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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


E O DIREITO AMBIENTAL

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 03

UNIDADE 2 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE ................ 05

UNIDADE 3 – A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ...................... 08

UNIDADE 4 – ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS.............................. 16

UNIDADE 5 – POLUIÇÃO E DANO AMBIENTAL .......................................... 38

UNIDADE 6 – RECURSOS HÍDRICOS ........................................................... 50

UNIDADE 7 – GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS ................................... 57

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 63

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

O meio ambiente é direito fundamental que origina-se da reação do homem


às ameaças fundamentais que o circundam.

Para OSCAR VILHENA VIEIRA (2006, p. 36), direitos fundamentais são o


conjunto de direitos da pessoa humana expressa ou implicitamente reconhecidos
por uma determinada ordem constitucional.

Os direitos fundamentais apresentam, segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO


(2011), uma dupla faceta: consistem tanto em direitos subjetivos como também em
elementos fundamentais da ordem constitucional vigente.

Como direitos subjetivos, os direitos fundamentais facultam aos seus titulares


a possibilidade de impor os seus interesses frente aos órgãos obrigados; na
condição de elemento fundamental de ordem constitucional, os direitos
fundamentais representam a base da ordem jurídica de um Estado Democrático de
Direito (MENDES, 2004, p, 2).

Assim, veremos ao longo desta apostila que na nova ordem jurídica advinda
com a Carta Constitucional de 1988, o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado assegura qualidade de vida, com desenvolvimento econômico-social,
para as presentes e futuras gerações, consistindo em instrumento essencial para
garantir a dignidade da pessoa humana.

Falaremos das referências constitucionais ao meio ambiente, os objetivos e


instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Tópicos como os espaços territoriais protegidos que ao longo da evolução da


humanidade vêm sendo incorporados pela legislação devido a importância de sua
preservação e equilíbrio para que as gerações atuais e futuras possam viver sem
comprometimento de sua qualidade de vida, além de conceitos como poluição e
dano ambiental; recursos hídricos – fonte de vida na Terra – gestão de florestas e
florestas públicas serão amplamente discutidos ao longo desta apostila.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um

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pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para
sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

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UNIDADE 2 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO


AMBIENTE

A Constituição consiste na lei suprema do ordenamento jurídico do Estado.


De acordo com o princípio da supremacia da Constituição, esta se coloca no topo do
ordenamento jurídico de uma nação; todas as demais normas apenas serão
legítimas na medida em que se conformarem com as normas constitucionais.

A Constituição é, pois, a norma de todas as outras normas, o fundamento da


autoridade de todos os poderes constituídos (CAETANO, 1987, p. 401).
Consequentemente, não se dá conteúdo à Constituição a partir das leis. A fórmula a
adotar-se para a explicitação de conceitos opera sempre 'de cima para baixo', o que
serve para dar segurança em suas definições.

O postulado da supremacia da Constituição repele todo o tipo de


interpretação que venha de baixo, seria o mesmo que dizer, repele toda a tentativa
de interpretar a Constituição a partir da lei. O que cumpre ser feito é sempre o
contrário, vale dizer, procede-se à interpretação do ordenamento jurídico a partir da
Constituição (BASTOS, 1999, p. 101).

Conforme Benjamin (2002, p. 93), “A constitucionalização do ambiente, ou


seja, a elevação das normas de proteção ambiental ao status constitucional, é
considerada uma tendência mundial irreversível”, dado o crescente número de
nações que passaram a incluir em suas respectivas Cartas normas de tal natureza.

Neste contexto, a Constituição Federal do Brasil de 1988 é reconhecida


internacionalmente como merecedora de elogios quanto à preocupação ambiental
que ostenta. De fato, a Carta de 1988 apresenta uma série de preceitos quanto à
tutela ambiental, seja de forma fragmentada em diversos Capítulos, seja em um
Capítulo específico do ambiente.

As referências constitucionais ao ambiente iniciam-se entre os direitos e


deveres individuais e coletivos (Título lI, Capítulo I, art. 5.°, LXXIII), ao legitimar
qualquer cidadão a interpor ação popular para anulação de ato lesivo ao meio
ambiente.

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O art. 20, lI, prevê serem bens da União Federal as terras devolutas
“indispensáveis (...) à preservação ambiental, definidas em lei”.

No art. 23, VI e VII, a Carta dispõe ser competência comum da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção do meio ambiente e o combate à
poluição em qualquer de suas formas, bem como a preservação das florestas, da
fauna e da flora.

O art. 24, VI, VII e VIII, estabelece a competência legislativa concorrente da


União, dos Estados e do Distrito Federal, para, respectivamente, “florestas, caça,
pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição”, (...) “proteção ao patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico", e "responsabilidade por dano ao
meio ambiente (...)”.

Prevê que o Conselho de Defesa Nacional tem por competência, entre outras,
“propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança
do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos
naturais de qualquer tipo”.

Igualmente, como matéria que pode ser objeto de inquérito civil e de ação civil
pública pelo Parquet (art. 129, III), como princípio que rege a ordem econômica (art.
170, VI), devendo ser considerado por cooperativas de garimpo a serem favorecidas
pelo Estado (art. 174, § 3.°), e tema a ser compreendido na função social da
propriedade (art. 186, II).

Ainda, a Carta de 1988 prevê o dever do sistema único de saúde de


“colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (art.
200, VIII) e a caracterização de conjuntos urbanos e sítios de valor ecológico como
patrimônio cultural brasileiro (art. 216, V).

Finalmente, o art. 220, § 1.0, II atribui à lei federal a competência para


estabelecer “os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de
se defenderem (...) da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser
nocivos à saúde e ao meio ambiente”, e o art. 231, § 1.°, que prevê a caracterização
como terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as “imprescindíveis à
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preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias


a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”.

Além das referências apontadas, que se encontram explícitas no texto


constitucional, há várias outras que também denotam, ainda que de forma indireta, a
tutela ambiental, as quais o professor JOSÉ AFONSO DA SILVA (2002, p. 49)
denomina de referências implícitas.

Neste sentido, a competência da União para instituir o Sistema Nacional de


Gerenciamento de Recursos Hídricos (art. 21, XIX), consiste em importante
instrumento para a proteção da água e racionalização de seu uso.

No mesmo sentido, temos a previsão de que compete à União instituir


diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos (art. 21, XX), visto que são temas que apresentam grande
potencial de degradação ambiental e que, portanto, são merecedores de um
planejamento em escala nacional (BELTRÃO, 2011).

Como se vê a Carta assegura a máxima proteção e uso racional dos bens


ambientais, mas infelizmente, por questões as mais diversas, tais como
necessidade, ignorância ou ganância, não somente os legisladores como grande
parte dos cidadãos brasileiros perceberam a necessidade de uma legislação das
mais severas para que os recursos sejam usados de maneira racional sem
comprometer as gerações atuais e futuras.

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UNIDADE 3 – A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída por meio da Lei nº
6.938/1981. Apesar de cronologicamente anteriores, o Código de Águas (Decreto-lei
852, de 11.11.1938), o Código Florestal (Lei 4.771, de 15.09.1965), o Código da
Caça (Lei 5.197, de 03.01.1967), o Código de Pesca (Decreto-lei 221, de
28.02.1967), o Código de Mineração (Decreto-lei 227, de 28.02.1967) e o Código
Brasileiro do Ar (Lei 6.833, de 30.09.1980) não são, em regra, considerados normas
propriamente de tutela do meio ambiente, uma vez que tratam apenas
incidentalmente do tema (HORTA, 1995, p. 304).

Logo, pode-se afirmar que a Lei nº 6.938/1981 consiste no primeiro diploma


legal em nosso direito positivo que disciplina de forma sistematizada o meio
ambiente, definindo meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição,
poluidor e recursos ambientais.

Essa lei disciplina o meio ambiente não mais com a visão privatista, limitada
ao conteúdo econômico, própria da doutrina liberal das leis que a antecederam; o
meio ambiente passa a ser tutelado em seu conjunto, como bem pertencente a toda
a coletividade, transindividual, de natureza difusa e titularidade indeterminada.

É instituída uma Política Ambiental de âmbito nacional, que tem por objetivo a
proteção do meio ambiente, o planejamento racional na utilização dos recursos
naturais, a responsabilização civil objetiva do infrator, dentre outros, conforme será
abordado no item seguinte. Outrossim, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), indica os seus
instrumentos legais, entre outras disposições (BELTRÃO, 2011).

3.1 Objetivos da PNMA

A Lei nº 6.938/1981 estabelece em seu art. 4° os objetivos da Política


Nacional do Meio Ambiente, que passamos a analisar brevemente.

I - A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a


preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

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A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada


em junho de 1972 em Estocolmo, Suécia, conhecida como a Declaração de
Estocolmo, consiste em um dos primeiros e mais importantes documentos
internacionais sobre o meio ambiente.

Desde então, estabeleceu-se um certo conflito de interesses entre países


pobres, que não aceitariam restrições de cunho ambiental que dificultassem seu
desenvolvimento econômico, e países ricos, que, para alcançar o atual estágio de
desenvolvimento, destruíram, em regra, boa parte de seus recursos naturais. Da
oposição da tese "proteção ambiental" com a antítese "desenvolvimento econômico"
surgiu a síntese "desenvolvimento sustentável", de acordo com a forma de Hegel.

O inciso acima trata exatamente desse aparente conflito. A Política Nacional


do Meio Ambiente, portanto, não pretende sacrificar o desenvolvimento econômico
do país em beneficio do meio ambiente. Por outro lado, tal desenvolvimento
econômico há de se compatibilizar com a preservação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico. Um dos principais instrumentos para alcançar
esse objetivo consiste na utilização de tecnologia.

Ressalte-se que a Constituição Federal prevê expressamente no artigo 170,


VI que "a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação" consiste em um dos princípios gerais que regem a atividade
econômica no país.

II- A definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à


qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas, federal,
estadual e municipal, deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.

A qualidade ambiental corresponde ao conjunto de elementos propiciadores


da vida no mundo natural, sendo pressuposto da qualidade de vida; o equilíbrio

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ecológico consiste na manutenção das características essenciais de um


ecossistema.

A Carta de 1988 elevou ao status constitucional essa previsão, conforme


estabelecido em seu art. 225, § 1º, que atribui ao Poder Público o dever de
assegurar a efetividade do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, para atender aos fins ali indicados.

III- O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de


normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar quais os critérios a serem


observados para a utilização dos recursos ambientais. Consiste em um dos
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme o art. 9.°, I, da Lei
6.938/1981, que será mais adiante analisado.

IV - O desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais


orientadas para o uso racional de recursos ambientais; o uso de tecnologia é
absolutamente fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Neste contexto, o Poder Público tem um papel essencial como fomentador de


pesquisas e de novas tecnologias, sempre com o objetivo de otimizar o processo
produtivo, reduzindo o volume final de resíduos a serem lançados no ar, nas
correntes de água ou absorvidos pelo solo.

Também corresponde a um dos instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente, conforme o art. 9.°, V, da Lei nº 6.938/1981.

V - A difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação


de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;

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Além da necessidade de criação de novas tecnologias, faz-se fundamental,


naturalmente, divulgá-Ias para que passem a ser utilizadas por um maior número
possível de agentes.

Como já visto, o acesso à informação consiste em um dos princípios basilares


do direito ambiental, pressuposto para a participação pública, essencial para a
evolução e fortalecimento da proteção do ambiente.

A Lei nº 10.650, de 16.04.2003, influenciada pela Convenção de Aarhus de


1998, disciplina o "acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e
entidades integrantes do SISNAMA", impondo a todos os órgãos e entidades da
administração direta e indireta que o integram, o que abrange União Federal,
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios," o dever geral de permitir o
acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que
tratem de matéria ambiental, assim como de fornecer informações ambientais que
estejam sob sua guarda.

A "formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação


da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico" relaciona-se à educação
ambiental, dever do Poder Público nos termos do art. 225, § 1.°, VI, da Constituição
Federal.

VI - A preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à


sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

Uma característica comum dos recursos naturais é a escassez. De fato, se os


recursos naturais fossem infindáveis não haveria necessidade de intervenção
governamental para regulá-los. Desta escassez decorre o choque de interesses dos
diversos setores da sociedade acerca de como utilizá-los. Como consequência, o
planejamento racional por parte das autoridades governamentais é essencial para
assegurar que as melhores decisões serão tomadas com intuito do interesse da
coletividade e do meio ambiente.

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A utilização racional dos recursos naturais tem por finalidade propiciar a sua
disponibilidade permanente, assegurando, assim, o direito das futuras gerações,
conforme prevê o art. 225, caput, da Constituição Federal.

VII - A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar


e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Em sua primeira parte, corresponde ao princípio do poluidor-pagador, que


decorre da teoria econômica segundo a qual se devem internalizar os custos
externos, impondo-se ao poluidor a responsabilidade pelo custo social da
degradação ambiental por ele produzida.

Quanto à contribuição do usuário, esta consiste no princípio do usuário-


pagador, que impõe a cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem
ambiental. Sua natureza é meramente remuneratória, ou seja, não é punitiva
(BELTRÃO, 2011).

3.2 SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

A Lei nº 6.938/81 criou em seu art. 6º, o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), constituído pelos órgãos e entes responsáveis pela “proteção e
melhoria da qualidade ambiental” da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

É um sistema de natureza administrativa, composto pelos órgãos ou entes


ambientais do Poder Executivo, administração direta ou indireta, nas três esferas da
Federação, que tem por finalidade a gestão do ambiente nacional.

São órgãos do SISNAMA:

a) órgão superior – Conselho de Governo;

b) órgão consultivo e deliberativo – Conselho nacional do meio ambiente -


CONAMA;

c) órgão central – Ministério do Meio Ambiente - MMA;

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d) órgão executor – Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos


naturais renováveis - IBAMA;

e) órgãos seccionais – são os órgãos ou entidades estaduais do meio


ambiente;

f) órgãos locais – são os órgãos ou entidades municipais do meio ambiente.

3.3 Instrumentos da PNMA

A lei nº 6.938/81, com suas modificações subsequentes, elenca em seu art.


9º, treze instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Alguns destes
instrumentos já se encontram razoavelmente regulados no direito positivo, enquanto
outros ainda aguardam por um melhor disciplinamento legal.

São instrumentos da PNMA (Lei 6.938/1981, art. 9.°):

a) o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

b) o zoneamento ambiental;

c) a avaliação de impactos ambientais;

d) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras;

e) os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou


absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

f) a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder


Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

g) o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

h) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa


Ambiental;

i) as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das


medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

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j) a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA;

k) a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,


obrigando-se o Poder Público a produzi-Ias, quando inexistentes;

I) o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais;

m) instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental,


seguro ambiental e outros (FERREIRA JR, 2011).

3.4 A política agrícola ambiental

A racionalidade na utilização dos recursos ambientais é, sem sombra de


dúvidas, objetivo e princípio de direito ambiental, conforme foi descrito acima.
Considerando que os bens ambientais são escassos, faz mister um aproveitamento
adequado dos mesmos.

A política agrícola ambiental inclui, além da eletrificação rural (art.137 da CF),


as atividades agropecuárias, agroindustriais, pesqueiras e florestais. A Lei nº
8171/91 traça os objetivos básicos de proteção, recuperação e preservação dos
recursos naturais e do meio ambiente.

Ao poder público compete o seguinte:

 disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora;

 realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para


o disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas diversas
atividades produtivas, bem como para a instalação de novas hidrelétricas;

 Estabelecer as diretrizes da política nacional de irrigação e drenagem, ouvido


o Conselho Nacional de Política Agrícola – CNPA;

 Coordenar e executar o programa nacional de irrigação;

 Baixar normas objetivando o aproveitamento racional dos recursos hídricos


destinados à irrigação, promovendo a integração das ações dos órgãos
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federais, estaduais, municipais e entidades públicas, ouvido o Conselho


Nacional de Políticas Agrícolas – CNPA;

 Apoiar estudos para a execução de obras de infraestrutura e outras referentes


ao aproveitamento das bacias hidrográficas, com áreas de rios perenizados
ou vales irrigáveis, com vistas a melhor e mais racional utilização das águas
para irrigação;

 Instituir linhas de financiamento ou incentivos prevendo encargos e prazos,


bem como modalidades de garantia compatíveis com características da
agricultura irrigada, ouvido o CNPA.

As bacias hidrográficas constituem unidades básicas de planejamento do uso,


da conservação e da recuperação dos recursos naturais. As empresas que
exploram economicamente águas represadas e as concessionárias de energia
elétrica serão responsáveis pelas alterações ambientais por elas provocadas e
obrigadas à recuperação do meio ambiente, na área de abrangência de suas
respectivas bacias hidrográficas.

O Poder Público implementará programas de estímulo às atividades criatórias


de peixes e outros produtos de vida fluvial, lacustre e marinha de interesse
econômico, visando ao incremento da oferta de alimentos e a preservação das
espécies.

Serão executadas em todo território nacional, de acordo com a Constituição e


com a prioridade para áreas de comprovada aptidão para a irrigação, áreas de
reforma agrária ou de colonização e projetos públicos de irrigação.

A construção de pequenas centrais hidrelétricas e termoelétricas de


aproveitamento de resíduos agrícolas, que objetivem a eletrificação rural por
cooperativas rurais e outras formas associativas deverá ser implementada pelo
Poder Público, mediante o implemento de uma Política de Eletrificação Rural.

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UNIDADE 4 – ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS

Há muito que o ser humano por razões diversas, de ordem religiosa, moral,
esportiva, por sua beleza cênica, etc., delimita áreas para preservação de sua fauna
e flora. Aponta-se como precursor da ideia hodierna de parques a criação do parque
nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos da América. No Brasil, o
primeiro parque nacional foi o de ltatiaia, que data de 1937.

Não há em nosso direito pátrio um sistema uno a disciplinar harmonicamente


todos os espaços territoriais especialmente protegidos. De fato, como ressalta o
professor ANTONIO HERMAN DE VASCONCELOS BENJAMIN (2001, p. 285),
verbis:

Observa-se, pois, que a adoção do modelo de áreas protegidas no Brasil,


como instrumento de tutela da natureza, é anterior ao surgimento do Direito
Ambiental, como disciplina orgânica e autônoma, estruturada em torno de
características, objetivos, princípios e instrumentos próprios. Por conta
dessa evolução histórica, amiúde sem rumo certo, ao sabor de pressões
localizadas - ou, por vezes, de facilidades de criação, como o caráter
remoto do território -, as áreas protegidas nacionais foram casuística e
assistematicamente determinadas e administradas, reféns, no seu desenho
teórico, legal e prático, da diversidade de filiação filosófica e paternidade
política, daí resultando, de forma inevitável, frequente confusão de regimes,
sobreposição de unidades e, pior, ineficiência na consecução de suas
finalidades.

Como algumas das áreas territoriais especialmente protegidas podem


abranger propriedades particulares, a sua criação pode impor aos proprietários
privados limites relevantes na utilização e fruição do seu respectivo domínio.

De fato, MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2002, p, 126) assevera que


as limitações administrativas à propriedade originam-se de normas gerais e
abstratas, destinadas a propriedades indeterminadas, e têm o propósito de atender
interesses coletivos abstratamente considerados.

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O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado consiste, por


excelência, em um direito de interesse coletivo lato sensu, visto pertencer a todos,
nos termos do caput do art. 225 da Constituição Federal.

Como a natureza é una, não respeitando as fronteiras e limites políticos


erigidos artificialmente pelo homem, o modelo de criação de espaços especialmente
protegidos padece em sua origem do grave defeito de pretender disciplinar de forma
fragmentada a natureza, consistindo, portanto, em um contrassenso.

Outrossim, tal modelo pode dar a falsa ideia de que fora de tais espaços
especialmente protegidos inexistiria natureza, ou, ao menos, digna de preservação
pela legislação ambiental, o que, naturalmente, não corresponde à verdade. Assim,
perigosamente passa-se a impressão de que a natureza pode ser algo distante, a
ser preservado em um local longínquo e inacessível, hermeticamente fechado,
resultando no esquecimento de nossa própria origem e no essencial elo que nos une
(BELTRÃO, 2011).

Os espaços territoriais especialmente protegidos estão previstos


expressamente pelo art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal e são o gênero do
qual as unidades de conservação, as áreas de preservação permanente e de
reserva legal são espécies.

4.1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)

A Lei 9.985, de 18.07.2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza, disciplinando os critérios para sua criação, implantação e
gestão. Encontra-se regulamentada pelo Decreto nº 4.340, de 22.08.2002.

Em seu art. 2°, de forma bastante salutar, conforme já tradicional técnica


legislativa em matéria ambiental, a lei apresenta uma série de definições. A unidade
de conservação consiste no “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo
as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”
(art. 2.°, I, da Lei 9.985/2000).

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Por tratar-se de um sistema de âmbito nacional, os Estados e Municípios


também podem criar unidades de conservação, as quais estarão inseridas no
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (art. 3.°).

Caso necessário, para atender às peculiaridades regionais ou locais, os


Estados e Municípios poderão, em caráter excepcional, criar nova categoria de
unidade de conservação que integrará o SNUC, desde que não se confunda com
categoria já existente (art. 6.°, parágrafo único, da Lei 9.985/2000).

O SNUC é gerido a partir de três órgãos:

I - o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que tem função


consultiva e deliberativa;

II - o Ministério do Meio Ambiente, com o papel de coordenação do sistema; e,

III - o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo, e os órgãos


estaduais e municipais com competência ambiental, na qualidade de executores do
sistema (art. 6.° da Lei nº 9.985/2000, com a redação dada pela Lei 11.516/2007).

Logo, a partir da Lei nº 11.516/2007, que deu início ao Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, o qual tem por função,
entre outras, “executar ações da política nacional de unidades de conservação da
natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação,
gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação
instituídas pela União” (art. 1º, I), a atuação do IBAMA como órgão executor, na
esfera federal, do SNUC passou a ser meramente supletiva, ou seja, atuará apenas
quando o Instituto Chico Mendes for omisso, por falta de estrutura, de pessoal, etc.

Compete aos órgãos executores propor a criação de unidades de


conservação, devendo, para tanto, elaborar os estudos preliminares e, quando for o
caso, realizar consulta pública (art. 4.° do Decreto nº 4.340/2002).

A consulta pública, que é pressuposto obrigatório para a criação de unidade


de conservação, com exceção da Estação Ecológica e da Reserva Biológica, tem
por finalidade “subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais
adequados para a unidade”, ouvindo, para tanto, a população local e outras partes
interessadas (art. 5.° do Decreto n. 4.340/2002).

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Segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO (2011), agiu bem o legislador em exigir


a consulta pública como condição prévia para quase todas as categorias de unidade
de conservação, visto que a participação da coletividade nos processos decisórios
das autoridades públicas relacionados ao ambiente é um dos princípios que regem o
direito ambiental (princípio da participação). Para melhor subsidiar o público
interessado em participar do procedimento, o Poder Público tem a obrigação de
fornecer informações adequadas e inteligíveis (art. 22, § 3.°, da Lei nº 9.985/2000).

O art. 22 da Lei nº 9.985/2000 prevê que “as unidades de conservação são


criadas por ato do Poder Público”, não exigindo, portanto, a forma de lei. Da mesma
forma, a ampliação dos seus limites territoriais.

Entretanto, a desafetação ou a redução dos limites de uma unidade de


conservação só poderá ser feita mediante lei, ainda que tenha sido criada por ato
diverso como, por exemplo, o decreto (BELTRÃO, 2011), sendo que tal previsão
decorre diretamente do art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal que
expressamente estabelece que a alteração e a supressão de espaço territorial
especialmente protegido somente poderão ocorrer mediante lei.

As unidades de conservação podem abranger os respectivos subsolo e


espaço aéreo caso exerçam alguma influência na estabilidade do ecossistema local.

Outrossim, todas as unidades de conservação, com exceção da Área de


Proteção Ambiental (APA) e da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN),
devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores
ecológicos (art. 25 da Lei nº 9.985/2000).

A zona de amortecimento consiste no “entorno de uma unidade de


conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”
(art. 2.°, XVIII, da Lei nº 9.985/2000).

Os corredores ecológicos, por sua vez, correspondem a “porções de


ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a
dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com
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extensão maior do que aquela das unidades individuais” (art. 2.°, XIX, da Lei nº
9.985/2000).

Quando houver uma justaposição ou sobreposição de unidades de


conservação de categorias distintas e/ou outras áreas protegidas, públicas ou
privadas, deverá haver uma gestão de todo o conjunto, de forma integrada e
participativa. É o que se denomina de “mosaico” de unidades de conservação, que
deve ser reconhecido por ato formal do Ministério do Meio Ambiente e gerido por um
conselho.

Questão complexa e que, certamente, ainda ocasionará muitos conflitos entre


os entes da federação corresponde à justaposição ou sobreposição de unidades de
conservação de entes distintos, ou seja, uma unidade de conservação federal que
abrange parte de unidade de conservação estadual, por exemplo (BELTRÃO, 2011).

Trata-se de tema que a doutrina e a jurisprudência ainda praticamente não


enfrentaram e que será decidido, em última análise, pelo Supremo Tribunal Federal,
com fulcro no art. 102, I, f, da Constituição Federal, por se tratar de conflito
federativo.

O Plano de Manejo, documento que define o zoneamento da unidade de


conservação, assim como o uso da área e o manejo dos seus recursos naturais,
conforme a definição legal do art. 2.°, XVII, da Lei nº 9.985/2000, deve abranger não
apenas a área da unidade de conservação, mas também a zona de amortecimento e
os corredores ecológicos, caso existentes.

A lei assegura ampla participação da população residente na “elaboração,


atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das
Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e,
quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse
Ecológico” (art. 27, § 2º, da Lei nº 9.985/2000).

Outrossim, prevê que o Plano de Manejo deverá ser elaborado no prazo de


até cinco anos a partir da criação da respectiva unidade de conservação. Entretanto,
não há a indicação de qual será a consequência legal caso este prazo não seja
cumprido.

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O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 impõe a obrigação de compensação por


significativo impacto ambiental, que consiste no dever de o empreendedor de obra
ou atividade que seja considerada de impacto significativo ao ambiente, pelo órgão
ambiental competente, apoiar a implantação e manutenção de unidade de
conservação do grupo de Proteção Integral.

O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para essa


implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de Proteção
Integral será fixado pelo órgão ambiental licenciador de acordo com o grau de
impacto ambiental causado pela obra ou atividade licenciada, podendo ser inferior a
0,5% dos custos totais previstos para a implantação de seu empreendimento,
conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal na ADI 3.378.

Competirá ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de conservação


a serem beneficiadas ou até mesmo criadas com esses recursos. Excepcionalmente,
tais recursos poderão ser destinados à unidade de conservação do grupo de Uso
Sustentável quando for a mesma, ou sua zona de amortecimento, afetada pelo
respectivo empreendimento (art. 36, § 3.°).

A Resolução CONAMA nº 371/2006 estabelece “diretrizes aos órgãos


ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos”
relativos às receitas obtidas por meio da compensação ambiental prevista pela Lei nº
9.985/2000.

Há dois grandes grupos de unidades de conservação: as de Proteção Integral


e as de Uso Sustentável. O primeiro tem por objetivo “preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos
previstos nesta Lei” (art. 7.°, § 1º, da Lei nº 9.985/2000).

Já as Unidades de Uso Sustentável têm por propósito “compatibilizar a


conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos
naturais” (art. 7.°, § 2.°, da Lei nº 9.985/2000).

No quadro resumo abaixo, temos os dois grupos de unidades de


conservação, bem como seus objetivos e as categorias que serão definidas mais
adiante.

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UNIDADES INTEGRANTES
OBJETIVO BÁSICO CATEGORIAS
DO SNUC

I – Estação Ecológica

Preservar a natureza, sendo II – Reserva Biológica


admitido apenas o uso indireto III – Parque Nacional
Unidades de proteção Integral dos seus recursos naturais,
com exceção dos casos IV – Monumento Natural
previstos em lei. V – Refúgio de Vida Silvestre

I – Área de Proteção Ambiental


II – Área de Relevante
Interesse Ecológico
III – Floresta Nacional
Compatibilizar a conservação
da natureza com o uso IV – Reserva Extrativista
Unidades de Uso Sustentável
sustentável de parcela dos
V – Reserva de Fauna
seus recursos naturais.
VI – Reserva de
Desenvolvimento Sustentável
VII – Reserva Particular do
Patrimônio Natural

É permitida a introdução de espécies não autóctones nas Áreas de Proteção


Ambiental, nas Florestas Nacionais, nas Reservas Extrativistas e nas Reservas de
Desenvolvimento Sustentável, sendo vedada nas demais categorias de unidades de
conservação (art. 31, § 1.°, da Lei nº 9.985/2000).

Com exceção da Área de Proteção Ambiental e da Reserva Particular do


Patrimônio Natural, toda exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços
“obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou
culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação” de unidade de
conservação dependerá de prévia autorização de sua respectiva administração e de
retribuição econômica por parte do explorador (art. 33).

Com o intuito de evitar burocracia e facilitar a entrada de receitas, a Lei


expressamente autoriza os órgãos que administram as unidades de conservação a

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receberem diretamente recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou


estrangeiras, com ou sem encargos, oriundas de organizações públicas ou privadas.

Por fim, as unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser


transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral por
meio de instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade,
desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2.° do art.
22 da Lei nº 9.985, de 2000 (art. 22, § 5.°).

O grupo das Unidades de Proteção Integral compreende cinco categorias


de unidades de conservação. Cada uma dessas unidades de Proteção Integral será
dotada de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações
da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Refúgios de Vida
Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2.°
do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em
regulamento e no ato de criação da unidade (art. 29).

As Unidades de Conservação de Proteção Integral têm por objetivo preservar


a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

As categorias das Unidades de Conservação de Proteção Integral são as


seguintes (Lei 9.985/2000, art. 8º):

a) Estação Ecológica;

b) Reserva Biológica;

c) Parque Nacional;

d) Monumento Natural; e

e) Refúgio da Vida Silvestre.

A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, e tem como objetivo a
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, as quais dependem
de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade (Lei nº
9.985/2000, art. 9.0, § 1º).

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Na Estação Ecológica a visitação pública é proibida, exceto quando com


objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade
ou regulamento específico (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 2º).

Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas


no caso de (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 4º, I a IV):

1) Medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;

2) Manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;

3) Coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;

4) Pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que


aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes
dos ecossistemas em uma área correspondente a no máximo 3% (três por cento) da
extensão total da unidade e até o limite de 1.500 (mil e quinhentos) hectares.

A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A visitação pública é
proibida, exceto aquela com objetivo educacional (Lei nº 9.985/2000, art. 10, §§ 1.0
e 2.0).

Na Reserva Biológica a realização de pesquisa científica depende de


autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade (Lei nº
9.985/2000, art. 10, § 3º).

O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas.

A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano


de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, §§ 1º
e 2º ).

No Parque Nacional, a pesquisa científica depende de autorização prévia do


órgão responsável pela administração da unidade, bem como àquelas previstas em
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, § 3º).

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Os Parques, quando forem criados pelos Estados ou pelos Municípios, serão


denominados, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal (Lei nº
9.985/2000, art. 4º).

O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que
seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos
recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta compatibilização,
a área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 12, §§ 1º e 2º).

No Monumento Natural, a visitação pública está sujeita às condições e


restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas
pelo órgão responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei
nº 9.985/2000, art. 12, § 3º).

O Refúgio da Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde
que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e
dos recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta
compatibilização, a área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 13, §§ 1º e
2º).

No Refúgio da Vida Silvestre, a visitação pública está sujeita às normas e


restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas
pelo órgão responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei
nº 9.985/2000, art. 13, § 3º).

No Refúgio da Vida Silvestre, a pesquisa científica depende de autorização


prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às
condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 13, § 4º).

As Unidades de Conservação de Uso Sustentável têm por objetivo


compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos
naturais, sendo admitido o uso direto dos recursos naturais.

As categorias das Unidades de Conservação de Uso Sustentável são as


seguintes (Lei nº 9.985/2000, art. 14):

a) Área de Proteção Ambiental (APA);

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b) Área de Relevante Interesse Ecológico;

c) Floresta Nacional;

d) Reserva Extrativista;

e) Reserva de Fauna;

f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

g) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas


(Lei nº 9.985/2000, art. 15, § 1º).

Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e


restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de
Proteção Ambiental (Lei nº 9.985/2000, art. 15, § 2º).

Na Área de Proteção Ambiental, as condições para a realização de pesquisa


científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo
órgão gestor da unidade e nas áreas sob propriedade privada caberá ao proprietário
estabelecê-Ias (Lei nº 9.985/2000, art. 15, §§ 3º e 4º).

A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão


responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente (Lei nº
9.985/2000, art. 15, § 5º).

A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou


privadas (Lei 9.985/2000, art. 16, § 1º).

Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e


restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de
Relevante Interesse Ecológico (Lei nº 9.985/2000, art. 16, § 2º).

A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000,
art. 17, § 1º).

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Na Floresta Nacional, a visitação pública é permitida, condicionada às normas


estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua
administração (Lei n. 9.985/2000, art. 17, § 3º).

Na Floresta Nacional, a pesquisa científica é permitida e incentivada,


sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 4º).

A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão


responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações
tradicionais residentes (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 5.°).

A Floresta, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada,


respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal (Lei nº 9.985/2000, art. 17,
§ 6.°).

Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações


extrativistas, mediante contrato, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 1.°).

A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido


pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais
residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 2.°).

Na Reserva Extrativista, a visitação pública é permitida, desde que compatível


com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área
(Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 3.°).

Na Reserva Extrativista, a pesquisa científica é permitida e incentivada,


sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 4.°).

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A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei n. 9.985/2000,
art. 19, § 1.°).

Na Reserva de Fauna, a visitação pública pode ser permitida, desde que


compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas
pelo órgão responsável por sua administração (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 2.°).

Na Reserva de Fauna, a pesquisa científica é permitida e a comercialização


dos produtos e subprodutos resultantes destas pesquisas obedecerá ao disposto
nas leis sobre fauna e regulamentos (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 4.°).

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que


as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário,
desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 2.°).

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho


Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das
populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e
no ato de criação da unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 4.°).

Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a


visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o
disposto no Plano de Manejo da área (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 5.°, I).

Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a


pesquisa científica voltada à conservação da natureza, sujeitando-se à prévia
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e
restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento (Lei nº
9.985/2000, art. 20, § 5.°, I).

A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com


perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica (Lei nº
9.985/2000, art. 21).

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O proprietário deverá assinar um termo de compromisso perante o órgão


ambiental, onde constará o gravame da perpetuidade, e será averbado à margem da
inscrição no Registro Público de imóveis (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 1º).

Na Reserva Particular do Patrimônio Natural, poderá ser permitida, conforme


se dispuser em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 2.°):

a) a pesquisa científica; e b) a visitação com objetivos turísticos, recreativos e


educacionais.

Todas as Unidades de Conservação, com exceção da Área de Proteção


Ambiental e da Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona
de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos (Lei nº 9.985/2000,
art. 25).

Resumo das características das Unidades de Conservação de Proteção


Integral

a) Estação Ecológica:

I) objetiva a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas;

II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas;

III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional;

IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável


pela administração da unidade de conservação.

b) Reserva Biológica:

I) objetiva a preservação integral da biota e demais atributos naturais


existentes em seus limites;

II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas;

III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional;

IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável


pela administração da unidade de conservação.

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30

c) Parque Nacional:

I) objetiva a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância


ecológica e beleza cênica;

II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas;

III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo;

IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável


pela administração da unidade de conservação.

d) Monumento Natural:

I) objetiva preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza


cênica;

II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver


compatibilização com os objetivos da unidade de conservação ou, caso não haja
compatibilização, as áreas serão desapropriadas;

III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo;

IV) pesquisa científica sem previsão legal.

e) Refúgio da Vida Silvestre:

I) objetiva proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a


existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna
residente ou migratória;

II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver


compatibilização com os objetivos da unidade de conservação ou, caso não haja
compatibilização, as áreas serão desapropriadas;

III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo;

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IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável


pela administração da unidade de conservação.

Resumo das características das Unidades de Conservação de Uso


Sustentável (Lei 9.985/2000, art, 14):

a) Área de Proteção Ambiental:

I) objetiva proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de


ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

II) constituída por terras públicas ou privadas;

III) pode haver restrições para a utilização de uma propriedade privada nela
localizada;

IV) visitação e pesquisa sujeitas a condições.

b) Área de Relevante Interesse Ecológico:

I) objetiva manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e


regular o uso admissível dessas áreas;

II) constituída por terras públicas ou privadas;

III) visitação e pesquisa não prevista em lei.

c) Floresta Nacional:

I) objetiva o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais;

II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas;

III) visitação pública permitida, condicionada ao Plano de Manejo;

IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão


responsável pela administração da unidade de conservação.

d) Reserva Extrativista:

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32

I) objetiva proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas e


assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade;

II) é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas


tradicionais, mediante contrato de concessão de uso, áreas particulares serão
desapropriadas;

III) visitação pública permitida, de acordo com o Plano de Manejo;

IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão


responsável pela administração da unidade de conservação.

e) Reserva de Fauna:

I) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas;

II) visitação pública permitida, desde que compatível com o Plano de Manejo;

III) proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.

f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável:

I) objetiva preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições


e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade
de vida;

II) é de domínio público, com uso concedido às populações tradicionais,


mediante contrato de concessão de uso, áreas particulares serão desapropriadas.

g) Reserva Particular do Patrimônio Natural:

I) objetiva conservar a diversidade biológica;

II) posse e domínio privado;

III)gravada com perpetuidade, devendo ser averbada à margem da inscrição


no registro de imóveis.

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33

As Unidades de Conservação podem ser criadas por ato do Poder Executivo,


por Decreto. Todavia, nada impede que possam ser criadas pelo Poder Legislativo,
por lei, entretanto, antes da criação de uma Unidade de Conservação é necessária a
realização de consulta pública e de estudos técnicos.

A consulta pública, no entanto, não será obrigatória para a criação das


seguintes Unidades de Conservação:

a) Estação Ecológica; e

b) Reserva Biológica.

As Unidades de Conservação de Uso Sustentável podem ser transformadas


em Unidades de Conservação de Proteção Integral, desde que seja utilizado o
mesmo nível hierárquico do instrumento normativo do que criou a Unidade, e sejam
realizados estudos técnicos e consulta pública. Assim, se a Unidade de
Conservação de Uso Sustentável foi criada por Decreto, somente por Decreto ela
poderá ser transformada em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.

Para a ampliação dos limites de uma Unidade de Conservação também será


utilizado o mesmo nível hierárquico do instrumento normativo do que a criou,
igualmente precedida de consulta pública. A desafetação ou a redução dos limites
de uma Unidade de Conservação só poderá ser realizada por lei específica,
importando lembrar que toda Unidade de Conservação deve ter o seu Plano de
Manejo, o qual deverá ser elaborado dentro de cinco anos, a contar da data de sua
criação.

Plano de Manejo é o documento técnico mediante o qual, com fundamento


nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da
unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 2.°, XVII) (FERREIRA JUNIOR, 2011).

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são áreas protegidas,


cobertas ou não por vegetação nativa (florestas e demais formas de vegetação
natural), com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o

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solo e assegurar o bem-estar das populações humana (Código Florestal, Lei nº


4.771/1965, art. 1º, § 2.°, II).1

As APPs, que podem estar presentes em imóveis urbanos e rurais, são


criadas por força de lei ou por ato do Poder Público (Lei nº 4.771/1965, arts. 1.° e
2.°).

Consideram-se de preservação permanente as florestas e demais formas de


vegetação natural, situadas (Lei nº 4.771/1965, art. 2.°):

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima seja:

I) de trinta metros para os cursos d água de menos de dez metros de largura;

II) de cinquenta metros para os cursos d'água que tenham de dez metros a
cinquenta metros de largura;

III) de cem metros para os cursos d'água que tenham de cinquenta a


duzentos metros de largura;

IV) de duzentos metros para os cursos d'água que tenham de duzentos a


seiscentos metros de largura;

V) de quinhentos metros para os cursos d'água que tenham largura superior a


seiscentos metros.

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais e artificiais;

1
É preciso lembrar que tramita no Congresso Nacional um novo projeto para o Código Florestal,
projeto este aprovado com pontos polêmicos, mas ainda continua valendo o código atual. Dentre as
mudanças que já foram aprovadas temos:
Além da União, os estados devem criar seus programas de regularização ambiental.
Outro item permite que o agricultor assine um termo de adesão e compromisso. Quem cometeu
crimes ambientas até julho de 2008 terá as multas suspensas e convertidas em serviços ambientais.
Uma novidade foi a emenda que mantém nas áreas de preservação permanente as atividades
agrossilvopastoris, de ecoturismo e turismo rural existentes até julho de 2008.
Os deputados ambientalistas e parte da base do governo entendem que o projeto aprovado
representa uma anistia aos desmatadores.
Aprovado na câmara, o texto agora irá para o Senado, onde deve ser votado em pelo menos três
comissões e depois no Plenário. A primeira comissão é a de Constituição e Justiça, onde os
senadores analisarão se o texto está de acordo com a Constituição (PORTAL G1 DE ECONOMIA, 29
de maio de 2011.)

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c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d'água, qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de cinquenta metros de
largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45 graus, equivalente


a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em


faixa nunca inferior a cem metros com projeções horizontais;

h) em altitude superior a mil e oitocentos metros, qualquer que seja a vegetação.

Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim


declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação
natural destinadas a (Lei nº 4.771/1965, art. 3.°):

a) atenuar a erosão das terras;

b) fixar as dunas;

c) formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) assegurar condições de bem-estar público.

A intervenção ou supressão em APPs somente poderá ocorrer em


procedimento próprio quando haja (Res. CONAMA nº 369/2006, art. 3.°):

a) inexistência de alternativa técnica e locacional;

b) atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos d'água;

c) averbação da área de reserva legal;

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d) inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes,


erosão, etc.

O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou


supressão de vegetação em APP,devidamente caracterizada e motivada mediante
procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos
na Resolução Conama nº 369/2006 e noutras normas federais, estaduais e
municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-
Econômico e Plano de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes (Res.
CONAMA 369/2006, art. 2.°).2

A Lei nº 9.605/1998 preceitua como crime ambiental as seguintes condutas:

a) Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente,


mesmo que em formação, ou utilizá-Ia com infringência das normas de
proteção. Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente (art. 38);

b) Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado


ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-Ia com
infringência das normas de proteção. Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três)
anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (art. 38-A)

c) Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem


permissão da autoridade competente. Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três)
anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (art. 39);

2
STF, ADI 3.540, DJ 03.02.2006. Supressão de vegetação em área de preservação permanente,
possibilidade de a administração, cumpridas as exigências legais, autorizar, licenciar ou permitir
obras e/ou atividades nos espaços territoriais protegidos, desde que respeitada, quanto a estes, a
integridade dos atributos justificadores do regime de proteção especial.
Sobre o direito à indenização ou não, há divergência entre o STF e o STJ.
STF, AI 677.647 AgR/AP, DJ 06.06.2008. Desapropriação. Área sujeita à preservação permanente.
Indenização devida. A área de cobertura vegetal sujeita à limitação legal e, consequentemente à
vedação de atividade extrativista não elimina o valor econômico das matas protegidas.
STJ, REsp146.356/SP, DJ 15.12.2009. É firme a jurisprudência do STJ sobre a inindenizabilidade,
como regra, das Áreas de Preservação Permanente, já que não passíveis de exploração econômica
direta. Por sua vez, a Reserva Legal, onde se encontra vedado o corte raso da vegetação nativa, não
pode ser indenizada como se fosse terra de livre exploração econômica. Cabe, nesse caso, ao
proprietário provar o uso lícito.

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d) Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de


dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação. Pena:
detenção, de três meses a um ano, e multa (art. 50);

e) Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa,


em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
competente. Pena: reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa (art. 50-A).

De outro lado, o Decreto nº 6.514/2008 preceitua como infração administrativa


ambiental as seguintes condutas:

a) Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou


utilizá-Ias com infringência das normas e proteção em área considerada de
preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando
exigível, ou em desacordo com a obtida. Sanção: Multa de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por hectare ou fração
(art. 43);

b) Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou cuja


espécie seja especialmente protegida, sem permissão da autoridade
competente. Sanção: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00
(vinte mil reais) por hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por
árvore, metro cúbico ou fração (art. 44);

c) Extrair de florestas de domínio público ou áreas de preservação permanente,


sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais.
Sanção: Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) por hectare ou fração (art. 45).

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UNIDADE 5 – POLUIÇÃO E DANO AMBIENTAL

5.1 Poluição ambiental

A Lei nº 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,


conceitua degradação da qualidade ambiental como a alteração adversa das
características do meio ambiente (art. 3.°, lI). Por conseguinte a degradação da
qualidade ambiental consiste em toda modificação adversa ao equilíbrio ecológico
(LEITE, 2003, p. 101).

A poluição é conceituada como a degradação da qualidade ambiental


resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos (art. 3.°, III).

No entendimento de ANTONIO F. G. BELTRÃO (2001), o conceito legal de


poluição, portanto, é bastante amplo, apresentando tanto uma concepção
antropocêntrica quanto biocêntrica. É antropocêntrico quando se refere à saúde, à
segurança, ao bem-estar da população e às atividades sociais e econômicas; é
biocêntrico quando prevê como poluição a degradação da qualidade ambiental que
afete a biota (= fauna e flora que habitam um determinado local); e, ainda, apresenta
concepção mista no tocante às condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente
e ao lançamento de matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

Tecnicamente, portanto, degradação ambiental é gênero do que poluição é


espécie. Consequentemente, toda poluição consiste em degradação ambiental; a
recíproca, entretanto, não é verdadeira, ou seja, nem toda degradação ambiental
consiste em poluição.

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Poluidor é conceituado como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental” (art. 3º, IV). Assim, a poluição decorre exclusivamente da
ação humana, ainda que involuntária.

Logo, eventos da natureza, que podem ocasionar grande degradação


ambiental, como, por exemplo, uma erupção vulcânica, um tsunami, enchentes,
incêndios, etc., não consistem, tecnicamente, de acordo com a legislação brasileira,
em poluição. Por serem eventos naturais, não podem, evidentemente, ser
controlados pelo Direito. Este limita-se a regular as ações humanas, ou seja,
aquelas que provocam poluição (BELTRÃO, 2011).

A Constituição Federal atribui à União, Estados, Distrito Federal e Municípios


a competência comum de combater à poluição “em qualquer de suas formas” (art.
23, VI); estabelece, também, que compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre controle da poluição (art. 24, VI).
Outrossim, prevê a Carta Política que compete ao Poder Público e à coletividade o
dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras
gerações (art. 225, caput).

Portanto, toda poluição é ilícita, devendo o seu agente necessariamente


sofrer as sanções, de ordem civil, penal e administrativa, previstas na legislação?

Segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO (2011, p. 221) não é bem assim e


solicita que imaginemos o seguinte:

que todos nós ao dirigirmos um veículo, ou ao utilizarmos algum transporte


público, movido por combustível de origem fóssil, estamos liberando no ar,
por meio do sistema de escapamento, uma série de poluentes que
degradam a atmosfera. Desta forma, somos poluentes, diretos (no caso de
veículo próprio) ou indiretos (se utilizamos transporte público). Contudo,
partindo-se da premissa de que o veículo está cumprindo com os limites -
padrões de qualidade – previstos pela legislação de regência quanto à
liberação de poluentes, não haveria, juridicamente, dano algum .

Em outras palavras, significa afirmar que a poluição é tolerada pelo


ordenamento jurídico desde que respeitados os limites – padrões de qualidade –

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previstos pelo Poder Público. Em regra, a natureza consegue absorver, até um certo
grau, a poluição causada pelo ser humano sem que tal implique uma redução de sua
qualidade de vida.

Naturalmente, incumbe ao Poder Público, na busca incessante pela melhoria


da qualidade da vida humana, impor condições e critérios cada vez mais rigorosos
para a proteção do meio ambiente. Para atender a tal munus constitucional, os entes
públicos devem, entre outros, fomentar a criação de novas tecnologias menos
poluentes (Vale observar que os incentivos à produção e instalação de
equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da
qualidade ambiental, consistem em instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente (art. 9.°, V, da Lei nº 6.938/1981).

Logo, a atividade poluente pode ser lícita ou ilícita, a depender se está ou não
cumprindo no caso concreto com os padrões de qualidade previstos para o recurso
ambiental específico (ar, água etc.), conforme a legislação de regência.

Se a atividade poluente é lícita, não há como aplicar a seu agente sanções de


natureza administrativa e penal. Ressalve-se, entretanto, que a responsabilização na
esfera civil independe da licitude ou não do ato, uma vez que é objetiva, conforme o
art. 14, § 1.0, da Lei nº 6.938/1981. Logo, se a atividade poluente, ainda que regular,
acarreta algum dano ao ambiente, o poluidor deverá ser responsabilizado civilmente.

Dispõe o caput do art. 54 da Lei nº 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais),


verbis:

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora.

Fundamental observar, portanto, que o ato de poluir, por si só, não consiste
em crime ambiental. De fato, óbvio que as milhares de indústrias no Brasil, por
exemplo, liberam no ar, na água e no solo milhares de poluentes, diariamente.

Como visto, a poluição consiste em toda degradação da qualidade ambiental


resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

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b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos (art. 3º, III, da Lei nº 6.938/1981).

Entretanto, apenas será crime ambiental a poluição de tal monta, de tal


gravidade, que resulte ou possa resultar em:

a) danos à saúde humana;

b) mortandade de animais; ou,

c) destruição significativa da flora.

Logo, o ato de poluir é juridicamente tolerado, sob a perspectiva da


responsabilidade penal, se não tiver potencial de causar danos à saúde humana, à
fauna ou à flora; neste caso, pode-se poluir sem que tal implique a prática de crime
ambiental algum.

5.2 Competência administrativa e legislativa

A Constituição Federal de 1988 estabelece ser competência comum à União,


Estados, Distrito Federal e Municípios o combate à poluição em qualquer de suas
formas (art. 23, VI). Outrossim, prevê que compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre controle da poluição (art. 24, VI).

Logo, os entes políticos da federação possuem competência administrativa


(ou material, ou, ainda, executiva) para tratar acerca de poluição. A União, Estados e
Distrito Federal possuem também competência legislativa expressa sobre o tema.

Os Municípios, entretanto, também possuem competência legislativa para


tratar sobre meio ambiente, e, consequentemente, poluição, dada a atribuição
constitucional de legislar sobre assuntos de interesse local e de suplementar a
legislação federal e estadual no que couber (art. 30, I e II, da Constituição Federal).

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A competência legislativa concorrente não autoriza que cada ente federativo


legisle isoladamente sobre o tema; cabe à União legislar sobre normas gerais,
enquanto que aos Estados compete legislar suplementarmente. Assim, não caberia
à lei estadual inovar em matéria já regulada por lei federal3.

3
Supremo Tribunal Federal, ADI 2.396/MS, Tribunal Pleno, ReI. Min. Ellen Gracie,j. 08.05.2003, DJ
1.°.08.2003, decisão unânime: "Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 2.210/01, do Estado de
Mato Grosso do Sul. Ofensa aos artigos 22, I e XII; 25, § 1º; 170, caput , II e IV; 1º; 18º e 5.° caput, 11
e LIV, Inexistência. Afronta à competência legislativa concorrente da União para editar normas gerais
referentes à produção e consumo, à proteção do meio ambiente e controle da poluição e à proteção e
defesa da saúde. Artigo 24, V, VI e XII e §§ I." e 2.° da Constituição Federal. Não cabe a esta Corte
dar a última palavra a respeito das propriedades técnico-científicas do elemento em questão e dos
riscos de sua utilização para a saúde da população. Os estudos nesta seara prosseguem e suas
conclusões deverão nortear as ações das autoridades sanitárias. Competência do Supremo Tribunal
Federal circunscrita à verificação da ocorrência de contraste inadmissível entre a lei em exame e o
parâmetro constitucional. Sendo possível a este Supremo Tribunal, pelos fatos narrados na inicial,
verificar a ocorrência de agressão a outros dispositivos constitucionais que não os indicados na
inicial, verifica-se que ao determinar a proibição de fabricação, ingresso, comercialização e
estocagem de amianto ou de produtos à base de amianto, destinados à construção civil, o Estado do
Mato Grosso do Sul excedeu a margem de competência concorrente que lhe é assegurada para
legislar sobre produção e consumo (art. 24, V); proteção do meio ambiente e controle da poluição
(art. 24, VI); e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII). A Lei n'' 9.055/95 dispôs extensamente sobre
todos os aspectos que dizem respeito à produção e aproveitamento industrial, transporte e
comercialização do amianto crisotila. A legislação impugnada foge, e muito, do que corresponde à
legislação suplementar, da qual se espera que preencha vazios ou lacunas deixados pela legislação
federal, não que venha a dispor em diametral objeção a esta. Compreensão que o Supremo Tribunal
tem manifestado quando se defronta com hipóteses de competência legislativa concorrente.
Precedentes: ADI 903/MG-MC e ADI l.980/PR-MC, ambas de relatoria do eminente Ministro Celso de
Mello. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga parcialmente procedente para
declarar a inconstitucionalidade do artigo 1.0 e de seus §§ 1.0, 2.° e 3.°, do art. 2.°, do art. 3.° e §§ l .?
e 2.° e do parágrafo único do art. 5.°, todos da Lei n° 2.210/01, do Estado do Mato Grosso do Sul".
(Grifo nosso). Superior Tribunal de Justiça, HC 86. 145/SP, 5." Turma, ReI. Min. Felix Fischer, j.
04.10.2007, DJ 19.11.2007, decisão unânime: "Processual penal. Habeas corpus substitutivo de
recurso ordinário. Arts. 38, 54, § 2.°, inciso V e 60, todos da Lei n° 9.605/98. Trancamento da ação
penal. Falta de justa causa. Inocorrência. I - A peça acusatória deve vir acompanhada com o mínimo
embasamento probatório apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a efetiva realização do
ilícito penal por parte do denunciado. Se não houver um lastro probatório mínimo a respaldar a
denúncia, de modo a tomar esta plausível, não haverá justa causa a autorizar a instauração da
persecutio criminis. (Precedentes). II - O trancamento da ação por falta de justa causa, na via estreita
do writ, somente é possível se houver comprovação, de plano, da atipicidade da conduta, da
incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova
sobre a materialidade do delito, o que não ocorre na espécie. (Precedentes). III - Na hipótese dos
autos, o paciente, segundo afirmado na exordial acusatória, na qualidade de sócio-gerente da
empresa ..., teria destruído e danificado floresta considerada de preservação permanente, utilizando-
a com infringência das normas de proteção ambiental, a uma, causando poluição de qualquer
natureza em níveis tais que podem resultar em destruição significativa da flora, por lançamentos de
resíduos sólidos, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos, a duas,
construindo e fazendo funcionar no local obras potencialmente poluidoras, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, contrariando as normas legais e regulamentares
pertinentes, tudo isso de acordo com laudo do Instituto de Criminalística e do Departamento Estadual
de Proteção aos Recursos Naturais. Em suma, narra a denúncia que o paciente teria violado
gravemente a legislação ambientaI, pois teria causado poluição, construído obra potencialmente
poluidora, suprimido vegetação, assoreado córrego, etc. Assim, verifica-se que há, ao menos em
tese, a descrição de condutas criminosas que, em princípio, se adequam perfeitamente aos tipos

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Vale ressalvar a possibilidade do exercício pelos Estados da competência


legislativa plena enquanto inexistir lei federal acerca das normas gerais (art. 24, §§
3.° e 4.°, da Constituição Federal).

A poluição, seja hídrica, atmosférica, do solo, por resíduos sólidos, etc., que
resulte em dano ao ser humano e/ou ao meio ambiente consiste em crime
ambiental, e, como tal, encontra-se disciplinada pela Lei nº 9.605/1998 (Lei dos
Crimes Ambientais), em seção específica intitulada “da poluição e outros crimes
ambientais” (Lei nº 9605/98).4

penais previstos nos arts. 38, 54, § 2.°, inciso V e 60, todos da Lei n" 9.605/98, razão pela qual se
mostra prematuro o pretendido trancamento da ação penal, tendo em vista a existência de um lastro
probatório mínimo a respaldar a denúncia, de modo a tornar plausível a persecutio criminis. (Grifo de
Beltrão, 2011). Ordem denegada".

4
Lei 9.605/1998, Capítulo V, Seção III, arts. 54 a 61.
"Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1.° Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2.° Se o crime:
I - tomar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que tome necessária a interrupção do abastecimento público de água de
uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias
oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3.° Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental
grave ou irreversível.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão
competente.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos
seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1.0 Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei n° 12.305, de 2010)
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as
normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei n" 12.305, de 2010)

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5.3 Dano ambiental

A Constituição Federal de 1988 elevou ao status de norma constitucional a


responsabilização do infrator, pessoa física ou jurídica, nas esferas penal, civil
(obrigação de reparar) e administrativa, por condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente (art. 225, § 3.°).

Embora as sanções sejam cominadas de forma independente, na seara


administrativa, civil e penal, podem ser aplicadas cumulativamente. Neste sentido, o
Código Civil prevê que a “responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal” (art. 935).

A Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) estabelece que as pessoas


jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente quando a
infração cometida resulte de decisão de seu representante legal ou contratual, ou de
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade, ressalvando-se que
a responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato (art. 3.°, caput e parágrafo
único).

A Lei nº 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, já


previa em seu art. 4.°, VII, 1ª parte, como um dos seus objetivos, a “imposição, ao
poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados (...),” o que corresponde ao princípio do poluidor-pagador.

Outrossim, estabeleceu que a responsabilidade do poluidor pela indenização


ou reparação dos danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade, independe da culpa, consagrando, assim, o princípio da responsabilidade
objetiva (art. 14, § 1º).

Para evitar dúvidas, a Lei nº 6.938/1981 apresenta importantes definições em


seu art. 3.°”

A degradação da qualidade ambiental consiste na “alteração adversa das


características do meio ambiente” (inciso lI).

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A poluição corresponde à degradação da qualidade ambiental que resulta de


atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos (inciso III).

MOTAURI CIOCCHETTI DE SOUZA (2000, p. 16) afirma que, num primeiro


momento, os conceitos de “degradação da qualidade ambiental” (inciso II) e
“poluição” (inciso III) parecem confundir-se. No entanto, destaca que a diferença
fundamental diz respeito à intervenção humana. Assevera que a degradação da
qualidade ambiental pode decorrer de fatores naturais (exemplo: incêndio em
floresta ocasionado pela queda de um raio) ou por força de intervenções humanas
(exemplo: desmatamentos).

A degradação da qualidade ambiental decorrente de intervenção humana


recebe o nome de poluição. Portanto, conclui o doutrinador, “poluição é a
degradação da qualidade ambiental causada por atividade humana” (SOUZA, 2000).

A definição de poluidor é bastante abrangente, compreendendo toda pessoa,


física ou jurídica, de direito público ou privado, que seja responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (inciso IV).

Logo, o dano ao meio ambiente pode repercutir em responsabilização do


infrator nas esferas administrativa, civil e penal. Há de ser compreendido como a
violação ao direito da coletividade ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, tal
qual assegurado pelo art. 225, caput, da Constituição Federal.

Assim, a degradação do ambiente decorrente da intervenção humana


consiste no

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confisco do direito de alguém em respirar ar puro, beber água saudável e


viver com tranquilidade. Por isso, é imperioso que se analisem
oportunamente as modalidades de reparação do dano ecológico, pois
muitas vezes não basta indenizar, mas fazer cessar a causa do mal, pois
um carrinho de dinheiro não substitui o sono recuperador, a saúde dos
brônquios, ou a boa formação do feto. (MACHADO, 2004, p. 326).

O dano ambiental pode ser observado sob duas perspectivas ou


modalidades: o dano ambiental coletivo em sentido amplo, ou dano ambiental
propriamente dito, que atinge o meio ambiente como direito transindividual, que
pertence a todos, tal qual assegurado pelo art. 225, caput, da Constituição Federal;
e o dano ambiental individual, que repercute no patrimônio ou na moral de cada um
dos sujeitos afetados.

A indenização por dano ambiental coletivo é destinada, via de regra, a um


Fundo, impessoal, para reconstituição dos recursos ambientais atingidos, conforme
prevê o art. 13 da Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985); já a indenização
pelo dano individual busca a recomposição direta do prejuízo das vítimas,
individualmente consideradas (MILARÉ, 2005, p. 736).

Vale observar que o Superior Tribunal de Justiça, ao menos por enquanto,


ainda não chancela a tese de dano moral coletivo, decorrente de dano ambiental,
por entender ser imprescindível a caracterização da dor, de sofrimento psíquico, de
caráter individual, o que seria incompatível com os direitos difusos, como o do meio
ambiente5.

A regra para fixação da competência para processar e julgar ação que versa
sobre dano ambiental é a do foro do local do ilícito, ou seja, onde o dano se localiza.
Caso figure na lide, como autor, réu, assistente ou oponente a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal, excetuando-se as causas de falência,
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho,

5
Superior Tribunal de Justiça, 1ª Turma, REsp 598.281, ReI. Min. Luiz Fux, ReI. para o acórdão Min.
Teori Albino Zavascki, j. 02.05.2006, DJ 1°.06.2006.

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conforme prevê o art. 109, I, da Carta Política, será competente a justiça federal; nos
demais casos, a jurisdição competirá à justiça estadual.6

5.3.1 Peculiaridades do dano ambiental

O dano ambiental possui características próprias que o diferem do dano


historicamente tratado pelo direito, de natureza individual, com vítimas
determinadas, em um dado espaço geográfico. Compreendê-Ias é fundamental para
tentar superar o enorme desafio que o disciplinamento jurídico do dano ambiental
impõe, rompendo-se conceitos e institutos tradicionais do direito na busca de novas
soluções (BLETRÃO, 2011).

A responsabilização civil, por meio de obrigação de indenização pecuniária,


consiste em uma das formas jurídicas mais antigas para solução do dano.
Entretanto, a mera indenização financeira, a posteriori, pelo dano ambiental é
absolutamente inoperante. Ressalvados alguns casos em que a reparação integral
do ambiente é possível, razão pela qual se deve também impor ao infrator os seus
custos, dificilmente a reparação feita pelo homem conseguirá resgatar integralmente
a qualidade que o ambiente apresentava anteriormente.

Logo, faz-se fundamental a previsão legal de medidas preventivas,


sistematizadas, de cunho coletivo, pelo que os princípios da prevenção e da
precaução são essenciais no direito ambiental.

Neste sentido, os Estados Unidos da América, país de tradição do common


law, perceberam em meados do século XX que os institutos tradicionais do nuisance
e do tresspass eram ineficazes quando da regulação do dano ambiental7. Por tal

6
Superior Tribunal de Justiça, l.a Turma, REsp 81l. 773/SP, ReI. Min. Luiz Fux, j. 03.05.2007, DJ
31.05.2007; e l." Turma, REsp 789.513/SP, ReI. Min. Francisco Falcão, j. 06.12.2005, DJ 06.03.2006.

7 "O common law fundamenta-se largamente na doutrina legal de inconveniência (= nuisance) para
dirimir controvérsias ambientais, apesar de que condutas que resultem em uma invasão física de
propriedade poderiam ser tratadas como transgressão (= trespass).
O tratamento jurídico da inconveniência (= nuisance) objetiva a proteção do direito ao uso e gozo da
terra, enquanto a transgressão (= trespass) protege contra invasões na posse da terra (...) Enquanto
o common law é eficiente para tratar de conflitos entre uma fonte única de poluição e alguns poucos
vizinhos, há um amplo consenso que as ações de inconveniência (= nuisance) são totalmente
inadequadas para resolver os problemas típicos de poluição encontrados pelas sociedades industriais

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razão, a partir da década de 1960 foram editadas diversas leis e regulamentos,


como se país de civil Law fosse, tratando da água, do ar, de resíduos sólidos,
espécies ameaçadas de extinção, substâncias tóxicas, etc.

Outra característica do dano ambiental consiste na indeterminação das


vítimas, dada a sua natureza de direito difuso. Assim, é sempre difícil a tarefa de
identificar os sujeitos que sofreram os efeitos de determinada degradação ambiental.

Ainda, caracteriza-se também por ser transfronteiriço, ou seja, não respeita as


fronteiras geopolíticas erigidas artificialmente pelo homem, o que também gera
sérias dificuldades para seu disciplinamento jurídico. A título de exemplo, o terrível
acidente nuclear da central ucraniana de Tchernobil, localizada à época na União
Soviética, ocorrido em 26.04.1986, cuja nuvem radioativa afetou a Finlândia.
Passados vinte e um anos da tragédia, peixes e cogumelos de algumas regiões
finlandesas ainda apresentam sinais de toxicidade por césio 137, substância
cancerígena. Bem recentemente os terremotos e tsunamis que atingiram o Japão,
causando problemas de grau elevado na usina nuclear de Fukushima, poderão
demorar anos para aparecerem os resultados negativos.

Outra peculiaridade do dano ambiental consiste na dificuldade de sua


valoração. O ar limpo é gratuito; não se paga nada para respirá-lo. Como então
calcular a indenização devida para uma determinada comunidade que foi afetada
por uma emissão de gases, proveniente da indústria X, superior aos limites previstos
no respectivo licenciamento ambiental?

Outro exemplo: imaginemos que a madeireira Y devastou ilegalmente


milhares de hectares de floresta. Como valorar este dano ambiental? Pode-se
estimar a indenização a partir simplesmente do valor de mercado da madeira
retirada. Mas, e quanto ao valor da diversidade biológica, das espécies da fauna e
da flora que foram atingidas pelo desmatamento, e do ecossistema como um todo,
nada é devido? Como estimá-lo, então? São questões complexas que certamente
exigirão cada vez mais atenção do legislador e dos aplicadores do direito.

modernas." PERCIVAL, Robert V; SCHROEDER, Christopher H.; MILLER, Alan S.; LEAPE, James P.
Environmental regulation: law, science and policy, p. 62-72. (apud BELTRÃO, 2011, p. 235)

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Por fim, o Superior Tribunal de Justiça já possui entendimento consolidado


quanto à responsabilização do novo proprietário de imóvel por dano ambiental
resultante de desmatamento realizado pelo proprietário anterior, por entender,
corretamente, que há uma perpetuação da lesão ao meio ambiente (BELTRÃO,
2011).

Neste sentido, HUGO NIGRO MAZZILLI (2002, p. 132) anota que,

Em face do caráter objetivo e propter rem da responsabilidade ambiental, o


sucessor responde pelos danos causados à coisa alienada, até porque, em
caso contrário, bastaria ao poluir alienar o bem por ele deteriorado, e o dano
cível ficaria sem possibilidade de restauração direta.

Logo, para se adquirir uma propriedade faz-se fundamental realizar uma due
diligence, avaliando-se os passivos ambientais que possa eventualmente
apresentar. Por exemplo, se o proprietário anterior desmatou as Áreas de
Preservação Permanente e/ou de Reserva Legal, o novo proprietário assumirá o
dever legal de reflorestá-Ias, pelo que absolutamente necessário o cômputo de tais
despesas no valor da compra do imóvel.

Portanto, toda cautela e diligência são importantes antes de efetivar uma


venda para que o novo proprietário não incorra na perpetuação do dano ambiental.

Estes precedentes estão em perfeita harmonia com a tutela constitucional do


meio ambiente prevista pelo art. 225, que impôs ao Poder Público e à coletividade o
dever de protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

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UNIDADE 6 – RECURSOS HÍDRICOS

A problemática geral dos recursos hídricos indica que a principal questão de


segurança no mundo seja a da água, a qual está se tornando um teste de campo
supremo para o desenvolvimento da segurança coletiva. Dentre os usos da água
temos a geração de energia, o abastecimento doméstico, o abastecimento industrial,
a coleta de esgoto, etc.

PÉRICLES ANTUNES BARREIRAS (2007) relembra algumas notícias sobre


Conflitos pela Água que valem a pena elencarmos:

A) Internacionais:

1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no mundo e 2,2 milhões
morrem anualmente vítimas de doenças causadas pela falta do recurso ou por
saneamento básico inadequado.

97,5% das águas do planeta são salgadas, os 2,5% restantes, quase 2/3
estão congelados nos polos. Quase 70% da água disponível são aplicadas na
agricultura.

No Egito, a população é maior do que as suas reservas de água.

Na Bacia do Rio Jordão que engloba a Costa de Israel, Síria, Jordânia e


Região da palestina, as nascentes estão nas Colinas de Golan (Síria) ocupadas por
Israel e existe um tratamento diferenciado. Os Palestinos estão sujeitos a cotas e
fechamentos intermitentes da água disponibilizada, confundindo-se sobrevivência
com soberania.

Índia e Paquistão compartilham bacias hidrográficas assim como na África


muitos países (Guiné Conacri, Mali, Níger e Nigéria) utilizam a mesma bacia, do Rio
Níger.

EUA X MÉXICO: Barramento de águas pelos EUA, no Colorado, deixou


pouca água para o México.

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B) Nacionais:

O Brasil é um dos países com mais água potável do mundo, ao lado do


Canadá e da Rússia, possuindo 12% da água superficial do mundo, sendo o 23º
país com mais água disponível por pessoa no mundo.

No entanto, o Nordeste brasileiro detém apenas 3,3% dos recursos hídricos


do pais, o que leva a inúmeros problemas de saúde pública para a população.

6.1 Breve noções sobre o ciclo hidrológico e a importância da água

A água é mestra da reciclagem, da autoconservação e da autopurificação.

As águas oceânicas ou continentais passam ao estado gasoso mediante a


evaporação, graças à energia que recebem do sol. Os níveis de evaporação
dependem da temperatura e da quantidade de vapor ou umidade que se encontre no
ar circundante. Também existe uma importante evaporação que provém das plantas,
que neste caso se denomina transpiração.

O processo inverso à evaporação é a condensação. O vapor volta a se


converter em água quando o ar saturado com umidade absorve mais umidade por
parte de outras substâncias ou quando há uma gota na temperatura do ar saturado
com umidade. O vapor se condensa no ar e forma minúsculas gotas de águas; estas
por sua vez formam nuvens. O ar que contém vapor ou nuvens é transportado pelo
vento de um lugar a outro, por este motivo, o vento desempenha um papel
importante na possibilidade de que chova ou não em um lugar.

Como as minúsculas gotas que constituem as nuvens não têm possibilidade


de cair na terra por seu pequeno tamanho, é possível que se convertam de novo em
vapor. Calcula-se que cada milhão dessas minúsculas gotinhas pode formar tão
somente uma gota de chuva. Estas gotas grandes são as que caem na superfície
terrestre em forma de precipitação.

De acordo com as condições climáticas, as gotas se unem, às vezes, como


cristais de gelo e formam flocos de neve que podem se converter em água à medida
que caem na terra ou se precipitam em forma de granizo. Quando chove, a água
não desliza pela superfície unicamente, mas parte dela é absorvida pela terra.

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A possibilidade de que o solo absorva a água depende de diversas


circunstâncias, entre elas, o grau de porosidade do solo, a vegetação existente e as
camadas que resultam impenetráveis. Por exemplo, nas cidades, o asfalto não
permite que a água seja absorvida pelo solo. Em todo este processo existe também
a possibilidade de que sejam criadas fontes naturais de águas, particularmente
quando a chuva é retida nas camadas rochosas.

A água superficial é aquela que flui sobre a superfície da terra, como os rios,
ou que se encontra em um lugar concreto, como os lagos ou áreas úmidas. Assim, o
ciclo da água transcorre em diversas etapas: a evaporação ou transpiração, a
condensação, o transporte, a precipitação, a infiltração e o movimento de águas
superficiais ou subterrâneas. Em cada um destes momentos, a água representa um
grande valor ecológico, uma vez que estabelece as bases para que os diversos
ecossistemas, sejam eles aquáticos ou terrestres, tenham possibilidades de vida
(IGAM, 2004).

Quando as águas oceânicas evaporam, os vapores resultantes já não têm sal,


de maneira que nesse momento se realiza uma valiosa transformação da água
salgada em água doce, a qual é transportada posteriormente para as superfícies
continentais.

Os ecossistemas dependentes de fluxos de energias e de ciclos de nutrientes


essenciais, são providos pela água graças a sua capacidade de dissolvê-los e
transportá-los. Sem a água não funcionariam os ciclos biológicos, geológicos, nem
químicos que permitem a vida (IGAM, 2004).

A presença da água equilibra o calor do nosso planeta ao transportar calor de


umas a outras latitudes e consegue que as variações térmicas sejam menores.

Tudo isto destaca a enorme importância de manter um bom equilíbrio global


da água, já que todos os processos mencionados têm uma permanente interação e
uma decisiva influência mútua. Por exemplo, de nada serviria fazer a gestão dos
recursos hídricos em uma pequena localidade, de maneira isolada, se no seu
entorno as atividades estão desequilibradas (IGAM, 2004).

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6.2 Justificativa para o disciplinamento da água

A água é reconhecidamente um recurso vulnerável, finito e já escasso em


quantidade e qualidade, por isso, trata-se de um bem econômico. É, portanto,
fundamental que se disponha de instrumentos legais essenciais ao equilíbrio da
oferta e da demanda para garantir o desenvolvimento sustentável (BARREIRAS,
2007).

A base legal para o disciplinamento da água está na Constituição Federal de


1988, que tem competência privativa para legislar sobre águas: artigo 20, III, VIII.
Art. 21, XII, "b"; artigo 22, IV

Destaca-se as seguintes alterações Constitucionais essenciais:

a)Extinção do domínio privado da água

Antes, o Código das Águas, previa o domínio privado da mesma. Assim,


todos os Corpos d`água, a partir de outubro de 1988, passaram a ser de domínio
público.

b)Estabelecimento de apenas dois tipos de domínio para os corpos d`água no


Brasil:

- Domínio da UNIÃO ( Art. 20, III, C.F./88).

- Domínio dos ESTADOS ( Art.26, I, C.F./88 )

(isto inclui as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em


depósito, ressalvadas, neste caso, as decorrentes de obras da União)

A lei tradicional de direito da água no Brasil é o denominado “CÓDIGO DAS


ÁGUAS” de 10/07/1934 (apesar de mais de 60 anos de existência, ainda é
considerado pela doutrina jurídica como um dos textos modelares do direito positivo
brasileiro)

A Lei nº 9.433/1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o


Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso
XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

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54

A Lei nº 9.984/2000 dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas -


ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e
dá outras providências.

As leis citadas acima visam organizar o setor de planejamento e gestão no


âmbito nacional. Elas têm como destaque:

1- Gestão integrada dos recursos hídricos;

2- Princípio da adoção da Bacia hidrográfica como Unidade de Planejamento;

3- Órgão Executor da Política Nacional dos Recursos Hídricos: MINISTÉRIO


DO MEIO AMBIENTE pela Secretaria Nacional dos Recursos Hídricos (Portaria nº
253/99 que trabalha na gestão integrada do uso múltiplo sustentável dos Recursos
Hídricos; implantação do SINGREH; integração da Gestão dos Recursos Hídricos
com a Gestão Ambiental; Implementação dos instrumentos de gestão.

4- Foi criado o SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DOS RECURSOS


HÍDRICOS - SIGREH - e tendo como órgão de cúpula o CONSELHO NACIONAL DE
RECURSOS HÍDRICOS e como órgão de execução federal a AGÊNCIA NACIONAL
DE ÁGUAS (Lei nº 9.984 de 17/07/2.000)

5- Princípio dos usos múltiplos da água (todos têm direito de acesso ao uso
da água).

6- Princípio do reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável.

7- Princípio do valor econômico da água;

8- Gestão Desconcentrada e Participativa. Tudo o que puder ser decidido nos


níveis mais baixos da hierarquia não será resolvido pelos níveis mais altos da
hierarquia.

São instrumentos essenciais à boa gestão

1- Instituição do PLANO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS


(Documento programático do Setor) para União e Estados.

Vários Estados fizeram seus respectivos planos, possuindo, portanto, lei


própria.

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Ex.: GO, SP, CE, MG, RS, SC, BA, RN, PB, PA, PE, etc.

2- Outorga de Direitos de uso dos Recursos hídricos

Instrumento pelo qual o usuário recebe uma autorização ou uma concessão


ou ainda uma permissão, conforme o caso, para fazer o uso da água.

3- Cobrança pelo uso da água.

4- O enquadramento dos Corpos d`água em “Classes de uso” faz a ligação


entre a gestão de qualidade com a gestão de quantidade.

6.3 Recursos hídricos e geração de energia elétrica

Ambientalistas e autoridades do mundo inteiro já chamam atenção para o fato


de que a água será o grande problema ambiental do século XXI, principalmente por
conta da sua escassez.

A água, dada a sua importância, é considerado um bem de domínio público.


Isso quer dizer que é um bem de todos, cabendo ao Poder Público a sua gestão,
que compreende a fiscalização e autorização para o uso da água pelo particular,
sempre respeitando as normas de direito ambiental. Por isso, o uso da água não
pode ser apropriado por uma só pessoa física ou jurídica, com exclusão absoluta
dos outros usuários em potencial, nem pode significar a poluição, a agressão ou a
destruição do próprio bem.

A água pode ser utilizada para diversos fins, tais como: uso humano,
irrigação, geração de energia elétrica, dessedentação de animais, lançamento de
esgotos, etc. Considerando que todas essas possibilidades são igualmente
importantes é que a Lei estabelece como prioridade o uso múltiplo. Vale dizer, a
água não pode ser utilizada de forma a privilegiar somente uma finalidade em
detrimento de outras, mas deve sempre buscar de forma racional e, dentro do
possível, atender às diversas possibilidades de uso. Nas outorgas de uso dos
recursos hídricos o Poder Público está obrigado a observar esta norma.

Com efeito, a plataforma continental, bem como as bacias fluviais brasileiras,


abrigam grande potencial ecológico e enorme biodiversidade.

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Os recursos hídrico-ambientais são utilizados na geração de energia elétrica e


têm disciplina no Direito Ambiental brasileiro. Assim, os Estados, municípios e o
Distrito Federal, que tiverem em seus respectivos recursos hídricos utilizados para
geração de energia elétrica devem ter compensação financeira pela utilização dos
mesmos.

A Constituição Federal em seu art. 20, § 1º diz que

é assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União,
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
territorial, zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
exploração.

A matéria é disciplinada na Lei nº 7990/89 alterada pela Lei nº 9433 de


Janeiro de 1997.

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UNIDADE 7 - GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS

As áreas de reserva legal florestal são definidas como área localizada no


interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação
permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo
e proteção da fauna e flora nativas.

A título de reserva legal deverá ser mantido no mínimo:

a) 80% quando as propriedades rurais situadas em áreas de florestas


localizadas na Amazônia Legal;

b) 35% na área de Cerrado na Amazônia legal; sendo 20% na mesma


propriedade e 15% em outra área, localizada na mesma microbacia e averbada em
cartório;

c)20% em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa, localizada


nas demais regiões do país;

d) 20% nas áreas de campos gerais localizadas em qualquer região do país;

Constituem princípios da gestão de florestas públicas (Lei nº 11.284/2006, art.


2.°):

a) a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores


culturais associados, bem como do patrimônio público;

b) o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional


das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento
sustentável local, regional e de todo o País;

c) o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de


acesso às florestas públicas e aos benefício decorrentes de seu uso e conservação;

d) a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da


agregação de valor ao produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação

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industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de


empreendedores locais e da mão-de-obra regional;

e) o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de


florestas públicas, nos termos da Lei nº 10.650/2003;

f) a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica,


relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;

g) O fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da


população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo
sustentável das florestas;

h) a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos


de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas.

Consideram-se florestas públicas as florestas, naturais ou plantadas,


localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos
Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração
indireta (Lei nº 11.284/2006, art. 2.°, I).

Concessão florestal é a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do


direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e
serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em
consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado (Lei nº 11.284/2006, art. 3.°, VII).

Considera-se unidade de manejo o perímetro definido a partir de critérios


técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais, localizado em florestas públicas,
objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS, podendo conter áreas
degradadas para fins de recuperação por meio de plantios florestais (Lei nº
11.284/2006, art. 3.°, VIII).

O poder concedente pode ser a União; os Estados; o Distrito Federal ou os


Municípios (Lei nº 11.284/2006, art. 3.°, XV).

A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende (Lei nº


11.284/2006, art. 4.°):

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a) a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, nos termos do art.


17 da Lei nº 9.985/2000, e sua gestão direta;

b) a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do


art. 6.° da Lei nº 11.284/2006;

c) a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as


unidades de manejo das florestas nacionais, estaduais e municipais.

O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais,


estaduais e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei 9.985/2000, sendo-lhe
facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de
parceria, contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os
procedimentos licitatórios e demais exigências legais pertinentes (Lei nº
11.284/2006, art. 5.°).

Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas


ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos
órgãos competentes, por meio de (Lei nº 11.284/2006, art. 6.°):

a) criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento


sustentável, observados os requisitos previstos da Lei nº 9.985/2000;

b) concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de


desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares, nos termos do
art. 1898 da CF/1988 e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária;

c) outras formas previstas em lei.

O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais


definidas em regulamento, regularizar posses de comunidades locais sobre as áreas
por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à
conservação dos recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e

8
Obs.: CF/1988, art. 189 - Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.

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cultural, por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma admitida em
lei, dispensada licitação (Lei nº 11.284/2006, art. 6º, § 3º).

A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e


formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos da Lei nº
11.284/2006, das normas pertinentes e do edital de licitação (Lei 11.284/2006, art.
7.°).

Os relatórios ambientais preliminares, licenças ambientais, relatórios de


impacto ambiental, contratos, relatórios de fiscalização e de auditorias e outros
documentos relevantes do processo de concessão florestal, serão disponibilizados
por meio da Rede Mundial de Computadores, sendo assegurado também, a
qualquer pessoa, o acesso aos contratos, decisões ou pareceres relativos à licitação
ou às próprias concessões (Lei nº 11.284/2006, arts. 7.°, parágrafo único, e 25).

A publicação do edital de licitação de cada lote de concessão florestal deverá


ser precedida de audiência pública, por região, realizada pelo órgão gestor, nos
termos do regulamento, sem prejuízo de outras formas de consulta pública (Lei nº
11.284/2006, art. 8º).

São elegíveis para fins de concessão as unidades de manejo previstas no


Plano Anual de Outorga Florestal (Lei nº 11.284/2006, art. 9.°).

O Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF, proposto pelo órgão gestor e


definido pelo poder concedente, conterá a descrição de todas as florestas públicas a
serem submetidas a processos de concessão no ano em que vigorar (Lei nº
11.284/2006, art. 10).

O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato


justificando a conveniência da concessão florestal, caracterizando seu objeto e a
unidade de manejo (Lei nº 11.284/2006, art. 12).

As licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade


concorrência e outorgadas a título oneroso (Lei nº 11.284/2006, art. 13, § 1.°)

Nas licitações para concessão florestal, é vedada a declaração de


inexigibilidade prevista no art. 25 da Lei nº 8.666/1993 (Lei nº 11.284/2006, art. 13, §
2.°).

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A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços


florestais, contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública,
com perímetro georreferenciado, registrada no respectivo cadastro de florestas
públicas e incluída no lote de concessão florestal (Lei nº 11.284/2006, art. 14).

A concessão florestal confere ao concessionário somente os direitos


expressamente previstos no contrato de concessão (Lei nº 11.284/2006, art. 16).

É vedada a outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da


concessão florestal (Lei nº 11.284, art. 16, § 1.°):

a) titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição;

b) acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento,


bioprospecção ou constituição de coleções;

c) uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos


termos da Lei nº 9.433/1997;

d) exploração dos recursos minerais;

e) exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre;

f) comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em


florestas naturais.

A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida


pelo órgão gestor, mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao
órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA (Lei nº 11.284/2006, art. 18).

Nos casos potencialmente causadores de significativa degradação do meio


ambiente, assim considerados, entre outros aspectos, em função da escala e da
intensidade do manejo florestal e da peculiaridade dos recursos ambientais, será
exigido estudo prévio de impacto ambiental - EIA para a concessão da licença prévia
(Lei nº 11.284/2006, art. 18, § 1.°).

Os custos do relatório ambiental preliminar e do EIA serão ressarcidos pelo


concessionário ganhador da licitação, sendo que o edital indicará os itens e seus
respectivos valores (Lei nº11.284/2006, arts. 18, § 3.°, e 24).

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O início das atividades florestais na unidade de manejo somente poderá ser


efetivado com a aprovação do respectivo Plano de Manejo Florestal Sustentável
pelo órgão competente do SISNAMA e a consequente obtenção da licença de
operação pelo concessionário (Lei nº 11.284/2006, art. 18, § 5.°).

O processo de licenciamento ambiental para uso sustentável da unidade de


manejo compreende a licença prévia e a licença de operação, não se lhe aplicando
a exigência de licença de instalação (Lei nº 11.284/2006, art. 18, § 6.°).

Somente poderão ser habilitadas nas licitações para concessão florestal


empresas ou outras pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sede e administração no País (Lei nº 11.284/2006, art. 19, § 1.°).

Extingue-se a concessão florestal por qualquer das seguintes causas (Lei nº


11.284/2006, art. 44):

a) esgotamento do prazo contratual;

b) rescisão;

c) anulação;

d) falência ou extinção do concessionário e falecimento ou incapacidade do


titular, no caso de empresa individual;

e) desistência e devolução, por opção do concessionário, do objeto da


concessão.

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63

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS
BELTRÃO, Antônio F. G. Direito Ambiental. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2011.

BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros,
2004.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
BARREIRAS, Péricles Antunes. Curso de Direito Ambiental. Goiânia, 2007.
Mimeografado.

BASTOS, Celso Ribeiro. Hermenêutica e interpretação constitucional. São Paulo:


Celso Bastos Editor, 1999.

BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos. Introdução à Lei do Sistema


Nacional de Unidades de Conservação (2002). Mimeografado.

BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos. Meio ambiente e Constituição: uma


primeira abordagem. In: BENJAMIN, Antonio Herrnan (Ed.). 10 anos da Eco 92: o
direito e o desenvolvimento sustentável (Ten years after Rio 92: sustainable
development and law). São Paulo: IMESP, 2002.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm Acesso
em: 21 abr. 2011.

BRASIL. DECRETO Nº 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002. Regulamenta artigos


da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências.

BRASIL. Lei 11.516 de 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto


Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as
Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985,
de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de
2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989;

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64

revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória


no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências.

BRASIL. Lei n. 10.650 de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos
dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.

BRASIL. Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.

BRASIL. Lei n. 8.171 de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política agrícola.

BRASIL. Lei n. 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.

BRASIL. Lei n. 9985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1 o, incisos I,


II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências.

BRASIL. Lei. n. 11.284 de 02 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas


públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio
Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de
2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771,
de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de
dezembro de 1973; e dá outras providências.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 369, DE 28 DE


MARÇO DE 2006. Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública,
interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. Disponível em:
www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res36906.xml Acesso em: 21 mai. 2011.

CAETANO, Marcelo. Direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1987. v. I.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002.

FERREIRA Jr, Valter Otaviano da Costa. Direito Ambiental: resumo dos tópicos mais
importantes para concursos públicos. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método,
2011.

HORTA, Raul Machado. Estudos de direito constitucional. Belo Horizonte: Del Rey,
1995.

IGAM. Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Conceitos e definições (2004).


Disponível em: www.igam.mg.gov.br Acesso em: 22 mai. 2011.

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LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do individual ao coletivo


extrapatrimonial. São Paulo: RT, 2003.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros,
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MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo:
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MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade:


estudos de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2004.

MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. São Paulo: RT, 2005.

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SOUZA, Motauri Ciocchetti de. Interesses difusos em espécie. São Paulo: Saraiva,
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VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos fundamentais: uma leitura da jurisprudência do STF.


São Paulo: Malheiros, 2006.

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