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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: RESPONSABILIDADE SOCIAL,

ASPECTOS POLÍTICOS E SUAS APLICABILIDADES

UNIDADE I

Questões ambientais e seus antecedentes

Conteudista: Rafael Chaves Vasconcelos Barreto

Apresentação da unidade

Quando falamos da questão ambiental e do meio ambiente, temos


tendência de visualizar automaticamente grandes espaços verdes ou regiões
de natureza pouco ou nada modificada pelo homem. Porém também sabemos
que estamos de alguma forma envolvidos nessa questão. Considerando que
mais da metade da população do mundo vive em áreas urbanas, quantidade
esta que é ainda mais expressiva nos países mais industrializados, devemos
tomar consciência de que o meio que é o ambiente em que vivemos é o meio
ambiente urbano, originalmente dependente do meio ambiente rural, que, por
sua vez, depende mais diretamente dos elementos e das forças da natureza.

Tudo que fazemos na sociedade urbana gera impactos diretos sobre


todo o meio ambiente, seja na forma de sua degradação ou de sua
preservação. Assim, cada pequeno gesto do cotidiano tem relação direta com a
natureza da qual dependemos.

De onde vêm todos os elementos do cotidiano que consumimos? Para


onde vão? Como estamos construindo nosso futuro em comum? Como
sobrevivemos neste planeta?
Aula 1

Visão geral sobre problemas ambientais

O termo poluição designa qualquer alteração prejudicial provocada no


meio ambiente; pode ser em um ecossistema natural ou agrário, um sistema
urbano ou até mesmo, em microescala, no interior de uma casa. Essas
alterações podem ser, inicialmente, apenas das proporções ou das
características de um dos elementos que formam o próprio meio, causando
desequilíbrio. É o caso do aumento da concentração de gás carbônico,
naturalmente presente na atmosfera.
A poluição também pode ser entendida com base no resultado da
introdução de substâncias naturais, porém estranhas, a determinados
ecossistemas, muitas vezes causando contaminação. É o caso do despejo de
matéria orgânica no leito de um rio ou do derrame de petróleo bruto no mar.
A introdução de substâncias artificiais – portanto estranhas a qualquer
ecossistema –, como a deposição de agrotóxicos no solo ou nas águas e de
recipientes plásticos no solo e o lançamento de elementos radioativos artificiais
na atmosfera, no solo e nas águas, também pode ser entendida como causa de
desequilíbrios ambientais.
Muitas vezes, esse tipo de poluição causa também contaminação do
meio ambiente, porque em geral esses elementos não são degradáveis, ou
seja, não se decompõem em sustâncias inócuas.
Entretanto não somente a poluição pode ser entendida como motivadora
de desequilíbrios ambientais.

Figura 1: Charge com abordagem crítica a cerca dos problemas ambientais

Fonte: http://www.karlacunha.com.br/tag/charges/. Acesso em: 12 jul. 2020.


O uso indiscriminado dos recursos do planeta causam inúmeros
prejuízos não somente para o meio ambiente, resultando inclusive em
problemas sociais. Como exemplo disso podemos citar o desmatamento, o
tráfico de animais e o uso irresponsável dos recursos hídricos, dentre outros.
Aula 2

A relação ser humano-natureza e as relações sociais

A vida na Terra é dinâmica e não existe separação entre o homem e o


meio ambiente. Os seres vivos, com seus modos de vida, estão a todo
momento promovendo transformações na paisagem em distintos níveis. O
homem também promove transformações na paisagem, só que de forma muito
mais intensa. Para o ser humano, essa promoção de transformações na
paisagem é consciente, segue diferentes motivações e o domínio de
tecnologias alcançado por essa espécie torna essas transformações muito
mais intensas e impactantes.

Em cada momento histórico a relação do homem com o espaço se deu


de maneira diferente. Cada civilização buscou formas de adaptar o ambiente
natural às suas necessidades; em períodos mais remotos, isso significava sua
subsistência.

O domínio das técnicas de manejo das plantas e da agricultura e a


domesticação dos animais, dentre outros fatores, foram determinantes para a
transformação no modo de vida do ser humano e para as transformações
promovidas nas paisagens. As atividades de cultivo e produção de alimentos
fixaram o homem à terra, e o desenvolvimento das tecnologias de produção fez
com que o excedente pudesse ser comercializado e consumido por terceiros, o
que possibilitou o surgimento do modo de vida urbano.

A partir do início da Revolução Industrial na Europa, que posteriormente


se espalhou pelo mundo, todo elemento natural transformou-se em um
potencial produto. A partir daí, o espaço contendo matérias importantes para o
processo produtivo teve importância estratégica na lógica capitalista de
produção.

Motivações como a comercialização de produtos, dominação e


exploração dos recursos naturais, assim como razões socioculturais e políticas,
facilitadas pelo desenvolvimento de tecnologias (ferramentas, transportes,
armamentos e muitos outros) promoveram, e até hoje promovem, distintas
dinâmicas de ocupação do solo e consequente modificação, transformação,
destruição e reconstrução das paisagens.

Desse modo, vemos que a relação do homem com a natureza foi se


modificando ao longo dos tempos e, embora a dependência do homem em
relação a ela seja fundamental para sua sobrevivência, percebemos que a
preocupação com a preservação dos recursos ou mesmo com os impactos,
mesmo os mais simples – como o cuidado com o lixo doméstico –, parece não
fazer parte do cotidiano do ser humano atual.

Figura 2: Evolução do homem e sua relação com a natureza.

Fonte: http://meioambientetecnico.blogspot.com/2014/03/relacao-homem-e-natureza-parte-
4.html. Acesso em 12 jul. 2020.

A Figura 2 reflete um pouco como essa relação vem se desenvolvendo.


Seria isso um reflexo da urbanização? O homem urbano teria “esquecido” seus
laços com o meio natural e sua dependência em relação a ele?

Temos, portanto, na Educação Ambiental, o desafio de despertar


novamente a relação de pertencimento e responsabilidade do sujeito com
relação ao seu meio.
Aula 3

Evolução histórica, bases conceituais e práticas da Educação


Ambiental

Historicamente, foi com a criação dos Ministérios do Meio Ambiente nos


países desenvolvidos que o meio ambiente passou a ocupar um lugar no
debate político. A partir dos anos 1970, começam a surgir esses ministérios,
com a criação, em 2 de dezembro de 1970, da Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos durante a administração Nixon, seguida, em janeiro de
1971, pela França e em maio do mesmo ano pela Austrália. Aos poucos, todos
os países desenvolvidos passaram a ter um ministério de Meio Ambiente com
mais ou menos importância, muitas vezes resultado de uma tragédia ambiental,
como foi na Alemanha após o desastre de Chernobyl.

Desde então, a defesa do meio ambiente tem tido papel crescente no


debate político, com a criação de partidos Verdes. O desempenho eleitoral
desses partidos em países desenvolvidos tem geralmente aumentado da
década de 1980 aos dias de hoje. A questão ambiental tornou-se uma questão
política muito importante.

A conscientização quanto aos efeitos devastadores de um crescimento


industrial desordenado e o medo em relação à falta de garantia de um futuro
seguro para a humanidade levaram à internacionalização do fenômeno e seu
papel crescente no mundo da política. Ações internacionais relacionadas ao
meio ambiente se multiplicaram, com cúpulas internacionais, acordos e
protocolos, dia mundial, evolução das leis etc.

Com relação à Educação Ambiental e seu contexto, Rufino e Crispim


(2015, p. 4) mostram que,

no Brasil, o alavanque da EA, em termos legais, aconteceu em


1994, momento em que Ministério da Educação (MEC),
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal (MMA), com a interveniência do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) e o Ministério da Cultura (minC),
formularam o Programa Nacional de Educação Ambiental
(Pronea). Culminou com a assinatura, pelo presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso, da Política Nacional
de Educação Ambiental, regida pela Lei nº 9.795, de 27 de
maio de 1999.

A lei supracitada dispõe:


Art. 1º - Entendem-se por Educação Ambiental os processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.

Art. 2º - A Educação Ambiental é um componente essencial e


permanente da educação nacional, devendo estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não formal (BRASIL,
Lei nº 9.795, 1999).

Desse modo, vemos que a Educação Ambiental emerge no final da


década de 1990 em meio às cada vez mais constantes Conferências das
Partes (CoP) e demais eventos que possuem como pano de fundo a temática
ambiental.

Veremos posteriormente mais detalhes relativos à aplicação da


Educação Ambiental no Brasil.

Referências bibliográficas

ACSELRAD. H.; MELLO. C. C. A. Conflito social e risco ambiental: o caso de


um vazamento de óleo na Baía de Guanabara. In: ALlMONDA, I. (Org.).
Ecologia política – naturaleza, sociedad y utopia. Buenos Aires: Clacso,
2002. p. 293-317.

CAVALCANTI, Renata Neme. A efetividade dos instrumentos jurídicos para


a proteção ambiental: o caso do licenciamento. 2010.

RUFINO, Bianca; CRISPIM, Cristina. Breve resgate histórico da Educação


Ambiental no Brasil e no mundo. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE
GESTÃO AMBIENTAL. Porto Alegre, 2015.

RYFF, Carlos Eduardo Machado. Expansão urbana e conflito ambiental: o


caso Downtown. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e
Regional), IPPUR, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2002.

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