial-militar em ser-
§ 7º - Além das condições precedentes para o acesso de Clas- viço ativo.
ses, outras poderão ser estabelecidas por Decreto do Governador § 1º - O cargo policial-militar a que se refere este artigo é o que
do Estado. Nova redação dada pela Lei nº 1008/1986. se encontra especificado nos Quadros de Organização ou previsto,
§ 8º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos Quadros caracterizado ou definido como tal em outras disposições legais.
e Qualificações são fixados, separadamente, para cada caso, em lei § 2º - As obrigações inerentes ao cargo policial-militar devem
especial. ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas
§ 9º - Sempre que o policial-militar da reserva remunerada ou em legislação ou regulamentação própria.
reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as Art. 20 - Os cargos policiais-militares são providos com pessoal
abreviaturas indicativas de sua situação. que satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de qualificação
Art. 15 - A precedência entre policiais-militares da ativa, do exigidos para o seu desempenho.
mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antigüidade no posto Parágrafo único - O provimento de cargo policial-militar se fará
ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabe- por ato de nomeação ou determinação expressa de autoridade
lecida em lei ou regulamento. competente.
§ 1º - A antigüidade em cada posto ou graduação é contada a Art. 21 - O cargo policial-militar é considerado vago a partir de
partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção, nome- sua criação e até que um policial-militar nele tome posse, ou desde
ação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver taxativamente o momento em que o policial-militar exonerado, ou que tenha re-
fixada outra data. cebido determinação expressa de autoridade competente, o deixe
§ 2º - No caso de ser igual a antigüidade referida no parágrafo e até que outro policial-militar nele tome posse, de acordo com as
anterior, a antigüidade é estabelecida: normas de provimento previstas no parágrafo único do artigo an-
1 - entre policiais-militares do mesmo Quadro, pela posição nas terior.
respectivas escalas numéricas ou registro existentes na Corporação, Parágrafo único - Consideram-se também vagos os cargos poli-
na conformidade do art. 17; ciais-militares cujos ocupantes tenham:
2 - nos demais casos, pela antigüidade no posto ou na gradu- 1 - falecido;
ação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-se-á, 2 - sido considerados extraviados; e
sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de inclu- 3 - sido considerados desertores.
são e à data de nascimento para definir a precedência e, neste últi- Art. 22 - Função policial-militar é o exercício das obrigações ine-
mo caso, o mais velho será considerado mais antigo; rentes ao cargo policial-militar.
3 - na existência de mais de uma data de inclusão, prevalece Art. 23 - Dentro de uma mesma organização policial-militar, a
a antigüidade do policial-militar que tiver maior tempo de efetivo seqüência de substituições para assumir ou responder por funções,
serviço prestado na Corporação; e bem como as normas, atribuições e responsabilidades relativas, são
4 - entre os alunos de uma mesmo órgão de formação de poli- as estabelecidas na legislação ou regulamentação próprias, respei-
ciais-militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, tadas a precedência e qualificações exigidas para o cargo ou o exer-
se não estiverem especificamente enquadrados nos itens 1, 2 e 3. cício da função.
§ 4º - Em igualdade de posto ou de graduação, a precedência Art. 24 - O policial-militar ocupante de cargo provido em cará-
entre policiais-militares de carreira na ativa e os da reserva remu- ter efetivo ou interino, de acordo com o parágrafo único do art. 20,
nerada que estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo faz jus aos direitos correspondentes ao cargo, conforme previsto
serviço no posto ou graduação. em dispositivo legal.
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Art. 25 - As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade, XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particu-
duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como posições ti- lar;
tuladas em Quadro de Organização ou dispositivo legal, são cum- XIV - observar as normas da boa educação;
pridas como Encargo, Incumbência, Comissão, Serviço ou Atividade XV - garantir assistência moral e material aos seu lar e conduzir-
policial-militar ou de natureza policial-militar. -se como chefe de família modelar;
Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao Encargo, Incum- XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na inati-
bência, Comissão, Serviço ou Atividade policial-militar ou de natu- vidade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da disci-
reza policial-militar, o disposto neste Capítulo para Cargo Policial- plina, no respeito e do decoro policial-militar;
-Militar. XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para ob-
ter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar
TÍTULO II negócios particulares ou de terceiros;
DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES XVIII - abster-se, na inatividade, do uso das designações hie-
rárquicas:
CAPÍTULO I 1 - em atividades político-partidárias;
DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS-MILITARES 2 - em atividades comerciais;
3 - em atividades industriais;
SEÇÃO I 4 - para discutir ou provocar discussões pela imprensa a res-
DO VALOR POLICIAL-MILITAR peito de assuntos políticos ou policiais-militares, excetuando-se os
de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e
Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial-militar: 5 - no exercício de cargo ou função de natureza não policial-mi-
I - o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir litar, mesmo que seja da Administração Pública; e
o dever policial-militar e pelo solene juramento de fidelidade Pátria XIX - zelar pelo nome da Polícia Militar e de cada um dos seus
e integral devotamento à manutenção da ordem pública, até com o integrantes, obedecendo e fazendo obedecer os preceitos da ética
sacrifício da própria vida; policial-militar.
II - o civismo e o culto das tradições históricas; Art. 28 - Ao policial-militar da ativa é vedado comerciar ou to-
III - a fé na elevada missão da Polícia Militar; mar parte da administração ou gerência de sociedade ou dela ser
IV - o espírito de corpo, orgulho do policial-militar pela organi- sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista em sociedade
zação onde serve; anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
V - o amor à profissão policial-militar e o entusiasmo com que § 1º - Os policiais-militares na reserva remunerada, quando
é exercida; e convocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações policiais-
VI - o aprimoramento técnico-profissional. -militares e nas repartições públicas civis, dos interesses de organi-
zações ou empresas privadas de qualquer natureza.
SEÇÃO II § 2º - Os policiais-militares da ativa podem exercer, diretamen-
DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR te, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o disposto no
presente artigo.
Art. 27 - O sentimento do dever, o pundonor policial-militar e o § 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional dos inte-
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes da Polícia Mi- grantes do Quadro de Oficiais de Saúde, é-lhes permitido o exercício
litar, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com observância de atividade técnico-profissional, no meio civil, desde que tal prá-
dos seguintes preceitos da ética policial-militar: tica não prejudique o serviço e não infrinja o disposto neste artigo.
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de Art. 29 - O comandante Geral da Polícia Militar poderá determi-
dignidade pessoal; nar aos policiais-militares da ativa que, no interesse da salvaguarda
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções da dignidade dos mesmos, informem sobre a origem e natureza dos
que lhe couberem em decorrência do cargo; seus bens, sempre que houver razões que recomendem tal medida.
III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instru- CAPÍTULO II
ções e as ordens das autoridades competentes; DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação
do mérito dos subordinados; SEÇÃO I
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, CONCEITUAÇÃO
também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da
missão comum; Art. 30 - Os deveres policiais-militares emanam de um conjunto
VII - empregar todas as suas energias em benefício do serviço; de vínculos racionais, bem como morais, que ligam o policial-militar
VIII - praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente à Pátria, à comunidade estadual e à sua segurança e compreendem,
o espírito de cooperação; essencialmente:
IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem I - A dedicação integral ao serviço policial-militar, salvo as ex-
escrita e falada; ceções previstas em Lei, e a fidelidade à Pátria e à instituição a que
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria pertence, mesmo com sacrifício da própria vida. Nova redação
sigilosa de qualquer natureza; dada pela Lei nº 2216/1994
XI - acatar as autoridades civis; II - o culto aos símbolos nacionais;
XII - cumprir seus deveres de cidadão; III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
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IV - a disciplina e o respeito à hierarquia; Art. 36 - Os Subtenentes e Sargentos auxiliam e complemen-


V - o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens; e tam as atividades dos Oficiais, quer no adestramento e no empre-
VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com ur- go dos meios, quer na instrução e na administração; deverão ser
banidade. empregados na execução de atividades de policiamento ostensivo
peculiares à Polícia Militar.
SEÇÃO II Parágrafo único - No exercício das atividades mencionadas
DO COMPROMISSO POLICIAL-MILITAR neste artigo e no comando de elementos subordinados, os subte-
nentes e sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e
Art. 31 - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar me- pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes assegurar
diante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará compromisso de a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras do
honra, no qual firmará a sua aceitação consciente das obrigações e serviço e das normas operativas, pelas praças que lhe estiverem di-
dos deveres policiais-militares e manifestará a sua firme disposição retamente subordinadas e a manutenção da coesão e do moral das
de bem cumpri-los. mesmas praças em todas as circunstâncias.
Art. 32 - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá Art. 37 - Os Cabos e Soldados são, essencialmente, os elemen-
caráter solene e será sempre prestado sob a forma de juramento à tos de execução.
Bandeira e na presença de tropa formada, tão logo o policial-militar Art. 38 - Às praças especiais cabe a rigorosa observância das
tenha adquirido um grau de instrução compatível com o perfeito prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes, exigindo-
entendimento de seus deveres como integrante da Polícia Militar, -se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-pro-
conforme os seguintes dizeres: Ao ingressar na Polícia Militar do fissional.
Estado do Rio de Janeiro, prometo regular a minha conduta pelos Art. 39 - Cabe ao policial-militar a responsabilidade integral pe-
preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autorida- las decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
des a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao ser- praticar.
viço da Pátria, ao serviço policial-militar, à manutenção da ordem
pública e à segurança da comunidade, mesmo com o sacrifício da CAPÍTULO III
própria vida. DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
§ 1º - O compromisso do Aspirante-a-Oficial PM será presta-
do no estabelecimento de formação de Oficiais, de acordo com o SEÇÃO I
cerimonial constante do regulamento daquele estabelecimento de CONCEITUAÇÃO
ensino. Esse compromisso obedecerá os seguintes dizeres: Ao ser
declarado Aspirante-a-Oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Art. 40 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais-mi-
Janeiro assumo o compromisso de cumprir rigorosamente as or- litares constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar,
dens legais das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me conforme dispuserem a legislação ou regulamentação específicas
inteiramente ao serviço da Pátria, à manutenção da ordem pública ou peculiares.
e à segurança da comunidade, mesmo com o sacrifício da própria § 1º - A violação dos preceitos da ética policial-militar será tão
vida. mais grave quanto elevado for o grau hierárquico de quem a come-
§ 2º - Ao ser promovido ou nomeado ao primeiro posto, o Ofi- ter.
cial PM prestará o compromisso de Oficial, em solenidade especial- § 2º - No concurso de crime militar e de contravenção ou de
mente programada, de acordo com os seguintes dizeres: Perante a transgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, será
Bandeira do Brasil e pela minha honra, prometo cumprir os deveres aplicada somente a pena relativa ao crime.
de oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e dedicar- Art. 41 - A inobservância dos deveres especificados nas leis e
-me inteiramente ao seu serviço. regulamentos ou a falta de exação no cumprimento dos mesmos,
acarreta para o policial-militar responsabilidade funcional, pecuni-
SEÇÃO III ária, disciplinar ou penal, consoante a legislação específica ou pe-
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO culiar.
Parágrafo único - A apuração da responsabilidade funcional,
Art. 33 - Comando é a soma de autoridade, deveres e respon- pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela incompatibi-
sabilidades de que o policial-militar é investido legalmente, quando lidade do policial-militar com o cargo ou pela incapacidade para o
conduz homens ou dirige uma organização policial-militar. O Co- exercício das funções policiais-militares a ele inerentes.
mando é vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prerroga- Art. 42 - O policial-militar que, por sua atuação, se tornar in-
tiva impessoal, em cujo exercício o policial-militar se define e se compatível com o cargo ou demonstrar incapacidade no exercício
caracteriza como Chefe. de funções policiais-militares a ele inerentes, será afastado do car-
Parágrafo único - Aplica-se à Direção e à Chefia de Organização go.
Policial-Militar, no que couber, o estabelecido para o Comando. § 1º - São competentes para determinar o imediato afastamen-
Art. 34 - A subordinação não afeta, de modo algum, a dignidade to do cargo ou impedimento do exercício da função:
pessoal do policial-militar e decorre, exclusivamente, da estrutura 1 - o Governador do Estado;
hierarquizada da Polícia Militar. 2 - o Secretário de Estado de Segurança Pública;
Art. 35 - O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o 3 - o Comandante Geral da Polícia Militar; e
exercício de funções de Comando, de Chefia e de Direção. 4 - os Comandantes, os Chefes e os Diretores, na conformidade
da legislação ou regulamentação da Corporação.

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§ 2º - O policial-militar afastado do cargo, nas condições men- § 3º - A Conselho de Justificação poderá ser submetido o Oficial
cionadas neste artigo, ficará privado do exercício de qualquer fun- da reserva remunerada ou reformado, presumivelmente incapaz de
ção policial-militar, até a solução do processo ou das providências permanecer na situação de inatividade em que se encontra.
legais cabíveis. Art. 47 - O Aspirante-a-Oficial PM, bem como as praças com es-
Art. 42 A – O policial-militar que responder por malversação, tabilidade assegurada, presumivelmente incapazes de permanece-
alcance de dinheiro ou valores públicos ou outra infração de que rem como policiais-militares da ativa, serão submetidos a Conselho
possa resultar demissão, licenciamento ex offício ou exclusão, po- de Disciplina e afastados das atividades que estiverem exercendo,
derá ser suspenso preventivamente, a qualquer tempo, a critério da na forma da regulamentação própria.
autoridade que determinar a abertura da respectiva apuração, até § 1º - Compete ao Comandante Geral da Polícia Militar julgar,
decisão final do processo. em última instância, os processos oriundos dos Conselhos de Disci-
§ 1º- * Declarado inconstitucional. Tribunal de Justiça - Órgão plina convocados no âmbito da Corporação.
Especial - Representação por Inconstitucionalidade nº 35/02. § 2º - A conselho de Disciplina poderá, também, ser submeti-
§ 2º - A suspensão preventiva de que trata este artigo é medida da a praça na reserva remunerada ou reformada, presumivelmente
acautelatória e não constitui pena. incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se en-
Artigo acrescentado pela Lei nº 3598/2001. contra.

Art. 43 - São proibidas quaisquer manifestações, tanto sobre TÍTULO III


atos superiores, quanto as de caráter reivindicatórios ou político. DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS POLICIAIS-MILI-
TARES
SEÇÃO II
DOS CRIMES MILITARES CAPÍTULO I
DOS DIREITOS
Art. 44 - O Código Penal Militar (CPM) relaciona e classifica os
crimes militares, em tempo de paz e em tempo de guerra e dispõe SEÇÃO I
sobre a aplicação aos militares das penas correspondentes aos cri- ENUMERAÇÃO
mes por eles cometidos, aplicando-se no que couber, aos integran-
tes da Polícia Militar, as disposições estabelecidas no referido CPM. Art. 48 - São direitos dos policiais-militares:
I - a garantia da patente, em toda a sua plenitude, com as van-
Parágrafo único - Compete ao Tribunal estadual competente tagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quando oficial, nos
processar e julgar os policiais-militares em segunda instância, nos termos da legislação específica;
crimes definidos em lei como militares. II - a percepção de remuneração correspondente ao grau hie-
rárquico superior ou melhoria da mesma, quando, ao ser transferi-
SEÇÃO III do para a inatividade contar mais de 30 (trinta) anos de serviço ou
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES nos casos previstos nos incisos II, III e IV do art. 96, sendo que, em
todos estes, terá direito à percepção integral do adicional de inativi-
Art. 45 - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar especifi- dade. Nova redação dada pela Lei nº 23145/1994.
cará e classificará as transgressões disciplinares e estabelecerá as III - a remuneração calculada com base no saldo integral do
normas relativas à amplitude e aplicação das penas disciplinares, à posto ou graduação quando, não contando 30 (trinta) anos de ser-
classificação do comportamento policial-militar e à interposição de viço, for transferido para a reserva remunerada ex-officio, por ter
recursos contra as penas disciplinares. atingido ou a idade limite de permanência na Corporação ou o tem-
§ 1º - Ao Aluno-Oficial PM aplicam-se, também, as disposições po de permanência no posto ou, ainda, ter sido abrangido pela quo-
disciplinares previstas no estabelecimento de ensino onde estiver ta compulsória. Nova redação dada pela Lei nº 2206/1993.
matriculado. IV - nas condições ou nas limitações impostas na legislação e
§ 2º - As penas disciplinares de detenção ou prisão não podem regulamentação própria:
ultrapassar a trinta dias. 1 - a estabilidade, quando praça com 10 (dez) ou mais anos de
tempo de efetivo serviço;
SEÇÃO IV 2 - o uso das designações hierárquicas;
DOS CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DISCIPLINA 3 - a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à gradu-
ação;
Art. 46 - O Oficial presumivelmente incapaz de permanecer 4 - a percepção de remuneração;
como policial-militar da ativa será submetido a Conselho de Justifi- 5 - a assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes,
cação, na forma da legislação própria. assim entendida como o conjunto de atividades relacionadas com
§ 1º - O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação, a prevenção, conservação ou recuperação da saúde, abrangendo
será afastado do exercício de suas funções, a critério do Coman- serviços profissionais médicos, farmacêuticos e odontológicos, bem
dante Geral da Polícia Militar, conforme estabelecido em legislação como o fornecimento, a aplicação de meios e os cuidados e demais
própria. atos médicos e paramédicos necessários;
§ 2º - O Tribunal estadual competente julgará os processos 6 - o funeral para si e seus dependentes constituindo-se no
oriundos dos Conselhos de Justificação, na forma estabelecida em conjunto de medidas tomadas pelo Estado, quando solicitado, des-
lei. de o óbito até o sepultamento condigno;

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7 - a alimentação, assim entendida como as refeições forneci- 3 - as demais praças que contem mais de 30 (trinta) anos de
das aos policiais-militares em atividade; serviço, ao serem transferidas para a inatividade, terão os proven-
8 - o fardamento, constituindo-se no conjunto de uniformes, tos calculados sobre o soldo correspondente à graduação imediata-
roupa branca e de cama, fornecidos ao policial-militar na ativa de mente superior.
graduação inferior a 3º Sargento e, em casos especiais, a outros po- § 2º - São considerados dependentes do policial-militar:
liciais-militares; 1 - a esposa
9 - a moradia para o policial-militar em atividade, compreen- 2 - o filho menor de 21 (vinte e um) anos, ou inválido ou inter-
dendo: dito;
a) alojamento, em organização policial-militar, quando aquar- 3 - a filha solteira, desde que não receba remuneração;
telado; e 4 - o filho estudante, menor de 24 (vinte e quatro) anos, desde
b) habitação para si e seus dependentes, em imóvel sob a res- que não receba remuneração;
ponsabilidade do Estado, de acordo com a disponibilidade existen- 5 - a mão viúva, desde que não receba remuneração;
te; 6 - o enteado, o filho adotivo e o tutela, nas mesmas condições
10 - o transporte, assim entendido como os meios fornecidos dos itens 2, 3 e 4;
ao policial-militar para seu deslocamento, por interesse do serviço 7 - a viúva do policial-militar, enquanto permanecer neste es-
quando o deslocamento implicar em mudança de sede ou de mo- tado, e os demais dependentes mencionados nos itens 2, 3, 4, 5
radia; compreende também as passagens para seus dependentes e e 6 deste parágrafo, desde que vivam sob a responsabilidade da
a translação das respectivas bagagens, de residência a residência; viúva; e
11 - a constituição de pensão policial-militar; 8 - a ex-esposa, com direito a pensão alimentícia estabelecida
12 - a promoção; por sentença transitada em julgado, enquanto não contrair novo
13 - a transferência a pedido para a reserva remunerada; matrimônio.
14 - as férias, os afastamentos temporários dos serviços e as 9 - a(o) companheira(o), nos termos da legislação em vigor;
licenças; que viva sob sua exclusiva dependência econômica, comprovada a
15 - a demissão e o licenciamento voluntários; união estável mediante procedimento administrativo de justifica-
16 - o porte de arma, quando oficial em serviço ativo ou em ção. Item acrescentado pelo art. 4º da Lei nº 4300/2004.
inatividade, salvo o caso de inatividade por alienação mental ou § 3º - São ainda considerados dependentes do policial-militar,
condenação por crimes contra a segurança do Estado ou por ativi- desde que vivam sob sua dependência econômica, sob o mesmo
dades que desaconselhem aquele porte; teto e quando expressamente declarados na organização policial-
17 - o porte de arma, pelas praças, com as restrições impostas -militar competente:
pela Polícia Militar; 1 - a filha, a enteada e a tutelada, quer viúvas, separadas judi-
18 assistência judiciária quando for praticada a infração penal cialmente ou divorciadas, desde que não recebam remuneração;
no exercício da função policial-militar ou em razão dela, conforme 2 - a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou solteira,
estabelecer a regulamentação especial; e bem como separadas judicialmente ou divorciadas, desde que, em
19 - outros direitos previstos em legislação específica ou pe- qualquer dessas situações, não recebam remuneração;
culiar. 3 - os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e respecti-
*V - Jornada de 6 (seis) horas para o trabalho em turnos ininter- vos cônjuges, estes desde que não recebam remuneração;
ruptos de revezamento; 4 - o pai maior de 60 (sessenta) anos e seu respectivo cônjuge,
*VI - A duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) ho- desde que ambos não recebam remuneração;
ras diárias e 40 (quarenta) horas semanais; 5 - o irmão, o cunha e o sobrinho, quando menores, ou inváli-
*VII - A remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- dos ou interditos sem outro arrimo;
nimo, em cinqüenta por cento à do normal. 6 - a irmã, a cunhada e a sobrinha solteiras, viúvas, separadas
*(incisos acrescentados pela Lei nº 1900/91) judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remunera-
ção;
§ 1º - A percepção da remuneração correspondente ao grau 7 - o neto, órgão, menor inválido ou interdito;
hierárquico superior ou melhoria da mesma, de que trata o inciso II 8 - a pessoa que viva no mínimo há cinco anos sob a sua exclu-
deste artigo, obedecerá ao seguinte: siva dependência econômica, comprovada mediante procedimento
1 - o oficial que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, após administrativo de justificação; Nova redação dada pelo art. 6º da
o ingresso na inatividade, terá seus proventos calculados sobre o Lei nº 4300/2004.
soldo correspondente ao posto imediato, se existir na Polícia Militar * 9 - a companheira, desde que viva em sua companhia há mais
posto superior ao seu, mesmo que de outro Quadro; se ocupan- de 5 (cinco) anos, comprovada por justificação judicial; e * Item re-
te do último posto da hierarquia da Corporação, o oficial terá os vogado pelo art. 8º da Lei nº 4300/2004.
proventos calculados, tomando-se por base o soldo do seu próprio 10 - o menor que esteja sob sua guarda, sustento e responsabi-
posto acrescido de percentual fixado em legislação própria. lidade, mediante autorização judicial.
2 - os Subtenentes, quando transferidos para a inatividade, te- § 4º - Para efeito do disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, não
rão os proventos calculados sobre o soldo correspondente ao pos- serão considerados como remuneração os rendimentos não pro-
to de Segundo-Tenente PM, desde que contem mais de 30 (trinta) venientes do trabalho assalariado, ainda que recebidos dos cofres
anos de serviço; e públicos, ou a remuneração que, mesmo resultante de relação de
trabalho, não enseje ao dependente do policial-militar qualquer di-
reito à assistência previdenciária oficial.

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Art. 49 - O policial-militar que se julgar prejudicado ou ofendido Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica aos po-
por qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior hierár- liciais-militares da reserva remunerada e aos reformados quanto ao
quico poderá recorrer ou interpor pedido de reconsideração, quei- exercício de mandato eletivo, quanto ao de função de magistério ou
xa ou representação, segundo legislação vigente na Corporação. cargo em comissão ou quanto ao contrato para prestação de servi-
§ 1º - O direito de recorrer na esfera administrativa prescre- ços técnicos ou especializados.
verá: Art. 56 - Os proventos da inatividade serão revistos sempre
1 - em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimento da co- que, por motivo de alteração do poder aquisitivo da moeda, se mo-
municação oficial, quanto a ato que decorra da inclusão em quota dificarem os vencimentos dos policiais-militares em serviço ativo.
compulsória ou de composição de Quadro de Acesso; e Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em lei, os pro-
2 - em 120 (cento e vinte) dias corridos, nos demais casos. ventos da inatividade não poderão exceder à remuneração perce-
§ 2º - O pedido de reconsideração, a queixa e a representação bida pelo policial-militar da ativa no posto ou na graduação corres-
não podem ser feitos coletivamente. pondente aos dos seus proventos.
§ 3º - O policial-militar só poderá recorrer ao Judiciário após
esgotados ou recursos administrativos e deverá participar esta ini- SEÇÃO III
ciativa antecipadamente à autoridade à qual estiver subordinado. DA PROMOÇÃO
Art. 50 - Os policiais-militares são alistáveis, como eleitores,
desde que oficiais, aspirantes-a-oficial, alunos-oficiais, subtenentes Art. 57 - O acesso na hierarquia da Polícia Militar, fundamenta-
e sargentos. do principalmente no valor moral e profissional, é seletivo, gradual
Parágrafo único - Os policiais-militares alistáveis são elegíveis, e sucessivo e será feito mediante promoções, de conformidade com
atendidas as seguintes condições: a legislação e regulamentação de promoções de oficiais e praças, de
1 - se contarem menos de 5 (cinco) anos de serviço serão, ao se modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para os
candidatarem a cargo eletivo, excluídos do serviço ativo, mediante policiais-militares.
demissão ou licenciamento ex-officio; e § 1º - O planejamento da carreira dos oficiais e das praças é
2 - se em atividade, com 5(cinco) ou mais anos de serviço, ao atribuição do Comandante Geral da Polícia Militar.
se candidatarem a cargo eletivo, serão afastados, temporariamen- § 2º - A promoção é um ato administrativo e tem como fina-
te, do serviço ativo e agregados, considerados em licença para tra- lidade básica a seleção dos policiais-militares para o exercício de
tar de interesse particular, se eleitos, serão, no ato da diplomação funções pertinentes ao grau hierárquico superior.
transferidos para a reserva remunerada, percebendo a remunera- * § 3º - O Policial Militar não será promovido se estiver conde-
ção a que fizerem jus, em função do tempo de serviço. nado por crime comum ou especial, inclusive o militar, por sentença
transitada em julgado, ou se estiver sendo submetido aos Conse-
SEÇÃO II lhos de Justificação, de Disciplina ou à Comissão de Revisão Disci-
DA REMUNERAÇÃO plinar e, ainda, se não satisfizer as demais condições previstas no
Decreto-Lei nº 216, de 18.07.1975, e no RPP aprovado pelo Decreto
Art. 51 - A remuneração dos policiais-militares, devida com ba- nº 7.766 de 28.11.84. * Nova redação dada pela Lei nº 2109/1993.
ses estabelecidas em legislação própria, compreende: * Art. 58 - As promoções serão efetuadas pelos critérios de anti-
I - na ativa: güidade, merecimento, tempo de serviço, bravura e “post-mortem.
1 - vencimentos, constituídos de soldo e gratificações; e * Nova redação dada pela Lei nº 3793/2002.
2 - indenizações; e . ver: lei nº 3793/2002.
II - na inatividade:
1 - proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo e grati- § 1º - Em casos extraordinários e independentemente de vagas,
ficações incorporáveis; e poderá haver promoções em ressarcimento de preterição.
2 - indenizações na inatividade. § 2º - A promoção de policial-militar feita em ressarcimento
Parágrafo único - O policial-militar fará jus, ainda, a outros di- de preterição será efetuada segundo os critérios de antigüidade ou
reitos pecuniários em casos especiais. merecimento, recebendo ele o número que lhe competir na escala
Art. 52 - O soldo é irredutível e não está sujeito a penhora, se- hierárquica como se houvesse sido promovido, na época devida,
qüestro ou arresto, exceto nos casos previstos em lei. pelo critério em que seria feita sua promoção.
Art. 53 - O valor do soldo é igual para o policial-militar da ativa, Art. 59 - Não haverá promoção de policial-militar por ocasião
da reserva remunerado ou reformado, de um mesmo grau hierár- de sua transferência para a reserva remunerada ou reforma.
quico, ressalvado o disposto no inciso II do caput do art. 48. *Art. 60 - A fim de manter a renovação, o equilíbrio e a regula-
Art. 54 - Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o po- ridade de acesso nos diferentes Quadros, haverá anual e obrigato-
licial-militar terá direito a tantas quotas do soldo quantos forem os riamente um número fixado de vagas à promoção nas proporções
anos de serviço, computáveis para a inatividade, até o máximo de a seguir indicadas:
30 (trinta) anos, ressalvado o disposto no inciso III do caput do art. * I – Coronéis: 1/6 (um sexto) do efetivo previsto, nos respecti-
48. vos Quadros; (NR) Nova redação dada pela Lei 8976/2020.
Parágrafo único - Para efeito de contagem de quotas, a fração * II – Tenentes-Coronéis: 1/10 (um décimo) do efetivo previsto,
de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias, será consi- nos respectivos Quadros; *( Nova redação dada pelo art.1º da Lei
derada 1 (um) anos. 3498/2000)
Art. 55 - É proibido acumular remuneração de inatividade. * III – majores: 1/15 (um quinze avos) do efetivo previsto,
nos respectivos Quadros. *( Nova redação dada pelo art.1º da Lei
3498/2000)
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* IV . - Nos Quadros de que trata o item 3 do inciso I do art. 96: Art. 63 - As férias e outros afastamentos mencionados nesta
* Nova redação dada pela Lei nº 794/1984. seção são concedidos com a remuneração prevista na legislação
1 - Oficiais do último posto previsto na hierarquia do seu Qua- própria e computados como tempo de efetivo serviço para todos
dro: 1/10 do respectivo Quadro; os efeitos legais.
2 - Oficiais do penúltimo posto previsto na hierarquia do seu
Quadro: 1/12 do respectivo Quadro. SEÇÃO V
§ 1º - O número de vagas para promoção obrigatória em cada DAS LICENÇAS
ano-base para os postos relativos aos incisos I, II, III e IV deste ar-
tigo, será fixado pelo Comandante Geral até o dia 15 de janeiro do Art. 64 - Licença é a autorização para o afastamento total do
ano seguinte. serviço, em caráter temporário, concedida ao policial-militar, obe-
§ 2º - As frações que resultarem da aplicação das proporções decidas as disposições legais e regulamentares.
estabelecidas neste artigo, serão adicionadas cumulativamente aos § 1º - A licença pode ser:
cálculos correspondentes dos anos seguintes, até completar-se, 1 - especial;
pelo menos 1 (um) inteiro, que, então será computado para obten- 2 - para tratar de interesse particular;
ção de uma vaga para promoção obrigatória. 3 - para tratamento de saúde de pessoa da família; e
§ 3º - As vagas serão consideradas abertas: 4 - para tratamento de saúde própria.
1 - na data da assinatura do ato que promover, passar para a § 2º - A remuneração do policial-militar licenciado será regula-
inatividade, transferir de Quadro, demitir ou agregar o policial-mi- da em legislação própria.
litar; § 3º - A concessão de licença é regulada pelo Comandante Ge-
2 - na data fixada na Lei de Promoções de Oficiais (LPO) da ativa ral da Policia Militar.
da Polícia Militar ou seus regulamentos, em casos neles indicados; e Art. 65 - A licença especial é a autorização para afastamento
3 - na data oficial do óbito do policial-militar. total do serviço, relativa a cada decênio de tempo de efetivo serviço
prestado, concedida ao policial-militar que a requeira, sem que im-
SEÇÃO IV plique em qualquer restrição para a sua carreira.
DAS FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS DO § 1º - A licença especial tem a duração de 6 (seis) meses, a
SERVIÇO ser gozada de uma só vez, podendo ser parcelada em 2 (dois) ou 3
(três) meses, quando solicitado pelo interessado e julgado conve-
Art. 61 - Férias são afastamentos totais do serviço, anual e obri- niente pelo Comandante Geral da Corporação.
gatoriamente concedidos aos policiais-militares para descanso, a § 2º - O período de licença especial não interrompe a contagem
partir do último mês do ano a que se referem e durante todo o ano de tempo de efetivo serviço.
seguinte. § 3º - Os períodos de licença especial não gozados pelo poli-
§ 1º - O Poder Executivo Estadual fixará a duração das férias. cial-militar são computados em dobro para fins exclusivos de conta-
§ 2º - Compete ao Comandante Geral da Polícia Militar a regu- gem de tempo para a passagem para a inatividade e, nesta situação,
lamentação da concessão das férias anuais. para todos os efeitos legais.
§ 3º - A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo ante- § 4º - A licença especial não é prejudicada pelo gozo anterior
rior de licença para tratamento de saúde, licença especial, por pu- de qualquer licença para tratamento de saúde e para que sejam
nição anterior decorrente de transgressão disciplinar, pelo estado cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas
de guerra ou para que sejam cumpridos atos de serviço, bem como licenças.
não anula o direito àquelas licenças. § 5º - Uma vez concedida a licença especial, o policial-militar
§ 4º - Somente em casos de interesse da Segurança Nacional, será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das funções
de manutenção da ordem, de extrema necessidade do serviço ou que exerce e ficará à disposição do órgão de pessoal da Polícia Mili-
de transferência para a inatividade, ou para cumprimento de puni- tar, adido à organização policial-militar onde servir.
ção decorrente de transgressão disciplinar de natureza grave e em * Art. 66 - A licença para tratar de interesse particular é a au-
caso de baixa a hospital, os policiais-militares terão interrompido torização para afastamento total do serviço, concedida ao policial
ou deixarão de gozar, na época prevista, o período de férias a que militar com mais de 05 (cinco) anos de efetivo serviço, que a requei-
tiverem direito, registrando-se o fato em seus assentamentos. ra com aquela finalidade, e somente poderá ser requerida a cada
§ 5º - Na impossibilidade de gozo de férias no ano seguinte pe- 10 (dez) anos da primeira concessão. * Nova redação dada pela Lei
los motivos previstos no parágrafo anterior, ressalvados os casos de 7714/2017.
transgressão disciplinar de natureza grave, o período de férias não § 1º - A licença de que trata este artigo será sempre concedida
gozado será computado dia a dia, pelo dobro, no momento da pas- com prejuízo da remuneração e da contagem do tempo de efetivo
sagem do policial-militar para a inatividade e nesta situação para serviço, exceto, quanto a este último, para fins de indicação para a
todos os efeitos legais. quota compulsória.
Art. 62 - Os policiais-militares têm direito, ainda, aos seguintes § 2º - A policial-militar (PM-Fem) casada terá direito a licen-
períodos de afastamento total do serviço, obedecidas as disposi- ça para tratar de interesse particular, independentemente de seu
ções legais e regulamentares, por motivo de: tempo de efetivo serviço, quando o marido for mandado servir,
I - núpcias: 8 (oito) dias; ex-officio, fora do Estado do Rio de Janeiro, seja em outro ponto
II - luto: 8 (oito)dias; do território nacional ou no estrangeiro, dependendo a licença de
III - instalação: até 10 (dez) dias; requerimento devidamente instruído.
IV - trânsito: até 15 (quinze) dias.

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Art. 67 - À policial-militar (PM-Fem) gestante será concedida, Art. 72 - Somente em caso de flagrante delito, o policial-militar
mediante inspeção médica, licença para tratamento de saúde pró- poderá ser preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a
pria, por quatro meses, sem qualquer prejuízo dos vencimentos a entregá-lo imediatamente à autoridade policial-militar mais próxi-
que fizer jus. ma, só podendo retê-lo na delegacia ou posto policial durante o
Parágrafo único - Salvo prescrição médica em contrário, a licen- tempo necessário à lavratura do flagrante.
ça a que se refere este artigo será concedida a partir do início do § 1º - O Comandante Geral da Polícia Militar deverá ter a ini-
oitavo mês de gestação. ciativa de responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o
Art. 68 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou nas disposto neste artigo e a que maltratar ou consentir que seja mal-
condições estabelecidas neste artigo. tratado qualquer preso policial-militar ou não lhe der o tratamento
§ 1º - A interrupção da licença especial ou de licença para tratar devido ao seu posto ou à sua graduação.
de interesse particular poderá ocorrer: § 2º - Se durante o processo e julgamento no foro civil, houver
1 - em caso de mobilização e estado de guerra; perigo de vida para qualquer preso policial-militar, o Comandante
2 - em caso de decretação de estado de emergência ou de es- Geral da Polícia Militar, mediante requisição da autoridade judici-
tado de sítio; ária, mandará guardar os pretórios ou tribunais por força policial-
3 - em caso de emergente necessidade da segurança pública; -militar.
4 - para cumprimento de sentença que importe em restrição da Art. 73 - Os policiais-militares da ativa, no exercício de funções
liberdade individual; policiais-militares, são dispensados do serviço na instituição do Júri
5 - para cumprimento de punição disciplinar, conforme regula- e do serviço na Justiça Eleitoral.
do pelo Comandante Geral da Polícia Militar; e
6 - em caso de denúncia ou pronúncia em processo criminal SEÇÃO II
ou indicação em inquérito policial-militar, a juízo da autoridade que DO USO DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR
efetivou a denúncia, a pronúncia ou a indiciação.
§ 2º - A interrupção de licença para tratar de interesse particu- Art. 74 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus distintivos,
lar será definitiva quando o policial-militar for reformado ou trans- insígnias e emblemas, são privativos dos policiais-militares e sim-
ferido ex-officio para a reserva remunerada. bolizam a autoridade policial-militar com as prerrogativas que lhe
§ 3º - A interrupção da licença para tratamento de saúde de são inerentes.
pessoa da família, para cumprimento de pena disciplinar que im- Parágrafo único - Constituem crimes previstos na legislação
porte em restrição da liberdade individual, será regulada pelo Co- específica o desrespeito aos uniformes, distintivos, insígnias e em-
mandante Geral da Polícia Militar. blemas policiais-militares, bem como seu uso por quem a eles não
tiver direito.
SEÇÃO VI Art. 75 - O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias e
DA PENSÃO POLICIAL-MILITAR emblemas, bem como os modelos, descrição, composição, peças
acessórias e outras disposições, são os estabelecidos na regulamen-
Art. 69 - A pensão policial-militar destina-se a amparar os be- tação própria da Polícia Militar.
neficiários do policial-militar falecido ou extraviado e será paga con- § 1º - É proibido ao policial-militar o uso de uniformes:
forme o disposto em legislação própria. 1 - em reuniões, propaganda ou qualquer outra manifestação
Art. 70 - A pensão policial-militar defere-se nas prioridades e de caráter político-partidário;
condições estabelecidas em legislação própria. 2 - na inatividade, salvo para comparecer a solenidades milita-
res e policiais-militares e, quando autorizado, a cerimônias cívicas
CAPÍTULO II comemorativas de datas nacionais ou a atos sociais solenes de ca-
DAS PRERROGATIVAS ráter particular; e
3 - no estrangeiro, quando em atividades não relacionadas com
SEÇÃO I a missão policial-militar, salvo expressamente determinado ou au-
CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO torizado.
§ 2º - Os policiais-militares na inatividade, cuja conduta possa
Art. 71 - As prerrogativas dos policiais-militares são constituí- ser considerada como ofensiva à dignidade da classe, poderão ser
das pelas honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierár- definitivamente proibidos de usar uniformes, por decisão do Co-
quicos e cargos. mandante Geral da Polícia Militar.
Parágrafo único - São prerrogativas dos policiais-militares: Art. 76 - O policial-militar fardado tem as obrigações corres-
1 - uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas pondentes ao uniforme que use e aos distintivos, aos emblemas ou
policiais-militares, correspondentes ao posto ou à graduação, qua- às insígnias que ostente.
dro ou cargo; Art. 77 - É vedado a qualquer elemento civil ou organizações
2 - honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam asse- civis usar uniformes ou ostentar distintivos, insígnias ou emblemas
gurados em leis e regulamentos; que possam ser confundidos com os adotados na Polícia Militar.
3 - cumprimento de pena de prisão, reclusão ou detenção so- Parágrafo único - São responsáveis pela infração das disposi-
mente em organização policial-militar, cujo Comandante, Chefe ou ções deste artigo, além dos indivíduos que a tenham cometido, os
Diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou detido; e diretores ou chefes de repartições, organizações de qualquer na-
4 - julgamento em foro especial, nos crimes militares. tureza, firma ou empregadores, empresas e institutos ou departa-

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mentos que tenham adotado ou consentido sejam usados unifor- VII - haver sido esgotado o prazo que caracteriza o crime de
mes ou ostentado distintivos, insígnias ou emblemas que possam deserção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com
ser confundidos com os adotados na Polícia Militar. estabilidade assegurada;
VIII - como desertor, ter-se apresentado voluntariamente, ou
TÍTULO IV ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar;
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS IX - se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição da
Justiça Comum;
CAPÍTULO I X - ter sido condenado a pena restritiva de liberdade superior a
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS 6 (seis) meses, em sentença transitada em julgado, enquanto durar
a execução, excluído o período de sua suspensão condicional, se
SEÇÃO I concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer à Polícia
DA AGREGAÇÃO Militar ou com ela incompatível;
XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do
Art. 78 - A agregação é a situação na qual o policial-militar da posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar;
ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu Quadro, XII - ter passado à disposição de qualquer Ministério, de órgãos
nela permanecendo sem número. do Governo Federal, dos Governos Estaduais, dos Territórios ou do
Art. 79 - O policial-militar será agregado e considerado, para Distrito Federal, para exercer função de natureza civil;
todos os efeitos legais, como em serviço ativo, quando: XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo público civil tempo-
I - For nomeado para cargo policial-militar ou considerado de rário, não eletivo, inclusive da administração indireta; e
natureza policial-militar ou de interesse policial-militar estabeleci- XIV - ter-se candidatado a cargo eletivo desde que conte 5 (cin-
do em lei ou decreto, não previsto nos quadro de organização da co) ou mais anos de serviço.
Polícia Militar, exceção feita aos membros das comissões de estudo § 1º - A agregação de policial-militar nos casos dos incisos I, II,
ou de aquisição feita aos membros das comissões de estudo ou de III e IV é contada a partir do primeiro dias após os respectivos prazos
aquisição de material e aos estagiários para aperfeiçoamento de e enquanto durar o evento.
conhecimentos policiais-militares em organizações militares ou in- § 2º - A agregação de policial-militar nos casos dos incisos V,
dustriais, ainda que no estrangeiro; VI, VII, VIII, IX, X e XI é contada a partir da data indicada no ato que
II - for posto à disposição exclusiva de outra Corporação para tornar público o respectivo evento.
ocupar cargo policial-militar ou considerado de natureza policial- § 3º - A agregação de policial-militar nos casos dos incisos XII
-militar; e XIII é contada a partir da data de posse no novo cargo, até o re-
III - aguardar a transferência ex-officio para a reserva remune- gresso à Polícia Militar ou transferência ex-officio para a reserva
rada, por ter sido enquadrado em quaisquer requisitos que a mo- remunerada.
tivaram; e § 4º - A agregação de policial-militar no caso do inciso XIV é
IV - o órgão competente para formalizar o respectivo processo contada a partir da data do registro como candidato, até sua diplo-
tiver conhecimento oficial do pedido de transferência do policial- mação ou seu regresso à Polícia Militar, se não houver sido eleito.
-militar para a reserva remunerada. Art. 81 - O policial-militar agregado fica sujeito às obrigações
§ 1º - A agregação do policial-militar nos casos dos incisos I e disciplinares concernentes às suas relações com outros policiais-mi-
II é contada a partir da data da posse do novo cargo, até o regresso litares, militares e autoridades civis, salvo quando titular de cargo
à Polícia Militar ou a transferência ex-officio para a reserva remu- que lhe dê precedência funcional sobre outros policiais-militares ou
nerada. militares mais graduados ou mais antigos.
§ 2º - A agregação de policial-militar no caso do inciso III é con- Art. 82 - O policial-militar agregado ficará adido, para efeito de
tada a partir da data indicada no ato que tornar público o respectivo alterações e remuneração, à organização policial-militar, que lhe for
evento. designada, continuando a figurar no respectivo registro, sem núme-
§ 3º - A agregação de policial-militar no caso do inciso IV é con- ro no lugar que até então ocupava, com a abreviatura AG e anota-
tada a partir da data indicada no ato que tornar pública a comunica- ções esclarecedoras de sua situação.
ção oficial, até a transferência para a reserva remunerada. Art. 83 - A agregação se faz por ato do Governador do Estado,
Art. 80 - O policial-militar será agregado quando for afastado para os Oficiais, e pelo Comandante Geral da Polícia Militar, para as
temporariamente do serviço ativo por motivo de: praças.
I - ter sido julgado incapaz temporariamente, após um ano con- SEÇÃO II
tínuo de tratamento; DA REVERSÃO
II - haver ultrapassado um ano contínuo de licença para trata-
mento de saúde própria; Art. 84 - Reversão é o ato pelo qual o policial-militar agregado
III - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos de licença para retorna ao respectivo Quadro tão logo cesse o motivo que determi-
tratar de interesse particular; nou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir na
IV - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença respectiva escala numérica, na primeira vaga que ocorrer, observa-
para tratamento de saúde de pessoa da família; do o disposto no § 3º do art. 98.
V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita Parágrafo único - A qualquer tempo poderá ser determinada a
o processo de reforma; reversão do policial-militar agregado, nos casos previstos nos inci-
VI - ter sido considerado oficialmente extraviado; sos IX, XII e XIII do art. 80.

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Art. 85 - A reversão será efetuada mediante ato do Governador SEÇÃO IV


do Estado ou do Comandante Geral da Polícia Militar, quando se DO AUSENTE E DO DESERTOR
tratar, respectivamente, de oficiais ou de praças.
Art. 87 - É considerado ausente o policial-militar que, por mais
SEÇÃO III de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas:
DO EXCEDENTE E DO NÃO NUMERADO I - deixar de comparecer à sua organização policial-militar, sem
Nova denominação dada pela Lei nº 3793/2002. comunicar qualquer motivo de impedimento; e
II - ausentar-se, sem licença, da organização policial-militar
Art. 86 - Excedente é a situação transitória a que, automatica- onde serve ou local onde deve permanecer.
mente, passa o policial-militar que: Parágrafo único - Decorrido o prazo mencionado neste artigo,
I - tendo cessado o motivo que determinou a sua agregação, serão observadas as formalidades previstas em legislação específi-
reverta ao respectivo Quadro, estando com seu efetivo completo; ca.
II - aguarde a colocação a que faz jus na escala hierárquica após Art. 88 - O policial-militar é considerado desertor nos casos pre-
haver sido transferido de Quadro, estando o mesmo com seu efe- vistos na legislação penal militar.
tivo completo;
*III - é promovido por bravura ou por tempo de serviço sem SEÇÃO V
haver vaga; * Nova redação dada pela Lei nº 764/1984 DO DESAPARECIDO E DO EXTRAVIADO
IV - é promovido indevidamente;
V - sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ul- Art. 89 - É considerado desaparecido o policial-militar da ativa
trapasse o efetivo do seu Quadro, em virtude de promoção de outro que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em opera-
policial-militar em ressarcimento de preterição; e ções policiais-militares ou em caso de calamidade pública, tiver pa-
VI - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por radeiro ignorado por mais de 8 (oito) dias.
incapacidade definitiva, retorne ao respectivo Quadro, estando este Parágrafo único - A situação de desaparecimento só será consi-
com seu efetivo completo. derada quando não houver indício de deserção.
§ 1º - O policial-militar cuja situação é excedente, salvo o inde- Art. 90 - O policial-militar que, na forma do artigo anterior, per-
vidamente promovido, ocupa a mesma posição relativa, em antigüi- manecer desaparecido por mais de 30 (trinta) dias, será oficialmen-
dade, que lhe cabe na escala hierárquica, com a abreviatura do Excd te considerado extraviado.
e receberá o número que lhe competir, em conseqüência da primei-
ra vaga que se verificar, observado o disposto no § 3º do art. 98. CAPÍTULO II
§ 2º - O policial-militar, cuja situação é a de excedente, é con- DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
siderado como em efetivo serviço para todos os efeitos e concorre,
respeitados os requisitos legais, em igualdade de condições e sem SEÇÃO I
nenhuma restrição, a qualquer cargo policial-militar, bem como à DA OCORRÊNCIA
promoção e à quota compulsória.
§ 3º - O Policial-Militar promovido por bravura ou por tempo de Art. 91 - A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar e o con-
serviço, sem haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, observado seqüente desligamento da organização policial-militar a que estiver
o disposto no § 3º do art. 98, deslocando o critério de promoção a vinculado o policial-militar, decorre dos seguinte motivos:
ser seguido para a vaga seguinte. I - transferência para a reserva remunerada;
* Nova redação dada pela Lei nº 764/1984 II - reforma;
§ 4º - O policial-militar promovido indevidamente só contará III - demissão;
antigüidade e receberá o número que lhe competir na escala hie- IV - perda de posto e patente;
rárquica, quando a vaga que deverá preencher corresponder ao cri- V - licenciamento;
tério pelo qual deveria ter sido promovido, desde que satisfaça os VI - exclusão a bem da disciplina;
requisitos para a promoção. VII - deserção;
* § 5º - Não numerado é a situação na qual se encontra o Po- VIII - falecimento; e
licial Militar promovido por força de Lei de iniciativa privativa do IX - extravio.
Governador do Estado, conforme dispõe o art. 112, § 1º, inciso II,
alínea “a” da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, sem ocupar Parágrafo único - A exclusão do serviço ativo será processada
vaga no Quadro, situação esta que ficará inalterada enquanto per- após a expedição de ato do Governador do Estado, quando oficial,
manecer no posto ou graduação que a motivou, sendo respeitada ou do Comandante Geral da Polícia Militar, quando praça.
sua antigüidade com todos os direitos assegurados pelos diversos Art. 92 - O policial-militar da ativa, enquadrado em um dos inci-
diplomas legais afetos ao Policial Militar. * Acrescentado pela Lei sos I, II e V do artigo anterior ou demissionário a pedido, continuará
nº 3793/2002. no exercício de funções até ser desligado da organização policial-
-militar em que serve.
§ 1º - O desligamento da organização policial-militar em que
serve deverá ser feito após a publicação, em Diário Oficial ou em
Boletim da Corporação, do ato oficial correspondente e não poderá
exceder 45 (quarenta e cinco) dias da data da primeira publicação
oficial.

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§ 2º - Ultrapassado o prazo a que se refere o parágrafo anterior, 1 - ou deixar de figurar no Quadro de Acesso pelo número de
o policial-militar será considerado desligado da organização a que vezes fixado na legislação disciplinadora das promoções, desde que
estiver vinculado, deixando de contar tempo de serviço para fins de conte, no mínimo, 25 (vinte e cinco) anos de efetivo serviço;
transferência para a inatividade. 2 - ou contar, no mínimo, 28 (vinte e oito) anos de efetivo servi-
ço e for considerado inabilitado.
SEÇÃO II a) ou para o acesso, por estar definitivamente impedido de re-
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA alizar o Curso exigido para promoção a Coronel PM;
b) ou para o acesso a Coronel PM, por 2 (duas) vezes, consecu-
Art. 93 - A passagem do policial-militar à situação de inativida- tivas ou não, pela Comissão de Promoção de Oficiais, mesmo sem
de, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua: concorrer à constituição do Quadro de Acesso;
I - a pedido; e * 3 – ou por não ter sido escolhido após a inclusão em 04 (qua-
II - ex-officio. tro) quadros de acesso, consecutivos ou não, para a promoção ao
* Art. 94 - A transferência do policial militar para a reserva re- posto de Coronel PM, desde que conte com 30 (trinta) anos de efeti-
munerada pode ser suspensa, apenas, na vigência do estado de de- vo serviço prestado à Corporação. * Incluído pela Lei nº 5233/2008.
fesa ou de sítio, bem como em caso de mobilização. * Nova redação VII - quando ultrapassar 2 (dois) anos, contínuos ou não, em li-
dada pela Lei nº 2206/1993. cença para tratamento de interesse particular; * Nova redação dada
Art. 95 - A transferência para a reserva remunerada, a pedi- pela Lei nº 2206/1993
do, será concedida, mediante requerimento, ao policial-militar que VIII - quando ultrapassar 2 (dois) anos contínuos, em licença
contar, no mínimo de, 30 (trinta) anos de serviço. para tratamento de saúde de pessoa da família; * Nova redação
§ 1º - O oficial da ativa pode pleitear transferência para a reser- dada pela Lei nº 2206/1993
va remunerada mediante inclusão voluntária na quota compulsória. * IX - quando passar a exercer cargo público civil permanente
* § 2º - No caso de o policial militar haver realizado qualquer (art. 42, § 3º, da Constituição Federal); * Nova redação dada pela
curso ou estágio de duração superior a 06 (seis) meses, por conta Lei nº 2206/1993
do Erário, no exterior ou em outro Estado da Federação, sem ha- * X - quando, aceitando cargo, emprego ou função pública civil
ver decorrido 03 (três) anos de seu término, a transferência para temporária, não eletiva, da administração direta, indireta ou fun-
a reserva remunerada só será concedida mediante indenização de dacional, permanecer, na condição de agregado, afastado por mais
todas as despesas correspondentes a realização do referido curso de 2 (dois) anos, contínuos ou não (art. 42, § 4º, da Constituição
ou estágio, inclusive as diferenças de vencimentos. (NR) * Nova re- Federal); * Nova redação dada pela Lei nº 2206/1993
dação dada pela Lei nº 4475/2004. * XII - quando, em se tratando de Subtenente PM ou 1º Sar-
* § 3º Poderá ser concedida transferência para a reserva remu- gento PM, for considerado pela Comissão de Promoções de Praças
nerada, a pedido, e a título precário,após apreciação e deliberação com conceito profissional desfavorável para ingresso no Curso de
da Comissão de Promoção, ao Policial Militar que estiver respon- Habilitação ao QOA/QOE, por 2 (duas) vezes, consecutivas ou não,
dendo à sindicância ou a inquérito policial ou extra-policial, ou a desde que tenha, no mínimo, ou venha a ter, também no mínimo,
processo penal ou administrativo condicionada a sua efetivação no 30 (trinta) anos de efetivo exercício. * Nova redação dada pela Lei
transitado em julgado daqueles procedimentos legais.(NR) * Nova nº 2206/1993
redação dada pela Lei 5919/2011. XIII - ser diplomado em cargo eletivo, na forma do item 2, pará-
§ 4º - Facultar-se-á ao Policial Militar, mesmo não integrante grafo único, do art. 50.
do Quadro de Acesso, requerer passagem para reserva remune- * XIV - For o Subtenente PM ou 1º. Sargento PM considerado
rada, desde que conte 25 (vinte e cinco) anos ou mais de efetivo inabilitado para inclusão em Quadro de Acesso ao Curso de Habili-
serviço prestados à corporação. * Nova redação dada pela Lei nº tação ao QOA/QOE, por 2 (duas) vezes, consecutivas ou não, pela
1900/1991. Comissão de Promoções de Praças, desde que conte mais de 30
* Art. 96 - A transferência ex-officio do policial militar para a (trinta) anos de efetivo serviço. * Inciso acrescentado pelo artigo 4º
reserva remunerada ocorrerá em um dos seguintes casos: da Lei nº 820/1984
I - quando completar 60 (sessenta) anos de idade; * Nova reda- * XV- Revogado pela Lei nº 1900/91
ção dada pela Lei nº 2206/1993 * § 1º Excetuam-se da regra o caput deste artigo os Oficiais
* II – Quando completar o Coronel PM do Quadro de Oficiais da Superiores ocupantes dos cargos de Secretário de Estado, de Sub-
Polícia Militar (QOPM) 6 (seis) anos de permanência no posto, des- secretário de Estado da Secretaria de Estado da Polícia Militar; de
de que conte com 30 (trinta) anos de efetivo serviço; (NR) * Nova Coordenador Militar da Secretaria de Estado da Casa Civil e Gover-
redação dada pela Lei 8976/2020. nança, de funções similares na Assessoria Militar da Presidência da
* III – quando completarem os demais Oficiais Superiores 06 Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ, na Dire-
(seis) anos de permanência no último posto previsto na hierarquia toria-Geral de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça, na Co-
de seus respectivos Quadros, desde que contem com 30 (trinta) ordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público, de
anos de efetivo serviço; * Nova redação dada pela Lei nº 5233/2008. Comando Geral da Polícia Militar, de Coordenador Adjunto da Coor-
* IV- *( Inciso revogado pelo art.3º da Lei 3498/2000) denadoria Militar da Secretaria de Estado da Casa Civil e Governan-
* V - quando, se Oficial, concorrendo à constituição de Quadro ça, de Chefe do Estado-Maior Geral da Polícia Militar, de Subchefe
de Acesso, estiver considerado inabilitado para promoção, em cará- Operacional do Estado-Maior Geral de Subchefe-Administrativo do
ter definitivo; -* Nova redação dada pela Lei nº 2206/1 Estado-Maior Geral, de Chefe de Gabinete do Comando-Geral da
* VI- quando, em se tratando de Tenente-Coronel: Polícia Militar, de Corregedor Interno da Polícia Militar, de Coorde-
nador de Inteligência, de Comandantes dos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e
7º Comando de Policiamento da Área, Comandantes do Comando
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de Operações Especiais, Comando de Policiamento Especializado, Art. 97 - A quota compulsória, a que se refere o inciso IV do
Comando de Polícia Ambiental, Coordenadoria de Polícia Pacifica- artigo anterior, é destinada a assegurar a renovação, o equilíbrio, a
dora, bem como os demais Oficiais Superiores da Polícia Militar em regularidade de acesso e a adequação dos efetivos da Corporação.
exercício de cargo ou função na Coordenadoria Militar da Casa Civil Art. 98 - Para assegurar o número de vagas à promoção na for-
e Governança, do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro ma estabelecida no art. 60, quando este número não tenha sido
e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, os quais, alcançado com as vagas ocorridas durante o ano considerado ano-
preenchidos os requisitos elencados neste artigo, serão transferi- -base, aplicar-se-á a quota compulsória a que se refere o artigo an-
dos para a inatividade quando de suas exonerações ou dispensas terior.
dos respectivos cargos ou funções. * Nova redação dada pela Lei § 1º - A quota compulsória é calculada deduzindo-se das vagas
8483/2019. fixadas para o ano-base para um determinado posto:
* I – os praças em exercício de cargo ou função na Coordena- 1 - as vagas fixadas para o posto imediatamente superior no
doria Militar da Casa Civil e Governança, do Tribunal de Contas do referido ano-base; e
Estado do Rio de Janeiro e da Assembleia Legislativa do Estado do 2 - as vagas havidas durante o ano-base e abertas a partir de 1º
Rio de Janeiro, os quais, preenchidos os requisitos elencados neste de janeiro até 31 de dezembro, inclusive.
artigo, serão transferidos para a inatividade quando de suas exone- § 2º - Não estão enquadradas no item 2 do parágrafo anterior
rações ou dispensas dos respectivos cargos ou funções. * Incluído as vagas que:
pela Lei 8483/2019. 1 - resultarem da fixação de quota compulsória para o ano an-
* § 2º - A transferência para a reserva do policial-militar enqua- terior ao ano-base; e
drado no inciso IX deste artigo será efetivada no posto ou na gradu- 2 - abertas durante o ano-base, tiverem sido preenchidas por
ação que tinha na ativa, podendo acumular os proventos a que fizer Oficiais excedentes nos Quadros ou que a eles houverem revertido
jus na inatividade com a remuneração do cargo público para o qual em virtude de terem cessado as causas que deram motivos à agre-
for nomeado. * Nova redação dada pela Lei nº 2206/1993 gação, observado o disposto no § 3º deste artigo.
* § 3º - A nomeação do policial-militar para os cargos, empre- § 3º - As vagas decorrentes da aplicação direta da quota com-
gos, ou função pública de que tratam os incisos IX e X deste artigo pulsória e as resultantes das promoções efetivadas nos diversos
somente poderá ser feita: postos em face daquela aplicação inicial, não serão preenchidas por
1- pela autoridade federal competente, mediante requisição ao oficiais excedentes ou agregados que reverterem virtude de have-
Governador do Estado, quando o cargo for da alçada federal; e rem cessado as causas da agregação.
2 - pelo Governador do Estado ou mediante sua autorização, § 4º - As quotas compulsórias só serão aplicadas quando hou-
nos demais casos. * Nova redação dada pela Lei nº 2206/1993 ver, no posto imediatamente abaixo, oficiais que satisfaçam as con-
* § 4º - Enquanto o policial-militar permanecer no cargo de que dições de acesso.
trata o inciso X: Art. 99 - A indicação dos oficiais que integrarem a quota com-
1 - é-lhe assegurada a opção entre a remuneração do cargo, pulsória obedecerá às seguintes prescrições:
emprego ou função pública e a do posto ou graduação; * I - Inicialmente, serão apreciados os requerimentos apresen-
2 - somente poderá ser promovido por antigüidade; e tados pelos Oficiais da ativa que, contando, no mínimo 20 (vinte)
3 - o tempo de serviço é contado apenas para aquela promoção anos de efetivo serviço prestado à Corporação, pedirem a sua in-
e para a transferência para inatividade. * Nova redação dada pela clusão na Cota Compulsória, dando-se atendimento, por prioridade
Lei nº 2206/1993 em cada posto, aos mais idosos; * Nova redação dada pela Lei nº
* § 5º - Ficam excetuados da regra fixada no inciso X deste ar- 2109/1993.
tigo os policiais militares que servem na Secretaria de Estado da II – Se o número de Oficiais voluntários na forma do inciso I não
Polícia Militar e no Gabinete Militar da Governadoria do Estado, os atingir o total de vagas da quota fixada em cada posto, este total
quais, por exercerem funções de natureza tipicamente policial mili- será completado, ex offício, pelos Oficiais que forem os mais idosos
tar, não passarão à condição de agregados (art. 42, § 4º, da Consti- e, em caso de mesma idade, os mais antigos. *( Nova redação dada
tuição Federal). * Nova redação dada pela Lei nº 2206/1993 ao § 1º, pelo art. 1º da Lei 3408/2000)
* § 6º- * Revogado pela Lei nº 6351/2012. 1 - contarem, no mínimo 28 (vinte e oito) anos de efetivo ser-
* § 7º- Revogado pela Lei nº 6351/2012. viço se Coronel PM ou 25 (vinte e cinco) anos de efetivo serviço se
* § 8º- Revogado pela Lei nº 6351/2012. Tenente-Coronel PM ou Major PM;
Nota: o art. 2º da Lei nº 4024, de 11/12/2002 “Art. 2º - Será 2 - possuírem interstício para promoção, quando for o caso;
promovido ao posto de Coronel PM o Tenente Coronel PM, inte- 3 - integrarem as faixas dos que concorrem à constituição dos
grante do Quadro de Acesso por Merecimento (QAM), contando, Quadro de Acesso por antigüidade ou merecimento; e
no mínimo, com 32 (trinta e dois) anos de serviço, que requerer 4 - satisfizerem as condições dos itens 1, 2 e 3, na seguinte or-
promoção à Comissão de Promoção de Oficiais da Polícia Militar dem de prioridade:
(CPOPM). a - não possuírem as condições regulamentares para a promo-
§ 1º - O requerimento que trata este artigo deverá ser protoco- ção, ressalvada a incapacidade física até 6 (seis) meses contínuos
lizado até 10 (dez) dias antes das datas de promoções previstas na ou 12 (doze) meses descontínuos; dentre eles, os de menor mereci-
legislação em vigor, e as vagas porventura surgidas, serão preenchi- mento a ser apreciado pelo órgão competente da Polícia Militar; em
das a partir de 1º de janeiro de 2003. igualdade de merecimento os de mais idade e, em caso de mesma
§ 2º - O Coronel PM promovido com base neste artigo passa- idade, ou mais modernos;
rá, automaticamente, para a reserva remunerada, na data de sua b - deixarem de integrar os Quadros de Acesso por merecimen-
promoção.” to pelo maior número de vezes no posto, quando neles tenha entra-
do oficial mais moderno, em igualdade de condições, os de menor
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merecimento a ser apreciado pelo órgão competente da Polícia Mi- Parágrafo único - O policial-militar reformado, na base dos inci-
litar; em igualdade de merecimento, os de mais idade e, em caso de sos V ou VI, só poderá readquirir a situação policial-militar anterior:
mesma idade, os mais moderno; e 1 - no caso do inciso V, por outra sentença do Tribunal estadual
* c) Forem os de menor merecimento e, em igualdade de con- competente e nas condições nela estabelecidas; e
dições, os mais Idosos. * Nova redação dada pela Lei nº 2109/1993. 2 - no caso do inciso VI, por decisão do Comandante Geral.
* § 1º - O Oficial indicado para integrar a quota compulsória, na Art. 103 - Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão compe-
forma do inciso II, passará a condição de Não Numerado (NN), po- tente da Corporação organizará a relação dos policiais-militares que
dendo permanecer nesta situação até incidir em outro dispositivo houverem atingido a idade-limite de permanência na reserva remu-
do art. 96 desta Lei. *( Nova redação dada ao § 1º, pelo art. 1º da nerada, a fim de serem reformados.
Lei 3408/2000) Parágrafo único - A situação de inatividade de policial-militar
* § 2º - O Oficial que permanecer na situação indicada no pa- da reserva remunerada, quando reformado por limite de idade, não
rágrafo anterior gozará dos direitos de sua antigüidade e ocupará sofre solução de continuidade, exceto quanto às condições de con-
o mesmo lugar na escala hierárquica, substituindo-se a numeração vocação.
ordinária no Almanaque pela designação Não Numerado (NN). *( Art. 104 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
Nova redação dada ao § 1º, pelo art. 1º da Lei 3408/2000) quência de:
* § 3º - Revogado pela Lei nº 2109/1993. I - ferimento recebido na manutenção da ordem pública ou en-
* § 4º -* Revogado pela Lei nº 2109/1993. fermidade contraída nessa situação, ou que nela tenha sua causa
*§ 5º - Durante os anos de 1991, 1992, 1993 e 1994 a fração a eficiente;
que se refere o inciso I do art. 60 será de ¼ do efetivo existente nos II - acidente em serviço;
respectivos Quadros. * Acrescentado pela Lei nº 1900/1991. III - doença, moléstia ou enfermidades adquirida, com relação
* § 6º - Os Oficiais ocupantes dos cargos mencionados na alí- de causa e efeito a condições inerentes ao serviço;
nea “a” do § 1º do art. 96 não serão apreciados pelo órgão próprio * IV - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia malígna,
da Polícia Militar nem concorrerão à indicação para integrarem a cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
quota compulsória. * Acrescentado pela Lei nº 2315/1994. grave, mal de Parkinson, pêndigo, espondiloartrose anquilosante,
Art. 100 - O órgão competente da Polícia Militar organizará, até nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas
o dia 31 (trinta e um) de janeiro de cada ano, a lista dos oficiais conclusões da medicina especializada; e
destinados a integrarem a quota compulsória, na forma do artigo * Síndrome de Imunodeficiência Adquirida ( SIDA/AIDS ), inclu-
anterior. ída pela Lei nº 1493/1989.
§ 1º - Os Oficiais indicados para integrarem a quota compulsó- V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação
ria anual serão notificados imediatamente e terão, para apresentar de causa e efeito com o serviço.
recursos contra essa medida, o prazo previsto no item 1 do § 1º do § 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II, e III deste artigo
art. 49. serão provados por atestado de origem ou inquérito sanitário de
§ 2º - Não serão relacionados para integrarem a quota compul- origem, sendo os termos do acidente, baixa ao hospital, papeletas
sória os oficiais que estiverem agregados por terem sido declarados de tratamento nas enfermarias e hospitais e os registros de baixa,
extraviados ou desertores. utilizados como meios subsidiários para esclarecer a situação.
§ 2º - Os policiais-militares julgados incapazes por um dos moti-
SEÇÃO III vos constantes do inciso IV deste artigo, somente poderão ser refor-
DA REFORMA mados após a homologação, por Junta Superior de Saúde, da inspe-
ção de saúde que concluiu pela incapacidade definitiva, obedecida
Art. 101 - A passagem do policial-militar à situação de inativida- a regulamentação própria da Polícia Militar.
de, mediante reforma, se efetua ex-officio. § 3º - Nos casos de tuberculose, as Juntas de Saúde deverão ba-
sear seus julgamentos, obrigatoriamente, em observações clínicas,
Art. 102 - A reforma de que trata o artigo anterior será aplicada acompanhadas de repetidos exames subsidiários, de modo a com-
ao policial-militar que: provar, com segurança, a atividade da doença, após acompanhar
* I - Atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade; * Nova redação sua evolução até 3 (três) períodos de 6 (seis) meses de tratamento
dada pela Lei nº 2109/1993. clínico-cirúrgico metódico atualizado e, sempre que necessário, no-
II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo da socomial, salvo quando se tratar de formas grandemente avançadas
Polícia Militar; no conceito clínico e sem qualquer possibilidade de regressão com-
III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos, por ter sido pleta, as quais terão parecer imediato de incapacidade definitiva.
julgado incapaz temporariamente, mediante homologação de Junta § 4 º - O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuberculose,
Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável; para os portadores de lesões aparentemente inativas, ficará con-
IV - for condenado à pena de reforma, prevista no Código Penal dicionado a um período de consolidação extranosocomial, nunca
Militar, por sentença transitada em julgado; inferior a 6 (seis) meses, contados a partir da época da cura.
V - sendo oficial, a tiver determinada pelo Tribunal estadual § 5º - Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio
competente, em julgamento por ele efetuado em conseqüência de mental ou neuromental grave persistente, no qual esgotados os
Conselho de Justificação a que foi submetido; e meios habituais de tratamento, permaneça alteração completa ou
VI - sendo Aspirante-a-Oficial PM ou Praça com estabilidade considerável na personalidade, destruindo a autodeterminação do
assegurada, for para tal indicado, ao Comandante Geral da Polícia pragmatismo e tornando o indivíduo total e permanentemente im-
Militar, em julgamento de Conselho de Disciplina. possibilitado para qualquer trabalho.

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§ 6º - Ficam excluídas do conceito de alienação mental as epi- Art. 107 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz definitiva-
lepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pelas Juntas de Saú- mente por um dos motivos constantes do inciso V do art. 104, será
de. reformado:
§ 7º - Considera-se paralisia todo o caso de neuropatia grave e I - com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se ofi-
definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade, troficidade e mais cial ou praça com estabilidade assegurada; e
funções nervosas, no qual, esgotados os meios habituais de trata- II - com remuneração calculada com base no soldo integral, do
mento, permaneçam distúrbios graves extensos e definitivos, que posto ou graduação, desde que, com qualquer tempo de serviço,
tornem o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e permanen-
qualquer trabalho. temente para qualquer trabalho.
§ 8º - São também equiparados às paralisias os casos de afec- Art. 108 - O policial militar reformado por incapacidade defini-
ção ósteo-músculo-articulares graves e crônicos (reumatismos gra- tiva que for julgado apto em inspeção de saúde por Junta Superior,
ves e crônicos ou progressivos e doenças similares), nas quais, es- em grau de recurso ou revisão, poderá retornar ao serviço ativo ou
gotados os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios ser transferido para a reserva remunerada, conforme dispuser re-
extensos e definitivos, quer ósteo-músculo-articulares residuais, gulamentação especial.
quer secundários das funções nervosas, motilidade, troficidade ou § 1º - O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo decorrido
mais funções, que tornem o indivíduo total e permanentemente na situação de reformado não ultrapassar 2 (dois) anos e na forma
impossibilitado para qualquer trabalho. do disposto no § 1º do art. 86.
§ 9º - São equiparados à cegueira, não só os casos de afecções § 2º - A transferência para a reserva remunerada, observado o
crônicas, progressivas e incuráveis, que conduzirão à cegueira to- limite de idade para permanência nessa reserva, ocorrerá se o tem-
tal, como também os de visão rudimentar que apenas permitam a po transcorrido na situação de reformado ultrapassar 2 (dois) anos.
percepção de vultos, não suscetíveis de correção por lentes, nem Art. 109 - O policial-militar reformado por alienação mental,
removíveis por tratamento médico-cirúrgico. enquanto não ocorrer a designação judicial do curador, terá sua re-
muneração paga aos seus beneficiários, desde que estes o tenham
Art. 105 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz definiti- sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem tratamento hu-
vamente por um dos motivos constantes dos incisos I, II, III e IV do mano e condigno.
artigo anterior, será reformado com qualquer tempo de serviço. § 1º - A interdição judicial do policial-militar reformado, por
alienação mental, deverá ser providenciada junto ao Juízo compe-
Art. 106 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz definitiva- tente, por iniciativa de beneficiários, parentes ou responsáveis, até
mente por um dos motivos constantes do inciso I do art. 104, será 60 (sessenta) dias a contar da data do ato da reforma.
reformado com a remuneração calculada com base no soldo cor- § 2º - A interdição judicial do policial-militar e seu internamen-
respondente ao grau hierárquico imediato ao que possuir na ativa. to em instituição apropriada, policial-militar ou não, deverão ser
Nota: art. 4º da Lei nº 4024, de 11/12/2002 “Art. 4º - O Policial providenciados pela Corporação quando:
Militar ou Bombeiro Militar que for transferido para a inatividade 1 - não existirem beneficiários ou responsáveis ou estes não
incapaz para o serviço militar fará jus a gratificação de tempo de promoverem a interdição conforme previsto no parágrafo anterior;
serviço nos seus valores máximos.” ou
* § 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos 2 - não forem satisfeitas as condições de tratamento exigidas
nos incisos II, III e IV do artigo 104. * Nova redação dada pela Lei neste artigo.
nº 1008/1986 § 3º - Os processos e os atos de registro de interdição do poli-
§ 2º - Considera-se, para efeito deste artigo, grau hierárquico cial-militar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo
imediato. proferido por junta policial-militar de saúde e isentos de custas.
1 - o de Primeiro-Tenente PM, para Aspirante-a-Oficial PM e Art. 110 - Para fins de passagem à situação de inatividade, me-
Subtenente PM; diante reforma ex-officio, as praças especiais e demais praças, cons-
2 - o de Segundo-Tenente PM, para Primeiro-Sargento PM, Se- tantes do quadro a que se refere o art. 14, são considerados como:
gundo-Sargento PM e Terceiro-Sargento PM; e I - Segundo-Tenente PM: os Aspirantes-a-Oficial PM;
3 - o de Terceiro-Sargento PM, para Cabo PM e Soldado PM. II - Aspirante-a-Oficial PM: os Alunos-Oficiais PM, qualquer que
§ 3º - Aos benefícios previstos neste artigo e seus parágrafos seja o ano;
poderão ser acrescidos outros relativos à remuneração, estabele- III - Terceiro-Sargento PM: os alunos do Curso de Formação de
cidos em leis tanto específicas como peculiares, desde que o po- Sargentos PM; e
licial-militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições por elas IV - Cabo PM: os alunos do Curso de Formação de Cabos PM.
exigidas.
§ 4º - O direito do policial-militar previsto no art. 48, inciso II, SEÇÃO IV
independerá de qualquer dos benefícios referidos no caput e no § DA DEMISSÃO, DA PERDA DO POSTO E DA PATENTE E DA DE-
1º deste artigo, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. CLARAÇÃO DE INDIGNIDADE OU INCOMPATIBILIDADE COM O
146. OFICIALATO
§ 5º - Quando a praça fizer jus ao direito previsto no art. 48,
inciso II, e, conjuntamente, a um dos benefícios a que se refere o Art. 111 - A demissão da Polícia Militar, aplicada exclusivamen-
parágrafo anterior, aplicar-se-á somente o disposto no § 2º deste te aos Oficiais, se efetua:
artigo. I - a pedido; e
II - ex-officio.

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Art. 112 - A demissão a pedido será concedida mediante reque- III - incidir nos casos, previstos em lei própria, que motivam o
rimento do interessado: julgamento por Conselho de Justificação e neste for considerado
I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar mais de culpado; e
5 (cinco) anos de oficialato na Polícia Militar, ressalvado o disposto IV - houver perdido a nacionalidade brasileira.
no § 1º deste artigo; e
* II - com indenização das despesas feitas pelo Estado com sua SEÇÃO V
preparação e formação, quando Aspirante-a-Oficial ou, se Oficial, DO LICENCIAMENTO
contar menos de 5 (cinco) anos de Oficialato. * Nova redação dada
pela Lei nº 2315/1994. Art. 117 - O licenciamento do serviço ativo se efetua:
* § 1º - A demissão a pedido só será concedida mediante a in- I - a pedido; e
denização de todas as despesas correspondentes, acrescida, se for II - ex-officio.
o caso, das previstas no inciso II, quando o Aspirante-a-Oficial ou § 1º - O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde
Oficial tiver realizado qualquer curso ou estágio, no País ou no ex- que não haja prejuízo para o serviço, à praça engajada ou reenga-
terior, e não tenham decorrido os seguintes prazos: * Nova redação jada, desde que conte, no mínimo, a metade do tempo de serviço
dada pela Lei nº 2315/1994. a que se obrigou.
1 - 2 (dois) anos, para curso ou estágio de duração igual ou § 2º - A praça com estabilidade assegurada, quando licenciada
superior a 2 (dois) meses e inferior a 6 (seis) meses; para fins de matrícula em Estabelecimento de Ensino, de Formação
2 - 3 (três) anos, para curso ou estágio de duração igual ou su- ou Preparatório de outra Força Auxiliar ou das Forças Armadas, caso
perior a 6 (seis) meses e igual ou inferior a 18 (dezoito) meses; e não conclua o curso onde foi matriculado, poderá ser reincluído na
3 - 5 (cinco) anos, para curso ou estágio de duração superior a Polícia Militar, mediante requerimento ao Comandante Geral.
18 (dezoito) meses. § 3º - O licenciamento ex-officio será feito na forma da legisla-
§ 2º - O cálculo das indenizações a que se refere o inciso II e o ção própria:
parágrafo anterior, será efetuado pela Polícia Militar. 1 - por conclusão de tempo de serviço;
* § 3º - O Aspirante-a-Oficial ou Oficial demissionário, a pedido, 2 - por conveniência do serviço; e
não terá direito a qualquer remuneração, sendo a sua situação mi- 3 - a bem da disciplina.
litar definida pela Lei do Serviço Militar. * Nova redação dada pela § 4º - O policial-militar licenciado não tem direito a qualquer
Lei nº 2315/1994. remuneração e terá sua situação militar definida pela Lei do Serviço
§ 4º - O direito à demissão a pedido pode ser suspenso na vi- Militar.
gência de estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio § 5º - O policial-militar licenciado ex-officio, a bem da discipli-
ou em caso de mobilização. na, receberá o Certificado de Isenção do Serviço Militar, previsto na
Art. 113 - O oficial da ativa que passar a exercer cargo ou em- legislação que trata do serviço militar.
prego público permanente, estranho à sua carreira e cuja função Art. 118 - O Aspirante-a-Oficial PM e as demais praças empos-
não seja de magistério, será, imediatamente, mediante demissão sadas em cargo público permanente, estranho à sua carreira e cuja
ex-officio, transferido para a reserva, onde ingressará com o posto função não seja de magistério, serão imediatamente licenciados ex-
que possuía na ativa, não podendo acumular qualquer provento de -officio, sem remuneração e terão sua situação militar definida pela
inatividade com a remuneração do cargo ou emprego público per- Lei do Serviço Militar.
manente. Art. 119 - O licenciamento poderá ser suspenso na vigência do
Art. 114 - O oficial perderá o posto e a patente se for declarado estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio, em caso
indigno do oficialato, ou com ele incompatível por decisão do Tri- de mobilização, calamidade pública ou perturbação da ordem pú-
bunal estadual competente, em decorrência de julgamento a que blica.
for submetido.
Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do oficialato, ou SEÇÃO VI
com ele incompatível, e condenado à perda de posto e patente só DA EXCLUSÃO DA PRAÇA A BEM DA DISCIPLINA
poderá readquirir a situação policial-militar anterior por outras sen-
tença do Tribunal mencionado neste artigo e nas condições nela Art. 120 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada ex-officio
estabelecidas. ao Aspirante-a-Oficial PM ou às Praças com estabilidade assegura-
Art. 115 - O Oficial que houver perdido o posto e a patente da:
será demitido ex-officio, sem direito a qualquer remuneração ou in- I - quando assim se pronunciar o Conselho Permanente de Jus-
denização e terá a sua situação militar definida pela Lei do Serviço tiça ou tribunal civil, após terem sido essas praças condenadas, em
Militar. sentença transitada em julgado, a pena restritiva de liberdade indi-
Art. 116 - Ficará sujeito à declaração de indignidade para o ofi- vidual superior a 2 (dois) anos ou, nos crimes previstos na legislação
cialato, ou de incompatibilidade com o mesmo, o oficial que: especial concernente à Segurança do Estado, a pena de qualquer
I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sentença duração;
transitada em julgado, a pena restritiva de liberdade individual su- II - quando assim se pronunciar o Conselho Permanente de Jus-
perior a 2 (dois) anos; tiça, por haverem perdido a nacionalidade brasileira; e
II - for condenado, em sentença transitada em julgado, por cri- III - que incidirem nos casos que motivarem o julgamento pelo
mes para os quais o Código Penal Militar comina essas penas aces- Conselho de Disciplina previsto no art. 47 e nele forem considera-
sórias e por crimes previstos na legislação especial concernente à dos culpados.
Segurança do Estado;

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Parágrafo único - O Aspirante-a-Oficial PM ou a praça com es- Parágrafo único - O reaparecimento do policial-militar extravia-
tabilidade assegurada que houver sido excluído a bem da disciplina, do, já excluído do serviço ativo, resultará em sua reinclusão e nova
só poderá readquirir a situação policial-militar anterior: agregação, enquanto se apuram as causas que deram origem ao seu
1 - por outra sentença do Conselho Permanente de Justiça e afastamento.
nas condições nela estabelecidas, se a exclusão for conseqüência de
sentença daquele Conselho; e CAPÍTULO III
2 - por decisão do Comandante Geral da Polícia Militar, se a DA REABILITAÇÃO
exclusão for conseqüência de ter sido julgado culpado em Conselho
de Disciplina. Art. 127 - A reabilitação do policial-militar será efetuada:
Art. 121 - É da competência do Comandante Geral da Polícia I - de acordo com o Código Penal Militar (CPM) e o Código de
Militar o ato de exclusão a bem da disciplina do Aspirante-a-Oficial Processo Penal Militar (CPPM), se tiver sido condenado, por senten-
PM, bem como das praças com estabilidade assegurada. ça definitiva, a quaisquer penas prevista no CPM; e
II - de acordo com a legislação que trata do serviço militar, se
Art. 122 - A exclusão da praça a bem da disciplina acarreta a tiver sido excluído ou licenciado a bem da disciplina.
perda do seu grau hierárquico e não a isenta da indenização dos Parágrafo único - Nos casos em que a condenação do policial-
prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das pen- -militar acarretar sua exclusão a bem da disciplina, a reabilitação
sões decorrentes de sentença judicial. prevista na legislação que trata do serviço militar poderá anteceder
Parágrafo único - A praça excluída a bem da disciplina receberá à efetuada de acordo com o CPM e o CPPM.
o Certificado de Isenção Militar, previsto na legislação que trata do Art. 128 - A concessão de reabilitação implica em que sejam
serviço militar, sem direito a qualquer remuneração ou indenização. cancelados, mediante averbação, os antecedentes criminais do
policial-militar e os registros constantes de seus assentamentos
SEÇÃO VII policiais-militares ou alterações, ou substituídos seus documentos
DA DESERÇÃO comprobatórios de situação militar pelos adequados à nova situa-
ção.
Art. 123 - A deserção do policial-militar acarreta a interrupção
do serviço policial-militar, com a conseqüente demissão ex-officio, CAPÍTULO IV
para oficial, ou exclusão do serviço ativo, para a praça. DO TEMPO DE SERVIÇO
§ 1º - A demissão do oficial, ou a exclusão da praça com estabi-
lidade assegurada, processar-se-á após 1 (um) ano de agregação, se Art. 129 - Os policiais-militares começam a contar tempo de
não houver captura ou apresentação voluntária antes desse prazo. serviço na Polícia Militar a partir da data de seu ingresso na Cor-
§ 2º - A praça sem estabilidade assegurada será automatica- poração.
mente excluída após oficialmente declarada desertora. § 1º - Considera-se como data de ingresso, para fins deste ar-
§ 3º - O policial-militar desertor, que for capturado ou que se tigo:
apresente voluntariamente depois de haver sido demitido ou exclu- 1 - a do ato em que o policial-militar é considerado incluído em
ído, será reincluído no serviço ativo e a seguir agregado para se ver uma Organização Policial-Militar;
processar. 2 - a de matrícula em órgão de formação de policiais-militares;
§ 4º - A reinclusão em definitivo do policial-militar de que trata e
o parágrafo anterior dependerá da sentença do Conselho de Justiça. 3 - a do ato de nomeação.
§ 2º - O policial-militar reincluído recomeça a contar tempo de
SEÇÃO VIII serviço a partir da data de sua reinclusão.
DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO § 3º - Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco-
nhecida, decorrente de inundação, naufrágio, incêndio, sinistro aé-
Art. 124 - O policial-militar na ativa que vier a falecer será exclu- reo e outras calamidades, faltarem dados para contagem do tempo
ído do serviço ativo e desligado da organização a que estiver vincu- de serviço, caberá ao Comandante Geral da Polícia Militar arbitrar o
lado, a partir da data da ocorrência do óbito. tempo a ser computado, para cada caso particular, de acordo com
Art. 125 - O extravio do policial-militar da ativa acarreta inter- os elementos disponíveis.
rupção do serviço policial-militar com o conseqüente afastamento Art. 130 - Na apuração do tempo de serviço policial-militar será
temporário do serviço ativo, a partir da data em que o mesmo for feita a distinção entre:
oficialmente considerado extraviado. I - tempo de efetivo serviço; e
§ 1º - A exclusão do serviço ativo será feita 6 (seis) meses após II - anos de serviço.
a agregação por motivo de extravio. * III - anos ou tempo de efetivo serviço prestado à Corporação.
§ 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, cala- * Acrescido pela Lei nº 2109/1993.
midade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos, o
extravio ou o desaparecimento do policial-militar da ativa será con- Art. 131 - Tempo de efetivo Serviço é o espaço de tempo, com-
siderado como falecimento, para fins deste Estatuto, tão logo sejam putado dia a dia, entre a data de ingresso e a data-limite estabele-
esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou quando cida para a contagem ou a data do desligamento do serviço ativo,
se dêem por encerradas as providências de salvamento. mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado.
Art. 126 - O policial-militar reaparecido será submetido a Con- § 1º - Será, também, computado como tempo de efetivo ser-
selho de Justificação ou a Conselho de Disciplina, por decisão do Co- viço:
mandante Geral da Polícia Militar, se assim for julgado necessário.
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1 - o tempo de efetivo serviço prestado nas Forças Armadas ou § 4º - Uma vez computado o tempo de efetivo serviço e seus
Auxiliares; e acréscimos, previstos nos arts. 131 e 132, e no momento da passa-
2 - o tempo passado dia a dia, nas Organizações Policiais-Mili- gem do militar à situação de inatividade, por motivos previstos nos
tares, pelo policial-militar da reserva remunerada da Corporação, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 96 e nos incisos II e II do art. 102,
que for convocado para o exercício de funções policiais-militares. a fração de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias será
§ 2º - Não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço, além considerada 1 (um) ano para todos os efeitos legais.
dos afastamentos previstos no art. 63, os períodos em que o po- Art. 133 - O tempo que o policial-militar passou ou vier a pas-
licial-militar estiver afastado de suas funções em gozo de licença sar afastado do exercício de suas funções, em conseqüência de fe-
especial. rimentos recebidos em acidentes quando em serviço, na defesa da
§ 3º - Ao tempo de efetivo serviço de que tratam este artigo pátria, na garantia dos poderes constituídos e na manutenção da lei
e seus parágrafos, apurado e totalizado em dias, será aplicado o e da ordem, ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer fun-
divisor 365 (trezentos e sessenta e cinco), para a correspondente ção policial-militar, será computado como se ele o tivesse passado
obtenção dos anos de efetivo serviço. no exercício daquelas funções.
* § 4º - Para contagem do tempo ou dos anos de efetivo serviço Art. 134 - O tempo de serviço passado pelo policial-militar no
prestado à Corporação, será computado, exclusivamente, o tempo exercício de atividades decorrentes ou dependentes de operações
de serviço prestado à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro de guerra, será regulado em legislação específica.
ou às Corporações às quais ela sucedeu. * Acrescido pela Lei nº Art. 135 - O tempo de serviço dos policiais-militares beneficia-
2109/1993. dos por anistia será contado como estabelecer o ato legal que a
Art. 132 - Anos de Serviço é a expressão que designa o tempo conceder.
de efetivo serviço a que se refere o artigo anterior e seus parágra- Art. 136 - A data limite estabelecida para final da contagem dos
fos, com os seguintes acréscimos: anos de serviço, para fins de passagem para a inatividade, será a do
I - tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, desligamento em conseqüência da exclusão do serviço ativo.
prestado pelo policial-militar anteriormente à sua inclusão, nomea- Art. 137 - Na contagem dos anos de serviço não poderá ser
ção ou reinclusão na Polícia Militar; computada qualquer superposição dos tempos de serviço público
II - 1 (um) ano para cada 5 (cinco) anos de tempo de efetivo (federal, estadual e municipal ou passado em órgão da administra-
serviço prestado pelo Oficial do Quadro de Saúde, até que esse ção indireta) entre si, nem com os acréscimos de tempo, para os
acréscimo complete o total de anos de duração normal do curso possuidores de curso universitário, e nem com o tempo de serviço
universitário correspondente, sem superposição a qualquer tempo computável após a inclusão na Polícia Militar, matrícula em órgão
de serviço policial-militar ou público eventualmente prestado du- de formação de policial-militar ou nomeação para posto ou gradu-
rante a realização deste mesmo curso; ação na Corporação.
III - o tempo de serviço computável como anos de serviço em
legislação específica ou peculiar, prestado nas Forças Armadas ou CAPÍTULO V
Auxiliares; DO CASAMENTO
IV - tempo relativo a cada licença especial não gozada, contado
em dobro; e Art. 138 - O policial-militar da ativa pode contrair matrimônio,
V - tempo relativo a férias não gozadas, contado em dobro. desde que observada a legislação civil específica.
§ 1º - Os acréscimos a que se referem os incisos II, IV e V serão § 1º - *( Inciso revogado pelo art.3º da Lei 3498/2000)
computados somente no momento da passagem do policial-militar *§ 2º - *( revogado pelo art.9º da Lei 1900/1991)
à situação de inatividade e, nessa situação, para todos os efeitos Art. 139 - *( Inciso revogado pelo art.3º da Lei 3498/2000)
legais, inclusive quanto à percepção definitiva de gratificação de
tempo de serviço, ressalvado o disposto no § 2º do art. 99. CAPÍTULO VI
§ 2º - Os acréscimos a que se referem os incisos I e III serão DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVIÇO
computados somente no momento da passagem do policial-militar
à situação de inatividade e para esse fim. Art. 140 - As recompensas constituem reconhecimento dos
§ 3º - Não é computável, para efeito algum, salvo para fins de bons serviços prestados pelos policiais-militares.
indicação para a quota compulsória, o tempo: § 1º - São recompensas policiais-militares:
1 - que ultrapassar de 1 (um) ano, contínuo ou não, em licença 1 - os prêmios de Honra ao Mérito;
para tratamento de saúde de pessoa da família; 2 - as condecorações por serviços prestados;
2 - passado em licença para tratar de interesse particular; 3 - os elogios, louvores e referências elogiosas; e
3 - passado como desertor; 4 - as dispensas de serviço.
4 - decorrido em cumprimento de pena de suspensão de exer- § 2º - As recompensas serão concedidas de acordo com as nor-
cício do posto, graduação, cargo ou função, por sentença transitada mas estabelecidas nos regulamentos da Polícia Militar.
em julgado; e Art. 141 - As dispensas de serviço são autorizações concedidas
5 - decorrido em cumprimento de pena restritiva de liberda- aos policiais-militares para afastamento total do serviço, em caráter
de, por sentença transitada em julgado, desde que não tenha sido temporário.
concedida suspensão condicional da pena, quando, então, o tempo Art. 142 - As dispensas de serviço podem ser concedidas aos
correspondente ao período da pena será computado apenas para policiais-militares:
fins de indicação para a quota compulsória e o que dele exceder, I - como recompensa;
para todos os efeitos, caso as condições estipuladas na sentença II - para desconto em férias; e
não o impeçam. III - em decorrência de prescrição médica.
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Parágrafo único - As dispensas de serviço serão concedidas com Parágrafo único - O Poder Executivo regulamentará, mediante
a remuneração integral e computadas como tempo de efetivo ser- decreto, a aplicação do disposto neste artigo.
viço. Art. 152 - As disposições deste Estatuto não retroagem para
TÍTULO V alcançar situações definidas anteriormente à data de sua vigência.
DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 153 - Após a vigência do presente Estatuto, serão a ele
ajustados todos os dispositivos legais e regulamentares que com
Art. 143 - A transferência para a reserva remunerada ou a re- ele tenham ou venham a ter pertinência.
forma não isentam o policial-militar da indenização dos prejuízos Art. 154 - São adotados na Polícia Militar, em matéria não re-
causados à Fazenda ou a terceiros, nem do pagamento das pensões gulada na legislação estadual, as leis e regulamentos em vigor no
decorrentes de sentença judicial. Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente.
Art. 144 - A assistência religiosa à Polícia Militar é regulada em Art. 155 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
legislação própria. ficando revogados os Decretos-Leis nºs 215, de 18.07.75, e 323, de
Art. 145 - É vedado o uso, por parte de organização civil, de 01.09.76, a Lei nº 323 Controle de Leis, de 18.06.80, e as demais
designações que possam sugerir sua vinculação à Polícia Militar. disposições em contrário.
Parágrafo único - Excetuam-se das prescrições deste artigo as
associações, clubes, círculos e outras organizações que congreguem Rio de Janeiro, 01 de julho de 1981.
membros da Polícia Militar, e que se destinem, exclusivamente, a
promover intercâmbio social e assistencial entre policiais-militares
e seus familiares e entre esses e a sociedade civil. LEI Nº ESTADUAL Nº 9537, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2021
Art. 146 - Ao policial-militar beneficiado por uma ou mais das (SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILITARES DO ESTA-
Leis nºs 288, de 08.06.48, 616, de 02.02.49, 1156, de 12.07.50 e DO DO RIO DE JANEIRO (SPSMERJ);
1267, de 09.12.50, que em virtude do disposto no art. 60 deste Es-
tatuto não mais usufruirá as promoções previstas naquelas leis, fica
LEI Nº 9537, DE 29 DEZEMBRO DE 2021.
assegurada, por ocasião da transferência para a reserva remunera-
da ou da reforma, a remuneração de inatividade relativa ao posto
DISPÕE SOBRE O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILI-
ou graduação a que seria promovido em decorrência da aplicação
TARES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (SPSMERJ), ALTERA A LEI
das referidas leis.
ESTADUAL Nº 279, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1979, E DÁ OUTRAS
Parágrafo único - A remuneração de inatividade assegurada
PROVIDÊNCIAS.
neste artigo não poderá exceder, em nenhum caso, à que caberia
ao policial-militar, se fosse ele promovido até 2 (dois) graus hierár-
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
quicos acima daquele que tiver por ocasião do processamento de
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
sua transferência para a reserva ou reforma, incluindo-se, nesta li-
Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mitação, a aplicação do disposto no § 1º do art. 48 e no art. 106 e
seu § 1º.
TÍTULO I
Art. 147 - Aos policiais-militares integrantes da Polícia Militar
DO CONCEITO E DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SISTEMA DE
do antigo Estado do Rio de Janeiro, fica assegurada a aplicação da
PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILITARES DO ESTADO DO RIO DE
Lei Estadual nº 3775, de 19.11.58.
JANEIRO
Art. 148 - Aos policiais-militares integrantes da Polícia Militar do
antigo Distrito Federal, transferidos para o ex-Estado da Guanabara
Art. 1º O Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado do
ou nele reincluídos, por força da Lei Federal nº 3752, de 14.04.60,
Rio de Janeiro (SPSMERJ) é o conjunto integrado de direitos, servi-
e do Decreto-Lei Federal nº 10, de 28.06.66, além do estabelecido
ços e ações, permanentes e interativas, de remuneração, pensão,
no Decreto-Lei Estadual nº 92, de 06.05.75, e neste Estatuto, apli-
saúde e assistência, nos termos desta lei e das normas e regulamen-
car-se-á, também, no que couber, o disposto na Lei Federal nº 5959,
tações específicas.
de 10.12.73.
Art. 2º Para fins do disposto nesta lei, a denominação “Corpo-
Art. 149 - O Poder Executivo, no prazo de 30 (trinta) dias, pro-
rações Militares do Estado” refere-se à Polícia Militar e ao Corpo de
videnciará a designação de uma Comissão composta de represen-
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.
tantes das Secretarias de Estado de Segurança Pública, de Adminis-
Art. 3º São princípios do SPSMERJ:
tração, de Fazenda e de Planejamento e Coordenação Geral, para
I – a observância da simetria entre o SPSMERJ e as normas
elaborar projeto de lei relativo à pensão policial-militar.
gerais editadas pela União sobre inatividade, pensão e custeio do
Art. 150 - O cônjuge de policial-militar, sendo servidor estadual
referido sistema (Decreto-lei Federal nº 667, de 2 de julho de 1969,
ou municipal, será, se o requerer, designado para a sede do Municí-
arts. 24-A, 24-B e 24-C);
pio onde servir o policial-militar, sem prejuízo de qualquer dos seus
II – a obrigatoriedade de contribuição para o SPSMERJ pelos
direitos, passando, se necessário, à condição de adido, ou posto à
militares do Estado, ativos e inativos, e pensionistas militares sobre
disposição de qualquer órgão do serviço público estadual.
a totalidade da remuneração e pensão militares, excetuando-se as
Art. 151 - Quando, por necessidade do serviço, o policial-militar
parcelas de caráter indenizatório, que não integrarão a remunera-
mudar a sede de seu domicílio, terá assegurado o direito de trans-
ção de inatividade militar ou pensão militar para qualquer fim;
ferência e matrícula, para si e seus dependentes, para qualquer es-
III – a promoção da sustentabilidade do SPSMERJ;
tabelecimento de ensino do Estado independentemente de vaga e
IV – a irredutibilidade da remuneração de inatividade e das
em qualquer grau ou nível.
pensões militares;
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V – o caráter contributivo e solidário; e II – as despesas decorrentes das aplicações de recursos em ati-


VI – a paridade e a integralidade. vos financeiros não poderão ser custeadas com os recursos da taxa
Art. 4º Além do previsto nesta lei, outras normas poderão dis- de administração, devendo ser suportadas com os próprios rendi-
por sobre as condições específicas do SPSMERJ, tais como direitos, mentos das aplicações; e
deveres, remuneração, transferência para a inatividade, pensão, III – o Rioprevidência poderá constituir reserva com as sobras
saúde, assistência e demais condições específicas dos militares do do custeio das despesas do exercício, cujos valores serão utilizados
Estado, desde que não conflitem com as normas gerais estabeleci- para os fins a que se destina a taxa de administração.
das nos arts. 24-A, 24-B e 24-C, vedada a ampliação dos direitos e Art. 10. A taxa de administração será regulamentada por Ato do
garantias nelas previstos e observado o disposto no art. 24-F, todos Poder Executivo, não podendo ser superior a 2,0% (dois por cento)
do Decreto-lei Federal nº 667, de 2 de julho de 1969. da folha de pagamento dos militares inativos e pensionistas mili-
Art. 5º A retribuição estipendial do militar do Estado na inati- tares do Estado, devendo ser divulgado os critérios adotados pelo
vidade compreende a sua remuneração na inatividade e o auxílio- Poder Executivo em sítio eletrônico.
-invalidez. Art. 11. Visando fortalecer a gestão pública, a governança e a
Parágrafo único. A remuneração na inatividade é o quantitativo transparência, as Corporações Militares do Estado, no âmbito de
em dinheiro que o militar do Estado percebe na inatividade, quer cada instituição, deverão providenciar a integração ou unificação
na reserva remunerada, quer na situação de reformado, constituída dos sistemas internos de cadastro de pessoas, bem como das in-
pelas seguintes parcelas: formações no Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos
I – soldo e eventual diferença de soldo ou quotas de soldo; (SIGRH), a fim de manter atualizados os dados dos militares do Es-
II – gratificações incorporáveis. tado, ativos e inativos, e pensionistas militares e de seus dependen-
Art. 6º Não se aplicam ao SPSMERJ o regime jurídico e a le- tes, promover o aperfeiçoamento das práticas de gestão de pessoas
gislação dos regimes próprios de previdência social dos servidores e de efetividade administrativa, bem como adotar outras medidas
públicos. que contribuam para o desenvolvimento de pessoas e processos de
Art. 7º São beneficiários do SPSMERJ os militares ativos e ina- interesse da Administração Militar.
tivos, seus dependentes e os pensionistas militares, na forma desta
Lei. CAPÍTULO II
TÍTULO II DO CUSTEIO, DOS CONTRIBUINTES E DAS CONTRIBUIÇÕES
DA GESTÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILITA-
RES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Art. 12. Contribuem obrigatoriamente para as pensões milita-
res e a inatividade dos militares:
CAPÍTULO I I – os militares do Estado, ativos e inativos;
DAS ATIVIDADES E PROCEDIMENTOS DE GESTÃO II – os pensionistas militares.
Art. 13. A contribuição para as pensões militares e a inatividade
Art. 8º As atividades de arrecadação das contribuições para o dos militares durante os períodos de licença com prejuízo da remu-
SPSMERJ e suas compensações financeiras, a administração dos re- neração será regulamentada por Ato do Poder Executivo.
cursos financeiros e o pagamento das retribuições estipendiais dos Art. 14. A contribuição para as pensões militares e a inatividade
militares do Estado na inatividade e das pensões militares caberão dos militares incidirá sobre a totalidade da remuneração dos milita-
ao Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro res ativos e inativos e a quota-parte da pensão militar, excetuando-
(Rioprevidência). -se, em todos os casos, as verbas de caráter indenizatório.
§ 1º A análise, o processamento, a fixação, a publicação e de- § 1º São consideradas verbas de caráter indenizatório para fins
mais atividades inerentes à concessão das retribuições estipendiais do disposto no caput deste artigo:
dos militares do Estado na inatividade e pensões militares serão I – ajuda de custo;
tratadas pelas Corporações Militares do Estado, sujeito a análise, II – diárias;
a posteriori, para homologação ou não pelo Tribunal de Contas do III – indenização de transporte;
Estado do Rio de Janeiro. IV – auxílio-transporte;
§ 2º Compete ao Estado do Rio de Janeiro a realização de roti- V – auxílio-alimentação;
nas de auditoria interna e controle de contas, manutenção e aper- VI – abono de permanência militar;
feiçoamento dos processos relacionados à gestão financeira do VII – auxílio ou adiantamento fardamento;
SPSMERJ, bem como a fiscalização, através de auditoria externa e VIII – gratificação de raio-X;
controle de contas, realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do IX – gratificação de regime adicional de serviço;
Rio de Janeiro. X – indenização adicional de inatividade;
§ 3º Ato do Poder Executivo poderá dispor sobre a delegação XI – auxílio moradia;
de competência ao Rioprevidência das atividades constantes do pa- XII – auxílio-invalidez; e
rágrafo anterior. XIII – outras verbas de caráter indenizatório previstas em lei ou
Art. 9º As atividades constantes do caput do artigo anterior decreto.
atribuídas ao Rioprevidência terão como contrapartida uma taxa § 2º As parcelas indenizatórias constantes dos incisos I ao XIII
de administração para cobertura das despesas, observando-se que: do parágrafo 1º deste artigo não serão computadas para efeito de
I – será destinada exclusivamente ao custeio das despesas cor- transferência para reserva remunerada, reforma ou concessão de
rentes e de capital necessárias à organização e ao funcionamento pensão militar.
do Rioprevidência, inclusive para a conservação de seu patrimônio;

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§ 3º Também não incidirá contribuição para as pensões mili- V – a remuneração de inatividade calculada com base em tan-
tares e a inatividade dos militares sobre o terço constitucional de tas quotas de soldo do posto ou da graduação quantos forem os
férias. anos de serviço, até o limite de 35 (trinta e cinco) anos, quando
§ 4º Para os pensionistas militares que houver a data de efeito pleitear transferência para a reserva remunerada mediante inclu-
da concessão da pensão até 31 de dezembro de 2021, a base de são voluntária na quota compulsória.
cálculo prevista no caput deste artigo incidirá sobre o montante da Art. 19. A remuneração do militar do Estado reformado por
pensão por morte ou do somatório das quotas de pensão, quando invalidez decorrente do exercício da função ou em razão dela é in-
repartida por dois ou mais dependentes, excluídas as parcelas in- tegral, calculada com base na remuneração do posto ou da gradu-
denizatórias, que exceder ao limite máximo estabelecido para os ação que possuir por ocasião da transferência para a inatividade
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. remunerada.
201 da Constituição Federal. Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput o militar fará
Art. 15. A alíquota de contribuição para o custeio das pensões jus a remuneração calculada com base no soldo correspondente ao
militares e da inatividade dos militares é de 10,5% (dez e meio por grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa.
cento).
Parágrafo único. Somente a partir de 1º de janeiro de 2025 o TÍTULO IV
Estado do Rio de Janeiro poderá alterar, por lei ordinária, a alíquota DAS REGRAS DA PENSÃO MILITAR
de contribuição para o custeio das pensões militares e da inativida-
de dos militares. CAPÍTULO I
Art. 16. Compete ao Estado do Rio de Janeiro a cobertura de DOS BENEFICIÁRIOS E SUA HABILITAÇÃO
eventuais insuficiências financeiras decorrentes do pagamento das
retribuições estipendiais dos militares do Estado na inatividade e Art. 20. A pensão militar é deferida em processo de habilitação,
pensões militares. com base na ordem de prioridade e nas condições a seguir:
I – primeira ordem de prioridade:
TÍTULO III a) cônjuge ou companheiro designado ou que comprovem
DAS REGRAS GERAIS DE TRANSFERÊNCIA PARA RESERVA RE- união estável como entidade familiar;
MUNERADA, DA REFORMA E DA FIXAÇÃO DE REMUNERAÇÃO b) pessoa separada de fato, separada judicialmente ou divor-
DA INATIVIDADE ciada do instituidor, ou ex-convivente, desde que perceba pensão
alimentícia na forma prevista no parágrafo 3º deste artigo;
Art. 17. O presente título trata das regras gerais de transferên- c) filhos ou enteados até vinte e um anos de idade ou até vinte
cia para reserva remunerada, da reforma e da fixação de remune- e quatro anos de idade, se estudantes universitários ou, se inváli-
ração da inatividade. dos, enquanto durar a invalidez; e
Parágrafo único. Serão subsidiariamente utilizadas às disposi- d) menor sob guarda ou tutela até vinte e um anos de idade ou,
ções deste título a Lei de Remuneração dos Militares do Estado do se estudante universitário, até vinte e quatro anos de idade ou, se
Rio de Janeiro, o Estatuto dos Policiais Militares e o Estatuto dos inválido, enquanto durar a invalidez.
Bombeiros Militares. II – segunda ordem de prioridade, a mãe e o pai que compro-
Art. 18. Aplicam-se aos militares do Estado as seguintes normas vem dependência econômica do militar;
gerais de inatividade: III – terceira ordem de prioridade, o irmão órfão, até vinte e
I – a remuneração na inatividade, calculada com base na remu- um anos de idade ou, se estudante universitário, até vinte e quatro
neração do posto ou da graduação que o militar do Estado possuir anos de idade, e o inválido, enquanto durar a invalidez, comprovada
por ocasião da transferência para a reserva remunerada, a pedido, a dependência econômica do militar.
será: § 1º A concessão da pensão aos beneficiários de que tratam as
a) integral, desde que cumprido o tempo mínimo de 35 (trinta alíneas ‘a’ e ‘c’ do inciso I do caput exclui desse direito os beneficiá-
e cinco) anos de serviço, dos quais no mínimo 30 (trinta) anos de rios referidos nos incisos II e III do caput deste artigo.
exercício de atividade de natureza militar; ou § 2º A pensão será concedida integralmente aos beneficiários
b) proporcional, com base em tantas quotas de remuneração referidos na alínea ‘a’ do inciso I do caput deste artigo, exceto se for
do posto ou da graduação quantos forem os anos de serviço, se constatada a existência de beneficiário que se enquadre no dispos-
transferido para a inatividade sem atingir o referido tempo mínimo. to nas alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do referido inciso.
II – a remuneração na inatividade é irredutível e deve ser re- § 3º A quota destinada à pessoa separada de fato, separada
vista automaticamente na mesma data da revisão da remuneração judicialmente, ou divorciada do instituidor, ou ao ex-convivente,
dos militares da ativa, para preservar o valor equivalente à remu- desde que perceba pensão alimentícia, corresponderá à pensão
neração do militar da ativa do correspondente posto ou graduação; alimentícia judicialmente arbitrada ou convencionada em escritura
III – a remuneração do militar transferido para a reserva remu- pública de divórcio ou de dissolução de união estável.
nerada, de ofício, por atingimento de idade-limite será calculada § 4º Após deduzido o montante de que trata o parágrafo 3º
com base no soldo integral do posto ou da graduação que possuía deste artigo, metade do valor remanescente caberá aos beneficiá-
por ocasião da transferência para a inatividade remunerada; rios referidos na alínea ‘a’ do inciso I do caput deste artigo, hipótese
IV – a remuneração do militar transferido para a reserva remu- em que a outra metade será dividida, em partes iguais, entre os
nerada, de ofício, quando for abrangido por quota compulsória será beneficiários indicados nas alíneas ‘c’ e ‘d’ do referido inciso.
calculada com base no soldo integral do posto ou da graduação que Art. 21. A habilitação dos beneficiários obedecerá à ordem de
possuía por ocasião da transferência para a inatividade remunera- preferência estabelecida no art. 20 desta lei.
da;
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§ 1º O beneficiário será habilitado com a pensão integral; no deixará aos seus beneficiários a pensão militar correspondente ao
caso de mais de um com a mesma precedência, a pensão será re- posto que possuía, acrescida de eventual diferença de soldo que
partida igualmente entre eles. percebia.
§ 2º Se o militar do Estado deixar pai e mãe economicamente Parágrafo único. Nas mesmas condições referidas no caput des-
dependentes que vivam separados entre si, a pensão será dividida te artigo, a praça da reserva remunerada, reformada ou que reúna
igualmente entre ambos. as condições para transferência para inatividade a pedido, contri-
Art. 22. Sempre que, no início ou durante o processamento buinte obrigatória para o SPSMERJ, expulso por efeito de sentença
da habilitação, for constatada a falta de declaração de beneficiá- que determine a perda da função pública ou de ato da autoridade
rio, ou se ela estiver incompleta ou oferecer margem a dúvidas, a competente após decisão de Conselho de Disciplina ou equivalente,
Corporação Militar do Estado exigirá dos interessados certidões ou deixará aos seus beneficiários a pensão militar correspondente ao
quaisquer outros documentos necessários à comprovação dos seus grau hierárquico utilizado como base para o cálculo de sua remune-
direitos. ração, acrescida de eventual diferença de soldo que percebia.
§ 1º Se, não obstante a documentação apresentada, persisti-
rem as dúvidas, a prova será feita mediante procedimento adminis- CAPÍTULO IV
trativo de justificação a ser instaurado pela respectiva Corporação DA PERDA E DA REVERSÃO DA PENSÃO MILITAR
Militar do Estado.
§ 2º O processo de habilitação à pensão militar é considerado Art. 28. Perderá o direito à pensão militar o beneficiário que:
de natureza urgente e possui prioridade sobre os processos de ina- I – venha a ser destituído do poder familiar, quanto às quotas-
tivação. -partes dos filhos, as quais serão revertidas para estes filhos;
II – atinja, válido e capaz, os limites de idade estabelecidos no
CAPÍTULO II art. 20 desta lei;
DA DECLARAÇÃO DE BENEFICIÁRIOS III – renuncie expressamente ao direito;
IV – tenha sido condenado por crime de natureza dolosa, do
Art. 23. Ao militar é facultado fazer sua declaração de benefici- qual resulte a morte do militar do Estado instituidor da pensão mi-
ários, cujo objetivo é facilitar e subsidiar o processo de habilitação litar; e
dos mesmos à pensão militar. V – tenha seu vínculo matrimonial ou de união estável com o
§ 1º A declaração poderá ser feita e atualizada a qualquer tem- militar instituidor anulado após a concessão da pensão ao cônjuge,
po e deverá ser armazenada em meio digital em sistema de gestão companheiro ou companheira.
de pessoas de cada Corporação Militar do Estado. Art. 29. A morte do beneficiário que estiver no gozo da pensão,
§ 2º Devem constar dessa declaração os possíveis beneficiá- bem como a cessação do seu direito à mesma, em qualquer dos
rios, indicando-se, no mínimo, nome completo e número de inscri- casos do artigo anterior importará na transferência do direito aos
ção no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). demais beneficiários nas condições previstas nesta lei, sem que isto
Art. 24. A declaração de beneficiários não gera, por si só, direi- implique em reversão.
tos aos possíveis beneficiários declarados, tampouco exclui direitos
de possíveis beneficiários que porventura não constem discrimina- CAPÍTULO V
dos na declaração. OUTRAS DISPOSIÇÕES RELATIVAS A PENSÕES MILITARES

CAPÍTULO III Art. 30. A pensão militar não está sujeita à penhora, sequestro
DAS PENSÕES MILITARES ou arresto, exceto nos casos especificamente previstos em lei.
Art. 31. A pensão militar pode ser solicitada a qualquer tempo,
Art. 25. A pensão militar respeitará a integralidade, sendo igual respeitada a prescrição quinquenal dos valores de direito anteriores
ao valor da remuneração do militar do Estado da ativa ou em ina- à data da solicitação.
tividade. Art. 32. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por
Parágrafo único. O benefício da pensão militar é irredutível e morte deixada por cônjuge, companheiro ou companheira, no âm-
deve ser revisto automaticamente, na mesma data da revisão das bito do mesmo regime de previdência social, ressalvadas as pensões
remunerações dos militares da ativa, para preservar o valor equiva- do mesmo instituidor decorrentes do exercício de cargos acumulá-
lente à remuneração do militar da ativa e da inatividade do posto ou veis na forma do parágrafo 3º do artigo 42 da Constituição Federal.
graduação que lhe deu origem. § 1º Será admitida, nos termos do parágrafo 2º, a acumulação
Art. 26. A pensão militar resultante da promoção post mortem de:
será paga aos beneficiários habilitados a partir da data do faleci- I – pensão por morte deixada por cônjuge, companheiro ou
mento do militar. companheira de um regime de previdência social com pensão por
§ 1º A pensão de que trata o caput deste artigo será paga com morte concedida por outro regime de previdência social ou com
adicional de 100% (cem por cento) aos beneficiários, mediante re- pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arti-
gulamentação do Poder Executivo. gos 42 e 142 da Constituição Federal;
§ 2º Ficam revogados os incisos II e III do art. 26-A da Lei nº II – pensão por morte deixada por cônjuge, companheiro ou
5260, de 11 de junho de 2008. companheira de um regime de previdência social com aposentado-
Art. 27. O oficial da reserva remunerada, reformado ou que re- ria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou
úna as condições para transferência para inatividade a pedido, con- de regime próprio de previdência social ou com remuneração de
tribuinte obrigatório para o SPSMERJ, que perder posto e patente inatividade decorrentes das atividades militares de que tratam os
artigos 42 e 142 da Constituição Federal; ou
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III – pensões decorrentes das atividades militares de que tra- Art. 10. O militar do Estado, em efetivo serviço, fará jus às se-
tam os artigos 42 e 142 da Constituição Federal com aposentadoria guintes gratificações:
concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de (...)
regime próprio de previdência social. IV – de Risco da Atividade Militar.
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no parágrafo 1º, (...)
é assegurada a percepção do valor integral do benefício mais van- Art. 18. A Gratificação de Habilitação Profissional, prevista no
tajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada inciso II do art. 10, é devida pelos cursos realizados com aproveita-
cumulativamente de acordo com as seguintes faixas: mento nos seguintes percentuais:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salá- I – 160 % (cento e sessenta por cento): Curso Superior de Polí-
rio-mínimo, até o limite de 2 (dois) salários-mínimos; cia Militar ou Curso Superior de Bombeiro Militar;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) sa- II – 110 % (cento e dez por cento): Curso de Aperfeiçoamento
lários-mínimos, até o limite de 3 (três) salários-mínimos; ou equivalente, de Oficiais ou de Sargentos, e Curso de Capacitação
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários- ao Oficialato Superior ou equivalente;
-mínimos, até o limite de 4 (quatro) salários-mínimos; e III – 85% (oitenta e cinco por cento): Curso de Especialização ou
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salá- equivalente, de Oficiais ou de Sargentos;
rios-mínimos. IV – 80% (oitenta por cento): Curso de Formação de Oficiais ou
§ 3º A aplicação do disposto no parágrafo 2º poderá ser revista de Sargentos; e
a qualquer tempo, a pedido do interessado, em razão de alteração V – 75% (setenta e cinco por cento): Curso de Formação de Ca-
de algum dos benefícios. bos ou Soldados.
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se (...)
o direito aos benefícios houver sido adquirido antes da data de en- Art. 19. A Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial
trada em vigor da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novem- Militar ou de Bombeiro Militar, prevista no inciso III do art. 10, é de-
bro de 2019. vida ao militar do Estado para recompensar o permanente desgaste
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na físico e psíquico provocado pela elevada tensão emocional inerente
legislação vigente na data de entrada em vigor Emenda Constitu- à profissão e é fixada nos seguintes percentuais:
cional nº 103, de 12 de novembro de 2019, poderão ser alteradas I – 192,50% (cento e noventa e dois por cento e cinquenta cen-
na forma do parágrafo 6º, do artigo 40 e do parágrafo 15, do artigo tésimos por cento), para Oficiais Superiores;
201, da Constituição Federal. II – 150% (cento e cinquenta por cento), para Oficiais Interme-
Art. 33. O processo de habilitação de pensão militar, inclusive diários e Subalternos; e
os casos de reversão e melhoria, são da competência das Corpora- III – (MANTIDO O VETO) .
ções Militares do Estado, devendo ser submetidas ao Tribunal de IV – 122,50% (cento e vinte e dois por cento e cinquenta cen-
Contas as respectivas concessões para julgamento da sua legalida- tésimos por cento), para Cadetes ou Alunos das Academias, Escolas
de. ou Centros de Formação.
Art. 34. A documentação necessária à habilitação da pensão Parágrafo único. (MANTIDO O VETO) .
militar deverá ser normatizada por Portaria dos respectivos Coman-
dos das Corporações Militares do Estado. SEÇÃO V
Art. 35. O previsto no parágrafo 1º do artigo 8º desta lei, bem DA GRATIFICAÇÃO DE RISCO DA ATIVIDADE MILITAR
como quaisquer outros assuntos relacionados à pensão militar se-
rão tratados em um órgão central de cada Corporação Militar do Art. 19-A. A Gratificação de Risco da Atividade Militar é fixada
Estado, podendo a setores regionais já existentes ou que venham a no percentual de 62,50% (sessenta e dois por cento e cinquenta
ser criados, serem delegadas atribuições. centésimos), tem base de cálculo correspondente ao somatório
do soldo e eventual diferença de soldo, Gratificação de Habilitação
TÍTULO V Profissional e Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial
DAS ALTERAÇÕES ÀS NORMAS REMUNERATÓRIAS PARA A Militar ou Bombeiro Militar, e é devida ao militar do Estado em vir-
INSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILI- tude das peculiaridades inerentes à carreira militar, cuja condição
TARES DO ESTADO RIO DE JANEIRO está relacionada ao sacrifício da própria vida em defesa e segurança
da sociedade.
Art. 36. A ementa da lei estadual nº 279, de 26 de novembro de (...)
1979 passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 48. A assistência médico-hospitalar, odontológica e social
“DISPÕE SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS MILITARES DO ESTADO aos militares do Estado e seus dependentes, assim como aos pen-
DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS” sionistas militares e seus dependentes, será prestada com recursos
Art. 37. A Lei Estadual nº 279, de 26 de novembro de 1979, provenientes:
passa a vigorar com as seguintes alterações: I – do desconto, facultativo, de 10% (dez por cento) do soldo do
“Art. 4º Soldo é a parte básica da remuneração do militar do militar do Estado ou do soldo de referência do instituidor de pen-
Estado. são;
§ 1º O soldo do militar é irredutível, não está sujeito à penhora, II – do desconto adicional de 1% (um por cento) do soldo do mi-
sequestro ou arresto, exceto nos casos especificamente previstos litar do Estado ou do soldo de referência do instituidor de pensão,
em lei. por cada dependente;
§ 2º (MANTIDO O VETO) .
(...)
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III – da contrapartida mensal do Estado, mediante dotação or- CAPÍTULO V


çamentária específica, não inferior a 100% (cem por cento) dos va- DOS OUTROS DIREITOS
lores arrecadados referentes aos incisos I e II;
IV – de doações e legados; Art. 63. (...)
V – de indenizações por atendimento conveniado. (...)
§ 1º Os recursos de que trata este artigo terão destinação es- § 4º O adiantamento referido neste artigo poderá ser requerido
pecífica, com escrituração sob as rubricas “FUNDO DE SAÚDE SPS- a cada quatro anos, se o militar do Estado permanecer no mesmo
MERJ/PM” ou “FUNDO DE SAÚDE SPSMERJ/CBM”, e serão geridos, posto ou graduação, podendo ser renovado no caso de promoção.
em cada uma das Corporações Militares do Estado, por uma comis- (...)
são designada pelo Comandante-Geral da respectiva Corporação Art. 64. Os militares do Estado que perderem ou tiverem seus
Militar em conta vinculada a estabelecimento bancário com praça fardamentos roubados, furtados, extraviados ou danificados em
no Estado do Rio de Janeiro. deslocamento a serviço ou em serviço, receberá um auxílio corres-
§ 2º Cada uma das Corporações Militares do Estado terá sua pondente ao valor de 1 (um) soldo do seu posto ou graduação, mes-
própria conta vinculada a estabelecimento bancário com praça no mo já tendo recebido anteriormente na forma do art. 63 e desde
Estado do Rio de Janeiro. que não tenha direito a uniforme por conta do Estado.
§ 3º Os recursos mencionados nos incisos deste artigo serão Parágrafo único. O recebimento do auxílio fardamento de que
repassados imediatamente à conta destinada ao Fundo de Saúde trata o caput deste artigo estará condicionado a comprovação do
de cada uma das Corporações Militares do Estado. fato, através de procedimento apuratório a ser instaurado na uni-
§ 4º O Poder Executivo poderá abrir créditos suplementares e dade de lotação do pretendente na respectiva Corporação militar.
especiais para fazer face às despesas necessárias para custeio da
assistência médico-hospitalar, odontológica e social dos militares SEÇÃO VI
do Estado. DO ABONO DE PERMANÊNCIA MILITAR
§ 5º É vedado o desconto para o Fundo de Saúde para depen-
dentes, se não houver desconto do militar do Estado ou do pensio- Art. 64-A. O militar do Estado que preencher os requisitos esta-
nista militar na qualidade de titular. belecidos para transferência para a reserva remunerada, a pedido,
§ 6º O militar do Estado, ativo ou inativo, e o pensionista po- e que optar por permanecer em atividade, fará jus a um abono de
derão a qualquer tempo requerer o cancelamento dos descontos permanência militar equivalente ao valor da sua contribuição para
para o Fundo de Saúde, importando o cancelamento do titular na as pensões militares e a inatividade dos militares, subsistindo até
extensão automática aos dependentes e não importa em efeitos que seja transferido para a inatividade.
pecuniários retroativos. (...)
§ 7º Somente nas hipóteses de acidente de serviço, os militares
do Estado que não descontem para o Fundo de Saúde poderão ter SEÇÃO VII
acesso ao Sistema de Saúde das Corporações. DO AUXÍLIO DE NECESSIDADE ESPECIAL
§ 8º O militar do Estado ou o pensionista militar que solicitar
cancelamento dos descontos para o Fundo de Saúde somente po- Art. 64-B. O militar do Estado na ativa que for responsável le-
derão requerer seu reingresso decorridos 12 (doze) meses da efeti- gal por crianças com deficiência física ou intelectual fará jus a um
vação do cancelamento conforme regras estabelecidas em Portaria Adicional de Necessidade Especial, calculado sobre 20% (vinte por
do Comandante-Geral de cada Corporação Militar do Estado. cento) do soldo.
§ 9º O dependente do militar do Estado falecido que não tenha Parágrafo único. O Poder Executivo regulamentará por Decreto
sido habilitado como pensionista, poderá fazer jus ao atendimen- as condições para o recebimento do benefício disposto neste artigo.
to à assistência médico-hospitalar, odontológica e social, enquanto (...)
preencher as mesmas condições estabelecidas em lei para fins de Art. 78. Serão incorporadas integralmente à remuneração de
dependência e desde que o pensionista habilitado, por solicitação inatividade as Gratificações de Tempo de Serviço, de Habilitação
própria, contribua na forma dos incisos I e II do caput. Profissional, de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de
§ 10. Ao ingressar na Corporação Militar o militar deverá ser Bombeiro Militar e de Risco da Atividade Militar.
orientado e consultado sobre a intenção de realizar os descontos Parágrafo único. A base de cálculo para pagamento das grati-
para o fundo de saúde, podendo fazer a adesão a qualquer tempo. ficações, indenizações, dos auxílios e outros direitos do militar do
Art. 49. A assistência médico-hospitalar, odontológica e social Estado na inatividade remunerada não será inferior ao valor do sol-
aos militares do Estado e seus dependentes será prestada de acor- do integral do grau hierárquico que possuir quando em atividade e
do com as normas e condições de atendimento estabelecidas pelo deverá corresponder ao fixado em apostila lavrada pelo órgão com-
Comandante-Geral de cada Corporação Militar do Estado. petente da Corporação Militar do Estado.
(...) (...)
Art. 81. O militar do Estado, ativo ou inativo, que foi ou venha
a ser reformado por incapacidade definitiva e considerado inválido,
impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho,
não podendo prover os meios de subsistência, fará jus a um auxí-
lio-invalidez no valor de vinte e cinco por cento da soma do soldo e
eventual diferença de soldo com a Gratificação de Tempo de Servi-

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ço, desde que satisfaça a uma das condições abaixo especificadas, § 5º Na hipótese de exclusão do serviço ativo por falecimento,
devidamente homologada por Junta de Saúde da Corporação Mili- poderá ser requerido o direito previsto neste artigo pelos benefici-
tar do Estado: ários da pensão militar, desde que observada a prescrição quinque-
I – necessitar de internação em instituição especializada, da nal a contar da data do óbito.
Corporação Militar do Estado ou não; § 6º Tratando-se de falecimento de militar do Estado inativo,
II – necessitar de assistência ou cuidados permanentes de en- poderá ser requerido o direito pelos beneficiários da pensão militar,
fermagem; desde que respeitados os requisitos do caput e do parágrafo 1º.
III – necessitar, por prescrição médica, receber tratamento na § 7º Sobre a parcela indenizatória de que trata este artigo, não
própria residência, assistência ou cuidados permanentes de enfer- incidirão imposto de renda e contribuição para as pensões militares
magem. e a inatividade dos militares.
§ 1º Para percepção do auxílio-invalidez, o militar do Estado fi- (...)
cará sujeito a apresentar, anualmente, declaração de que não exer- Art. 87. São consideradas bases para desconto as seguintes
ce atividade remunerada e, a critério da Administração Militar, a parcelas remuneratórias:
submeter-se, periodicamente, à inspeção de saúde de controle; no I – para o militar do Estado ativo, o soldo do posto ou gradua-
caso de Oficial ou Praça mentalmente enfermo, a declaração deverá ção, acrescido da Gratificação de Tempo de Serviço, da Gratificação
ser firmada por dois Oficiais da ativa da Corporação. de Habilitação Profissional, da Gratificação de Regime Especial de
§ 2º O auxílio-invalidez será suspenso automaticamente pelo Trabalho Policial Militar ou de Bombeiro Militar e da Gratificação de
Comandante-Geral da correspondente Corporação Militar do Esta- Risco da Atividade Militar;
do, se for verificado que o militar do Estado beneficiado exerce ou II – para o militar do Estado inativo, o soldo e eventual diferen-
tenha exercido, após o recebimento do auxílio qualquer atividade ça de soldo ou quotas de soldo, acrescido da Gratificação de Tempo
remunerada, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, bem como de Serviço, da Gratificação de Habilitação Profissional, da Gratifica-
se, em inspeção de saúde, for constatado não se encontrar nas con- ção de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de Bombeiro
dições previstas neste artigo. Militar e da Gratificação de Risco da Atividade Militar; e
§ 3º O militar do Estado no gozo do auxílio-invalidez terá direi- III – para o pensionista de militar do Estado, o soldo ou quo-
to a transporte por conta do Estado, dentro do território estadual, tas de soldo do instituidor de pensão, acrescido da Gratificação de
quando for obrigado a se afastar de seu domicílio para ser submeti- Tempo de Serviço, da Gratificação de Habilitação Profissional, da
do à inspeção de saúde de controle, prevista no parágrafo 1º deste Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de
artigo. Bombeiro Militar e da Gratificação de Risco da Atividade Militar.”
§ 4º O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao soldo de se- (NR)
gundo-tenente.
(...) TÍTULO VI
Art. 85–A. O militar do Estado, ao início do processo de trans- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
ferência para a inatividade remunerada, poderá requerer a ante-
cipação do valor relativo ao período integral das férias do ano da Art. 38. Para fins do disposto nesta lei, a expressão “anos de
referência, desde que já haja decorridos trinta dias dentro do ano exercício de atividade de natureza militar” é definida como tempo
da referência das férias e desde que no mês solicitado para anteci- de efetivo serviço.
pação não conste nenhum tipo de afastamento do serviço ativo ou Art. 39. Os militares do Estado que até 31 de dezembro de
licença. 2021, não houverem completado o tempo mínimo de 30 (trinta)
Art. 85–B. Será concedida ao militar inativo indenização por anos de serviço exigido para fins de inatividade, deverão ter com-
via administrativa de valores referentes a férias e licença-especial putado no tempo de serviço faltante o acréscimo de 17% (dezessete
não gozadas enquanto em atividade, desde que não utilizadas para por cento).
contagem ficta do tempo de serviço para fins de transferência para § 1º Além do disposto no caput deste artigo, o militar do Estado
reserva remunerada, reforma ou de percepção de abono de perma- deve contar no mínimo 25 (vinte e cinco) anos de exercício de ativi-
nência militar. dade de natureza militar, acrescidos de 4 (quatro) meses para cada
§ 1º O direito previsto no caput deste artigo poderá ser exer- ano inteiro faltante para atingir 30 (trinta) anos de serviço, a partir
cido no prazo prescricional de 5 (cinco) anos, a contar da data da de 1º de janeiro de 2022, limitado a 5 (cinco) anos de acréscimo.
passagem para a inatividade remunerada. § 2º (MANTIDO O VETO) .
§ 2º O valor de direito da indenização, em quaisquer hipóteses, Art. 40. A partir da entrada em vigor desta lei fica absorvida
terá por base de cálculo o último contracheque anterior à passagem pela Gratificação de Risco da Atividade Militar a Indenização de Au-
para inatividade, excluídas as parcelas indenizatórias e remunerató- xílio Moradia instituída pela Lei Estadual nº 658, de 05 de abril de
rias eventuais. 1983.
§ 3º O valor total a ser concedido ao militar do Estado a título § 1º Fica vedada a concessão de Indenização de Adicional de
de indenização corresponderá ao produto da base de cálculo cons- Inatividade, instituída pela Lei Estadual nº 658, de 05 de abril de
tante no parágrafo anterior pelo somatório de meses de férias e 1983, às remunerações de inatividade e pensões militares cujas da-
licença-especial não gozadas. tas de efeito tenham validade a partir da entrada em vigor desta Lei.
§ 4º Para fins deste artigo, período de férias ou licença-espe- § 2º É vedada, em quaisquer hipóteses, a acumulação da Grati-
cial igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerado como mês ficação de Risco da Atividade Militar com a Indenização de Adicional
integral. de Inatividade, instituída pela Lei Estadual nº 658, de 05 de abril de
1983.

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§ 3º Aplica-se aos militares do Estado inativos e aos pensionis- Parágrafo único. Na hipótese de aquisição de direito a novo
tas, cuja data de efeito da inativação ou da instituição da pensão percentual de Gratificação de Tempo de Serviço, com base na con-
militar ocorrer até 31 de dezembro de 2021, os percentuais previs- tagem de período aquisitivo citado no caput, os militares do Estado,
tos no Art. 19 da Lei Estadual nº 279, de 26 de novembro de 1979. ativos ou inativos, e os pensionistas somente perceberão o novo
§ 4º Fica assegurado aos militares do Estado inativos, cuja data percentual a contar de 01 de janeiro de 2022, sem gerar direitos a
de efeito da inativação ocorrer até 31 de dezembro de 2021, a ma- pagamentos retroativos desde a data de direito até 31 de dezembro
nutenção de eventuais percentuais superiores aos constantes no de 2021.
Art. 19 da Lei Estadual nº 279, de 26 de novembro de 1979. Art. 44. No computo do limite constitucional remuneratório
Art. 41. É assegurado o direito adquirido ao militar do Estado dos militares do Estado será excluída eventual remuneração de car-
que preencher até 31 de dezembro de 2021 os requisitos estabe- go em comissão.
lecidos para transferência para a reserva remunerada, a pedido, Art. 45. A idade-limite para transferência de ofício para a reser-
na forma da legislação vigente até 31 de dezembro de 2021, a va remunerada dos militares do Estado do Rio de Janeiro é de 67
qualquer tempo, quando da passagem à inatividade remunerada, (sessenta e sete) anos.
a opção pela percepção da remuneração correspondente ao grau Parágrafo único. A idade-limite de permanência na reserva
hierárquico superior ou melhoria da mesma, obedecendo-se ao se- para fins de reforma dos militares do Estado é de 72 (setenta e dois)
guinte: anos.
I – os Oficiais, se no último posto da hierarquia da Corporação Art. 46. Ao militar do Estado temporário aplicam-se as seguin-
Militar do Estado, terão suas remunerações calculadas sobre o sol- tes disposições:
do desse posto, acrescido de 20% (vinte por cento); I – o militar do Estado temporário contribuirá para o SPSMERJ,
II – os subtenentes, quando transferidos para a inatividade, te- na forma do artigo 15 desta lei, e fará jus à remuneração de ina-
rão suas remunerações sobre o soldo correspondente ao posto de tividade por invalidez e pensão militar durante a permanência no
segundo-tenente; serviço ativo;
III – os demais Oficiais e Praças, ao serem transferidos para a II – cessada a vinculação do militar do Estado temporário à res-
inatividade, terão suas remunerações calculadas sobre o soldo cor- pectiva Corporação Militar do Estado, o tempo de serviço militar
respondente ao posto ou graduação imediatamente superior. será objeto de contagem recíproca para fins de aposentadoria no
§ 1º (MANTIDO O VETO) . Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de pre-
§ 2º A concessão do direito à percepção do abono de perma- vidência social, sendo devida a compensação financeira entre os
nência pela autoridade competente, devidamente publicado em regimes.
Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, mesmo que em data pos- Art. 47. O Poder Executivo deverá divulgar em sítio eletrônico,
terior ao início da entrada em vigor desta lei, desde que a constitui- semestralmente, a prestação de contas da execução dos recursos
ção do direito ocorra até 31 de dezembro de 2021, é instrumento do SPSMERJ, com a arrecadação das contribuições, a administração
capaz de configurar o direito constante deste artigo, assim como o dos recursos financeiros e o pagamento das retribuições estipen-
mapa de tempo de serviço emitido, a qualquer tempo, pelo setor diais dos militares do Estado na inatividade e das pensões militares.
competente em cada Corporação Militar demonstrando o cumpri- Art. 48. Ficam revogados os §§ 1º e 2ª do art. 19 e o § 3º do
mento do requisito temporal para transferência para inatividade re- art. 63, todos da Lei Estadual nº 279, de 26 de novembro de 1979.
munerada até 31 de dezembro de 2021 ou quaisquer outras provas Art. 49. Esta lei entra em vigor em 1º de janeiro de 2022.
admitidas em direito.
§ 3º O exercício do direito de opção constante no caput deste Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2021.
artigo deve ser realizado no requerimento de passagem para inati-
vidade, e implicará na percepção do Adicional de Inatividade insti-
tuído pela Lei Estadual nº 658, de 05 de abril de 1983, sendo vedada LEI Nº ESTADUAL Nº 279, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1979 (LEI
a acumulação com a Gratificação de Risco de Atividade Militar. Nº DE REMUNERAÇÃO)
§ 4º Na hipótese de não ser realizada a opção ou optando pelo
não exercício do direito previsto no caput deste artigo, o militar fará
jus à Gratificação de Risco de Atividade Militar, sendo vedada a acu- LEI Nº 279, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1979.
mulação com:
a) o Adicional de Inatividade, instituído pela Lei Estadual nº “DISPÕE SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS MILITARES DO ESTADO
658, de 05 de abril de 1983; e DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”- Nova redação
b) o cálculo da remuneração da inatividade sobre o soldo do dada pela Lei 9537/2021.
grau hierárquico superior ou com o cálculo adicional de 20% (vinte
por cento) na hipótese de ser o militar no posto de Coronel. O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
§ 5º A opção constante no caput deste artigo poderá ser retra- Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de
tável uma única vez, se for requerida no prazo decadencial de 01 Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
(um) ano após o ato de inativação do militar.
Art. 42. (MANTIDO O VETO) .
.Art. 43. Integrará para fins de cálculo de Gratificação de Tempo
de Serviço devida aos militares do Estado ativos ou inativos e aos
pensionistas o período compreendido entre 28 de maio de 2020 e
31 de dezembro de 2021.

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TÍTULO I CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO SOLDO

CAPÍTULO I * Art. 4º Soldo é a parte básica da remuneração do militar do


CONCEITUAÇÕES GERAIS Estado.
§ 1º O soldo do militar é irredutível, não está sujeito à penhora,
Art. 1º - Esta lei dispõe sobre a remuneração dos integrantes da sequestro ou arresto, exceto nos casos especificamente previstos
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janei- em lei.
ro, a qual compreende vencimentos ou proventos e indenizações, e § 2º (MANTIDO O VETO) .
dá outras providências. * Art 4º com redação dada pela Lei 9537/2021,
Art. 2º - Para os efeitos desta lei adotam-se as seguintes con- Art. 5º - O direito do PM ou BM no soldo tem início na data:
ceituações: I - do ato de promoção, de nomeação ou de apresentação por
I - Corporação - denominação dada à Polícia Militar e/ou ao convocação para o serviço ativo, para Oficial;
Corpo de Bombeiros; II - do ato de declaração, para Aspirante-a-Oficial;
II - Comandante-Geral - título genérico dado ao Oficial que III - do ato de promoção, para as praças;
exerce a direção geral das atividades da Corporação; IV - da inclusão na Corporação;
III - Organização - denominação genérica abreviada de Orga- V - da apresentação à Corporação, quando de nomeação inicial,
nização Policial-Militar ou de Bombeiro-Militar, dada a Corpo de para qualquer posto ou graduação;
Tropa, Repartição, Estabelecimento ou a qualquer outra unidade VI - do ato de matrícula, para os alunos de Escola ou Centro de
administrativa ou operacional da Corporação; Formação de Oficiais ou Praças.
IV - Comandante - título genérico correspondente ao de Dire- Parágrafo Único - Nos casos de retroação, o soldo será devido a
tor, Chefe ou outra denominação que tenha ou venha a ter aquele partir da data declarada no respectivo ato.
que, investido de autoridade decorrente de lei ou regulamento, for Art. 6º - Suspende-se temporariamente o direito do PM ou BM
responsável pela administração, emprego, instrução e disciplina de ao soldo, quando:
uma Organização; I - em licença para tratar de interesse particular;
V - PM e BM - designação abreviada dos integrantes da Polícia II - agregado para exercer função de natureza civil em qualquer
Militar e do Corpo de Bombeiros, respectivamente, independente órgão da administração direta ou indireta, federal, estadual ou mu-
do posto ou graduação; nicipal, ou por ter sido nomeado para qualquer cargo público civil
VI - Sede - território do município, ou dos municípios vizinhos, temporário, não eletivo, inclusive da administração indireta, respei-
quando ligados por freqüentes meios de transporte, dentro do qual tado o direito de opção;
se localizam as instalações de uma Organização considerada, onde III - na situação de desertor.
são desempenhadas as atribuições, missões ou atividades cometi- Art. 7º - O direito ao soldo cessa na data em que o PM ou BM
das ao PM ou BM; for desligado da ativa por:
VII - Efetivo Serviço - real desempenho de cargo, comissão, en- I - anulação de inclusão, licenciamento ou demissão;
cargo, incumbência, serviço ou atividade inerente à Corporação, II - exclusão a bem da disciplina ou perda de posto e patente;
pelo PM ou BM em serviço ativo; III - transferência para a reserva remunerada ou reforma;
VIII - missão - dever oriundo de ordem específica de comando, IV - falecimento.
direção ou chefia; Art. 8º - O PM ou BM considerado desaparecido ou extravia-
IX - Função - exercício das obrigações inerentes ao cargo ou do em caso de calamidade pública, em viagem, no desempenho de
comissão. qualquer serviço ou manobra, terá o soldo pago aos que teriam di-
reito à sua pensão.
TÍTULO II § 1º - No caso previsto neste artigo, decorridos 6 (seis) meses,
DA REMUNERAÇÃO NA ATIVA far-se-á a habilitação dos beneficiários, na forma da lei, cessando o
pagamento do soldo.
CAPÍTULO I § 2º - Verificando-se o reaparecimento do PM ou BM, apuradas
DA REMUNERAÇÃO as causas de seu afastamento, caber-lhe-á, se for o caso, o paga-
mento da diferença entre o soldo a que faria jus se tivesse perma-
Art. 3º - A remuneração do PM ou BM na ativa compreende: necido em serviço e a pensão recebida pelos beneficiários.
I - Vencimentos: quantitativo mensal em dinheiro devido ao
PM ou BM na ativa, compreendendo o soldo e as gratificações; CAPÍTULO III
II - Indenizações: de conformidade com o Capítulo V. DAS GRATIFICAÇÕES
Parágrafo Único - O PM ou BM na ativa faz jus, ainda, a outros
direitos constantes do Capítulo VI. SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 9º - Gratificações são as partes dos vencimentos atribuídas


ao PM ou BM, como estímulo e compensação por atividades profis-
sionais, bem como pelo tempo de permanência em serviço.
* Art. 10. O militar do Estado, em efetivo serviço, fará jus às
seguintes gratificações: * Nova redação dada pela Lei 9537/2021.
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I - de Tempo de Serviço; I – 160 % (cento e sessenta por cento): Curso Superior de Polí-
II - de Habilitação Profissional; cia Militar ou Curso Superior de Bombeiro Militar;
III - de Regime Especial de Trabalho Policial-Militar ou Bombei- II – 110 % (cento e dez por cento): Curso de Aperfeiçoamento
ro-Militar. ou equivalente, de Oficiais ou de Sargentos, e Curso de Capacitação
* IV – de Risco da Atividade Militar. * Incluído pela Lei ao Oficialato Superior ou equivalente;
9537/2021. III – 85% (oitenta e cinco por cento): Curso de Especialização ou
Art. 11 - Suspende-se o pagamento das gratificações ao PM ou equivalente, de Oficiais ou de Sargentos;
BM: IV – 80% (oitenta por cento): Curso de Formação de Oficiais ou
I - nos casos previstos no art. 6º desta lei; de Sargentos; e
II - no cumprimento de pena restritiva de liberdade individual, V – 75% (setenta e cinco por cento): Curso de Formação de Ca-
decorrente de sentença, transitada em julgado; bos ou Soldados.
III - em licença, por período superior a 6 (seis) meses contínuos, * Nova redação dada pela Lei 9537/2021.
para tratamento de saúde de pessoa da família;
IV - que tiver excedido os prazos legais ou regulamentares de § 1º - A equivalência de cursos será estabelecida pelo Coman-
afastamento do serviço; dante-Geral da Corporação.
V - afastado do cargo ou comissão, por incapacidade profissio- § 2º - Somente poderá ser considerado para os efeitos deste
nal ou moral, nos termos da legislação e regulamentos vigentes; artigo, curso de especialização ou equivalente, aquele que, com du-
VI - no período de ausência não justificada. ração igual ou superior a três meses, tiver aplicação na Corporação.
Art. 12 - O direito às gratificações cessa nos casos do art. 7º § 3º - Ao PM ou BM que possuir mais de um curso, apenas será
desta lei. atribuída a gratificação de maior valor percentual.
Art. 13 - O PM ou BM que, por sentença passada em julgado, § 4º - A gratificação estabelecida neste artigo é devida a partir
for absolvido do crime que lhe tenha sido imputado, terá direito da data de conclusão do respectivo curso.
às gratificações que deixou de receber no período em que esteve SEÇÃO IV
afastado do serviço à disposição da Justiça. DA GRATIFICAÇÃO DE REGIME ESPECIAL DE TRABALHO
Parágrafo Único - Do indulto, perdão, comutação ou livramento POLICIAL-MILITAR OU DE BOMBEIRO-MILITAR
condicional, não decorre direito ao PM ou BM a qualquer remu-
neração a que tenha deixado de fazer jus, por força de dispositivo * Art. 19. A Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial
legal. Militar ou de Bombeiro Militar, prevista no inciso III do art. 10, é de-
Art. 14 - As gratificações devidas ao PM ou BM desaparecido ou vida ao militar do Estado para recompensar o permanente desgaste
extraviado serão pagas nas mesmas condições do soldo, conforme físico e psíquico provocado pela elevada tensão emocional inerente
previsto no art. 8º e seus parágrafos, desta lei. à profissão e é fixada nos seguintes percentuais:
Art. 15 - Para fins de cálculo das gratificações, tomar-se-á por I – 192,50% (cento e noventa e dois por cento e cinquenta cen-
base o valor do soldo do posto ou graduação que efetivamente pos- tésimos por cento), para Oficiais Superiores;
sua o PM ou BM. II – 150% (cento e cinquenta por cento), para Oficiais Interme-
diários e Subalternos; e
SEÇÃO II III – (MANTIDO O VETO) .
DA GRATIFICAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO IV – 122,50% (cento e vinte e dois por cento e cinquenta cen-
tésimos por cento), para Cadetes ou Alunos das Academias, Escolas
*Art. 16 - A gratificação de tempo de serviço é devida por triê- ou Centros de Formação.
nio de tempo de efetivo serviço prestado. * Nova redação dada pela Parágrafo único. (MANTIDO O VETO) .
Lei nº 1123/87. * Nova redação dada pela Lei 9537/2021.
*Art. 17 - Ao completar cada triênio de tempo efetivo de servi-
ço, o PM ou BM perceberá a Gratificação de Tempo de Serviço, cujo SEÇÃO V
valor será para o 1º triênio de 10% (dez por cento ) e os demais de DA GRATIFICAÇÃO DE RISCO DA ATIVIDADE MILITAR
5% (cinco por cento), calculados sobre o soldo de posto ou gradua-
ção, limitada a vantagem a 9 (nove) triênios. * Art. 19-A. A Gratificação de Risco da Atividade Militar é fixada
Parágrafo único - O direito à Gratificação de Tempo de Servi- no percentual de 62,50% (sessenta e dois por cento e cinquenta
ço se iniciará no dia seguinte ao que o PM ou BM completar cada centésimos), tem base de cálculo correspondente ao somatório
triênio, na forma da legislação e reconhecido mediante publicação do soldo e eventual diferença de soldo, Gratificação de Habilitação
em Boletim da Organização, conforme a norma observada na Cor- Profissional e Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial
poração. Militar ou Bombeiro Militar, e é devida ao militar do Estado em vir-
* Nova redação dada pela Lei nº 1123/87. tude das peculiaridades inerentes à carreira militar, cuja condição
está relacionada ao sacrifício da própria vida em defesa e segurança
SEÇÃO III da sociedade. * Incluído pela Lei 9537/2021.
DA GRATIFICAÇÃO DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

* Art. 18. A Gratificação de Habilitação Profissional, prevista no


inciso II do art. 10, é devida pelos cursos realizados com aproveita-
mento nos seguintes percentuais:

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CAPÍTULO IV Art. 30 - O Comandante-Geral baixará instruções regulando na


DAS INDENIZAÇÕES Corporação o valor e o destino das indenizações referidas nos arts.
28 e 29.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES SEÇÃO III
DA AJUDA DE CUSTO
Art. 20 - Indenização é o quantitativo em dinheiro, isento de
qualquer tributação, devida ao PM ou BM para ressarcimento de Art. 31 - A Ajuda de Custo é a indenização para o custeio de
despesas impostas pelo exercício de suas funções. despesas de viagem, mudança e instalação, exceto as de transporte,
Parágrafo Único - As indenizações compreendem: paga adiantadamente ao PM ou BM, salvo seu interesse em rece-
I - Diárias; bê-la no destino.
II - Ajuda de custo Art. 32 - O PM ou BM terá direito à Ajuda de Custo quando
III - Transporte. movimentado para:
Art. 21 - As indenizações devidas ao PM ou BM desaparecido I - cargo ou comissão cujo desempenho importe na obrigação
ou extraviado, serão pagas nas mesmas condições do soldo, confor- de mudança de sede, com o desligamento ou não da Unidade onde
me o previsto no art. 8º e seus parágrafos, desta lei. serve, obedecido o disposto no art. 40 desta lei;
II - comissão superior a três e inferior a seis meses, cujo de-
SEÇÃO II sempenho importe em mudança de sede, sem desligamento de sua
DAS DIÁRIAS Unidade, receberá na ida os valores previstos no art. 40 deste lei e
na volta a metade daqueles valores;
Art. 22 - Diárias são indenizações destinadas a atender às des- III - por missão inferior ou igual a três meses, cujo desempenho
pesas extraordinárias de alimentação e de pousada e são devidas importe em mudança de sede, sem transporte de dependente e
ao PM ou BM durante seu afastamento de sua sede por motivo de sem desligamento da Unidade, receberá a metade dos valores pre-
serviço. vistos no art. 33 desta lei, na ida e na volta.
Art. 23 - As diárias compreendem a Diária de Alimentação e a Parágrafo Único - Fará jus também à Ajuda de Custo o PM ou
Diária de Pousada. BM, quando deslocado com a Organização ou fração dela, que te-
Parágrafo Único - A Diária de Alimentação é devida inclusive nha sido transferida de sede.
nos dias de partida e nos de chegada. Art. 33 - A Ajuda de Custo devida ao PM ou BM será igual:
Art. 24 - O valor da Diária de Alimentação será regulado pelo I - ao valor correspondente ao soldo, quando não possuir de-
Poder Executivo, por decreto. pendente;
Parágrafo Único - O valor da Diária de Pousada é igual ao valor II - a duas vezes o valor do soldo, quando possuir dependente
atribuído à Diária de Alimentação. expressamente declarado.
Art. 25 - Compete ao Comandante da Organização providen- Art. 34 - Não terá direito à Ajuda de Custo o PM ou BM:
ciar o pagamento das diárias e, sempre que for julgado necessário, I - movimentado por interesse próprio ou em virtude de opera-
deve efetuá-lo adiantadamente, para ajuste de contas quando do ções de manutenção da ordem pública;
pagamento da remuneração, condicionando-se o adiantamento à II - desligado de escola ou curso por falta de aproveitamento
existência de recursos orçamentários próprios. ou por interesse próprio, ainda que preencha os requisitos do art.
Art. 26 - Não serão atribuídas diárias ao PM ou BM: 39 desta lei.
I - quando as despesas com alimentação e alojamento forem Art. 35 - Restituirá a Ajuda de Custo o PM ou BM que houver
asseguradas; recebido nas formas e circunstâncias abaixo:
II - nos dias de viagem, quando no custo da passagem estive- I - integralmente e de uma só vez, quando deixar de seguir des-
rem compreendidas a alimentação e/ou a pousada; tino a seu pedido;
III - cumulativamente com a Ajuda de Custo, exceto nos dias II - pela metade do valor recebido e de uma só vez, quando, até
de viagem, em que a alimentação e/ou a pousada não estejam seis meses após ter seguido para nova Organização, for, a pedido,
compreendidas no custo das passagens, devendo neste caso ser movimentado, dispensado, licenciado, demitido, transferido para a
computado apenas o prazo estipulado para o meio de transporte reserva, exonerado ou entrar em licença;
efetivamente utilizado; III - pela metade do valor, mediante desconto pela décima par-
IV - durante o afastamento da sede por menos de oito horas te do soldo, quando não seguir destino por motivo independente
consecutivas. de sua vontade.
Art. 27 - No caso de falecimento do PM ou BM, seus herdeiros § 1º - Não se enquadra nas disposições do inciso II deste artigo
não restituirão as diárias que ele haja recebido adiantadamente. a licença para tratamento de saúde própria.
Art. 28 - O PM ou BM, quando receber diárias, indenizará a § 2º - Ao receber a Ajuda de Custo o PM ou BM liquidará, in-
Organização em que se alojar ou se alimentar, de acordo com as tegralmente, o débito anterior referente a qualquer outra Ajuda de
normas vigentes. Custo.
Art. 29 - Quando as despesas de alimentação e/ou de pousada Art. 36 - Na concessão de Ajuda de Custo, para efeito de cálcu-
a que se refere o inciso I do art. 26 desta lei, forem realizadas pelas lo de seu valor, determinação do exercício financeiro, constatação
Organizações de outras Corporações, a indenização respectiva será de dependente e tabela em vigor, tomar-se-á como base a data do
feita pela Corporação. ajuste de contas.

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Parágrafo Único - Se o PM ou BM for promovido, contando an- SEÇÃO II


tigüidade de data anterior à do pagamento da Ajuda de Custo, fará DA ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR
jus à diferença entre o valor desta e daquela a que teria direito no
novo posto ou graduação. Art. 44 - O Estado proporcionará ao PM ou BM e a seus depen-
Art. 37 - A Ajuda de Custo não será restituída pelo PM ou BM ou dentes, assistência médico-hospitalar, através das Organizações de
seus beneficiários, quando: Saúde da Corporação, de acordo com o disposto nesta Seção.
I - após ter seguido destino, for mandado regressar; Art. 45 - Em princípio, as Organizações de Saúde da Corporação
II - ocorrer o falecimento do PM ou BM, mesmo antes de seguir destinam-se a atender o pessoal delas dependentes.
destino. Art. 46 - O PM ou BM da ativa terá hospitalização e tratamento
custeados pelo Estado, em virtude dos motivos especificados nos
SEÇÃO IV incisos I, II e III do art. 79 desta lei.
DO TRANSPORTE § 1º - A hospitalização para o PM ou BM não enquadrado neste
artigo será gratuita até sessenta dias, consecutivos ou não, em cada
Art. 38 - O PM ou BM movimentado, por interesse do serviço, ano civil.
tem, por conta do Estado, direito a transporte, nele compreendidas § 2º - Todo PM ou BM terá tratamento por conta do Estado,
a passagem e a translação da respectiva bagagem, de residência à ressalvadas as indenizações estabelecidas pelo Comandante-Geral.
residência, se mudar em observância a prescrições legais, regula- Art. 47 - Para os efeitos do disposto no artigo anterior, a inter-
mentares. nação do PM ou BM em clínica ou hospital especializado ou não,
§ 1º - Se a movimentação do PM ou BM importar em mudança estranho à Corporação, será autorizada nos seguintes casos:
de sede, os seus dependentes e um empregado doméstico terão o I - de urgência, quando as organizações hospitalares da Corpo-
direito previsto neste artigo. ração não puderem atender;
§ 2º - Os dependentes e o empregado doméstico com o direito II - quando as organizações hospitalares da Corporação não dis-
previsto nesta Seção, só poderão usufruí-lo se viajarem no período puserem de clínica especializada necessária;
compreendido entre quinze dias antes e noventa dias após o deslo- III - quando não houver organização hospitalar da Corporação
camento do PM ou BM. no local e não for possível ou viável deslocar o paciente para outra
§ 3º - Quando o PM e BM falecer em serviço ativo, seus depen- localidade;
dentes e o empregado doméstico terão direito, até noventa dias IV - quando houver convênio firmado pela Corporação.
após o falecimento, ao transporte, por conta do Estado, para a loca- * Art. 48. A assistência médico-hospitalar, odontológica e social
lidade no território estadual, onde fixarem residência. aos militares do Estado e seus dependentes, assim como aos pen-
Art. 39 - O PM ou BM terá direito a transporte por conta do sionistas militares e seus dependentes, será prestada com recursos
Estado, quando tiver de efetuar deslocamento fora da sede, nos se- provenientes:
guintes casos: I – do desconto, facultativo, de 10% (dez por cento) do soldo do
I - interesse da Justiça ou da disciplina; militar do Estado ou do soldo de referência do instituidor de pen-
II - realização de concurso para ingresso em escola ou curso de são;
interesse da Corporação; II – do desconto adicional de 1% (um por cento) do soldo do mi-
III - por motivo de serviço decorrente do desempenho de sua litar do Estado ou do soldo de referência do instituidor de pensão,
atividade; por cada dependente;
IV - realização de inspeção de saúde, baixa à organização hospi- III – da contrapartida mensal do Estado, mediante dotação or-
talar ou alta dessa, em virtude de prescrição médica. çamentária específica, não inferior a 100% (cem por cento) dos va-
Art. 40 - Quando o transporte não for realizado pelo Estado, o lores arrecadados referentes aos incisos I e II;
PM ou BM será indenizado da quantia correspondente às despesas IV – de doações e legados;
decorrentes do direito a que se refere esta Seção, obedecidos os V – de indenizações por atendimento conveniado.
limites estabelecidos pelo Poder Executivo. § 1º Os recursos de que trata este artigo terão destinação es-
Art. 41 - O Poder Executivo, através de decreto, regulamentará pecífica, com escrituração sob as rubricas “FUNDO DE SAÚDE SPS-
o disposto nesta Seção. MERJ/PM” ou “FUNDO DE SAÚDE SPSMERJ/CBM”, e serão geridos,
em cada uma das Corporações Militares do Estado, por uma comis-
CAPÍTULO V são designada pelo Comandante-Geral da respectiva Corporação
DOS OUTROS DIREITOS Militar em conta vinculada a estabelecimento bancário com praça
no Estado do Rio de Janeiro.
SEÇÃO I § 2º Cada uma das Corporações Militares do Estado terá sua
SALÁRIO-FAMÍLIA própria conta vinculada a estabelecimento bancário com praça no
Estado do Rio de Janeiro.
Art. 42 - Salário-família é o auxílio em dinheiro pago ao PM ou § 3º Os recursos mencionados nos incisos deste artigo serão
BM para custear, em parte, a educação e assistência a seus filhos e repassados imediatamente à conta destinada ao Fundo de Saúde
outros dependentes. de cada uma das Corporações Militares do Estado.
Parágrafo Único - O salário-família é devido ao PM ou BM no § 4º O Poder Executivo poderá abrir créditos suplementares e
valor e nas condições previstas na legislação vigente. especiais para fazer face às despesas necessárias para custeio da
Art. 43 - O salário-família é isento de tributação e não sofre assistência médico-hospitalar, odontológica e social dos militares
desconto de qualquer natureza. do Estado.

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§ 5º É vedado o desconto para o Fundo de Saúde para depen- III - caso a despesa com o sepultamento, paga de acordo com
dentes, se não houver desconto do militar do Estado ou do pensio- o inciso anterior, seja inferior ao valor do Auxílio-funeral estabele-
nista militar na qualidade de titular. cido, a diferença será paga aos beneficiários habilitados à pensão
§ 6º O militar do Estado, ativo ou inativo, e o pensionista po- militar ou no Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro
derão a qualquer tempo requerer o cancelamento dos descontos (IPERJ), mediante requerimento;
para o Fundo de Saúde, importando o cancelamento do titular na IV - decorrido o prazo de trinta dias, sem reclamação do Auxí-
extensão automática aos dependentes e não importa em efeitos lio-funeral por quem haja custeado o sepultamento do PM ou BM,
pecuniários retroativos. será o mesmo pago aos beneficiários habilitados à pensão militar
§ 7º Somente nas hipóteses de acidente de serviço, os militares ou no Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (IPERJ),
do Estado que não descontem para o Fundo de Saúde poderão ter mediante requerimento.
acesso ao Sistema de Saúde das Corporações. Art. 54 - Em casos especiais e a critério da autoridade compe-
§ 8º O militar do Estado ou o pensionista militar que solicitar tente, poderá o Estado custear diretamente o sepultamento do PM
cancelamento dos descontos para o Fundo de Saúde somente po- ou BM.
derão requerer seu reingresso decorridos 12 (doze) meses da efeti- Parágrafo Único - Verificando-se a hipótese de que trata este
vação do cancelamento conforme regras estabelecidas em Portaria artigo, não será pago, aos beneficiários, o Auxílio-funeral.
do Comandante-Geral de cada Corporação Militar do Estado. Art. 55 - Cabe ao Estado, por solicitação da família, a transla-
§ 9º O dependente do militar do Estado falecido que não tenha dação do corpo do PM ou BM falecido em manutenção da ordem
sido habilitado como pensionista, poderá fazer jus ao atendimen- pública ou em acidente em serviço, para qualquer localidade no
to à assistência médico-hospitalar, odontológica e social, enquanto território estadual.
preencher as mesmas condições estabelecidas em lei para fins de Art. 56 - Para atender as despesas do funeral de dependente, o
dependência e desde que o pensionista habilitado, por solicitação PM ou BM terá direito ao adiantamento correspondente até o valor
própria, contribua na forma dos incisos I e II do caput. de dois soldos do seu porto ou graduação, indenizável em vinte e
§ 10. Ao ingressar na Corporação Militar o militar deverá ser quatro meses.
orientado e consultado sobre a intenção de realizar os descontos Parágrafo Único - Este benefício será concedido ao PM ou BM,
para o fundo de saúde, podendo fazer a adesão a qualquer tempo. se requerido no prazo de trinta dias contados da data do falecimen-
* Nova redação dada pela Lei 9537/2021. to, de acordo com normas baixadas pelo Comandante-Geral.

* Art. 49. A assistência médico-hospitalar, odontológica e social SEÇÃO IV


aos militares do Estado e seus dependentes será prestada de acor- DA ALIMENTAÇÃO
do com as normas e condições de atendimento estabelecidas pelo
Comandante-Geral de cada Corporação Militar do Estado. * Nova Art. 57 - Tem direito à alimentação por conta do Estado:
redação dada pela Lei 9537/2021. I - O PM ou BM servindo ou quando em serviço em Organização
SEÇÃO III com rancho próprio, ou ainda, em operação PM ou BM;
DO FUNERAL II - o funcionário civil vinculado à Corporação;
III - o preso civil quando recolhido à Corporação.
Art. 50 - O Estado assegurará sepultamento condigno ao PM * Art. 58 -A etapa é a importância em dinheiro correspondente
ou BM. ao custeio da ração e seu valor será fixado, mensalmente, pelo Po-
Art. 51 - O Auxílio-funeral é o quantitativo concedido para cus- der Executivo, através de decreto. *( Nova redação dada pelo art.
tear as despesas com o sepultamento do PM ou BM. 1º da Lei 1575/89)
* Art. 52 - O auxílio funeral corresponderá a 02 (duas) vezes o Art. 59 - Toda Organização deverá ter rancho próprio, em condi-
valor do soldo do policial militar ou do bombeiro militar falecidos, ções de proporcionar rações preparadas aos seus integrantes.
exceto se tratar de 3º Sargento, Cabo e Soldado, quando equivalerá, § 1º - O PM ou BM, quando sua Organização ou outra nas pro-
no mínimo, a 02 (duas) vezes o valor do respectivo soldo e no má- ximidades do local de serviço ou expediente, não lhe possa fornecer
ximo, a duas vezes o valor do soldo do 2º Sargento. * Nova redação alimentação por conta do Estado e, por imposição do horário de
dada pela Lei nº 2366/1994. trabalho e distância de sua residência, seja obrigado a fazer refei-
Art. 53 - Ocorrendo o falecimento do PM ou BM, as seguintes ções fora da mesma, tendo despesas extraordinárias de alimenta-
providências devem ser observadas para a concessão do Auxílio- ção, fará jus:
-funeral: 1 - a seis vezes o valor da etapa fixado, quando em serviço de
I - antes de realizado o enterro, o pagamento do Auxílio-funeral duração de vinte e quatro horas;
será feito a quem de direito pela Organização a que pertencia o PM 2 - à metade do previsto no inciso anterior, quando em serviço
ou BM, independentemente de qualquer formalidade, exceto a da ou expediente de duração igual ou superior a oito horas de efetivo
apresentação do atestado de óbito; trabalho, mas inferior a vinte e quatro horas.
II - após o sepultamento do PM ou BM, não se tendo verificado § 2º - O direito de que trata o parágrafo anterior poderá ser
o caso do inciso anterior, deverá a pessoa que o custeou, mediante estendido, a critério do Comandante-Geral, ao PM ou BM que serve
apresentação do atestado de óbito, solicitar o reembolso da despe- em destacamentos da Corporação no interior do Estado.
sa, comprovando-a com os recibos em seu nome, dentro do prazo Art. 60 - O Cabo ou soldado, quando em férias regulamentares
de trinta dias, sendo-lhe, em seguida, reconhecido o crédito e paga ou licenciado por moléstia infecto-contagiosa e não for alimentado
a importância correspondente aos recibos, até o valor limite esta- por conta do Estado, receberá indenização correspondente ao valor
belecido no artigo anterior; da etapa comum.

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Parágrafo Único - É vedado o desarranchamento para o paga- Parágrafo único. O Poder Executivo regulamentará por Decreto
mento da etapa em dinheiro. as condições para o recebimento do benefício disposto neste artigo.
* Incluído pela Lei 9537/2021.
SEÇÃO V
DO FARDAMENTO TÍTULO III
DA REMUNERAÇÃO NA INATIVIDADE
Art. 61 - O Aluno-Oficial e a praça de graduação inferior a Ter-
ceiro-Sargento têm direito, por conta do Estado, a uniforme e roupa CAPÍTULO I
de cama, de acordo com as tabelas de distribuição estabelecidas DA REMUNERAÇÃO E OUTROS DIREITOS
pela Corporação.
Art. 62 - O PM ou BM, ao ser declarado Aspirante-a-Oficial ou Art. 65 - A remuneração do PM ou BM na inatividade - na reser-
promovido a Terceiro-Sargento, faz jus a um auxílio para aquisição va remunerada ou reformado - compreende:
de uniforme no valor de três vezes o soldo de sua graduação. I - Proventos;
Parágrafo Único - Igual direito tem aquele que ingressar no ofi- II - Auxílio-invalidez.
cialato por nomeação ou promoção. Parágrafo Único - A remuneração do PM ou BM na inatividade
Art. 63 - Ao Oficial, Subtenente ou Sargento que requerer, será revista sempre que, por motivo de alteração do poder aquisi-
quando promovido, será concedido um adiantamento correspon- tivo da moeda, se modificar a remuneração do PM ou BM na ativa.
dente ao valor do soldo do novo posto ou graduação, para aquisição Art. 66 - O PM ou BM ao ser transferido para a inatividade faz
de uniforme. jus:
§ 1º - Este adiantamento não será pago com o auxílio previsto I - ao valor de um soldo do último posto ou graduação que pos-
no artigo anterior, em razão da mesma declaração, nomeação ou suía na ativa;
promoção. II - ao transporte, por conta do Estado, nele compreendidas a
§ 2º - A concessão prevista neste artigo far-se-á mediante des- passagem e a translação da respectiva bagagem para si, seus de-
pacho em requerimento do PM ou BM ao seu Comandante, ouvido pendentes e um empregado doméstico, para o domicílio onde fixa-
previamente o órgão de finanças da Corporação. rá residência dentro do território estadual.
* § 3º -* Revogado pelo art 48 da Lei 9537/2021. § 1º - Quando o transporte não for realizado pelo Estado, o ina-
* § 4º O adiantamento referido neste artigo poderá ser reque- tivo será indenizado da quantia correspondente às despesas decor-
rido a cada quatro anos, se o militar do Estado permanecer no mes- rentes efetivamente realizadas, obedecidos os limites estabelecidos
mo posto ou graduação, podendo ser renovado no caso de promo- pelo Poder Executivo.
ção. * Nova redação dada pela Lei 9537/2021. § 2º - O direito ao transporte prescreve após decorridos cento e
Art. 64. Os militares do Estado que perderem ou tiverem seus vinte dias da data da publicação oficial do ato de transferência para
fardamentos roubados, furtados, extraviados ou danificados em a inatividade.
deslocamento a serviço ou em serviço, receberá um auxílio corres- § 3º - Se o inativo falecer no decorrer do prazo estabelecido no
pondente ao valor de 1 (um) soldo do seu posto ou graduação, mes- parágrafo anterior, os seus dependentes e o empregado doméstico
mo já tendo recebido anteriormente na forma do art. 63 e desde farão jus ao transporte de que trata este artigo, até o final desse
que não tenha direito a uniforme por conta do Estado. prazo.
Parágrafo único. O recebimento do auxílio fardamento de que Art. 67 - O PM ou BM, na inatividade, faz jus ainda, no que for
trata o caput deste artigo estará condicionado a comprovação do aplicável, aos direitos constantes das Seções I, II e III do Capítulo V
fato, através de procedimento apuratório a ser instaurado na uni- do Título II desta lei.
dade de lotação do pretendente na respectiva Corporação militar. Parágrafo Único - Para cálculo do Auxílio-funeral do inativo,
* Nova redação dada pela Lei 9537/2021. será considerado o soldo do posto ou graduação que serviu de base
para o cálculo do seus proventos.
SEÇÃO VI
DO ABONO DE PERMANÊNCIA MILITAR CAPÍTULO II
DOS PROVENTOS
* Art. 64-A. O militar do Estado que preencher os requisitos
estabelecidos para transferência para a reserva remunerada, a pe- SEÇÃO I
dido, e que optar por permanecer em atividade, fará jus a um abo- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
no de permanência militar equivalente ao valor da sua contribuição
para as pensões militares e a inatividade dos militares, subsistin- Art. 68 - Proventos são o quantitativo em dinheiro que o PM ou
do até que seja transferido para a inatividade. * Incluído pela Lei BM percebe na inatividade, quer na reserva remunerada, quer na
9537/2021. situação de reformado, constituídos pelas seguintes parcelas:
I - soldo ou quotas de soldo;
SEÇÃO VII II - gratificações incorporáveis.
DO AUXÍLIO DE NECESSIDADE ESPECIAL Art. 69 - Os proventos são devidos ao PM ou BM, quando for
desligado da ativa em virtude de:
* Art. 64-B. O militar do Estado na ativa que for responsável I - transferência para a reserva remunerada;
legal por crianças com deficiência física ou intelectual fará jus a um II - reforma;
Adicional de Necessidade Especial, calculado sobre 20% (vinte por III - retorno à inatividade após convocação para o serviço ativo.
cento) do soldo.
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Parágrafo Único - O PM ou BM de que trata este artigo conti- deverá corresponder ao fixado em apostila lavrada pelo órgão com-
nuará a perceber sua remuneração, até a publicação de seu desli- petente da Corporação Militar do Estado. * Nova redação dada pela
gamento no boletim da Corporação, o que não poderá exceder de lei 9537/2021.
quarenta e cinco dias da data da primeira publicação oficial do ato.
Art. 70 - Suspende-se, temporariamente, o direito do PM ou SEÇÃO III
BM à percepção dos proventos na data de sua apresentação em DOS INCAPACITADOS
Organização, quando, na forma da legislação em vigor, retornar à
ativa ou for convocado para o desempenho de cargo em comissão Art. 79 - O PM ou BM incapacitado terá seus proventos referi-
na Corporação. dos ao soldo integral do posto ou graduação em que foi reformado
Art. 71 - Cessa o direito à percepção dos proventos na data: ou do correspondente ao grau hierárquico superior ao que possuía
I - do falecimento/ na ativa, de acordo com a legislação em vigor, e as gratificações in-
II - do ato em que o oficial perca o posto e a patente; corporáveis a que fizer jus, quando reformado pelos seguintes mo-
III - do ato de exclusão da praça. tivos:
Art. 72 - O valor dos proventos do PM ou BM será fixado em I - ferimento recebido na manutenção de ordem pública, no
apostila, que será lavrada pelo órgão pagador competente da Cor- exercício de missão profissional de bombeiro ou enfermidade con-
poração e devidamente julgado pelo Tribunal de Contas do Estado. traída nessas situações, ou que nelas tenha sua causa eficiente;
II - acidente em serviço;
SEÇÃO II III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com relação
DAS PARCELAS DOS PROVENTOS de causa e efeito a condições inerentes ao serviço;
IV - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, embora sem
Art. 73 - O soldo constitui a parcela básica dos proventos a que relação de causa e efeito com o serviço, desde que seja considerado
faz jus o PM ou BM na inatividade, e seu valor será igual ao do PM inválido, impossibilitado total e permanentemente para qualquer
ou BM da ativa do mesmo posto ou graduação. trabalho.
§ 1º - Para efeito de cálculo, o soldo dividir-se-á em quotas, Parágrafo Único - Não se aplicam as disposições do presente
correspondente cada uma a um trigésimo do seu valor. artigo ao PM ou BM que, já na situação de inatividade, passe a
§ 2º - O soldo ou quotas de soldo a que fizer jus o PM ou BM se encontrar na situação referida no inciso IV, a não ser que fique
na inatividade constituirão a base de cálculo para o pagamento das comprovada, por Junta de Saúde da Corporação, relação de causa
gratificações, auxílios e outros direitos. e efeito com o exercício de suas funções enquanto esteve na ativa.
Art. 74 - Na inatividade o PM ou BM terá direito a tantas quotas Art. 80 - O oficial ou a praça com estabilidade assegurada, re-
de soldo quanto forem os anos de serviço, computáveis para o mes- formado por incapacidade definitiva decorrente de acidente, doen-
mo fim até o máximo de trinta. ça, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o
Parágrafo Único - Para efeito de contagem de quotas, a fração serviço, ressalvados os casos do inciso IV do artigo anterior, perce-
de tempo igual ou superior a cento e oitenta dias será considerada berá os proventos nos limites impostos pelo tempo de serviço com-
como um ano. putável para a inatividade, observadas as condições estabelecidas
Art. 75 - O oficial que contar mais de 35 (trinta e cinco) anos de nos arts. 74 e 78 desta lei.
serviço, quando transferido para a inatividade, terá os proventos Parágrafo Único - O oficial com mais de cinco anos de serviço
calculados sobre o soldo correspondente ao do posto imediato, se ou a praça com estabilidade assegurada, que se encontrar nas con-
na Corporação existir esse posto. dições deste artigo, não poder perceber como proventos, quantia
Parágrafo Único - O oficial, nas condições deste artigo, se ocu- inferior ao soldo do posto ou graduação atingido na inatividade,
pante do último posto da hierarquia da Corporação, terá os pro- para fins de remuneração.
ventos calculados sobre o soldo desse posto, acrescido de vinte por
cento. CAPÍTULO III
Art. 76 - O Subtenente, quando transferido para a inatividade, DO AUXÍLIO - INVALIDEZ
terá os proventos calculados sobre o soldo correspondente ao pos-
to de Segundo-Tenente, desde que conte mais de trinta anos de * Art. 81. O militar do Estado, ativo ou inativo, que foi ou venha
serviço. a ser reformado por incapacidade definitiva e considerado inválido,
Art. 77 - As demais praças que contem mais de trinta anos de impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho,
serviço, ao serem transferidas para a inatividade, terão os proven- não podendo prover os meios de subsistência, fará jus a um auxí-
tos calculados sobre o soldo correspondente ao da graduação ime- lio-invalidez no valor de vinte e cinco por cento da soma do soldo e
diatamente superior. eventual diferença de soldo com a Gratificação de Tempo de Servi-
* Art. 78. Serão incorporadas integralmente à remuneração de ço, desde que satisfaça a uma das condições abaixo especificadas,
inatividade as Gratificações de Tempo de Serviço, de Habilitação devidamente homologada por Junta de Saúde da Corporação Mili-
Profissional, de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de tar do Estado:
Bombeiro Militar e de Risco da Atividade Militar. I – necessitar de internação em instituição especializada, da
Parágrafo único. A base de cálculo para pagamento das grati- Corporação Militar do Estado ou não;
ficações, indenizações, dos auxílios e outros direitos do militar do II – necessitar de assistência ou cuidados permanentes de en-
Estado na inatividade remunerada não será inferior ao valor do sol- fermagem;
do integral do grau hierárquico que possuir quando em atividade e III – necessitar, por prescrição médica, receber tratamento na
própria residência, assistência ou cuidados permanentes de enfer-
magem.
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§ 1º Para percepção do auxílio-invalidez, o militar do Estado fi- Art. 84 - O PM ou BM que retornar à ativa ou for reincluído, faz
cará sujeito a apresentar, anualmente, declaração de que não exer- jus à remuneração, na forma estipulada nesta lei para às situações
ce atividade remunerada e, a critério da Administração Militar, a equivalentes, na conformidade do que foi estabelecido no ato do
submeter-se, periodicamente, à inspeção de saúde de controle; no retorno ou reinclusão.
caso de Oficial ou Praça mentalmente enfermo, a declaração deverá Parágrafo Único - Se o PM ou BM fizer jus a pagamento relativo
ser firmada por dois Oficiais da ativa da Corporação. a períodos anteriores à data do retorno ou reinclusão, receberá a
§ 2º O auxílio-invalidez será suspenso automaticamente pelo diferença entre a importância apurado no ato do ajuste de contas e
Comandante-Geral da correspondente Corporação Militar do Esta- a recebida a título de remuneração, pensão ou vantagem, nos mes-
do, se for verificado que o militar do Estado beneficiado exerce ou mos períodos.
tenha exercido, após o recebimento do auxílio qualquer atividade Art. 85 - No caso do retorno ou reinclusão com ressarcimento
remunerada, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, bem como pecuniário, o PM ou BM indenizará os cofres públicos, mediante en-
se, em inspeção de saúde, for constatado não se encontrar nas con- contro de contas, das quantias que tenham sido pagas à sua família,
dições previstas neste artigo. a qualquer título.
§ 3º O militar do Estado no gozo do auxílio-invalidez terá direi- * Art. 85–A. O militar do Estado, ao início do processo de trans-
to a transporte por conta do Estado, dentro do território estadual, ferência para a inatividade remunerada, poderá requerer a ante-
quando for obrigado a se afastar de seu domicílio para ser submeti- cipação do valor relativo ao período integral das férias do ano da
do à inspeção de saúde de controle, prevista no parágrafo 1º deste referência, desde que já haja decorridos trinta dias dentro do ano
artigo. da referência das férias e desde que no mês solicitado para anteci-
§ 4º O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao soldo de se- pação não conste nenhum tipo de afastamento do serviço ativo ou
gundo-tenente. licença. * Incluído pela Lei 9537/2021.
* Nova redação dada pela Lei 9537/2021. * Art. 85–B. Será concedida ao militar inativo indenização por
via administrativa de valores referentes a férias e licença-especial
CAPÍTULO IV não gozadas enquanto em atividade, desde que não utilizadas para
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS contagem ficta do tempo de serviço para fins de transferência para
reserva remunerada, reforma ou de percepção de abono de perma-
Art. 82 - O PM ou BM reformado ou da reserva remunerada, nência militar.
que na forma da legislação em vigor, retornar à ativa, ou for con- § 1º O direito previsto no caput deste artigo poderá ser exer-
vocado para o desempenho de cargo ou comissão na Corporação, cido no prazo prescricional de 5 (cinco) anos, a contar da data da
perceberá a remuneração da ativa do seu posto ou graduação, a passagem para a inatividade remunerada.
contar da data da apresentação, perdendo, a partir daí, direito à § 2º O valor de direito da indenização, em quaisquer hipóteses,
remuneração da inatividade. terá por base de cálculo o último contracheque anterior à passagem
§ 1º - Por ocasião de sua apresentação, o PM ou BM de que para inatividade, excluídas as parcelas indenizatórias e remunerató-
trata este artigo terá direito, mediante requerimento e a critério rias eventuais.
do Comandante-Geral, a um auxílio para aquisição de uniformes, § 3º O valor total a ser concedido ao militar do Estado a título
correspondente ao valor do soldo de seu porto ou graduação. de indenização corresponderá ao produto da base de cálculo cons-
§ 2º - O PM ou BM de que trata este artigo ao retornar à inati- tante no parágrafo anterior pelo somatório de meses de férias e
vidade, terá sua remuneração recalculada em função do novo côm- licença-especial não gozadas.
puto de tempo de serviço e das novas situações alcançadas pelas § 4º Para fins deste artigo, período de férias ou licença-espe-
atividades que exerceu, de acordo com a legislação em vigor. cial igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerado como mês
* Art. 82-A. Ao PM ou BM da reserva remunerada e, excepcio- integral.
nalmente, o reformado, exceto quando convocado para o desempe- § 5º Na hipótese de exclusão do serviço ativo por falecimento,
nho de cargo ou comissão na Corporação, que prestarem tarefa por poderá ser requerido o direito previsto neste artigo pelos benefici-
tempo certo, será conferido Adicional ‘Pro Labore’. ários da pensão militar, desde que observada a prescrição quinque-
§1º O prestador da tarefa por tempo certo estabelecida pelo nal a contar da data do óbito.
caput deste artigo, além do Adicional “Pro Labore”, também fará § 6º Tratando-se de falecimento de militar do Estado inativo,
jus aos seguintes benefícios, enquanto permanecer na situação de poderá ser requerido o direito pelos beneficiários da pensão militar,
prestação de tarefa por tempo certo: desde que respeitados os requisitos do caput e do parágrafo 1º.
I - adicional de férias, correspondente a 1/3 (um terço) do Adi- § 7º Sobre a parcela indenizatória de que trata este artigo, não
cional ‘Pro Labore’ do mês de início das férias; incidirão imposto de renda e contribuição para as pensões militares
II - 13º salário correspondente ao Adicional ‘Pro Labore’. e a inatividade dos militares.
§2º O Adicional “Pro Labore” previsto no caput deste artigo * Incluído pela Lei 9537/2021.
não será incorporado aos proventos de inatividade militar;
§ 3° O valor adicional de que trata o caput deste artigo não
poderá ser inferior ao menor piso salarial estabelecido em Lei pelo
Estado do Rio de Janeiro.
* Artigo incluído pela Lei nº 5271/2008.

Art. 83 - As disposições do art. 74 não se aplicam ao PM ou BM


amparado por legislação que lhe assegure, por ocasião da passa-
gem para a inatividade, vencimentos integrais.
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TÍTULO IV CAPÍTULO II
DOS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO DOS LIMITES

CAPÍTULO I Art. 93 - Para os descontos, são estabelecidos os seguintes limi-


DOS DESCONTOS tes, referidos às bases para desconto:
I - quantia estipulada por lei ou regulamento;
Art. 86 - Desconto é o abatimento que o PM ou BM pode sofrer II - até setenta por cento para os descontos previstos nos itens
em seus vencimentos ou proventos, para cumprimento de obriga- 2 e 3 do inciso III do art. 88 desta lei;
ções assumidas ou legalmente impostas. III - até trinta por cento para os descontos não enquadrados
* Art. 87. São consideradas bases para desconto as seguintes nos incisos anteriores.
parcelas remuneratórias: Art. 94 - Em nenhuma hipótese, o PM ou BM poderá receber
I – para o militar do Estado ativo, o soldo do posto ou gradua- mensalmente quantia líquida inferior a trinta por cento das bases
ção, acrescido da Gratificação de Tempo de Serviço, da Gratificação para desconto, mesmo nos casos de suspensão do pagamento das
de Habilitação Profissional, da Gratificação de Regime Especial de gratificações.
Trabalho Policial Militar ou de Bombeiro Militar e da Gratificação de Art. 95 - Os descontos obrigatórios têm prioridade sobre os au-
Risco da Atividade Militar; torizados.
II – para o militar do Estado inativo, o soldo e eventual diferen- § 1º - A importância devida à Fazenda Estadual, ou a pensão
ça de soldo ou quotas de soldo, acrescido da Gratificação de Tempo judicial supervenientes a averbações já existentes será obrigatoria-
de Serviço, da Gratificação de Habilitação Profissional, da Gratifica- mente descontada dentro dos limites estabelecidos neste Capítulo.
ção de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de Bombeiro § 2º - Na ocorrência do disposto no parágrafo anterior, serão
Militar e da Gratificação de Risco da Atividade Militar; e assegurados aos consignatários os juros de mora, às taxas legais vi-
III – para o pensionista de militar do Estado, o soldo ou quo- gentes, decorrentes da dilatação dos prazos estipulados.
tas de soldo do instituidor de pensão, acrescido da Gratificação de § 3º - Verificada a hipótese do parágrafo anterior, só será per-
Tempo de Serviço, da Gratificação de Habilitação Profissional, da mitido novo desconto autorizado, quando este estiver dentro dos
Gratificação de Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou de limites fixados neste Capítulo.
Bombeiro Militar e da Gratificação de Risco da Atividade Militar. Art. 96 - O desconto originado de crime previsto no Código Pe-
* Nova redação dada pela Lei 9537/2021. nal Militar não impede que, por decisão judicial, a autoridade com-
petente proceda a buscas, apreensões legais, confisco de bens e
Art. 88 - Os descontos são classificados em: seqüestro no sentido de abreviar o prazo de indenizações à Fazenda
I - Contribuição para: Estadual.
1 - a Pensão Militar; Art. 97 - A dívida para com a Fazenda Estadual, no caso do PM
2 - o Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro; ou BM desligado da ativa será obrigatoriamente cobrada, de pre-
3 - a Caixa Beneficente e/ou Caixa de Pecúlio da Corporação; ferência por meios amigáveis, e na impossibilidade desses, pelo
4 - a Assistência Médico-hospitalar. recurso ao processo de cobrança fiscal referente à Dívida Ativa do
II - Indenizações: Estado.
1 - a Órgãos Federais, Estaduais ou Municipais, em decorrência
de dívida. TÍTULO V
III - Consignações: DISPOSIÇÕES DIVERSAS
1 - em favor das entidades consideradas consignatárias;
2 - para pensão alimentícia; CAPÍTULO I
3 - para aluguel ou aquisição de residência do PM ou BM; DISPOSIÇÕES GERAIS
4 - para outros fins determinados pelo Comandante-Geral.
* Art. 89 – São descontos obrigatórios os constantes do inciso Art. 98 - O valor do soldo será fixado para cada posto ou gradu-
I do artigo anterior, exceto o seu item 3 - “a Caixa Beneficente e/ou ação com base no soldo do posto de Coronel PM ou BM observados
Caixa de Pecúlio da Corporação”, do inciso II e o item 2 do inciso III os índices estabelecidos na Tabela de Escalonamento Vertical anexa
do mesmo artigo, se em cumprimento de sentença judicial. * (Nova a esta lei.
radação dada pela Lei nº 3492/2000) Parágrafo Único - A Tabela de soldo resultante da aplicação do
Art. 90 - São autorizados todos os demais descontos não men- escalonamento vertical, deverá ser constituída por valores arredon-
cionados no artigo anterior. dados de múltiplos de trinta.
Art. 91 - Podem ser consignantes os PM ou BM em qualquer Art. 99 - Qualquer que seja o mês considerado, o cálculo parce-
situação. lado de vencimentos terá o divisor igual a trinta.
Art. 92 - O Poder Executivo Estadual especificará as entidades Parágrafo Único - O Salário-família é sempre pago integralmen-
que podem ser consideradas consignatárias. te.
Art. 100 - A remuneração do PM ou BM falecido é calculada até
o dia do seu óbito, inclusive, e paga aos beneficiários habilitados.
Art. 101 - São considerados dependentes do PM ou BM:
I - a esposa;
II - o filho menor de vinte e uma anos e o filho inválido ou in-
terdito;
III - a filha solteira, desde que não receba remuneração;
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IV - o filho estudante, menor de vinte e quatro anos, desde que CAPÍTULO III
não receba remuneração; DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
V - a mãe viúva, desde que não receba remuneração;
VI - o enteado, o adotivo e o tutelado, nas mesmas condições Art. 106 - As gratificações e indenizações estabelecidas nesta
dos incisos II, III e IV deste artigo. lei são devidas a partir da sua vigência, sem direito a percepção de
* VII — a(o) companheira(o), nos termos da legislação em vigor, atrasados.
que viva sob sua exclusiva dependência econômica, comprovada a Art. 107 - O PM ou BM que estiver no gozo de gratificações
união estável mediante procedimento administrativo de justifica- não previstas nesta lei em razão de sentença judicial, poderá optar
ção. * Inciso incluído pelo art. 3º da Lei nº 4300/2004. pela situação nela definida, no prazo de sessenta dias, contado da
Parágrafo Único - Continuarão compreendidas nas disposições sua publicação, caso contrário, permanecerá no regime em que se
deste artigo a viúva, enquanto permanecer neste estado, e os de- encontra.
mais dependentes mencionados, desde que vivam sob a responsa- Art. 108 - O PM ou BM beneficiado por uma ou mais das Leis
bilidade dela. nºs 288, de 08.06.48, 616, de 02.02.49, 1156, de 12.06.50, e 1267,
Art. 102 - São ainda considerados dependentes do PM ou BM, de 09.12.50, e que, em virtude de disposições legais, não, mais faz
desde que vivam sob sua dependência econômica, sob o mesmo jus às promoções previstas nas mencionadas leis, terá considerado
teto o quando expressamente declarados na sua Organização: como base para o cálculo dos proventos o soldo do posto ou gradu-
I - a filha, a enteada e a tutelada, viúvas, separadas judicialmen- ação a que seria promovido.
te ou divorciadas, desde que não recebam remuneração; § 1º - Essa remuneração não poderá exceder, em nenhum caso,
II - a mãe solteira, a madrasta viúva e a sogra viúva ou solteira, a que caberia ao PM ou BM, se fosse ele promovido até dois graus
bem como separadas judicialmente ou divorciadas, desde que, em hierárquicos acima daquele que tiver por ocasião do processamen-
qualquer dessas situações, não recebam remuneração; to de sua transferência para a reserva ou reforma, incluindo-se
III - os avós e pais, quando inválidos ou interditos; nesta limitação os demais direitos previstos em lei que asseguram
IV - o pai maior de sessenta anos, desde que não receba remu- proventos de grau hierárquico superior.
neração; § 2º - O oficial, se ocupante do último posto da hierarquia da
V - o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores, inváli- Corporação, beneficiado por uma ou mais das leis a que se refere
dos ou interditos, sem outro arrimo; este artigo, terá os proventos resultantes da aplicação do disposto
VI - a irmã, a cunhada e a sobrinha, solteiras, viúvas, separadas no § 2º do art. 73 desta lei aumentados de vinte por cento.
judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remunera- Art. 109 - Em qualquer hipótese, o PM ou BM, em virtude de
ção; aplicação inicial desta lei, venha a fazer jus mensalmente a uma re-
VII - o neto órfão, menor, inválido ou interdito; muneração inferior à que vinha recebendo, terá direito a um com-
* VIII - a pessoa que viva sob sua exclusiva dependência econô- plemento igual ao valor da diferença.
mica no mínimo há cinco anos, comprovada mediante justificação Parágrafo Único - Esse complemento decrescerá progressiva-
judicial. * Inciso revogado pelo art. 8º da Lei nº 4300/2004. mente até a sua completa extinção, obsorvido por quaisquer acrés-
cimos de remuneração.
CAPÍTULO II Art. 110 - A despesa com a execução desta lei será atendida
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS com recursos orçamentários do Estado do Rio de Janeiro e da União.
Art. 111 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
Art. 103 - Aplicam-se ao PM ou BM da ativa que tenha operado, produzindo seus efeitos a partir de 1º de janeiro de 1980, revogadas
a partir de 17 de novembro de 1950, comprovadamente com Raios as Leis nºs 1786, de 04.12.68, 2276, de 21.11.73, do antigo Estado
X e/ou substâncias radioativas, as disposições da Lei nº 1234, de da Guanabara, e o Decreto-Lei nº 294, de 18.02.76, e demais dispo-
14.11.50. sições em contrário.
Art. 104 - É assegurado ao PM ou BM em qualquer situação o
pagamento definitivo da gratificação prevista no artigo anterior, por Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1979.
quotas correspondentes nos anos de efetiva operação com Raios
X e/ou substâncias radioativas, desde que conste nos seus assen-
tamentos o devido registro, observadas as disposições seguintes: LEI Nº ESTADUAL Nº 3.527, DE 09 DE JANEIRO DE 2001 (LEI
I - o direito à percepção de cada quota é adquirido ao fim de Nº DO AUXÍLIO INVALIDEZ).
um ano no desempenho da função considerada;
II - o valor de cada quota é igual a um décimo da gratificação
LEI Nº 3527, DE 09 DE JANEIRO DE 2001.
integral correspondente ao último posto ou graduação em que o
(Regulamentada pelo Decreto nº 28171/2001)
PM exerceu a referida atividade;
III - o número de quotas abonadas a um mesmo PM ou BM não
INSTITUI AUXÍLIO-INVALIDEZ POR LESÃO À INTEGRIDADE FÍSI-
poderá exceder de dez;
CA TENDO POR DESTINATÁRIO POLICIAL CIVIL, POLICIAL MILITAR,
IV - o PM ou BM reformado por moléstia contraída no exercício
BOMBEIRO MILITAR E AGENTE DO DESIPE.
da referida função terá assegurado, na inatividade, o pagamento
definitivo da gratificação de que trata este artigo pelo seu valor in-
O Governador do Estado do Rio de Janeiro, Faço saber que a
tegral, dispensadas outras exigências.
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu san-
Art. 105 - Cabe ao Poder Executivo fixar, mediante decreto, as
ciono a seguinte Lei:
vantagens eventuais a que fará jus o PM ou BM designado para mis-
são fora do Estado ou no Exterior.
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Art. 1º O policial, civil e militar, o bombeiro militar e o inspe- a invalidez é decorrente de acidente em serviço, impossibilitando
tor de segurança e administração penitenciária que foi ou que ve- total e permanentemente o servidor para qualquer trabalho não
nha a ser aposentado ou reformado por incapacidade definitiva e podendo prover os meios de subsistência.
considerado inválido, em razão de paraplegia ou tetraplegia, bem Parágrafo único. Fica dispensada a apresentação da cópia do
como da amputação de membro(s) superior (es) e/ou inferior (es), ato de aposentadoria, providência esta afeta ao Órgão de Pessoal
decorrente de acidente de serviço, impossibilitado total e perma- Inativo.
nentemente para qualquer atividade laboral, não podendo prover Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, acidente em serviço é
os meios de sua subsistência, fará jus a auxílio-invalidez, a ser pago, todo conjunto de ocorrências que tenham por origem ou causa o
mensalmente, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). enfrentamento de situação quando no exercício da atividade poli-
Parágrafo Único. Também farão jus ao auxílio-invalidez previsto cial em decorrência da qual resulte lesão involuntária causadora da
no caput os profissionais acima nominados, que foram ou venham invalidez paraplégica ou tetraplégica.
a ser aposentados ou reformados em decorrência de outra incapa- Art. 4º A documentação prevista no art. 1º deste Decreto será
cidade física ou mental permanente, cuja decorrência direta seja o remetida à Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado de Segurança
exercício efetivo de sua atividade funcional e que fiquem impossi- Pública ou da Secretaria de Estado da Defesa Civil no prazo máximo
bilitados total e permanentemente para qualquer atividade laboral, de 30 (trinta) dias a contar da publicação do ato de aposentadoria
não podendo prover os meios de sua subsistência. (Redação dada no DOERJ, sendo tal providência a cargo do Órgão do Pessoal Inati-
pela Lei nº 6764/2014) vo do servidor.
Art. 2º A concessão do benefício de que trata o artigo 1º desta Art. 5º Após a publicação no DOERJ da relação dos servidores
Lei será efetivada por ato do Chefe do Poder Executivo após prévia beneficiados com o auxílio-invalidez, a Secretaria de Estado de Se-
apuração da enfermidade por Junta Médica do Estado do Rio de gurança Pública e Secretaria de Estado da Defesa Civil, através de
Janeiro e do reconhecimento oficial pelo Secretário de Estado ao seus departamentos de pessoal, remeterão cópia aos órgãos res-
qual a respectiva corporação esteja subordinada. ponsáveis pela folha de pagamento dos servidores para que o refe-
Art. 3º O Poder Executivo regulamentará as condições para a rido benefício seja implantado no prazo máximo de 60 dias a contar
concessão do benefício de que trata esta Lei. da publicação.
Art. 4º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, pro- Parágrafo único. A não observância do prazo constante no
duzindo efeitos após sua regulamentação, revogadas as disposições caput deste artigo constituirá falta grave com apuração de respon-
em contrário. sabilidades a cargo das respectivas Corporações.
Art. 6º A invalidez ocorrida mesmo antes da regulamentação
Rio de Janeiro, 09 de janeiro de 2001. da presente Lei, desde que decorrente de paraplegia ou tetraple-
gia e nas condições mencionadas no art. 3º acima, ensejará o re-
DECRETO Nº 28.171, DE 20 DE ABRIL DE 2001. conhecimento do benefício, independentemente de outros recebi-
mentos, mas só produzirá efeitos financeiros a partir da presente
REGULAMENTA A LEI 3527, DE 09 DE JANEIRO DE 2001, QUE regulamentação.
INSTITUIU O AUXÍLIO-INVALIDEZ PARA O POLICIAL CIVIL, POLICIAL Parágrafo único. Nesta hipótese, para concessão do benefício
MILITAR E BOMBEIRO MILITAR EM CASOS DE PARAPLEGIA OU TE- será necessário a prova pericial sobre o estado de saúde do bene-
TRAPLEGIA CONTRAÍDA EM ACIDENTE DE SERVIÇO. ficiário, de modo a constatar, com exatidão, a existência de para-
plegia ou tetraplegia, contraída em serviço e nas demais condições
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de da Lei.
suas atribuições legais e, tendo em vista a edição da Lei Estadual Art. 7º O Comandante Geral da PMERJ, do CBMERJ e o Chefe de
nº 3527, de 09 de janeiro de 2001 e o que consta do processo nº Polícia Civil poderão estabelecer normas a fim de agilizar a tramita-
E-09/0064/0012/2001, ção dos referidos expedientes.
Art. 8º Este Decretoentrará em vigor na data da sua publicação,
DECRETA: revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2001.
Art. 1º O reconhecimento da invalidez específica de que trata
a Lei nº 3527, de 09.01.01, que instituiu o benefício, será objeto
de procedimento administrativo nos Órgãos de Pessoal Inativo das QUESTÕES
corporações e conterá os seguintes documentos:

I - Requerimento do servidor interessado dirigido ao Órgão de 1. IBADE - 2019 - Oficial Policial Militar (PM RJ)/Aluno-Oficial
Pessoal Inativo de sua Corporação; PM- No que tange às Disposições Preliminares do Estatuto dos Poli-
II - Cópia da ata e inspeção de saúde; ciais Militares do Rio de Janeiro, assinale a assertiva correta.
III - Cópia da publicação do ato de aposentadoria; (A) É privativa de brasileiro nato e naturalizado a carreira de
IV - Contracheque atualizado; Oficial da Polícia Militar.
V - Sindicância queapurou a causa da invalidez aqui especifi- (B) O serviço policial-militar consiste no exercício de ativida-
cada. des inerentes à Polícia Militar e compreende todos os encargos
Art. 2º O servidor, portador de paraplegia ou tetraplegia nas hi- previstos na legislação específica, relacionados com a atividade
póteses previstas no art. 1º da Lei, requererá a instauração de uma investigativa.
sindicância no seu Órgão de Pessoal para fins de constatação de que (C) A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, é uma institui-

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ção temporária, organizada com base na hierarquia e na disci- (C) Remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
plina, destinada à manutenção da ordem pública no Estado do mo, em quinze por cento à do normal.
Rio de Janeiro. (D) Remuneração do trabalho noturno igual à do diurno.
(D) Os integrantes da Polícia Militar, em razão de sua desti- (E) Salário família para os seus dependentes.
nação constitucional, formam uma categoria de servidores do
Estado e são denominados policiais-civis. 5. IBADE - 2017 - PC-AC - Agente de Polícia Civil- Acerca das
(E) A carreira policial-militar é privativa do pessoal da ativa; ini- disposições constitucionais sobre segurança pública, assinale a al-
cia-se com o ingresso na Polícia Militar e obedece à sequência ternativa correta.
de graus hierárquicos. (A) O STF definiu o rol do artigo 144, CRFB/88 como exempli-
ficativo, de modo que é permitida, aos Estados, a instituição
2. IBADE - 2019 - Oficial Policial Militar (PM RJ)/Aluno-Oficial de polícias penitenciárias ou outros modelos de policiamento
PM- Quanto ao Comando e Subordinação, previsto no Estatuto dos desde que, em Constituição Estadual.
Policiais Militares do Estado do Rio de Janeiro, pode-se afirmar: (B) É proibida a instituição, pela União, de órgãos com propósi-
(A) O Praça é preparado, ao longo da carreira, para o exercício to de coordenar as políticas de segurança e de integrá-las com
de funções de Comando, de Chefia e de Direção. outras ações do governo, de modo que se contesta a instituição
(B) A subordinação, embora afete a dignidade pessoal do poli- da secretária nacional antidrogas.
cial-militar, decorre, exclusivamente, da estrutura hierarquiza- (C) As leis sobre segurança nos três planos federativos de go-
da da Polícia Militar. verno devem estar em conformidade com a CRFB/88, assim
(C) Os Cabos e Soldados são, essencialmente, os elementos de como as respectivas estruturas administrativas e as próprias
execução. ações concretas das autoridades policiais.
(D) Os Tenentes e Sargentos auxiliam e complementam as ati- (D) A polícia marítima é exercida pela Policia Rodoviária Federal
vidades dos Oficiais, quer no adestramento e no emprego dos e tem atuação em portos prestando-se, ao controle da entrada
meios, quer na instrução e na administração; deverão ser em- e da saída de pessoas e bens do país.
pregados na execução de atividades de policiamento ostensivo (E) As polícias militares são forças auxiliares e reservas do exér-
peculiares à Polícia Militar. cito, embora subordinadas aos governadores de Estado, e têm
(E) Subordinação é a soma de autoridade, deveres e responsa- como atribuição constitucional, entre outras, a lavratura de
bilidades de que o policial-militar é investido legalmente, quan- termos circunstanciados e, nos crimes militares, a investigação
do conduz homens ou dirige uma organização policial-militar. policial.

3. IBADE - 2017 - Oficial Policial Militar (PM RJ)/Aluno-Oficial 6. IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil- Acerca das
PM- Acerca do Comando e da Subordinação nos termos do Estatuto disposições constitucionais sobre segurança pública, assinale a al-
dos Policiais Militares, assinale a assertiva correta. ternativa correta.
(A) A subordinação, embora afete a dignidade pessoal do poli- (A) A polícia marítima é exercida pela Policia Rodoviária Federal
cial militar, decorre , exclusivamente, da estrutura hierarquiza- e tem atuação em portos prestando-se, ao controle da entrada
da da Polícia Militar. e da saída de pessoas e bens do país.
(B) Os subtenentes e tenentes auxiliam e complementam as (B) As polícias militares são forças auxiliares e reservas do exér-
atividades dos oficiais, quer no adestramento e no emprego cito, embora subordinadas aos governadores de Estado, e têm
dos meios, quer na instrução e na administração. como atribuição constitucional, entre outras, a lavratura de
(C) Às praças especiais cabe a rigorosa observância das prescri- termos circunstanciados e, nos crimes militares, a investigação
ções dos regulamentos que lhe são pertinentes, exigindo-se- policial.
-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-pro- (C) É proibida a instituição, pele União, de órgãos com propósi-
fissional. to de coordenar as políticas de segurança e de integrá-las com
(D) A praça é preparada, ao longo da carreira, para o exercício outras ações do governo, de modo que se contesta a instituição
do Comando, da Chefia e da Direção das Organizações Policiais da secretária nacional antidrogas.
Militares. (D) As leis sobre segurança nos três planos federativos de go-
(E) Os cabos, soldados e os sargentos são, essencialmente, os verno devem estar em conformidade com a CRFB/88, assim
elementos de execução. como as respectivas estruturas administrativas e as próprias
ações concretas das autoridades policiais.
4. IBADE - 2019 - Oficial Policial Militar (PM RJ)/Aluno-Ofic- (E) O STF definiu o rol do artigo 144, CRFB/88 como exempli-
Com relação ao previsto na Constituição do Estado do Rio de Janei- ficativo, de modo que é permitida, aos Estados, a instituição
ro, aos servidores militares ficam assegurados alguns direitos. Das de polícias penitenciárias ou outros modelos de policiamento
alternativas a seguir, assinale a correta em relação ao previsto na desde que, em Constituição Estadual.
citada constituição.

(A) Duração do trabalho normal não superior a seis horas di-


árias e trinta e seis horas semanais, facultada a compensação
de horários.
(B) Proibição da incidência da gratificação adicional por tempo
de serviço sobre o valor dos vencimentos.
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______________________________________________________
GABARITO
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______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 C
3 C ______________________________________________________
4 E ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 D
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ANOTAÇÕES
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