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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

DIVERSIDADE, MEIO AMBIENTE E


PATRIMÔNIO CULTURAL

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 03

UNIDADE 2 – OS BENS AMBIENTAIS ........................................................... 06

UNIDADE 3 – DIREITO URBANÍSTICO .......................................................... 09

UNIDADE 4 – PATRIMÔNIO CULTURAL, IMATERIAL E A PROTEÇÃO


JURÍDICA ........................................................................................................ 29

UNIDADE 5 – A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO PATRIMÔNIO


CULTURAL ...................................................................................................... 37

UNIDADE 6 – PATRIMÔNIO GENÉTICO E BIOSSEGURANÇA ................... 40

UNIDADE 7 – LICENCIAMENTO E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ..... 54

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 69

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

No entender do jurista ambientalista PAULO AFFONSO LEME MACHADO


(2010), a Lei nº 6.938/81 definiu o meio ambiente da forma mais ampla possível,
fazendo com que este se estendesse à natureza como um todo de um modo
interativo e integrativo. Com isso a lei finalmente encampou a ideia de ecossistema,
que é a unidade básica da ecologia, ciência que estuda a relação entre os seres
vivos e o seu ambiente, de maneira que cada recurso ambiental passou a ser
considerado como sendo parte de um todo indivisível, com o qual interage
constantemente e do qual é diretamente dependente.

Essa visão sistêmica encontra abrigo em vários ramos da ciência moderna


como a física quântica, por exemplo, que entende o universo como um composto de
teias de relações em que todas as partes estão interconectadas.

Com a Constituição Federal de 1988, o termo meio ambiente, tratado em


diversos dispositivos, consagrou-se definitivamente e a doutrina brasileira de direito
ambiental passou, com fundamentação constitucional, a dar ao meio ambiente o
maior número de aspectos e de elementos envolvidos.

Relembramos que foi a partir da segunda metade do século XX, em


decorrência de inúmeros fenômenos sociais, principalmente a formação da
sociedade de massa, que os bens de natureza difusa passaram a ser objeto de
maior preocupação do aplicador do direito.

Dessa forma, com o advento da Constituição Federal de 1988, inicia-se no


Brasil a construção de uma nova categoria de bens, quais sejam, os de uso comum
do povo e essenciais à sadia qualidade de vida, bens estes que não se confundem
com os denominados bens públicos, nem tampouco com os chamados bens
particulares (ou privados) que estão conceituados no art. 225, caput, da Constituição
Federal.

A caracterização desses bens se dá pela vinculação direta que eles mantêm


com o meio ambiente ecologicamente equilibrado, em que todos exercem a
titularidade desse direito, não de forma individual, mas sim sob a titularidade de uma

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coletividade de pessoas indefinidas, o que demarca seu critério transindividual.

O direito material ambiental, revelado no plano constitucional, diz respeito à


existência de uma relação jurídica que vincula a pessoa humana aos denominados
bens ambientais, portanto a definição jurídica de bem ambiental estará sempre
vinculada ao conceito doutrinário de piso vital mínimo, sendo certo que as ações
ambientais estarão, via de regra, destinadas à tutela do referido bem apontado no
art. 225, da Constituição Federal, seja para sobrestar qualquer ameaça contra ele,
seja para lhe reparar a indesejada lesão já materializada.

Segundo TALDEN QUEIRÓZ FARIAS (2006), a maior parte dos estudiosos


de direito ambiental fez a seguinte divisão em relação ao meio ambiente: meio
ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente
do trabalho. Essa classificação atende a uma necessidade metodológica ao facilitar
a identificação da atividade agressora e do bem diretamente degradado, visto que o
meio ambiente por definição é unitário. É claro que independentemente dos seus
aspectos e das suas classificações a proteção jurídica ao meio ambiente é uma só e
tem sempre o único objetivo de proteger a vida e a qualidade de vida.

Portanto, tomando por base essa divisão, os tópicos a serem tratados nesta
apostila serão os bens ambientais que fazem parte do Direito Urbanístico; o
patrimônio cultural material e imaterial, bem como sua proteção jurídica e
constitucional, além do patrimônio genético e a questão da biossegurança. Por fim,
trataremos do licenciamento e da responsabilidade ambiental.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para

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sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

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UNIDADE 2 – OS BENS AMBIENTAIS

A partir da Constituição Federal de 1988, os bens foram divididos em bens de


uso comum do povo e essenciais à sadia qualidade de vida, não sendo públicos,
tampouco particulares.

Nos termos do art. 98 do Código Civil, são públicos os bens de domínio


nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros
são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Essa dicotomia entre bem público e bem privado não se aplica aos bens
ambientais, pois o art. 225 da Constituição Federal, ao estabelecer a existência
jurídica de um bem que se estrutura como de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, configura nova realidade jurídica disciplinando bem que não
é público nem particular. É o que se trata de bem difuso.

O bem ambiental é, portanto, um bem que tem como característica


constitucional mais relevante ser essencial à sadia qualidade de vida, sendo
ontologicamente de uso comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e
qualquer pessoa dentro dos limites constitucionais.

A distinção entre bem público e bem difuso é tênue, sendo que, até a edição
do Código de Defesa do Consumidor, havia no plano infraconstitucional a
prevalência da dicotomia público/privado, de modo que os bens hoje designados
difuso, tendo em vista o critério da indeterminabilidade dos titulares e da
indivisibilidade de seu objeto, eram tratados sob rótulo de públicos.

Segundo o art. 225 da Constituição Federal, o bem ambiental é de uso


comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e qualquer pessoa dentro dos
limites constitucionais e, ainda, um bem essencial à qualidade de vida. Trata-se de
nova realidade jurídica, não se tratando nem de bem público nem de bem privado. É,
portanto, a somatória dos dois aspectos já mencionados.

Uma vida com dignidade reclama a satisfação dos valores mínimos


fundamentais descritos no art. 6º da Constituição Federal, de forma a exigir do

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Estado que sejam assegurados, mediante o recolhimento de tributos, educação,


saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, entre outros direitos básicos,
indispensáveis ao desfrute de uma vida digna.

2.1 Os bens ambientais atribuídos a entes federados

Se no artigo 225 a Carta Magna estabelece a natureza do bem ambiental na


forma passada no tópico anterior, em outros diversos artigos a mesma constituição
determina serem da União ou dos Estados alguns bens tipicamente ambientais,
conforme verificamos nos art. 20, III, IV, V e VIII, e 26, I, II e III.

A coexistência de tais dispositivos constitucionais não significa qualquer


contradição. Nesse sentido, é impecável o magistério de CELSO ANTÔNIO
PACHECO FIORILLO (2009, p. 111):

Essa conclusão dá-se pelo fato de que tanto o bem previsto no art. 225,
quanto aqueles arrolados nos incisos dos art. 20 e 26 eram, até o advento
do Código de Defesa do Consumidor, encartáveis como públicos, já que o
Código Civil cabia a responsabilidade pela classificação dos bens em nosso
ordenamento jurídico, e esse diploma somente reconhecia a existência de
duas espécies de bens: os públicos e os privados.

O atual ordenamento jurídico, por força da entrada em vigor da Constituição


da República de 1988, contempla a existência de três distintas categorias de bens:
os públicos, os privados e os difusos.

Assim, esses bens que possuem as características de bem ambiental (de uso
comum do povo e indispensável à sadia qualidade de vida) não são propriedade de
qualquer dos entes federados. Na verdade, os entes atuam como simples gestores
de um bem que pertence à coletividade, devendo geri-lo sempre com o apoio da
sociedade (RODRIGUES, 2010).

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2.2 Natureza jurídica do bem ambiental e o direito de propriedade

A Constituição da República não autoriza fazer com o bem ambiental, aquilo


que permite fazer com outros bens em face do direito de propriedade. A natureza
jurídica constitucionalmente assentada do bem ambiental não guarda
necessariamente compatibilidade absoluta com o direito de propriedade.

Quando a Carta de 05 de outubro de 1988 organiza nosso Estado


Democrático de Direito em face dos fundamentos da dignidade da pessoa humana,
resta, garantida a brasileiros e estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do
direito à propriedade, inclusive sob natureza de Direitos e Garantias Fundamentais
em face de direitos individuais e coletivos, nos termos do inciso XXII, mas
condicionado a atender aquilo que a Carta Magna de 1988 chamou de “função
social” (art. 5º, XXIII), sem entretanto definir seu conteúdo.

Mas independentemente do conceito de propriedade que se queira observar,


não seria admissível confundir as relações jurídicas que envolvem determinados
bens vinculados às pessoas humanas em face da propriedade com as relações
jurídicas que envolvem os bens ambientais (RODRIGUES, 2010).

A vida, por força do que determina o caput do artigo 225 da Carta


Constitucional é suficiente para garantir a indestrutibilidade do bem ambiental e
corroborar sua natureza jurídica como única e exclusivamente ao uso comum do
povo e, natureza essa, “elaborada na ordem econômica do capitalismo [...] dentro de
uma nova concepção constitucional criada em 1988, que tem na dignidade da
pessoa humana seu mais importante fundamento” (FIORILLO, 2009, p. 119).

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UNIDADE 3 – DIREITO URBANÍSTICO

3.1 Urbanismo como ciência

Para NATHÁLIA ARRUDA GUIMARÃES (2004), o urbanismo é uma ciência


que se ocupa do fenômeno urbano, tratando-o a partir de seus preceitos e
parâmetros.

Como diz MARIA BERNADETE MIRANDA (2009), a disciplina urbanística é


hoje um dos imperativos mais prementes da civilização em face da crescente
urbanização e, especificamente no Brasil, diante do crescente processo de
urbanização descontrolado.

Emprega-se o termo urbanização para designar o processo pelo qual a


população urbana cresce em proporção superior à população rural. Não se trata de
mero crescimento das cidades, mas de um fenômeno de concentração urbana.

A urbanização da humanidade é um fenômeno moderno da sociedade


industrializada, fruto mesmo da revolução industrial. Ao nos referirmos às cidades,
logo visualizamos os grandes centros em que se aglomeram fábricas e serviços,
atividades necessariamente desvinculadas do produto natural da terra, este, ao
contrário, objetivo principal das atividades do campo (MIRANDA, 2009).

Leopoldo Mazzaroli, na sua obra fundamental I piani regulatori urbanistici (s.d


apud MUKAI, 1988, p. 3) definiu o urbanismo, do ponto de vista técnico, como “a
ciência que se preocupa com a sistematização e desenvolvimento da cidade
buscando determinar a melhor posição das ruas, dos edifícios e obras públicas, de
habitação privada, de modo que a população possa gozar de uma situação sã,
cômoda e estimada”.

Esta concepção restringia-se aos limites da cidade, visão superada a partir da


obra de Ebenezer Howard (Garden cities of tomorrow, 1902), em que o urbanismo
começa a abranger a cidade e o campo, preocupando-se com algo mais que os
aspectos meramente físicos do território (MUKAI, 1988, p. 3). A partir daí, o
urbanismo deixa de ser mera disciplina da cidade e passa para projetos

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de estruturação regional e, posteriormente, os planos nacionais de um país.

Tal concepção moderna deve-se ao reconhecimento de que a cidade não é


entidade com vida autônoma, destacada e isolada no território. Em verdade, o
urbanismo ultrapassa os limites da cidade para englobar um território inteiro, que se
influencia mutuamente, devendo, pois, ser estudado de forma sistêmica e conjugada
(GUIMARÃES, 2004).

A inevitável incidência das diversas ciências no estudo e disciplina do


fenômeno urbano leva a crer que o jurista ou arquiteto, sozinhos, não mais resolvem
os problemas da cidade, porque convergem, na solução deles, conhecimentos
sociológicos especializados, geográficos, estatísticos, de engenharia sanitária, de
biologia, de medicina e, sobretudo, políticos e econômicos. A matéria urbanística é,
assim, necessariamente interdisciplinar e infinitamente rica em aspectos.

Em verdade, como ensina o professor FERNANDO ALVES CORREIA (2003),


o conceito de urbanismo “tem uma natureza polissêmica, já que comporta uma
pluralidade de sentidos”. Dentre esses sentidos ou acepções, o referido jurista
português destaca quatro:

1. O urbanismo como fato social;

2. Como técnica;

3. Como ciência;

4. Como política.

Como fato social, o Urbanismo expressa o fenômeno do crescimento da


“urbis” ou da cidade. A atração que as cidades promovem sobre as populações
originariamente rurais e o consequente aumento contínuo da população nos centros
urbanos está na base da urbanização (CORREIA, 2003, p. 15).

Discute-se, nesse diapasão, quais seriam os critérios para definir que uma
determinada região detém o título de “cidade” ou centro urbano. Critérios como o
densidade populacional por quilômetro quadrado, ou ainda a forma predominante da
atividade econômica, uma vez considerados isoladamente não representam
elementos exaustivos do conceito de cidade.

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As Nações Unidas, bem como inúmeros autores que optaram por esse
conceito, define população urbana como a que reside em localidades com pelo
menos 2.000 habitantes (CORREIA, 2003, p. 15).

Qualquer que seja o critério, todos levam à identificação da cidade, auxiliando


na reflexão de seus problemas. Além de ser um fato social, o urbanismo é uma
técnica de criação, desenvolvimento e reforma das cidades (CORREIA, 2003, p. 15).
Urbanismo, nesse caso, é sinônimo de técnica urbanística.

Atualmente, todo projeto de urbanismo exige estudos baseados no trabalho


de especialistas das mais diferentes matérias, cada vez mais fragmentadas e mais
precisas e seu resultado refletirá a convergência de todos esses conhecimentos.

Além de ser uma técnica, o Urbanismo também passou a ser apresentado


como uma ciência autônoma, surgida na Europa no período que medeia entre finais
do século XIX e a 1ª Guerra Mundial (SILVA, 1997, p. 22).

O urbanismo é, em suma, elemento de importante transformação das


cidades, promovido através de atividades próprias, destinadas a aplicar seus
princípios e realizar seus fins e a doutrina é unânime na afirmação de que esta nova
ciência assume uma natureza eminentemente interdisciplinar.

Desse modo, como técnica e ciência interdisciplinar, o urbanismo


correlaciona-se com a cidade industrial, como instrumento de correção dos
desequilíbrios urbanos, nascidos da urbanização e agravados com a chamada
explosão urbana do nosso tempo (CORREIA, 2003, p. 39).

O Direito é, também, uma das ciências que regula o fenômeno do urbanismo,


lançando sobre este seus elementos, conceitos e princípios. A ciência jurídica
manifesta-se objetivamente em suas normas, adota os conceitos e as abordagens
de outras ciências e cria sobre elas sua própria concepção, enquadrando o
fenômeno urbano com o fim de adequá-lo, transformando-o de forma que atenda
aos seus objetivos e aos anseios dos que lhe legitimam.

O conceito de Urbanismo guarda, assim, independência e peculiaridade do


conceito de Direito Urbanístico. Tratam, em verdade, de duas ciências cujo objeto de
estudo é o mesmo, porém, avaliado sob óticas peculiares. Ambas se debruçam

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sobre o fenômeno urbano, propriamente sobre a utilização do espaço nos centros


urbanizados e rurais.

Neste contexto, o fenômeno urbano, como objeto de estudo científico, leva o


pesquisador à busca multidisciplinar, para o atendimento da demanda de soluções
imediatas, exigência que se observa de forma ainda mais evidente nos países com
baixo índice de desenvolvimento, como é o caso do Brasil (GUIMARÃES, 2004).

Conforme MOREIRA NETO (1977),

O urbanismo apresenta-se, assim, como uma ciência compósita, que vai


buscar conhecimentos a várias ciências, tais como a geografia, a arquitetura
e a técnica de construção, a estatística, a ciência econômica, a ciência
política, a ciência administrativa, a sociologia, a história, a ecologia humana,
e, inclusive, à própria medicina, com o objetivo de possibilitar um
desenvolvimento harmonioso e racional dos aglomeramentos humanos.

Para JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997, p. 31),

Direito Urbanístico é o conjunto da disciplina jurídica, notadamente de


natureza administrativa, incidente sobre os fenômenos do Urbanismo,
destinada ao estudo das normas que visem a impor valores convivenciais
na ocupação e utilização dos espaços habitáveis.

3.2 Os Princípios Constitucionais e a autonomia do Direito Urbanístico

DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO (1977) ressalta que as normas


urbanísticas, entre nós especialmente, ainda não adquiriram unidade substancial,
formando conjunto coerente e sistematizado legislativamente. Encontram-se
dispersas em diversas leis e apenas guardam, entre si, conexão puramente material
em função do objeto regulado. Para identificá-las, torna-se necessário estabelecer
com precisão qual é esse objeto, que vem a ser o próprio objeto do Direito
Urbanístico.

Para o renomado jurista JOSÉ AFONSO DA SILVA (1997), citado por

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ADILSON ABREU DALLARI e SÉRGIO FERRAZ (2002), Direito Urbanístico também


é definido como

[...] conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos, sistemáticos e


informados por princípio apropriados, que tenha por fim a disciplina do
comportamento humano relacionado aos espaços habitáveis, ou seja,(...)
arte e técnica social de adequar o espaço físico às necessidades e à
dignidade da moradia humana.

A Constituição Federal do Brasil menciona o Direito Urbanístico no inciso I, do


Artigo 24 que trata das competências concorrentes da União, Estados e Distrito
Federal o que, para alguns autores, indica a autonomia da matéria no contexto da
ciência jurídica.

A matéria de direito urbanístico, longe de se esgotar no artigo 24 da


Constituição, encontra relevante disposição no artigo 182 que trata da política de
desenvolvimento urbano executada pelo Poder Público Municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

3.3 Objeto do Direito Urbanístico

Conforme SILVA (1997, p. 32), o Direito Urbanístico objetivo (conjunto de


normas) tem por objeto regular a atividade urbanística e disciplinar a ordenação do
território. Visa “precipuamente a ordenação das cidades”, como nota HELY LOPES
MEIRELLES (1997), mas os seus preceitos incidem também sobre as áreas rurais,
no vasto campo da ecologia e da proteção ambiental, intimamente relacionadas com
as condições da vida humana em todos os núcleos populacionais, da cidade e do
campo.

É o ramo do Direito que visa a promover o controle jurídico do


desenvolvimento urbano, isto é, dos vários processos de uso, ocupação,
parcelamento e gestão do solo nas cidades.

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O Direito Urbanístico como ciência, é “ramo do direito público que tem por
objeto expor, interpretar e sistematizar as normas e princípios; vale dizer:
estabelecer o conhecimento sistematizado sobre essa realidade jurídica” (MATTOS,
2002).

Para HELY LOPES MEIRELLES (1997), ainda, manifestam-se dois aspectos


do Direito Urbanístico:

a) O Direito Urbanístico objetivo, que consiste no conjunto de normas jurídicas


reguladoras da atividade do poder público destinada a ordenar os espaços
habitáveis, o que vale dizer: conjunto de normas jurídicas reguladoras da atividade
urbanística;

b) O Direito Urbanístico como ciência, que busca o conhecimento


sistematizado daquelas normas e princípios reguladores da atividade urbanística.

3.4 Natureza jurídica das normas de Direito Urbanístico

As normas de direito Urbanístico são de natureza pública, cogentes, fruto do


poder de polícia do Estado que intervindo na disciplina das relações jurídicas
estabelece o condicionamento do exercício do direito de propriedade ao interesse
coletivo, uma vez que o delineamento da propriedade atual se dá em razão da
primazia do interesse público em relação ao interesse particular.

As imposições urbanísticas são preceitos de Ordem Pública e inserem-se no


contexto jurídico como disciplina do conteúdo do direito de propriedade.
Substancialmente, elas se justificam pela necessidade de adequar-se o exercício do
direito dominial ao bem-estar social e compatibilizá-lo com a utilidade coletiva.

É por meio das limitações e dos atos legislativos que impõem o funcionalismo
da propriedade que as normas urbanísticas se exteriorizam. As limitações são
medidas de interesse público, decorrentes de lei genérica e abstrata, que se
revestem do poder de imperium estatal e decorrem do poder de polícia inerente à
Administração Pública (MEDAUAR, 1997).

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As normas que tratam da utilização da propriedade baseiam-se no poder de


polícia do Estado.

De certo, o direito de propriedade privada há muito deixou de ser considerado


como absoluto, conotação que a caracterizava até as primeiras décadas do século
XX. Ampliaram-se as intervenções públicas e ocorreu a mudança da própria
configuração estrutural do direito de propriedade ante sua funcionalização social,
percebida de modo sensível em matéria urbanística e agrária (GUIMARÃES, 2004).

A ideia, assim, de propriedade absoluta apresenta-se incompatível com a


organização sociopolítica atual. Diferem, entretanto, as normas delineadoras do
direito de propriedade em razão da natureza jurídica.

Em atendimento aos critérios da ciência jurídica, estabelecem-se diferenças


entre as normas de Direito Público e de Direito Privado, na tentativa de
sistematizarmos o conhecimento e o objeto de estudo do Direito Urbanístico. As
normas de direito urbanístico, repita-se, cujo objeto é delinear o direito de
propriedade, são públicas porque estabelecidas para conformar o interesse do
indivíduo e o da coletividade (GUIMARÃES, 2004).

Ao contrário, assim, das normas de direito privado que visam estabelecer


critérios na relação entre os particulares, as normas de direito urbanístico constituem
verdadeiras “cláusulas” de um contrato social firmado entre o indivíduo e o Estado,
titular, este último, de interesses e direitos os quais pretende representar e em razão
dos quais lhe são conferidos poderes.

Desta feita, a disciplina da propriedade, elementarmente construída pela


doutrina civilista, é também regulada pela disciplina da “propriedade urbanística”,
esta última fundamentada no Estado de Direito interventor (GUIMARÃES, 2004).

A disciplina da propriedade que se dá no Código Civil Brasileiro, delineia o


conteúdo da propriedade interna (usar, gozar e dispor) e seu aspecto externo, no
momento em que estabelece os limites no que tange à vizinhança e demais relações
jurídicas de caráter privado (GUIMARÃES, 2004).

Na disciplina urbanística, a propriedade é definida e delineada por um corpo


descentralizado de Leis e princípios, cujos órgãos legiferantes e executores são

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igualmente descentralizados, a critério da distribuição de competências definida pelo


Constituinte Brasileiro para o atendimento ao interesse público, conforme exposto
nos valores acolhidos na Constituição Federal de 1988 (GUIMARÃES, 2004).

Nesse contexto, convencemo-nos da natureza pública dos diversos


instrumentos jurídicos apresentados para a adequação do uso da propriedade, mais
propriamente clamada como solo, urbano ou rural, normas que compõem a nova
Ordem Urbanística.

A razão evidente para a intervenção de Ordem Pública do Direito de


Propriedade encontra-se na Constituição Federal de 1988, precisamente no Art. 5º,
inciso XXIII, que trata do princípio da função social da propriedade.

Não podemos esquecer que para a efetiva realização da função social da


propriedade, é indispensável a atuação do Poder Municipal que atua com uma
função pública de destaque. No atual Estado de Direito Social, as decisões sobre o
urbanismo deixaram mesmo de pertencer aos proprietários privado e passaram a ser
de competência da Administração Pública.

Cabe ao Município a elaboração dos Planos Diretores que definirão, (art. 182,
CF/88) em substância, a utilidade funcional da propriedade, sempre em atendimento
ao interesse comum, calcado nos princípios solidários ditados pela Constituição
Federal, em busca da redistribuição das riquezas e minimização da miséria de nosso
país (GUIMARÃES, 2004).

3.5 A função social da propriedade

Uma vez que o Direito Urbanístico é o ramo do Direito que visa a promover o
controle jurídico do desenvolvimento urbano, isto é, dos vários processos de uso,
ocupação, parcelamento e gestão do solo nas cidades, podemos, assim, inseri-lo no
ramo do direito ambiental.

O direito urbanístico é o reflexo, no mundo jurídico, dos desafios e problemas


derivados da urbanização moderna e das ideias da ciência do urbanismo. Até
meados do século XX, o urbanismo não exibia propriamente uma preocupação com

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o bem estar dos citadinos, e se fizera, portanto, ao largo de suas reais


necessidades, como aponta JANE JACOBS (2001), na década de 1950, em seu
clássico “Morte e Vida de Grandes Cidades”:

[...] as cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e


sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório
que o planejamento urbano deveria aprender elaborar e testar suas teorias.
Ao contrário, os especialistas e os professores dessa disciplina (...) têm
ignorado o estudo do sucesso e do fracasso na vida real, não têm tido
curiosidade a respeito das razões do sucesso inesperado e pautam-se por
princípios derivados do comportamento e da aparência de cidades,
subúrbios, sanatórios de tuberculose, feiras e cidades imaginárias perfeitas
– qualquer coisa que não as cidades reais.

Fatores como estes foram os responsáveis pelo paulatino surgimento de


soluções e mecanismos que, frente ao Direito Civil e ao Direito Administrativo da
época que, soassem impertinentes ou originais, acabaram se aglutinando em torno
da expressão “Direito Urbanístico”.

Esse direito contrapôs-se ao Direito Civil clássico ao deslocar do âmbito


puramente individual para o estatal as decisões básicas quanto ao destino das
propriedades urbanas (função social da propriedade). Será mais precisamente a
partir da década de 1970 que o direito urbanístico irá, então, conquistando uma
identidade, que foi sendo ditada por sua própria urgência, em razão da explosão e
surgimento das grandes cidades, trazendo consigo todos os problemas às mesmas
inerentes.

O Professor RICARDO PEREIRA LIRA (1997), em sua Obra “Elementos de


Direito Urbanístico”, revela sua preocupação com o fenômeno urbano,
especialmente a partir do implacável crescimento demográfico gerando condições
de vida dilacerantes, pela violência urbana, precárias condições de saúde e
educação, poluição social e ambiental, descrença nas instituições, grave
comprometimento das políticas públicas em geral. E advertia que o futuro não se
oferece promissor, muito menos tranquilizante.

A emergência da necessidade de uma previsão de caráter geral sobre o


urbanismo pressionou a Constituinte de 1988; esta assinalou ao direito urbanístico,

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então, o papel de servir à definição e implementação de uma “política de


desenvolvimento urbano”, a qual tem por finalidade “ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar dos seus
habitantes” (GALIL, 2005).

O direito urbanístico surge, então, como o direito da política de


desenvolvimento urbano, em três sentidos:

1. Como conjunto das normas que disciplinam a fixação dos objetivos da política
urbana (normas constitucionais);

2. Como conjunto de textos normativos em que estão fixados os objetivos da


política urbana (planos urbanísticos); e,

3. Como conjunto de normas em que estão previstos e regulados os


instrumentos de implementação da política urbana (ex.: Estatuto da Cidade).

A política urbanística norteia-se pelos princípios da cooperação entre os


governos, iniciativa privada e demais setores da sociedade, e da isonomia de
condições para agentes públicos e privados, apresentando-se o Estatuto da Cidade
como a primeira tentativa de uma resposta jurídica abrangente a esse conflito,
através da instituição de um direito urbanístico popular (GALIL, 2005).

A cidade, com a nova roupagem que lhe foi atribuída pela Constituição, tem
uma função social que, no entanto, só se realizará na medida em que a pessoa
humana seja a prioridade da política urbanística, assegurando aos seus moradores
condições mais justas, humanas e democráticas para viver nela.

O pleno exercício do direito às cidades sustentáveis compreende, pois, dignas


condições de vida, de exercitar plenamente a cidadania e os direitos humanos, de
participar da gestão da cidade, de habitar uma cidade com qualidade de vida sob
todos os aspectos antes mencionados (GALIL, 2005).

Destarte, a função social da cidade, e da propriedade, somente será


alcançada quando observadas pelo Poder Público as normas insertas no Estatuto da
Cidade, fazendo uso dos instrumentos ali previstos, especialmente o plano diretor, e
garantindo uma ampla participação popular que traduza a gestão democrática da

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cidade e legitima a administração pública da cidade.

Como veremos, o Estatuto da Cidade enfrentou o desafio de ordenar, fixar e


controlar o emprego dos objetivos e políticas públicas, muitas insertas em diplomas
vários e às vezes conflitantes entre si, enfatizando, via de consequência, que a
política urbana não pode ser um amontoado de intervenções sem rumo. Ao
contrário, o papel do direito urbanístico é o de servir à definição e implementação de
uma “política de desenvolvimento urbano” cuja finalidade é “ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade e garantir o bem
estar dos seus habitantes”, trazendo uma estruturação de natureza sistêmica, vez
que exige a harmonização dos planos de política urbana nacionais, regionais,
estaduais, das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, de
ordenação do território e do desenvolvimento econômico e social, e o plano diretor
do município (GALIL, 2005).

3.6 O Estatuto da Cidade

O Estatuto da Cidade estabelece normas de ordem pública e interesse social


que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e
do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental (Lei nº 10.257/2001,
art. 1.°).

A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das


funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais (Lei nº 10.257/2001, art. 2.°):

a) garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra


urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte
e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras
gerações;

b) gestão democrática por meio da participação da população e de


associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação,
execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento

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urbano;

c) cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da


sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse nacional;

d) planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da


população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de
influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente;

e) oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços


públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às
características locais;

f) ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

I) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

II) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

III) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou


inadequados em relação à infraestrutura urbana;

IV) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar


como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura
correspondente;

V) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua


subutilização ou não utilização;

VI) a deteriorização das áreas urbanizadas;

VII) a poluição e a degradação ambiental.

g) integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais,


tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob
sua área de influência;

h) adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de


expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e
econômica do Município e do território sob sua área de influência;

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i) justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de


urbanização;

j) adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e


dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar
os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes
segmentos sociais;

k) recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a


valorização de imóveis urbanos;

I) proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e


construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

m) audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos


processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos
potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto
ou a segurança da população;

n) regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de


baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e
ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da
população e as normas ambientais;

o) simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das


normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta
dos lotes e unidades habitacionais;

p) isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção


de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o
interesse social.

Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana (Lei


nº 10.257/2001, art. 3º):

a) legislar sobre normas gerais de direito urbanístico;

b) legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o

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equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional;

c) promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;

d) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,


saneamento básico e transportes urbanos;

e) elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território


e de desenvolvimento econômico e social.

Para os fins do Estatuto da Cidade, serão utilizados, entre outros


instrumentos (Lei nº 10.257/2001, art. 4°):

a) planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de


desenvolvimento econômico e social;

b) planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e


microrregiões;

c) planejamento municipal, em especial:

I) plano diretor;

II) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;

III) zoneamento ambiental;

IV) plano plurianual;

V) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;

VI) gestão orçamentária participativa;

VII) planos, programas e projetos setoriais;

VIII) planos de desenvolvimento econômico e social;

d) institutos tributários e financeiros:

I) imposto sobre propriedade predial e territorial urbana - IPTU;

II) contribuição de melhoria;

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III) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

e) institutos jurídicos e políticos:

I) desapropriação;

II) servidão administrativa;

III) limitações administrativas;

IV) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;

V) instituição de unidades de conservação;

VI) instituição de zonas especiais de interesse social;

VII) concessão de direito real de uso;

VIII) concessão de uso especial para fins de moradia;

IX) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

X) usucapião especial de imóvel urbano;

XI) direito de superfície;

XII) direito de preempção;

XIII) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;

XIV) transferência do direito de construir;

XV) operações urbanas consorciadas;

XVI) regularização fundiária;

XVII) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e


grupos sociais menos favorecidos;

XVIII) referendo popular e plebiscito;

f) estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de


vizinhança (EIV).

Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até 250m2
(duzentos e cinquenta metros quadrados), por 5 (cinco) anos,

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ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para a sua moradia ou de sua


família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural (Lei nº 10.257/2001, art. 9°).

São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial


urbana:

a) O possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;

b) Os possuidores, em estado de / com posse;

c) Como substituto processual, a associação de moradores da comunidade,


regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente
autorizada pelos representados (Lei nº 10.257, art. 12).

O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu


terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública
registrada no cartório de registro de imóveis (Lei nº 10.257/2001, art. 21).

A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa (Lei


nº10.257/2001, art. 21, § 2.°).

O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para


aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares (Lei
nº10.257/2001, art. 25).

O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar


de áreas para (lei nº 10.257/2001, art. 26):

a) regularização fundiária;

b) execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;

c) constituição de reserva fundiária;

d) ordenamento e direcionamento da expansão urbana;

e) implantação de equipamentos urbanos e comunitários;

f) criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;

g) criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de

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interesse ambiental;

h) proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.

O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser
exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contra
partida a ser prestada pelo beneficiário (Lei nº 10.257/2001, art. 28).

Segundo STF, RE 226.942/5C, DJ 15.05.2009, não é tributo a chamada


parcela do solo criado que representa remuneração ao Município pela utilização de
área além do limite da área de edificação. Trata-se de forma de compensação
financeira pelo ônus causado em decorrência da sobrecarga da aglomeração
urbana.

Coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área edificável e a área do


terreno (Lei nº 10.257/2001, art. 28, § 1.°).

Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para
aplicação de operações consorciadas (Lei nº 10.257/2001, art. 32).

Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e


medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos
proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o
objetivo de alcançar em uma área, transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental (Lei nº 10.257/2001, art. 32, § 1.°).

A Municipalidade tem o dever e não a faculdade de regularizar o uso, no


parcelamento e na ocupação do solo, para assegurar o respeito aos padrões
urbanísticos e o bem-estar da população.

Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de


imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante
escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação
urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário
para fins de (Lei nº 10.257/2001, art. 35):

a) implantação de equipamentos urbanos e comunitários;

b) preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico,

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ambiental, paisagístico, social ou cultural;

c) servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas


ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social.

Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos


em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de
vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou
funcionamento a cargo do Poder Público municipal (Lei nº 10.257/2001, art. 36).

O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos


do empreendimento ou atividade quanto a qualidade de vida da população residente
na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes
questões (Lei nº10.257/2001, art. 37):

a) adensamento populacional;

b) equipamentos urbanos e comunitários;

c) uso e ocupação do solo;

d) valorização imobiliária;

e) geração de tráfego e demanda por transporte público;

f) ventilação e iluminação;

g) paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo


prévio de impacto ambiental (EIA) requeridas nos termos da legislação ambiental
(Lei nº 10.257/2001, art. 38).

A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende às


exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor,
assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de
vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas (Lei nº
10.257/2001, art. 39).

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

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fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (CF/1988, art. 182,


§ 2.°).

O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política


de desenvolvimento e expansão urbana (Lei nº 10.257/2001, art. 40).

No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua


implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipal garantirão (Lei nº
10.257/2001, art. 40, § 4.°):

a) a promoção de audiências públicas e debates com a participação da


população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;

b) a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;

c) o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações


produzidos.

O plano diretor é obrigatório para cidades (Lei nº 10.257/2001, art. 41):

a) com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes;

b) integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

c) onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos


no § 4.° do art. 1821 da Constituição Federal;

d) integrantes de áreas de especial interesse turístico;

e) inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com


significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

1
Obs.: CF/1988, art. 182, § 4.° - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: I – parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade
predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros legais.

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O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades


com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana (CF/1988, art. 182, § 1.°).

No caso de cidades com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, deverá


ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano
diretor ou nele inserido (Lei nº 10.257/2001, art. 41, § 2.°).

Segundo Ferreira Jr. (2011), o Ministério Público tem legitimidade para propor
ação civil pública em defesa de interesses coletivos ou individuais homogêneos,
visando a regularização de loteamento destinado à moradias populares.

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UNIDADE 4 – PATRIMÔNIO CULTURAL, IMATERIAL E A


PROTEÇÃO JURÍDICA

Segundo SEBASTIÃO RIBEIRO FILHO (2009), a ideia de patrimônio em


nossa sociedade estava ligada, inicialmente, a bens materiais (e imateriais, como
direitos autorais sobre obras musicais e literárias) acumulados e transmitidos de
geração a geração, de pais para filhos, como fruto do trabalho deste, transmitidos
aos filhos como herança. A estes caberia, por sua vez, cuidar do patrimônio
herdado, para transmiti-lo a seus herdeiros, assegurando-lhes, sempre que possível,
melhores condições de vida. Assim, a ideia de patrimônio e herança estiveram,
desde o início, associadas.

A preocupação do homem com a proteção, valorização e defesa dos bens por


ele produzidos, criados ou agenciados – materiais e imateriais – culturais, históricos,
artísticos, científicos, arqueológicos e paisagísticos, galgou a noção de patrimônio,
num patamar mais elevado, que vai além da ideia inicial de bens pertencentes a
uma família, chegando ao atual estágio, onde a proteção, valorização e defesa
desses bens são de interesse e responsabilidade comum a toda a coletividade.
Assim, a responsabilidade por esses bens é tanto dos eventuais proprietários
privados, como de toda a coletividade e do Poder Público visando sua proteção, em
prol da própria coletividade, face à relevância cultural dessa ação de proteção
(RIBEIRO FILHO, 2009).

No contexto ambiental, RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO (2001, p. 37),


assevera que meio ambiente,

não se resume ao aspecto naturalístico (= biota) antes referido, senão que


comporta uma conotação abrangente, ‘holística’, compreensiva de tudo o
que cerca (e condiciona) o homem em sua existência e no seu
desenvolvimento na comunidade a que pertence e na interação com o
ecossistema que o cerca.

No século XX, o patrimônio cultural passou a ser tratado além dos aspectos
materiais, passando-se a observar também os aspectos imateriais por

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existirem bens portadores de referência à memória e identidade cultural, porém,


intangíveis.

No âmbito internacional, com a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio


Cultural Imaterial de 2003, a UNESCO tratou da tutela dos bens intangíveis dotados
de valores e caracterizadores da pluralidade cultural da humanidade. O Brasil é
pioneiro na tutela dos bens culturais imateriais, pois, antes da convenção da
UNESCO instituiu, com o Decreto nº 3.551/2000, o procedimento administrativo de
registro e criou o Programa Nacional do Patrimônio Cultural Imaterial.

Para LUCIA REISEWITZ (2004), o texto Constitucional, assim como toda a


legislação infraconstitucional não deixam dúvida: o patrimônio cultural, composto por
bens materiais ou imateriais, é um valor jurídico de conteúdo imaterial, moral,
podendo como tal, constar como objeto do direito à preservação. É parte
componente do Patrimônio Ambiental.

Neste sentido, JOSÉ RUBENS MORATO LEITE e HELINE SIVINI FERREIRA


(2004, p. 97) reafirmam que o Meio Ambiente Cultural diz respeito às manifestações
fruto das culturas dos povos. Diz respeito também à manifestação que surge das
condicionantes culturais de cada comunidade e há que se frisar que a tese do direito
vincado no multiculturalismo apenas ganha força com o reconhecimento do
ambiente cultural.

Observando os fundamentos do Direito Ambiental, os aspectos


constitucionais de preservação, conservação e recuperação da qualidade ambiental
para a sadia qualidade de vida e equilíbrio ecológico, REISEWITZ (2004, p. 99)
assevera que:

no caso específico do meio ambiente cultural, a preservação recai sobre a


própria cultura. Esta por sua vez, emana de certos bens, que podem ser
materiais, como um quadro, um edifício, uma escultura, um acervo, ou
imateriais, como uma música, uma língua, a história.

Os bens culturais compreendem tudo aquilo que tem valor cultural e, a partir
do momento que esses bens forem relevantes para garantir a sadia qualidade de

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vida humana e/ou a manutenção da vida em todas as suas formas, caracterizam-se


também como recursos ambientais. Ela esclarece que considerar todos os bens que
têm valor cultural como recurso ambiental seria afirmar que tudo o que é cultural
deve ser preservado e defende que esse não é o objetivo do direito ambiental, sob
pena de termos que engessar o mundo para garantir a preservação (REISEWITZ,
2004, p. 99).

Além disso, é importante a distinção de fontes nacionais de cultura e de


patrimônio cultural, pois “é este, e não aquela, que contém os bens culturais
tutelados pelo direito ambiental. São, portanto, os bens culturais que portam
referência à ação, à memória e à identidade do povo brasileiro que compõem o
ambiente, essencial à sadia, à qualidade e à manutenção da vida humana, há justa
medida em que a sua preservação garante nossa sobrevivência” (LEITE;
FERREIRA, 2004).

Reiteramos que o direito ao meio ambiente cultural ecologicamente


equilibrado é um direito fundamental, essencial à sadia qualidade de vida humana
(arts. 215 e 216 c.c. 225 CF/88). Neste sentido, RITA DA CONCEIÇÃO COELHO
LOUREIRO (1997, p. 19) afirma que cuidar da saúde é antes de tudo, resguardar
nosso Patrimônio Cultural. Isto porque, a pessoa humana é, de acordo com
CONSUELO YOSHIDA MOROMIZATO (2001, p. 02), “como espécie biológica, parte
integrante do meio ambiente, ela interfere nesse meio e na dinâmica dos
ecossistemas, como ser cultural que também é, transformando-os progressivamente
com o fim de satisfazer as suas necessidades biológicas, culturais e sociais”.

Procurando definir a importância e a abrangência do estudo do meio ambiente


cultural, HELITA BARREIRA CUSTÓDIO (2005) ensina:

Em princípio, sem entrar nas particularidades doutrinárias, considera-se


patrimônio cultural o conjunto de bens móveis ou imóveis materiais ou
imateriais, decorrentes tanto da ação da natureza e da ação humana como
da harmonia da ação conjugada da natureza e da pessoa humana, de
reconhecimento de valores vinculados aos diversos e progressivos estágios
dos processos civilizatórios e culturais de grupo e povos. Integrado de
elementos básicos da civilização e da cultura dos povos, o patrimônio
cultural, em seus reconhecidos valores individuais ou em conjunto, constitui
complexo de bens juridicamente protegidos em todos os níveis de governo,
tanto nacional como internacional.

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O meio ambiente cultural é o meio ambiente natural ou artificial permeado


pela essência da pessoa humana detentora da criatividade, compondo-se de bens
culturais materiais e imateriais que devido ao seu valor, devem ser tutelados pelo
Direito, conforme prescreve o art. 216 da Constituição Federal.

O bem jurídico tutelado pelo Direito Ambiental é o direito à preservação do


patrimônio cultural. Este é o meio para a garantia da qualidade e manutenção da
vida humana e os recursos que o compõem são objetos do direito à preservação
(REISEWITZ, 2004, p. 99).

O patrimônio cultural material ou imaterial tem natureza jurídica difusa, pois,


ao afirmar que tais bens são culturais, a mensagem implícita é a de que, naquela
específica circunstância, o principal valor que emana daquele bem é o cultural e o
valor cultural é de interesse de todos. Assim, afirmar que este é parte integrante do
patrimônio cultural “estamos indicando que é um bem sobre o qual recai o interesse
difuso” (REISEWITZ, 2004 p. 100).

JOSÉ AFONSO DA SILVA (1998, p. 806) destaca que:

modernizam-se e ampliam-se, portanto, os meios de atuação do Poder


Público na tutela do patrimônio cultural. Sai-se também do limite estreito da
terminologia tradicional, para utilizarem-se técnicas mais adequadas, ao
falar-se em patrimônio cultural, em vez de patrimônio histórico, artístico e
paisagístico, pois há outros valores culturais que não se subsumem nessa
terminologia antiga.

Há que se registrar que o primeiro bem imaterial tombado no país pelo IPHAN
– Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional – foi a ‘panela de barro capixaba’ pela
forma tradicional como é feita, há mais de cem anos, passando de geração a
geração e por constituir-se em um elemento cultural importante da identidade
cultural do Estado do Espírito Santo e de nosso país (RIBEIRO FILHO, 2009).

BEATRIZ ABAURRE (2005, p. 15) também destaca sobre esse tema, de


acordo com a autora,

as festas, folguedos ou brincadeiras que o povo inventa, têm uma


significativa importância para a vida social, pois é exatamente

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através dessas manifestações que a comunidade integra-se e se


reconhece, evitando a desagregação e a desterritorialização bem
conhecidas em locais onde não ocorre a prática desses valores tão
representativos da diversidade sociocultural de nosso povo.

Como complementação ao direito previsto no art. 215 está outro que foi
inserido no art. 216 § 3° segundo o qual “a lei estabelecerá incentivos para a
produção e o conhecimento de bens e valores culturais”, papel que tem sido
cumprido a nível federal pela chamada Lei Ruanet e outros mecanismos, bem como
por outros instrumentos de incentivo, como os editais de apoio aos grupos folclóricos
que integram o patrimônio cultural de nosso país.

Por sua vez, a Emenda Constitucional nº 48, de 2005, contemplou tal direito,
ao incluir no referido art. 215, o § 3°, segundo o qual deve ser estabelecido mediante
lei (pela União – Poder Executivo Federal), o Plano Nacional de Cultura, de duração
plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do
poder público que conduzem à:

I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;

II - produção, promoção e difusão de bens culturais;

III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em


suas múltiplas dimensões;

IV - democratização do acesso aos bens de cultura.

Assim, este é um direito cultural – constitucional – que deverá ser assegurado


a todos: a “democratização do acesso aos bens culturais” e esse direito deve ser
assegurado, no caso do patrimônio cultural formado pelos grupos culturais que
integram o folclore, mediante o desenvolvimento de ações já mencionadas de
valorização e difusão desses grupos.

Um outro aspecto importante dos direitos culturais, segundo definição


adotada pela Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultura da UNESCO, em
seu artigo 5°, embora ainda não esteja completamente definida a forma de
assegurar sua validade universal, isto é, a validade universal desses direitos, e a

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instância internacional que deveria se ocupar do tema, bem como o modo pelo qual
esses direitos podem se transformar em instrumentos de garantia da Diversidade
Cultural; é que esses direitos culturais estão se consolidando como parte integrante
e indissociável dos direitos humanos.

A definição do artigo 5° é: “Os direitos culturais são parte integrante dos


direitos humanos, que são universais, indissociáveis e interdependentes. O
desenvolvimento de uma diversidade criativa exige a plena realização dos direitos
culturais, tal como os define o Artigo 27 da Declaração Universal de Direitos
Humanos e os artigos 13 e 15 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais”.

Toda pessoa deve, assim, poder expressar-se, criar e difundir suas obras na
língua que deseje e, em particular, na sua língua materna; toda pessoa tem direito a
uma educação e uma formação de qualidade que respeite plenamente sua
identidade cultural; toda pessoa deve poder participar na vida cultural que escolha e
exercer suas próprias práticas culturais, dentro dos limites que impõe o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais”. Ou seja, devemos considerar os
direitos culturais de nosso povo – aí incluídos os direitos inerentes aos grupos que
integram o patrimônio cultural brasileiro – como direito humano fundamental, com
todas as garantias que são inerentes aos detentores desses direitos.

O artigo 2 da Declaração universal sobre a diversidade cultural, que trata da


“diversidade cultural ao pluralismo cultural”, tem um caráter principiológico ao afirmar
que em nossas sociedades cada vez mais diversificadas, torna-se indispensável
garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades
culturais a um só tempo plurais, variadas e dinâmicas, assim como sua vontade de
conviver. As políticas que favoreçam a inclusão e a participação de todos os
cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz.

Definido desta maneira, o pluralismo cultural constitui a resposta política à


realidade da diversidade cultural. Inseparável de um contexto democrático, o
pluralismo cultural é propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das
capacidades criadoras que alimentam a vida pública. Se pensarmos esses
“princípios” a nível interno, veremos que a interação harmoniosa entre grupos com

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identidades culturais plurais, variadas e dinâmicas tem ocorrido entre as culturas


indígenas, afros e europeias, onde os intercâmbios contribuem para o
desenvolvimento da capacidade criadora de nosso povo.

Entre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (DESC) reconhecidos pelos


Estados-Partes que firmaram o Pacto estão o de que “cada indivíduo tem o direito
de participar da vida cultural”; e o de “desfrutar o progresso científico e suas
aplicações”. As obrigações dos governos abrangem “medidas que os Estados-
Partes no presente Pacto deverão adotar com a finalidade de assegurar o pleno
exercício desse direito incluirão aquelas necessárias à conservação, ao
desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura”. E afirma também que “os
Estados-Partes no presente Pacto reconhecem os benefícios que derivam do
fomento e do desenvolvimento da cooperação e das relações internacionais no
domínio da ciência e da cultura”.

Entre os deveres que o Poder Público deve assumir, está o fixado no § 1° do


art. 215 já citado, segundo o qual “o Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional”, ou seja, para o Estado, essa proteção é um dever;
para as manifestações, um direito cultural.

Além dessa obrigação, também se insere entre os deveres do Poder Público,


o que está estabelecido no art. 221, no sentido de estabelecer por lei mecanismos
para que “a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão” atenda
“aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção


independente que objetive sua divulgação;

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística”.

Assim, não apenas nas emissoras de TV que são públicas – como as TVs
Educativas – como nas de ordem privadas, porém todas elas com caráter de
concessionárias públicas, deveriam estar obrigadas por lei a incluir em suas
programações a produção cultural e artística regional ou nacional.

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É o que defendia FERREIRA GULLAR (1965), mais de duas décadas antes


da nova ordem constitucional,

quando se fala em cultura popular acentua-se a necessidade de pôr a


cultura a serviço do povo, isto é, dos interesses efetivos do país. Em suma,
deixa-se clara a separação entre uma cultura desligada do povo, não-
popular, e outra que se volta para ele.

Esses são em linhas gerais, os aspectos culturais dos direitos que devem
nortear as propostas de ação, para a valorização e a difusão dos grupos e
manifestações folclóricas de todo o país, não somente junto aos órgãos culturais,
como também aos órgãos ambientais, notadamente quando da discussão dos
processos de licenciamento de atividades que possam provocar impactos
ambientais significativos sobre esses grupos e manifestações (RIBEIRO FILHO,
2009).

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UNIDADE 5 – A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO


PATRIMÔNIO CULTURAL

Pelo disposto no artigo 216, parágrafo 1º da Constituição Federal, pode-se


compreender que o poder público levará em consideração o entendimento
comunitário do que seja importante para a preservação do patrimônio cultural. O
referido artigo indica que a política de preservação do patrimônio cultural deve ser
democrática, participativa e aberta a todos os setores sociais que através de
mecanismos de proteção terá a sua memória individual protegida pela preservação
da memória plural.

A participação da comunidade nos atos de proteção do patrimônio cultural


pode ocorrer por duas formas: a primeira, pela participação da comunidade
organizada nos conselhos de cultura e nos organismos que decidem os objetos
material ou imaterial a serem preservados; a segunda é traduzida pela utilização de
mecanismos legais, tais como a ação popular para coibir os atos políticos que
ponham em riscos os valores de importância cultural definido pela coletividade.

De par com a contribuição da comunidade para a preservação do patrimônio


cultural, o Estado poderá utilizar formas de preservação através de isenções fiscais
aos proprietários de bens culturais de interesse da coletividade, bem como,
favorecer a participação dos grandes grupos econômicos no financiamento de
trabalhos que visem a identificação de bens de interesse cultural.

A Constituição Federal de 1988 evoluiu em comparação as anteriores e


definiu com forte delimitação a importância da preservação do patrimônio cultural
considerando, inclusive, passível de punição, os danos e ameaças ao patrimônio
cultural.

É, ainda, de se ressaltar que a Constituição Federal de 1988, no artigo 216,


caput definiu em que se constitui o patrimônio cultural brasileiro, afirmando que dele
fazem parte os bens de natureza material e imaterial, tomados de forma individual
ou coletiva, que sejam portadores de referência à identidade, à nação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira e nos quais se incluem: as

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formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas,


artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e
sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.

A preservação do patrimônio cultural na forma estabelecida na Constituição


Federal traduz a necessidade de uma política de preservação e não simplesmente a
enumeração dos mecanismos legais de preservação.

Neste sentido, MARIA CECILIA LONDRES FONSECA (1997, p. 30) afirma


que uma política de preservação do patrimônio abrange necessariamente um âmbito
maior que o de um conjunto de atividades visando à proteção de bens. É
imprescindível ir além e questionar o processo de produção desse universo que
constitui um patrimônio, os critérios que regem a seleção de bens e justificam sua
proteção; identificar atores envolvidos nesse processo e os objetivos que alegam
para legitimar o seu trabalho; definir a posição do Estado relativamente a essa
prática e investigar o grau de envolvimento da sociedade. Trata-se de uma
dimensão menos visível, mas nem por isso menos significativa, das políticas de
preservação.

Continuando o assunto, afirma Fonseca que no caso de patrimônio histórico e


artístico nacionais, o valor que permeia o conjunto de bens, independentemente de
seu valor histórico, artístico, etnológico etc., é o valor nacional, ou seja, aquele
fundado em um sentimento de pertencimento a uma comunidade, no caso, a nação.

Observa-se, ainda, que o sentido traduzido pelos artigos 215 e 216 da


Constituição Federal é da necessidade de uma política de preservação que garanta
aos cidadãos o direito à cultura, esta entendida como os valores pelos quais se
reconhece uma nação.

Ainda neste sentido, pode-se afirmar que o meio ambiente, nele inserido o
patrimônio cultural, é um dos elementos contribuidores para o alcance da dignidade
humana, fundamento da República Federativa do Brasil.

A inclusão da dignidade da pessoa humana como um dos elementos

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fundamentais da República é, no entendimento de PAULO BONAVIDES (2001, p.


230), uma exigência e imperativo de elevação institucional e de melhoria qualitativa
das bases do regime e traduz a importância que o constituinte lhe atribuiu,
colocando-o no mesmo patamar dos princípios da soberania, da cidadania, do
pluralismo, do reconhecimento social e axiológico ao trabalho e à livre iniciativa,
classificados, também, como componentes medulares do sistema constitucional de
poder.

O significado da proteção do patrimônio cultural pelo poder local e a sua


importância para a implantação da Democracia Constitucional é marcada pela
possibilidade maior, por parte do Município, de preservar a identidade cultural do
povo e alcançar o sentimento do povo. No Município, por sua própria condição, por
ser nele aonde residem os cidadãos, tem a capacidade de materializar, com maior
eficiência, o disposto no artigo 216, parágrafo 1º da Constituição Federal, que atribui
ao poder público, com a colaboração da comunidade, a proteção do patrimônio
cultural.

Pode-se afirmar, por fim, que, no tocante, a proteção do patrimônio cultural, é


no Município onde as formas democráticas do modelo participativo direto são mais
evidentes e, dessa forma, se cumpre o princípio da dignidade da pessoa humana
por meio do resguardo da identidade coletiva do povo (RODRIGUES, 2002).

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UNIDADE 6 – PATRIMÔNIO GENÉTICO E


BIOSSEGURANÇA

6.1 Patrimônio genético

Incumbe ao Poder Público preservar a diversidade e a integridade do


patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético (CF/1988, art. 225, § 1º, II e IV). No Brasil, o
acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado é regulado
pela Medida Provisória - MP 2.186-16, de 2001.

Esta MP também regulamentou alguns aspectos da Convenção sobre


Diversidade Biológica (CDB) assinada na ECO/92. A mencionada MP versa sobre os
bens, os direitos e as obrigações relativos (art. 1.°):

a) ao acesso a componente do patrimônio genético existente no território


nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva para fins de
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção;

b) ao acesso ao conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético,


relevante à conservação da diversidade biológica, à integridade do patrimônio
genético do País e à utilização de seus componentes;

c) à repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da exploração de


componente do patrimônio e do conhecimento tradicional associado; e,

d) ao acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para a conservação e


a utilização da diversidade biológica.

O acesso ao patrimônio genético existente no País somente será feito


mediante autorização da União e terá o seu uso, comercialização e aproveitamento
para quaisquer fins submetidos à fiscalização, restrições e repartição de benefícios
nos termos da MP 2.186-16/2001 (art. 2.°).

A MP 2.186-16/2001 não se aplica ao patrimônio genético humano (art. 3.°).

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É vedado o acesso ao patrimônio genético para práticas nocivas ao meio


ambiente e à saúde humana e para o desenvolvimento de armas biológicas e
químicas (MP 2.186-16/2001, art. 5.°). Exemplo da aplicação do princípio da
precaução encontramos no art. 6.° da MP 2.186-16/2001: a qualquer tempo,
existindo evidência científica consistente de perigo de dano grave e irreversível à
diversidade biológica, decorrente de atividades praticadas na forma da citada MP, o
Poder Público, por intermédio do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, com
base em critérios e parecer técnico, determinará medidas destinadas a impedir o
dano, podendo, inclusive, sustar a atividade, respeitada a competência do órgão
responsável pela biossegurança de organismos geneticamente modificados.

Para os fins da MP 2.186-16/2001, considera-se (art. 7.°):

a) patrimônio genético – informação de origem genética, contida em


amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal,
na forma de moléculas e substâncias provenientes do metabolismo destes seres
vivos e de extratos obtidos destes organismos vivos ou mortos, encontrados em
condições in situ, inclusive domesticados, ou mantidos em coleções ex situ, desde
que coletados em condições in situ no território nacional, na plataforma continental
ou na zona econômica exclusiva;

b) conhecimento tradicional associado – informação ou prática individual


ou coletiva de comunidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou
potencial, associada ao patrimônio genético;

c) comunidade local – grupo humano, incluindo remanescentes de


comunidades de quilombos, distinto por suas condições culturais, que se organiza,
tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes próprios, e que conserva
suas instituições sociais e econômicas;

d) acesso ao patrimônio genético – obtenção de amostra de componente


do patrimônio genético para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico
ou bioprospecção, visando a sua aplicação industrial ou de outra natureza;

e) acesso ao conhecimento tradicional associado – obtenção de


informação sobre conhecimento ou prática individual ou coletiva, associada ao

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patrimônio genético, de comunidade indígena ou de comunidade local, para fins de


pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção, visando sua
aplicação industrial ou de outra natureza;

f) acesso à tecnologia e transferência de tecnologia – ação que tenha por


objetivo o acesso, o desenvolvimento e a transferência de tecnologia para a
conservação e a utilização da diversidade biológica ou tecnologia desenvolvida a
partir de amostra de componente do patrimônio genético ou do conhecimento
tradicional associado;

g) bioprospecção – atividade exploratória que visa identificar componente do


patrimônio genético e informação sobre conhecimento tradicional associado, com
potencial de uso comercial;

h) espécie ameaçada de extinção – espécie com alto risco de


desaparecimento na natureza em futuro próximo, assim reconhecida pela autoridade
competente;

i) espécie domesticada – aquela em cujo processo de evolução influiu o ser


humano para atender às suas necessidades;

j) Autorização de Acesso e de Remessa – documento que permite, sob


condições específicas, o acesso a amostra de componente do patrimônio genético e
sua remessa à instituição destinatária e o acesso a conhecimento tradicional
associado;

k) Autorização Especial de Acesso e de Remessa – documento que


permite, sob condições específicas, o acesso a amostra de componente do
patrimônio genético e sua remessa à instituição destinatária e o acesso a
conhecimento tradicional associado, com prazo de duração de até dois anos,
renovável por iguais períodos;

I) Termo de Transferência de Material – instrumento de adesão a ser


firmado pela instituição destinatária antes da remessa de qualquer amostra de
componente do patrimônio genético, indicando, quando for o caso, se houve acesso
a conhecimento tradicional associado;

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m) Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de


Benefícios – instrumento jurídico multilateral, que qualifica as partes, o objeto e as
condições de acesso e de remessa de componente do patrimônio genético e de
conhecimento tradicional associado, bem como as condições para repartição de
benefícios;

n) condição ex situ – manutenção de amostra de componente do patrimônio


genético fora de seu habitat natural, em coleções vivas ou mortas.

O Estado reconhece o direito das comunidades indígenas e das comunidades


locais para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais associados ao
patrimônio genético do País, nos termos desta Medida Provisória e do seu
regulamento (MP 2.186-16/2001, art. 8.°, § 1º).

O conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético de que trata a


Medida Provisória ora analisada integra o patrimônio cultural brasileiro e poderá ser
objeto de cadastro, conforme dispuser o Conselho de Gestão ou legislação
específica (MP 2.186-16/2001, art. 8.°, § 2.°).

Segundo a MP 2.186-16/2001, art. 9º, à comunidade indígena e à


comunidade local que criam, desenvolvem, detêm ou conservam conhecimento
tradicional associado ao patrimônio genético, é garantido o direito de:

a) ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional em todas as


publicações, utilizações, explorações e divulgações;

b) impedir terceiros não autorizados de:

I) utilizar, realizar testes, pesquisas ou exploração, relacionados ao


conhecimento tradicional associado;

II) divulgar, transmitir ou retransmitir dados ou informações que integram


ou constituem conhecimento tradicional associado;

c) perceber benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou


indiretamente, de conhecimento tradicional associado, cujos direitos são de sua
titularidade, nos termos desta Medida Provisória.

Qualquer conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético poderá

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ser de titularidade da comunidade, ainda que apenas um indivíduo, membro dessa


comunidade, detenha esse conhecimento (MP 2.186-16/2001, art. 9.°, parágrafo
único).

Fica criado, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o Conselho de Gestão


do Patrimônio Genético, de caráter deliberativo e normativo, composto de
representantes de órgãos e de entidades da Administração Pública Federal que
detêm competência sobre as diversas ações de que trata a Medida Provisória em
comento (MP 2.186-16/2001, art. 10).

Compete ao Presidente do Conselho de Gestão (representante do Ministério


do Meio Ambiente) firmar, em nome da União, Contrato de Utilização do Patrimônio
Genético e de Repartição de Benefícios (MP 2.186- 16/2001, art. 13).

O acesso a componente do patrimônio genético existente em condições in


situ no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva,
e ao conhecimento tradicional associado far-se-á mediante a coleta de amostra e de
informação, respectivamente, e somente será autorizado a instituição nacional,
pública ou privada, que exerça atividades de pesquisa e desenvolvimento nas áreas
biológicas e afins, mediante prévia autorização, na forma da Medida Provisória (MP
2.186/2001, art. 16).

Quando houver perspectiva de uso comercial, o acesso a amostra de


componente do patrimônio genético, em condições in situ, e ao conhecimento
tradicional associado só poderá ocorrer após assinatura de Contrato de Utilização do
Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios (MP 2.186-16/2001, art. 16, §
4.°).

A participação de pessoa jurídica estrangeira em expedição para coleta de


amostra de componente do patrimônio genético in situ e para acesso de
conhecimento tradicional associado somente será autorizada quando em conjunto
com instituição pública nacional, ficando a coordenação das atividades
obrigatoriamente a cargo desta última e desde que todas as instituições envolvidas
exerçam atividades de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins (MP
2.186- 16/2001, art. 16, § 6.°).

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45

A Autorização de Acesso e de Remessa dar-se-á após a anuência prévia (MP


2.186- 16/2001, art. 16, § 9.°):

a) da comunidade indígena envolvida, ouvido o órgão indigenista oficial,


quando o acesso ocorrer em terra indígena;

b) do órgão competente, quando o acesso ocorrer em área protegida;

c) do titular de área privada, quando o acesso nela ocorrer;

d) do Conselho de Defesa Nacional, quando o acesso se der em área


indispensável à segurança nacional;

e) da autoridade marítima, quando o acesso se der em águas jurisdicionais


brasileiras, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva.

Os benefícios resultantes da exploração econômica de produto ou processo


desenvolvido a partir de amostra de componente do patrimônio genético e de
conhecimento tradicional associado, obtidos por instituição nacional ou instituição
sediada no exterior, serão repartidos, de forma justa e equitativa, entre as partes
contratantes, conforme dispuser o regulamento e a legislação pertinente (MP 2.186-
16/2001).

Os benefícios decorrentes da exploração econômica de produto ou processo,


desenvolvido a partir de amostra do patrimônio genético ou de conhecimento
tradicional associado, poderão constituir-se, dentre outros, de (MP 2.186-16/2001,
art. 25):

a) divisão de lucros;

b) pagamento de royalties;

c) acesso e transferência de tecnologias;

d) licenciamento, livre de ônus, de produtos e processos; e

e) capacitação de recursos humanos.

A exploração econômica de produto ou processo desenvolvido a partir de


amostra de componente do patrimônio genético ou de conhecimento tradicional
associado, acessada em desacordo com as disposições da Medida Provisória em

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46

comento, sujeitará o infrator ao pagamento de indenização correspondente a, no


mínimo, vinte por cento (20%) do faturamento bruto obtido na comercialização de
produto ou de royalties obtidos de terceiros pelo infrator, em decorrência de
licenciamento de produto ou processo ou do uso da tecnologia, protegidos ou não
por propriedade intelectual, sem prejuízo das sanções administrativas e penais
cabíveis (MP 2.186-16/2001, art. 26).

O Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de


Benefícios deverá indicar e qualificar com clareza as partes contratantes, sendo, de
um lado, o proprietário da área pública ou privada, ou o representante da
comunidade indígena e do órgão indigenista oficial, ou o representante da
comunidade local e, de outro, a instituição nacional autorizada a efetuar o acesso e
a instituição destinatária (MP 2.186-16/2001, art. 27).

São cláusulas essenciais do Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e


de Repartição de Benefícios, na forma do regulamento, sem prejuízo de outras, as
que disponham sobre (MP 2.186-16/2001, art. 28):

a) objeto, seus elementos, quantificação da amostra e uso pretendido;

b) prazo de duração;

c) forma de repartição justa e equitativa de benefícios e, quando for o caso,


acesso à tecnologia e transferência de tecnologia;

d) direitos e responsabilidades das partes;

e) direito de propriedade intelectual;

f) rescisão;

g) penalidades;

h) foro no Brasil.

Os Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de


Benefícios serão submetidos para registro no Conselho de Gestão e só terão
eficácia após sua anuência (MP 2.186-16/2001, art. 29).

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47

6.2 A engenharia genética e a lei de Biossegurança (11.105/05)

Nos Últimos tempos, principalmente com a grande repercussão dos


resultados do Projeto Genoma Humano2 e o grande interesse sobre os transgênicos,
a engenharia genética passou a ser alvo de atenção como ciência moderna, não
somente por pesquisadores como também por empresas que detêm monopólios e
interesse econômico.

A engenharia genética, de uma maneira geral, envolve a manipulação dos


genes e a consequente criação de inúmeras combinações entre genes de
organismos diferentes.

Engenharia genética pode ser definida como o conjunto de técnicas capazes


de permitir a identificação, manipulação e multiplicação de genes dos organismos
vivos, sendo o emprego de técnicas que modificam a constituição genética das
células, assim como dos organismos. Abrange a Engenharia Genética, conforme
citado Mantovani, na obra de MARIA HELENA DINIZ (2002), como “as noções de
manipulação genética, reprodução assistida, terapia gênica e clonagem, pois tende
a modificação do patrimônio hereditário humano.”

Considerando que a Biotecnologia é a ciência da engenharia genética,


considera-se que através dela os organismos vivos começaram a ser manipulados
geneticamente, possibilitando a criação de organismos transgênicos ou

2
Projeto Genoma Humano (PGH) teve início em 1990 com vários objetivos, entre eles identificar e
fazer o mapeamento dos cerca de 80 mil genes que se calculava existirem no DNA das células do
corpo humano; determinar as sequências dos 3 bilhões de bases químicas que compõe o DNA
humano; desenvolvendo ferramentas eficientes para analisar esse dados e torná-los acessíveis para
novas pesquisas biológicas.
Com as tecnologias, os recursos biológicos e os bancos de dados gerados pela pesquisa sobre o
genoma tiveram um imenso impacto nas indústrias relacionadas à biotecnologia, como as pesquisas
com células troncos. Depois de dez anos de pesquisas e disputas colossais, cientistas do Projeto
Genoma Humano e da companhia privada Celera Genomics conseguiram montar por completo o
quadro de informações do código genético humano, o genoma.
Em resumo, os cientistas descobriram que os genes são apenas um rascunho, eles contêm a
matéria-prima de como fazer os tijolos da vida, as proteínas, mas não todas as instruções de como
montá-los de modo que o resultado final seja um bebê humano saudável. Um exemplo: estão
contidas nos genes as instruções para que as células reprodutoras, uma vez fecundadas, se
diferenciem e deem origem ao coração, pulmão, cérebro, músculos e todos os órgãos do corpo
humano. Mas os genes não informam que a cabeça tem de ficar em cima dos ombros ou que os
braços devem sair um de cada lado do tronco. Essa orientação espacial que permite ao embrião
tomar a forma natural que conhecemos é dada por instruções bioquímicas no útero materno. Ou seja,
os genes são quase tudo. Quando se imaginava que eram tudo.

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48

geneticamente modificados. Sendo os Organismos Geneticamente Modificados


(OGMs) a maior forma de utilização da engenharia genética.

Os Organismos Geneticamente Modificados (OGM), abrangem todos os


organismos criados em laboratório com técnicas avançadas que permitem alterar
sua estrutura genética, inclusive através da utilização de genes de outros
organismos, mudando a forma da estrutura original e obtendo características
específicas, de modo a oferecer ao homem características desejadas pelo próprio
homem.

Nesse sentido, a Lei de Biossegurança define os Organismos Geneticamente


Modificados, como sendo aqueles que possa ter sido modificados geneticamente,
por qualquer técnica de engenharia genética.

Pela sua natureza, e pelo grande envolvimento de fatores da essência


humana, o desenvolvimento da engenharia genética convive com problemas legais e
éticos. É necessária a intervenção do estado para controlar e supervisionar este
campo, pois não se pode negar a clara e evidente existência de riscos para os seres
humanos, para os animais e para as plantas.

Um dos principais fatores que exigem um controle rígido pela sociedade


organizada, e tem gerado polêmicas ético-morais, é a manipulação do genoma de
seres vivos com fins eugênicos, ou seja, a de depuração da espécie, ou das raças
com a finalidade de criar uma espécie, ou raça nova por meios não naturais, ou seja,
a transferência de novos traços transgênicos para outras espécies.

A possibilidade de se perder o controle, podendo ocorrer o aparecimento de


recombinantes inesperados, na utilização de Organismos Geneticamente
Modificados, o risco da perda do controle dos OGMS ou do gene introduzido, poderá
trazer prejuízo incalculável para a natureza.

Ressaltou Lavigne em sua obra, citada por PAULO AFFONSO LEME


MACHADO (2006, p. 965), que a impressão geral da comunidade científica é que:

 os riscos são mais ligados à utilização das técnicas de engenharia Genética


do que as técnicas elas mesmas, ainda que a probabilidade do aparecimento
de recombinantes não desejados não seja totalmente desprezível a longo

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prazo;

 fica claro que com a liberação de OGMS no Meio ambiente, poderá acarretar
danos para o meio ambiente, que não tem como serem previstos;

 considera até a possibilidade de possíveis acidentes, que não serão


incidentais, com objetivo de dominação, principalmente econômica, de uma
forma que pode nem ser visível ou declarada, mas que possa ter uma força
tão grande que venha a criar dominações e destruições.

Sendo assim, conforme garantido pela Constituição, no art. 225, parágrafo


primeiro, cabe ao poder público garantir a preservação do meio ambiente, em prol
da sociedade, tendo a necessidade de regulamentar e controlar a utilização da
biotecnologia para salvaguardar a sobrevivência da espécie humana e o respeito da
dignidade do ser humano, evitando sua coisificação, pois os questionamentos
ligados aos avanços biotecnológico, dirigem-se aos valores fundamentais do
homem, visto que, como veremos, a biotecnologia poderá lesar alguém ou alterar
sua qualidade de ser único e irrepetível e até mesmo modificar ser patrimônio
genético, transformando sua identidade e a das gerações presentes e futuras
(DINIZ, 2002, p. 385).

Por colocar em risco a manipulação da vida humana e de outros seres vivos


em laboratórios, determinou-se pela Convenção sobre Diversidade Biológica que
cada parte deve se responsabilizar conforme cada caso, administrando ou
controlando o risco, a utilização e liberação dos Organismos Modificados no meio
Ambiente, sempre visando a preservação da diversidade biológica.

Muitos opositores à engenharia genética atual acreditam que a ascensão do


uso de OGM em grandes plantações causou uma poderosa inclinação de
companhias de produtos agrícolas em companhias de biotecnologia, que ganham
poder excessivo sobre a produção de comida, e sobre os agricultores que usam os
seus produtos.

O Controle legal da utilização da engenharia genética, é feita pela


Constituição Federal, art. 225, §1º, II, onde diz que é dever do Poder Público
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as

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entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. Assim, o Poder


Público tem o dever de preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético,
bem como o dever de fiscalizar os pesquisadores que manipulam material genético
e ainda é obrigado a controlar os métodos, atividades e comercialização de produtos
ou substâncias que possam causar danos ao meio ambiente, incluindo aí os
relacionados à manipulação genética.

A recente Lei de Biossegurança nº11.105, que entrou em vigor no dia 28 de


março de 2005, estabeleceu padrões e mecanismos de fiscalização de atividades
que envolvam organismos geneticamente modificados e seus derivados. A
Biossegurança é uma medida surgida no século XX, voltada para o controle e a
minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja em
laboratório ou quando aplicadas ao meio ambiente. A Biossegurança é regulada em
vários países no mundo por um conjunto de leis, procedimentos ou diretivas
específicas.

Podemos considerar a Biossegurança como “conjunto de normas legais e


regulamentares que estabelecem critérios e técnicas para a manipulação genética,
no sentido de evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana. Esse conjunto de
normas é estabelecido pela Comissão Nacional de Biossegurança (CTNBio) e pela
Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) ( SIRVINSKA, 2003, p. 234).

A Biossegurança tem por escopo diminuir ou evitar risco pela manipulação


genética. A Lei objetiva estabelecer normas de segurança e mecanismos de
fiscalização no uso das técnicas de Engenharia Genética. Ao falar em normas de
segurança, implicitamente, a lei abarca o conceito de que a Engenharia Genética
implica riscos, que necessitam ser geridos.

Segundo estudos de PAULO AFFONSO LEMES MACHADO (2006, p. 966)


oito atividades relativas aos OGMs são abrangidas: “construção, cultivo,
manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte”.

O fundamento básico da Biossegurança é estudar, entender e tomar medidas


para prevenir os efeitos adversos da moderna biotecnologia, sendo prioritário
proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente, para assegurar o avanço dos

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processos tecnológicos.

A lei nº 11.105/05, no seu art. 1º, estabelece normas de segurança e


mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a
manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o
armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio
ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus
derivados. Estão abrangidos nesta Lei, as atividades que envolvam os OGMs e seus
derivados, desde que “relacionados ao ensino com manipulação de organismos
vivos, à pesquisa, e que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do
transporte, da transferência, da comercialização, da importação, da exportação, do
armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados
para fins comerciais.”

O art. 6, da Lei de Biossegurança, estabeleceu as linhas da política de


biossegurança brasileira, mostrando os caminhos a serem seguidos, na gestão da
Engenharia Genética, dentre elas:

[...]Proibição - Inciso V - destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e


seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos
órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e as
constantes desta Lei e de sua regulamentação;

Proibição - Inciso VI - liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados,


no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e,
nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou
sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio
considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou
sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o
processo tenha sido por ele avocado, na forma desta Lei e de sua regulamentação
(...).

Quem nos oferece uma excelente conclusão para o tópico em questão é


ELLEN HARUMY KEIRA (2006) em trabalho para obtenção de bacharelado em
Direito pela FMU, intitulado Biossegurança e o direito ambiental (que vale ser lido na

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íntegra por aqueles que pretendem enveredar por esse ramo que só tende a crescer
num futuro próximo):

O século XXI têm sido de grande valia, dentre outros motivos, devido as
grandes descobertas científicas, a saúde da espécie humana e por valorizar o ser
humano em seus direitos, porém, com uma evolução científica, surgem os dilemas
em relação aos riscos e a real necessidade de utilização destas novas técnicas.

Um dos maiores desafios têm sido desenvolver uma bioética e um biodireito


que previnam os exageros provocados pelas pesquisas científicas e pelo
desequilíbrio do meio ambiente, sempre visando o resgate e valorizando a dignidade
da pessoa humana e do meio ambiente.

A necessidade de preservação da diversidade biológica deve ser o elemento


principal a ser sempre lembrado e preservado, pois sem ela, o extermínio de
determinadas culturas do meio ambiente, será fatal para a vida do planeta e de
todos seus seres vivos, mas a evolução científica, quando usada de uma forma
sábia, pode colaborar para a qualidade da vida humana.

Com esse crescimento tecnológico, e essa necessidade de preservação e


conservação da Biodiversidade, ao ser sancionada a Lei nº 11.105/2005, o Brasil
deu um grande passo ao renovar a sua lei que zela pelas atividades da engenharia
genética, ao passo de que esta evolui numa velocidade surpreendente.

Tendo sido a Biossegurança regulamentada para proteger e zelar pelo


patrimônio de todos, a utilização dos Organismos Geneticamente modificados assim
como das células troncos, poderão trazer soluções e ajuda para a sociedade. Com
a Biossegurança poderão ser realizados estudos mais aprofundados, e de longa
data, sobre os reais efeitos de toda esta manipulação no patrimônio genético, assim
como da utilização de células tronco embrionário, da utilização dos alimentos
transgênicos.

Valorizando-se a Biodiversidade, e zelando pela sua preservação, a utilização


de Organismos Geneticamente Modificados trará uma grande evolução para a
sociedade brasileira, pois conforme acompanhado, muitos países preferem ignorar
esta evolução, e tratar com um certo preconceito a utilização de células-tronco e dos

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organismos geneticamente modificados.

O maior desafio encontrado, além do controle na utilização da Engenharia


Genética, será o desafio de constituir uma bioética e um biodireito que corrijam os
exageros provocados pelas pesquisas científicas e pelo desequilíbrio do meio
ambiente (KEIRA, 2006).

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UNIDADE 7 – LICENCIAMENTO E RESPONSABILIDADE


AMBIENTAL

7.1 Natureza e definição do licenciamento ambiental

O direito ambiental nasceu a partir do direito administrativo, pelo que muitos


dos institutos daquele têm origem neste ramo do direito (BELTRÃO, 2011).

Para CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO (2003, p. 401), a licença


consiste em um dos atos administrativos mais tradicionais, tendo por características
ser um ato vinculado, unilateral, pelo qual a administração pública faculta ao
particular o exercício de alguma atividade, desde que atendidos os requisitos legais.

Por tratar-se de um instrumento de controle prévio pela administração pública,


decorre de um direito subjetivo do particular, pelo que a administração pública não
pode negá-Ia se o interessado atende a todos os requisitos legais previamente
fixados para a sua obtenção; uma vez concedida, traz a presunção de definitividade
(MEIRELLES, 2002, p. 183).

A autorização, por sua vez, consiste no ato unilateral pelo qual a


administração pública, de forma discricionária, faculta o exercício de uma atividade
ao particular, tendo, em regra, caráter precário (MELLO, 2003, p. 401).

No entendimento de MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2002, p. 219), a


autorização é, portanto, ato constitutivo, enquanto a licença é ato declaratório de
direito preexistente.

A licença ambiental encontra-se definida pelo art. 1º, II, da Resolução


CONAMA nº 237/1997, consistindo:

ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as


condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

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ÉDIS MILARÉ (2004, p. 482) conceitua o licenciamento ambiental como uma


ação típica e indelegável do Poder Executivo, na gestão do meio ambiente, por meio
da qual a Administração Pública procurar exercer o devido controle sobre as
atividades humanas que possam causar impactos ao meio ambiente.

DANIEL ROBERTO FINK (2002, p. 71) conceitua o licenciamento ambiental


como o procedimento mediante o qual o órgão ambiental competente verifica se a
atividade potencial ou significativamente poluidora que se pretende implementar ou
que já esteja implementada está realmente em consonância com a legislação
ambiental e com as exigências técnicas necessárias.

Para ANTÔNIO INAGÊ DE ASSIS OLIVEIRA (2005, p. 287), o licenciamento


ambiental é o instrumento através do qual o órgão ou entidade ambiental
competente avalia os projetos a ele submetidos, considerando os impactos positivos
e negativos, para decidir se autoriza ou não a instalação, a ampliação ou o
funcionamento do mesmo e, em autorizando, se faz ou não exigências para minorar
os impactos ambientais negativos e maximizar os impactos ambientais positivos.

HAMÍLTON ALONSO JR. (2002, p. 43) entende o licenciamento como um


mecanismo de proteção ambiental e de controle da poluição e MÁRCIA WALQUIRIA
BATISTA DOS SANTOS (2002, p. 109) apresenta o licenciamento ambiental como
um instrumento preventivo e não jurisdicional de gestão ambiental.

O licenciamento ambiental consiste no procedimento administrativo pelo qual


o órgão ou ente ambiental competente concede a licença ambiental, ou seja,
“licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas técnicas aplicáveis ao caso” (art. 1º, I, da Resolução CONAMA 237/1997).

Por recursos ambientais entende-se “a atmosfera, as águas interiores,


superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora" (art. 3.°, V, da Resolução CONAMA
237/1997).

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O licenciamento ambiental, portanto, não tem por propósito impedir a


exploração econômica dos recursos ambientais, mas, sim, compatibilizá-Ia com a
proteção ao meio ambiente (BELTRÃO, 2011).

Como fundamento constitucional do licenciamento ambiental, observe-se que


o legislador constituinte expressamente indicou dentre os princípios gerais que
regem a atividade econômica a defesa do meio ambiente (art. 170, VI). Portanto, a
livre iniciativa será legítima apenas enquanto obedecer às normas ambientais.

E, neste contexto, a licença ambiental é o instrumento por excelência pelo


qual o Poder Público exerce o controle prévio e concomitante (dada a possibilidade
de sua modificação, suspensão ou cancelamento) de toda atividade, ainda que não
tenha natureza econômica, que possa causar degradação ao ambiente.

A natureza jurídica da licença ambiental é controversa. Alguns autores


defendem de que se trata, na realidade, de uma autorização. Argumentam que a
licença ambiental não possui o caráter de definitividade, visto que necessita ser
renovada e que pode ser suspensa ou cancelada, conforme prevê a Resolução
CONAMA 237/1997.

O Tribunal de Justiça de São Paulo, quando do julgamento da ação rescisória


178.554-116, concluiu em seu acórdão que a licença ambiental "tem natureza
jurídica de autorização, tanto que o § 1º de seu art. 10 fala em pedido de 'renovação'
de licença, indicando, assim, que se trata de autorização, pois, se fosse licença,
seria ato definitivo, sem necessidade de renovação".3

Entendemos como Beltrão (2011) que sua natureza jurídica é de uma


licença,sendo:

1) caso admitamos a natureza de autorização, estaremos defendendo a tese


de que não há direito subjetivo à abertura de empreendimentos econômicos, ficando
todos à mercê da discricionariedade da administração pública.

Naturalmente, tal seria incompatível com a ordem constitucional vigente que


adota o princípio da livre iniciativa, assegurando a todos o “livre exercício de

3
TJSP, 7a C. AR de Ação Civil Pública 178.554-1-6, Rel. Des. Leite Cintra, j. 12.05.1993.

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57

qualquer atividade econômica, independentemente de autorização dos órgãos


públicos, salvo nos casos previstos em lei” (art. 170, caput e parágrafo único).

2) porque a possibilidade de sua não renovação, modificação, suspensão ou


cancelamento não implica a sua precariedade, uma vez que não poderá ocorrer de
forma discricionária.

Ou seja, a não renovação da licença ambiental, assim como a sua


modificação, suspensão ou cancelamento, apenas poderá ocorrer de acordo com a
legislação de regência, não podendo, portanto, resultar de ato arbitrário por parte da
administração pública (BELTRÃO, 2011).

Vale ressaltar que o direito ambiental não se confunde com o direito


administrativo, razão pela qual a licença ambiental, embora tenha se originado da
licença deste ramo jurídico, possui suas peculiaridades, apresentando uma evolução
própria a partir dos princípios de direito ambiental que lhe são inerentes.

De fato, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pertence a


todos, conforme preceitua o art. 225, caput, da Constituição Federal; logo, a
legislação ambiental há de sempre ressaltar a prevalência do interesse público sobre
o interesse privado, pelo que licença ambiental nenhuma deverá ser concedida e/ou
mantida contrariando o direito da coletividade ao ambiente sadio.

7.2 Competência para o licenciamento ambiental

A Constituição Federal, em seu art. 23, VI e VII, atribui à União, Estados,


Distrito Federal e Municípios a competência comum para a proteção do meio
ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas, bem como a
preservação das florestas, da fauna e da flora. Trata-se da competência
administrativa ou material.

Para disciplinar a cooperação entre a União, os Estados e os Municípios


quanto ao licenciamento ambiental, no intuito de propiciar uma atuação harmônica,
deverão ser editadas leis complementares, conforme o parágrafo único do art. 23

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58

(redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 19.12.2006). Como até o


presente momento inexiste lei complementar nesse sentido, há insegurança jurídica
quanto aos critérios para a definição do órgão ambiental competente para exercer o
licenciamento.

De fato, o legislador ordinário não pode limitar a competência administrativa


atribuída pela Constituição Federal, em seu art. 23, à União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, tampouco o CONAMA mediante resolução. Na ausência da lei
complementar disciplinando o papel de cada um dos entes federados, todos teriam
competência licenciatória, emanada diretamente da Carta de 1988.

Neste sentido, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, quando do


julgamento do REsp 588.022/SC, em que foi relator o eminente Ministro José
Delgado, concluiu pela possibilidade de haver duplicidade de licenciamento
ambiental, pela União e pelo Estado.

Por outro lado, vale observar que a duplicidade ou triplicidade de


licenciamento ambiental, pelos órgãos ambientais federal, estadual e municipal, para
o mesmo empreendimento geraria um grave entrave burocrático para o País.

Muito mais racional seria que lei complementar estabelecesse um


procedimento licenciatório único, indicando os critérios para identificar o órgão
licenciador competente e permitindo aos demais que participassem do seu
procedimento, como, na realidade, já é previsto pela Resolução CONAMA 237/1997.

Neste sentido, o Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, em


2007, projeto de lei complementar fixando as normas de cooperação quanto à
competência comum prevista pelo art. 23, III, VI e VII, da Constituição Federal (PLP
388/2007), em que basicamente são transcritos os critérios já estabelecidos pela
Resolução CONAMA 237/1997 (arts. 6.°, XV, 7.°, XIV, e 8.°, XIV).

O projeto em tela unifica o licenciamento ambiental ao prever que, conforme


os critérios que indica, haverá um único órgão ambiental competente, cabendo aos
demais apenas manifestar-se no aludido procedimento, o qual não terá natureza
vinculante (art. 9º, caput e § 1º). Entretanto, como se trata de mero projeto, ainda
pendente de aprovação pelo Congresso Nacional e sanção pelo Presidente da

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59

República, passemos à análise da legislação infraconstitucional que atualmente


disciplina essa matéria.

A Lei nº 6.938/1981, com suas alterações subsequentes, estabelece no art.


9.°, IV, que “o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras” consiste em um dos instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente. E a supramencionada Lei dispõe em seu art. 10, com a redação dada
pela Lei nº 7.804/1989, verbis:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e


atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de
órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo
de outras licenças exigíveis.

Com fulcro no art. 8.°, I, da Lei nº 6.938/1981, que atribui a competência para
estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras, o CONAMA, por meio da Resolução 237/1997,
estabeleceu a competência para o licenciamento ambiental nos três níveis da
Federação.

Compete ao IBAMA o licenciamento ambiental dos seguintes


empreendimentos e atividades, com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no


mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras
indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União;

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País


ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar


e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia

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nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão


Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

V - bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a


legislação específica (art. 4.°).

Ao órgão ambiental dos Estados ou do Distrito Federal compete o


licenciamento ambiental dos seguintes empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de


conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação


natural de preservação permanente relacionadas no art. 2.° da Lei nº 4.771, de 15
de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas
federais, estaduais ou municipais (art. 5.°).

Finalmente, compete ao órgão ambiental dos Municípios o licenciamento de


empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem
delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio (art. 6.°).

Logo, constata-se que o critério básico para identificar o órgão licenciador


competente consiste na avaliação do âmbito de influência dos impactos diretos no
ambiente do empreendimento ou da atividade a ser licenciada. Coaduna-se com o
princípio da predominância do interesse nacional, regional e local na proteção do
meio ambiente.

Assim, se os impactos diretos do empreendimento a ser licenciado


extrapolarem a extensão territorial de um Estado, será competente o IBAMA, pois
estará caracterizado o impacto nacional. Caso tais impactos sejam inferiores ao
limite territorial de um Estado, mas exceda os limites de um Município, competirá o
licenciamento ao órgão ambiental estadual – impacto estadual. Por fim, se os
impactos diretos forem apenas de âmbito local, será competente o órgão municipal –
impacto local.

A Resolução CONAMA 237/1997 elenca alguns temas que, entretanto, não


estariam sujeitos àquele princípio do âmbito dos impactos diretos para identificação
do órgão licenciador competente. Tratando-se de atividade relacionada a

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material radioativo ou energia nuclear, ou que esteja localizada em terras indígenas,


ou ainda que tenha natureza militar, a competência será sempre do IBAMA.

Caso a atividade ou empreendimento esteja localizado em Área de


Preservação Permanente (APP), conforme estabelecido pelo Código Florestal (Lei
4.771/1965), a competência para licenciamento pertencerá ao órgão ambiental
estadual. Vale observar que apenas em caráter excepcional poderá haver a
supressão, total ou parcial, de floresta de preservação permanente, quando se
destine à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou
de interesse social (art. 3.°, § 1º, do Código Florestal – o qual está passando por
modificações neste momento - 2011).

De fato, a supressão de vegetação em área de preservação permanente


somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social,
devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio,
quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto (art.
4.°, caput e § 1º).

Antes de expedir a autorização para a supressão de vegetação em área de


preservação permanente, o órgão ambiental competente deverá indicar quais as
medidas mitigadoras e compensatórias que o empreendedor deverá tomar (art. 4.°,
§ 4.°, do Código Florestal).

Outrossim, se o empreendimento estiver localizado em unidade de


conservação do domínio da União, a competência será do ente federal (no caso, o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio -, nos termos da
Lei nº11.516, de 2007, atuando o IBAMA em caráter supletivo); se do domínio do
Estado ou do Distrito Federal, a competência será do órgão ambiental estadual ou
do Distrito Federal, respectivamente; se de propriedade do município, do órgão
ambiental municipal. Tal decorre do fato de que a administração da unidade de
conservação, se federal, competirá ao Instituto Chico Mendes e IBAMA, em caráter
supletivo; se estadual, ao ente ambiental estadual; se municipal, ao órgão ambiental
municipal, conforme prevê o art. 6.°, III, da Lei nº 9.985/2000, com a redação dada
pela Lei nº 11.516/2007.

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Logo, razoável a indicação do ente ambiental que administra, conforme


competência legalmente prevista, determinada unidade de conservação como o
competente também para expedir o licenciamento de empreendimento ali localizado.

Ressalte-se que a dominialidade do bem para efeito de fixação de


competência para o licenciamento ambiental deve ser considerada apenas neste
caso de unidade de conservação. No mais, além das exceções materiais relativas a
energia nuclear, terras indígenas, empreendimentos de natureza militar (IBAMA) e
empreendimentos localizados em áreas de preservação permanente (órgãos
ambientais estaduais), a competência para licenciamento será fixada a partir do
âmbito de influência dos impactos diretos.

De fato, tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm se manifestado de forma


contrária à fixação da competência para o licenciamento ambiental a partir da
titularidade do bem em que esteja inserido o empreendimento ou atividade, devendo
prevalecer o critério do âmbito de influência dos impactos ambientais. Não poderia
ser diferente, visto que não há fundamento legal para a fixação da competência para
licenciamento a partir do domínio do bem, salvo, repita-se, no caso de unidade de
conservação (BELTRÃO, 2011).

Ainda, mediante convênio ou instrumento similar, a União pode delegar aos


Estados e ao Distrito Federal licenciamento de sua competência; igualmente, os
Estados também podem delegar em favor dos Municípios.

Finalmente, ressalte-se que a Resolução CONAMA nº 237/1997 estabelece


como condição para exercer a competência de licenciamento ambiental a
implementação pelos entes federados de Conselhos de Meio Ambiente, com caráter
deliberativo e participação social, bem como possuírem em seus quadros ou à sua
disposição profissionais legalmente habilitados (art. 20).

7.4 Procedimento do licenciamento ambiental

O iter do licenciamento ambiental encontra-se previsto pelo art. 10 da


Resolução CONAMA 237/1997, que prevê oito etapas, a saber:

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I - definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do


empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais que serão
necessários;

II - requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos


documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;

III - análise pelo órgão licenciador dos documentos, projetos e estudos


ambientais apresentados e, se necessário, realização de vistorias técnicas;

IV - solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental


competente, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e
estudos ambientais apresentados;

V - audiência pública, quando for o caso;

VI - solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão licenciador


decorrentes da audiência pública;

VII - emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer


jurídico;

VIII - deferimento ou não da licença, com a devida publicidade.

O primeiro passo do empreendedor, portanto, consiste em dirigir-se ao órgão


ambiental competente onde manifestará o seu interesse em obter a licença
ambiental para determinado empreendimento ou atividade.

O órgão licenciador, então, a partir do tipo de empreendimento ou atividade a


ser licenciada, definirá quais os estudos ambientais serão necessários a serem
realizados pelo particular. Caso haja potencial de causar significativa degradação ao
ambiente, o EIA deverá ser exigido.

Vale observar que a Lei nº 11.284/2006 acrescentou à Lei nº 9.605/1998 o art.


69-A que prevê pena de reclusão de três a seis anos, e multa, para quem elaborar
ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão. Se praticado na modalidade

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culposa, a pena é de detenção, de um a três anos. Caso a informação falsa,


incompleta ou enganosa resulte em dano significativo ao meio ambiente, a pena é
aumentada de um terço a dois terços.

Logo, os consultores devem ter bastante cautela na elaboração de estudos


ambientais dada a gravidade da pena máxima cominada, insuscetível do benefício
da transação penal e da suspensão do processo estabelecidos pela Lei nº
9.099/1995, visto que superior a dois anos (BELTRÃO, 2011).

Tanto o requerimento da licença ambiental quanto o seu deferimento ou


indeferimento devem ser publicados, conforme os modelos apresentados pela
Resolução CONAMA nº 6, de 24.01.1986.

Entre os documentos a serem apresentados pelo empreendedor, deverão


estar necessariamente a certidão da Prefeitura Municipal declarando que o local e o
tipo de empreendimento ou atividade estão de acordo com a legislação referente ao
uso e ocupação do solo e, se for o caso, a autorização para supressão de vegetação
e a outorga para o uso da água, expedidas pelos órgãos competentes (art. 10, § 1º).

Ao final do procedimento, caso a licença ambiental seja deferida, sua emissão


divide-se em três etapas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença
de Operação (LO).

 A Licença Prévia (LP) atesta a viabilidade ambiental do empreendimento ou


atividade, aprovando a sua localização e concepção e estabelecendo as
condições a serem atendidas nas próximas fases.

 A Licença de Instalação (LI) possibilita a instalação do empreendimento ou


atividade, de acordo com as especificações indicadas pelos planos,
programas e projetos aprovados.

 A Licença de Operação (LO) possibilita a operação do empreendimento ou


atividade, após verificação do cumprimento das condições previstas pelas
licenças anteriores.

A Resolução CONAMA nº 237/1997 estabelece o prazo máximo de seis


meses, contados a partir da data em que o requerimento foi protocolado, até a
conclusão, com o deferimento ou indeferimento da licença ambiental, que

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será estendido até 12 meses caso haja a necessidade de elaboração de EIA/RIMA


e/ou audiência pública (art. 14, caput).

O prazo, entretanto, fica suspenso durante a elaboração de estudos


complementares ou de esclarecimentos por parte do empreendedor. Trata-se de
previsão inovadora ao impor, de forma bastante salutar, um prazo máximo para
decisão acerca do licenciamento ambiental pelo órgão competente (INAGÊ, 2000, p.
116).

A aludida Resolução também estabelece os prazos máximos de validade,


sendo de cinco anos para a Licença Prévia (LP), seis anos para a Licença de
Instalação e mínimo de quatro e máximo de dez anos para a Licença de Operação
(art. 18, I, II e III).

A renovação da Licença de Operação (LO) deverá ser requerida com


antecedência mínima de 120 dias da expiração do seu prazo de validade, ficando
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental
competente (art. 18, § 4.°).

Todos os estudos relacionados ao licenciamento ambiental devem ser


realizados por profissionais devidamente habilitados, e as suas despesas são de
responsabilidade do empreendedor (art. 11).

Excepcionalmente, tratando-se de atividades de pequeno potencial de


impacto no ambiente, poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados, que
deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente (art. 12, §
1º).

Outrossim, no caso de pequenos empreendimentos e atividades similares e


vizinhos, ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados por
órgão governamental competente, poderá ser admitido um único processo de
licenciamento ambiental, desde que esteja definida a responsabilidade legal pelo
conjunto de empreendimentos ou atividades (art. 12, § 2.°).

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7.5 A impossibilidade de responsabilizar o Estado por danos ambientais


quando há EIA/RIMA, com parecer favorável e o mesmo também o aprova

A responsabilidade por danos ambientais é objetiva, conforme decorre da Lei


nº 6.938, de 31.08.1981 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente; v.g. artigo 14,
§1º) como sabemos.

EURY LUNA FILHO (2000) não aceita a tese de que o Estado age
vinculadamente, pois a aprovação do EIA/RIMA pelo órgão ambiental não afasta,
digamos assim, vícios ocultos nesse documento/estudo, nem poderia eximir a
Administração de procurar aferir todas as informações ali contidas, por seus próprios
meios. Tampouco o órgão ambiental estaria vinculado ao juízo expresso no
EIA/RIMA (lembre-se, elaborado por particular, e mero documento técnico utilizado
para orientar a ação administrativa; e também não havendo previsão - nem poderia
havê-la -, em nossas leis ambientais de que o EIA/RIMA vincularia a Administração).

É claro que circunstâncias que, razoavelmente, pudessem ser desconhecidas,


inclusive, quando toda a perícia e qualificação técnica tivessem sido despendidas no
estudo, afastariam a má-fé das partes envolvidas (equipe multidisciplinar
responsável pelo EIA/RIMA, entidade que contrata e requer licenciamento, órgão da
administração ambiental e agentes públicos que ali atuam) mas, ainda assim, a
responsabilidade objetiva dos agentes que, mesmo inocentemente, tivessem
ocasionado a lesão ambiental subsistiria (LUNA FILHO, 2000).

O EIA/RIMA não pode representar um salvo conduto para ações lesivas ao


ambiente.

Então, teríamos que distinguir situações em que:

1) o EIA/RIMA é feito segundo a melhor técnica, utilizando-se de todas as


informações disponíveis, úteis e necessárias para afirmar o diagnóstico e as
medidas ali propostas;

2) o EIA/RIMA contém vícios; neste caso, forçoso identificar se as deficiências


e omissões apresentariam razões e causas conhecidas e que poderiam ter sido
prevenidas, quando da realização do estudo; ou se não, a técnica utilizada, ainda
que a melhor disponível e conhecida, não fora capaz (e não seria capaz por

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deficiências dela ou das circunstâncias de sua aplicação) de identificar os riscos a


prevenir ou reparar;

3) no primeiro caso, não há que se falar de responsabilidade da equipe


técnica incumbida/contratada para elaborar/realizar o EIA/RIMA. Não teria havido
dolo, a equipe teria dispendido no trabalho realizado o melhor de seu potencial e
capacitação. Como não teria sido também a equipe do EIA/RIMA quem teria
praticado as ações ou condutas que ocasionassem dano ambiental, não haveria
porque imputar-lhe responsabilidade objetiva pelo dano efetivamente causado pela
falta de cuidados que também não foram recomendados no EIA/RIMA;

4) se o EIA/RIMA continha vícios, então cabe apurar a natureza, o alcance e


as repercussões desses vícios; e sua origem, também. Houve a contratação de uma
equipe despreparada? (lembre-se que a contratação e a elaboração do EIA/RIMA
devem caber a uma entidade independente tanto face à Administração quanto face a
quem apresenta o estudo para fins de licenciamento de atividade junto ao órgão
ambiental) A equipe possuía condições e capacitação para bem realizar o EIA/RIMA,
e ainda assim não o fez? e nesse caso, a Administração desincumbiu-se da sua
responsabilidade de velar sobre o ambiente, inibir, coibir e minimizar riscos e danos
efetivos, bem realizando a análise, bem conduzindo a discussão e a aprovação do
EIA/RIMA?

5) Se a equipe multidisciplinar incumbida do EIA/RIMA agiu negligentemente,


com falsa ou falta de perícia, de forma imprudente, ou assumiu , de algum modo, o
risco da má realização do estudo, haverá responsabilidade a ser atribuída à equipe,
mas não aquela objetiva sobre o dano causado ao ambiente. Pois sua
responsabilidade aí sobre as ações e condutas de terceiros não é direta, mas
indireta, e a responsabilidade objetiva exige a relação causa e efeito poluidor-dano
ambiental e não prevê causa indireta e efeito.

6) No caso como (5), acima, também haveria que averiguar porque aprovou-
se o EIA/RIMA e deferiu-se a licença (que, como se sabe, tem três níveis: Licença
Prévia - LP, Licença de Instalação - LI , e Licença de Operação - LO; portanto, há
três momentos em que se poderia, quer a Administração e seus agentes quer o
particular que obteve a licença, aferir riscos não identificados no EIA/RIMA), além de

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averiguar-se o porque não ter havido a detecção das falhas no EIA/RIMA, nos
estágios ulteriores do licenciamento e da fiscalização pelo órgão ambiental do
projeto aprovado e em execução).

Em resumo, EIA/RIMA bem feito e imprevisão ou impossibilidade de previsão


do dano ambiental ulteriormente ocorrido, implica em responsabilidade objetiva do
poluidor (sem que este possa escusar-se pelo EIA/RIMA feito e que, ainda assim, é
omisso sobre o risco e o dano ambiental superveniente);

EIA/RIMA mal feito implica responsabilidade civil da equipe que o elabora,


implica responsabilidade objetiva eventual da Administração pela aprovação
precipitada ou indevida do EIA/RIMA e pela concessão da licença e pela ineficácia
da fiscalização nos estágios subsequentes do licenciamento; implica, também, neste
caso, a responsabilidade objetiva do poluidor pelo dano efetivo causado ao
ambiente, mesmo que tenha seguido à risca o EIA/RIMA (LUNA FILHO, 2000).

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REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

BELTRÃO, Antônio F. G. Direito Ambiental. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São


Paulo: Método, 2011.

BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.

BRASIL. Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.

BRASIL. Lei n. 10257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da


Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 237, de 19 de


dezembro de 1997. Dispõe sobre licenciamento ambiental; competência da União,
Estados e Municípios; listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos
Ambientais, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.

BRASIL. Medida Provisória nº 2.186-16, de 23.08.2001. Regulamenta o inciso II do


§ 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e
16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso
ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional
associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e a transferência de
tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ABAURRE, Beatriz. Tombamento e Preservação de Bens Culturais, Instituo Histórico


e Geográfico do Espírito Santo, 2005.

ALONSO JR., Hamílton. Da competência para o licenciamento ambiental. FINK,


Daniel Roberto, ALONSO JR, Hamílton e DAWALIBI, Marcelo (orgs). Aspectos
jurídicos do licenciamento ambiental. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2002, p. 43.

ALVES, Elder Patrick Maia. Diversidade cultural, patrimônio cultural material e


cultura popular: a Unesco e a construção de um universalismo global. Soc. estado.

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[online]. 2010, vol.25, n.3, pp. 539-560.

ALVES, Elder Patrick Maia. Diversidade cultural, patrimônio cultural material e


cultura popular: a Unesco e a construção de um universalismo global. Soc. estado.
[online]. 2010, vol.25, n.3, pp. 539-560 http://www.scielo.br/pdf/se/v25n3/07.pdf
Acesso em: 21 mai. 2011.

BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da Democracia Participativa por um


Direito Constitucional de luta e resistência, por uma Nova Hermenêutica, por uma
repolitização da legalidade. São Paulo: Malheiros, 2001.

BRASIL. LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005. Regulamenta os incisos II, IV


e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e
mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança –
CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio,
dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de
5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e
os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e
dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11105.htm#art42Acesso em: 21 mai. 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA) Política Nacional de Biodiversidade.


Brasília, MMA, 2000.

CARNEIRO, Ruy de Jesuz Marçal. Organização da Cidade: Planejamento Municipal;


Plano Diretor; Urbanização. São Paulo: Max Limonad, 1998.

CORREIA, Fernando Alves. Manual de Direito do Urbanismo. Vol I. Coimbra:


Almedina, 2003.

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