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breves em uma resenha do ebook.

Edição: Abril de 2021.


Cardápio

1 Noções Fundamentais ........................................................................................... 4


1.1 Princípios limitadores do poder punitivo estatal .......................................................... 4
1.2 Lei penal no tempo ............................................................................................. 5
1.3 A norma penal ................................................................................................... 7
1.4 Lei penal no espaço ............................................................................................ 7
2 Tipicidade ........................................................................................................ 10
2.1 Crime impossível ............................................................................................... 10
2.2 Erro do tipo essencial ......................................................................................... 10
3 Antijuridicidade ................................................................................................. 11
3.1 Estado de necessidade ........................................................................................ 11
3.2 Estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito ................................... 12
3.3 Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade...................................................... 13
4 Concurso de Pessoas ........................................................................................... 14
4.1 Participação .................................................................................................... 14
5 Ação Penal ....................................................................................................... 15
5.1 Classificação .................................................................................................... 15
6 Causas de extinção da punibilidade ........................................................................ 16
7 Crimes contra a vida ........................................................................................... 19
8 Lesões Corporais ................................................................................................ 20
8.1 Lesão corporal e suas diversas modalidades............................................................... 20
9 Crimes contra a liberdade Pessoal .......................................................................... 21
9.1 Tráfico de Pessoas ............................................................................................. 21
10 Crimes contra o patrimônio .................................................................................. 22
10.1 Furto ............................................................................................................. 22
10.2 Apropriação indébita .......................................................................................... 22
11 Crimes contra a dignidade sexual ........................................................................... 24
11.1 Estupro de vulnerável ......................................................................................... 24
11.2 Importunação Sexual .......................................................................................... 24
12 Crimes contra a paz pública .................................................................................. 25
12.1 Associação criminosa .......................................................................................... 25
13 Crimes contra a fé pública .................................................................................... 26
13.1 Falsidade de títulos e outros papéis públicos ............................................................. 26
14 Crimes contra a administração pública .................................................................... 27
14.1 Noções gerais de crimes contra a Administração Pública ............................................... 27
14.2 Peculato ......................................................................................................... 27
14.3 Concussão ....................................................................................................... 28

2
14.4 Corrupção passiva.............................................................................................. 29
14.5 Facilitação de contrabando ou descaminho ............................................................... 30
14.6 Descaminho ..................................................................................................... 30

3
1 Noções Fundamentais
1.1 Princípios limitadores do poder punitivo estatal

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (bagatela


própria): exclusão da tipicidade material. O
fato é formalmente típico, mas materialmente
atípico. Ainda, é também chamado de causa
supralegal de exclusão da tipicidade material.
Requisitos: (MARI)
• Mínima ofensividade da conduta
• Ausência de periculosidade social da ação
• Reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento
• Inexpressividade da lesão jurídica

A TIPICIDADE FORMAL é simplesmente à


adequação do FATO à NORMA. Por exemplo, no
crime de furto, o agente que subtrai um
produto de R$5,00 reais de uma rede
multinacional de supermercados tem sua
conduta adequada ao artigo 155 do Código
Penal, uma vez que subtraiu para si coisa
alheia móvel. Ou seja, a ação do agente
encontra sua tipicidade formal já que os elementos do tipo foram preenchidos.
Já a TIPICIDADE MATERIAL consiste numa efetiva lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido. Esta Quando
a lesão ou ameaça se der de forma tolerável, não há crime, pelo fato de estar afastada a tipicidade
material. Esta tipicidade pode ser afastada quando se encontram presentes os princípios da lesividade,
insignificância, adequação social e alteridade.

Outro exemplo: Maria, empregada de uma rede de supermercados , subtraiu, conscientemente, de


forma furtiva, a quantia de R$ 17,00 (dezessete reais), em espécie, do caixa da loja em que trabalha.
Descoberta tal prática, foi oferecida denúncia, mas, em sentença, a ré foi absolvida. Pode-se concluir,
acerca dos fatos narrados, que Maria foi beneficiada pela aplicação do princípio da insignificância.
Os tribunais superiores, para a aplicação do princípio da insignificância, nos crimes contra o patrimônio,
consideram a capacidade econômica da vítima. Assim, 17 reais para a loja é uma quantia insignificante,
no entanto, caso Maria furtasse 17 reais de um morador de rua, certamente essa quantia não poderia ser
considerada insignificante. Por isso, sempre analise o caso concreto.

BÔNUS:
Aplica-se para o contrabando? NÃO
Aplica-se para o descaminho? SIM, até R$ 20.000,00.

4
CF 88 - Art. 62. Em caso de relevância e
urgência, o Presidente da República poderá
adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas


provisórias sobre matéria:
b) direito penal, processual penal e
processual civil;
Medida provisória não cria crime e não comina
pena. Os crimes somente podem ser criados
por meio de lei em sentido estrito (lei ordinária
e lei complementar). Porém a Medida
provisória pode versar sobre direito penal
não incriminador. Ou seja, para beneficiar o
réu.

1.2 Lei penal no tempo

Tempo do Crime é o marco adotado para


estabelecer o momento (tempo) do
cometimento de um crime. Consoante artigo 4º
do código penal, "Considera-se praticado o
crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado". Ou
seja, o tempo do crime (retratado pela chuva
na imagem) é o momento da atividade
(Retratado pelo boneco correndo ).
Para o Lugar do crime a teoria adotada pelo
Código Penal brasileiro é a teoria mista ou da
ubiquidade (lembra umbigo como na imagem),
de acordo com o art. 6º: “Considera-se
praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

Mnemônico: LUTA
Lugar do crime = Ubiquidade
Tempo do crime = Atividade

5
STF Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-
se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.
Em outras palavras, aplica-se a lei mais nova,
ainda que maléfica ao acusado

A novatio legis in mellius é a situação oposta a novatio legis in pejus (Lei posterior adota penas
mais graves). Trata-se de um fenômeno da lei penal no tempo no qual uma nova lei traz benefício à
situação em que se encontra o acusado .
Ela ocorre quando a lei posterior é, de qualquer modo, mais favorável ao agente. Por exemplo: altera para
menos tempo a pena, torna mais branda sua forma de execução, etc.
Levando em conta o art. 5º inc. XL da Constituição Federal e o princípio da retroatividade, a novatio legis
in mellius é adotada pela justiça de modo a garantir ao acusado a aplicação de uma lei penal menos
gravosa, mais benéfica .

6
1.3 A norma penal

A analogia é aplicada no Direito Penal apenas


IN BONAM PARTEM , ou seja, em benefício
do réu .
Analogia é uma forma de integração do
direito. No direito penal é permitida in
bonam partem ---> em benefício do réu.
A imagem ao lado retrata a Ana com asas de
Anjo para representar que é um benefício.
Já a imagem onde mostra o diabo , não tem
a Ana pois não há ANAlogia em prejuízo do
Réu.
Interpretação analógica (que é diferente de
analogia) é uma forma de compreensão do
direito e pode ser usada tanto in bonam
partem, benefício, quanto em malam partem,
ou seja, para prejudicar o réu.

1.4 Lei penal no espaço

Lugar do Crime
A Teoria mista ou da ubiquidade é adotada pelo
Código Penal brasileiro, de acordo com o art. 6º:
“Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado
Tempo do Crime é o marco adotado para
estabelecer o momento (tempo) do cometimento de
um crime. Consoante artigo 4º do código penal,
"Considera-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado" (Teoria da atividade )

Mnemônico: LUTA
Lugar Ubiquidade
Tempo Atividade

7
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território
nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.

Extraterritorialidade INcondicionada
Aplica-se a lei nacional a determinados crimes cometidos fora do território, independentemente de
qualquer condição, ainda que o acusado seja absolvido ou condenado no estrangeiro.
a) contra a VIDA ou LIBERDADE do Presidente da República. (Princípio da defesa)
b) contra o PATRIMÔNIO ou FÉ PÚBLICA da União, do DF, de Estado, Território, Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. (Princípio da
defesa)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. (Princípio da defesa)

8
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro
ou domiciliado no Brasil. (Princípio da justiça
universal)
Genocídio significa a exterminação
sistemática de pessoas tendo como principal
motivação as diferenças de nacionalidade, raça,
religião e, principalmente, diferenças étnicas.
É uma prática que visa eliminar minorias
étnicas em determinada região.

A imagem retrata um brasileiro (com a camisa


nas cores Brasil) que matou diversas pessoas
fora do Brasil.

9
2 Tipicidade
2.1 Crime impossível

Crime impossível, na conceituação de


Fernando Capez, "é aquele que, pela
ineficácia total do meio empregado ou
pela impropriedade absoluta do objeto
material é impossível de se consumar ".
"Art. 17 do CP. Não se pune a tentativa quando,
por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime."
O crime impossível é também chamado pela
doutrina de quase-crime, tentativa
inadequada ou inidônea.
A imagem retrata uma pessoa tentando matar
outra que já está morta (impossível)
utilizando uma arma de brinquedo (é
impossível ferir alguém).

2.2 Erro do tipo essencial

Erro na execução (aberratio ictus): o agente,


querendo atingir determinada pessoa, por
inabilidade ou outro motivo qualquer, erra na
execução do crime.
Se o agente atingir apenas a pessoa diversa da
pretendida, será punido pelo crime,
considerando-se, contudo, as condições e
qualidades da vítima visada (virtual) e não da
vítima efetivamente atingida (efetiva)
Aberratio ictus quer dizer aberração no ataque
ou desvio do golpe. Dá-se quando o autor,
desejando atingir uma pessoa, vem a ofender
outra.
Ex.: o agente atira em A e mata B (A = vítima
virtual; B = vítima efetiva). Nesse caso,
considera-se as qualidades da vítima virtual.

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3 Antijuridicidade
3.1 Estado de necessidade

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica


o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou
no exercício regular de direito.
A imagem retrata um homem que teve que
matar outro dentro do helicóptero para
ficar com o único paraquedas que havia lá
dentro a fim de se salvar.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.

CP, Art. 24 - Considera-se em estado de


necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Palavras-chave para cada caso. Estas palavras
terão de estar presentes no enunciado ou
resposta:
Estado de necessidade: Perigo Atual
Legítima Defesa: Agressão atual ou iminente
Obs.: Agressão é sempre humana, diferente de
perigo que pode ser proveniente de ataques de
animais também.

11
São requisitos do estado de necessidade
perante a lei penal brasileira:
a) Existência de perigo atual, inevitável e que
ponha em risco direito próprio ou alheio.
b) não provocação voluntária do perigo;
c) Inexigibilidade de sacrifício do bem salvo –
ponderação de valores;
d) Inexistência do dever legal de enfrentar o
perigo;
e) o conhecimento da situação de fato
justificante.
Não pode alegar estado de necessidade o
agente que tem o dever legal de enfrentar
o perigo, como preceitua o § 1º do artigo 24 do
CPB. São pessoas que em razão da função ou
ofício, tem o dever legal de enfrentar o perigo,
não lhes sendo lícito sacrificar o bem de
terceiro para a defesa do seu próprio.

3.2 Estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito

A lei obriga o agente a agir dentro do dever que


lhe foi imposto, ex: o policial que é obrigado
a agir em caso de um assalto a banco, um
bombeiro que é chamado para apagar
chamas de um incêndio e para entrar na casa
em chamas precisa quebrar a porta.
CUIDADO: Policiais que estão em um tiroteio
quando lesionam um terceiro ou o agente
delituoso está agindo em legítima defesa
(repele injusta agressão, atual ou iminente).

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3.3 Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente


pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito.

13
4 Concurso de Pessoas

4.1 Participação

CP Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime.
Sendo assim, as elementares do crime, de caráter pessoal ou objetivas, sempre se comunicam aos
coautores e partícipes, sendo indispensável que delas todos tenham conhecimento.
Exemplo: Tício, funcionário público, aproveitando-se das facilidades que o cargo lhe propicia,
juntamente com Mévio – que conhece a profissão do primeiro – subtrai bens da Administração Pública.
Nesse caso, ambos responderão por peculato (art. 312 do Código Penal) tendo em vista que a condição
de funcionário público (de caráter pessoal) é elementar do tipo penal.

14
5 Ação Penal
5.1 Classificação

A ação penal pública é incondicionada


quando não depender da manifestação de
vontade da vítima ou de outra pessoa.
CP, Art. 100 - A ação penal é pública, salvo
quando a lei expressamente a declara privativa
do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo
Ministério Público , dependendo, quando a
lei o exige, de representação do ofendido ou
de requisição do Ministro da Justiça.
CPP, Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta
será promovida por denúncia do Ministério
Público , mas dependerá, quando a lei o
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou
de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

15
6 Causas de extinção da punibilidade

Extinção de punibilidade é a impossibilidade de punir o autor de um crime.


Art. 107 - Extingue-se a punibilidade (perda do direito de punir):
I - Pela morte do agente;

Retratado pelo Hitler no caldeirão do kkkk


O fundamento para esta afirmação reside no Princípio
da Pessoalidade da pena (Personalidade da pena,
Responsabilidade penal ou Intranscedência da pena)
que impede a punição por fato alheio. Em outras
palavras, somente o autor da infração penal pode ser
apenado.

II - pela anistia, graça ou indulto

Mnemônico GIA: É uma rã grande kkkk


São causas de renúncia do Estado ao exercício do
direito de punir, atingindo tanto crimes de ação penal
pública incondicionada e condicionada como delitos
de ação penal privada.

16
III - pela retroatividade de lei que não mais
considera o fato como criminoso;
É o famoso Abolitio Criminis retratado na
imagem por uma cena de adultério que deixou
de ser crime há muitos anos.
Trata-se do fenômeno que ocorre quando uma
lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato (exemplo: a Lei n.
1.106/2005 deixou de considerar condutas
criminosas o adultério, a sedução e o rapto
consensual).
Além de conduzir à extinção da punibilidade,
também faz cessar todos os efeitos penais da
sentença condenatória, permanecendo,
contudo, os efeitos civis.

IV - Pela prescrição, decadência ou


perempção;
A prescrição é a perda do direito de punir do
Estado pelo seu não exercício em determinado
lapso de tempo, uma vez que o direito de punir
deve ser exercido dentro do prazo legalmente
estabelecido.
A decadência nada mais é que a perda do
direito da vítima de oferecer a queixa ou
representação pelo transcurso do prazo
decadencial.

A perempção resulta da inércia do


querelante (vítima) no curso da ação penal
privada, impedindo a demanda de prosseguir,
acarretando a extinção da punibilidade réu.
Note-se que a perempção apenas se aplica à
ação penal privada, e não na pública.

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V - Pela renúncia do direito de queixa ou pelo
perdão aceito, nos crimes de ação privada;
Renúncia: a vítima desiste de processar antes
da ação penal, ou seja, abre mão de seu direito
de oferecer a queixa crime,
independentemente da concordância do autor
do delito.
Perdão: A vítima não quer mais PROSSEGUIR
com o processo e perdoa o réu (que precisa
aceitar. Se não se manifestar, considera-se
aceito o perdão) após iniciada a ação penal.
O perdão oferecido a um dos agentes estender-
se-á aos demais.

VI - pela retratação do agente, nos casos em


que a lei a admite;
Retratar é desdizer, retirar o que se disse. A lei
penal brasileira prevê essa causa extintiva da
punibilidade em pelo menos duas passagens:
I - Art. 143 do CP – a retratação é admitida nos
crimes contra a honra, mas apenas nos casos de
calúnia e difamação, sendo inadmissível na injúria.

II - Art. 342, § 3º, do CP: o fato deixa de ser punível


se o agente (testemunha, perito, tradutor ou
intérprete) se retrata ou declara a verdade.

VII – REVOGADO VIII - REVOGADO


IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos
em lei.
O Perdão judicial consiste no perdão concedido
pelo Estado ao réu, deixando o juiz de aplicar
a pena, embora este reconheça a prática da
infração penal. Esta modalidade de extinção da
punibilidade só pode ser aplicada em hipóteses
expressamente previstas em lei

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7 Crimes contra a vida

Crimes culposos no CP:

Contra a vida: homicídio, art. 121, p. 3; e


lesão corporal, art. 129, p. 6
Contra o patrimônio: receptação, art. 180, p.
3

Contra a incolumidade pública: incêndio,


art. 250, p. 2

Contra a Administração Pública: peculato,


art. 312, p.2

19
8 Lesões Corporais
8.1 Lesão corporal e suas diversas modalidades

O caput do artigo é considerado lesão de


natureza leve. Logo, tudo o que não se encaixa
em natureza grave ou gravíssima será leve.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a
saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano."

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9 Crimes contra a liberdade Pessoal
9.1 Tráfico de Pessoas

Conduta: O crime de tráfico de pessoas é um


crime de ação múltipla, tendo oito verbos
nucleares, que são: agenciar, aliciar, recrutar,
transportar, transferir, comprar, alojar ou
acolher pessoa. Na imagem ao lado houve a
conduta de transportar.
Modus Operandi: existem cinco maneiras de o
agente cometer o crime de tráfico de pessoas.
São elas: com grave ameaça, violência, coação,
fraude ou abuso.
Elemento subjetivo: o crime exige que a
conduta do agente tenha um especial fim de
agir. Poder ser: (I) remover-lhe órgãos, tecidos
ou partes do corpo; (II) submetê-la a trabalho
em condições análogas à de escravo; (III)
submetê-la a qualquer tipo de servidão; (IV)
adoção ilegal; ou (V) exploração sexual.

Causas de aumento de pena:


I - o crime for cometido por funcionário público
no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança , adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência ;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego,
cargo ou função;
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

21
10 Crimes contra o patrimônio
10.1 Furto

O crime de furto ocorre quando o agente


subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel, equiparando-se à coisa móvel, à
energia elétrica ou a qualquer outra que
tenha valor econômico.

10.2 Apropriação indébita

22
CP Art. 168-A. Deixar de repassar à
previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma
legal ou convencional:
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente,
espontaneamente, declara, confessa e efetua
o pagamento das contribuições, importâncias
ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal.
Atenção: O STF e o STJ entendem que o
pagamento, a qualquer tempo (antes do
trânsito em julgado) extingue a punibilidade.

23
11 Crimes contra a dignidade sexual
11.1 Estupro de vulnerável

Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.

11.2 Importunação Sexual

CP Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave
O agente (que pode ser homem ou mulher); pratica contra a vítima (que também pode ser homem ou
mulher, uma vez que o tipo descreveu “contra alguém”) Ato libidinoso (É todo ato de cunho sexual capaz
de gerar no sujeito a satisfação de seus desejos sexuais). Perceba que não exige a relação sexual
(penetração), mas, tão somente, o ato libidinoso; com o objetivo de satisfazer a própria lascívia (Lascívia
é o prazer sexual, o prazer carnal, a luxúria); ou a lascívia de terceiro.

24
12 Crimes contra a paz pública
12.1 Associação criminosa

CP Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas , para o fim específico de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a


participação de criança ou adolescente.
O elemento subjetivo é o dolo (não há associação criminosa para a prática de crimes culposos!),
acrescido do especial fim de agir representado pela expressão “para o fim específico de cometer
crimes”, independente da sua natureza e da pena cominada. Ou seja, não há associação criminosa para
a prática de um único crime.
É um crime formal, consumando-se no momento em que se concretiza a convergência de vontades,
independente da realização ulterior do fim visado, ou seja, consuma-se quando três ou mais pessoas se
associam para a prática de crimes, ainda que nenhum delito venha a ser efetivamente praticado.
É um crime permanente: Se protrai no tempo até a cessação da associação.
A estabilidade e permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para a
prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-se
essa do simples concurso eventual de pessoas para realizaram uma ação criminosa.

25
13 Crimes contra a fé pública
13.1 Falsidade de títulos e outros papéis públicos

Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou


alterando-os:
I – Selo destinado a controle tributário, papel
selado ou qualquer papel de emissão legal
destinado à arrecadação de tributo; (Redação
dada pela Lei nº 11.035, de 2004)
II - Papel de crédito público que não seja
moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - Cautela de penhor, caderneta de depósito
de caixa econômica ou de outro
estabelecimento mantido por entidade de
direito público;
V - Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer
outro documento relativo a arrecadação de
rendas públicas ou a depósito ou caução por
que o poder público seja responsável;

VI - Bilhete, passe ou conhecimento de


empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

26
14 Crimes contra a administração pública
14.1 Noções gerais de crimes contra a Administração Pública

Art. 327 - Considera-se funcionário público,


para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
1º - Equipara-se a funcionário público quem
exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica
da Administração Pública.

14.2 Peculato

O Peculato, tipificado no art. 312, trata-se de crime funcional impróprio, ou seja, se tirar a qualidade de
funcionário público o agente responderá por outro crime (Apropriação indébita, Art. 168). O sujeito ativo

27
do crime é o funcionário público, e excepcionalmente, o particular que poderá atuar na condição de
coautor ou partícipe. O sujeito passivo imediato é a administração pública.

CP, art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro , valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
Atenção aos verbos:
Peculato: APROPRIAR Prevaricação: RETARDAR
Concussão: EXIGIR Furto: SUBTRAIR
Corrupção passiva: SOLICITAR

14.3 Concussão

Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou
para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem
indevida:
Pena - reclusão, de dois a
doze anos, e multa. (Lei
13.964/19)
A conduta é a de exigir
vantagem indevida. Vejam que o
agente não pode, simplesmente,
pedir ou solicitar vantagem
indevida. A Lei determina que
deve haver uma “exigência” de
vantagem indevida. Assim, deve o
agente possuir o poder de fazer
cumprir o mal que ameaça
realizar em caso de não
recebimento da vantagem exigida.

28
14.4 Corrupção passiva

Corrupção passiva (não está incluso no rol dos crimes hediondos)


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em consequência da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

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14.5 Facilitação de contrabando ou descaminho

PARTICULAR QUE PRATICA CONTRABANDO


/ DESCAMINHO:
Responde pelo CP Art. 334. Iludir, no todo ou
em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria (DESCAMINHO).
OU
Responde pelo Art. 334-A. Importar ou
exportar mercadoria proibida (CONTRABANDO).

FUNCIONÁRIO PÚBLICO QUE CONTRIBUI


PARA O CONTRABANDO / DESCAMINHO:
Responde pelo Art. 318 - Facilitar, com
infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (Facilitação de
contrabando ou descaminho).

14.6 Descaminho

CP Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o


pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria.
Para a doutrina e a jurisprudência majoritária
o crime de descaminho é crime formal, sendo
assim não se aplica a exigência de
constituição definitiva do crédito tributário e
nem mesmo a exigência de prejuízo para
consumação do crime. O crime se consuma
com a simples conduta de iludir o Estado
quanto ao pagamento dos tributos devidos
quando da importação ou exportação de
mercadorias.

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