Você está na página 1de 69

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

TEORIA GERAL DO DIREITO AMBIENTAL

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
2

SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 03

UNIDADE 2 – MEIO AMBIENTE ..................................................................... 08

UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ................................. 25

UNIDADE 4 – O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS DIREITOS COLETIVOS ....... 39

UNIDADE 5 – DIREITO REFLEXIVO E O ESTADO DE DIREITO


AMBIENTAL .................................................................................................... 43

UNIDADE 6 – ÉTICA E AS FUNÇÕES DO DIREITO AMBIENTAL ................ 50

UNIDADE 7 – PROBLEMAS AMBIENTAIS .................................................... 60

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 65

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
3

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Primeiramente desejamos as boas vindas ao seu curso que, dentre outros


objetivos, visa proporcionar conhecimentos diversos na área de meio ambiente
voltadas não somente para Bacharéis em Direito, mas para os mais diversos
profissionais que ao longo do seu exercício deparam com questões relevantes ao
meio ambiente, como por exemplo, gestores de projetos ou gestores públicos que,
ao lançarem empreendimentos variados, quer seja na esfera pública ou privada, se
deparam com instrumentos que visam à proteção do meio ambiente, necessitando
adequar os projetos ao uso racional do solo e água.

Até pouco tempo tínhamos a concepção de que os recursos naturais eram


ilimitados, existiam em abundância, motivo pelo qual todos nós, seres humanos, em
qualquer parte do Planeta Terra não nos preocupávamos com a questão ambiental,
ao contrário, a degradação do meio ambiente era sinônimo na maioria das vezes de
progresso. A bem da verdade, usamos os recursos de maneira irracional sem
pensarmos na coletividade e no futuros dos nossos.

A natureza era tida pelo Homem como um depósito, onde se retirava tudo que
lhe parecia interessante, deixando no lugar o lixo e os resíduos dos diversos
processos de produção. O processo de evolução da humanidade era subordinado à
degradação ambiental (MASCARENHAS, 2004).

O grande número de catástrofes ambientais (que se fôssemos elencar neste


momento seria infindável) serviu para demonstrar a importância do meio ambiente
para a humanidade e de nada adianta atingir o máximo em desenvolvimento e
progresso econômico se a vida em nosso planeta corre perigo.

Felizmente, o homem começou a perceber que o planeta Terra possui


recursos finitos e se não mudarmos a concepção que ainda vigora, nossa
sobrevivência estará ameaçada.

Neste sentido, desde a década de 1970, impulsionada principalmente pela


Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em
Estocolmo, na Suécia, em 1972, o homem começou a se preocupar efetivamente

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
4

com o meio ambiente e com o destino da humanidade, caso a degradação ambiental


continuasse de forma devastadora.

A legislação pátria em matéria ambiental também tem sofrido os impactos


dessa mudança de concepção, visto que esta tinha uma visão apenas utilitarista e
agora, influenciada principalmente pela nova visão existente na Constituição Federal
de 1988, em especial com relação a seu cunho protetivo que ora abordaremos,
começa a haver uma preocupação real com o meio ambiente.

Sem dúvida o aspecto mais importante quando se refere a meio ambiente é a


proteção à vida, lembrando que a expressão meio ambiente inclui ainda a relação
dos seres vivos, bem como “urbanismo, aspectos históricos paisagísticos e outros
tantos essenciais, atualmente, à sobrevivência sadia do homem na Terra”
(FREITAS, 2002, p. 17).

A Constituição Federal trouxe a preocupação de caráter eminentemente


social e humano. Ficou clara a inter-relação existente entre o direito fundamental à
vida e o princípio da dignidade da pessoa humana e o meio ambiente. Todos eles
são fundamentais e necessários à preservação da vida.

O que é importante, tomando palavras de Mascarenhas (2004), é que se


tenha a consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos
fundamentais do Homem, é que há de orientar todas a formas de atuação no campo
da tutela do meio ambiente. Cumpre compreender que ele é um fator preponderante,
que há de estar acima de quaisquer outras considerações como as considerações
de desenvolvimento, de respeito ao direito de propriedade ou as considerações da
iniciativa privada. Embora todas estas considerações sejam garantidas no texto
constitucional, é evidente que não podem primar sobre o direito fundamental à vida,
que está em jogo quando se discute a tutela da qualidade do meio ambiente. É que
a tutela da qualidade do meio ambiente é instrumental no sentido de que, através
dela, o que se protege é um valor maior: a qualidade de vida.

ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS (2000) analisa que o Brasil


possui uma das políticas ambientais mais desenvolvidas e severas do mundo, mas
não apresenta fidelidade quanto ao cumprimento destas leis. Pondera o autor

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
5

supracitado ainda, que a população em geral desconhece essa legislação e, em


muitos casos, as normas não são condizentes com as realidades locais.

No inciso primeiro do artigo 3º da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que


dispõe sobre a Educação Ambiental, encontra-se que a referida lei incumbe o Poder
Público de:

 Definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental;

 Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino; e,

 Engajar a sociedade na conservação, recuperação e melhoria do ambiente.

É possível notar a importância dada à participação comunitária no processo


de gestão do meio ambiente.

O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 define que:

Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do


povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Novamente, percebe-se a interação permanente entre ambiente e população


humana.

O inciso primeiro do artigo 2º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que


dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelece como um de seus
princípios: “A ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”.

A ação do Poder público sempre é apontada como mediadora entre o povo e


seu estado de bem-estar, entende-se que:

Certamente a Educação Ambiental não resolverá os complexos problemas


ambientais planetários, no entanto poderá ser definitiva para isso, ao passo
que forma cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Os problemas
ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão suas
soluções. Estas obras não virão de gênios, pensadores ou políticos, mas
sim de pessoas ‘comuns’. Assim como se estimula a criatividade dos
colaboradores dentro de uma Organização (em tempos de crise

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
6

especialmente), deve fazer o mesmo em um contexto mais amplo,


planetário (SANTOS, 2000, p. 5).
A Lei de Educação Ambiental, Lei 9.795/99 estabelece que seus objetivos
são:

Art. 5º- São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I: o desenvolvimento de uma compreensão do meio ambiente em suas


múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

II: a garantia de democratização das informações ambientais;

III: o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a


problemática ambiental e social;

IV: o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável,


na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;

V: o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País em níveis micro


e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade,
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI: o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII: o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e


solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

Percebemos claramente que o Poder Público, as empresas, os educadores,


alunos e a sociedade como um todo devem estar conscientes da necessidade de
uma implantação efetiva da Educação Ambiental como matéria no processo
educacional moderno público e privado e, exigir dos órgãos competentes, a
aplicação da nova legislação, bem como incentivar a Educação Ambiental não-
formal, pois só assim poder-se-á conseguir desenvolver uma sociedade sadia e
coerente com os princípios básicos de preservação do meio ambiente.

Evidentemente que não se pode esquecer que cada comunidade tem suas
necessidades que refletem no ambiente, de maneira que é importantíssimo

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
7

conhecer as suas necessidades básicas para que possamos aplicar adequadamente


o programa elaborado, bem como tem-se que conhecer também os anseios da
sociedade estudada, para que possa também saber o que se pretende em um futuro
próximo e a longo prazo, para a preparação de programas mais consistentes.

A legislação brasileira impõe ao Poder Público:

1º. Implantação da disciplina da Educação Ambiental nos seus cursos públicos;

2º. Obriga a incentivar e propiciar o desenvolvimento de projetos e programas


educacionais ambientais tanto formais quanto informais, de maneira que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem cumprir sua
obrigação legal colaborando assim com o importante processo de
conscientização ambiental (SANTOS, 2000).

Justifica-se essa introdução focando veementemente a Educação Ambiental


por acreditarmos que o caminho para melhorar a qualidade de vida de todos e,
consequentemente, cumprir o disposto no art. 225 de nossa Constituição Federal,
onde diz, em poucas palavras, que o meio ambiente sadio é um direito de todos,
passa necessariamente pela Educação.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para
sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
8

UNIDADE 2 – MEIO AMBIENTE

Acreditamos que o primeiro passo a ser dado quando se trata de conhecer,


estudar ou aprofundar uma matéria, conteúdo ou disciplina, passa necessariamente
pelo entendimentos de conceitos básicos e da evolução histórica dessa matéria,
qualquer que seja ela, portanto, vamos à retrospectiva histórica dos acontecimentos,
envolvendo o homem e o seu meio ambiente!

Hodiernamente, a doutrina classifica os direitos fundamentais como de


primeira, segunda e terceira gerações, conforme sua evolução histórica. Ressalte-se
que os direitos de cada geração continuam válidos, juntamente com os direitos da
nova geração, ou seja, são cumulativos e interagem entre si (MENDES; COELHO;
BRANCO, 2009, p. 268).

Os direitos de 1ª geração apresentam como característica serem individuais,


civis, políticos e penais, envolvendo então o Direito Civil, Penal e Constitucional.
Como exemplos podemos citar o habeas corpus, direito ao nome e direito ao voto.

Os direitos de 2ª geração são coletivos, sociais e econômicos, constituídos


nos direitos do Trabalho e Previdenciário. Como exemplos temos o direito ao
Salário, Férias, Décimo Terceiro e demais direitos trabalhistas.

Por fim, como direitos de 3ª geração estão aqueles direitos transindividuais e


difusos que pertencem às matérias do Direito Ambiental e Direito do Consumidor.
Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e direito a alimentos de
qualidade são exemplos de direitos da 3ª geração.

Foi a partir da criação das primeiras Constituições que surgiram os direitos de


primeira geração, também denominados de direitos e garantias individuais clássicos,
os quais tem como objetivo assegurar a liberdade dos cidadãos.

Posteriormente, os direitos evoluíram para assegurar os direitos econômicos,


sociais e culturais, denominados de direitos de segunda geração tendo como
enfoque o princípio da igualdade (BELTRÃO, 2011, p. 20).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
9

Por fim, na atualidade temos os direitos da terceira geração que envolvem as


relações de consumo e o meio ambiente que são coletivos e se fundamentam no
princípio da solidariedade ou fraternidade.

Entendido que os aspectos relativos ao meio ambiente pertencem ao direitos


de terceira geração vamos às definições e conceitos básicos de elementos que
compõem o meio ambiente, uma vez que diante da Constituição Federal de 1988,
art. 255, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-Io e preservá-Io para as presentes e
futuras gerações.

2.1 Evolução histórica do meio ambiente nas constituições brasileiras

A primeira Constituição brasileira, de 1824, não fez menção a qualquer


matéria na esfera ambiental. Vale lembrar que nosso país naquela época era
exportador de produtos agrícolas e minerais, no entanto, a visão existente com
relação àqueles produtos era apenas econômica, não existindo nenhuma conotação
de proteção ambiental.

As Constituições brasileiras retrataram esse pensamento, tendo a


Constituição do Império, de 1824, trazido dispositivo tão somente proibindo
indústrias contrárias à saúde do cidadão. O Texto republicano de 1891, neste
aspecto, abordou apenas a competência da União para legislar sobre minas e terras.
Tal dispositivo, tinha por objetivo proteger os interesses da burguesia e
institucionalizar a exploração do solo, não tendo nenhum cunho preservacionista.
Apesar disto, foi a primeira Constituição a demonstrar uma preocupação com a
normatização de alguns dos elementos da natureza (BELTRÃO, 2011).

A Constituição, de 1934, trouxe dispositivo de proteção às belezas naturais,


patrimônio histórico, artístico e cultural e competência da União em matéria de
riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
10

A Carta Constitucional de 1937, trouxe preocupação com relação aos


monumentos históricos, artísticos e naturais. Atribuiu competência para União
legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca, subsolo e proteção das plantas e
rebanhos.

A Carta Magna de 1946, além de manter a defesa do patrimônio histórico,


cultural e paisagístico, conservou a competência legislativa da União sobre saúde,
subsolo, florestas, caça, pesca e águas. Dispositivos semelhantes estavam
presentes tanto na Constituição de 1967, quanto na Emenda Constitucional nº 1/69.
Neste último texto constitucional, nota-se pela primeira vez a utilização do vocábulo
“ecológico”.

Os dispositivos constantes nestas Constituições tinham por escopo a


racionalização econômica das atividades de exploração dos recursos naturais, sem
nenhuma conotação protetiva do meio ambiente.

De qualquer sorte, apesar de não possuírem uma visão holística do ambiente


e nem uma conscientização de preservacionismo, por intermédio de um
desenvolvimento técnico-industrial sustentável, essa Cartas tiveram o mérito de
ampliar, de forma significativa, as regulamentações referentes ao subsolo, à
mineração, à flora, à fauna, às águas, dentre outros itens de igual relevância
(MEDEIROS, 2004, p. 62).

2.1.1 A Constituição de 1988

A Constituição Federal de 1988 trouxe grandes inovações na esfera


ambiental, sendo tratada por alguns como “Constituição Verde”. Diferentemente da
forma trazida pelas constituições anteriores, já abordada anteriormente, os
constituintes de 1988 procuraram dar efetiva tutela ao meio ambiente, trazendo
mecanismos para sua proteção e controle.

Cumpre-nos observar que esta Constituição alçou a fruição do meio ambiente


saudável e ecologicamente equilibrado como direito fundamental. Como bem coloca
o mestre JOSÉ AFONSO DA SILVA (2003, p. 43) “o ambientalismo passou a ser

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
11

tema de elevada importância nas Constituições mais recentes. Entre elas


deliberadamente como direito fundamental da pessoa humana, não como simples
aspecto da atribuição de órgãos ou de entidades públicas, como ocorria em
Constituições mais antigas”.

E ainda, salienta o mesmo autor, na mesma obra à página 46, que a


“Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão
ambiental. Pode-se dizer que ela é uma Constituição eminentemente ambientalista.”

Destarte, o grande marco e impulso na mudança de concepção foi, sem


dúvida, as disposições da Carta Magna de 1988, trazendo um arcabouço legislativo
superior ao das legislações do primeiro mundo.

Nossa Constituição traz a preocupação com as questões ambientais como


fundamentais para continuidade da vida em nosso Planeta, eis que esta
preocupação é de cunho global. Deve haver além de um bom aparato jurídico sobre
o assunto, um envolvimento de toda sociedade. Bem diz ÉDIS MILARÉ (2001, p.
232):

não basta, entretanto, apenas legislar. É fundamental que todas as pessoas


e autoridades responsáveis se lancem ao trabalho de tirar essas regras do
limbo da teoria para a existência efetiva da vida real, pois, na verdade, o
maior dos problemas ambientais brasileiros é o desrespeito generalizado,
impunido ou impunível, à legislação vigente. É preciso, numa palavra,
ultrapassar-se a ineficaz retórica ecológica – tão inócua, quanto aborrecida
– por ações concretas em favor do ambiente e da vida. Do contrário, em
breve, nova modalidade de poluição – a poluição regulamentar – ocupará o
centro de nossas atenções.

Nos diversos artigos que se referem ao meio ambiente na ordem


constitucional, nota-se claro o caráter interdisciplinar desta questão, eis que se
referem a aspectos econômicos, sociais, procedimentais, abrangendo ainda
natureza penal, sanitária, administrativa, entre outras.

O artigo 225 do texto constitucional, assim prescreve:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
12

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as


presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e


fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,


métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio


ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
13

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o


Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,


por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Observe-se que o disposto nos parágrafos do artigo 225 visam justamente dar
efetividade ao disposto no caput, qual seja, que todos tem direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Destarte, tendo em vista a extensão da matéria nele
abordada, vamos nos ater à essência dessa mudança na visão sobre o meio
ambiente, constante no caput do artigo.

Primeiramente, podemos inferir que o meio ambiente sadio e equilibrado é


direito e dever de todos, tido como “bem de uso comum”, definido por HELY LOPES
MEIRELLES (1991, p. 426), como aquele “que se reconhece à coletividade em geral
sobre os bens públicos, sem discriminação de usuários ou ordem especial para sua
fruição”.

Cumpre observar ainda, que por “bens de uso comum” não se pode entender
somente os bens públicos, mas também os bens de domínio privado, eis que podem
ser fixadas obrigações a serem cumpridas por seus proprietários. Estes têm o dever
de envidar esforços visando a proteção do meio ambiente.

Assim, nenhum de nós tem o direito de causar dano ao meio ambiente, pois
estaríamos agredindo a um bem de todos causando, portanto, dano não só a nós
mesmos, mas aos nossos semelhantes. O Poder Público tem um papel relevante
nesse processo e dele devemos cobrar atitudes condizentes com esse dispositivo
constitucional.

O direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito


indisponível e tem a natureza de direito público subjetivo, ou seja, pode ser
exercitável em face do próprio poder público, eis que a ele também incumbe a tarefa

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
14

de protegê-lo: “cria-se para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo,


representado por verdadeiras obrigações de fazer, vale dizer, de zelar pela defesa
(defender) e preservação (preservar) do meio ambiente” (MILARÉ, 2001, p. 235).

Não se pode olvidar ainda, que esse mesmo dever imposto ao Poder Público
se estende também a todos os cidadãos. São titulares deste direito a geração atual
e ainda as futuras gerações.

Assim, o homem, na condição de cidadão, torna-se detentor do direito a um


meio ambiente saudável e equilibrado e também sujeito ativo do Dever Fundamental
de Proteção do Meio Ambiente, de tal sorte que propomos a possibilidade de se
instituir, no espaço participativo e na ética, uma caminhada rumo a um ordenamento
jurídico fraterno e solidário.

Ancora-se a análise da preservação ambiental como um direito fundamental,


constitucionalmente reconhecido. Porém, esta não é a única questão suscitada: a
proteção ambiental constitui-se em responsabilidade tanto do indivíduo quanto da
sociedade, admitindo suas posições no processo de preservação, reparação e
promoção, assim, reveladas como um dever fundamental. Como inerente do direito,
pressupomos a exploração dos conceitos de eficácia e de efetividade da norma em
relação à aplicação de princípios jurídicos à proteção do meio ambiente
(MEDEIROS, 2004, p. 62). É necessária e fundamental, a participação da
comunidade, eis que muitas vezes ela é que constata a ocorrência de dano
ambiental.

Segundo CARLOS GOMES DE CARVALHO (2003, p. 152), o Direito


Ambiental abriu amplamente as portas para a participação da comunidade e de
outros aparelhos do poder estatal na proteção da nossa grande casa. O cidadão e o
Poder Judiciário entram com força decisiva nesse magno combate do milênio: salvar
o planeta.

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em seu artigo 3º, define meio


ambiente como “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas”.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
15

O mestre PAULO DE BESSA ANTUNES (2004) critica referido conceito, uma


vez que apesar de possuir caráter eminentemente interdisciplinar, traz uma definição
do ponto de vista puramente biológico, não tratando da questão mais importante,
qual seja, o gênero humano e o aspecto social que é fundamental quando se trata
de meio ambiente. E acrescenta:

Um aspecto que julgamos da maior importância é o fato de que, após a


entrada em vigência da Carta de 1988, não se pode mais pensar em tutela
ambiental restrita a um único bem. Assim é porque o bem jurídico ambiente
é complexo. O meio ambiente é uma totalidade e só assim pode ser
compreendido e estudado (p.68).

2.2 Definições básicas

Falamos no início da Unidade em direitos transindividuais ou difusos. Pois


bem, por definição estes direitos são de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

Direitos coletivos strictu sensu são direitos transindividuais de natureza


indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.

Direitos individuais homogêneos são direitos divisíveis, de titularidade


determinada, tais quais os direitos subjetivos clássicos; contudo, por terem origem
comum, podem ser tutelados coletivamente (BELTRÃO, 2011).

Segundo ANTÔNIO F. G. BELTRÃO (2011), meio ambiente é uma expressão


claramente redundante, uma vez que meio e ambiente são sinônimos. Significa ou
designa o âmbito que nos cerca, o nosso entorno, onde estamos inseridos e
vivemos.

No dicionário Houaiss (2006) meio significa, entre outras acepções, conjunto


de elementos naturais e circunstanciais que influenciam um organismo vivo e
ambiente, por sua vez, consiste no que rodeia ou envolve por todos os lados e

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
16

constitui o meio em que se vive, tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as
coisas, recinto, espaço, âmbito em que se está ou vive.

No nosso ordenamento jurídico, o art. 3º, inciso I, da Lei 6.938/81 define meio
ambiente como conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, ou
seja, o conjunto de fatores que influenciam o meio em que o homem vive.

Direito do meio ambiente, direito ambiental e direito do ambiente são


expressões sinônimas, tradicionalmente usadas pela doutrina.

SÉRGIO FERRAZ e DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO (1972,


1977), precursores no estudo da matéria e citados por PAULO DE BESSA
ANTUNES (2004, p. 6), empregam a locução direito ecológico, que, entretanto,
apresentaria uma abrangência menor, restrita ao ambiente natural, não
compreendendo o ambiente cultural nem o artificial.

O Direito Ambiental consiste no conjunto de princípios e normas jurídicas que


buscam regular os efeitos diretos e indiretos da ação humana no meio, no intuito de
garantir à humanidade, presente e futura, o direito fundamental a um ambiente
sadio. Seu objetivo é o desenvolvimento sustentável definido universalmente pela
Comissão Brundtland1, como a satisfação das necessidades do presente sem pôr
em risco a capacidade das gerações futuras de terem suas próprias necessidades
satisfeitas. Evidentemente que a sustentabilidade opera-se por meio da
administração racional dos recursos naturais e dos sistemas ecológicos.

O direito ao meio ambiente no Brasil tem por objeto o ser humano, sendo
antropocêntrico. É direito de todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado,

1
Foram os debates na década de 1980 em torno do Eco Desenvolvimento que abriram espaço ao
conceito de desenvolvimento sustentável ao questionarem como conciliar atividade econômica e
conservação do meio ambiente. Na década de 1980, a ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, que tornou-se conhecida como Comissão Brundtland. Essa comissão
apresentou um documento chamado Our Common Futere (Nosso Futuro Comum), mais conhecido
por relatório Brundtland e a partir dele entrou em circulação a expressão Desenvolvimento
Sustentável. Em 1992, a ONU voltou a convocar para nova conferência que ficou conhecida como
Eco92 ou Cúpula da Terra, sendo um marco decisivo nas negociações internacionais sobre as
questões do meio ambiente e desenvolvimento.
A denominação Brundtland foi uma homenagem à ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland que presidiu a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
17

bem de uso comum do povo, é assegurado constitucionalmente, visto ser essencial


à sadia qualidade de vida, nos termos do art. 225, caput.

2.3 Classificação do meio ambiente

Por tratar das interações físicas, químicas e biológicas o meio ambiente pode
ser classificado em natural ou físico; artificial; cultura e meio ambiente do trabalho.

Meio ambiente físico ou natural

Constitui-se pelo ar, atmosfera, água, solo, subsolo, fauna, flora e


biodiversidade. Associa os elementos naturais nele encontrados e embora possam
sofrer consequências da sua ação, eles existem independentemente do homem.

Meio ambiente artificial

Compreende o espaço urbano construído, abrangendo o conjunto de


edificações (espaço urbano fechado) e equipamentos públicos, tais como ruas,
avenidas, praças e espaços livres em geral.

Esse aspecto gera a necessidade de planejamento e ordenamento do


território, avaliação do processo de urbanificação e redução de impactos para
alcançar o equilíbrio ambiental nas cidades.

Neste contexto, temos o Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257/01 que no art. 2º,
inciso I, elenca a garantia do direito e cidades sustentáveis como uma de suas
diretrizes.

[...] I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à


terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana,
ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as
presentes e futuras gerações; (...)

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
18

Meio ambiente cultural

Resulta das intervenções humanas, materiais e imateriais, que possuem um


especial valor cultural, referente à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da nacionalidade ou sociedade brasileiras. Abrange, segundo
Beltrão (2011, p. 31) o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, arqueológico,
ecológico, etc.

A Constituição Federal trata expressamente sobre o patrimônio cultural


brasileiro no art. 216, litteris:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores
da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (...)

Lembremos que cabe ao Poder Público, com a colaboração da sociedade,


promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, tendo como principais
instrumentos os inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
conforme o art. 216, § 1º, da Carta Política.

Meio ambiente do trabalho

O meio ambiente de trabalho busca assegurar um ambiente sadio, hígido e


sem periculosidade, para que as pessoas exerçam com dignidade sua atividade
laboral (ARAUJO; NUNES JR, 1998).

Segundo TERENCE DORNELLES TRENNEPOHL (2006, p. 6) “o meio


ambiente do trabalho compreende a qualidade do ambiente em que o trabalhador
exerce a sua atividade profissional”.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
19

A proteção da saúde do trabalhador encontra-se genericamente tratada na


CF/88 no art. 7º, XXII, XXIII e XXXIII. Expressa o meio ambiente do trabalho no art.
200, II e VIII, ao disciplinar a competência do Sistema Único de Saúde, prevendo
que o meio ambiente compreende o meio ambiente do trabalho.

Segundo ANTÔNIO F. G. BELTRÃO (2011, p. 25), alguns autores defendem


que o meio ambiente do trabalho não estaria compreendido no âmbito do direito
ambiental, mas, sim, no direito do trabalho, visto que a Carta Federal não trata do
meio ambiente do trabalho no capítulo do meio ambiente (art. 255), tampouco nos
demais artigos existentes ao longo de seu texto referentes ao meio ambiente em
geral.

Revendo posicionamento anterior, contudo, Beltrão entende que, de fato, o


meio ambiente do trabalho insere-se no meio ambiente não apenas em razão da
expressa previsão contida no art. 200, VIII, da Carta Política, mas principalmente
pela interpretação teleológica da ordem constitucional vigente. Ora, o caput do art.
225 dispõe ser dever do Poder Público assegurar a todos o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida; outrossim, a
dignidade da pessoa humana consiste em um dos princípios fundamentais da
República Federativa do Brasil, conforme art. 1º , III, da Constituição Federal.

Uma vez que a maioria das pessoas passa boa parte de suas vidas em seu
local de trabalho, por conseguinte, zelar pela sadia qualidade de vida no ambiente
em que os indivíduos exercem a sua atividade profissional nada mais é do que uma
consequência lógica da aplicação das citadas normas constitucionais.

Logo, apesar de a CF não tratar do meio ambiente do trabalho no Capítulo VI


do Título VIII (art. 225), torna-se bastante claro, em uma interpretação sistemática,
que o meio ambiente de trabalho insere-se no meio ambiente. Por analogia, pode-se
citar o exemplo do patrimônio cultural, que também não está previsto no capítulo do
meio ambiente, mas sim na Seção II (da Cultura) do Capítulo III (arts. 215 e 216), no
entanto, não há dúvida alguma de que o patrimônio cultural insere-se no meio
ambiente (meio ambiente cultural) (BELTRÃO, 2011).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
20

VALE LEMBRAR!

O meio ambiente ecologicamente equilibrado é:

a) direito fundamental das presentes e futuras gerações, embora não esteja


contemplado no Título II da CF de 1988;

b) direito de terceira geração, por envolver a solidariedade e a fraternidade


entre os povos, reconhecido pela doutrina e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).2

c) bem de interesse difuso (bem de uso comum do povo);

d) macrobem ambiental tutelado pela Constituição Federal.

A titularidade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado é metaindividual ou transindividual.

Os aspectos do meio ambiente ecologicamente equilibrado são as partes do


todo. Essas parte são conhecidos pela doutrina como os microbens ambientais
classificados anteriormente.

Os microbens ambientais são tutelados diretamente pelas leis ordinárias,


como, entre outras, pelas Leis nº 6.938/81 e nº 9.605/98.

Embora já exposto anteriormente, vale frisar que para assegurar a efetividade


desse direito fundamental, incumbe ao Poder Público (CF/1988, art. 225, § 1º, I, II,
V, VI e VII):

2
Obs.: STF, MS 22.164/SP, OJ 17.11.1995. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e
políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da
liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) - que se
identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o princípio da igualdade, os
direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos
genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem
um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos
humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial
inexauribilidade. O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira geração –
constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos
direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em
sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
21

a) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

b) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e


fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

c) Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos


e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;

d) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

e) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais à crueldade.

A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal


Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-
á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais (CF/1988, art. 225, § 4°).

São bens da União (CF/1988, art. 20, II, III, IV, V, VI, VII e X):

a) As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações


e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei;

b) Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,


ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou que se
estendam a territórios estrangeiros ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais

c) As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as


praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e a unidade ambiental federal, e as referidas no artigo 26, II, da CF/1988;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
22

d) Os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica


exclusiva;

e) O mar territorial;

f) Os terrenos de marinha e seus acrescidos;

g) As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-


históricos.

Compete à União (CF/1988, art. 21, XIX) instituir sistema nacional de


gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu
uso.

Incluem-se entre os bens dos Estados (CF/1988, art. 26, I e III):

a) As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em


depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União;

b) As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União.

Compete ao Conselho de Defesa Nacional (CF/1988, art. 91, § 1°, III) propor
os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de
qualquer tipo.

A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social. observados, dentre vários princípios, a (CF/1988, art. 170, VI):

a) Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado


conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação.

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências


fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (CF/1988, art. 182,
§ 2°).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
23

O uso da propriedade urbana deve respeitar o equilíbrio ambiental (Lei


10.257/2001, art. 1º, parágrafo único). A função social da propriedade rural é
cumprida quando atender, simultaneamente, dentre vários requisitos, a utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente
(CF/1988, art. 186, II).

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem (CF/1988, art. 216, I a V):

a) As formas de expressão;

b) Os modos de criar, fazer e viver;

c) As criações científicas, artísticas e tecnológicas;

d) As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados


às manifestações artístico-culturais;

e) Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá


o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação
(CF/1988, art. 216, § 1º). Ficam tombados todos os documentos e os sítios
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos (CF/1988, art. 216, §
5°).

São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em


caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar
e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições (CF/1988, art. 231, § 1º).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
24

O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos,


a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
afetadas, ficando-Ihes assegurada a participação nos resultados da lavra, na forma
da lei (CF/1988, art. 231, § 3º).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
25

UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

ÉDIS MILARÉS (2004) assevera que o Direito, como ciência humana e social,
pauta-se também pelos postulados da Filosofia das Ciências, entre os quais está a
necessidade de princípios constitutivos para que a ciência possa ser considerada
autônoma, ou seja, suficientemente desenvolvida e adulta para existir por si e
situando-se num contexto científico dado. Foi por essas vias que, do tronco de
velhas e tradicionais ciências, surgiram outras afins, como rebentos que enriquecem
a família; tais como os filhos, crescem e adquirem autonomia sem, contudo, perder
os vínculos com a ciência-mãe.

Por isso, no natural empenho de legitimar o Direito do Ambiente como ramo


autônomo da árvore da ciência jurídica, têm os estudiosos se debruçado na
identificação dos princípios ou mandamentos básicos que fundamentem o
desenvolvimento da doutrina e deem consistência às suas concepções.

A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa “aquilo que se toma
primeiro” (primum capere), designando início, começo, ponto de partida. Princípios
de uma ciência, segundo JOSÉ CRETELLA JÚNIOR (1989, p. 129), “são as
proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas
subsequentes”. Correspondem, mutatis mutandis, aos axiomas, teoremas e leis em
outras determinadas ciências.

Igual concepção nos oferece TALDEN FARIAS (2006, p. 3) ao ressaltar que a


palavra princípio significa o alicerce, a base ou o fundamento de alguma coisa.
Trata-se de um vocábulo de origem latina e tem o sentido de aquilo que se torna
primeiro. Na ideia de princípio está a acepção de início ou de ponto de partida.

MAURÍCIO GODINHO DELGADO (2005, p. 184) afirma que a palavra


princípio significa proposição elementar e fundamental que embasa um determinado
ramo de conhecimento ou proposição lógica básica em que se funda um
pensamento.

No entendimento de ROQUE ANTÔNIO CARRAZA (1998, p. 31), o princípio


jurídico é um enunciado lógico implícito ou explícito que, por conta de sua grande

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
26

generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes da Ciência


Jurídica e por isso mesmo vincula de modo inexorável o entendimento e a aplicação
das normas jurídicas que com ele se conectam.

ÉDIS MILARÉ (2004) bem nos lembra que, entre ciências afins, um princípio
pode não ser exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência; o que
ocorre, sabidamente, quando os princípios são mais gerais e menos específicos.
Com essa advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípios
fundamentais expressamente formulados nos textos do sistema normativo
ambiental, como também os decorrentes do sistema de direito positivo em vigor, a
que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados.

Os princípios exercem uma função especialmente importante frente às outras


fontes do Direito porque, além de incidir como regra de aplicação do Direito no caso
prático, eles também influenciam na produção das demais fontes do Direito.

É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a
doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que eles traduzem os valores
mais essenciais da Ciência Jurídica (FARIAS, 2006).

TALDEN FARIAS (2006) assevera que se na ausência de uma legislação


específica há que se recorrer às demais fontes do Direito, é possível que no caso
prático não haja nenhuma fonte do Direito a ser aplicada a não ser os princípios
jurídicos.

Com efeito, pode ser que não exista lei, costumes, jurisprudência, doutrina ou
tratados e convenções internacionais, mas em qualquer situação os princípios
jurídicos poderão ser aplicados (FARIAS, 2006).

Na opinião de JOAQUIM JOSÉ GOMES CANOTILHO (1999, p. 122), os


princípios desempenham um papel mediato, ao servirem como critério de
interpretação e de integração do sistema jurídico, e um papel imediato ao serem
aplicados diretamente a uma relação jurídica. Para o autor as três funções principais
dos princípios são:

1. Impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias;

2. Compatibilizar a interpretação das regras; e,

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
27

3. Dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras.

LUÍS ROBERTO BARROSO (2002, p. 149) defende que segundo a


dogmática moderna as normas jurídicas podem ser divididas em normas-disposição
e em normas-princípio, de maneira que a distinção entre normas e princípios está
superada. Enquanto as normas-disposição são regras aplicáveis somente às
situações a que se dirigem, as normas-princípio ou princípios possuem um grau
maior de abstração e uma importância mais destacada dentro do sistema jurídico.

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (1980, p. 230) entende que os


princípios jurídicos constituem o mandamento nuclear do sistema normativo, já que
além de servirem de critério para a interpretação de todas as normas jurídicas eles
têm a função de integrar e de harmonizar todo o ordenamento jurídico
transformando-o efetivamente em um sistema.

Ilustrando ainda mais esta questão temos NORBERTO BOBBIO (1996, p.


159) que faz uma clara análise dos princípios gerais do Direito, inserindo-os no
amplo conceito de normas, nos esclarecendo que:

Os princípios gerais são apenas normas fundamentais ou generalíssimas do


sistema, as normas mais gerais. A palavra princípios leva a engano, tanto
que é velha questão entre juristas se os princípios gerais são normas. Para
Bobbio não há dúvida: os princípios gerais são normas como todas as
3
outras. E esta é também a tese sustentada por Crisafulli (1952).

Para sustentar que os princípios gerais são normas, os argumentos são dois,
e ambos válidos:

1º. Antes de mais nada, se são normas aquelas das quais os princípios gerais
são extraídos, através de um procedimento de generalização sucessiva, não
se vê por que não devam ser normas também eles: se abstraio da espécie
animal obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas.

2º. Em segundo lugar, a função para qual são extraídos e empregados é a


mesma cumprida por todas as normas, isto é, a função de regular um caso. E

3
Advogado e um dos maiores constitucional italianos da segunda metade do século XX, falecido em
1986.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
28

com que finalidade são extraídos em caso de lacuna? Para regular um


comportamento não regulamentado: mas então servem ao mesmo escopo
que servem as normas. E por que não deveriam ser normas?

Sendo assim, os princípios têm valor normativo, e não apenas valorativo,


interpretativo ou argumentativo, de maneira que se encontram hierarquicamente
superiores a qualquer regra. Na verdade, já que os princípios são o esteio do
ordenamento jurídico, é a eles que as regras têm que se adequar e não o contrário,
e quando isso não ocorrer deverá a mesma ser considerada nula.

No âmbito do Direito Ambiental os princípios também desempenham essas


mesmas funções de interpretação das normas legais, de integração e harmonização
do sistema jurídico e de aplicação ao caso concreto.

É preciso destacar também que a afirmação dos princípios do Direito


Ambiental desempenhou um papel fundamental no reconhecimento desse Direito
enquanto ramo autônomo da Ciência Jurídica.

Nesse diapasão (mesma linha de pensamento), ANTÔNIO HERMAN DE


VASCONCELLOS E BENJAMIN (1993) aponta as quatro principais funções dos
princípios do Direito Ambiental no que diz respeito a sua compreensão e aplicação:

a) são os princípios que permitem compreender a autonomia do Direito


Ambiental em face dos outros ramos do Direito;

b) são os princípios que auxiliam no entendimento e na identificação da


unidade e coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o
sistema legislativo ambiental;

c) é dos princípios que se extraem as diretrizes básicas que permitem


compreender a forma pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade; e
finalmente,

d) são os princípios que servem de critério básico e inafastável para a exata


inteligência e interpretação de todas as normas que compõem o sistema jurídico
ambiental, condição indispensável para a boa aplicação do Direito nessa área
(MIRRA, 1996).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
29

Um aspecto que ressalta a importância dos princípios no Direito Ambiental em


relação aos demais ramos da Ciência Jurídica é o fato da enorme proliferação
legislativa nessa área.

PAULO DE BESSA ANTUNES (2005) expõe que há alguns anos em se


tratando de proteção à flora era apenas o Código Florestal que se aplicava,
enquanto que atualmente essa lei é apenas um dos inúmeros elementos de
proteção à flora já que existe a Convenção de Diversidade Biológica, o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação e uma série de normas objetivando a
proteção específica de um bioma ou de uma espécie de flora.

Com efeito, como existe uma competência legislativa concorrente entre os


diversos entes federativos, é possível encontrar além das leis e decretos federais e
convenções e tratados internacionais, uma série de leis e decretos estaduais,
distritais e municipais.

É também imensa a proliferação de resoluções ou deliberações editadas


pelos conselhos de meio ambiente, seja no âmbito federal, estadual ou distrital e
municipal, e de portarias elaboradas pelos órgãos administrativos de meio ambiente.
Muitas vezes tais normas são elaboradas por técnicos ambientais ou até por
representantes de associações de classe ou de movimentos sociais que adotam
uma redação confusa ou obscura sob o ponto de vista da técnica legislativa.

Por conta disso, os conflitos normativos são muito comuns nessa área e
deverão ser resolvidos por meio da aplicação dos princípios do Direito Ambiental.
Com relação ao papel relevante que os princípios jurídicos podem desempenhar
naquelas situações que ainda não foram objeto de legislação específica, trata-se da
mais um situação muito comum no que diz respeito ao meio ambiente.

A evolução da sociedade e o aparecimento de novas tecnologias fazem com


que a cada dia surjam novas situações capazes de interferir na qualidade do meio
ambiente e que por isso não podem deixar de ser reguladas pelo Direito Ambiental.

ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN (1993) pondera que


os princípios do Direito Ambiental, da mesma forma que os demais princípios do
Direito Constitucional, do Direito Administrativo e do Direito Público de uma maneira

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
30

geral, são valores que fundamentam o Estado e incidem sobre a organização


política da sociedade.

Por causa disso, esses princípios devem ser levados em consideração em


todas as decisões do Poder Público, especialmente em relação às políticas públicas
ambientais e a todas as políticas públicas de uma maneira geral, já que todos os
setores da atividade pública de alguma forma repercutem na questão ambiental.

De acordo com PAULO DE BESSA ANTUNES (2005, p. 16), são de dois tipos
os princípios do Direito Ambiental: os explícitos e os implícitos. Os primeiros são
aqueles que se encontram positivados nos textos legais e na Constituição Federal, e
os segundos são aqueles depreendidos do ordenamento jurídico constitucional. É
claro que tanto os princípios explícitos quando os implícitos encontram aplicabilidade
no sistema jurídico brasileiro, pois os princípios não precisam estar escritos para
serem dotados de positividade.

Devido ao fato de parte dos princípios do Direito Ambiental serem


construções eminentemente doutrinárias inferidas dos textos legais e das
declarações internacionais de Direito, a quantidade e a denominação desses
princípios variam de um autor para outro. No entendimento de CELSO ANTÔNIO
PACHÊCO FIORILLO (2003, p. 23), os princípios do Direito Ambiental são os
seguintes: desenvolvimento sustentável, poluidor pagador, prevenção, participação
(de acordo com o autor, a informação e a educação ambiental fazem parte deste
princípio) e ubiquidade.

LUÍS PAULO SIRVINSKAS (2005, p. 34) enumera os seguintes princípios do


Direito Ambiental: direito humano, desenvolvimento sustentável, democrático,
prevenção (precaução ou cautela), equilíbrio, limite, poluidor-pagador e
responsabilidade social.

ÉDIS MILARÉ (2004, p. 136) elenca como princípios do Direito Ambiental:


meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa
humana, natureza pública da proteção ambiental, controle de poluidor pelo Poder
Público, consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de
desenvolvimento, participação comunitária, poluidor-pagador, prevenção, função
social da propriedade, desenvolvimento sustentável e cooperação entre os povos.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
31

Para RUI PIVA (2000, p. 51), o Direito Ambiental possui os princípios a saber:
participação do Poder Público e da coletividade, obrigatoriedade da intervenção
estatal, prevenção e precaução, informação e notificação ambiental, educação
ambiental, responsabilidade das pessoas física e jurídica.

PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2001, p. 43) classifica os seguintes


princípios do Direito Ambiental: acesso equitativo aos recursos naturais, usuário-
pagador e poluidor-pagador, precaução, prevenção, reparação, informação e
participação. TOSHIO MUKAI (2002) trabalha com os seguintes princípios do Direito
Ambiental: prevenção, poluidor-pagador ou responsabilização e cooperação.

Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES (2005, p. 26), os princípios do Direito


Ambiental são: direito humano fundamental, desenvolvimento, democrático,
precaução, prevenção, equilíbrio, limite, responsabilidade, poluidor-pagador. Já para
CRISTIANE DERANI (2001), os princípios do Direito Ambiental são os seguintes:
cooperação, poluidor-pagador, ônus social e precaução.

MARCOS DESTEFENNI (2004, p. 27) enumera os seguintes princípios do


Direito Ambiental: obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção, precaução,
usuário e poluidor pagador, ampla responsabilidade da pessoa física e jurídica e
desenvolvimento sustentável.

Entretanto, tem razão PAULO DE BESSA ANTUNES (2005, p. 16) ao


sustentar que além de não existir um consenso sobre os princípios do Direito
Ambiental, são enormes as divergências doutrinárias sobre o conteúdo de cada um
deles.

É importante destacar o relevante papel que a Declaração Universal sobre o


Meio Ambiente e a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, ambos documentos redigidos respectivamente na 1ª e na 2ª
Convenção Internacional da Organização das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, tiveram na formação dos princípios do Direito Ambiental.

A maior parte dos princípios de Direito Ambiental trazidos pela Declaração


Universal sobre o Meio Ambiente foi consagrada explícita ou implicitamente pela
Constituição Federal de 1988 e pela legislação ambiental de uma forma geral. De

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
32

qualquer forma, passarão a ser analisados de forma objetiva apenas os princípios


mais importantes do Direito Ambiental.

Princípios fundamentais

Segundo o princípio do acesso equitativo aos recursos naturais, os bens


ambientais devem ser utilizados de forma a satisfazer as necessidades comuns de
todos os habitantes da Terra, orientando-se sempre pela igualdade de
oportunidades na sua fruição. Além disso, devem ser explorados de tal modo que
não haja risco de serem exauridos, resguardando-os para as futuras gerações.

O princípio da prevenção ou precaução prescreve que as normas de direito


ambiental devem sempre se orientar para o fato de que é necessário que o meio
ambiente seja preservado e protegido como patrimônio público. A prevenção aplica-
se tanto a situações onde há certeza quanto aos riscos de danos ambientais, como
às situações onde existem dúvidas e incertezas.

Assim, se, por exemplo, na permissão ou autorização de uma obra ou de um


novo agrotóxico há incerteza sobre a existência ou probabilidade de danos à saúde
pública ou à natureza, tal atividade, em observância ao princípio da precaução, não
deverá ser autorizada ou, pelo menos, deverão ser tomadas medidas preventivas
que afastem os riscos. Enfim, prevenir é agir antecipadamente a fim de evitar danos
graves e irreparáveis ao meio ambiente.

De outro lado, antes de ser colocada a questão “há certeza quanto a


possibilidade de dano?”, deve ser feita outra pergunta, mais importante que a
primeira: “precisamos realmente desta atividade?”. Ou seja, deve ser questionado,
antes de tudo, se a atividade atende ao bem comum e, apenas em caso afirmativo,
questionar-se quanto aos impactos no meio ambiente e às formas de prevenção. O
principal instrumento na aplicação deste princípio é o Estudo de Impacto Ambiental,
analisado mais adiante.

Enquanto doutrinadores como JOSÉ AFONSO DA SILVA (2003) e TOSHIO


MUKAI (2002) sequer citam a precaução como princípio do Direito Ambiental, outros

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
33

como CELSO ANTÔNIO PACHÊCO FIORILLO (2003), EDIS MILARÉ (2004), LUÍS
PAULO SIRVINSKAS (2005) preferem adotar o princípio da prevenção como
sinônimo ou como gênero de que o princípio da precaução é espécie.

Com efeito, existe uma grande semelhança entre o princípio da precaução e o


princípio da prevenção que o primeiro é apontado como um aperfeiçoamento do
segundo. Prova disso é que os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
que se prestam a efetivar a prevenção são apontados também como instrumentos
que se prestam a efetivar a precaução (FARIAS, 2006).

Nesse sentido temos a opinião de ANA CAROLINA CASAGRANDE


NOGUEIRA (2004) para quem o “princípio de precaução”, por sua vez, é apontado,
pelos que defendem seu status de novo princípio jurídico-ambiental, como um
desenvolvimento e, sobretudo, um reforço do princípio da prevenção. Seu
fundamento seria, igualmente, a dificuldade ou impossibilidade de reparação da
maioria dos danos ao meio ambiente, distinguindo-se do princípio da prevenção por
aplicar-se especificamente às situações de incerteza científica.

O princípio da reparação ou da responsabilidade, decorrente do princípio


da prevenção, orienta que aquele que causar lesão a bens ambientais deve ser
responsabilizado por seus atos, reparando ou indenizando, de forma adequada, os
danos causados.

Esse princípio está previsto no § 3º do art. 225 da Constituição Federal, que


dispõe que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

A primeira parte do inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/81 prevê o princípio da


responsabilidade ao determinar que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à
imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados ao meio ambiente.

O inciso IX do art. 9º dessa Lei também prevê o princípio da responsabilidade


ao classificar como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente as
penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
34

O princípio da responsabilidade também foi consagrado pelo inciso VII do art.


4º e no § 1º do art. 14 da referida Lei ao dispor, respectivamente, que a Política
Nacional do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor e ao predador, da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos, e que sem
obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade, prevendo
ainda que o Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor
ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente
(FARIAS, 2006).

O princípio da qualidade prescreve que as normas de direito ambiental


devem se orientar para o fato de que o meio ambiente deve ter qualidade propícia à
vida saudável e ecologicamente equilibrada.

O princípio da participação popular ou gestão democrática, decorre da


necessidade de uma democracia participativa, bem como do fato de que cuidar do
meio ambiente não é tarefa apenas do Estado, mas de toda a sociedade civil. Assim,
é fundamental um espaço de diálogo e cooperação entre os diversos atores sociais,
seja para a formulação e execução de uma política e de ações ambientais, seja para
a solução de problemas. Como exemplo deste princípio temos as audiências
públicas e os conselhos de recursos hídricos.

O objetivo do princípio do poluidor-pagador é forçar a iniciativa privada a


internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo na forma
de degradação e de escasseamento dos recursos ambientais.

Esse princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar
seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição de taxas abusivas, de
maneira que nem Poder Público nem terceiros sofram com tais custos. Como afirma
PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2001, p. 47), ao causar uma degradação
ambiental o indivíduo invade a propriedade de todos os que respeitam o meio
ambiente e afronta o direito alheio.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
35

O princípio do poluidor-pagador foi introduzido pela Organização para a


Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, em 26 de maio de 1972, por
meio da Recomendação C(72) 128 do Conselho Diretor, que trata da relação entre
as políticas ambiental e econômica (ANTUNES, 2005).

A segunda parte do inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/81 prevê o princípio do


poluidor-pagador ao determinar que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à
imposição ao usuário de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.

A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


também dispôs sobre o princípio do poluidor-pagador ao estabelecer no Princípio 16
que “Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente
da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a
internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos,
levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os
investimentos internacionais”.

O princípio do poluidor pagador tem sido confundido por grande parte da


doutrina com o princípio da responsabilidade. Contudo, o seu objetivo não é
recuperar um bem lesado nem criminalizar uma conduta lesiva ao meio ambiente, e
sim afastar o ônus econômico da coletividade e voltá-lo para a atividade econômica
utilizadora de recursos ambientais (ANTUNES, 2005).

Nesse sentido, destaca PAULO DE BESSA ANTUNES (2005, p. 37) que o


princípio do poluidor-pagador parte da constatação de que os recursos ambientais
são escassos e o seu uso na produção e no consumo acarretam a sua redução e
degradação. Ora, se o custo da redução dos recursos naturais não for considerado
no sistema de preços, o mercado não será capaz de refletir a escassez. Em assim
sendo, são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a falha de mercado,
de forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos ambientais.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
36

ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN (1993, p. 227)


afirma que o princípio do poluidor-pagador visa a fazer com que o empreendedor
inclua nos custos de sua atividade todos as despesas relativas à proteção ambiental.
A poluição dos recursos ambientais de uma maneira geral, e especialmente em se
tratando daqueles bens mais facilmente encontrados na natureza, como a água, o ar
e o solo, por conta da natureza difusa, é normalmente custeada pelo Poder Público.

Em termos econômicos, esse custo é um subsídio à atividade econômica


poluidora, já que não está sendo levado em conta os prejuízos sofridos pela
sociedade que ocorrem tanto quando a coletividade sente os efeitos da poluição
quando os cofres públicos deixam de aplicar seu dinheiro em outra finalidade para
descontaminar uma determinada região ou um determinado recurso ambiental. O
objetivo do princípio do poluidor-pagador é evitar que ocorra a simples privatização
dos lucros e a socialização dos prejuízos dentro de uma determinada atividade
econômica (ANTUNES, 2005, p. 38).

Os recursos ambientais de uma forma geral, e principalmente aqueles


encontrados em maior abundância na natureza, como a água (no caso de
determinadas regiões do Brasil e do mundo), o ar e a areia, são historicamente
degradados por determinados setores econômicos, que têm obtido o lucro à revelia
do prejuízo sofrido pela coletividade. Trata-se de uma espécie de privatização dos
lucros e socialização dos prejuízos, o que significa um enriquecimento ilícito visto
que de acordo com o caput do art. 225 da Constituição Federal o meio ambiente é
um “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.

O princípio do poluidor-pagador leva em conta que os recursos ambientais


são escassos, portanto, sua produção e consumo geram reflexos ora resultando sua
degradação, ora resultando sua escassez.

Além do mais, ao utilizar gratuitamente um recurso ambiental está se gerando


um enriquecimento ilícito, pois como o meio ambiente é um bem que pertence a
todos, boa parte da comunidade nem utiliza um determinado recurso ou se utiliza, o
faz em menor escala.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
37

Por sua vez, o princípio da publicidade ou da informação decorre do


princípio da participação e visa assegurar sua eficácia. Assim, toda a informação

referente ao meio ambiente é pública, vale dizer, qualquer cidadão pode ter acesso
a ela. A informação visa garantir ao cidadão a possibilidade de tomar posições ou
intervir em determinada matéria, e refere-se tanto a documentos, como relatórios de
impacto ambiental, até estudos realizados sobre o meio ambiente.

Voltado para a Administração Pública, o princípio do limite, discorre sobre o


dever de fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões
de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e
líquidos, dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável.

A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


também dispôs sobre o princípio da responsabilidade ao estabelecer no Princípio 3
que “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam
atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente
das gerações presentes e futuras”.

O inciso V do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal determina que para


assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado incumbe ao Poder
Público “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente”.

De acordo com PAULO DE BESSA ANTUNES (2005, p. 34), a manifestação


mais palpável da aplicação do princípio do limite ocorre com o estabelecimento de
padrões de qualidade ambiental concretizados na forma de limites de emissões de
partículas, de limites aceitáveis de presença de determinadas substâncias na água,
etc. Somente são permitidas as práticas e condutas cujos impactos ao meio
ambiente estejam compreendidos dentro de padrões previamente fixados pela
legislação ambiental e pela Administração Pública.

Esse controle ambiental se dá pela averiguação e acompanhamento do


potencial de geração de poluentes líquidos, de resíduos sólidos, de emissões
atmosféricas, de ruídos e do potencial de riscos de explosões e de incêndios
(FARIAS, 2006).
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
38

Mais especificamente estes princípios se especializam nos seguintes


mandamentos:

I – Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando


o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II – Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III – Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas


representativas;

V – Controle e zoneamento das atividades, potencial ou efetivamente,


poluidoras;

VI – Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologia orientadas para o uso


racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII – Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII – Recuperação de áreas degradadas;

IX – Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X – Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da


comunidade, objetivando capacitá-la para a defesa ativa do meio ambiente.

Esses princípios estão consolidados no art. 225 e parágrafos da Constituição


Federal e na Lei nº 6938/81 que estabelece os objetivos da Política Nacional de
Meio Ambiente e tem sua execução regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
39

UNIDADE 4 – O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS DIREITOS


COLETIVOS

Na Constituição Federal do Brasil, o artigo 127 dispõe que o Ministério


Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.

O Ministério Público, nos termos do artigo 128 da Constituição Federal


abrange:

I - O Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

e) os Ministérios Públicos dos Estados.

As funções institucionais do Ministério Público vêm definidas no artigo 129 da


Constituição Federal, dentre as quais destacamos:

[...] II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias à sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do


patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos; [...]

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua


competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da
lei complementar respectiva; [...]

IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas desde que compatíveis
com sua finalidade, sendo-lhe vedada à representação judicial e a consultoria
jurídica de entidades públicas.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
40

Assim, nota-se que, dentre outras funções, cabe ao Ministério Público a


defesa de interesses difusos e coletivos.

Em 1993, foi promulgada a Lei Complementar 75 que dispõe sobre a


organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Dispõe em
seu artigo 6, inciso VII, que compete ao Ministério Público da União a promoção de
inquérito civil público e ação civil pública para a proteção: a) dos interesses
individuais indisponíveis, difusos e coletivos, relativos às comunidades indígenas, à
família, à criança, ao adolescente, ao idoso, às minorias étnicas e ao consumidor
(alínea "c"). b) outros interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais,
difusos e coletivos (alínea "d"). Destaca-se ainda a existência da Lei n. 7853/89, que
garante a legitimidade ao Ministério Público para a propositura das ações civis
públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas
portadoras de deficiência (artigo 3).

Assim, portanto, seguindo as palavras de ALEXANDRE DE MORAES (2005),


o Ministério Público é uma instituição permanente, essencial a função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais coletivos.

Dentre as instituições que compõem o sistema de justiça no Brasil, sempre


coube ao Ministério Público duas funções principais:

(a) a de fiscal da lei (custos legis); e,

(b) a de titular da ação penal pública.

Como fiscal da lei, o Ministério Público deve acompanhar a aplicação da lei


pelo juiz em casos concretos envolvendo direitos individuais considerados
indisponíveis, relacionados geralmente a áreas de família, registro e filiação,
sucessões, defesa dos incapazes etc. Nesses casos, o Ministério Público não é
parte no processo, mas figura como órgão interveniente (ARANTES, 1999).

Constitui-se em um terceiro elemento, ao lado do juiz e das partes em conflito,


representando o Estado e sua função pública de zelar por direitos indisponíveis e
interesses de indivíduos classificados juridicamente como incapazes. Como titular da
ação penal pública, o MP está encarregado de acionar o Poder Judiciário em nome

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
41

do Estado com vistas à aplicação da pena nos crimes codificados pela legislação. O
direito de punir é exclusividade do Estado e o Ministério Público é o órgão estatal
que detém a responsabilidade exclusiva de desenvolver a acusação no processo
criminal. Apenas de modo subsidiário a vítima ou seu representante podem atuar
neste tipo de processo judicial (MACEDO JR, 1995; MAZZILLI, 1994).

Mediante mudanças legislativas, ao longo das duas últimas décadas o MP


veio acumulando novas e importantes atribuições, dentre as quais se destaca a
promoção da ação civil pública. Por intermédio desse instrumento, o Ministério
Público tem a possibilidade de acionar o Poder Judiciário para promover a defesa de
direitos transindividuais, recentemente instituídos por lei e mais conhecidos como
direitos difusos e coletivos.

A Sociologia Jurídica tem dedicado amplo espaço à discussão desses novos


direitos. De uma forma geral, o debate jurídico tem enfatizado não só a novidade da
normatização legal e constitucional desses direitos, mas também o fato de
representarem uma nova categoria dentro do ordenamento jurídico tradicional, de
matriz liberal e princípios de organização essencialmente individualistas (FARIA,
1994).

Na verdade, mais do que uma renovação de atribuições do Ministério Público,


pode-se dizer que nestas duas últimas décadas constituiu-se no Brasil uma nova
arena judicial de solução de conflitos que até então não tinham acesso ao sistema
de justiça.

Embora, no debate jurídico, seja comum identificar a Constituição de 1988


como marco inicial da mudança do papel institucional do Ministério Público e da
normatização dos direitos difusos e coletivos, uma análise de textos legais anteriores
é capaz de demonstrar que a nova Constituição apenas consolidou em norma
fundamental o que já vinha sendo instituído, através de leis ordinárias e
complementares, nas esferas federal e estadual (ARANTES, 1999).

Nesse sentido, a Lei nº 6938, que instituiu a Política Nacional do Meio


Ambiente em 1981, pode ser considerada o marco jurídico inicial da normatização
de interesses difusos e coletivos no Brasil e também da inclusão de novos
instrumentos processuais, em especial a legitimidade do MP para proposição de

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
42

ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente (art.
14, §1º).

Pouco tempo depois, a Lei Complementar nº 40, de 14 de dezembro de 1981,


que deu nova organização nacional ao Ministério Público, definiu como uma de suas
funções institucionais “promover a ação civil pública, nos termos da lei” (art. 3, III).

Em concordância com a Lei Orgânica Nacional, a Lei Orgânica do Ministério


Público do Estado de São Paulo, no ano seguinte, também fez referência à ação civil
pública como um de seus instrumentos de atuação. Até então, entretanto, não havia
regulamentação legislativa específica para esse novo instrumento processual.
Somente em 1985, quatro anos após sua primeira aparição em textos legais, é que
uma lei específica veio regulamentar com precisão esse novo tipo de ação — que
aqueles textos apenas tangenciaram —, definindo seu objeto, o foro competente, a
legitimação para utilizá-la, as atribuições do Ministério Público etc. (MANCUSO,
1994).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
43

UNIDADE 5 – DIREITO REFLEXIVO E O ESTADO DE


DIREITO AMBIENTAL

5.1 Direito Reflexivo

Segundo SIMONE BARBISAN FORTES (2007), grosso modo, o direito


reflexivo pode ser entendido como novo modelo jurídico apto a responder às
necessidades do mundo contemporâneo, que decorre do processo de globalização,
o qual tem operado uma grave crise nos sistemas jurídicos nacionais com o domínio
da tecnologia de impacto planetário, que permitem, fundamentalmente, comunicação
global instantânea. Nesse sentido, bem diz LADISLAU DOWBOR (1999), “o planeta
encolheu de maneira impressionante”, principalmente nos domínios do sistema
econômico. Isto abriu um imenso espaço de perda de governabilidade, dado que o
Estado moderno, e seu respectivo direito, territorialmente limitados, não conseguem
apreender a dinâmica do capitalismo global. Ou seja, o atual modelo de direito,
assim como o Estado, encontra-se em crise.

Segundo ANDRÉ-NÖEL ROTH (1996), o direito moderno, que historicamente


evoluiu daquele a serviço do Estado Liberal (visando a garantir livre circulação de
ideias, pessoas e bens, com regras gerais, abstratas e previsíveis) para o do Estado
Social (a serviço de metas concretas, como técnica de gestão e regulação da
sociedade) está padecendo com as transformações econômicas e políticas,
somadas à onda neoliberal, que estão levando à desadaptação das intervenções
estatais, e, consequentemente, provocado retrocesso e deslegitimação da regulação
social estatal.

A crescente interdependência entre os países (do ponto de vista econômico,


financeiro, bem como sob a ótica de novos problemas como o do meio-ambiente)
denotam a dificuldade do Estado para aplicar seus programas legislativos, fazendo
ver que há um pluralismo jurídico – o Estado perde sua pretensão de detenção do
monopólio legislativo, surgindo níveis de regulação superiores (ex.: ONU) e
inferiores (ex.: descentralização em países federalistas) (FORTES, 2003).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
44

Sob outro aspecto, NIKLAS LUHMANN (1983) alerta para o problema da


discrepância entre o sistema da sociedade, que aspira a uma unidade global, e o
direito positivo, estatuído com vigência dentro de certos limites territoriais. Refere
que este processo resulta justamente da diferenciação funcional no sistema social,
pois na medida em que esferas funcionais (como, por exemplo, religião, ou
economia) desdobram-se autônoma e autopoieticamente (ou seja, autorreproduzem-
se, operativamente fechadas), rompem as limitações territoriais.

SIMONE BARBISAN FORTES (2003) indaga com as exposições acima, se


política e direito são fatos de desenvolvimento ou fatores de risco do
desenvolvimento social, o que nos leva a dar um salto no pensamento e chegar ao
direito reflexivo. Para tanto, voltemos pois à globalização que, de fato, não é
uniforme, não atinge todos os países de maneira igual e mostra-se assim, como um
processo de reforço do mecanismo de elitização de um lado e apartação de outro.

Essa elitização e apartação ou regulação social acontece pelo direito que


opera de modo fechado porque ele tem um papel redutor da complexidade social
sem mostrar-se como entrave ao desenvolvimento dos demais sistemas e da própria
sociedade.

De fato, diante de realidades absolutamente distintas, o sistema jurídico não


pode apresentar uma via única e estanque, sob pena de perder sua própria
legitimidade, seja no sentido de que o procedimento, à moda luhmanniana, não mais
oferece duas possibilidades de aprendizagem, pois aquele que decide, se decide
sem possibilidades (ou se, diante de possibilidades, está necessária e materialmente
vinculado a uma delas) não produz redução da complexidade e, assim, também não
produz a aprendizagem daquele que se submete à decisão; seja no sentido de que,
à moda habermasiana, não mais se configuraria a racionalidade refletindo o
processo democrático, ou a noção de justiça.

A solução, portanto, estaria em que o mundo exterior ao sistema jurídico nele


provoca perturbação que estimula processos internos de seleção, isto é, promove
“uma reconstrução interna da sua própria realidade social envolvente”, isto é, leva à
criação de modelos internos do mundo exterior (TAUBNER, 1993 apud FORTES,
2003).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
45

Para ROTH (1996, p. 22), consequência do processo de globalização é


justamente uma maior flexibilidade do direito (modificação de seu caráter autoritário)
e dispersão em vários níveis de sua formulação. A legislação nacional começa a
limitar-se a um direito mais geral e flexível, e não tão detalhista. Desenvolve-se, pois,
um direito flexível, procedente de negociações, como tentativa de obter-se uma
nova forma de regulação social, outorgando ao Estado e ao direito um papel de guia
(e não de direção) da sociedade.

Trata-se da passagem de uma direção estatal autoritária e centralizada para


uma direção flexível e de procedimento das condutas humanas, ou da formulação de
uma via intermediária entre a evolução espontânea e a planificação.

Segundo WILKE (s.d apud ROTH, 1996), dada a complexidade da sociedade,


sua regulação torna-se impossível com os instrumentos tradicionais de coação,
baseados sobre poder e dinheiro (direito repressivo e direito social). A
especialização funcional de sistemas dentro do sistema social é uma resposta
visando à redução da complexidade do sistema social, porém hoje a complexidade é
tal que nenhum subsistema, seja ele político, jurídico, moral ou econômico, pode
pretender dar direção à sociedade, sendo que cada um deles têm adquirido
autonomia relativa.

Ao Estado, assim, por meio do direito, incumbiria não o papel de direção, mas
sim de guia da sociedade, como uma via alternativa entre o intervencionismo estatal
e a autorregulação do mercado. Trata-se da via do direito reflexivo, que deveria
permitir o aumento da capacidade de pilotagem da lei incluindo, durante a fase de
busca de um consenso, assim como no processo de tomada de decisão, os
destinatários das normas.

A estrutura jurídica desse direito chamado “programa relacional” tem dois


níveis: 1) formulação de fins; 2) disposições que permitem decisões dedutivas e
descentralizadas (principal inovação), permitindo e facilitando processos de
autorregulação no interior de campos de problemas específicos, como economia,
ciência ou saúde (dentro dos quais se desenvolverá racionalidade de procedimento,
mais que de conteúdo material) (FORTES, 2003).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
46

Segundo LUHMANN (1983), em face da elevada complexidade, a


generalização do direito terá de ser levada a um alto nível de indiferença que, em
termos temporais, significa indiferença em relação ao direito divergente anterior e
posterior, em termos materiais, indiferença quanto à eventual incompatibilidade de
sentido em outras áreas jurídicas e, em termos sociais, indiferença em relação às
implicações simbólicas da opinião divergente, ou seja, tolerância.

Complementarmente, porém, surgem formas de fortalecimento da


seletividade no processo decisório jurídico que permitem um nível mais baixo de
indiferenças, em especial a reflexividade da normatização:

No caso da normatização, a reflexividade do efeito seletivo, contida em toda


norma, evidencia-se, torna-se disponível e é ela mesma normatizada. E
existem normas que normatizam a normatização – por exemplo fixando
processos e certas condições parametrais da ação legislativa (...) ela amplia
o âmbito das normatizações possíveis; ela possibilita a compatibilização da
segurança e da expectabilidade com uma maior liberdade da normatização
e da alteração de normas mobilizando amplamente um complexo normativo
e ao mesmo tempo mantendo-o sob controle. Uma constituição não se fixa,
em algumas de suas determinações, antecipadamente a uma forma
determinada do direito, mas apenas regulamenta a forma de seleção do
direito variável. (...) o processo através do qual o direito torna-se reflexivo é
construído de forma estruturalmente análoga a outros casos de
mecanismos reflexivos, tendo em comum o potencial de absorção da maior
complexidade e dos maiores riscos da estrutura, e diferenciando-se apenas
através do tipo de processo cujo efeito é potencializado (LUHMANN, 1983,
p. 14).

Nota-se, pois, que o direito reflexivo surge como uma via de adaptação do
direito à nova realidade do meio envolvente, em grande parte globalizado, uma vez
que oferece os meios procedimentais legitimadores e permite ao sistema
autopoiético jurídico apreender as perturbações dos sistemas envolventes
(interferência), incoporá-las ao seu próprio código binário (criá-las em seu meio), de
modo mais flexível (deixando de ter configuração impositiva) e, com isso, melhor
acompanhando a sociedade que se propõe a regular, com isso obtendo, na
concepção luhmanniana, legitimidade.

Ou seja, na medida em que o direito reflexivo funda-se sobremaneira na


premissa essencial da democracia, qual seja a garantia procedimental de

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
47

participação igualitária de todos no jogo democrático, o que sustenta a própria


legitimidade do Direito, não pode ignorar as expectativas substanciais correlatas à
própria noção de democracia e que sustentam que, procedimentalmente, todos
terão, de fato, participação igualitária, ou seja, deve ter como premissa a garantia
dos direitos humanos fundamentais (FORTES, 2003).

O raciocínio do Direito reflexivo, fundado em premissas procedimentais


democráticas, responde à necessidade de que a sociedade global que se forma,
com a globalização dos diversos sistemas funcionais diferenciados e autopoiéticos,
seja também submetida a um processo de democratização – a globalização da
democracia – o que permitiria a inclusão de vários cidadãos do mundo desprovidos
do acesso às vantagens da tecnologia mundial, ainda bastante restritos.

5.2 Estado de Direito Ambiental

O artigo 1º da Constituição Federal do Brasil afirma que somos uma


República Federativa e que o Brasil se constitui em um Estado Democrático de
Direito, que nada mais é do que a soma de dois princípios: o do Estado Democrático
e do Estado de Direito.

O Princípio de Estado de Direito está submisso às leis, divisão de poderes e


garantias dos direitos individuais que caracteriza-se pela igualdade, ou seja, a lei é
para todos.

O Princípio do Estado Democrático de Direito seria a participação direta do


povo na coisa pública ou através de seus representantes, no caso os mandatários
políticos eleitos. Assim, entendemos que o Brasil por meio destes dois princípios
busca garantir a dignidade da pessoa humana em todas as situações e com esse
alcance podemos afirmar que se trata de um Estado social ou Estado de Justiça
Social, mas o que tem a ver com nosso tema: Estado de Direito Ambiental?

Segundo HAMILTON MAGALHÃES (2009), os princípios de Estado


Democrático de Direito se aplicam também nas questões que envolvem o Meio
Ambiente, quer seja em análises de processos de licenciamento, inspeções /

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
48

vistorias, autuações e processos administrativos para a apuração de


responsabilidades ou julgamento de defesas e recursos, como também nos
processos na esfera judicial

Em outras palavras, o Estado de Direito Ambiental é um conceito teórico que


foi abarcado pela Constituição, trazendo valores e postulados básicos da sociedade.

São vislumbrados quatros postulados jurídico-ambientais:

 globalista – atenta para o fato de ser uma questão supranacional;

 publicista – centra o problema no Estado;

 individualista – os instrumentos jurídicos seriam os mesmos utilizados


na proteção dos direitos subjetivos;

 associativista – substitui a visão publicista (Estado) por uma visão


democrática.

O artigo 225 perpassa a visão individualista. O bem ambiental apresenta


proteção jurídica. O texto constitucional impõe ao Estado e à coletividade o dever de
preservá-lo. Não se admite o postulado publicista, aproxima-se do associativista.

O Estado de Direito do Ambiente é fictício, marcado por grande


abstratividade. Nota-se a complexidade da questão ambiental quando se constata
que o ambiente é uno, mostrando diversas realidades.

O postulado globalista atenta para duas situações: a discrepância entre as


Constituições no que tange à configuração jurídica do meio ambiente. É difícil tratar
o ambiente de forma uniforme no plano teórico, porque há princípios consagrados
anteriormente como a soberania dos Estados. É difícil então tomar medidas
conjuntas. Mas como isso é um processo recente, espera-se uma evolução.

A abstratividade do Estado de Direito do Ambiente não pode induzir a não


discussão do tema, portanto, são formadas cinco funções:

1. moldar formas mais adequadas para a gestão de riscos e evitar a


irresponsabilidade organizada. O risco existe para tudo. Cabe ao Estado gestionar
os riscos.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
49

2. juridicizar instrumentos contemporâneos, preventivos e precaucionais,


típicos do Estado pós-social. Princípio da precaução e prevenção estão inscritos no
art. 225. O Direito não deve atender só os danos pós-factum.

3. trazer ao campo do direito ambiental noção de direito integrado. Proteger o


meio ambiente (macrobem) é uma tarefa interdisciplinar.

4. buscar a formação da consciência ambiental.

5. propiciar maior compreensão do objeto estudado (SIVIERO, 2008).

Podemos concluir que é preciso utilizar da interdisciplinaridade como método


de integração das disciplinas para buscar soluções para os complexos problemas
que envolvem o meio ambiente, evidentemente, resultantes do desenvolvimento
tecnológico e econômico que abarcou o mundo.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
50

UNIDADE 6 – ÉTICA E AS FUNÇÕES DO DIREITO


AMBIENTAL

Como bem abordado pelo professor MIGUEL REALE (2006) em suas “Lições
Preliminares de Direito”, os princípios são a base para que um novo sistema
cognitivo possa emergir:

[...] os princípios são “verdades fundantes” de um sistema de conhecimento,


como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas,
mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é,
como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis
(REALE, 2001, p. 305.)

Na lição de DE PLÁCIDO SILVA (2001, p. 639), os princípios [...]


notadamente no plural, significam as normas elementares ou os requisitos
primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. [...] princípios
revelam conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda
espécie de ação jurídica [...] exprimem sentido mais relevante que o da própria
norma ou regra jurídica.

Assim, para que a Ética Ambiental tome enquadramento como ramo de


destaque, necessária se faz a pormenorização de seus princípios, que retirados de
enunciados da filosofia e ética contemporâneas, têm intrínseca relação com a
necessária modificação do paradigma vigente.

Os três princípios aqui apresentados são desvelados de considerações


estampadas em artigo desse mesmo autor, no qual se aborda a Ética Ambiental
como um dos grandes desafios da atualidade, e se invoca a secularização de tais
princípios como imprescindível medida inicial para a aclamação do paradigma
biocêntrico.

A Ética Ambiental deve ser tão brevemente almejada com intuito da


manutenção de condições de vida salutares na terra, e surgimento de uma
verdadeira Ética que, comprometida com a existência em todas esferas, lance mão
do reconhecimento do caráter protagônico da vida em todas suas formas.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
51

6.1. Princípio da Responsabilidade

Pelo princípio da responsabilidade, deve-se entender segundo HANS JONAS


(1995, p. 40 apud PEREIRA, 2009) um novo Imperativo Categórico, caracterizado no
agir de um modo pelo qual os efeitos dessa ação, não sejam destrutivos às
gerações futuras, colocando em perigo as condições de continuidade indefinida da
vida humana na Terra.

A partir desse princípio evidencia-se o surgimento de uma visão


comprometida com a posteridade, com aqueles que ainda virão a existir. A
irresponsabilidade dos antepassados deixou cicatrizes marcantes para a atual
geração, já que o presente foi cunhado nos projetos do passado. A existência
presente é substrato da posteridade, pois “[...] existirão homens de acordo com a
ideia vigente de humanidade [...]” (OLIVEIRA, 2007, p. 294).

É por tal fator, que a relação do ser humano com o meio deve axiomatizar o
princípio da responsabilidade: se esta não existir para com o agora, as gerações
futuras continuarão respondendo negativamente ao remanescente, até que sejam
definitivamente preteridas. Não se deve imputar a posteridade o que é dever do
também hoje. As atitudes tomadas pelo homem desde seu crivo mais individual
devem abalroar-se sempre com a certeza de que farão parte do amanhã (PEREIRA,
2009).

6.2. Princípio da Alteridade

A alteridade (alter= outro + [i]dade= qualidade, caráter, atributo), diz respeito à


atribuição ao outro da qualidade de também ser um eu. Deve, portanto, ser
considerada também como princípio constituidor de um novo prisma na relação
ético-ambiental. A concepção objetificada da realidade “mata” a existência dos
seres, na medida em que os considera meramente por meio de um critério
custo/benefício, em que apenas a utilidade é valorizada.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
52

Para além da acepção objetificante, há segundo M. BUBER (s.d apud


PEREIRA, 2009), como se considerar o outro sobre um prisma que não o utilitariza,
que o concebe por Eu, numa relação de encontro, que não se limita à objetividade, e
por isso se apresenta: “The thou meets me”- O tu se apresenta a mim.

Na apresentação incondicional, no qual se abre o todo e não há pré-conceitos


na relação que se desencadeia, o Tu se torna outro Eu. “o eu fala ao Tu, dialoga
com o Tu: a realidade humana é esse diálogo, essa relação [...] O Tu não é um
objeto; é sujeito desde o começo. E esse sujeito-tu é indispensável para que
apareça o sujeito-Eu.” (REALE; ANTISERI, 2006, p.420 apud PEREIRA, 2009).

O que se propõe por meio do princípio da alteridade, é uma sujeitificação do


meio ambiente, considerando cada ser existente como extensão, parte da
constituição do Eu. Nas palavras de PELIZZOLI (2003, p. 110) [...] a operação aqui é
aproximar a abordagem da Natureza no conceito de Outro, interligar a ela o estatuto
da alteridade, ou seja, ela é mais do que posso conhecer/dominar; ela tem vida
própria, e deve ser acolhida em sua dignidade.

Parece ser bastante ousada a proposta da alterização do meio, já que sua


ocorrência continua inexistente nas relações entre homens. Mas, segundo Pereira
(2009), não há outra solução. A consideração individualista do complexo de inter-
relações desencadeadas até agora não tem privilegiado a vida, que é ponto crucial
na permanência do bioma. Apenas o sujeitamento, a relevação do todo como
também ser, outro que se reveste de eu, pode traçar novos caminhos para a
permanência do homem na Terra, pois a consideração idiossincrática permite
apenas a destruição sob o pretexto de realização pessoal, desconsiderando
inclusive a responsabilidade para com o agora e o futuro.

6.3. Princípio do Cuidado

Por fim, é importante eleger o saber cuidar (cuidado) como mais um dos
pilares da Ética Ambiental. Embasamento ético na doutrina de LEONARDO BOFF,

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
53

encontrado em obra de mesmo nome, o saber cuidar preconiza a necessidade


iminente de um zelo do ser humano para com a totalidade dos biomas existentes.

Para BOFF (2004, p. 13), “[...] o cuidado serve de crítica à nossa civilização
agonizante, e também de princípio inspirador de um novo paradigma de
convivialidade”. É por meio dele que deve ser pensado o atual modo de interação do
ser humano com todo o meio, e percebido o insustentável fenômeno do descaso
constatado há décadas, mas ainda perpetrado pelas gerações presentes:

Há um descuido e um descaso pela vida inocente de crianças usadas como


combustível na produção para o mercado mundial. Os dados da
Organização Mundial da Infância de 1998 são aterradores: 250 milhões de
crianças trabalham. Na América Latina 3 em cada 5 crianças trabalham. Na
África, uma em cada 3. E na Ásia, uma em cada duas. São pequenos
escravos a quem se nega a infância, a inocência e o sonho. Não causa
admiração se são assassinados por esquadrões de extermínio nas grandes
metrópoles da América Latina e Ásia. Há um descuido e descaso manifesto
pelo destino dos pobres e marginalizados da humanidade, flagelados pela
fome crônica, mal sobrevivendo da tribulação de mil doenças, outrora
radicadas e atualmente retornado com redobrada virulência. Há um
descuido e descaso imenso pela sorte dos desempregados e aposentados,
sobretudo dos milhões e milhões de excluídos do processo de produção,
tidos como descartáveis e zeros econômicos. Esses nem sequer ingressam
no exército de reserva do capital. Perderam o privilégio de serem
explorados a preço de um salário mínimo e de alguma seguridade social.
Há um descuido e abandono dos sonhos de generosidade, agravados pela
hegemonia do neoliberalismo com o individualismo e a exaltação da
propriedade privada que comporta. [...] Há um descuido e um abandono
crescente da sociabilidade nas cidades. A maioria dos habitantes sentem-se
desenraizados culturalmente e alienados socialmente. Predomina a
sociedade do espetáculo, do simulacro e do entretenimento. Há descuido e
descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pelo esprit de finesse
(espírito de gentileza) que cultiva a lógica do coração e do enternecimento
por tudo que existe e vive. Não há cuidado pela inteligência emocional, pelo
imaginário e pelos anjos e demônios que o habitam. Todo tipo de violência
ou excesso é mostrado pelos meios de comunicação com ausência de
qualquer pudor ou escrúpulo. Há um descuido e um descaso pela coisa
pública (BOFF, 2004, p.18-19).

Assim como a criança necessita de imenso cuidado para a perfeita


estruturação, o mundo carece de tal tipologia de consideração para que não torne
um mar de prejudicialidades. “O cuidado há de estar presente em tudo,
representando uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e
envolvimento afetivo com o outro (BOFF, 2004, p. 33).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
54

Em sociedades que continuam sem saber cuidar, é possível observar a


desordem, confusão e caos. O saber cuidar pressupõe equilíbrio, autocontrole e
moderação. Ele não deve ser visto como uma abstenção à vida, ao trabalho e à
existência humana.

Dar centralidade ao cuidado não significa deixar de trabalhar e de intervir no


mundo. Significa renunciar à vontade de poder humana. Significa recusar-se a todo
despotismo e a toda dominação. Significa derrubar a ditadura da racionalidade fria e
abstrata para dar lugar ao cuidado. Significa organizar o trabalho em sintonia com a
natureza, seus ritmos e suas indicações. Significa respeitar a comunhão que todas
as coisas entretêm entre si e conosco. Significa colocar o interesse coletivo da
sociedade, da comunidade biótica e terrena acima dos interesses exclusivamente
humanos. Significa colocar-se junto e ao pé de cada coisa que queremos
transformar para que ela não sofra, não seja desenraizada de seu habitat e possa
manter as condições de desenvolver-se e co-evoluir junto com seus ecossistemas e
com a própria Terra (BOFF, 2005, p. 09.)

Saber cuidar é um princípio que coaduna perfeitamente com os anteriores,


pois alteridade e responsabilidade surgem com o zelo propositado à vida.
Considerando o intrínseco atrelamento entre tais princípios, pode-se dizer que sem
cuidado não há como pensar no outro. Figura-se também difícil considerar
responsabilidades sem alteridade, pois seria deixar de pensar na supremacia da
vida em todas suas formas e a imprescindível necessidade de sua preservação
(PEREIRA, 2009).

6.4 As funções do Estado de Direito Ambiental

Segundo AMANDINO TEIXEIRA NUNES JUNIOR (2005), as funções do


Estado Ambiental de Direito são mais abrangentes do que as do Estado Liberal e do
Estado Social, no sentido de que incorporam novos valores, como a defesa e a
proteção (efetivas) do meio ambiente, a promoção da qualidade de vida humana, a
ética ambiental, a educação ambiental, a gestão ambiental (participativa) e a
democracia ambiental.
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
55

Essas funções (ampliadas) refletem diretamente no ordenamento jurídico, que


deverá voltar-se para a confirmação desse novo Estado (com características
inéditas), viabilizando-o e garantindo-o através da máxima efetividade de suas
normas.

Importa sublinhar que, como se disse anteriormente, o Direito evolui com a


própria sociedade. Assim, esta evolução social, que culmina com o surgimento do
Estado Ambiental de Direito, provocará também mudanças nos institutos e nas
categorias jurídicas, com a renovação dos direitos preexistentes e a emergência dos
novos direitos.

As funções do Estado Ambiental de Direito se realizam, principalmente, por


meio de medidas (concretas) que visam a estimular e a provocar o exercício das
condutas (participativa e solidária) desejadas para alcançar o fim ambiental do
Estado. A função repressora, típica do Estado Liberal, cede lugar à função
promovedora, característica do Estado Social, que deve ser ampliada no Estado
Ambiental.

No Estado Ambiental de Direito, o cidadão não é mais o proprietário ou o


trabalhador (cidadãos típicos do Estado Liberal e do Estado Social,
respectivamente), mas todo ente humano, sem qualificações jurídicas específicas
que o insiram em determinado grupo social. Todas as pessoas, mesmo as excluídas
pelo Estado Liberal e pelo Estado Social, são consideradas cidadãos do Estado
Ambiental, naturalmente com direitos e deveres também ampliados.

JOSÉ MANUEL PUREZA (1997, p. 8-9) observa que o Estado Ambiental é


um quadro de mais sociedade, mais direitos e deveres individuais e mais direitos e
deveres coletivos e menos Estado e menos mercantilização. Neste novo contexto,
não é prioritário o doseamento entre público e privado, mas sim o reforço da
autonomia (logo, dos direitos e das responsabilidades) individual e social frente à
mercantilização e à burocratização.

Insere-se, também, entre as funções do Estado Ambiental de Direito, a


redefinição do direito de propriedade sobre os recursos naturais (para conferir-lhe
uma função social ambiental) e do sistema de mercado clássico (para privilegiar

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
56

mais o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e a qualidade de vida


das pessoas).

6.5 Democracia ambiental e cidadania participativa

Não há como negar que, como se disse precedentemente, a concretização do


Estado Ambiental de Direito converge, necessariamente, para mudanças profundas
nas estruturas da sociedade organizada. Entre tais mudanças, destacam-se a
democracia ambiental e a cidadania participativa.

Com efeito, o Estado Ambiental de Direito pressupõe uma dimensão


democrática que propicia a participação dos mais diversos atores sociais (cientistas,
juristas, administradores, empresários, trabalhadores, ONGs, Igreja, mídia, entre
outros) na defesa e preservação do meio ambiente e na promoção da qualidade de
vida, através de ações conjuntas (Estado e sociedade) que visam à formulação e
implementação de políticas ambientais e à elaboração e execução de leis e atos
normativos sobre matéria ambiental.

Nesta perspectiva de um Estado ambientalmente democrático e participativo,


o bem ambiental não pode ser rotulado como bem público, devendo, sim, ao
contrário, ser considerado um bem de interesse público e cuja administração, uso e
gestão devem ser compartilhados e solidários com toda a comunidade, inspirado em
um perfil de democracia ambiental. Desta forma, no Estado democrático ambiental,
o bem ambiental deve pertencer à coletividade e não integrar o patrimônio disponível
do Estado, impedindo o uso irracional e autoritário de patrimônio ambiental pelo
poder público e pelo particular (LEITE, 2000, p. 21).

Cabe ressaltar que a democracia ambiental e a participação popular se


completam com a informação e a educação sobre o meio ambiente, indispensáveis
à tomada de consciência dos valores ambientais. A consecução (plena) das funções
do novo Estado só será possível quando este tiver, ao seu lado, uma coletividade
informada, educada, participativa e solidária.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
57

Anote-se, ainda, que outro componente indispensável do Estado Ambiental de


Direito é o acesso amplo ao Judiciário, com a garantia do devido processo legal para
as questões ambientais. Vale dizer, a efetivação de uma tutela jurisdicional
ambiental, célere e eficaz, que garanta à sociedade a responsabilização (penal,
administrativa e civil) dos que ameaçam ou degradam o meio ambiente.

Neste sentido, observa JOSÉ JOAQUIM GOMES CANOTILHO (1995, p. 74)


que se o Estado de ambiente não pode construir-se ao arrepio das regras e
princípios informadores do Estado de direito, ele não pode respirar livremente se não
transportam nos seus vazios normativos a seiva de justiça ambiental.

A class action dos Estados Unidos, a ação popular de Portugal e a ação civil
pública, a ação popular e o mandado de segurança do Brasil são os mecanismos
mais atuais para a instrumentalização da tutela jurisdicional do meio ambiente e
trouxeram um verdadeiro novo rumo ao Direito Ambiental e ao Direito Processual
para fazer face aos anseios e às exigências da coletividade por um Estado
Ambiental de Direito (NUNES JR., 2005).

Torna-se mister, pois, que o Judiciário, no Estado Pós-Social, proceda à “uma


mudança de paradigmas na percepção da sua própria posição e função” (KRELL,
2000, p. 55), para uma efetiva concretização dos princípios da prevenção, da
participação e da responsabilização, evitando que o formalismo e a morosidade
processual se tornem obstáculos à uma plena tutela jurisdicional ambiental.

AMANDINO TEIXEIRA NUNES JUNIOR (2005) assevera que edificar e


estruturar o Estado Ambiental de Direito é tarefa árdua em face da complexidade
dos problemas (emergentes) de degradação ambiental, da incapacidade (política e
regulatória) do Estado de resolvê-los e da necessidade de mudanças (profundas)
nas estruturas da sociedade organizada.

Fruto do modelo desenvolvimentista de Estado Social, levado a cabo a partir


da década de 1960 e cujos sintomas mais agudos ocorreram na década de 1970
com a crise do petróleo, obrigando os Estados à tomada de consciência sobre os
limites do crescimento econômico e da esgotabilidade dos recursos naturais, a atual
crise ambiental tornou indispensável assegurar o desenvolvimento sustentável, cuja
principal característica reside na possível (e desejável) conciliação entre o

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
58

desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a promoção da qualidade de


vida humana.

A proteção ambiental deixou de ser uma questão ligada a grupos radicais


(partidários e apartidários) para se tornar patrimônio comum de todas as forças
sociais. Isto contribuiu para a difusão de uma consciência ambiental que se
manifesta tanto no âmbito individual como no âmbito institucional. Daí o
extraordinário desenvolvimento das ciências e das políticas ambientais, bem com a
proliferação de leis e atos normativos sobre matéria ambiental (NUNES JR, 2005).

O direito ao meio ambiente (ecologicamente equilibrado) é um direito da


pessoa humana, integrando a terceira geração dos direitos fundamentais, e a
proteção do meio ambiental é um dever do Estado e da coletividade, redundando em
verdadeira solidariedade em torno de um bem comum.

O Estado Ambiental de Direito a que todos aspiramos, assentado nos


princípios da prevenção, da participação e da responsabilização e incumbido da
proteção do meio ambiente e da promoção da qualidade de vida, sob os auspícios
do desenvolvimento sustentável, pressupõe a realização de novos direitos e valores,
como a educação ambiental, a democracia ambiental, a cidadania participativa e
solidária e a tutela jurisdicional ambiental adequada.

Os ordenamentos jurídicos do Estados aqui estudados, tanto no âmbito


nacional como no âmbito supranacional (Brasil, Portugal, e União Europeia), têm
transformado consideravelmente o Estado Social, na sua vertente ambiental,
aproximando-o do modelo do novo Estado o Estado Ambiental de Direito.

Assim é que a Constituição Federal (art. 225), a Constituição da República


Portuguesa (art. 66º) e o Tratado CE (art. 174º) consagram a proteção do meio
ambiente e a promoção da qualidade de vida, mediante princípios e regras
ambientais e políticas públicas ambientais.

Queremos crer que a construção do Estado Ambiental de Direito, detendo


perfil do Estado de Direito Democrático e Social, além de Ambiental, não seja uma
utopia com afirma BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS (1994).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
59

Essa tarefa constitui, sem dúvida, um dos maiores desafios colocados pela
sociedade contemporânea, que suscita uma revolução de costumes, uma alteração
radical na perspectiva de encarar o mundo, obrigando à escolha entre uma aposta
no futuro ou sem futuro.

Essa tarefa impõe-se, pois, a reconciliação do homem com o meio ambiente,


através do desenvolvimento sustentável, que assegure a compatibilização do
crescimento com a preservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida; a
reconciliação do homem consigo mesmo, através da conscientização da
inexorabilidade da finitude dos recursos ambientais; e, por fim, a reconciliação do
homem com as gerações futuras numa perspectiva de solidariedade, através da
assunção da responsabilidade da preservação e da gestão racional dos recursos
ambientais (NUNES JR, 2005).

Trata-se, em última análise, de garantir a dignidade da pessoa humana, como


valor ético-jurídico fundamental, que atrai o conteúdo de todos os direitos
fundamentais do homem, desde o direito à vida. É tempo de preservar, de salvar, de
desenvolver sem destruir.

Esperamos que a busca do ajustamento mútuo entre o homem e o meio


ambiente tenha um final feliz e que, daqui a alguns séculos, olhando para o nosso
planeta, o implacável juízo histórico seja positivo, para a felicidade de todos nós,
seres vivos (NUNES JUNIOR, 2005).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
60

UNIDADE 7 – PROBLEMAS AMBIENTAIS

Vimos que no Brasil o grande marco do surgimento do Direito Ambiental foi a


edição da Lei nº 6.938, em 31 de agosto de 1981, que dispôs sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente e que começou a tratar os recursos ambientais de forma
integrada e holística.

A partir de então o Direito Ambiental passou a evoluir e gradualmente a


ganhar autonomia como ramo da Ciência Jurídica a ponto de ter os seus próprios
princípios, a despeito do pouco tempo da disciplina, princípios estes que vimos na
unidade 3.

Ao consagrar o meio ambiente como um direito humano fundamental e de


fazer diversas outras referências ao assunto ao longo do seu texto, a Constituição
Federal de 1988 consagrou também de forma explícita ou implícita os mais
relevantes princípios do Direito Ambiental.

Não se pode esquecer de que foi por conta da ameaça à continuidade da vida
humana e dos gravíssimos problemas ambientais, como o aquecimento global, o
buraco na camada de ozônio, a escassez de água potável e a desertificação, que o
Direito passou a ser preocupar com essa temática (FARIAS, 2006).

Entretanto, muitas vezes o Poder Judiciário tem interpretado a legislação de


forma restritiva, deixando de proteger efetivamente o meio ambiente e colocando em
risco esse direito imprescindível à qualidade de vida, somente por causa de um
atrelamento excessivo ao positivismo jurídico e de uma falta de consideração aos
princípios jurídicos (FARIAS, 2006).

Os problemas comuns da Sociedade Internacional, na verdade, até hoje,


refletem problemas causados pelos países desenvolvidos, os quais, fincados na
revolução industrial, sempre mantiveram a liderança da expansão do Capitalismo,
sem grandes preocupações, até então, com as consequências ambientais desta
corrida econômica. Nos países de economia planificada, a situação não era
diferente, embora, por muitos anos, mantida a divulgação sob censura.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
61

Um fenômeno comum no direito internacional, quanto às fontes materiais do


direito, reflete-se muito no movimentar da Sociedade Internacional. Grande parte de
suas preocupações e medidas, sofrem avassaladoramente a influência dos países
industrializados na sua condução. Os problemas comuns que abaixo se menciona,
seguem esta lógica, mesmo que possam ocorrer fora do hemisfério que abriga os
países ricos do mundo (BARREIRA, 2007).

7.1 O fenômeno da chuva ácida

Contaminação da atmosfera devido à presença no ar de compostos de


enxofre provenientes das indústrias e dos centros urbanos, especialmente dos
veículos. O fenômeno não é novo, foi detectado em Manchester, na Inglaterra, no
século passado e o termo foi criado pelo químico Roberto Angus Smith. O que é
novo foi sua constatação como um problema internacional. É um tipo de poluição
atmosférica de longa distância.

A chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em sua


composição, conhecida como chuva ácida, é um dos grandes problemas ambientais
do mundo contemporâneo. O óxido de nitrogênio (NO) e os dióxidos de enxofre
(SO2), principais componentes da chuva ácida, são liberados com a queima de
carvão e óleo, fontes de energia que movem diversas economias no planeta.

Na Ásia as indústrias de região lançaram na atmosfera cerca de 34 milhões


de toneladas de dióxido de enxofre ao ano, 40% do que emitem os EUA, até então o
maior responsável pela ocorrência do fenômeno. Estes números devem triplicar até
2010, sobretudo na China, Índia, Tailândia e Coréia do sul, tanto por causa do
aumento da produção industrial e da frota de veículos como pelo uso constante do
carvão para gerar energia.

Os efeitos observados vão desde a destruição da vegetação até danos


causados em edifícios e monumentos (dissolução do calcário), mas inclui a
acidificação de rios e sobretudo lagos, causando a morte de peixes.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
62

Em termos econômicos, os efeitos da chuva ácida em florestas, culturas e


edifícios do Reino Unido foram estimados em 4.500 milhões de euros/ano e na
Alemanha esse valor supera 7.250 milhões de euros. Percebeu-se claramente o
fenômeno da poluição transfronteiriça, donde surgiu a frase: “a poluição não tem
fronteiras”.

Tal problema estaria ocorrendo, inclusive, no Uruguai, devido a uma indústria


na fronteira, do lado do Brasil. “A usina de Candiota, situada no Estado do Rio
Grande do Sul, produz energia elétrica a partir de carvão mineral do subsolo.
Localizada a apenas 80 km do Uruguai, a referida usina é acusada de causar chuva
ácida na região nordeste do vizinho país” (ALMEIDA, MELLO, CAVALCANTI, 2000).

7.2 Efeito estufa

Aquecimento da Terra causado pela concentração de gás carbônico na


atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis. Provoca secas,
enchentes, desertificação e subida do nível dos mares.

Dentre os gases, os principais são o dióxido de carbono (C02), produzido pela


queimada de florestas e pela combustão de produtos como carvão, petróleo e gás
natural; o óxido nitroso, gerado pela atividade das bactérias do solo; e o metano,
produzido pela decomposição de matérias orgânicas.

A forma como o efeito estufa se manifestará no futuro ainda é imprevisível. A


longo prazo, o superaquecimento do planeta pode causar problemas ambientais
como tufões, furacões e enchentes, em consequência do derretimento das geleiras e
do aumento da evaporação da água. Deve atingir também a fauna, pois algumas
espécies de animais não se adaptam a temperaturas elevadas, além de
comprometer ecossistemas, especialmente mangues, mais sensível a alterações do
nível do mar.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
63

7.3 Buraco na camada de ozônio

Situada na estratosfera, entre 20-35 km de altitude, a camada de ozônio tem


certa de 15 km de espessura. Sua constituição, há 400 milhões de anos, foi crucial
para o desenvolvimento da vida na terra. Composta de um gás rarefeito, formado
por moléculas de três átomos de oxigênio - o ozônio -, ela impede a passagem de
parte da radiação ultra violeta emitida pelo Sol.

A agressão à camada de ozônio interfere no equilíbrio ambiental e na saúde


humana e animal. Sem sua proteção, diminui a capacidade de fotossíntese nas
plantas e aumenta o risco do desenvolvimento de doenças como o câncer de pele,
além de efeitos em desordens oculares. Pode ter efeito mutagênico (alteração do
código genético) e teratogênico (aparecimento de deformações), podendo levar até
mesmo à morte.

O impacto do Clorofluorcarbono (CFC) na camada de ozônio começou a ser


observado em 1974 pelos químicos Frank Rowland e Manoel Molina, ganhadores do
Prêmio Nobel de Química de 1995. Eles confirmaram que o CFC reage com o
ozônio, reduzindo a incidência desse gás e, consequentemente, a espessura da
camada. Na época, o CFC era usado em propelentes de sprays, embalagens de
plástico, chips de computador, solventes para a indústria eletrônica e, sobretudo,
nos aparelhos de refrigeração, como geladeiras e sistemas de ar condicionado.

7.4 As mudanças climáticas globais

Ainda hoje em pleno século XXI, a principal causa das mudanças climáticas
globais é a queima de combustíveis fósseis oriundos das atividades antropogênicas.

Os estudos mais importantes sobre o clima envolvem a questão do


aquecimento da Terra. O desmatamento e a emissão de gases têm provocado
alterações no clima mundial, e é possível que a temperatura do planeta aumente
3,5º no século XXI de acordo com especialistas da ONU. O aquecimento deve
causar mudanças no regime normal da seca e chuva em algumas regiões e afetar

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
64

sobretudo as áreas dos polos. Na Antártica, o maior reservatório de água doce da


Terra, já se observam indícios de crescimento do degelo. O derretimento do gelo
poderá elevar o nível dos oceanos (BARREIRAS, 2007).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
65

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 7 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
2004.

BELTRÃO, Antônio F. G. Direito Ambiental. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São


Paulo: Método, 2011.

SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2005.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
ALMEIDA,Josimar Ribeiro; MELLO, Claudia S. e CAVALCANTI, Yara. Gestão
Ambiental. Rio de Janeiro: Thex, 2000.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Política nacional do meio ambiente – PNMA:


Comentários à Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2005.

ARANTES, Rogério Bastos. DIREITO E POLÍTICA: o Ministério Público e a defesa


dos direitos coletivos. RBCS Vol. 14 n. 39 fevereiro/99.

ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JR, Vidal Serrano. Curso de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 1998.

BARREIRAS, Péricles Antunes. Curso de Direito Ambiental. Goiânia, 2007.


Mimeografado.

BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 4. ed. São


Paulo: Saraiva, 2002.

BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e (coord). Dano ambiental: prevenção,


reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.

BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 7. ed. Brasília: Unb, 1996.

BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano. Petrópolis: Vozes, 2004.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm Acesso
em: 21 abr. 2011.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
66

BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências

BRASIL. Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.

BRASIL. Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental,


institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 10257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da


Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra:


Almedina, 1999.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Juridicização da ecologia ou ecologização do


direito. Revista do Instituto do Direito do Urbanismo e do Ambiente, Coimbra, n. 4, p.
69, dez./1995.

CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 11 ed. São


Paulo: Malheiros, 1998.

CARVALHO, Carlos Gomes de. O que é Direito Ambiental. Dos descaminhos da


casa à harmonia da nave. Florianópolis: Habitus. 2003.

CRETELLA JUNIOR, José. Comentários à Constituição brasileira de 1988. Rio de


Janeiro, Forense Universitária, 1989, v. 1.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr,
2005.

DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 2ª ed. São Paulo: Max Limonad,
2001.

DESTEFENNI, Marcos. Direito penal e licenciamento ambiental. São Paulo: Memória


Jurídica, 2004.

DOWBOR, Ladislau. Globalização e Tendências Institucionais. In: DOWBOR,


Ladislau et al (orgs). Desafios da Globalização. (org). Petrópolis (RJ): Vozes, 1999.

FARIA, José Eduardo (org.). Direitos humanos, direitos sociais e Justiça. São Paulo,
Malheiros, 1994.

FARIAS, Talden. Princípios gerais do direito ambiental. Revista prim@ facie – ano 5,
n. 9, jul./dez. 2006, pp. 126-148.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
67

FERREIRA JUNIOR, Valter Otaviano da Costa. Direito Ambiental: resumo dos


tópicos mais importantes para concursos públicos. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2011.

FIORILLO, Celso Antonio P. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 9 ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.

FORTES, Simone Barbisan. Direito e legitimidade em face da globalização: um


enfoque pragmático-sistêmico. Revista AJUFERGS, Porto Alegre, n. 1, 1-25, 2003.
Disponível em: <http://www.ajufergs.org.br/revistas/rev01/08_dra_simone.pdf>.
Acesso em: 21 maio 2011.

FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das normas


ambientais. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2002.

FRIERE, William. A aplicação do direito ambiental exige bom senso e compromisso


com o país. Disponível em:
http://www.eticaambiental.org.br/institucional/artigo_det.php?id=484 Acesso em: 12
mai. 2011.

KRELL, Andreas J. Controle judicial dos serviços públicos básicos na base dos
direitos fundamentais sociais. In: SARLET, Hugo Wolfgang (Org). A constituição
concretizada: construindo pontes com o público e o privado. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2000.

LEITE, José Rubens Morato. Estado de direito do ambiente: uma difícil tarefa. In:
LEITE, José Rubens Morato (Org.). Inovações em direito ambiental. Florianópolis:
Fundação José Arthur Boiteux, 2000.

LEITE, José Rubens Morato Leite, PILATI, Luciana Cardoso, e JAMUNDÁ,


Woldemar. Estado de direito ambiental no brasil. [s.n. s.e]

LORENZETTI, Ricardo Luís. Teoria Geral do Direito Ambiental. Tradução: Fernanda


Nunes Barbosa. Editora Revista dos Tribunais, 2010.

LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito II. Rio de Janeiro: Edições Tempo


Brasileiro, 1983.

MACEDO JR, Ronaldo Porto. (1995), “A evolução institucional do Ministério Público


Brasileiro”, In: M.T. Sadek (org.), Uma introdução ao estudo da Justiça, São
Paulo/Rio de Janeiro/Nova York, Idesp/Ed. Sumaré/Fundação Ford/Fundação
Mellon, 1995.

MACHADO, Paulo Affonso Leme Machado. Direito ambiental brasileiro. 9. ed. São
Paulo: Malheiros, 2001.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
68

MAGALHÃES, Hamilton. Estado Democrático de Direito Ambiental. Disponível em:


http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/QUIS-7XWMLM Acesso em: 30
Mai. 2011

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação civil pública: em defesa do meio ambiente,


patrimônio cultural e dos consumidores. Lei 7347/85 e legislação complementar. 3
ed. revista e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1994.

MASCARENHAS, Luciane Martins de Araújo. A TUTELA CONSTITUCIONAL DO


MEIO AMBIENTE (2004)

MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. Meio ambiente,
consumidor e outros interesses difusos e coletivos. 6 ed. revista, ampliada e
atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1994.

MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Meio ambiente. Direito e dever


fundamental. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2004.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 16ª ed. São Paulo: RT.
1991.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1980.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo


Gonet. Curso de Direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009.

MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, prática e jurisprudência, glossário. 2ª


ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2001.

MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

MIRRA, Álvaro Luíz Valery. Princípios fundamentais do direito ambiental. Revista de


direito ambiental, ano 1, n. 2, abr./jun. 1996.

MORAES, Alexandre De. Direito Constitucional. 17 ed. atualizada até a EC. Nº


45/04. São Paulo: Atlas, 2005.

MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense


Universitária, 2002.

NOGUEIRA, Ana Carolina Casagrande. O conteúdo jurídico do princípio da


precaução no direito ambiental brasileiro. Estado de direito ambiental: tendências,
aspectos constitucionais e diagnósticos. In: FERREIRA, Heline Sivini; LEITE, José
Rubens Morato (orgs). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

NUNES JUNIOR, Amandino Teixeira. O Estado ambiental de Direito. Jus Navigandi,


Teresina, ano 10, n. 589, 17 fev. 2005. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/6340>. Acesso em: 21 maio 2011.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
69

OLIVEIRA, Paulo César de. A ética da responsabilidade em Hans Jonas. In:


PEREIRA, Pedro H. S. (et. all.) Atas da IX Semana de Filosofia da UFSJ. São João
del-Rei: SEGRA, 2007.

PELIZZOLI, M. L. Correntes de Ética Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2003.

PEREIRA, Pedro H. S. Três princípios de ética ambiental.


http://jusvi.com/artigos/41168/2 Acesso em: 21 maio 2011.

PIVA, Rui. Bem ambiental. São Paulo: Max Limonad, 2000.

PUREZA, José Manuel. Tribunais, natureza e sociedade: o direito do ambiente em


Portugal. Coimbra: Centro de Estudos Sociais, 1997.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. – 27 ed., ajustada ao novo código


civil, São Paulo: Saraiva, 2006.

ROTH, André-Nöel. O Direito em Crise: Fim do Estado Moderno? In Direito e


Globalização - implicações e perspectivas. In: FARIA, José Eduardo (org). São
Paulo: Malheiros, 1996.

SANTOS, Antônio Silveira Ribeiro dos. Educação Ambiental e o Poder Público.


Revista Jurídica, Salvador-BA: junho/2000.

SANTOS, Roberto A. O. Ética Ambiental e funções do Direito Ambiental.

SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-


modernidade. Porto: Afrontamento, 1994.

SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.

SILVA. José Afonso. Direito Ambiental Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Malheiros.
2003.

SIVIERO, Filipe A. B.. Estado de direito ambiental no Brasil. Resenha. Portal


Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 30 Jun. 2008. Disponível em:
www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/resumos/direito-ambiental/298. Acesso
em: 30 Mai. 2011.

TRENNEPOHL, Terence Dornelles. Fundamentos de direito ambiental. Salvador:


JusPodium, 2006.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas

Você também pode gostar