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Dobras
Falhas
(a) (b)
FIGURA 7.1 Rochas sujeitas a forças tectônicas são deformadas por dobramento e falha-
mento. (a) Uma exposição de camadas de rochas, originalmente horizontais, dobradas por forças
tectônicas compressivas. (b) Uma exposição de camadas de rochas, anteriormente contínuas,
permanentemente deslocadas ao longo de pequenas falhas por forças tectônicas extensionais.
[(a) Phil Dombrowski; (b) Tom Bean]
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Arenito misto e
8
1 conglomerado
2
3 Mapa geológico 7 Folhelho
8 6 Arenito
7
6
4 5
5 Siltito
4 Folhelho
Rio Susquehanna
Folhelho e
3
siltito
Calcário e
2
dolomito
1 Calcário
8
7
O
6
2 5
S
1 3 4 5 km
L
PENSILVÂNIA
Secções geológicas transversais
Área do mapa
direção ⫽ S10 °L
mergulho = 45° S
L
O
N
arenito
ho
folhel renito
a lho
folhe
ito
aren
oit
aren
ho l
folhe
Esta amostra foi comprimida sob condições Esta amostra foi comprimida sob condições
representativas da crosta superior. A fratura representativas da crosta mais profunda. Ela
indica que o mármore é frágil em ensaios de deformou-se suavemente, indicando que o
laboratório equivalentes a profundidades rasas. mármore é dúctil em profundidades maiores.
Rejeito
7.8a). Por outro lado, essa falha é chamada de inversa se o
ad
• de 315 km
eS
Lavas deslocadas
to
por vulcão é
• Vulcão que os geólogos escolheram (de forma um tanto arbitrá-
ria) de“normal”. Uma falha de cavalgamento é uma falha
Los inversa de ângulo baixo, ou seja, com ângulo de mergulho
Angeles
menor do que 45°, de forma que o movimento é mais hori-
Noroeste zontal do que vertical (Figura 7.8c). Quando sujeitas à com-
pressão horizontal, as rochas frágeis da crosta continental
geralmente quebram ao longo de falhas de cavalgamento
com ângulo de mergulho de 30° ou menos, em vez de ao
Sudeste
longo de falhas inversas com mergulho mais inclinado.
Uma falha direcional é levógira se um observador em
Arroio um lado da falha perceber que o bloco do lado oposto está
deslocado para a esquerda (Figura 7.8d). Ela é uma falha
Rejeito
de 130 m
FIGURA 7.7 Vista da Falha de Santo André, mostrando o mo-
Arroio
vimento para o noroeste da Placa do Pacífico com relação à Placa
Placa da da América do Norte. O mapa mostra uma formação de rochas
Placa do América
Pacífico do Norte
vulcânicas com 23 milhões de anos que foi deslocada 315 km.
A falha estende-se desde o topo até a base da fotografia (linha
pontilhada). Note o deslocamento do curso d’água (arroio Walla-
ce) em 130 m quando atravessa a falha. [John S. Shelton]
182 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
TEN
SÃO
COMPRESSÃO COMPRESSÃO
A falha normal é causada por forças A falha inversa é causada por forças Uma falha de cavalgamento é uma
extensionais que esticam uma rocha e compressivas que esmagam e encurtam falha inversa com um plano de falha
tendem a quebrá-la. uma rocha. com mergulho raso.
(d) (e) (f )
O
ENT
AM
ALH
O
ENT
CIS
TO
AM
EN
AM
CIS
+
ALH
TEN
SÃO forças; neste caso,
cisalhamento levógiro
Falha direcional levógira Falha direcional dextrógira com tensão.
FIGURA 7.8 A orientação das forças tectônicas determina o estilo do falhamento. As falhas
com rejeito paralelo de mergulho (a-c) são causadas por forças compressivas e extensionais. As
falhas direcionais (d, e) são causadas por forças de cisalhamento. As falhas oblíquas (f ) são causa-
das por uma combinação de forças de cisalhamento e compressivas ou extensionais.
dextrógira se o bloco do lado oposto parecer ter se deslocado deve ser mais nova que a mais nova dentre as rochas que ela
para a direita (Figura 7.8e). Como se pode ver pelo rejeito corta (as rochas deveriam estar lá antes de que pudessem ser
do arroio na Figura 7.7, a Falha de Santo André é dextrógira. falhadas), e mais antiga que a mais antiga das camadas que
Os geólogos reconhecem falhas no campo de diversas a recobrem e que não foram por ela deslocadas.
maneiras. A falha pode formar uma escarpa (pequeno pe- Em mapas geológicos, as falhas são representadas
nhasco) que marca o traço da falha na superfície do terreno por traços da falha: linhas que indicam o ponto onde uma
(Figura 7.9). Se o movimento relativo for grande, como é o falha cruza a superfície do solo. As falhas normais distin-
caso da falha transformante de Santo André, as formações guem-se das falhas de cavalgamento pelos diferentes ti-
rochosas, agora em contato umas com as outras na linha de pos de “dentes” que indicam o traço da falha:
falha, vão, provavelmente, diferir em litologia e idade. Quan-
do os movimentos são menores, as feições do deslocamento
podem ser observadas e medidas. (Veja se você pode encai-
xar de novo as camadas deslocadas pela falha de pequena
proporção na Figura 7.1b.) Para estabelecer a idade do fa-
lhamento, os geólogos usam uma ideia simples: uma falha
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esc
de fa arpa
lha
direção = N10 °L
mergulho = 57 °
muito delgadas podem ser amassadas em dobras de poucos uma dobra tão simetricamente quanto possível, com um
centímetros (Figura 7.11). O encurvamento pode ser suave flanco em cada lado do plano. A linha formada pela inter-
ou severo, dependendo da magnitude das forças aplicadas, secção do plano axial com as camadas é o eixo da dobra.
do período de tempo em que as mesmas foram aplicadas e Uma dobra horizontal simétrica tem um eixo horizontal
da habilidade das camadas de resistir à deformação. e um plano axial vertical com os flancos mergulhando si-
As rochas acamadas que foram dobradas em arco, metricamente para longe do eixo.
com a concavidade para baixo, são chamadas de anticli- Porém, as dobras raramente permanecem horizon-
nais; já aquelas dobradas com a concavidade para cima, tais. Siga o eixo de qualquer dobra no campo e, mais
formando calhas, são denominadas de sinclinais (Figura cedo ou mais tarde, a dobra desaparece ou surge mer-
7.12). Os dois lados de uma dobra são chamados de flan- gulhando no solo. Se o eixo de uma dobra não é hori-
cos. O plano axial é uma superfície imaginária que divide zontal, temos uma dobra com caimento. A Figura 7.13 traz
iclinal
Ant
Sin
c li n a l
Anticlinais
dobram-se Rocha mais antiga
para cima. Sinclinais
Eixo da dobra dobram-se
o
O eixo de uma Plan para baixo.
tal Plan
o
l O eixo de uma dobra izon
dobra horizontal ax i a
com caimento faz um Hor x i a l
a
é horizontal. ângulo com a horizontal. 45°
o
nc o
Fla nc
Fla
Fla
n
Fla
co
n
co
FIGURA 7.12 O dobramento de camadas rochosas é descrito pela direção da dobra (para
cima ou para baixo) e pela orientação do eixo da dobra e do plano axial.
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Plano axial
Anticlinal com caimento Sinclinal com caimento
um diagrama da geometria de anticlinais e sinclinais. Em vertical, a dobra é chamada de dobra reversa.1 Ambos os
cinturões de montanhas erodidos, exposições com um flancos de uma dobra reversa mergulham na mesma di-
padrão em zigue-zague podem aparecer no campo, após reção, mas a ordem da sequência de camadas no flanco
a remoção de grande parte das rochas na superfície pela inferior é precisamente o inverso da sequência original
erosão. O mapa geológico na Figura 7.4 mostra esse pa- – ou seja, as rochas mais antigas estão sobrepostas às
drão característico. mais novas.
As dobras também não costumam permanecer si- As observações no campo raramente fornecem aos
métricas. Com o aumento da deformação, as dobras geólogos informações completas. Ou o substrato é obs-
podem ser levadas a assumir formas assimétricas, com curecido por solos ou a erosão removeu a maioria das
um flanco mergulhando mais que o outro (Figura 7.14). estruturas pretéritas. Desse modo, os geólogos buscam
Essas dobras assimétricas são comuns. Quando a de- evidências que possam ser utilizadas para descobrir a
formação é intensa e um flanco foi inclinado além da relação de uma camada com a outra. Por exemplo, no
Dobras simétricas têm flancos que Dobras assimétricas têm um flanco Dobras reclinadas têm flancos que
se inclinam simetricamente em relação que se inclina com ângulo maior em se inclinam na mesma direção, mas
ao plano axial. relação ao outro. um deles foi inclinado além da vertical.
o
an
Pl al
ix
a
clinal
Si nti
n cl al A
in
co
Plano axial
Fl
an ial
o ax
n
Pla
Flanco
nco
Fla nco
nco Fla
Fla
al
axi
Fl
co anc
no
an
Fl o
Pla
FIGURA 7.14 Com o aumento da deformação, as dobras são empurradas em formas assi-
métricas. [(esquerda) cortesia de Cleet Carlton/Golden Gate Photo; (centro) cortesia de Mark McNaught; (direita)
John Grotzinger]
186 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
campo ou no mapa, um anticlinal erodido seria reco- A capacidade de refinar óleo limpo para lamparinas
nhecido por uma faixa de rochas mais antigas formando a partir do petróleo deflagrou o primeiro boom do óleo.
um núcleo bordejado, em ambos os lados, por rochas A mineração do “ouro negro” concentrou-se em áreas
mais novas com mergulhos divergentes. Uma sinclinal em torno do Lago Erie, onde foram descobertos grandes
erodida mostrar-se-ia como um núcleo de rochas mais afloramentos de petróleo – no noroeste da Pensilvânia,
novas bordejadas, em ambos os lados, por rochas mais nordeste de Ohio e sul de Ontário. Os primeiros explo-
antigas, que mergulham para o centro da estrutura. Essas radores de petróleo, como o autoproclamado “Coronel”
relações estão ilustradas nas Figuras 7.4 e 7.13. A deter- Edwin Drake, da Pensilvânia, simplesmente perfura-
minação da estrutura subsuperficial de dobras por ma- vam os afloramentos, mas essa abordagem direta logo
peamento de superfície é um método importante para se mostrou uma estratégia inadequada para satisfazer a
encontrar óleo, conforme descrito na seção Geologia na nova sede de petróleo.
Prática deste capítulo. O conhecimento geológico podia ser usado para
localizar grandes reservatórios de petróleo escondi-
dos no subsolo, ou seja, em regiões onde nenhum
óleo aflorava à superfície? Uma resposta afirmativa foi
dada em 1861 por T. Sterry Hunt, um geoquímico nas-
GEOLOGIA NA PRÁTICA cido em Connecticut (EUA). Hunt, membro do Servi-
Como usamos mapas geológicos para ço Geológico do Canadá, era ativo na nova ciência do
mapeamento de recursos naturais. Ele documentou os
encontrar petróleo? afloramentos de petróleo do sul de Ontário em 1850. À
O óleo bruto, ou petróleo (do latim “óleo de rocha”), tem medida que a produção de óleo da região aumentava,
sido coletado de infiltrações naturais na superfície ter- ele percebeu que os afloramentos e os poços bem-su-
restre desde épocas antigas. A substância betuminosa cedidos tendiam a estar alinhados ao longo de cristas
de cheiro ruim já foi usada como calafetagem de barcos, de dobras geológicas.
graxa para rodas e remédio, mas não era comum usá-la Hunt também havia estudado as propriedades físi-
como combustível até o processo de refinamento de pe- cas e químicas do petróleo no laboratório e sabia que ele
tróleo ser desenvolvido na década de 1850. A demanda se formava quando rochas sedimentares ricas em mate-
disparou naquela época, principalmente porque o óleo rial orgânico eram sujeitas ao calor e à pressão (ver Ca-
de gordura de baleia, o melhor combustível que havia pítulo 5). O petróleo é mais leve que a água; devido a seu
disponível para as lamparinas, ficou incrivelmente caro empuxo, ele tende a ascender em direção à superfície. A
(US$ 60 por galão em valores atuais!) quando a pesca hipótese proposta por Hunt era que o petróleo ascen-
excessiva dizimou populações de baleias. dente acumulava-se em “rochas reservatório” porosas,
A
CA
Rocha capeadora
LC
Rocha
ÁR
FO
reservatório
IO
LH
EL
HO
AR
Gáááss
EN
FO
ITO
LH
Óleo
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EL
EN
HO
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Água
N
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ur
oM
on
longo dos eixos de dobras de anticlinais, onde volumes
Lag
consideráveis de petróleo podiam estar presos sem esca-
par para a superfície.
A figura que acompanha esta seção ilustra uma 8 km
armadilha anticlinal, para a qual podemos imaginar a 7
seguinte narrativa de descoberta geológica. A erosão
6 Península
da dobra expôs uma sequência de arenitos, calcários e de Michigan
folhelhos. O mapeamento feito por um geólogo em- N 5
preendedor mostra que o eixo do anticlinal tem dire- 50 km
4
ção nordeste. A perfuração no ponto A sobre o eixo do
anticlinal penetra, em primeiro lugar, uma camada es-
pessa de arenito exposta na superfície e, a seguir, uma 3 2
camada mais delgada de folhelho. Logo abaixo do fo-
lhelho, a equipe de perfuração encontra outra camada
de arenito contendo gás e, abaixo desse gás, quanti- 7 Folhelho vermelho
dades significativas de óleo. O geólogo infere que o
6 Arenito
folhelho está capeando um importante reservatório de
petróleo na camada mais profunda do arenito, então 5 Folhelho C
instrui a equipe a mover-se ao longo da direção do an- 4 Folhelho B
ticlinal e perfurar no ponto B. Bingo: mais um próspero 3 Calcário
poço de óleo!
2 Dolomito
A “teoria anticlinal” de Hunt permitiu que os geólo-
gos descobrissem óleo (alguns ficaram ricos) mapeando 1 Folhelho A
estruturas de dobras na superfície e, mais tarde, por ima-
FIGURA 7.15 Mapa geológico e secção transversal da Bacia
gens tridimensionais dessas estruturas, usando técnicas
de Michigan, que mostra camadas sedimentares depositadas
sísmicas. Os resultados foram impressionantes: a maior em uma sequência delgada da mais antiga (formação 1) para a
parte do total de um trilhão de barris de óleo bruto pro- mais nova (formação 7) durante a subsidência da bacia. A secção
duzido desde 1861 veio de armadilhas anticlinais de transversal foi exagerada verticalmente por um fator de 5:1.
óleo do tipo que Hunt descobriu.
PROBLEMA EXTRA: A empresa que gerencia o petróleo
tares com muitos quilômetros de espessura. Um domo
mostrado na figura gostaria de expandir suas opera-
é uma estrutura anticlinal, uma vasta saliência circular
ções, então propuseram perfurar um novo poço ao
ou oval de camadas rochosas. As camadas dos flancos
longo do eixo do anticlinal no ponto C. Como você,
de domo circundam-no em um ponto central e mergu-
que trabalha com consultoria geológica, classificaria
lham radialmente a partir deste (Figura 7.16). Os domos,
as chances de obter outro poço promissor? Ilustre sua
como outros anticlinais, são importantes para a geologia
resposta com um esboço de uma secção transversal
do petróleo, porque o óleo é mais leve e tende a migrar
geológica.
para cima através das rochas permeáveis (ver Geologia
na Prática). Se as rochas nos pontos superiores de um
domo são impermeáveis, o petróleo fica aprisionado,
pois é retido pelas mesmas.
Estruturas circulares Os domos e as bacias têm diâmetros típicos de
A deformação ao longo de limites de placas por forças muitos quilômetros, sendo que alguns podem chegar
com direção horizontal geralmente é expressa em falhas e a centenas de quilômetros. Eles são reconhecidos no
dobras lineares orientadas quase paralelamente ao limite. campo por exposições com as formas circulares ou ovais
Alguns tipos de deformação, contudo, são mais simétri- características. Nessas exposições, as camadas rochosas
cos, formando estruturas praticamente circulares, chama- mergulham para baixo em direção ao centro da bacia, ou
das de bacias e domos. para cima em direção à parte superior do domo (ver Fi-
Uma bacia é uma estrutura sinclinal, uma depressão guras 7.15 e 7.16).
de camadas rochosas em forma de tigela nas quais as Algumas estruturas circulares são formadas por vá-
camadas mergulham radialmente em direção a um pon- rios episódios de deformação – por exemplo, quando as
to central (Figura 7.15). Os sedimentos frequentemente rochas são comprimidas em uma direção e, a seguir, no-
são depositados em bacias (ver Capítulo 5). Em alguns vamente em uma direção quase perpendicular à direção
casos, como a Bacia de Michigan, mostrada na Figura original. Porém, em muitos outros casos, essas estruturas
7.15, essa deposição pode produzir sequências sedimen- resultam da força para cima do material ascendente ou
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(a) (b)
FIGURA 7.17 Padrões de juntas. (a) Intersecção de juntas em uma exposição enorme de
granito, Joshua Tree National Park, Califórnia (EUA). (b) Juntas colunares em basalto, Giants Cau-
seway, Irlanda do Norte. [(a) Sean Russell/Photolibrary; (b) Michael Brooke/Photolibrary]
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(a) (b)
FIGURA 7.18 (a) Brecha de falha desenvolvida em uma falha no leste de Nevada (EUA). A bre-
cha com cor de ferrugem mostra uma textura cataclástica. As rochas cinzas nos dois lados são
calcários. (b) O milonito desenvolveu-se na zona de cisalhamento de Great Slave Lake, nos Terri-
tórios do Noroeste, Canadá. A rocha era originalmente um granito. Como resultado de intensas
forças de cisalhamento, os cristais de feldspato potássico grandes e originalmente angulares
rolaram e transformaram-se em bolas suaves. [(a) Marli Miller; (b) John Grotzinger]
que há muito tempo desapareceram, podem deixar um ta. À medida que as rochas ao longo de um plano de fa-
conjunto de juntas como registro da sua atuação. lha de cisalhamento deslizam umas em relação às outras,
As juntas também podem formar-se como resultado elas moem e fragmentam mecanicamente a rocha sólida.
de uma expansão e contração não tectônica das rochas. Onde as rochas se comportam como materiais frágeis
Os padrões regulares de juntas são frequentemente en- (geralmente na crosta superior), o cisalhamento produz
contrados em plútons e lavas que se resfriaram, contra- rochas com texturas cataclásticas, em que os grãos são
íram e fraturaram. A erosão pode eliminar as camadas fragmentos quebrados e angulares. Uma rocha desse tipo,
superficiais, diminuindo a pressão confinante nas forma- chamada de brecha de falha, é mostrada na Figura 7.18a.
ções sotopostas, e permitindo que as rochas expandam-se Se o cisalhamento ocorre em profundidades onde
e quebrem-se ao longo dos defeitos. as temperaturas e as pressões são altas o suficiente para
As juntas são, geralmente, apenas o início de uma que ocorra deformação dúctil, são formadas as rochas
série de mudanças que vai alterar as formações rocho- metamórficas chamadas de milonitos (Figura 7.18b). O
sas significativamente à medida que envelhecerem. Por movimento de uma superfície rochosa contra outra pro-
exemplo, as juntas fornecem canais através dos quais a duz a recristalização e a granulação dos minerais, trans-
água e o ar podem atingir a formação em profundidade formando-os em fitas ou bandas. O desenvolvimento
e acelerar o intemperismo e o enfraquecimento interno de milonitos ocorre tipicamente em metamorfismo de
da estrutura. Se dois ou mais conjuntos de juntas inter- grau xisto-verde a anfibolito (ver Capítulo 6). Os efei-
sectam-se, o intemperismo pode controlar a quebra da tos texturais da deformação são principalmente óbvios
formação em grandes colunas ou blocos (Figura 7.17b). A em milonitos, mas também são provenientes de rochas
circulação de fluidos hidrotermais através das juntas pode cataclásticas.
depositar minerais, como quartzo e calcita, formando A Falha de Santo André, no sul da Califórnia, é um
veios, como vimos no Capítulo 3. bom estudo de caso de como texturas de deformação
podem estar relacionadas a mudanças de temperaturas
e pressões com a profundidade. Essa falha marca o limi-
As texturas da deformação te entre a Placa do Pacífico e a Placa da América do Nor-
As juntas são exemplos de pequenas feições em forma- te (ver Figura 7.7) e estende-se reta através da crosta até,
ções rochosas que são mais bem observadas de perto em provavelmente, o manto. Até uma profundidade de por
uma exposição. Outro tipo de estrutura de deformação de volta de 20 km, pensa-se que a falha é bastante estreita
pequena escala é a textura de uma massa de rocha em e caracterizada por texturas cataclásticas, indicando que
áreas de cisalhamento localizado, como zonas de falha. houve deformação frágil. Terremotos são gerados nessa
Como vimos, os movimentos tectônicos causam o zona. No entanto, não ocorrem terremotos em profun-
fraturamento e o deslizamento das partes frágeis da cros- didades maiores que 20 km, e pensa-se que a falha é
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(a) Tectônica extensional: a extensão da crosta continental produz falhas normais com altos ângulos de
mergulho na crosta superior que se achatam com a profundidade, formando superfícies de falhas
curvadas.
Falha normal
Crosta superior frágil
(b) Tectônica compressiva: a compressão da crosta continental ocorre em falhas de cavalgamento com
baixo ângulo.
Cinturão de dobras e empurrões
Falha de cavalgamento
(c) Tectônia de cisalhamento: o cisalhamento da crosta continental ocorre em uma falha direcional quase
vertical. O caso mostrado aqui é o de uma falha dextrógira.
Falha direcional
FIGURA 7.19 A orientação de forças tectônicas – (a) extensional, (b) compressiva e (c) de ci-
salhamento – determina o estilo da deformação continental. Em escala regional, os tipos básicos
de falhamento mostrados nas figuras menores podem levar a padrões complexos e diferenciados
de deformação. [Fonte: John Suppe, Principles of Structural Geology. Upper Saddle River, N.J.: Prentice Hall, 1985]
1 As forças compressivas
fraturaram as camadas Falha de cavalgamento de Keystone, sul de Nevada (EUA)
rochosas...
2 ... empurrando-as
horizontalmente sobre
D B
uma secção das mesmas
C
rochas. D
C B D
B
D
C
A B
mentos, alguns cobertos com rochas vulcânicas recentes 7.19b). Grandes terremotos são comuns em cinturões de
(ver Figura 10.5). Essa deformação extensional, que pa- dobras e empurrões; um exemplo recente é o grande ter-
rece ser causada por correntes de convecção de ascensão remoto Wenchuan que atingiu Sichuan, China, em 12 de
sob a província de Bacias e Cristas, continua até hoje. maio de 2008, matando mais de 80 mil pessoas.
As colisões contínuas da África, Arábia e Índia com a
margem sul do continente Eurasiano criaram cinturões de
Tectônica compressiva dobras e empurrões dos Alpes até o Himalaia, sendo que
Em zonas de subducção, a litosfera oceânica desliza sob muitos deles ainda estão ativos. Os grandes reservatórios
uma placa acavalada ao longo de uma enorme falha de de óleo no Oriente Médio estão aprisionados em anticli-
cavalgamento, ou megathrust. Os maiores terremotos do nais estruturados por essa deformação. Compressões no
mundo, como o de Sumatra em 26 de dezembro de 2004, oeste da América do Norte, causadas pelo movimento
são causados por deslizamentos súbitos em megathrusts. na direção oeste daquele continente durante a abertura
A falha de cavalgamento também é o tipo mais comum do Oceano Atlântico, criaram o cinturão de dobras e em-
de falhamento em continentes que são submetidos à purrões das Rochosas Canadenses. A Província de Vales e
compressão tectônica. Lâminas de crosta podem deslizar Cristas dos Apalaches é um antigo cinturão de dobras e
umas em relação às outras por dezenas de quilômetros ao empurrões que data do tempo das colisões que criaram o
longo de falhas de cavalgamento quase horizontais, for- supercontinente Pangeia.
mando estruturas de overthrust (Figura 7.21).
Quando dois continentes colidem, a crosta pode ser
comprimida por uma zona ampla, resultando em episó- Tectônica de cisalhamento
dios espetaculares de soerguimento de montanhas. Du- Uma falha transformante é uma falha direcional que
rante essas colisões, as rochas frágeis do embasamento constitui um limite de placas. Falhas transformantes,
cavalgam umas sobre as outras por falha de cavalgamen- como a de Santo André, podem deslocar formações geo-
to, enquanto as rochas sedimentares mais dúcteis sobre- lógicas por distâncias longas (ver Figura 7.7), mas, desde
postas são comprimidas em uma série de enormes do- que permaneçam alinhados com a direção do movimento
bras, formando um cinturão de dobras e empurrões (Figura relativo das placas, os blocos nos dois lados podem desli-
te, as forças tensionais resultaram em falhamento normal, altamente torcidas, que constituem as rochas do embasa-
que fragmentou a crosta em blocos. mento no interior dos continentes.
O geólogo vê apenas o último estágio, mas concebe
a sequência inteira. Ele começa identificando e determi-
nando as idades das camadas rochosas e registrando a RESUMO
orientação de camadas, dobras e falhas em mapas geo-
Como os geólogos representam a estrutura geológica em
lógicos. A seguir, usa esses mapas para construir seções
mapas e diagramas? Duas medidas importantes em ma-
transversais das feições subsuperficiais. Quando as cama-
pas e diagramas geológicos são a direção e o mergulho. A
das sedimentares foram identificadas, o geólogo assume
direção é o ponto cardeal de uma camada rochosa onde
que elas devem ter sido originalmente horizontais, e não ela intersecta uma superfície horizontal. O mergulho é o
deformadas, dispostas no fundo de um oceano ancestral. ângulo em que a camada rochosa inclina-se a partir da
Os eventos posteriores podem, então, ser reconstruídos. horizontal, medido em ângulo reto à direção. O mapa ge-
O relevo da superfície atual – como encontramos nos ológico é um modelo bidimensional das feições geológi-
Alpes, nas Montanhas Rochosas, nas Cadeias Costeiras cas expostas na superfície terrestre, mostrando várias for-
do Pacífico e no Himalaia – pode estar relacionado, em mações rochosas, bem como outras feições, como falhas.
grande parte, com a deformação que ocorreu durante as Uma seção transversal geológica é um diagrama que re-
últimas dezenas de milhões de anos. Esses sistemas de presenta as feições geológicas que seriam visíveis se fosse
montanhas mais novos ainda contêm muito da informa- cortada uma fatia vertical em parte da crosta. As secções
ção que o geólogo necessita para reconstruir a história da geológicas transversais podem ser construídas com base
deformação. No entanto, a deformação que ocorreu cen- nas informações de um mapa geológico, embora possam
tenas de milhões de anos atrás, bem como as montanhas ser aprimoradas com dados subsuperficiais coletados por
enrugadas, não existe mais. A erosão deixou apenas os perfuração ou por imagens sísmicas.
remanescentes de dobras e falhas, expressos como cris-
tas baixas e vales rasos. Como veremos no Capítulo 10, O que os laboratórios dizem a respeito da maneira como as
mesmo episódios mais antigos de construção de monta- rochas deformam-se? Os estudos de laboratório mostram
nha são evidentes a partir das formações metamorfizadas que rochas sujeitas a forças tectônicas podem comportar-
Wyoming
Nebraska
Utah
Quando deformadas, as rochas podem formar dobras. Um anticlinal é uma dobra em forma de
arco, enquanto um sinclinal assemelha-se a um vale. Ao examinar uma exposição de rocha, pode-
mos reconhecer um anticlinal por uma sequência de camadas inclinadas na direção oposta do cen-
tro da dobra. Para um sinclinal, as camadas teriam uma inclinação para o centro da dobra. Vamos
analisar um exemplo de Wyoming (EUA).
a. As camadas estão inclinadas na direção oposta estão dentro ou fora da dobra? (Dica: Imagine
ao centro da dobra, tornando-a um sinclinal. uma pilha de papéis em que os papéis do fundo
b. As camadas estão inclinadas para o centro da representam as camadas mais antigas, e os da
dobra, tornando-a um sinclinal. parte de cima são as camadas mais novas. Se você
c. As camadas estão inclinadas na direção oposta dobrar a pilha na forma de um U [sinclinal], os
ao centro da dobra, tornando-a um anticlinal. papéis “mais antigos” estão localizados dentro ou
d. As camadas estão inclinadas para o centro da fora da dobra? Se você inverter essa pilha na for-
dobra, tornando-a um anticlinal. ma de um U invertido [anticlinal], onde estão as
camadas mais antigas agora?)
4. Nessa mesma área, qual é a maior altitude aproxi-
mada no topo elevação? a. Em Canyon Ribbon, as camadas mais antigas
estão fora da dobra.
a. 1275 m
b. Em Canyon Ribbon, as camadas mais antigas
b. 1320 m
estão dentro da dobra.
c. 1530 m
c. Em Canyon Ribbon, todas as camadas mais
d. 1610 m
antigas têm a mesma idade.
d. Em Canyon Ribbon, existe falhamento, e não
Pergunta-desafio opcional dobramento das camadas.
5. Pense em como os anticlinais e sinclinais são for-
mados. Você acha que as camadas mais antigas
-se como materiais frágeis ou dúcteis. Esse comporta- Quais são os principais estilos de deformação continen-
mento depende da temperatura e da pressão, do tipo de tal? Há três estilos principais de deformação continental. A
rocha, da velocidade da deformação e da orientação das tectônica extensional produz vales em rifte com falhamen-
forças tectônicas. to normal; em regiões continentais submetidas à extensão,
os ângulos de mergulho das falhas normais achatam-se
Quais são as estruturas deformacionais básicas que os ge- com a profundidade, fazendo com que os blocos de falhas
ólogos observam no campo? Entre as estruturas geológi- inclinem-se na direção oposta do rifte à medida que o fa-
cas que resultam de deformação, incluem-se as dobras, as lhamento continua. A tectônica compressiva produz falhas
falhas, as estruturas circulares, as juntas e as texturas de de cavalgamento; no caso de colisões entre continentes, a
deformação causadas por cisalhamento. As fraturas são compressão pode produzir cinturões de dobras e empur-
conhecidas como falhas se as rochas forem deslocadas rões. A tectônica de cisalhamento produz falhamento dire-
pela superfície da fratura e como juntas se não for obser- cional, mas dobras e deslocamentos na falha podem causar
vado deslocamento algum. falhas de cavalgamento e falhas normais localmente.
Que tipos de forças produzem essas estruturas de defor- Como os geólogos reconstroem a história de uma região? Os
mação? As falhas e as dobras são causadas, basicamente, geólogos podem observar apenas os resultados finais de
por forças tectônicas horizontalmente direcionadas em uma sucessão de eventos: deposição, deformação, erosão,
limites de placas. Forças compressivas horizontais em li- vulcanismo, etc. Eles deduzem a história deformacional
mites divergentes produzem falhas normais; forças com- de uma região por meio da identificação e determinação
pressivas horizontais em limites convergentes produzem da idade das camadas rochosas, registrando a orientação
falhas de cavalgamento; e forças de cisalhamento hori- geométrica das mesmas em mapas geológicos, mapeando
zontais em limites de falha transformante produzem fa- dobras e falhas e reconstruindo seções da subsuperfície con-
lhas direcionais. As dobras geralmente são formadas por sistentes com as observações de superfície.
forças compressivas em rochas acamadas, como aquelas
que ocorrem ao longo de limites onde placas colidem. Es-
truturas circulares, como domos e bacias, podem ser cau- CONCEITOS E TERMOSCHAVE
sadas por forças com direção vertical, distante dos limites
de placas. Certos domos são causados pela ascensão de anticlinal (p. 183) domo (p. 186)
material menos denso. As bacias podem ser formadas bacia (p. 186) dúctil (p. 180)
quando as forças extensionais estiram a crosta ou quan- deformação (p. 176) falha com rejeito paralelo
do uma porção aquecida desta resfria-se e contrai-se. As ao mergulho (p. 181)
direção (p. 177)
juntas podem ser causadas por tensões tectônicas ou por
dobra (p. 183) falha de cavalgamento
resfriamento e contração de formações rochosas.
(p. 181)
C A P Í T U LO 7 D E F O R M A Ç Ã O : A M O D I F I C A Ç Ã O D E R O C H A S P O R D O B R A M E N TO E FA L H A M E N TO 197