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LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS............................................................................. 9
INTERTEXTUALIDADE........................................................................................................................ 14
GÊNEROS TEXTUAIS........................................................................................................................... 16
TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 21
FUNÇÕES DA LINGUAGEM................................................................................................................. 25
VARIEDADES LINGUÍSTICAS............................................................................................................. 26
TIPOS DE DISCURSO.......................................................................................................................... 27
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 28
ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 29
SINTAXE............................................................................................................................................... 55
COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 72
COESÃO E COERÊNCIA....................................................................................................................... 72
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 76
REDAÇÃO...............................................................................................................................85
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO................................................................................................................. 85
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................117
PORCENTAGEM.................................................................................................................................120
EQUAÇÕES.........................................................................................................................................123
SISTEMA DE EQUAÇÕES..................................................................................................................125
NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................131
FORMA.............................................................................................................................................................131
PERÍMETRO......................................................................................................................................................132
ÁREA.................................................................................................................................................................132
VOLUME...........................................................................................................................................................134
TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................136
AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................234
ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................247
BENS PÚBLICOS................................................................................................................................262
SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................................................................................266
AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................293
DA PROVA..........................................................................................................................................296
LEGISLAÇÃO APLICADA À
física ou psicológica da vítima (art. 20);
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência (art. 22), dentre elas a suspensão da posse
PMERJ ou restrição do porte de armas do agressor, assim
como seu afastamento do lar e a proibição da apro-
ximação e do contato;
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o
LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, encaminhamento para programa de proteção, a
DE 2006 recondução ao domicílio após o afastamento do
agressor etc.
A Lei nº 11.340, de 2006, amplamente conhecida
por Lei Maria da Penha, nasceu por força de uma Vamos, então, analisar os pontos mais relevantes
recomendação feita ao Brasil pela Comissão de Direi- da Lei Maria da Penha.
tos Humanos da Organização dos Estados America-
nos (CIDH/OEA). Essa recomendação pedia que o país DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
incluísse em sua legislação mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
A Lei Maria da Penha tem essa denominação em prevenir a violência doméstica e familiar contra a
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui-
farmacêutica bioquímica cearense, que sobreviveu a ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
duas tentativas de homicídio por parte de seu então Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da
marido: a primeira, com um tiro nas costas que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
deixou paraplégica; e a segunda, por eletrocussão no Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
chuveiro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamen- tratados internacionais ratificados pela República
to do agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
que entendeu que houve grave omissão no caso e con- Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
denou o Brasil a indenizar a vítima, a promover com a Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro-
teção às mulheres em situação de violência domés-
celeridade o julgamento do agressor e a implementar
tica e familiar.
uma legislação protetiva contra a violência doméstica
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
e familiar contra a mulher.
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos educacional, idade e religião, goza dos direitos fun-
aspectos e influenciou uma série de outras leis. damentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
asseguradas as oportunidades e facilidades para
INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI MARIA DA PENHA viver sem violência, preservar sua saúde física e
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
Trata-se de uma lei que tem grande influência social.
sobre outros dispositivos legais, por conta de seu cará- Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condi-
ter inovador, conforme veremos. ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
Principais Inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor-
11.340, de 2006 te, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
z Tipificou e definiu a violência doméstica e familiar comunitária.
contra a mulher (art. 5º); § 1º O poder público desenvolverá políticas que
visem garantir os direitos humanos das mulheres
z Definiu as formas de violência doméstica e fami-
no âmbito das relações domésticas e familiares no
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
liar contra a mulher: física, psicológica, sexual,
sentido de resguardá-las de toda forma de negligên-
patrimonial e moral (art. 7º);
cia, discriminação, exploração, violência, cruelda-
z Determinou que a violência doméstica contra a
de e opressão.
mulher independe de classe, raça, etnia, orienta- § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público
ção sexual, renda, cultura, nível educacional, ida- criar as condições necessárias para o efetivo exer-
de e religião (art. 2º e art. 5º); cício dos direitos enunciados no caput.
z Determinou que a renúncia à representação só Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão conside-
pode ser feita em audiência especialmente desig- rados os fins sociais a que ela se destina e, especial-
nada para tal finalidade (art. 16); mente, as condições peculiares das mulheres em
z Nos casos de violência doméstica e familiar contra situação de violência doméstica e familiar.
a mulher, proibiu as penas de prestação de cesta
básica ou outra prestação pecuniária, assim como VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
a possibilidade da substituição da pena pelo paga- MULHER
mento isolado de multa (art. 17);
z Garantiu às mulheres em situação de violência Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violên-
doméstica e familiar o acesso à Defensoria Pública cia doméstica e familiar contra a mulher qual-
ou à Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da quer ação ou omissão baseada no gênero que 183
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual a aplicação dos dispositivos da Lei nº 11.340, de 2006.
ou psicológico e dano moral ou patrimonial: Em relações homoafetivas masculinas não há previ-
I - no âmbito da unidade doméstica, compreen- são de incidência da Lei Maria da Penha.
dida como o espaço de convívio permanente de Vale ressaltar que o homem pode ser vítima de vio-
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
lência doméstica e familiar, porém, não será aplicada
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a
a lei Maria da Penha.
comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços natu- Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a
rais, por afinidade ou por vontade expressa; mulher constitui uma das formas de violação dos
III - em qualquer relação íntima de afeto, na direitos humanos.
qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação. Conforme o art. 6º, a violência doméstica e fami-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas liar contra a mulher constitui uma das formas de vio-
neste artigo independem de orientação sexual. lação dos direitos humanos.
De acordo com o art. 5º, a lei não visa a tratar de DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
qualquer violência contra mulher, mas, sim, a violên- FAMILIAR CONTRA A MULHER
cia contra a mulher ocorrida no âmbito da unidade
doméstica, no âmbito da família, ou ainda em qual- O art. 7º da Lei Maria da Penha apresenta uma
quer relação íntima de afeto.
lista com algumas das formas de violência doméstica
É importante saber que, para que haja a aplica-
e familiar contra a mulher. Note que o caput, do art.
ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a
7º, inclui a expressão “entre outras”, o que deixa cla-
situação se configura em violência doméstica ocor-
ro que se trata de uma lista exemplificativa, podendo
rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de,
por exemplo, ex-namorado que agride a mulher por existir outras hipóteses, mesmo que não previstas nos
causa do fim do namoro, incide a Lei Maria da Penha. incisos.
Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que
não envolva o término do relacionamento não inci- Art. 7º São formas de violência doméstica e fami-
dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja, liar contra a mulher, entre outras:
para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340, de 2006, I - a violência física, entendida como qualquer con-
devem estar presentes os seguintes pressupostos de duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
forma cumulativa: II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
z vítima mulher; diminuição da autoestima ou que lhe prejudique
e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
z violência praticada nos termos do art. 5º, da Lei nº
degradar ou controlar suas ações, comportamen-
11.340, de 2006.
tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran-
gimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insul-
Importante!
to, chantagem, violação de sua intimidade, ridicu-
Em 5 de abril de 2022, a 6ª Turma do Superior larização, exploração e limitação do direito de ir e
Tribunal de Justiça firmou entendimento que a vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 2006) é saúde psicológica e à autodeterminação;
aplicável quando a vítima é mulher trans. No Jul- III - a violência sexual, entendida como qualquer
gamento do Resp. 1.977.124, o STJ interpretou conduta que a constranja a presenciar, a manter
que a proteção prevista no art. 5º, da Lei Maria ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
da Penha, se aplica ao gênero feminino (mulhe-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
res, crianças, jovens, adultas idosas e, também,
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
trans) e não se baseia apenas no sexo biológico.
usar qualquer método contraceptivo ou que a force
Com tal decisão, portanto, a mulher trans deve ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-
ser considerada sujeito passivo para os termos tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
da proteção integral prevista na Lei nº 11.340, manipulação; ou que limite ou anule o exercício de
de 2006. seus direitos sexuais e reprodutivos;
Vale lembrar que este assunto tem relevância IV - a violência patrimonial, entendida como
não só para o estudo da legislação penal espe- qualquer conduta que configure retenção, subtra-
cial, mas, também, para o estudo da criminolo- ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
gia, uma vez que se relaciona com a criminologia trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
queer (teoria que inclui nos estudos criminoló- valores e direitos ou recursos econômicos, incluin-
gicos os diversos tipos de violência cometidos do os destinados a satisfazer suas necessidades;
contra as populações queer — lésbicas, gays, V - a violência moral, entendida como qualquer con-
bissexuais, transexuais, entre outras que não duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
sigam o padrão normativo vigente).
Dica
Veja que a incidência da Lei Maria da Penha inde- Em relação às formas de violência, previstas no
pende da orientação sexual dos envolvidos, ou seja, art. 7º, vale uma leitura mais cuidadosa, uma vez
184 também numa relação homoafetiva feminina, haverá que a banca pode exigir a letra da lei.
Veja abaixo as cinco formas de violência domés- nacionalmente, e a avaliação periódica dos resulta-
tica e familiar contra a mulher, acompanhados de dos das medidas adotadas;
alguns exemplos. III - o respeito, nos meios de comunicação social,
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
z Violência Física: de forma a coibir os papéis estereotipados que legi-
timem ou exacerbem a violência doméstica e fami-
liar, de acordo com o estabelecido no inciso III do
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou
art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art.
a saúde corporal da mulher. Exemplos: tapas, socos, 221 da Constituição Federal ;
espancamento, atirar objetos, apertar os braços, IV - a implementação de atendimento policial espe-
estrangular, lesionar com objetos como facas ou cializado para as mulheres, em particular nas Dele-
armas de fogo, queimar etc. gacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas edu-
z Violência Psicológica cativas de prevenção da violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, voltadas ao público escolar e
Qualquer conduta que cause dano emocional e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
diminuição da autoestima, entre outras formas de instrumentos de proteção aos direitos humanos
prejuízo à saúde psicológica. Exemplos: ameaças, das mulheres;
perseguição, constrangimento, humilhação, manipu- VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus-
tes, termos ou outros instrumentos de promoção
lação, isolamento (proibir de sair de casa ou de falar
de parceria entre órgãos governamentais ou entre
com outras pessoas, inclusive com parentes), vigilân-
estes e entidades não-governamentais, tendo por
cia constante etc.
objetivo a implementação de programas de erra-
dicação da violência doméstica e familiar contra a
z Violência Sexual mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
Qualquer conduta que atinja os direitos sexuais Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei-
e reprodutivos. Exemplos: estupro (inclusive entre ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às
marido e mulher), impedir o uso de anticoncepcio- áreas enunciados no inciso I quanto às questões de
nais, forçar a abortar, obrigar a se prostituir etc. gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que
z Violência Patrimonial disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
gênero e de raça ou etnia;
Qualquer conduta que configure retenção, subtra-
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça
valores e direitos ou recursos econômicos. Exemplos: ou etnia e ao problema da violência doméstica e
apropriar-se do salário, controlar o dinheiro, destruir familiar contra a mulher.
documentos pessoais, causar danos a objetos dos
quais a vítima goste etc. No art. 8º, a Lei Maria da Penha determina ao
poder público que sistematize uma política de ações
z Violência Moral integradas em áreas como da saúde, da educação,
da segurança e da justiça visando a dar assistência à
Qualquer conduta que configure calúnia, difama- mulher em situação de violência doméstica. Exemplo
ção ou injúria. Exemplos: rebaixar a vítima por meio dessa integração buscada pela Lei Maria da Penha são
de xingamentos que atinjam sua índole, tentar man- as Delegacias de Defesa da Mulher, onde a mulher
char a reputação, expor a vida íntima etc. vítima de violência doméstica, após o registro da ocor-
rência, dependendo da necessidade, é encaminhada
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE para a Defensoria Pública (caso precise de esclareci-
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR mento quanto à medida protetiva ou ao divórcio, por
exemplo), para a rede de atendimento do Sistema Úni-
Das Medidas Integradas de Prevenção co de Saúde ou até mesmo para uma casa de abrigo.
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ