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Disciplina: Direito Ambiental

Professor: Ilan Presser (Juiz Federal em Belém/PA)

e-mail: ilan_presser@hotmail.com

Facebook, Instagram e Twitter @ilanpresser

- Matéria curta. Muitas questões

Ex. TRF1 2015 - 9 questões

TRF5 2015 - 8 questões

TRF4

2016 - 8 questões

2014 - 6 questões

2012 - 9 questões

TRF2

2017 – 9 questões (83 a 91)

2014 - 7 questões

2013 - 9 questões

MPF Grupo 2

29º MPF 2017 – 7 questões (2 em constitucional G1)

28º MPF 2015 – 6 questões

27º MPF 2013 - 5 questões

Leis mais importantes 6.938/81, 9.433/97, 9.985/00, 140/2011, 12.651/2012,


13.123/2015

1. Meio ambiente

Redundância

Conceito legal (6938/81)

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

1
Resolução CONAMA 306/2002

ANEXO I

XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem


física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas.

- Natural ou físico SNUC, Código Florestal, Lei da Biodiversidade

- Artificial Estatuto da Cidade 10.257/01, Direito Urbanístico, Estatuto da Metrópole


(13.089/2015), Lei 13.311/16 (ocupação e utilização de área pública urbana por
equipamentos urbanos do tipo quiosque, trailer, feira e banca de venda de jornais e de
revistas.)

- Cultural art. 216 e ss. da Constituição, Decreto Lei 25/37, lei da biodiversidade
(conhecimento tradicional associado) especial significância

- Do Trabalho

- STF ADI 3540 adota essa classificação

prova oral TRF2 - Qual o conceito de meio ambiente e qual as suas espécies?

- antropocentrismo x biocentrismo x ecocentrismo (fim em si mesmo, valor intrínseco -


ex. Constituição do Equador de 2008 - art. 72).

Art. 72. A natureza ou Pachamama onde se reproduz e se realiza a vida, tem direito a
que se respeite integralmente sua existência e a manutenção e regeneração de seus
ciclos vitais, estruturas, funções e processos evolutivos. Toda pessoa, comunidade,
povoado, nacionalidade poderá exigir da autoridade pública o cumprimento dos
direitos da natureza. Para aplicar e interpretar estes direitos se observarão os
princípios estabelecidos na Constituição no que for pertinente. O Estado incentivará as
pessoas naturais e jurídicas e os entes coletivos para que protejam a natureza e
promovam o respeito a todos os elementos que formam um ecossistema.

Antropocentrismo

Encíclica do Papa Francisco "Laudato Si'". Junho de 2015. Discurso na Bolívia.

“não se pode salvar a criatura (os homens) do pecado e da miséria sem salvar também
a criação (a natureza)”.

- Antropocentrismo alargado, mitigado. Utilidade direta e indireta. Equilíbrio.

- 2 correntes sobre as relações entre economia e meio ambiente

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TRF5 - prova oral - "Fala-se em preservacionismo (corrente doutrinária mais clássica),
de um lado, e ambientalismo social, de outro. Como se pode conceituar o direito
ambiental nesse contexto?"

Brasil. art. 225 reflete socioambientalismo (preservação do meio ambiente, direito


fundamental e essencial à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações.)

- Bem de uso comum do povo para a Constituição. Mas não significa bem público. Bem
difuso (classificação Barbosa Moreira). Poder público não é titular.

- Direito ambiental estabelece forma legítima de apropriação dos bens ambientais.

- Finalidade da função social da propriedade (limite e condicionante. elemento


intrínseco). Proteção ambiental

Prova oral TRF2 - A função social da propriedade pode ser considerada no que se
refere à proteção ao meio ambiente? Então poderia se invocar na defesa da
propriedade a função social no que se refere à proteção ambiental?

- função social da propriedade, ambientalismo social e MPF

- Meio ambiente cultural, povos e comunidades tradicionais, SNUCs, Diversidade


biológica

- Do mero preservacionismo ou conservacionismo ao ambientalismo social.

- Não ver questão ambiental como passivo; mas sim como ativo

Ponderação – meio ambiente natural x cultural

Cultura

Reafirmando que a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços
distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma
sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de
vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças
(Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural)

- Direito à identidade cultural

- Ocidentalização, europeização. Monismo jurídico e axiológico e os conflitos culturais

- Do Monismo ao Estado plural (com igualdade em dignidade que pressupõe o


reconhecimento das diferenças)

- Constituição Federal de 1988

- Sociedades políticas: culturalmente diversificadas

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- Poder Judiciário e neoonstitucionalismo. Proteção às minorias

Brexit, desglobalização

- Estados multinacionais: coexistência de nações

- A falta de legitimidade cultural do padrão universal e políticas emancipatórias e de


empoderamento

Interação entre os saberes e direito plural. Boaventura Souza Santos

Fim do positivismo. Separação entre legalidade e legitimidade. Pluralismo

- Boaventura Souza Santos e Pasárgada (comunidade do RJ). Pesquisa empírica.

- autonomia, descentralização, participação, comunitarismo, diversidade e tolerância.

29º MPF/2017
7. Assinale a alternativa incorreta:
a) No plano ético-substantivo, uma sociedade constituída por uma pluralidade de
visões de mundo conterá um dissenso persistente sobre questões difíceis.

b) O que identifica sujeitos coletivos como os povos indígenas e quilombolas não é um


patrimônio cultural estável, de conteúdos fixos, e sim a autopercepção, por parte de
seus membros, de compartilhar uma história comum, que vem de um passado e se
dirige a um futuro, ainda que através de situações de dissenso interno e conflitividade.

c) O multiculturalismo deve ser interpretado como o direito de grupos preservarem


tradições culturais autênticas. (alternativa incorreta)

d) A formulação do planejamento como instrumento de reforma urbana serve, dentre


outros objetivos, a promover, no âmbito de cada território, a produção de um sentido
coletivo de sua destinação.
Estatuto da Cidade

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra


urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte
e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações


representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

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III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da
sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da


população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de
influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos


adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;

(...)

VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão


urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica
do Município e do território sob sua área de influência;

IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de


urbanização;

X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos


gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os
investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes
segmentos sociais;

Manual de atuação “Territórios de Povos e comunidades tradicionais e as unidades de


conservação de Proteção Integral”. 6ª CCR, 2014

Art. 42 SNUC em interpretação sistemática com CF, CDB e Convenção 169/OIT

Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas


quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas
benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e
condições acordados entre as partes.(Regulamento)

§ 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento


das populações tradicionais a serem realocadas.

§ 2o Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão
estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das
populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos
modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações,
assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e ações.

§ 3o Na hipótese prevista no § 2o, as normas regulando o prazo de permanência e


suas condições serão estabelecidas em regulamento.

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Populações tradicionais podem ser aliados na preservação da biodiversidade.
Negociação à criação/gestão compartilhada. Não só reassentamento compulsório.

Fomentar programas de apoio às comunidades tradicionais.

CDB

Preâmbulo

Conscientes do valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológico,


genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético da
diversidade biológica e de seus componentes;

Conscientes, também, da importância da diversidade biológica para a evolução e para


a manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera,

Levar em conta particularidades étnicas e culturais. Procedimentos adequados

Art. 16 Convenção OIT conflita com 42 da SNUC

Artigo 16

1. Com reserva do disposto nos parágrafos a seguir do presente Artigo, os povos


interessados não deverão ser transladados das terras que ocupam.

2. Quando, excepcionalmente, o translado e o reassentamento desses povos


sejam considerados necessários, só poderão ser efetuados com o consentimento dos
mesmos, concedido livremente e com pleno conhecimento de causa. Quando não for
possível obter o seu consentimento, o translado e o reassentamento só poderão ser
realizados após a conclusão de procedimentos adequados estabelecidos pela
legislação nacional, inclusive enquetes públicas, quando for apropriado, nas quais os
povos interessados tenham a possibilidade de estar efetivamente representados.

3. Sempre que for possível, esses povos deverão ter o direito de voltar a suas
terras tradicionais assim que deixarem de existir as causas que motivaram seu
translado e reassentamento.

4. Quando o retorno não for possível, conforme for determinado por acordo ou,
na ausência de tais acordos, mediante procedimento adequado, esses povos deverão
receber, em todos os casos em que for possível, terras cuja qualidade e cujo estatuto
jurídico sejam pelo menos iguais aqueles das terras que ocupavam anteriormente, e
que lhes permitam cobrir suas necessidades e garantir seu desenvolvimento
futuro. Quando os povos interessados prefiram receber indenização em dinheiro ou
em bens, essa indenização deverá ser concedida com as garantias apropriadas.

5. Deverão ser indenizadas plenamente as pessoas transladadas e reassentadas


por qualquer perda ou dano que tenham sofrido como conseqüência do seu
deslocamento.

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Deborah Duprat “O Estado pluriétnico”

Art. 216, Par 1º defende aplicação analógica dos indígenas aos demais grupos.

68 ADCT interpretado com 215, 216, art. 16 da convenção OIT

Desafetação, recategorização, dupla afetação (gestão compartilhada), remoção de


populações.

Afetação do território é constitucional para garantir direitos de minorias “A garantia do


direito à posse dos remanescentes de quilombos antes da desapropriação” Daniel
Sarmento.

312 UCs em 2012. 4ª CCR analisou 133. Em 37% povos e comunidades tradicionais
(23% US e 14% UPI). (parecer técnico 4ª CCR 175/2011)

MPF 29º/2017
37. A sobreposição de unidades de conservação da natureza e territórios ocupados por
populações tradicionais é um fato: dados de 2011 apontam a presença de povos e
comunidades tradicionais em 37% das unidades de conservação federais, sendo 14%
em unidades de conservação de proteção integral.

Quando se trata de unidades de conservação deproteção integral onde há a presença


de populações tradicionais, que alternativas podem revelar-se adequadas para
enfrentar o problema?
I – A remoção das populações tradicionais, em caráter excepcional, quando
comprovada a inviabilidade, especialmente de longo prazo, da permanência das
populações.
II – A dupla afetação da área como unidade de conservação e como território
tradicional, viabilizada por meio de administração conjunta ou gestão compartilhada.
III – A recategorização da unidade de conservação de proteção integral, para
transformá-la em unidade de conservação de uso sustentável.
IV – A desafetação da unidade, com alteração de seus limites incidentes sobre o
território tradicional, nos casos de incompatibilidade em relação à permanência das
comunidades tradicionais.
a) Todas as alternativas podem revelar-se adequadas.(correta)
b) Apenas as alternativas II, III e IV podem revelar-se adequadas.
c) Apenas as alternativas I, II e III podemrevelar-se adequadas.
d) Apenas as alternativas II e III podem revelar-se adequadas.

Manual de atuação “Regularização fundiária em unidades de conservação”. 4ª CCR,


2014

Atividades incompatíveis. Pecuária, mineração, pesca, madeira

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Discrimen: ver extensão do dano (impacto sobre o meio ambiente) e caráter de
subsistência (impacto sobre o indivíduo). Conflito entre os 2 valores

Ex. seringueiros x pecuária

Manejo comercial x não comercial (práticas culturais)

Inquérito civil que avalia atividade à luz de critérios de expressividade do dano e


caráter de subsistência da atividade

Combate indireto à atividade ilegal dentro de UC. Atuar sobre a cadeia produtiva.
Instar empresas a não adquirir ou comercializar produtos com origem em áreas no
interior de UCs sob pena de responsabilidade objetiva e solidária pelos danos
ambientais pela pecuária ilegal. Ex. Carne Legal. Pecuária sustentável.

- Carne Legal e teoria do bolso profundo

- Carne Legal e teoria do bolso profundo

Um Município, no interior de Minas Gerais, pretende, em sede recursal, a


inclusão do referido Estado no polo passivo da Ação Civil Pública, que visa a
reparação e prevenção de danos ambientais causados por deslizamentos de
terras em encostas habitadas. Segundo regra geral quanto ao dano ambiental e
urbanístico, e segundo posição do STJ, o litisconsórcio, nesses casos é
facultativo, mesmo havendo múltiplos agentes poluidores. (Ano: 2016 Banca:
VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: Juiz Substituto)

PROCESSUAL CIVIL. REPARAÇÃO E PREVENÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS E


URBANÍSTICOS. DESLIZAMENTOS EM ENCOSTAS HABITADAS. FORMAÇÃO DO POLO
PASSIVO. INTEGRAÇÃO DE TODOS OS RESPONSÁVEIS PELA DEGRADAÇÃO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DESNECESSIDADE. 1. Hipótese em que a pretensão
recursal apresentada pelo Município de Niterói se refere à inclusão do Estado do Rio
de Janeiro no polo passivo da Ação Civil Pública que visa a reparação e prevenção de
danos ambientais causados por deslizamentos de terras em encostas habitadas. 2. No
dano ambiental e urbanístico, a regra geral é a do litisconsórcio facultativo. Segundo a
jurisprudência do STJ, nesse campo a "responsabilidade (objetiva) é solidária" (REsp
604.725/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 22.8.2005, p. 202); logo,
mesmo havendo "múltiplos agentes poluidores, não existe obrigatoriedade na
formação do litisconsórcio", abrindo-se ao autor a possibilidade de "demandar de
qualquer um deles, isoladamente ou em conjunto, pelo todo" (REsp 880.160/RJ, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.5.2010). No mesmo
sentido: EDcl no REsp 843.978/SP, Rel. Ministro Heman Benjamin, Segunda Turma, DJe
26.6.2013. REsp 843.978/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
9.3.2012; REsp 1.358.112/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
28.6.2013. 3. Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no AREsp: 432409 RJ

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2013/0381169-0, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
25/02/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/03/2014)

- “Operação Carne Fria”. Decorrência da Carne Legal.

Instrução normativa 2/2009 disciplina regularização fundiária em UCs

Convenção sobre Diversidade Biológica – área protegida – visa a objetivo de


conservação considerando o aspecto socioambiental

Ligação entre espaços protegidos e biodiversidade (esforço nacional e internacional)

Habitat, ecossistema, pesquisas, controle de mudanças climáticas e exploração


sustentável de recursos naturais.

- Estratégia de conservação in situ. CDB art. 8º

Artigo 8
Conservação In-Situ

Cada Parte Contratante deve, na medida do possível e conforme o caso:

a) Estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais


precisem ser tomadas para conservar a diversidade biológica;

UNESCO em 1948 cria UICN (união internacional à conservação da Natureza e Recursos


Naturais) Conservar integridade e diversidade do uso dos recursos naturais.

Plano Estratégico Nacional de áreas protegidas (decreto 5758/2006)

Diversidade sociocultural

Mapa das UCs está no parecer técnico 138/2012 e parecer técnico 86/2013 - 4ª CCR

Identificação

ARPA – avalia efetividade da gestão pelo método Rappam (avaliação rápida e


priorização da gestão das áreas protegidas) da WWF que segue UICN

Custo socioambiental

Quanto custa uma UC federal? FUNBIO

Quanto custa o programa de áreas protegidas da Amazônia? FUNBIO

Planejamento fundiário não existe no Brasil. Ex. FLONAs

Redução para grandes empreendimentos

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Brasil 312 UCs 10% território nacional (de cada 100 m2, 23 são ocupados de forma
irregular). Fonte Valor

2013: TCU: apenas 4% das florestas protegidas tem “alto grau” de gestão

“Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e divulgada nesta
quarta-feira, 20, aponta que somente 4% das unidades de conservação florestal do
país têm “alto grau” de implementação e gestão.” Valor Econômico 20/11/2013

Roteiro de atuação – 2ª CCR – Contra a escravidão contemporânea

Normalmente cometem crimes contra o meio ambiente junto e aliciam trabalhadores


para o meio rural. (lembrar art. 186 CF – função social)

Convenção 29 da OIT – Trabalho forçado (Ameaça de punição e sem apresentação


voluntária)

2. Evolução histórica do direito ambiental

- Individualista (propriedade individual)

- Fragmentária (utilidade econômica). Código de Águas, Minas, Florestal

- Holística (valor em si mesmo).

TRF1 2015

“Na CF, são previstos diversos meios para a proteção do meio ambiente, entre os quais
se incluem a imposição de direitos e deveres fundamentais, a utilização de princípios,
como o da função ecológica da propriedade, o estabelecimento de objetivos públicos
vinculantes, a previsão de programas públicos abertos e a utilização de instrumentos
tais como a criação de biomas e de áreas especialmente protegidas.” (certo)

3. Direito ambiental como direito fundamental de terceira dimensão

Estado tem deveres específicos do parágrafo 1º do art. 225.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas;
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II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar
as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade. (tempero biocêntrico)

Lei 13.052/2014. 8/12/2014. Altera 9.605 para bem-estar dos animais.

“Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida
inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos,
fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade
de técnicos habilitados.”

“Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1o deste artigo,


o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de
acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico.”

STJ Resp 1.425.943/RN – Informativo 550 (julgado 2/9/2014) Convalidada a posse


irregular de animais silvestres por longo período de tempo. Rel. Herman Benjamin (No
mesmo sentido REsp 1.084.347-RS, Segunda Turma, DJe 30/9/2010)

- O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indício de
maus-tratos, duas aves silvestres em ambiente doméstico pode permanecer na posse
dos animais.

- art. 1º da Lei 5.197/1967 ("Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do


seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna
silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do
Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha") e o
art. 25 da Lei 9.605/1998 ("Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e

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instrumentos, lavrando-se os respectivos autos") não geraria efetiva proteção dos
animais.

- Desarrazoada a apreensão dos animais para uma duvidosa reintegração ao seu


habitat e seria difícil identificar qualquer vantagem em transferir a posse para um
órgão da Administração Pública.

- No âmbito criminal, o art. 29, § 2º, da Lei 9.605/1998 expressamente prevê que "no
caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena". (perdão judicial
ex. receptação culposa, homicídio culposo)

Perdão judicial

(a) Sentença é condenatória. Interrompe a prescrição. Serve como título executivo.


Deve respeitar devido processo legal (Capez) X (b) declaratória de extinção da
punibilidade (prevalece). Não interrompe a prescrição. Não serve como título
executivo. Súmula 18 do STJ (“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”).

Informativo 550 do STJ - 2a turma


DIREITO AMBIENTAL. POSSE IRREGULAR DE ANIMAIS SILVESTRES POR LONGO
PERÍODO DE TEMPO.

O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indício de
maus-tratos, duas aves silvestres em ambiente doméstico pode permanecer na posse
dos animais. Nesse caso específico, aplicar o art. 1º da Lei 5.197/1967 ("Os animais de
quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua
utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha") e o art. 25 da Lei 9.605/1998
("Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se
os respectivos autos") equivaleria à negação da sua finalidade, que não é decorrência
do princípio da legalidade, mas uma inerência dele. A legislação deve buscar a efetiva
proteção dos animais. Assim, seria desarrazoado determinar a apreensão dos animais
para duvidosa reintegração ao seu habitat e seria difícil identificar qualquer vantagem
em transferir a posse para um órgão da Administração Pública. Ademais, no âmbito
criminal, o art. 29, § 2º, da Lei 9.605/1998 expressamente prevê que "no caso de
guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o
juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena". Precedente citado: REsp
1.084.347-RS, Segunda Turma, DJe 30/9/2010. REsp 1.425.943-RN, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 2/9/2014.

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Resolução CONAMA 457/2003. Regulamenta posse de animais silvestres

- OBS sobre a caça

A caça, segundo a própria legislação, poderá diferenciar-se em a) caça profissional; b)


caça de controle; c) caça de subsistência; d) caça científica; e e) caça amadora.

- caça profissional visa ao lucro. é vedada pela esgotabilidade do bem. colocaria em


risco a fauna

Quanto à caça denominada controlada, configura-se disciplinada na Lei 5197/67. Visa


ao reequilíbrio do ecossistema, em decorrência do aumento desproporcional da fauna
em determinada região. A caça controlada protege a fauna contra o seu aumento
pejorativo. Este poderá colocar em risco o ecossistema. Precisa existir estudo concreto
acerca das conseqüências maléficas e desproporcionais à fauna, vedada a
comercialização dos animais sacrificados.

- Proibição em 2015 do comércio e da venda do foie gras e de pele de animais no


Município de SP. TJSP suspendeu liminarmente em ADIN

- Informativo 668 STF - ADI 1856/RJ

“Rinha de galos” e crueldade contra animais

Por ofensa ao art. 225, § 1º, VII, da CF, que veda práticas que submetam os animais a
crueldade, o Plenário declarou a inconstitucionalidade da Lei fluminense 2.895/98, que
autorizava a criação e a realização de exposições e competições entre aves das raças
combatentes (fauna não silvestre).

”No mérito, enfatizou-se que o constituinte objetivara assegurar a efetividade do


direito fundamental à preservação da integridade do meio ambiente, que traduziria
conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, cultural, artificial
(espaço urbano) e laboral.”

Há “íntima conexão entre o dever ético-jurídico de preservação da fauna e o de não-


incidência em práticas de crueldade e, de outro, a subsistência do gênero humano em
um meio ambiente ecologicamente equilibrado (direito de terceira geração).”

“rejeitou-se o argumento de que a “briga de galos” qualificar-se-ia como atividade


desportiva, prática cultural ou expressão folclórica, em tentativa de fraude à aplicação
da regra constitucional de proteção à fauna.”

- STF e a vaquejada. ADI 4893. PGR questiona lei cearense. 6 a 5 (informativos 794, 828
e 842 do stf)

13
ADI e “vaquejada” – 1

O Plenário iniciou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face


da Lei 15.299/2013 do Estado do Ceará, que regulamenta a atividade de “vaquejada”.
O Ministro Marco Aurélio (relator) julgou procedente o pedido formulado na inicial.
Explicou que a lei estadual citada regulamentara a prática da “vaquejada”, na qual
dupla de vaqueiros, montados em cavalos distintos, buscaria derrubar um touro,
puxando-o pelo rabo dentro de uma área demarcada. Observou que o requerente
teria sustentado a exposição dos animais a maus-tratos e crueldade, enquanto o
governador do Estado-Membro teria defendido a constitucionalidade da norma, por
versar patrimônio cultural do povo nordestino. Afirmou, portanto, que haveria
conflito de normas constitucionais sobre direitos fundamentais — de um lado, o art.
225, § 1º, VII, e, de outro, o art. o 215. Asseverou que o art. 225 consagraria a
proteção da fauna e da flora como modo de assegurar o direito ao meio ambiente
sadio e equilibrado. Cuidar-se-ia, portanto, de direito fundamental de terceira
geração, fundado no valor solidariedade, de caráter coletivo ou difuso, dotado de
altíssimo teor de humanismo e universalidade. A manutenção do ecossistema
beneficiaria as gerações do presente e do futuro. O indivíduo seria considerado
titular do direito e, ao mesmo tempo, destinatário dos deveres de proteção, daí por
que encerraria verdadeiro “direito-dever” fundamental. Consignou que o STF, ao
constatar o conflito entre normas de direitos fundamentais, ainda que presente a
manifestação cultural, conferiria interpretação de forma mais favorável à proteção
ao meio ambiente, especialmente quando verificada situação a implicar inequívoca
crueldade contra animais. Tudo isso a demonstrar preocupação maior com a
manutenção, em prol dos cidadãos de hoje e de amanhã, das condições
ecologicamente equilibradas para uma vida mais saudável e segura.
ADI 4983/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 12.8.2015. (ADI-4983)

ADI e “vaquejada” - 2

O relator aduziu que o autor teria juntado laudos técnicos que demonstrariam as
consequências nocivas à saúde dos bovinos decorrentes da tração forçada no rabo,
seguida da derrubada, como fraturas nas patas, ruptura de ligamentos e de vasos
sanguíneos, traumatismos e deslocamento da articulação do rabo ou até o
arrancamento deste, resultando no comprometimento da medula espinhal e dos
nervos espinhais, dores físicas e sofrimento mental. Ante os dados empíricos
evidenciados pelas pesquisas, seria indiscutível o tratamento cruel dispensado às
espécies animais envolvidas, a implicar descompasso com o que preconizado no art.
225, § 1º, VII, da CF. A par de questões morais relacionadas ao entretenimento à custa
do sofrimento dos animais, a crueldade intrínseca à “vaquejada” não permitiria a
prevalência do valor cultural como resultado desejado pelo sistema de direitos
fundamentais da Constituição. O sentido da expressão “crueldade” constante da parte
final do inciso VII do § 1º do art. 225 da CF alcançaria, sem sombra de dúvida, a tortura
e os maus-tratos infligidos aos bovinos durante a prática impugnada, de modo a tornar

14
intolerável a conduta humana autorizada pela norma estadual atacada.
ADI 4983/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 12.8.2015. (ADI-4983)

ADI e “vaquejada” - 3

O Ministro Edson Fachin divergiu do relator e julgou improcedente o pedido, no que


foi acompanhado pelo Ministro Gilmar Mendes. Ressaltou que a situação dos autos
precisa ser analisada sob olhar que alcançasse a realidade advinda da população rural.
Seria preciso despir-se de eventual visão unilateral de uma sociedade eminentemente
urbana. Ademais, a “vaquejada” seria manifestação cultural, como aliás reconhecida
na própria petição inicial, e encontraria proteção constitucional expressa no “caput”
do art. 215, e no § 1º, da CF. Não haveria, portanto, razão para se proibir o evento e a
competição, que reproduziriam e avaliariam tecnicamente a atividade de captura
própria de trabalho de vaqueiros e peões, desenvolvida na zona rural do País. Além
disso, não haveria na petição inicial demonstração cabal que a eventual crueldade
pudesse ser comparada com as constatadas no caso da “farra do boi” ou da “rinha de
galos”, precedentes citados pelo relator. O Ministro Gilmar Mendes aludiu que a
consequência de uma declaração de inconstitucionalidade, na espécie, seria levar a
prática cultural à clandestinidade. Entendeu que a legislação careceria de alguma
censura, de modo que sua execução necessitaria de um eventual aperfeiçoamento e
medidas que pudessem reduzir as possibilidades de lesão aos animais. Registrou que,
embora não se pudesse garantir que não haveria lesão ao animal, diferentemente do
que ocorre na “farra do boi” em que se saberia, de início, que o objetivo seria matar o
animal, o propósito, nesse caso, seria desportivo em sentido amplo. Em seguida, pediu
vista o Ministro Roberto Barroso.
ADI 4983/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 12.8.2015. (ADI-4983)

ADI e “vaquejada” - 4

O Plenário retomou o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em


face da Lei 15.299/2013 do Estado do Ceará, que regulamenta a atividade de
“vaquejada” — v. Informativo 794. Em voto-vista, o Ministro Roberto Barroso,
acompanhado pelos Ministros Rosa Weber e Celso de Mello, julgou o pedido
procedente. Consignou que não se pode negar à atividade a característica de
manifestação cultural. Entretanto, isso não a torna imune ao contraste com outros
valores constitucionais, como a proteção dos animais contra práticas cruéis. Quanto a
esse aspecto, a tutela dos animais deve ser considerada norma autônoma, de modo
que não se justifica unicamente do ponto de vista ecológico ou preservacionista.
Possui valor eminentemente moral, ou seja, o sofrimento animal importa por si só,
independentemente do equilíbrio ambiental. No caso, delimitou que a “vaquejada”
envolve o uso de animais para fins de entretenimento, apenas. Assim, pode haver
outras questões a respeito de direitos dos animais, mais complexas (uso deles para
alimentação, religião, entre outros), mas que não estão em debate. A “vaquejada”,
especificamente, apresenta diversas formas de crueldade contra os animais e, todavia,
não é passível de regulamentação capaz de evitar esse sofrimento intencionalmente

15
infligido e inerente à sua prática. Concluiu que manifestações culturais, com
características de entretenimento, que submetem animais a crueldade, são
incompatíveis com a Constituição, quando for impossível sua regulamentação de modo
suficiente para evitar práticas cruéis sem que a própria atividade seja descaracterizada.
A Ministra Rosa Weber frisou que, muito embora o Estado garanta e incentive
manifestações culturais, ele também não tolera crueldade contra animais. Assim, são
vedadas manifestações culturais em que haja práticas cruéis contra animais. Entendeu
que a violência contra o animal é ínsita à vaquejada, de modo que a prática não é
protegida pela Constituição. O Ministro Celso de Mello sublinhou que o respeito pela
fauna em geral atua como condição inafastável de preservação do meio ambiente.
Além disso, tem igual relevância a subsistência do gênero humano em um meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, a prática de comportamentos
predatórios e lesivos à fauna tem impacto altamente negativo para a incolumidade do
patrimônio ambiental dos seres humanos. Enfatizou que a “vaquejada” é dotada de
crueldade inerente à sua prática. Não se pode qualificá-la como atividade desportiva,
prática cultural ou expressão folclórica, pois é crime (Lei 9.605/1998, art. 32).
ADI 4983/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 2.6.2016. (ADI-4983)

ADI e “vaquejada” - 5

Em divergência, os Ministros Teori Zavascki e Luiz Fux julgaram o pedido


improcedente. O Ministro Teori Zavascki invocou o princípio da legalidade (CF, art. 5º,
II) para deduzir que a discussão nos autos não diz respeito à prática da “vaquejada”,
mas à lei que a regulamenta no Estado do Ceará. Nesse sentido, a “vaquejada” poderia
ser um ato cruel, ou não, ao animal, a depender da forma como é praticada. Assim, se
essa manifestação cultural não for cruel, não pode ser proibida. Reputou que a lei em
comento, desnaturando, ou não, a “vaquejada”, procurara evitar as formas cruéis de
sua realização. Assim, se não houvesse norma regulamentadora, essa tradição recairia
inexoravelmente em crueldade contra os animais. O Ministro Luiz Fux ponderou as
regras constitucionais que garantem a todos o exercício dos direitos culturais, de um
lado; e, de outro, as que protegem a fauna e a flora. Entendeu que o legislador, no
caso, também fizera essa ponderação e estabelecera alguns cuidados necessários para
a prática correta da “vaquejada”, de modo que cabe ao Judiciário ser deferente ao
Legislativo. Lembrou, ainda que a carne vermelha, no Brasil, é produzida de forma
cruel e que a Constituição, não obstante, garante o direito à alimentação, um direito
social. Em seguida, pediu vista dos autos o Ministro Dias Toffoli.
ADI 4983/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 2.6.2016. (ADI-4983)

TÍTULO
ADI e “vaquejada” – 6 (informativo 842 stf)

ARTIGO
O Plenário, em conclusão e por maioria, julgou procedente ação direta para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 15.299/2013 do Estado do Ceará, que regulamenta a
atividade de “vaquejada”, em que uma dupla de vaqueiros montados em cavalos
distintos busca derrubar um touro dentro de uma área demarcada — v. Informativos
16
794 e 828. Na espécie, o requerente sustentava a ocorrência de exposição dos animais
a maus-tratos e crueldade, ao passo que o governador do Estado-membro defendia a
constitucionalidade da norma, por versar patrimônio cultural do povo nordestino.
Haveria, portanto, conflito de normas constitucionais sobre direitos fundamentais —
de um lado, o art. 225, § 1º, VII; de outro, o art. 215. O requerente alegava que o art.
225 da CF consagraria a proteção da fauna e da flora como modo de assegurar o
direito ao meio ambiente sadio e equilibrado. Seria, portanto, direito fundamental de
terceira geração, fundado na solidariedade, de caráter coletivo ou difuso, dotado de
altíssimo teor de humanismo e universalidade. Tal manutenção do ecossistema
beneficiaria as gerações do presente e do futuro, visto que o indivíduo é considerado
titular do direito e, ao mesmo tempo, destinatário dos deveres de proteção (“direito
dever” fundamental). Sustentava que o STF, ao constatar conflito entre normas de
direitos fundamentais, ainda que presente a manifestação cultural, conferiria
interpretação mais favorável à proteção ao meio ambiente, sobretudo quando
verificada situação de inequívoca crueldade contra animais. Tudo isso demonstra
preocupação maior com a manutenção, em prol dos cidadãos de hoje e de amanhã,
das condições ecologicamente equilibradas para uma vida mais saudável e segura. O
Tribunal asseverou ter o autor juntado laudos técnicos comprobatórios das
consequências nocivas à saúde dos bovinos, tais como fraturas nas patas, ruptura dos
ligamentos e dos vasos sanguíneos, traumatismos e deslocamento da articulação do
rabo e até seu arrancamento, das quais resultariam comprometimento da medula
espinhal e dos nervos espinhais, dores físicas e sofrimento mental. Ante os dados
empíricos evidenciados pelas pesquisas, é indiscutível o tratamento cruel dispensado
às espécies animais envolvidas, em descompasso com o preconizado no art. 225, § 1º,
VII, da CF. À parte das questões morais relacionadas ao entretenimento à custa do
sofrimento dos animais, a crueldade intrínseca à “vaquejada” não permite a
prevalência do valor cultural como resultado desejado pelo sistema de direitos
fundamentais da Constituição. Portanto, o sentido da expressão “crueldade” constante
da parte final do inciso VII do § 1º do art. 225 da CF alcança a tortura e os maus-tratos
infligidos aos bovinos durante a prática impugnada, de modo a tornar intolerável a
conduta humana autorizada pela norma estadual atacada. Vencidos os ministros Edson
Fachin, Gilmar Mendes, Teori Zavascki, Luiz Fux e Dias Toffoli, que julgavam o pedido
improcedente. ADI 4983/CE, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 6-10-2016.
REPERCUSSÃO GERAL

- Sancionada lei 13.364/2016

LEI Nº 13.364, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2016.


Eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as
respectivas expressões artístico-culturais, à
condição de manifestação cultural nacional
e de patrimônio cultural imaterial.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:

17
Art. 1o Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões
artístico-culturais, à condição de manifestações da cultura nacional e de patrimônio
cultural imaterial.
Art. 2o O Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-
culturais, passam a ser considerados manifestações da cultura nacional.
Art. 3o Consideram-se patrimônio cultural imaterial do Brasil o Rodeio, a
Vaquejada e expressões decorrentes, como:
I - montarias;
II - provas de laço;
III - apartação;
IV - bulldog;
V - provas de rédeas;
VI - provas dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning;
VII - paleteadas; e
VIII - outras provas típicas, tais como Queima do Alho e concurso do berrante, bem
como apresentações folclóricas e de músicas de raiz.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

- PEC 50/2016 em tramitação

Redação

Art. 1º. O art. 225 da Constituição passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º.
“Art.225....................................................................................................
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as manifestações culturais previstas no § 1º do art. 215 e
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, desde que regulamentadas em lei específica que assegure o bem-estar dos
animais envolvidos.” (NR)
Art. 2º. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

Informativo 847 (11/2016)

MS 34.518-MC/DF*

RELATOR: Ministro Luix Fux

DIREITO CONSTITUCIONAL. DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE JUDICIAL.


CABIMENTO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM EXCLUSIVA DO PARLAMENTAR EM

18
EXERCÍCIO. MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO
ART. 60, § 4º, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONTROLE PREVENTIVO DE
CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO.
DIÁLOGO LEGISLATIVO QUE BUSCA EQUACIONAR A REALIZAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES
CULTURAIS E O BEM-ESTAR ANIMAL. LIMITES INSCULPIDOS NO ART. 60, CRFB/88.
INOCORRÊNCIA DE FLAGRANTE VIOLAÇÃO ÀS CLÁUSULAS SUPERCONSTITUCIONAIS
QUE PODERIAM IMPEDIR A DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR DO TEMA. PREMATURA
INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA
NÃO CONFIGURADOS. MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA.

- Abate humanitário.

- tipifica de forma mais gravosa, os crimes de FURTO e de RECEPTAÇÃO de semovente


domesticável de produção dada a maior reprovabilidade da conduta. Animal não é
coisa.

LEI Nº 13.330, DE 2 DE AGOSTO DE 2016.

Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 (Código Penal), para
tipificar, de forma mais gravosa, os crimes
de furto e de receptação de semovente
domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes.

O VICE – PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE


DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:

Art. 1o Esta Lei altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código


Penal), para tipificar, de forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes.

Art. 2o O art. 155 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código


Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:

“Art.155. .....................................................................................................................
...............

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de


semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração.” (NR)

Art. 3o O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a


vigorar acrescido do seguinte art. 180-A:

19
“Receptação de animal

Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou


vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de agosto de 2016; 195o da Independência e 128o da República.

- Decisão judicial de Jacareí fevereiro de 2016. Guarda alternada (compartilhada) de


cachorro em divórcio. Animal como sujeito de direito por analogia com incapaz.
Questão ética.

- Chimpanzé e HC

- Meio ambiente previsto como direito humano na Conferência de Estocolmo de 1972


(desenvolvimento sustentável e prevenção), Declaração do Rio de 1992 e Carta da
Terra (Rio + 5)

- STF MS 22164/SP meio ambiente é direito de titularidade coletiva. Princípio da


solidariedade. Direito Fundamental de Terceira geração.

- Dano ambiental não conhece fronteiras. Dumping ambiental e social.

Protocolo de Kyoto/1997. Só criava deveres para países ricos.

Fracasso. COP 15. Em 2009 o prazo acabou e não houve renovação.

Brasil editou lei 12.187/09. Compromisso de reduzir emissões.

TRF2/2017
Em relação à Política Nacional sobre Mudança do Clima, instituída pela Lei n°
12.187/09, é correto afirmar que:

a) O conceito de “adaptação” se refere às medidas necessárias para adaptar o sistema


produtivo aos objetivos da política climática, reduzindo o volume de emissões de gases
de efeito estufa, e o conceito de “mitigação” se refere às iniciativas para reduzir a
vulnerabilidade das populações mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Art 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - adaptação: iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas


naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima;
20
b) A implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima é de competência
privativa da União.

Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade


dos entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da
precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o
das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito
internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será
considerado o seguinte:

I - todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes e futuras gerações,


para a redução dos impactos decorrentes das interferências antrópicas sobre o sistema
climático;

II - serão tomadas medidas para prever, evitar ou minimizar as causas


identificadas da mudança climática com origem antrópica no território nacional, sobre
as quais haja razoável consenso por parte dos meios científicos e técnicos ocupados no
estudo dos fenômenos envolvidos;

III - as medidas tomadas devem levar em consideração os diferentes contextos


socioeconomicos de sua aplicação, distribuir os ônus e encargos decorrentes entre os
setores econômicos e as populações e comunidades interessadas de modo equitativo
e equilibrado e sopesar as responsabilidades individuais quanto à origem das fontes
emissoras e dos efeitos ocasionados sobre o clima;

IV - o desenvolvimento sustentável é a condição para enfrentar as alterações


climáticas e conciliar o atendimento às necessidades comuns e particulares das
populações e comunidades que vivem no território nacional;

V - as ações de âmbito nacional para o enfrentamento das alterações climáticas,


atuais, presentes e futuras, devem considerar e integrar as ações promovidas no
âmbito estadual e municipal por entidades públicas e privadas;

c) Com a aprovação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, qualquer pessoa,


física ou jurídica, responsável, direta ou indiretamente, por emissões de gases de
efeito estufa, pode ser obrigada, inclusive judicialmente, a compensar integralmente
suas emissões, até por força do princípio do poluidor pagador.

Não há essa previsão

d) Qualquer instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima só pode ser


utilizado mediante prévia aprovação pela conferência das partes à Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (as denominadas “COPs”).
Não precisa da aprovação

21
Art. 6o São instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima:
(Regulamento)

(...)

IV - a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas


sobre Mudança do Clima, de acordo com os critérios estabelecidos por essa
Convenção e por suas Conferências das Partes;

(...)

X - os mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação da mudança


do clima e à adaptação aos efeitos da mudança do clima que existam no âmbito da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Protocolo de
Quioto;

e) Os registros, inventários, estimativas, avaliações e outros estudos de emissões de


gases de efeito estufa e de suas fontes, elaborados com base em informações e dados
fornecidos por entidades públicas e privadas, são instrumentos da Política Nacional
Sobre Mudança do Clima. (correta)

Art. 6o São instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima:


(Regulamento)

I - o Plano Nacional sobre Mudança do Clima;

II - o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima;

III - os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento nos


biomas;

IV - a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas


sobre Mudança do Clima, de acordo com os critérios estabelecidos por essa
Convenção e por suas Conferências das Partes;

V - as resoluções da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima;

VI - as medidas fiscais e tributárias destinadas a estimular a redução das


emissões e remoção de gases de efeito estufa, incluindo alíquotas diferenciadas,
isenções, compensações e incentivos, a serem estabelecidos em lei específica;

VII - as linhas de crédito e financiamento específicas de agentes financeiros


públicos e privados;

VIII - o desenvolvimento de linhas de pesquisa por agências de fomento;

22
IX - as dotações específicas para ações em mudança do clima no orçamento da
União;

X - os mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação da mudança


do clima e à adaptação aos efeitos da mudança do clima que existam no âmbito da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Protocolo de
Quioto;

XI - os mecanismos financeiros e econômicos, no âmbito nacional, referentes à


mitigação e à adaptação à mudança do clima;

XII - as medidas existentes, ou a serem criadas, que estimulem o


desenvolvimento de processos e tecnologias, que contribuam para a redução de
emissões e remoções de gases de efeito estufa, bem como para a adaptação, dentre as
quais o estabelecimento de critérios de preferência nas licitações e concorrências
públicas, compreendidas aí as parcerias público-privadas e a autorização, permissão,
outorga e concessão para exploração de serviços públicos e recursos naturais, para as
propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais
e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos;

XIII - os registros, inventários, estimativas, avaliações e quaisquer outros estudos de


emissões de gases de efeito estufa e de suas fontes, elaborados com base em
informações e dados fornecidos por entidades públicas e privadas;

- Responsabilidade comum, porém diferenciada. Responsabilidade histórica.

- a responsabilidade é comum com fundamento na Resolução 2625 da Assembléia-


Geral das Nações Unidas, a qual declara que “Todos os Estados Gozam de igualdade
soberana, têm direitos e iguais deveres e são igualmente membros da comunidade
internacional”

Diferenciada: capacidade de agir (teoria do bolso profundo) e sentido histórico.

- Visita da Presidente aos EUA. Declaração conjunta de 30/6/2015.

Brasil se compromete a zerar o desmatamento ilegal em 2030; recuperar 120.000 km²


de florestas; Atingir de 25 a 33% na matriz energética de fontes renováveis, sem contar
hidrelétricas. Contra o aquecimento global. Preparação para a COP 21 em Paris
(Prevista reunião anual das Partes na Convenção Quadro da ONU sobre a Mudança do
Clima).

- Brasil possui potencial de gerar energia solar fotovoltaica em 200 vezes a capacidade
hoje instalada de toda a matriz energética. (hoje 0,02% da matriz. Em 2030 há previsão
de 8%)

Encíclica “Laudato Si” Os países pobres precisam produzir energia renovável. Quem
cresceu à custa da atual poluição deve colaborar mais”

23
- COP 21. Descarbonização da economia? 195 países concordaram em (a) buscar
elevação menor que 2 graus com esforços para limitar em 1,5 graus (em relação à era
pré industrial); (b) mecanismos de revisão a cada 5 anos a partir de 2020 (c) repasse de
100 bilhões de dólares dos países ricos para os periféricos. Metas para inglês ver?

- Suprema Corte suspende programa de redução de emissões de Obama em 02/2016


(mais energia solar e eólica. Menos carvão). Para Obama mudanças climáticas afetam
saúde pública, com doenças respiratórias. Suprema Corte suspendeu por 5
(conservadores) x 4 (liberais). Dificulta implementação do Acordo de Paris

- COP 22 em Marrakech visa a efetivar promessas de Paris.

- Trump revoga por decreto o Plano de Energia Limpa de Obama que estava suspenso
(03/2017)

“Os empregos da mineração de carvão estão declinando nos Estados Unidos há


décadas, principalmente por causa de mudanças tecnológicas, como a mecanização,
que aumentaram a produtividade do setor, e recentemente por causa dos baixos
preços do gás natural, que o tornaram muito mais competitivo que o carvão. E não
primariamente por causa de regulações ambientais e certamente não por causa de
regulação que nem sequer foi implementada”, afirmou ao Estado Robert Stavins,
diretor do Programa de Economia Ambiental da Universidade Harvard e um dos
maiores especialistas em política climática dos Estados Unidos. (Estado de SP.
28/03/2017)

- Leonardo Di Caprio ao ganhar o Oscar 2016 por "O Regresso"

"O regresso é sobre a relação entre Homem e o mundo natural, um mundo em que
nós, coletivamente, sentimos em 2015 como o ano mais quente já registrado. A
Produção do nosso filme precisou se mudar para a parte sul deste planeta apenas para
conseguir encontrar um pouco de neve. As mudanças climáticas são reais e estão
acontecendo neste momento. É a ameaça mais urgente que nossa espécie enfrenta, e
nós precisamos que o mundo, coletivamente, pare de procrastinar. Nós precisamos
apoiar os líderes em todo o mundo, apoiar aqueles que não falam pelos grandes
poluidores ou pelas grandes corporações, mas os que falam por toda a Humanidade,
pelos povos indígenas do mundo, pelas bilhões de pessoas sem privilégios que serão as
mais afetadas por isso, pelas crianças das nossas crianças, e pelas pessoas que tiveram
suas vozes afogadas pela ganância. Eu agradeço a todos por esse incrível prêmio. Não
vamos considerar que nosso planeta já está garantido. Eu não considerei este prêmio
como garantido. Muito obrigado."

- Avatar também tratou do tema. Livro Trópicos Utópicos do professor Gianetti

Princípios e objetivos da PNMA

- Art. 2º e 4º da lei 6938/81

24
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
(fins abstratos)

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o


meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional


e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

TRF5 2015 “A recuperação de áreas degradadas é um dos princípios da Política


Nacional do Meio Ambiente; em relação às mineradoras, é ela uma exigência
constitucional.” certo

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da


comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.

DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (fins concretos)

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da


qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

Prova oral TRF2 - Temos dentre os objetivos da CF a garantia desenvolvimento e um


capítulo sobre meio ambiente. Como conciliar desenvolvimento x meio ambiente?

25
- Resolução Nº 201 do CNJ de 03/03/2015
”Dispõe sobre a criação e competências das unidades ou núcleos socioambientais nos
órgãos e conselhos do Poder Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística
Sustentável (PLS-PJ)”

4. Princípios de Direito Ambiental

- Não há consenso na doutrina sobre os princípios

TRF5/2006 CESPE “Os princípios de direito ambiental no Brasil recebem da doutrina


tratamento bastante homogêneo, sob enfoques quantitativo, qualitativo e
terminológico” ERRADO

Principais princípios – desenvolvimento sustentável, prevenção, precaução, poluidor-


pagador, protetor-recebedor, usuário-pagador, obrigatoriedade da intervenção
estatal, democrático, informação, função social.

Desenvolvimento sustentável

- Harmonizar crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social

- Conferência de Estocolmo 1972 “abordagem do ecodesenvolvimento”

- Em 1987 elaborado Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) apresentado o


conceito de desenvolvimento sustentável

- Atender necessidades das gerações presentes sem comprometer gerações futuras

- ex. evitar obsolescência programada (ex. lixo eletrônico - função social da empresa)

- Princípio 4 (desenvolvimento com proteção ambiental) e 5 (erradicar a pobreza) da


Declaração do Rio/92

TRF2 prova oral - Quando o desenvolvimento sustentável ganhou força?

- ética ambiental x estímulos econômicos

Edital TRF1 2015 e ponto 2 da Prova oral do TRF5 em 07/2016 “O direito ambiental
como direito econômico. A natureza econômica das normas de direito ambiental”

TRF2 prova oral "É possível aceitar o direito ambiental como direito econômico?"

- Atividade econômica de mineração e meio ambiente. Informativo 830 do STF


(06/2016). Julgamento iniciado (2 x 1)

26
Paralisação de atividade econômica e meio ambiente

O Plenário iniciou o julgamento de agravo regimental e de embargos declaratórios em


suspensão de liminar em que se discute a paralisação de empreendimento de
mineração em município paraense no qual existentes comunidades indígenas, tendo
em conta a proteção constitucional do meio ambiente, do índio e das atividades
econômicas. O Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente e relator) negou provimento
ao agravo e, após receber os embargos como agravo, também negou-lhe provimento,
para manter a decisão que suspendera parcialmente a liminar. Entendeu demonstrada
a natureza constitucional da controvérsia. Além disso, embora a contracautela revista-
se de caráter excepcional, a situação dos autos permite seu deferimento parcial. Nesse
sentido, a proteção do meio ambiente está intrinsecamente associada ao
desenvolvimento econômico e social, e o equilíbrio desses valores é um desafio atual.
A exploração dos recursos naturais, portanto, deve se dar de maneira sustentável, para
preservar o ecossistema e a biodiversidade para as presentes e futuras gerações.
Entretanto, na espécie, a paralisação das atividades econômicas de mineração na
região poderá causar prejuízos econômicos elevados, imediatos e de difícil reparação
ao Estado do Pará, inclusive com a possível e indesejável demissão de grande número
de trabalhadores. O retorno das atividades, contudo, não significa desobrigar a
empresa exploradora de realizar o plano de gestão econômica, tampouco exime o
Estado-Membro da atuação rigorosa na preservação do meio e no cuidado com as
populações estabelecidas na região. Reputou, ademais, não se cuidar de dano
imediato ao meio ambiente no caso, de maneira a se configurar grave ofensa à ordem
econômica a justificar a concessão da medida extrema. Assim, permitiu a continuidade
das atividades de mineração em debate, sem prejuízo da implementação do plano de
gestão econômica e demais medidas compensatórias para as comunidades indígenas
afetadas, que deverão ser finalizadas em até 120 dias, sob pena de pagamento mensal
de astreintes, a título de compensação pela ausência de adoção dessas medidas.
Concluiu que a suspensão de liminar não merece reforma ou correção, visto que as
partes apenas reiteraram argumentos outrora aduzidos. Em divergência, os Ministro
Marco Aurélio e Dias Toffoli proveram o agravo. Asseveraram que o pedido de
suspensão de liminar pressupõe dano inafastável. Além disso, apontaram a ausência
de contraditório ínsita ao pleito. Em seguida, pediu vista dos autos o Ministro Roberto
Barroso.
SL 933 AgR-segundo/PA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 15.6.2016. (SL-933)
SL 933 ED/PA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 15.6.2016. (SL-933)

Ex. Usinas hidrelétricas e meio ambiente

Ex. Direito Tributário. Sanções premiais. Ex. ICMS Ecológico, AES Eletropaulo ”Recicle
mais, pague menos”. Isenção de ITR para quem instituir Reserva Particular do
Patrimônio Natural. Programa Palmas Solar (desconto no IPTU de até 80% para quem
gerar energia solar). Desestimular uso de combustíveis fósseis pela taxação. Estímulo
ao redirecionamento de investimentos para energia limpa.

- Constituição 1988

27
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

VI - defesa do meio ambiente;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme


o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

TRF5/2011 CESPE “O direito ambiental é dotado de instrumentos que o capacitam a


atuar na ordem econômica, e, nesse sentido, a PNMA visa, entre outros objetivos,
assegurar adequado padrão de desenvolvimento socioeconômico do país” certo

“Ainda que a CF não considere expressamente a defesa do meio ambiente como


princípio que rege a atividade econômica, a livre iniciativa somente pode ser praticada
observadas as regras constitucionais que tratam do tema” errada

Art.. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações.

STF ADI 3540 “desenvolvimento sustentável como justo equilíbrio entre as exigências
da economia e ecologia. Bem de uso comum do povo a ser resguardado em favor de
presentes e futuras gerações”

TRF5/2005 CESPE “O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre


a economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações internacionais,
mas, por não estar previsto expressamente na Constituição brasileira, atua apenas
como aspiração social e vetor ideológico para a atividade econômica” errado (170 e
225 CF)

TRF5 - prova oral - "Fala-se em preservacionismo (corrente doutrinária mais clássica),


de um lado, e ambientalismo social, de outro. Como se pode conceituar o direito
ambiental nesse contexto?" Meio ambiente natural x artificial

Solidariedade ou eqüidade intergeracional

28
TRF5/2005 CESPE

“Os princípios da participação comunitária e da equidade intergeracional têm sede


constitucional, uma vez que a constituição brasileira estabelece a faculdade de a
coletividade praticar atos com vistas à proteção do meio ambiente e sua preservação
em prol das presentes e futuras gerações” errado. Há o dever da coletividade

Ética solidária.

Prevenção e precaução

- Evitar a incidência dos danos ambientais é melhor que remediá-los

Idênticos ou distintos?

CESPE diferencia

Prevenção e precaução

- Ambos evitam concretização do dano

- Certeza científica x incerteza científica

- Declaração de Estocolmo de 72 e Rio de 92 X Declaração do Rio de 92

- Ambas extraídas do art. 225 (EIA X solidariedade intergeracional)

Atividades minerárias X transgênicos e antenas de telefonia celular

TRF1 - prova oral - O MP entrou com ACP para provocar um obstáculo judicial à
produção de sementes transgênicas com parecer favorável pela CTNBio no que tange à
dispensa de licença ambiental. Em que termos este licenciamento ambiental é
preconizado na CF, em que princípio o MP estaria alicerçado para pedir provimento
jurisdicional para paralisar aquela atividade que foi autorizada pela CTNBio, com
relação à dispensabilidade da licença ambiental?

- Alicerce do EIA

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (prevenção)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Precaução

Princípio 15 da Declaração do Rio de 92

29
“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica
absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.”

- STJ inversão do ônus da prova (em prol da sociedade). Incerteza científica milita em
favor do meio ambiente. Resp 972902/RS Inversão do ônus da prova pela precaução e
pelo diálogo de fontes. Interdisciplinaridade entre direito ambiental e consumidor
(caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado).

O princípio da prevenção está intimamente relacionado ao brocardo jurídico “in dubio


contra projectum” e, segundo jurisprudência das Cortes Superiores, impõe o
reconhecimento da inversão do ônus da prova. (Ano: 2016 Banca: TRF - 3ª REGIÃO
Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto).

É o da precaução. O “in dubio contra projectum” gera a necessidade de o


empreendedor comprovar a inofensividade do seu empreendimento.

Jurisprudência em teses

Tese 4 “O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório,


competindo a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o
causou ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente
lesiva.”

REsp 1237893/SP,Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, Julgado em


24/09/2013,DJE 01/10/2013
AgRg no AREsp 206748/SP,Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA,Julgado em 21/02/2013,DJE 27/02/2013
REsp 883656/RS,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em
09/03/2010,DJE 28/02/2012
AgRg no REsp 1192569/RJ,Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA,Julgado em 19/10/2010,DJE 27/10/2010
REsp 1049822/RS,Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, Julgado em
23/04/2009,DJE 18/05/2009

- Prova negativa. Proporcionalidade. Danos sérios ou irreversíveis

"A essas regras, soma-se o princípio da precaução. Esse preceitua que o meio
ambiente deve ter em seu favor o benefício da dúvida no caso de incerteza (por falta
de provas cientificamente relevantes) sobre o nexo causal entre determinada atividade
e um efeito ambiental nocivo. Assim, ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990
c/c o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução, justifica-se
a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade
potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento."
Precedente citado : REsp 1.049.822-RS , DJe 18/5/2009. REsp 972.902-RS, Rel. Min.
Eliana Calmon, julgado em 25/8/2009.

30
Lei da Biossegurança (11.105/2005) – menção expressa. Artigo 1º

Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a


construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o
consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço
científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde
humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção
do meio ambiente.

Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (12.187/2009)

Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos


entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da
precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o
das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito
internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será
considerado o seguinte:

Diplomas internacionais que mencionam a precaução Convenção sobre a Diversidade


Biológica, Declaração do Rio de 1992 e Protocolo de Kyoto à Convenção Quadro sobre
mudanças do clima.

- Encíclica do Papa Francisco "Laudato Si'". Junho de 2015. Visava à COP de Paris.
Acordo aprovado por 195 países. Visa a mundo neutro de carbono. Ex. Agricultura de
baixo carbono.

- Refugiados ambientais. (COP21. Obama “mudanças climáticas devem levar a nova


onda de refugiados”). Trump nega mudanças climáticas - carvão mineral. Verde? Ex.
Polônia

- Mudanças climáticas e inflação. Ex. cebola, tomate, arroz e feijão

- Eventos climáticos extremos. “Uma em cada cinco cidades está em emergência ou


calamidade” FSP 26/01/2016

- “Fracking” (Fraturamento Hidráulico) e “shale gas”. EUA e Argentina.

- Proibido em vários países. Crise energética. Contaminação dos lençóis freáticos e


produção agropecuária. Competitividade com EUA e Argentina (indústria de vidro,
cerâmica).

- “La Guerra Del Fracking” Documentário argentino de Pino Solanas.

- Leis municipais probindo (ex. Toledo). ANP regulamentou mas liminares da JF


proibiram abertura de poços

31
- A globalização da crise ambiental põe em xeque o capitalismo? Marcelo Leite. “O
historiador Luiz Marques e a filósofa Isabelle Stengers seguem a trilha de Naomi Klein e
predizem derrocada do capitalismo pela mudança climática e pelo caos ambiental
planetário. Seus livros alimentam o ceticismo quanto à Conferência de Paris”

- Catástrofes naturais. Estiagens, inundações, enxurradas. Criação do CEMADEN.

- Princípio da precaução e informativo 829 do STF. Repercussão geral. (06/2016).


Função social da empresa e stakeholders

Princípio da precaução e campo eletromagnético - 1

No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de


efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem
impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei 11.934/2009. Essa a
tese que, por maioria, o Plenário fixou para efeito de repercussão geral ao dar
provimento, por maioria, a recurso extraordinário para julgar improcedentes pedidos
formulados em ações civis públicas. Essas ações debateram o direito fundamental à
distribuição de energia elétrica, ao mercado consumidor, de um lado, e o direito à
saúde daqueles que residem em locais próximos às linhas pelas quais se efetua a
transmissão, de outro. Na espécie, acórdão de tribunal de justiça estadual impusera
obrigação de fazer a concessionária de serviço público no sentido de observar padrão
internacional de segurança e, em consequência, reduzir campo eletromagnético em
suas linhas de transmissão de energia elétrica. A decisão recorrida fundamentara-se
no princípio da precaução e no direito fundamental a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e à sadia qualidade de vida. O Plenário reafirmou que a
proteção do meio ambiente e da saúde pública com desenvolvimento sustentável
seria obrigação constitucional comum a todos os entes da Federação. Para tanto, a
Constituição confere ao Poder Público todos os meios necessários à consecução de
tais fins, incumbindo-o, inclusive, da competência para definir, em todas as unidades
da Federação, os espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos. Salientou que essa obrigação não seria apenas do Poder Público, mas
também daqueles que exercem atividade econômica e que prestam serviços
públicos, como é o caso das companhias de distribuição de energia elétrica. Destacou
que essas empresas, por executarem serviços delegados seriam regidas por regras de
direito privado, ainda que na relação com o poder concedente obedecessem a
regime jurídico de direito público. Por isso, estariam submetidas aos regulamentos
emitidos e ao controle realizado por agência reguladora competente e, no exercício
de suas atividades deveriam defender e proteger o meio ambiente e o direito
fundamental transindividual e do cidadão à saúde, em sua integralidade.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

32
Princípio da precaução e campo eletromagnético - 2

A Corte registrou que o conteúdo jurídico do princípio da precaução remontaria


originalmente à “Carta Mundial da Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”,
estabelecera a necessidade de os Estados controlarem as atividades potencialmente
danosas ao meio ambiente, ainda que seus efeitos não fossem completamente
conhecidos. Esse princípio fora posteriormente incluído na Declaração do Rio de
Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). Além desses documentos,
o princípio da precaução estaria contido na Constituição (“Art. 225. ... § 1º - Para
assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... IV - exigir, na forma
da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente”). Decorre referido princípio da constatação de que a evolução científica
poderia trazer riscos, muitas vezes imprevisíveis ou imensuráveis, a exigir uma
reformulação das práticas e procedimentos tradicionalmente adotados na respectiva
área da ciência. Apontou que o princípio da precaução não prescindiria de outros
elementos considerados essenciais para uma adequada decisão estatal, a serem
observados sempre que estiver envolvida a gestão de riscos: a) a proporcionalidade
entre as medidas adotadas e o nível de proteção escolhido; b) a não discriminação na
aplicação das medidas; e, c) a coerência das medidas que se pretende tomar com as
já adotadas em situações similares ou que utilizem abordagens similares. Portanto,
na aplicação do princípio da precaução a existência de riscos decorrentes de
incertezas científicas não deveria produzir uma paralisia estatal ou da sociedade. Por
outro lado, a aplicação do princípio não poderia gerar como resultados temores
infundados. Assim, em face de relevantes elementos de convicção sobre os riscos, o
Estado deveria agir de forma proporcional. Por sua vez, o eventual controle pelo
Poder Judiciário quanto à legalidade e à legitimidade na aplicação desse princípio
haveria de ser realizado com prudência, com um controle mínimo, diante das
incertezas que reinam no campo científico.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

Princípio da precaução e campo eletromagnético - 3

No que se refere aos limites à exposição humana a campos eletromagnéticos


originários de instalações de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica do
caso concreto, a Corte apontou que os níveis colhidos pela prova pericial produzida
nos autos teriam demonstrado sua adequação aos parâmetros exigidos pelo
ordenamento jurídico infraconstitucional. Ao se referir à Lei 11.934/2009, que dispõe
sobre os limites à exposição humana a campos elétricos, magnéticos e
eletromagnéticos, posteriormente regulamentada pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) em sua Resolução Normativa 398/2010, o Plenário assentou não
haver dúvida quanto à licitude — sob o ponto de vista infraconstitucional — do que
estaria a praticar a recorrente. Apontou que a citada resolução normativa, ao
estabelecer os limites e os procedimentos referentes à exposição por parte do público
em geral e dos trabalhadores aos campos elétricos e magnéticos teria aplicado em

33
todo o território nacional os limites estabelecidos pela Comissão Internacional de
Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) em respeito às recomendações da
OMS. Salientou que o acórdão do tribunal de origem apontara que, conforme as
medições feitas, em momento algum teria se observado violação aos parâmetros
legais estabelecidos pela ICNIRP. Ainda assim, a despeito de as medições estarem no
nível legalmente estabelecido, o órgão julgador do acórdão recorrido, com base no
princípio da precaução, obrigara a ré a adotar parâmetro suíço, abaixo do fixado na
legislação pátria. Aparentemente, não existiriam provas ou mesmo indícios de que o
avanço científico na Suíça ou em outros países que não adotam os padrões da OMS
esteja além do da maioria dos países que compõem a União Europeia ou do de outros
países do mundo que adotam os limites estabelecidos pela OMS e ICNIRP. Na situação
dos autos, tratou-se de uma opção legislativa e administrativa.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

Princípio da precaução e campo eletromagnético - 4

A Corte registrou fato novo surgido após o processamento do recurso extraordinário,


constante da edição da Resolução Normativa 616/2004, da ANEEL. Essa norma, no que
se refere aos limites à exposição humana a campos elétricos e magnéticos originários
de instalações de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, na frequência
de 60 Hz, elevou de 83,33 µT (microteslas) para 200,00 µT (microteslas) o limite
máximo e permanente de exposição a campos elétricos e magnéticos. Estudos
desenvolvidos pela OMS teriam demonstrado que não haveria evidências científicas
convincentes de que a exposição humana a valores de campos eletromagnéticos acima
dos limites estabelecidos cause efeitos adversos à saúde. A própria OMS ao elaborar
seu modelo de legislação para uma proteção efetiva aos campos eletromagnéticos
teria indicado a utilização dos limites fixados pela ICNIRP. Assim, o Estado brasileiro
teria adotado as necessárias cautelas, pautadas pelo princípio constitucional da
precaução. E, tendo em vista que o regime jurídico brasileiro estaria orientado de
acordo com os parâmetros de segurança reconhecidos internacionalmente, não
haveria razão suficiente a justificar a manutenção da decisão atacada. No futuro, caso
surjam efetivas e reais razões científicas e/ou políticas para a revisão do que se
deliberou no âmbito normativo, o espaço para esses debates e a tomada de novas
definições serão respeitados. Decidiu que haveria de ser acatada a decisão política que
concluíra pela edição da norma nos termos estabelecidos, uma vez que, dentro da
competência do Poder Judiciário, não teriam sido violados os limites da legalidade, em
observância às normas de organização e de procedimento na proteção dos direitos
fundamentais referidos, tampouco afrontados os pressupostos da motivação e da
proporcionalidade.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

Princípio da precaução e campo eletromagnético - 5 (votos vencidos)

Vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Marco Aurélio e Celso de Mello, que
negavam provimento ao recurso. O Ministro Edson Fachin destacava que o acórdão
recorrido teria partido da dúvida da comunidade científica acerca dos efeitos danosos
à saúde com base nos princípios da precaução, da proteção ao meio ambiente e da
saúde. Segundo a Ministra Rosa Weber, os artigos 5º, “caput” e inciso II, ou 224 da

34
Constituição não teriam sido afrontados. Para o Ministro Marco Aurélio, o embate
dos autos estaria desequilibrado porque se teria o poder econômico de um lado e, de
outro, a população. Entendia que, ao apreciar o recurso extraordinário, o STF não
atuaria no âmbito da competência originária. Salientava que, ao assentar a
transgressão, ou não, à Constituição, a Corte partiria de moldura fática delineada
pelo tribunal de origem, que julgara com base em perícias técnicas. O Ministro Celso
de Mello advertia que sempre que houvesse probabilidade de que o dano se
concretizasse como consequência de atividade identificada por sua potencialidade
lesiva, o postulado da precaução seria imposto ao Estado, que deveria adotar
medidas de índole cautelar para preservar a incolumidade do meio ambiente e para
proteger a integridade da vida e da saúde humanas. O princípio da precaução seria
resultante do exercício ativo da dúvida, que se realizaria frente ao perigo de dano
grave e irreversível e diante da falta de certeza científica ou da ausência de
informação. Nesse contexto, as decisões judiciais, especialmente nos países que
compõe a União Europeia, cuja tendência os tribunais pátrios estariam a
acompanhar, orientar-se-iam pela precaução na defesa da integridade do meio
ambiente e na proteção à saúde. Por sua vez, as normas jurídicas destinadas à
proteção da população em geral abrangeriam tanto o Direito Internacional quanto o
Direito comunitário e o próprio Direito interno de diversos países. Consignava que,
embora o desenvolvimento econômico, o direito de propriedade e a iniciativa
privada estivessem protegidos pela Constituição, não poderiam primar sobre o
direito fundamental à saúde. Apontava que o acórdão recorrido dera concretude a
direito impregnado de fundamentalidade indiscutível: o direito de caráter
transindividual ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Concluía que por via
dessa tutela se estaria a proteger um valor maior, vale dizer, a própria qualidade da
vida.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-627189)

MPF 28º concurso (22/3/2015)

Qual a alternativa que corresponde ao principio da prevenção e não ao principio da


precaução em matéria ambiental:

a) A falta de certeza cientifica quanto a provocação de dano ambiental sério ou


irreversível por uma atividade indica que esta deve ser controlada, restringida ou
proibida

b) O dano ambiental conhecido ou provável deve ser corrigido ou evitado na origem,


tratando-se desde logo suas causas (prevenção)

c) A ausência de certeza cientifica quanto a possibilidade de dano ambiental não é


suficiente para afastar a exigência de medidas para evitá-lo ou restringi-lo.

d) É ao responsável pelo empreendimento que cabe demonstrar com antecedência e


razoável segurança cientifica que a atividade não provocara dano ambiental
insuportável.
35
Procurador Federal CESPE 2010

“O princípio da precaução refere-se à ação preventiva e deve embasar medidas


judiciais e administrativas tendentes a evitar o surgimento de atos atentatórios ao
meio ambiente” certo

- Visa a gerir a espera da informação. Interrogação. Necessidade da ação x momento


dos conhecimentos científicos. Administração pode com esse fundamento embargar
obras ou atividades (poder de polícia). Suspender licenças.

- CTN Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene,
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)

TRF1 2009 Assinale a opção correta quanto ao princípio da precaução.

A Esse princípio foi criado na Conferência de Estocolmo, em resposta aos danos


causados pelo vazamento de mercúrio na baía de Minamata e, por isso, os primeiros
escritos doutrinários da época referiam-se a ele como o princípio de Minamata.
B Tal princípio teve origem no princípio da incerteza, da física quântica, e foi o tema
central da Carta da Terra, redigida na abertura da Eco-92, na qual o jurista alemão
Reinhardt Sttifelmann defendeu que, na atual sociedade de risco, só se podem tomar
medidas ambientalmente impactantes com respaldo da ciência.
C Fundado no princípio da prevenção, o princípio da precaução aponta a inexistência
de certezas científicas como pressuposto para a adoção de política liberal pautada pelo
caráter não intervencionista do poder público nas atividades econômicas.
D Esse princípio fundamenta-se no direito penal secundário e diferencia-se do
princípio da prevenção geral e da prevenção específica, pois espelha os aspectos
garantistas dos direitos de terceira geração.
E Tal princípio constitui a garantia contra os riscos potenciais que não podem ser ainda
identificados, devido à ausência da certeza científica formal, e baseia-se na ideia de
que o risco de dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que
possam prever esse dano.
Resposta e

TRF1 2011 discursiva

“Com base no direito ambiental, discorra sobre os princípios do poluidor-pagador, da


precaução e da prevenção, bem como sobre as condições específicas da
responsabilização penal da pessoa jurídica”

36
TRF2 - 2013 Determinada associação de moradores ajuizou ação civil pública contra
concessionária de energia elétrica, demandando a adoção de medidas para a redução
do campo eletromagnético de linha de transmissão a ser instalada sobre seu bairro,
sob o argumento de que, na intensidade prevista na licença de instalação, havia
estudos denunciadores da possibilidade de aumento do risco de câncer nas pessoas
expostas por longos períodos à radiação liberada. A associação requereu ainda medida
liminar para que, durante o curso do processo, fosse observado padrão de segurança
dos níveis de radiação adotado em certo país estrangeiro, sob pena de multa.

Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta.

a) A associação de moradores em apreço tem legitimidade ativa para pleitear o


cumprimento de obrigações de fazer, mas não teria legitimidade para pleitear
indenização pelos danos ambientais difusos.

b) Como a autora provou a existência de estudos que indicam aumento dos riscos
de câncer, caberá à ré comprovar a segurança quanto aos níveis de radiação a serem
emitidos pela citada linha de transmissão. (correta) mera possibilidade. empresa deve
comprovar a segurança da radiação. inversão do ônus da prova pela possibilidade de
danos graves, sérios e irreversíveis.

c) O pleito da associação funda-se no princípio da precaução, segundo o qual


devem ser adotadas medidas mitigadoras dos danos ambientais devidamente
comprovados em EIA/RIMA.

d) Se a atividade em questão tiver sido licenciada conforme padrões de segurança


nacionais, será juridicamente impossível a pretensão de obrigar a empresa à
implementação de critérios mais rigorosos.

A licença ambiental não é licença de direito administrativo, que é irrevogável.


Resolução 237/97 do CONAMA:

"Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá


modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou
cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de
quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de
informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de
graves riscos ambientais e de saúde."

e) Caso venha a fixar eventuais astreintes na modalidade de multa diária, o juiz


deverá observar um limite para que o valor não enseje enriquecimento sem causa da
associação autora.

O numerário não reverte à associação

37
Art. 13 da LACP. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado
reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de
que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da
comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

Regra geral para multa diária:

STJ, 3ª Turma, REsp 1192197 (07/02/2012):A confrontação entre o valor da multa


diária e o valor da obrigação principal não deve servir de parâmetro para aferir a
proporcionalidade e razoabilidade da sanção. O que se deve levar em consideração
nessa situação é a disposição da parte em cumprir a determinação judicial.

4ª Turma “É possível a redução das astreintes fixada fora dos parâmetros de


razoabilidade e proporcionalidade, fixada a sua limitação ao valor do bem da
obrigação principal, evitando-se o enriquecimento sem causa” (REsp 947466, Dje
13/10/2009). No mesmo sentido a 1ª Turma(REsp 998481, j. em 03/12/2009) e a 2ª
(AgRg no REsp 1096184, j. em 10/02/2009)

Poluidor-pagador

- Poluição é espécie de degradação

TRF2 - prova oral - Diferencie degradação de poluição.

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio


ambiente; (art. 22-A da 9.985/00 utiliza o conceito)

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta


ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,


direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

38
CESPE/AGU/2015 “Os efeitos do empreendimento irregular que prejudicam o bem-
estar da comunidade e sua atividade econômica de pesca enquadram-se na definição
de degradação ambiental, de modo a ensejar a responsabilização civil ambiental.”
Certa

Art. 3º – Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do


meio ambiente;

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que


direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos;

TRF1 - prova oral - Diferencie degradação e poluição ambiental. Há relação de gênero e


espécie?

Princípio 16 da Declaração do Rio de 92

As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos


ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo
a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida
atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos
investimentos internacionais.
“sanções premiais”
- Instrumento econômico. Quem suporta despesas de prevenção, reparação e
repressão dos danos ambientais.

39
MPF 29º/2017

39. Sobre o princípio do poluidor pagador é correto afirmar:

a) O princípio do poluidor pagador resume a responsabilidade pela degradação


ambiental em termos repressivos: o dano ambiental consumado deve ser plenamente
ressarcido.

b) O princípio do poluidor pagador não elide a responsabilidade pela prevenção ao


dano ambiental. (correta)

c) O princípio do poluidor pagador resume a responsabilidade pela degradação


ambiental em termos subjetivos: deve reparar o dano ambiental quem tem culpa.

d) O princípio do poluidor pagador refere-se à recuperação ambiental mais próxima


das condições originais e elide o ressarcimento.

- Função corretiva ao imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele gerada. Ex.
COP21 e subsídios de 700 bilhões de dólares/ano. Descarbonizar a economia exige
taxar a energia suja e dar mais valor à energia limpa.

MPF 27º concurso

No tocante aos instrumentos de incentivo à proteção do meio ambiente, analise os


itens abaixo e responda em seguida:

I - O ordenamento jurídico admite a adoção de mecanismos de incentivo à


conservação ambiental, tais como pagamento ou incentivo a serviços ambientais, com
vistas à promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável e à
implementação de práticas produtivas sustentáveis. (certo)

II - O pagamento por serviços ambientais fundamenta-se na função socioambiental da


propriedade, estimulando a produtividade agropecuária e florestal e, ao mesmo
tempo, a redução dos impactos ambientais dela decorrentes. (certo)

III - O pagamento por serviços ambientais fundamenta-se nos princípios da prevenção


e do desenvolvimento sustentável. (certo)

IV - Tendo em vista a competência para instituir a Política Nacional do Meio Ambiente


e os amplos reflexos na Economia, somente a União pode autorizar a criação e a
implementação de instrumentos econômicos destinados a incentivar a conservação de
recursos ambientais. (errado)

STF MS 22164/SP titularidade coletiva. Princípio da solidariedade. Terceira geração.

- Não se limita a tolerar a poluição por um preço nem a compensar danos. Objetiva
evitar o dano ambiental (consequencialismo e caráter pedagógico).

40
“poluiu, então deve suportar os danos” e não “pagou e pode poluir”. Não se compra
direito de poluir.

TRF1 - prova oral 1) O que é o princípio do poluidor pagador, já que este princípio tem
muito que ver com a responsabilidade ambiental?

TRF1 2015 (21/06/2015)

No direito ambiental, o princípio do poluidor-pagador, em sentido estrito,


fundamentado na teoria econômica, pode ser observado, por exemplo, na hipótese de

A) conversão de multa em prestação de serviços de preservação,melhoria e recuperação do


meio ambiente, desde que os custos desses serviços não sejam inferiores ao valor da multa
convertida. (recomposição específica)

B) imposição de limitações administrativas à propriedade privada,nos casos em que o


proprietário pretenda exercer atividade econômica potencial ou efetivamente
poluidora em imóvel rural. (função social)

C) imposição ao empreendedor de obrigação de manter investimentos em


desenvolvimento científico contínuo, quando houver incertezas científicas sobre a
ameaça de danos ambientais graves ou irreversíveis causados pela sua atividade
econômica. (precaução)

D) imposição de multa administrativa pelo órgão ambiental fiscalizador ao responsável


por atividade econômica poluidora, de forma a garantir, por meio de compensação
pecuniária, o exercício da atividade econômica poluidora. (não se compra direito de
poluir)

E) imposição ao empreendedor, pelo órgão competente, de obrigação de arcar com os


custos de prevenção, mitigação e compensação de impactos ambientais causados pela
atividade econômica, como condição para o licenciamento. (certo)

TRF5 2006 cespe

“O princípio do poluidor pagador autoriza a poluição mediante pagamento” errado

TRF4 2006 CESPE

“O princípio do poluidor-pagador, amplamente reconhecido no direito ambiental, está,


única e exclusivamente, direcionado para a reparação do dano ambiental” errado.
(prevenção e repressão)

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

41
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.

TRF2/2017 “A evidência de que a exploração de recursos minerais possa causar


degradação ao meio ambiente não impede o licenciamento, por si, já que a própria
Constituição Federal refere que, nesta atividade, o meio ambiente degradado será
posteriormente recuperado, conforme a solução técnica exigida pelo órgão
ambiental.” (correto)

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os


infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

6938/81 PNMA

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou


indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.

- Art. 14 Parágrafo 1º - responsabilidade objetiva

- Princípio do protetor-recebedor

- Além de internalizar os danos ambientais é preciso dar benefícios àqueles que


protegem o meio ambiente para fomentar tais atitudes.

- Previsão expressa no art. 6º da lei 12.305/2010 (PN de Resíduos Sólidos)

- Justiça ambiental por compensação. Ex. mantém reserva legal acima do limite legal,
subsídios, redução de tributos, programa Eletropaulo de reciclagem. Instalação de GNV
nos veículos e desconto no IPVA.

- Tributação verde.

Princípio do usuário-pagador

- Não importa se houve ilicitude e dano.

- Pagamento para racionalizar e evitar desperdício

- Compensação financeira à coletividade. Não reparação

Art. 4º Objetivos da PNMA

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar


os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.

42
- Lei 9.433/97 água tem valor econômico

- STF licenciamento. Apoiar implantação de UC. ADI 3378 e art. 36 do SNUC

MPF 24º concurso “A obrigação de que o autor do empreendimento de significativo


impacto ambiental apóie a implantação e manutenção de unidade de conservação da
natureza é aplicação do princípio do usuário-pagador”

- Exemplo. Pearl Jam financia projetos de mitigação da mudança climática no Brasil e


no Peru para compensar as emissões de dióxido de carbono produzidas durante sua
turnê pela América Latina”

Princípio da obrigatoriedade da atuação estatal. Natureza pública da proteção


ambiental

- Princípio 17 da declaração de Estocolmo de 1972

- Declaração do Rio de 92 princípio 11

Natureza indisponível do meio ambiente

Art. 225 Parágrafo 1º incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar


as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.

43
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. (Fiscalização.
Incentivos fiscais. Sanções administrativas). LC 140/2011

TRF1 CESPE 2009 o princípio da natureza pública da proteção ambiental “decorre da


previsão legal que considera o meio ambiente como valor a ser necessariamente
assegurado e protegido para uso de todos”

- Princípio da participação popular (comunitária) ou democrática

- Pressupõe informação adequada

- Robert David Putnam. Capital social. Cooperação, participação, confiança.

- ex. Instituidor de Reserva Particular do Patrimônio Natural.

- Dever da sociedade

- Princípio 10 da Declaração do Rio de 1992. informação com possibilidade de reação.


Acesso efetivo

Ex, conselhos, comitês, audiências públicas, iniciativa popular, “amicus curiae”, ação
popular, direito de petição, representação

LC 140/11

Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme


o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental


decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se
refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.

Procurador Federal 2007 CESPE

“O princípio da participação da população na proteção do meio ambiente está previsto


na Constituição e na ECO-92” correto

TRF5 2005 CESPE “os princípios da participação comunitária e da equidade


intergeracional têm sede constitucional, uma vez que a Constituição brasileira
estabelece a facultatividade de a coletividade praticar atos com vistas à proteção do
meio ambiente e sua preservação em prol das presentes e futuras gerações” errado.

Princípio da informação

44
- Princípio 10 da Declaração do Rio de 92

CF. art. 5º

Publicidade do EIA. Art. 225 IV

- Art. 2º da lei 10650/2003. art. 11 da Resolução CONAMA 237/1997. Direito de acesso


à informação mesmo sem comprovar interesse específico.

Procurador Federal CESPE 2007 “O EIA e o RIMA são documentos técnicos de caráter
sigiloso, de forma a impedir danos às empresas concorrentes da obra pública em
estudo” errado

TRF1 - prova oral - O EIA pode ser sigiloso para evitar especulação imobiliária?

Procurador Federal 2007 “o princípio da ampla informação, existente no direito do


consumidor, também influi na proteção nacional e internacional do meio ambiente”
correto

Princípio da educação ambiental

Esclarecer e envolver a comunidade

Art. 225 VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

Princípio da PNMA art. 2º X

LC 140/2011 educação ambiental

Lei 9795/99 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de


Educação Ambiental e dá outras providências.

5º objetivo da educação ambiental IV - o incentivo à participação individual e coletiva,


permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do
exercício da cidadania;

Princípio da função socioambiental da propriedade

CF a propriedade atenderá a função social. Desde 1934

Está no conteúdo do direito

Art. 170 e Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

45
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

- Cumprimento da função social legitima o exercício do direito de propriedade.

- Informativo 531 STJ. Não há dano moral decorrente se não for concedida autorização
para a realização de desmatamento e queimada.”

“Não gera dano moral a conduta do Ibama de, após alguns anos concedendo
autorizações para desmatamento e queimada em determinado terreno com a
finalidade de preparar o solo para atividade agrícola, deixar de fazê-lo ao constatar
que o referido terreno integra área de preservação ambiental.”

desenvolvimento do trabalho rural como fator de dignificação da pessoa humana, de


erradicação da pobreza e de valorização do núcleo familiar X a preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado como condição de continuidade do
desenvolvimento da própria atividade rural.

Diante das inúmeras implicações negativas que o uso do fogo traz ao meio ambiente
em geral, não se pode considerar que atenda à função social a exploração da terra que
provoque danos à saúde, empobrecimento gradual do solo, perda de biodiversidade,
danos à rede de transmissão elétrica, entre outros, pois essas “externalidades” não
preenchem as exigências do art. 186, I e II, da CF. Com efeito, o atendimento pleno da
função social da propriedade requer que a propriedade seja aproveitada de modo
racional e adequado, os recursos naturais disponíveis sejam adequadamente utilizados
e a preservação do meio ambiente seja observada. Desse modo, o art. 186 está
perfeitamente harmonizado com os arts. 5º, XXII, e 225 da CF, pelos quais o agricultor
não se escusa do dever de preservar o meio ambiente a pretexto de exercer seu direito
constitucional de propriedade. REsp 1.287.068-RR, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 10/9/2013.

- Descumprimento da função social pode gerar desapropriação-sanção. Ex. Não


respeitar regras de espaços territoriais especialmente protegidos

TRF5 2015 No que se refere à tutela do meio ambiente segundo a CF, assinale a opção
correta.

a) A União pode desapropriar, por interesse social, para reforma agrária, imóvel rural
de proprietário que não respeite as regras referentes a APP e reserva legal. (certo)

CF/Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor

46
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e
cuja utilização será definida em lei.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente;

b) A indenização por desapropriação de imóvel rural abrangerá, por interesse social,


para reforma agrária, benfeitorias necessárias, sendo paga previamente, em títulos da
dívida agrária.

CF- 184, § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

c) Compete aos municípios, por meio do PDOT (Plano Diretor de Ordenamento


Territorial), instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos.

CF - Art. 21: Compete à União: (...)XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento


urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos

d) O princípio da participação democrática no direito ambiental é instrumentalizado


pela ação popular, mas não pela ACP, devido às diferenças na legitimação ativa.

Lei 7.347/85 (Lei da ação civil pública) Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei,
sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).

l - ao meio-ambiente;

e) Compete ao Conselho da República propor as condições para uso de áreas de


preservação e exploração de recursos naturais, desde que sejam indispensáveis à
segurança nacional.

Art. 91. § 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:

III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança


do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais
de qualquer tipo;

- Comportamentos positivos e negativos

47
TRF5 2011 CESPE

“A CF estabelece regras mediante as quais a função social da propriedade urbana


submete-se à necessidade de preservação ambiental, contudo, com relação à
propriedade rural, o texto constitucional nada diz a esse respeito, embora disponha
sobre a obrigatoriedade de existirem normas infraconstitucionais que estipulem
critérios sobre o tema.” ERRADO. 170, VI E 186

- Atenção à desapropriação confisco por cultivo de drogas. Não é desapropriação-


sanção do propriedade que não cumpre função social. EC 81/14

CF Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no
art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência


do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo
será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais
de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente
destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e
medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência
do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em
benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de
viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle,
prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

Informativo 851. Plenário (12/2016) RE 635336/PE


Expropriação por cultivo de drogas fica afastada em caso da ausência de culpa do
proprietário
“A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde
que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in
eligendo.”

Princípio da cooperação entre os povos

Poluição não respeita fronteiras.

Ex. chuva ácida, gases estufa que geram aquecimento global (COP21), buraco na
camada de ozônio, (Protocolo Montreal. Substituição do uso do CFC) crise hídrica e
conflito federativo (SP, RJ, MG e rio Paraíba do Sul. Acordo no STF em 11/2014)

48
9605 capítulo VII “Cooperação internacional à preservação do meio ambiente”

Princípio de Estocolmo e do RIO/92

Princípio da vedação do retrocesso ecológico ou do progresso ecológico (efeito cliquet


ambiental)

Garantias já conquistadas não podem retroagir. Efeito catraca

STJ Resp 302906

11. O exercício do ius variandi, para flexibilizar restrições urbanístico-ambientais


contratuais, haverá de respeitar o ato jurídico perfeito e o licenciamento do
empreendimento, pressuposto geral que, no Direito Urbanístico, como no Direito
Ambiental, é decorrência da crescente escassez de espaços verdes e dilapidação da
qualidade de vida nas cidades. Por isso mesmo, submete-se ao princípio da não-
regressão (ou, por outra terminologia, princípio da proibição de retrocesso), garantia
de que os avanços urbanístico-ambientais conquistados no passado não serão diluídos,
destruídos ou negados pela geração atual ou pelas seguintes. Rel. Herman Benjamin
1/12/2010

- Mínimo existencial ecológico – dignidade humana intrinsecamente relacionada à


qualidade ambiental.

- Ex. PEC 65/2012

5. Repartição de competências

- Federalismo cooperativo – relação de coordenação. Divisão de competências


legislativas e materiais (implementação de políticas públicas). Critério da
predominância do interesse

- Competência legislativa concorrente 24 X privativa 22

- Competência material exclusiva 21 X comum 23

- Competência legislativa privativa da União (delegável)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

II - desapropriação;

IV - águas, energia,

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

49
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; (Recursos minerais são bens
da União. Art. 20, IX)

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; (atividade monopolizada pela União.


Art. 177, V da CF).

Em regra a competência privativa para legislar não significa que só à União caiba a
fiscalização.

- ADI 1575, informativo 581, rel. Min. Joaquim Barbosa, 7.4.2010. Na competência para
legislar se inclui a de fiscalizar atividades nucleares (especialidade)

Atividades Nucleares e Competência da União

“toda a atividade nuclear desenvolvida no país, portanto, está exclusivamente


centralizada na União, com exceção dos radioisótopos, cuja produção, comercialização
e utilização poderão ser autorizadas sob o regime de permissão, conforme as alíneas b
e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da CF (art. 177, V, com a redação dada pela EC
49/2006)”

“O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo
Governador do Estado de São Paulo para declarar a inconstitucionalidade da Lei paulista
6.263/88, que prevê medidas de polícia sanitária para o setor de energia nuclear no território
da referida unidade federada. Entendeu-se que a norma estadual invade a competência da
União para legislar sobre atividades nucleares (CF, art. 22, XXVI), na qual se inclui a
competência para fiscalizar a execução dessas atividades e legislar sobre essa fiscalização.”

Aduziu-se competir, também, à União, explorar os serviços e instalações nucleares de


qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios
nucleares e seus derivados, atendidos os princípios e condições que estabelece (CF,
art. 21, XXIII).

“Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e Ayres Britto que julgavam o
pleito improcedente, por considerar que a lei impugnada não incidiria na esfera da
competência federal, limitando-se a viabilizar, no âmbito do Estado de São Paulo,
medidas que tornassem efetiva a proteção do meio ambiente e a defesa da saúde,
matérias em relação às quais haveria situação de condomínio legislativo entre a União
e os Estados-membros.”
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1575&cla
sse=ADI&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre


questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

50
Juiz Federal. TRF5 2011 CESPE “É competência comum da U, E, D, M registrar,
acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
minerais em seus territórios bem como legislar sobre jazidas, minas, outros recursos
minerais e metalurgia” errado o final. Art. 22, XII – competência legislativa privativa da
União

Competência legislativa exclusiva

- pertence aos Estados

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição. (competência legislativa remanescente ou reservada) ex. transporte
intermunicipal

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, a empresa


estatal, com exclusividade de distribuição, os serviços locais de gás canalizado.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais


de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,


aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum. (meio ambiente artificial)

- EC 90/2015: dá nova redação ao art. 6º da CF/88, para introduzir o transporte como


direito social.Transporte público é parte do meio ambiente artificial. Usuários e partes
afetadas.

Lei 13.089/2015: institui o Estatuto da Metrópole.


Art. 1o Esta Lei, denominada Estatuto da Metrópole, estabelece diretrizes gerais
para o planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse comum
em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados,
normas gerais sobre o plano de desenvolvimento urbano integrado e outros
instrumentos de governança interfederativa, e critérios para o apoio da União a ações
que envolvam governança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano, com
base nos incisos XX do art. 21, IX do art. 23 e I do art. 24, no § 3º do art. 25 e no art.
182 da Constituição Federal.
§ 1o Além das regiões metropolitanas e das aglomerações urbanas, as disposições
desta Lei aplicam-se, no que couber:
I – às microrregiões instituídas pelos Estados com fundamento em funções públicas
de interesse comum com características predominantemente urbanas;

51
- competência privativa e exclusiva. Alguns diferenciam pela possibilidade de
delegação.

- Município tem competência legislativa

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

- princípio da predominância do interesse (não exclusividade do interesse)

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (não é competência


concorrente. Não está no art. 24)

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante


planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação


e a ação fiscalizadora federal e estadual.

TRF2 - prova oral - "Os municípios podem legislar sobre matéria ambiental?"

Informativo 776, rel. Min. Luiz Fux, 5.3.2015. RE-586224. Plenário. Julgamento com
repercussão geral. STF limita a competência municipal ao tratar da legislação sobre
meio ambiente. (RE como instrumento de controle concentrado de
constitucionalidade)

- Não pode o município legislar sobre meio ambiente e editar lei com conteúdo diverso
do que disposto em legislação estadual.

O município é competente para legislar sobre o meio ambiente, com a União e o


Estado-membro, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja
harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (CF, art. 24, VI,
c/c o art. 30, I e II). Esse o entendimento do Plenário, que, por maioria, deu
provimento a recurso extraordinário para declarar a inconstitucionalidade da Lei
1.952/1995 do Município de Paulínia/SP. “A referida norma, impugnada em sede de
representação de inconstitucionalidade estadual, proíbe, sob qualquer forma, o
emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido município,
inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras
culturas.”

“No mérito, o Plenário destacou que a questão em análise, diante de seu caráter
eclético e multidisciplinar, envolveria questões sociais, econômicas e políticas —
possibilidade de crise social, geração de desemprego, contaminação do meio ambiente
em razão do emprego de máquinas, impossibilidade de mecanização em determinados
terrenos e existência de proposta federal de redução gradativa do uso da queima —,

52
em conformidade com informações colhidas em audiência pública realizada sobre o
tema”

“Ao se julgar a constitucionalidade do diploma legal municipal em questão, em um


prisma socioeconômico, seria necessário, portanto, sopesar se o impacto positivo da
proibição imediata da queima da cana na produtividade seria constitucionalmente
mais relevante do que o pacto social em que o Estado brasileiro se comprometera a
conferir ao seu povo o pleno emprego para o completo gozo da sua dignidade.
Portanto, no caso, o STF, por estar diante de um conjunto fático composto pelo certo e
previsível desemprego em massa, juntamente com a mera possibilidade de aumento
de produtividade, deveria se investir no papel de guardião da Constituição, em defesa
do interesse da minoria qualitativamente representada pela classe de trabalhadores
canavieiros, que mereceriam proteção diante do chamado progresso tecnológico e a
respectiva mecanização, ambos trazidos pela pretensão de proibição imediata da
colheita da cana mediante uso de fogo. Com o dever de garantir a concretude dos
direitos fundamentais, evidenciar-se-ia o caráter legitimador desse fundamento
protecionista da classe trabalhadora, o que levaria ao viés representativo das camadas
menos favorecidas, cujos interesses estariam em jogo. Portanto, mesmo que fosse
mais benéfico, para não dizer inevitável, optar pela mecanização da colheita da cana,
por conta da saúde do trabalhador e da população a viver nas proximidades da área de
cultura, não se poderia deixar de lado o meio pelo qual se considerasse mais razoável
para a obtenção desse objetivo: a proibição imediata da queima da cana ou a sua
eliminação gradual.”

“afigurar-se-ia muito mais harmônico com a disciplina constitucional a eliminação


planejada e gradual da queima da cana. Por outro lado, em relação à questão
ambiental, constatar-se-ia que, se de uma parte a queima causaria prejuízos, de outra,
a utilização de máquinas também geraria impacto negativo ao meio ambiente, como a
emissão de gás metano decorrente da decomposição da cana, o que contribuiria para
o efeito estufa, além do surgimento de ervas daninhas e o consequente uso de
pesticidas e fungicidas.”

TJDFT 2015 CESPE “Lei municipal que proíba a queima de palha de cana-de-açúcar e o
uso do fogo em atividades agrícolas em seu território será constitucional mesmo que
exista lei estadual versando de forma distinta, pois prevalece a regulamentação
municipal no tratamento de temas de interesse local. (errada)”

- Critério da preponderância do interesse prevalece. Proporcionalidade.

- AC 1255. Informativo 432 STF

Pleno. Julgado em 2007

E M E N T A: “AÇÃO CAUTELAR INOMINADA” – DIREITO AMBIENTAL – CRIAÇÃO DE


RESERVA EXTRATIVISTA – PROCEDIMENTO DE INSTITUIÇÃO DESSA UNIDADE DE USO
SUSTENTÁVEL – NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE CONSULTA PÚBLICA (LEI Nº
9.985/2000, ART. 22, § 2º E § 3º, C/C O DECRETO Nº 4.340/2002, ART. 5º, “CAPUT”) –
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – INSTITUIÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL,

53
DE RESERVA EXTRATIVISTA EM ÁREA QUE COMPREENDE TERRAS PÚBLICAS
PERTENCENTES A UM ESTADO- -MEMBRO DA FEDERAÇÃO – EXISTÊNCIA DE
POTENCIAL CONFLITO FEDERATIVO – INSTAURAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO – PRECEDENTES –
DESAPROPRIAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE BENS INTEGRANTES DO PATRIMÔNIO
PÚBLICO ESTADUAL – A QUESTÃO DA PRIMAZIA EXPROPRIATÓRIA – POSSIBILIDADE
DO ATO EXPROPRIATÓRIO, SUJEITO, NO ENTANTO, QUANTO À SUA EFETIVAÇÃO, À
PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA DO CONGRESSO NACIONAL (DL Nº 3.365/41, ART.
2º, § 2º) – CONTROLE POLÍTICO, PELO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO, DO ATO
EXCEPCIONAL DE EXPROPRIAÇÃO FEDERAL DE BENS INTEGRANTES DO PATRIMÔNIO
IMOBILIÁRIO ESTADUAL – DOUTRINA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO REGULAR
PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO, INCLUSIVE COM O RECONHECIMENTO DO DEVER
DA UNIÃO FEDERAL DE INDENIZAR O ESTADO-MEMBRO – PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL – CONFLITO ENTRE A UNIÃO FEDERAL E AS DEMAIS UNIDADES
FEDERADAS NO EXERCÍCIO, EM TEMA AMBIENTAL, DE SUA COMPETÊNCIA MATERIAL
COMUM – CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE CONFLITO: CRITÉRIO DA
PREPONDERÂNCIA DO INTERESSE E CRITÉRIO DA COLABORAÇÃO ENTRE AS PESSOAS
POLÍTICAS – RECONHECIMENTO, NA ESPÉCIE, EM JUÍZO DE DELIBAÇÃO, DO CARÁTER
MAIS ABRANGENTE DO INTERESSE DA UNIÃO FEDERAL – INOCORRÊNCIA, AINDA, DE
SITUAÇÃO DE IRREVERSIBILIDADE DECORRENTE DA CONSULTA PÚBLICA CONVOCADA
PELO IBAMA – AUSÊNCIA, NA ESPÉCIE, DOS PRESSUPOSTOS DA PLAUSIBILIDADE
JURÍDICA (“FUMUS BONI JURIS”), DE UM LADO, E DA POSSIBILIDADE DE LESÃO
IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO (“PERICULUM IN MORA”), DE OUTRO –
MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA – INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE AGRAVO – RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO – NÃO COMPROVAÇÃO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO
PRINCIPAL – ART. 796 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – VÍNCULO DE ACESSORIEDADE
E DE DEPENDÊNCIA DO PROCESSO CAUTELAR EM RELAÇÃO À CAUSA PRINCIPAL –
CONSEQUENTE EXTINÇÃO ANÔMALA DO PROCESSO CAUTELAR SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO.

Min. Celso de Mello


"Isso significa que, concorrendo projetos da União Federal e do Estado-membro à
instituição, em determinada área, de reserva extrativista, o conflito de atribuições será
suscetível de resolução, caso inviável a colaboração entre tais pessoas políticas, pela
aplicação do critério da preponderância do interesse, valendo referir - como já
assinalado - que, ordinariamente, os interesses da União revestem-se de maior
abrangência”.

- Condomínio legislativo

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

54
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,


desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015)

TRF4 2016

Assinale a alternativa correta.

Acerca da competência de legislar em matéria ambiental prevista na Constituição:


a) É de competência concorrente entre União, Estados e Municípios a edição de
normas gerais acerca de proteção do meio ambiente e controle de poluição. (não
abrange municípios)

b) Inexiste competência da União para legislar sobre proteção ambiental em porção


territorial limitada a um Estado ou que não tenha alcance em todo o território
nacional, como, por exemplo, a vedação de pesca em um único estado da federação.

c) Segundo posicionamento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, viola a


Constituição Federal a edição de norma estadual que vise a suprimir requisito legal
previsto em lei federal mais restritivo para determinada modalidade de licenciamento
ambiental, sem justificada peculiaridade local. (requisitos restritivos previstos na
legislação federal para o licenciamento ambiental deverão ser observados por Estados
e Municípios. que não poderão desconsiderá-los ou suprimi-los. (ADI 4218 e ADI 1086)

d) É de competência concorrente entre União, Estados e Municípios a edição de


normas de responsabilidade por danos ao meio ambiente. (não abrange M)

e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

STJ Resp 1.306.093/RJ, informativo 525, 11.09.2013, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 28/5/2013.

- Regulamentação do acesso a fontes de abastecimento de água.

“É possível que decreto e portaria estaduais disponham sobre a obrigatoriedade de


conexão do usuário à rede pública de água, bem como sobre a vedação ao
abastecimento por poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede
pública de saneamento básico. Os estados membros da Federação possuem domínio
de águas subterrâneas (art. 26, I, da CF), competência para legislar sobre a defesa dos
recursos naturais e a proteção do meio ambiente (art. 24, VI, da CF) e poder de polícia
para precaver e prevenir danos ao meio ambiente (art. 23, VI e XI, da CF).”

55
“o inciso II do art. 12 da Lei 9.433/1997 condiciona a extração de água do subterrâneo
à respectiva outorga, o que se justifica pela notória escassez do bem, considerado
como recurso limitado, de domínio público e de expressivo valor econômico. Nesse
contexto, apesar de o art. 45 da Lei 11.445/2007 admitir soluções individuais de
abastecimento de água, a interpretação sistemática do dispositivo não afasta o poder
normativo e de polícia dos estados no que diz respeito ao acesso às fontes de
abastecimento de água e à determinação de conexão obrigatória à rede pública.”

TRF2/2017
Assinale a opção correta:

a) O Estado membro possui competência concorrente para legislar sobre a proteção


do meio ambiente e sobre a defesa dos recursos naturais e, nessa linha, pode regular
as condições de utilização das águas subterrâneas, que são bens dos
Estados. (CORRETA)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: [...] XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios”.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,


ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

b) A competência para legislar sobre águas e sobre o meio ambiente é privativa da


União.

a competência para legislar sobre águas até é privativa da União.

Já a de legislar sobre proteção ao meio ambiente é concorrente

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

c) O Estado membro pode disciplinar o uso de águas subterrâneas apenas se a União


não tiver lei específica sobre o tema.

56
d) Apenas mediante autorização prevista em Lei Complementar, o Estado membro
pode disciplinar o uso de águas subterrâneas.

e) Como compete à União dispor sobre o sistema nacional de gerenciamento de


recursos hídricos, é vedado aos Estados disciplinar o uso de águas subterrâneas.

Ex. COMGÁS e gás de cozinha

Art. 24 competência concorrente

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a


competência suplementar dos Estados. (competência suplementar ou complementar)

Ex. Lei 6.938/81

Do Sistema Nacional Do Meio Ambiente

Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos


Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição,


elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio
ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também


poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. (art. 30 CF

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. (competência concorrente
supletiva ou plena)

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei


estadual, no que lhe for contrário.

STF – Agravo de Instrumentento nº 0149742-0/040 – RJ-Rel. Min. Néri da Silveira


20.03.96. “Compete aos Estados estabelecer índices de poluição toleráveis. O
CONAMA fixa índices máximos suportáveis, um mínimo a ser exigido. Os Estados
podem exigir em seus territórios limites maiores.”

- Federalismo cooperativo. Norma estadual mais protetiva. Ex. Código Florestal


estadual

57
STF Caso do amianto crisotila – julgamento iniciado (informativos 686 e 848 –
novembro/2016)

Informativo 686 (2012)

Amianto e competência legislativa concorrente - 1

O Plenário iniciou julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas, pela


Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, contra as Leis 11.643/2001 e
12.684/2007, respectivamente, dos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Os
diplomas proíbem o uso, a comercialização e a produção de produtos à base de
amianto naquelas unidades federativas. O Min. Ayres Britto, Presidente e relator da
ADI 3357/RS, votou pela improcedência de ambos os pedidos. De início, examinou
alegada contrariedade da lei gaúcha à competência legislativa da União para editar
normas gerais sobre produção e consumo, responsabilidade por dano ao meio
ambiente e ao consumidor, bem como proteção e defesa da saúde (CF, art. 24, V, VIII e
XII). A respeito, explicou que a competência legislativa exclusiva da União estaria
estampada no art. 22 da CF. Disciplinar-se-iam relações jurídicas por modo
federativamente igual, a vincular a totalidade de sujeitos jurídicos privados. No rol das
matérias deste dispositivo, alusivamente a algumas delas, o poder de legislar da União
seria apenas o de produzir normas gerais. Por sua vez, estas normas gerais teriam por
contraponto normas específicas, franqueadas ao poder legiferante dos demais entes
federados. Anotou que, enquanto a competência normativa plena apanharia certas
relações jurídicas por todos os ângulos, a competência legislativa geral somente
conformaria tais relações nos aspectos perceptíveis como de aplicabilidade federativa
uniforme.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 2

Acresceu que, além da competência específica em que os estados-membros, o Distrito


Federal e os municípios poderiam se investir, a qualquer momento e por iniciativa
própria, para legislar, ressalvadas as matérias dos incisos XXI e XXVII do art. 22 da CF,
estados-membros poderiam receber delegação legislativa da União sobre questões
específicas de toda e qualquer matéria do citado art. 22. Nesse sentido, os estados-
membros poderiam editar normas específicas para as “questões específicas”
reportadas no parágrafo único do preceito em comento, contanto que o concreto
exercício dessa competência normativa específica fosse objeto de expressa delegação
por lei complementar federal. Nesta hipótese, estados-membros e Distrito Federal
apenas poderiam fazer o que permitido pela União no ato de delegação legislativa,
pois a competência originária seria exclusivamente dela, e em caráter pleno. Em outra
hipótese, na qual a União se limitaria a expedir normas gerais, ela nada delegaria às
pessoas estatais periféricas. Atuaria contidamente no campo das normas gerais, pois a
legislação específica sobre o mesmo tema seria titularizada por outrem. No ponto,
inferiu que, enquanto as normas gerais manteriam laço de subordinação com a
materialidade dos princípios e regras constitucionais, o mesmo não sucederia com as

58
normas específicas, que não retirariam do querer legislativo da União seu fundamento
de validade. A relação destas com as normas gerais seria, portanto, de simples
compatibilidade, e não de subordinação.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 3

Relativamente às competências legislativas concorrentes (CF, art. 24), discorreu que se


trataria de condomínio legislativo federado. Caberia à União editar normas gerais, nos
termos do § 1º deste mesmo artigo. O § 2º, por sua vez, designaria aos estados-
membros e ao Distrito Federal “competência suplementar”. A União deveria conter-se
na produção de normas gerais e os outros entes, diante de sua eventual edição,
produziriam normas suplementares, acréscimos necessários de tutela aos bens
jurídicos objeto das normas gerais em causa, somente válidos no âmbito territorial
daquele ente periférico. A plenitude normativa seria obtida pela elaboração conjugada
de normas gerais e suplementares. No particular, articulou que a Constituição tutelaria
e promoveria consumidor, saúde e meio ambiente (art. 24, VI, VII e XII), bens jurídicos
qualificados como fundamentais (CF, artigos 5º, XXXII; 6º, caput; e 225). Ademais, o
meio ambiente ecologicamente equilibrado integraria o desenvolvimento nacional (CF,
art. 3º, II). Acrescentou que o adjetivo “suplementar”, nos incisos VI, VIII e XII do art.
24 da CF, traduziria funcionalidade favorecedora dos bens jurídicos conformados na
mesma medida da funcionalidade alusiva às normas gerais. Diferenciar-se-iam apenas
quanto ao âmbito geográfico de incidência.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 4

Avaliou que, na ausência de lei federal veiculadora de normas gerais, os estados-


membros e o Distrito Federal exerceriam competência legislativa plena (CF, art. 24, §
3º), para não deixar sem o máximo de proteção e defesa os bens jurídicos em foco.
Essa investidura contingencial da plenitude da competência legiferante objetivaria o
atendimento de situação que, em determinado ente federativo, ostentasse
precariedade tutelar grave a ponto de não poder aguardar a iniciativa da União em
ocupar os espaços devidos para produção de normas gerais. Assim, sem parâmetros
legislativos federais para uso de sua competência suplementar, os entes federados
deveriam providenciar leis compatíveis com suas necessidades. Por derradeiro, o § 4º
do art. 24 da CF disporia que, se os estados-membros e o Distrito Federal se
antecipassem à União, posterior antinomia se resolveria em favor das normas gerais
eventualmente produzidas por esta. Entretanto, frisou que, no caso dos bens jurídicos
ora versados, possível colisão normativa deveria ser compreendida em termos de
proteção e defesa, ou seja, dever-se-ia verificar se a norma geral tutelaria os valores
protegidos de forma plena e, do contrário, se as normas suplementares o fariam.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

59
Amianto e competência legislativa concorrente - 5

Apontou que, na espécie, a União editara a Lei 9.055/95, cujo objeto seria a extração,
utilização, comercialização e transporte de asbesto/amianto e dos produtos que o
contivessem, mas em contradição. Ocorre que, enquanto veiculada clara vedação ao
uso do material, ele deveria ser extraído, utilizado e comercializado em consonância
com as disposições legais. Estes comandos, entretanto, manteriam a validade de
normas constantes de outros diplomas legais que liberariam a utilização de
asbesto/amianto. Assim, a lei federal remetera a normação da matéria para outras leis,
de que não se teria notícia nos autos. Lembrou que a Convenção 162 da Organização
Internacional do Trabalho - OIT — que trataria de medidas para prevenir riscos à saúde
decorrentes da exposição ao amianto —, ao dispor sobre proteção da saúde dos
trabalhadores, teria status de norma supralegal. Deduziu que tratados internacionais
não seriam lei ou emenda constitucional, mas apenas teriam força de lei ou emenda,
conforme o caso. Ademais, os que versariam sobre direitos humanos teriam primazia
na ordem jurídica interna, mesmo os não aprovados em cada Casa do Congresso
Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros. Neste caso, a
supralegalidade decorreria da prevalência conferida aos direitos humanos no art. 4º, II,
da CF.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 6

Qualificou o amianto como nocivo à saúde e capaz de colocar o meio ambiente em


situação de fragilidade. Esse seria o entendimento da legislação e de diversas
entidades ligadas à saúde. Elucidou que a referida Convenção da OIT, ao tolerar leis
permissivas do uso desse produto no mercado, fizera-o com a ressalva do
desenvolvimento técnico e do avanço científico. Além disso, o diploma proibiria
totalmente o amianto, quando a medida se tornasse tecnicamente viável e necessária
à proteção dos trabalhadores. Nesse diapasão, a lei nacional deveria ser revisitada
para se ajustar aos progressos técnicos e científicos. Ter-se-ia, então, classificação das
normas de cada país signatário da Convenção como de eficácia progressivamente
atenuada, até a proibição da permanência do amianto no mercado. Enfatizou
recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa pela substituição do
amianto por álcool polivinílico e polipropileno. Entendeu, entretanto, que a Lei
9.055/95 não teria qualidade de norma de eficácia progressivamente atenuada, ao
estatuir que deveriam ser promovidas pesquisas científicas no sentido da utilização,
sem riscos à saúde, do amianto. A lei buscaria permitir a permanência do produto no
mercado. Isso nulificaria a proibição contida no próprio diploma e confrontaria a
Convenção 162 da OIT, a qual a legislação federal brasileira, paradoxalmente, citaria
como fundamento de validade. Comentou, ainda, proibições relativas ao material
advindas dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

60
Amianto e competência legislativa concorrente - 7

Aduziu que a legislação estadual em julgamento, ao proibir produtos à base de


amianto, cumpriria com maior efetividade a Constituição no plano da proteção da
saúde, bem assim aproximar-se-ia mais da Convenção da OIT. De igual modo,
sintonizar-se-ia com o art. 7º, XXII, da CF. Ressaiu, ainda, não contrariado o princípio
da livre iniciativa, visto que a ordem econômica também seria fundada na valorização
do trabalho e teria por fim assegurar a todos existência digna. Nesse aspecto,
deveriam ser protegidos também a defesa do consumidor e o meio ambiente (CF, art.
170, III e VI), parelhados com a proteção do trabalhador, a saúde pública e a defesa
dos direitos humanos. Por fim, mencionou que a lei gaúcha estabelecera prazos
razoáveis para que os estabelecimentos econômicos se adequassem ao novo quadro
legal, a permitir o planejamento e execução das medidas impostas.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 8

O Min. Marco Aurélio, relator da ADI 3937/SP, por sua vez, julgou os pleitos
procedentes. Primeiramente, realçou que, nos termos do art. 103, § 3º, da CF, a única
atribuição do Advogado-Geral da União - AGU seria a de atuar como curador do ato
normativo envolvido em ação direta, e não se confundiria com a do Procurador-Geral
da República, que poderia se manifestar tanto no sentido da procedência quanto no da
improcedência do pedido formulado. Observou que, no caso, o AGU não teria
defendido, como lhe incumbiria, o ato impugnado, mas o atacara. Anotou que a Corte
não referendara liminar deferida para suspender a eficácia da norma paulista, tendo
em vista que a Lei 9.055/95 seria potencialmente inconstitucional, bem assim
afrontaria o art. 196 da CF e a Convenção 162 da OIT. Rememorou, por outro lado,
entendimento anterior pela inconstitucionalidade das normas estaduais a vedar o uso
e comércio do amianto. Revelou que eventual declaração de invalidade da legislação
federal sobre o tema importaria em vácuo normativo, de forma que os estados-
membros teriam plena competência legislativa a respeito. Entretanto, se o STF viesse a
proclamar a constitucionalidade da Lei 9.055/95, o resultado seria a observância da
jurisprudência assentada sobre a temática: de que a existência de legislação federal
impediria o exercício da competência legislativa concorrente pelo estado da federação.
Salientou as características do amianto, sua aplicação prática e importância
econômica. Delimitou que, de um lado, estariam os princípios da proteção ao meio
ambiente, à saúde em geral e do trabalhador. De outro, os postulados da separação de
poderes e da democracia, tendo em vista contexto de incerteza científica, assim como
a busca pelo desenvolvimento nacional.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 9

Em seguida, cuidou da assertiva de inconstitucionalidade formal do art. 2º da Lei


9.055/95 [“Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo
dos minerais das serpentinas, e as demais fibras, naturais e artificiais de qualquer

61
origem, utilizadas para o mesmo fim, serão extraídas, industrializadas, utilizadas e
comercializadas em consonância com as disposições desta Lei. Parágrafo único. Para os
efeitos desta Lei, consideram-se fibras naturais e artificiais as comprovadamente
nocivas à saúde humana”], o qual supostamente extrapolaria o campo das normas
gerais, ao ingressar em particularidades que deveriam ser disciplinadas pelos estados-
membros. Asseverou que o constituinte pretendera conferir à União atribuição geral
para regulamentar o comércio de materiais perigosos (CF, art. 24, V). Indicou que ela
gozaria de preferência para cuidar de tais matérias, tendo em conta o art. 22, XII, XXI e
XXVI, da CF. Versou que a disciplina do uso e comércio do amianto não seria tema
afeto ao interesse particular dos estados-membros. Assim, autorizar a mercancia
alusiva a determinado produto em certo território seria questão a ser submetida ao
princípio federativo somente de modo tangencial. Ademais, sua proibição poderia
fomentar nova guerra federativa, mediante embate por incremento arrecadatório,
com prejuízo ao interesse público. Pronunciou, ainda, que a tese de prevalência da
norma mais benéfica não poderia ser acolhida, por subverter o condomínio legislativo
e implicar insegurança jurídica. Teceu considerações sobre a Convenção 162 da OIT e
deduziu não haver, no diploma, exigência ao banimento do uso da fibra de amianto.
Preceituar-se-ia a implementação de técnicas modernas para reduzir o risco de sua
inalação e de eventuais danos à saúde. Impor-se-ia a adoção de sistema estatal a
fiscalizar o uso de forma suficiente e adequada, objetivo compatível com os ditames da
Lei 9.055/95. Consignou inexistir decisão do Poder Público no sentido de substituir o
amianto por outro produto. Afirmou que a autoridade competente para isso seria o
Legislativo e, eventualmente, as agências reguladoras de caráter técnico. Na mesma
linha, a Convenção prescreveria que a lei nacional deveria passar por revisão periódica,
obrigação apenas dirigida aos órgãos técnico-burocráticos e ao legislador, não ao STF.
Não vislumbrou incompatibilidade entre os dispositivos da Convenção sobre asbestos
e a Lei 9.055/95, de forma que a tese sobre o caráter supralegal da Convenção sequer
precisaria ser analisada.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 10

Registrou os riscos decorrentes da aspersão do amianto e a tutela da saúde, contida


nos artigos 7º, XXII; e 196, ambos da CF. Observou que as políticas públicas destinadas
à proteção das pessoas quanto aos perigos inerentes ao uso do amianto seriam
suficientes e adequadas, tendo em conta as normas a esse respeito dispostas em lei
federal, lei complementar e em resoluções. Sublinhou razoável consenso no sentido de
que a utilização do amianto em construção civil não geraria maiores riscos à população
em geral. As doses a que as pessoas seriam submetidas geralmente não
desencadeariam doenças relacionadas ao produto. Por outro lado, o uso do material
normalmente geraria riscos para os trabalhadores associados a sua produção, se feito
inadequadamente. Ressaltou os riscos acerca do descarte incorreto de amianto e da
poluição gerada pelo uso da fibra, bem assim dos ilícitos praticados por
transportadoras que descumpririam normas de segurança previstas em legislação
federal e estadual. Porém, a incapacidade de fiscalização não poderia conduzir à
proibição do produto pela via judicial. Descaberia vedar certa atividade à iniciativa

62
privada apenas porque o Poder Público — ao descumprir os deveres da Convenção 162
da OIT — não conseguiria fiscalizá-la devidamente, mesmo porque haveria pessoas a
atender às prescrições legais, e a consequência prática de eventual vedação seria puni-
las em razão de conduta imprópria de outros agentes. Reputou irrazoável a proibição
de determinado produto por seu uso indevido. A mera inação da Administração
Pública no exercício do poder de polícia não poderia fundar decisão da Corte.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 11

Explicitou que a patogenia associada ao amianto dependeria de diversos fatores e que,


se esses elementos fossem passíveis de controle, confirmar-se-ia a tese de viabilidade
do uso controlado do material, embora não pressuposta a existência de “risco zero”. A
ação governamental, em qualquer caso, geraria ganhadores e perdedores, e escolhas
regulatórias normalmente envolveriam alternativas com riscos. Nesse sentido, não
existiriam estudos conclusivos quanto à toxicologia do álcool polivinílico e do
polipropileno, potenciais substitutos. Trocar-se-ia um risco à saúde fartamente
conhecido por outro, ainda ignorado pela literatura médica. Destacou que o risco
potencial das doenças, consideradas as normas voltadas a trabalhadores, seria
bastante reduzido, bem como que as patologias hoje manifestadas decorreriam de
exposições ocorridas há muitos anos, quando os padrões de segurança para a
exploração do amianto eram praticamente nulos. Dessumiu que a questão da saúde
ocupacional do trabalhador em contato com as fibras de amianto deveria se resolver
mediante: a) imposição de limites rígidos à exposição à poeira resultante do produto;
b) fiscalização empreendida pelo Poder Público; e c) compensação por eventuais danos
à saúde, com antecipação de aposentadoria e recebimento de adicionais previstos em
lei. Essa sistemática otimizaria o conflito entre o direito à saúde do trabalhador e o
desenvolvimento de atividades econômicas a ele nocivas.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente - 12

Interpretou o art. 225, § 1º, V, da CF, a determinar o controle, e não o banimento, das
atividades a por em risco a vida e o meio ambiente. Obtemperou a importância do
direito ao meio ambiente, de valor inestimável. Apontou a inexistência de estudos
suficientes acerca do impacto da crisotila sobre fauna e flora. Não se poderia, assim,
invocar o princípio da precaução em virtude de prejuízos ainda indeterminados para o
meio ambiente no futuro. A regulação estatal deveria gerenciar riscos, sem permitir
regresso a um estado anterior de tecnologia e civilização. Entretreviu que a sociedade
brasileira não iria abandonar o uso do fibrocimento e dos demais produtos derivados
do amianto. Ademais, os materiais apresentados como potenciais substitutos não
teriam sido endossados pela medicina, havendo troca de riscos. Nada impediria,
entretanto, que o Estado adotasse padrões ainda mais elevados de proteção ao
trabalhador, ao meio ambiente e à população. O simples banimento retiraria, em
caráter sumário, agentes econômicos relevantes do mercado e poderia maximizar os
riscos com o uso de produtos ainda pouco testados, de disponibilidade limitada e com

63
impactos acentuados. Por sua vez, a implementação de medidas de segurança
existentes hoje em relação ao amianto levariam a crer que os riscos seriam
gerenciáveis. Analisou que o banimento do amianto com base no potencial
carcinogênico do produto poderia conduzir à proibição de outras substâncias, como
tabaco, álcool, pílula anticoncepcional, combustíveis fósseis e outros.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

Amianto e competência legislativa concorrente – 13

Ponderou acerca dos impactos econômicos e sociais da proibição do amianto e os classificou


como relevantes. Arrematou que a vedação de certos produtos pela via judicial implicaria dizer
que a sociedade, por seus representantes, seria incapaz de analisar os riscos e benefícios de
determinada atividade. Considerou que, em questões a envolver política pública de alta
complexidade e com elevada repercussão social, a Corte deveria adotar postura de deferência
à solução jurídica encontrada pelos respectivos formuladores. Não haveria excepcionalidade a
justificar a atuação do STF, que teria conhecimento limitado acerca dos efeitos e das políticas
públicas a envolver o uso controlado do amianto, bem como das consequências práticas de
eventual decisão pelo banimento, a exigir o predicado da autocontenção. Aquilatou que nem
mesmo os órgãos da União seriam uníssonos quanto à continuidade da exploração de amianto
no Brasil. Concluiu pela constitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/95, bem como pela
inconstitucionalidade da legislação estadual, esta por inadequação ao art. 24, V, VI, XII, e § 3º,
da CF. Por fim, deliberou-se suspender o julgamento.
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, 31.10.2012. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 31.10.2012. (ADI-3937)

INFORMATIVO 848 (11/2016)

Amianto e competência legislativa concorrente - 14

O Plenário retomou o julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade


ajuizadas contra a Lei 11.643/2001 do Estado do Rio Grande do Sul e a Lei
12.684/2007 do Estado de São Paulo. Na presente sessão, a Corte apregoou outras
duas ações para julgamento conjunto: uma arguição por descumprimento de
preceito fundamental (ADPF) contra a Lei 13.113/2001 e o Decreto 41.788/2002,
ambos do Município de São Paulo, e uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI)
que ataca a Lei 12.589/2004 do Estado de Pernambuco. Os diplomas impugnados
proíbem o uso, a comercialização e a produção de produtos à base de
amianto/asbesto naquelas unidades federativas — v. Informativos 407 e 686.

O ministro Edson Fachin julgou improcedentes os pedidos formulados na ADPF, de


sua relatoria, e nas três ADIs.

Inicialmente, afastou a alegação de inconstitucionalidade formal. Entendeu que a


distribuição de competência entre os diversos entes federativos, à luz do

64
federalismo cooperativo inaugurado expressamente pela Constituição de 1988, não
se satisfaz apenas com o princípio informador da predominância de interesses.
Diante da existência de situações como a dos presentes autos, a regra de
circunscrever-se à territorialidade não resolve de forma plena a solução do conflito
existente entre normas, pois é preciso eleger, entre os entes envolvidos, qual
circunscrição prevalecerá.

O ministro ressaltou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem optado


por concentrar no ente federal as principais competências federativas, mas que é
necessário explorar o alcance do federalismo cooperativo insculpido na
Constituição de 1988, a fim de enfrentar os problemas de aplicação que emergem
do pluralismo que forma o Estado e a sociedade brasileira.

Considerou que a resolução estaria no princípio da subsidiariedade — segundo o


qual o poder sobre determinada matéria deve ser exercido pelo nível
governamental que possa fazê-lo de forma mais apropriada e eficiente — e dos dois
critérios que permitem a sua aplicação, que são a presunção contra a preempção
(“presumption against pre-emption”) e a clareza de que a legislação sobre o tema
deve ser editada de modo amplo, geral e uniforme pela União, afastando de forma
clara qualquer potencialidade legiferante em sentido diverso (“clear statement
rule”).

Explicou que, ao se sustentar a existência do princípio da subsidiariedade no


federalismo brasileiro, seria possível retomar a aplicação formulada, entre outros,
nos tratados da União Europeia para o contexto nacional. Não porque seria lícito à
Corte realizar um transplante de normas ou um “constitutional borrowing” sem
mediações, mas porque, na medida em que a experiência comparada faz uso de um
princípio geral do direito, também no Brasil seria possível aplicá-lo.

Nesse sentido, o aspecto formal do princípio da subsidiariedade seria destinado


sobretudo aos poderes legislativos, pois exige que sejam fornecidas razões, se
possíveis quantitativas, para demonstrar que a legislação deve ser editada de modo
uniforme pelo ente maior. Essa procedimentalização, por sua vez, transmudaria o
enfoque a ser dado pelo Poder Judiciário. Em vez de investigar qual competência o
ente detém, se deveria perquirir como o ente deve exercê-la.

Ainda segundo o ministro Edson Fachin, a subsidiariedade seria complementada


pela proporcionalidade. De acordo com a primeira, o ente político maior deve
deixar para o menor tudo aquilo que este puder fazer com maior economia e
eficácia. Já de acordo com a segunda, é preciso sempre respeitar uma rigorosa
adequação entre meios e fins. A proporcionalidade poderia ser utilizada, portanto,
como teste de razoabilidade para soluções de problemas envolvendo competência
de nítida orientação constitucional. O teste de razoabilidade, por sua vez, exigiria o
exame das razões que levaram o legislador a adotar determinado regulamento.
Consistiria, portanto, em avaliar se as razões necessárias para a conclusão a que
chegou foram levadas em conta ou se optou por motivos que não poderiam ter sido
considerados. Interpretando, pois, os princípios da subsidiariedade e da

65
proporcionalidade nesses termos, seria possível, então, superar o conteúdo
meramente formal do princípio e reconhecer um aspecto material, consubstanciado
numa presunção de autonomia em favor dos entes menores (“presumption against
pre-emption”), para a edição de leis que resguardem seus interesses.

A aplicação desse entendimento às competências concorrentes poderia ser


extremamente vantajosa para melhor delimitar qual o sentido dos termos geral,
residual, local, complementar e suplementar. No entanto, no caso dos autos, a
discussão envolveria, ainda, uma disputa de sentido desses conceitos quando se
opõem às competências expressas da União, dos Estados e dos Municípios. Nessas
hipóteses, seria necessário não apenas que a legislação federal se abstivesse de
intervir desproporcionalmente nas competências locais, como também que, no
exercício das competências concorrentes, a interferência das legislações locais na
regulamentação federal não desnaturasse a restrição ou a autorização claramente
indicada.

Relativamente à aplicação do princípio da subsidiariedade ao caso dos autos, o


ministro afirmou que, embora a competência para a produção, o consumo, a
proteção do meio ambiente e a proteção e defesa da saúde seja concorrente, seria
inconstitucional que o efeito da legislação geral editada pela União pudesse
aniquilar totalmente as competências dos Estados e dos Municípios. Apenas se a
legislação federal dispusesse, de forma clara e cogente — indicando as razões pelas
quais é o ente federal o mais bem preparado para fazê-lo —, que os Estados e
Municípios sobre ela não poderiam legislar, seria possível afastar a competência
desses entes para impor restrições ao uso do amianto/asbesto. Entretanto, esse
não seria este o caso dos autos.

Destacou que a União, ao editar a norma geral (Lei 9.055/1995), estabeleceu, no


art. 1º, vedação expressa à utilização de vários tipos de amianto que alcança todo o
território nacional, enquanto, no art. 2º, previu a possibilidade de extração,
industrialização, utilização e comercialização apenas do amianto da espécie
crisotila. Contra essa vedação específica não caberia aos Estados, ao Distrito Federal
ou aos Municípios legislar de forma a permitir o que havia sido vedado de forma
expressa e efetiva, não havendo espaço para a incidência do princípio da
subsidiariedade. Entretanto, no que diz respeito à regra geral permissiva da Lei
9.055/1995, tanto a atuação legislativa municipal quanto a estadual teriam ocorrido
de forma consentânea com a ordem jurídica constitucional e em seus estritos
limites; ou seja, no art. 2º, a Lei 9.055/1995 teria estabelecido a permissão como
regra geral, não vedando a imposição de restrições.

Tendo isso em conta, observou que, nos casos analisados, os Estados teriam
legislado no exercício de sua competência concorrente de proteção e defesa da
saúde. O Município de São Paulo, por sua vez, mediante uma escolha política ínsita
à ambiência municipal, por definir e delimitar como se daria o seu desenvolvimento
econômico no campo da construção civil, teria agido à luz do nítido interesse local e
da suplementação da legislação federal de regência. Acrescentou que o Município,
ao defender a constitucionalidade da lei, evocou o princípio da precaução e o

66
disposto no art. 225, § 3º, da Constituição Federal, e afirmou que o Poder Público
deve agir com extrema cautela sempre que a saúde pública e a qualidade ambiental
puderem ser afetadas por obra, empreendimento ou produto nocivo ao meio
ambiente.

Em suma, por não existir afastamento claro da competência legislativa dos entes
menores pela legislação federal que rege a matéria, seriam constitucionais as leis
estaduais e a lei municipal impugnadas que, em matéria de competência
concorrente (art. 24, XII, da Constituição Federal) e em matéria de competência
local, comum e suplementar (art. 30, I e II, da Constituição Federal),
respectivamente, regulamentam de forma mais restritiva a norma geral diante do
âmbito de atuação permitido por ela.

O ministro Fachin afastou, ainda, a alegação de inconstitucionalidade material, por


ofensa ao princípio da livre iniciativa, haja vista que a restrição contida nas leis
impugnadas estaria amparada pela proteção à saúde e ao meio ambiente. Seu
fundamento teria assento na competência concorrente dos Estados e na
competência local, supletiva e comum dos Municípios e também em expressa
previsão constante da Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT).

Por fim, rejeitou, de igual modo, a assertiva no sentido de não existir risco à saúde e
de bastar, para a proteção dos trabalhadores que utilizam o amianto/asbesto, a
exigência do uso de equipamentos de segurança no trabalho, conforme
determinação da OIT. Observou que essa solução contrariaria o princípio da
precaução, de fundamental importância para a ordem constitucional.

Em seguida, o ministro Dias Toffoli pediu vista dos autos.


ADI 3356/PE, rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23.11.2016. (ADI-3356)
ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 23.11.2016. (ADI-3357)
ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.11.2016. (ADI-3937)
ADPF 109/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.11.2016. (ADPF-109)

MPF 20º concurso “situa-se no âmbito da legislação concorrente a competência para


legislar sobre proteção ao meio ambiente” certo. Art. 24, VI

TRF5 2011 CESPE “É competência comum da União, dos Estados, do DF e dos


Municípios registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos minerais em seus territórios, bem como legislar sobre jazidas,
minas, outros recursos minerais e metalurgia” errado. Competência da União.

AGU 2012 CESPE “Compete privativamente à União legislar sobre florestas,


conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais” errada. Competência
concorrente

67
TRF5 2011 “Se determinado Estado da Federação editar lei instituindo Código Florestal
a referida lei deverá ser considerada inconstitucional, visto que cabe à União, em
caráter privativo, legislar sobre a matéria” errado

TRF5 2009 “Compete exclusivamente à União legislar acerca da responsabilidade por


danos ao meio ambiente” errada

TRF5 2009 “A CF atribui competência privativa à União para legislar sobre conservação
da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição. Todavia, essa competência é passível de delegação aos Estados e
ao DF” errada. Competência concorrente

AGU/CESPE/2015

“A respeito do meio ambiente e dos direitos e interesses das populações indígenas,


julgue o item seguinte.

Dada a competência privativa da União para exercer controle e fiscalização ambiental,


é exclusiva da União a competência para instituir taxa de fiscalização e controle do
meio ambiente cujo fundamento seja o exercício regular do poder de polícia. Errada.
Competência concorrente. Art. 17 LC 140/11”

TCFA é constitucional

Lei 6938/81 Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental –
TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA para
controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de
recursos naturais." (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (Vide Medida
Provisória nº 687, de 2015)

STF PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO


AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INADMISSÃO. AUSÊNCIA DE
SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS PRECEDENTES POSTOS A CONFRONTO. TAXA DE
CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. CONSTITUCIONALIDADE. JURISPRUDÊNCIA
PACÍFICA. ART. 332 DO RISTF. 1. É pacífico na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal o entendimento de que é constitucional a Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental instituída pela Lei 10.165/00 (RE 416.601/DF, rel. Min. CARLOS VELLOSO,
Pleno, unânime, DJ de 30.9.2005). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

RE 603513 AgR / MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28/08/2012.

- A competência para a fiscalização é concorrente. Então não há bitributação se 2


entes cobrarem a TCFA.

68
AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. EXAÇÕES
COBRADAS PELA UNIÃO E PELO ÓRGÃO ESTADUAL. BITRIBUTAÇÃO
DESCARACTERIZADA. CONFISCO. RAZÕES RECURSAIS INSUFICIENTES PARA CONCLUIR
PELA DESPROPORCIONALIDADE OU PELA IRRAZOABILIDADE DA COBRANÇA. É condição
constitucional para a cobrança de taxa pelo exercício de poder de polícia a
competência do ente tributante para exercer a fiscalização da atividade específica do
contribuinte (art. 145, II da Constituição). Por não serem mutuamente exclusivas, as
atividades de fiscalização ambiental exercidas pela União e pelo estado não se
sobrepõem e, portanto, não ocorre bitributação. Ao não trazer à discussão o texto da
lei estadual que institui um dos tributos, as razões recursais impedem que se examine
a acumulação da carga tributária e, com isso, prejudica o exame de eventual efeito
confiscatório da múltipla cobrança. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

(RE 602089 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
24/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-099 DIVULG 21-05-2012 PUBLIC 22-05-2012)

TJDFT 2015 “É inconstitucional a cobrança de taxa pelos entes da Federação em razão


de fiscalização ambiental, pois o exercício do poder de polícia, como atividade
essencial, não pode ser objeto de cobrança. (errada)”

TRF2 - 2013 c) A atividade de controle e fiscalização de atividades potencialmente


poluidoras não pode gerar a cobrança de taxas dos fiscalizados porque, como ocorre
em benefício de toda a população, deve ser custeada por impostos. (errada)

Na zona costeira nordestina, uma empresa estrangeira construiu um empreendimento


turístico hoteleiro de grande porte próximo ao mar, sem o licenciamento ambiental
prévio exigido por lei, ocupando ilegalmente área de preservação permanente na
margem de um rio e afetando diretamente uma comunidade lindeira composta em sua
maioria por pescadores. Seis meses após a inauguração do empreendimento, o
empresário estrangeiro vendeu o negócio a uma empresa brasileira, que vem
operando o hotel há cerca de um ano, sem, contudo, ter efetuado ainda a
regularização do licenciamento ambiental. Além disso, após reclamações provenientes
da comunidade afetada, foram constatados os seguintes problemas: ausência de
recolhimento e de disposição adequados dos resíduos líquidos e sólidos, com prejuízos
ao bem-estar da referida comunidade; e impedimento de livre acesso à praia, o que
prejudicou as atividades econômicas dos pescadores da comunidade.

CESPE/AGU/2015 82 Uma vez que o empreendimento irregular está localizado na zona


costeira, patrimônio ambiental nacional e bem da União, a fiscalização e a aplicação de
penalidade administrativa ambiental ao empreendimento compete exclusivamente
ao órgão ambiental federal.

TRF5 2009 CESPE. Com relação às normas constitucionais relativas à proteção


ambiental, julgue os itens a seguir.

I A CF atribui competência privativa à União para legislar sobre conservação da

69
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição. Todavia, essa competência é passível de delegação aos estados e
ao DF. (Errado)

II É competência comum da União, dos estados, do DF e dos municípios proteger o


meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, bem como
preservar as florestas, a fauna e a flora. (certo)

III A defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o


impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação, é princípio constitucional que fundamenta a atividade econômica. (Certo)

IV A CF veda, na forma da lei, as práticas que submetam os animais a crueldade.


Entretanto, em face do dever do Estado de incentivar a valorização e a difusão das
manifestações culturais, a “farra do boi”, brincadeira em que se infligem maus-tratos a
esse animal, por ser prática tradicional popular de determinada região do país, não
pode sofrer proibição ou restrições de qualquer natureza. (errado)

V Os bens ambientais são bens dominicais, constituindo, assim, o patrimônio da União,


dos estados, do DF e dos municípios, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada
uma dessas entidades. (errado)

Estão certos apenas os itens:


II e III

- Competência material. Poder de execução e de polícia. Comum e exclusiva.

comum 23, VI

- proteção ambiental

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e


cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

MPF 28º concurso (22/3/2015)

“Lei estadual conferia a proteção, guarda e responsabilidade pelos sítios arqueológicos


e seus acervos aos municípios em que se localizassem.

“Essa lei foi declarada inconstitucional porque a competência comum para proteger os
sítios arqueológicos não pode ser afastada do Estado e da União.”

"Federação: competência comum: proteção do patrimônio comum, incluído o dos


sítios de valor arqueológico (CF, arts. 23, III, e 216, V): encargo que não comporta
demissão unilateral. Lei estadual 11.380, de 1999, do Estado do Rio Grande do Sul,

70
confere aos Municípios em que se localizam a proteção, a guarda e a responsabilidade
pelos sítios arqueológicos e seus acervos, no Estado, o que vale por excluir, a propósito
de tais bens do patrimônio cultural brasileiro (CF, art. 216, V), o dever de proteção e
guarda e a consequente responsabilidade não apenas do Estado, mas também da
própria União, incluídas na competência comum dos entes da Federação, que
substantiva incumbência de natureza qualificadamente irrenunciável. A inclusão de
determinada função administrativa no âmbito da competência comum não impõe que
cada tarefa compreendida no seu domínio, por menos expressiva que seja, haja de ser
objeto de ações simultâneas das três entidades federativas: donde, a previsão, no
parágrafo único do art. 23, CF, de lei complementar que fixe normas de cooperação (v.
sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos, a Lei 3.924/1961), cuja edição,
porém, é da competência da União e, de qualquer modo, não abrange o poder de
demitirem-se a União ou os Estados dos encargos constitucionais de proteção dos
bens de valor arqueológico para descarregá-los ilimitadamente sobre os Municípios."
(ADI 2.544, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 28-6-2006, Plenário, DJ de
17-11-2006.)

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros


bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à


pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;


(mais importante)

- COMum (U, E, DF e M) = COMbater a poluição (art. 23, VI, CF/88)

CONcorrente = CONtrole da poluição (art. 24, VI).

STJ - 2a Turma

MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA. ESTADO.

A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de reconhecer a legitimidade passiva de


pessoa jurídica de direito público (no caso, estado-membro) na ação que busca a
responsabilidade pela degradação do meio ambiente, em razão da conduta omissiva
quanto a seu dever de fiscalizá-lo. Essa orientação coaduna-se com o art. 23, VI, da
CF/1988, que firma ser competência comum da União, estados, Distrito Federal e
municípios a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas
formas. Anote-se que o art. 225, caput, da CF/1988 prevê o direito de todos a um meio
ambiente ecologicamente equilibrado, além de impor ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo em benefício das presentes e futuras

71
gerações. AgRg no REsp 958.766-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
16/3/2010.

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e


exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

TRF5 - 2012 - prova oral - Trate da repartição de competência em matéria ambiental e


se houve alguma alteração recente sobre o tema. (era LC 140/11)

Federalismo cooperativo.

Critérios (a) da preponderância do interesse e da (b) colaboração. Ver de que forma


será mais bem atendido o interesse comum. (Celso Pacheco Fiorillo)

STF Informativo 432. Transcrições. Min. Celso de Mello. AC 1255 MC/RR*

EMENTA: DIREITO AMBIENTAL. CRIAÇÃO DE RESERVA EXTRATIVISTA. PROCEDIMENTO


DE INSTITUIÇÃO DESSA UNIDADE DE USO SUSTENTÁVEL. NECESSIDADE DE
REALIZAÇÃO DE CONSULTA PÚBLICA (LEI Nº 9.985/2000, ART. 22, §§ 2º E 3º, C/C O
DECRETO Nº 4.340/2002, ART. 5º, "CAPUT"). PRECEDENTE DO STF. INSTITUIÇÃO, PELA
UNIÃO FEDERAL, DE RESERVA EXTRATIVISTA EM ÁREA QUE COMPREENDE TERRAS
PÚBLICAS PERTENCENTES A UM ESTADO-MEMBRO DA FEDERAÇÃO. EXISTÊNCIA DE
POTENCIAL CONFLITO FEDERATIVO. INSTAURAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO. PRECEDENTES. A
QUESTÃO DA DESAPROPRIAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE BENS INTEGRANTES DO
DOMÍNIO PÚBLICO ESTADUAL. POSSIBILIDADE DO ATO EXPROPRIATÓRIO, SUJEITO, NO
ENTANTO, QUANTO À SUA EFETIVAÇÃO, À PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA DO
CONGRESSO NACIONAL (DL Nº 3.365/41, ART. 2º, § 2º). CONTROLE POLÍTICO, PELO
PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO, DO ATO EXCEPCIONAL DE EXPROPRIAÇÃO FEDERAL DE
BENS INTEGRANTES DO PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO ESTADUAL. DOUTRINA.
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO REGULAR PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO,
INCLUSIVE COM O RECONHECIMENTO DO DEVER DA UNIÃO FEDERAL DE INDENIZAR O
ESTADO-MEMBRO. PRECEDENTES DO STF. CONFLITO ENTRE A UNIÃO FEDERAL E AS
DEMAIS UNIDADES FEDERADAS, QUANDO NO EXERCÍCIO, EM TEMA AMBIENTAL, DE
SUA COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM. CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE
CONFLITO: CRITÉRIO DA PREPONDERÂNCIA DO INTERESSE E CRITÉRIO DA
COLABORAÇÃO ENTRE AS PESSOAS POLÍTICAS. RECONHECIMENTO, NA ESPÉCIE, EM
JUÍZO DE DELIBAÇÃO, DO CARÁTER MAIS ABRANGENTE DO INTERESSE DA UNIÃO

72
FEDERAL. INOCORRÊNCIA, AINDA, DE SITUAÇÃO DE IRREVERSIBILIDADE DECORRENTE
DA CONSULTA PÚBLICA CONVOCADA PELO IBAMA. MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA.

LC 140/11

“Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art.
23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da
competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção
do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei n o 6.938, de 31 de agosto
de 1981.”

Gestão descentralizada, harmonia e uniformidade (artigos 7º, 8º e 9º)

MPF 22º concurso “Por serem bens da União, a competência legislativa para regular os
recursos minerais e seu aproveitamento é federal, muito embora, no que concerne à
competência material, a Carta de 1988 tenha-a conferido aos outros níveis de
Governo” certo. 22 XIII e 23 XI

MPF 14º concurso “Compete privativamente à União legislar sobre águas e energia,
bem como o controle da poluição visando conservar a natureza e proteger o meio
ambiente” errado. Competência legislativa sobre águas e energia é privativa da União
mas 23, VI é competência comum

MPF 15º concurso “É da competência da União Federal: Cuidar, com exclusividade, da


saúde e da assistência pública, proteger o meio ambiente e os documentos, obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural” Errado. Competência comum.

Exclusiva

- Exploração econômica de recursos naturais energéticos

Art. 21. Compete à União:

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de


desenvolvimento econômico e social;

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: (se


pode delegar tecnicamente é privativa)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos


cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos;

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e


cartografia de âmbito nacional;

73
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios
de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,


saneamento básico e transportes urbanos;

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer


monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:

(ADI 1575, já vista)

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos


para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de


radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização


de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;


(Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem,


em forma associativa.

TRF5 2011 “A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento de energia


hidráulica constituem atividades da esfera de competência da União. Assim, uma vez
que os recursos minerais pertencem a esse ente federativo, e não ao proprietário do
solo, cabe à administração federal autorizar sua exploração” certo

STF ADI 3338 Informativo 399 (2005)

Inspeção veicular. Lei distrital é constitucional.

trânsito e transporte (competência privativa da União) X lei para regular como


proteger meio ambiente

74
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL N. 3.460.
INSTITUIÇÃO DO PROGRAMA DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS EM USO NO
ÂMBITO DO DISTRITO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO ARTIGO
22, INCISO XI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INOCORRÊNCIA. 1. O ato normativo
impugnado não dispõe sobre trânsito ao criar serviços públicos necessários à proteção
do meio ambiente por meio do controle de gases poluentes emitidos pela frota de
veículos do Distrito Federal. A alegação do requerente de afronta ao disposto no artigo
22, XI, da Constituição do Brasil não procede. 2. A lei distrital apenas regula como o
Distrito Federal cumprirá o dever-poder que lhe incumbe --- proteção ao meio
ambiente. 3. O DF possui competência para implementar medidas de proteção ao
meio ambiente, fazendo-o nos termos do disposto no artigo 23, VI, da CB/88. 4. Ação
Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.

6. Política Nacional do Meio Ambiente (6938/81)

Princípios, objetivos, estrutura, instrumentos.

Objetivos gerais e específicos

DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
(objetivo geral - fins abstratos)

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o


meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional


e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

75
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.

Programas, metas, ações,

DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

(objetivos específicos - fins concretos)

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da


qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

Desenvolvimento sustentável

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao


equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios; Planejamento

III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas


relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; ex. Proconve

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o


uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e


informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade
de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; informação,
educação, participação

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização


racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou


indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos. Poluidor-pagador e usuário-pagador

- Possibilidade de cumular pedidos de recomposição e dano moral coletivo. E de


cumular pedidos de reflorestamento com pagamento referente ao dano material

TRF1 - prova oral - Podem ser cumuladas as obrigações de recomposição do meio


ambiente com a compensação por dano moral coletivo?

STJ Informativo 526, 2a Turma, REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 28/5/2013.

76
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. CUMULAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE
RECOMPOSIÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL
COLETIVO.

Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível


que a sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as
obrigações de recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro
a título de compensação por dano moral coletivo. Isso porque vigora em nosso
sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, que, ao
determinar a responsabilização do agente por todos os efeitos decorrentes da conduta
lesiva, permite a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.
Ademais, deve-se destacar que, embora o art. 3º da Lei 7.347/1985 disponha que "a
ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer", é certo que a conjunção "ou" - contida na citada
norma, bem como nos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 - opera com valor
aditivo, não introduzindo, portanto, alternativa excludente. Em primeiro lugar, porque
vedar a cumulação desses remédios limitaria, de forma indesejada, a Ação Civil Pública
- importante instrumento de persecução da responsabilidade civil de danos causados
ao meio ambiente -, inviabilizando, por exemplo, condenações em danos morais
coletivos. Em segundo lugar, porque incumbe ao juiz, diante das normas de Direito
Ambiental - recheadas que são de conteúdo ético intergeracional atrelado às
presentes e futuras gerações -, levar em conta o comando do art. 5º da LINDB,
segundo o qual, ao se aplicar a lei, deve-se atender "aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum", cujo corolário é a constatação de que, em caso de
dúvida ou outra anomalia técnico-redacional, a norma ambiental demanda
interpretação e integração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro
natura, haja vista que toda a legislação de amparo dos sujeitos vulneráveis e dos
interesses difusos e coletivos há sempre de ser compreendida da maneira que lhes
seja mais proveitosa e melhor possa viabilizar, na perspectiva dos resultados práticos,
a prestação jurisdicional e a ratio essendi da norma. Por fim, a interpretação
sistemática das normas e princípios ambientais leva à conclusão de que, se o bem
ambiental lesado for imediata e completamente restaurado, isto é, restabelecido à
condição original, não há falar, como regra, em indenização. Contudo, a possibilidade
técnica, no futuro, de restauração in natura nem sempre se mostra suficiente para
reverter ou recompor integralmente, no âmbito da responsabilidade civil, as várias
dimensões do dano ambiental causado; por isso não exaure os deveres associados aos
princípios do poluidor-pagador e da reparação integral do dano. Cumpre ressaltar que
o dano ambiental é multifacetário (ética, temporal, ecológica e patrimonialmente
falando, sensível ainda à diversidade do vasto universo de vítimas, que vão do
indivíduo isolado à coletividade, às gerações futuras e aos processos ecológicos em si
mesmos considerados). Em suma, equivoca-se, jurídica e metodologicamente, quem
confunde prioridade da recuperação in natura do bem degradado com impossibilidade
de cumulação simultânea dos deveres de repristinação natural (obrigação de fazer),
compensação ambiental e indenização em dinheiro (obrigação de dar), e abstenção de
uso e nova lesão (obrigação de não fazer). REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 28/5/2013.

77
- princípio da reparação integral do dano ambiental permite a cumulação de
obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar. Embora o art. 3º da Lei 7.347/1985
disponha que "a ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer", é certo que a conjunção "ou" -
contida na citada norma, bem como nos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 -
opera com valor aditivo.

(posição da 4ª CCR “meio ambiente e patrimônio cultural”)

STJ Informativo 450, REsp 1.181.820-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
7/10/2010.

possível, em ACP ambiental, a cumulação de pedidos de condenação à obrigação de


fazer (reflorestamento de área) e de pagamento pelo dano material causado.

“Assinalou que o mecanismo processual da ACP é adequado para que se pleiteiem,


cumulativamente, a reparação pecuniária do dano causado e o cumprimento de
obrigação de fazer tendente à recuperação da área atingida pelo desmatamento.”

Precedentes citados: REsp 625.249-PR, DJ 31/8/2006; REsp 605.323-MG, DJ


17/10/2005, e REsp 115.599-RS, DJ 2/9/2002.

TRF4 2014

“A orientação dominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de não ser


possível, em ação civil pública, que a sentença condenatória imponha ao responsável,
cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente degradado e de pagar
quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo.”

Direito processual civil e ambiental. Cumulação das obrigações de recomposição do


meio ambiente e de compensação por dano moral coletivo.
REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013

- Padrões mínimos de proteção. (Norma geral sobre proteção ambiental)

TRF5 2011 “As diretrizes da PNMA, dispostas na Lei n.º 6.938/1981, orientam a ação
do governo federal no que se refere à qualidade ambiental e à manutenção do
equilíbrio ecológico, cabendo aos estados, ao DF e aos municípios, no exercício de sua
autonomia político-legislativa, estabelecer livremente as normas e os planos
ambientais por meio de leis próprias.” Errado. Norma geral

Conceitos

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

78
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta


ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,


direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

Relevante para analisar responsabilidade civil.

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e


subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

DO SISNAMA (art. 6º)

- Rede federativa de agências governamentais para implantar a PNMA

- estrutura administrativa. I a VI

Órgão Superior - Conselho de Governo – assessora Presidente na formulação das


políticas nacionais

Órgão Consultivo/deliberativo CONAMA (composição multifacetada) – propõe


diretrizes ao CG e delibera sobre padrões e normas.

STJ - Pode editar normas no exercício de sua competência.

STF ADPF 101. É constitucional proibir importação pneus usados. Em obter dictum
constitucional poder normativo do CONAMA.

- Poder regulamentar. Órgão plural. (decreto 99274/90)

Art. 5º Integram o Plenário do Conama: (Redação dada pelo Decreto nº 99.355, de


1990)

I - o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que o presidirá; (Redação dada pelo


Decreto nº 3.942, de 2001)

79
§ 1o Integram também o Plenário do CONAMA, na condição de Conselheiros
Convidados, sem direito a voto: (Redação dada pelo Decreto nº 3.942, de 2001)

I - um representante do Ministério Público Federal; (Incluído pelo Decreto nº


3.942, de 2001)

II - um representante dos Ministérios Públicos Estaduais, indicado pelo Conselho


Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça; e (Incluído pelo Decreto nº 3.942, de
2001)

TRF5 2009 “Integram o plenário do CONAMA, na qualidade de conselheiros


permanentes, um representante do MPF e três dos MPEs, indicados pelo PGR” errada.
São conselheiros convidados. 1 do MPE, indicado pelo Conselho Nacional

TRF5 2009 “Cabe ao IBAMA, como órgão central do SISNAMA, prover os serviços de
apoio técnico e administrativo do CONAMA” errada

Procurador Federal 2006 CESPE

“O IBAMA tem a finalidade de assessorar o Ministério do MA na formação e


coordenação da PNMA, além de executar e fazer cumprir a PNMA” certa

“O IBAMA é uma fundação pública dotada de personalidade jurídica de direito público,


com autonomia financeira e administrativa” errada

Órgão Central – MMA (era SEMA) – Planeja e coordena a política nacional

Órgãos executores - IBAMA (fiscalização e licenciamento ambiental). ICMBio (unidades


de conservação. IBAMA tem possibilidade de exercício supletivo do p.pol. em caso de
omissão. Art. 6º, III)

TRF3 2013 “A Marinha do Brasil não tem poder de polícia em matéria ambiental, que é
exercida exclusivamente pelo IBAMA, no âmbito da Administração Pública Federal.”
(errada)

Não é exclusiva do IBAMA.

Além disso lembrar da Lei Complementar nº 136, de 25 de agosto de 2010: o poder de


polícia que era destinado apenas ao Exército Brasileiro para combater os delitos
transfronteiriços e ambientais foi estendido à Marinha do Brasil e à Força Aérea
Brasileira.

Órgãos seccionais (estaduais) e locais (municipais). O Município só é inserido no


SISNAMA se criar Conselho de Meio Ambiente e tiver profissionais legalmente
habilitados.

- Instrumentos do PNMA (art. 9º)

80
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: (instrumento
administrativos com papel preventivo)

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

Resoluções CONAMA. Acima é nocivo, é poluição. Padrões de emissão e qualidade


ambiental analisados no licenciamento. Ex. Resolução 357/2005 padrões para
lançamento de efluentes na água

II - o zoneamento ambiental; (ZEE)

Conhecimento sistematizado das fragilidades e características do meio

Prova oral TRF2 - "Zoneamento se articula com o desenvolvimento sustentável?"

O conceito de zoneamento sustentável está no art. 2º, do Decreto 4297/2002 "O ZEE,
instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na
implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e
padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população."

U – nacional ou regional

E – estadual

M – Plano Diretor

III - a avaliação de impactos ambientais; (MPF – AAI e AAE)

Prova oral TRF5/2012 - Discorra: política energética voltada ao meio ambiente.


Objetivos.

Lei 9.478/97. Dispõe sobre a política energética nacional. Art. 1º, IV - um dos objetivos
da política nacional é a proteção ao meio ambiente. Assim, da conformação entre
meio ambiente e atividade econômica nasce o conceito de desenvolvimento
sustentável

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de


tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público


federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

81
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas


necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se


o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de
1989)

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro


ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

art. 14 (instrumentos administrativos com papel repressivo)

Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e,


no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs,
agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento,
vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito
Federal, Territórios ou pelos Municípios.

II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder


Público;

III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em


estabelecimentos oficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor


obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério

82
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

§ 2º - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao


Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste
artigo.

§ 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da
perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou
financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo
resolução do CONAMA.

§ 4º Nos casos de poluição provocada pelo derramamento ou lançamento de


detritos ou óleo em águas brasileiras, por embarcações e terminais marítimos ou
fluviais, prevalecerá o disposto na Lei nº 5.357, de 17 de novembro de
1967. (Revogado pela Lei nº 9.966, de 2000)

§ 5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das


obrigações de indenização e reparação de danos previstas no § 1 o deste
artigo.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

- PNMA traz 1 tipo penal

Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou


vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à
pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil)
MVR. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

§ 1º A pena e aumentada até o dobro se: (Redação dada pela Lei nº 7.804, de
1989)

I - resultar: (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente; (Incluído pela Lei nº


7.804, de 1989)

b) lesão corporal grave; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte; (Incluído pela


Lei nº 7.804, de 1989)

III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado. (Incluído pela


Lei nº 7.804, de 1989)

83
§ 2º Incorre no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as
medidas tendentes a impedir a prática das condutas acima descritas. (Redação dada
pela Lei nº 7.804, de 1989)

Agrotóxicos

- Todo agrotóxico deve ser objeto de registro no Ministério da Agricultura (atuam


saúde e meio ambiente)

- Quem produz ou comercializa o agrotóxico deve ser registrado perante órgão


estadual ou municipal

- Quem vende precisa de recibo que deve ser guardado por 2 anos.

- Depois de usar tem de devolver embalagem ao vendedor e ao produtor para


destinação ambientalmente correta das embalagens

Conceito legal (lei 7802/89)

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:

I - agrotóxicos e afins:

a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao


uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos
agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros
ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade
seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos;

- atua sobre organismos vivos e evita prejudicar outros organismos vivos

- zoneamento ambiental (zoneamento ecológico-econômico)

-estudos para conhecer características em espaço delimitado e possibilitar uso racional

- LC 140/2011 (7º, 8º e 9º) e Decreto 8437/2015 (tipologia de empreendimentos e


atividades cujo licenciamento é de competência da União)

ADIN 4757 ajuizada. Pendente a apreciação da liminar.

União ZEE de âmbito nacional e regional

Estados ZEE de âmbito estadual

Municípios Plano Diretor observados zoneamentos

A tutela do meio ambiente envolve a institucionalização de normas, o estabelecimento


de objetivos e princípios claros, a identificação de instrumentos efetivos de proteção

84
bem como a organização de uma estrutura que possa realmente implementar a
política ambiental. A respeito desse tema, assinale a opção correta.

A O relatório de qualidade do meio ambiente, instrumento da Política Nacional do


Meio Ambiente, é entendido como aplicação do princípio da responsabilização. (só
relata)
B Os instrumentos ambientais relacionados ao exercício do poder de polícia não
podem ensejar impactos no custo da produção, mesmo que em defesa do meio
ambiente. (ex. penalidades. Poluidor-pagador)
C O padrão de qualidade ambiental é instrumento abrangente que representa uma
análise do impacto de certo empreendimento na ocasião de sua instalação. (é objetivo.
Genérico)
D A criação de zonas estritamente industriais envolvendo a instalação de polos
cloroquímicos é matéria que se encontra na esfera da competência concorrente entre
a União e os estados. (competência material comum)
E O zoneamento econômico ecológico constitui instrumento de organização territorial,
de caráter obrigatório e vinculado.

Resposta E

O zoneamento ambiental

A é instrumento de gestão do qual dispõem o governo, o setor produtivo e a


sociedade, cujo fim específico é delimitar geograficamente áreas territoriais com o
objetivo de estabelecer regimes especiais de uso, gozo e fruição da propriedade, em
nível regional, estadual ou municipal. (certo)
B é uma divisão analítica e disciplinadora da legislação ambiental do uso, gozo e
fruição do solo, planejado com o objetivo de compartimentar a gestão dos recursos
ambientais. (não disciplina legislação)
C é espécie de controle estatal capaz de ordenar o funcionamento dos ecossistemas e
a evolução das mudanças climáticas, de forma a compatibilizar as determinantes
sistêmicas com os interesses e direitos ambientais e sociais e tornar possível o
crescimento sustentável. (não é possível)
D é instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na
implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelecendo medidas
e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, com objetivo de garantir
o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.
(licenciamento)
E é instrumento político de natureza punitiva que visa disciplinar as atividades
antrópicas e a ocupação urbana. (não é punitivo)
Resposta A

7. AIA e licenciamento

AIA (inciso III dão art. 9º)

85
Exame sistemático de impactos ambientais, alternativas, medidas de proteção,
mitigadoras, compensatórias, monitoramento...

Resolução CONAMA 237/1997. artigo 1º

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

- AIA é gênero (EIA, plano de manejo, PRAD...). AAI e AAE.

- AIA estudos ambientais custeados pelo empreendedor

- Responsabilidade da veracidade é de quem faz a informação

TRF1 2015 “O empreendedor e os profissionais que elaboram o EIA são responsáveis


pelas informações apresentadas ao órgão ambiental competente e estão sujeitos a
sanções nos âmbitos administrativo, penal e civil” certo

EIA. Instrumento da LPNMA “Subsidia licenciamento para obra potencialmente


causadora de significativa degradação” (conceito jurídico indeterminado)

Resolução CONAMA 237/97

Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva


ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de
prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio
ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de
audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou


empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio
ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de
licenciamento.

- Resolução CONAMA 1/1986. Só nos casos da resolução? Não. Rol Exemplificativo. Em


todos casos listados? Sim.

Resolução 1/86 do CONAMA, artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de


impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem
submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter
supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como.

86
- Decreto 8437/2015 define atividades com licenciamento da União.

RIMA. Resumo simplificado. princípio da informação e participação.

EIA

- Diagnóstico (fotografia) – deve haver análise da questão hídrica –bacia hidrográfica


(obrigado)

- STF ADI 1086

Lei não pode dispensar EIA se presentes requisitos constitucionais

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 182, § 3º, DA


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL.
CONTRAIEDADE AO ARTIGO 225, § 1º, IV, DA CARTA DA REPÚBLICA. A norma
impugnada, ao dispensar a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental no caso
de áreas de florestamento ou reflorestamento para fins empresariais, cria exceção
incompatível com o disposto no mencionado inciso IV do § 1º do artigo 225 da
Constituição Federal. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade
do dispositivo constitucional catarinense sob enfoque. (10/08/2001)

STF EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONSTITUCIONAL. AMBIENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE LEI ESTADUAL DISPENSAR
ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL. AGRAVO IMPROVIDO. I O Plenário desta
Corte, ao julgar a ADI 1.086/SC , Rel. Min. Ilmar Galvão, assentou que a previsão, por
norma estadual, de dispensa ao estudo de impacto ambiental viola o art. 225 , § 1º , IV
, da Constituição Federal . II Agravo regimental improvido. Data de publicação:
21/06/2011

TJDFT 2015 “Será constitucional lei municipal ou estadual que dispense a elaboração
de estudo prévio de impacto ambiental para obras de infraestrutura.” (errada)

TRF2 2011 CESPE

A tutela do meio ambiente, devido à complexidade que engendra, envolve definição


de políticas públicas, utilização adequada de instrumentos de prevenção e controle das
atividades econômicas e atuação constante do poder público. Acerca desse tema,
assinale a opção correta.

A O estudo de impacto ambiental exigido por órgão ambiental competente pode ser
objeto de reforma judicial.

B Entre as atribuições do Conselho Nacional do Meio Ambiente, integrante do Sistema


Nacional de Meio Ambiente, inclui-se o desenvolvimento de projetos para o uso
racional e sustentável de recursos naturais e para melhorar a qualidade de vida da
população.

87
C - Comparado à avaliação de impacto ambiental, o estudo de impacto ambiental tem
abrangência restrita. (correta)

D - O estudo de impacto ambiental tem natureza jurídica de ato administrativo


ambiental. (licença)

E - A autorização para o funcionamento de atividade potencialmente degradadora do


ambiente independe da localização do empreendimento ou de estudos preliminares
de uso do solo.

Procurador Federal 2006 CESPE “A exigência pelo Poder Público da realização do EIA é
exercício do poder discricionário do Estado no processo de licenciamento ambiental”
(errado – vinculado)

Procurador Federal 2006 CESPE “Em virtude do princípio administrativo da presunção


de legitimidade, a administração pública, na execução direta de obras, é dispensada da
realização prévia de EIA” (errado. Os entes públicos e privados fazem a AIA)

TRF2 2014

Em relação ao estudo prévio de impacto ambiental:

A Trata-se de estudo a ser exigido como condição prévia à operação de qualquer


atividade potencialmente causadora de dano ambiental.

B Trata-se de estudo inspirado pelos princípios da precaução e da prevenção, cujo


resultado vincula a administração ambiental e que deve ser realizado previamente à
instalação de qualquer atividade comprovadamente causadora de impacto ambiental.

C Trata-se de estudo a ser exigido, no curso do licenciamento ambiental, como


condição prévia à instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
degradação significativa ao meio ambiente. (certo)

D Trata-se de estudo de natureza vinculativa, a ser exigido como condição prévia à


instalação de obra potencialmente causadora de degradação significativa do meio
ambiente e, assim, caso não recomende a obra, inviabilizada estará a concessão da
licença.

E. Trata-se de estudo inspirado pelo princípio da precaução, de caráter obrigatório em


qualquer procedimento de licenciamento ambiental.

- Audiências públicas após EIA/RIMA (órgão ambiental competente, entidade civil, MP,
50 ou mais cidadãos). Resolução CONAMA 9/1987

88
TRF5 2015

“Entre outras hipóteses, a audiência pública para análise e discussão de EIA-RIMA será
realizada quando houver solicitação de 50 ou mais cidadãos” certa

- Licenciamento e licença decorre do poder de polícia. Ato do Poder Executivo (STF ADI
3252 e 1505). Não se pode submeter à aprovação do Legislativo.

AGU 2012 “A concessão de licenciamento para desenvolvimento de atividade


potencialmente danosa ao meio ambiente constitui ato do poder de polícia, sendo a
análise dos EIAs atividade própria do Executivo” certo

AGU 2012 “Lei estadual pode dispensar e realização de EIA se restar comprovado, por
perícia, que determinada obra não apresenta potencial poluidor” (errado). Normas
gerais são de competência da União. CONAMA traz rol exemplificativo.

TRF5 2011 A respeito do EIA, assinale a opção correta

A respeito do EIA, assinale a opção correta.

A - Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo


impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com
fundamento em EIA e respectivo relatório (EIA/RIMA), o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e a manutenção de unidade de conservação de proteção integral.
(CERTO)

B - A construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e


atividades considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependem de prévio
licenciamento, cuja concessão cabe privativamente ao órgão estadual competente. (LC
140/11)

C- O EIA deve ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, que, não vinculada
direta ou indiretamente ao proponente do projeto, será a responsável técnica pelos
resultados apresentados.

D- Compete ao IBAMA determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos


das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou
privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais e às entidades
privadas as informações indispensáveis para apreciação dos EIAs, e respectivos
relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental.

E- Um dos requisitos técnicos do EIA é a descrição da área de influência do projeto


após a realização da obra. Embora não seja necessário caracterizar a situação da área
antes da implantação do projeto, a legislação exige que se descreva, no EIA, de forma
prospectiva, o modo como o meio físico, o meio biológico e os ecossistemas naturais
regem à obra ou ao empreendimento.

89
TRF1 2009 Assinale a opção correta acerca do EIA.

A O EIA deve ser um processo sequencial, que comece com a descrição da atividade
proposta, prossiga com a análise das medidas mitigadoras e termine com a
apresentação das consequências negativas do empreendimento, de forma a servir de
base à tomada de decisão, que é política, sobre o projeto.
B O EIA contribui para informar de maneira completa e exaustiva acerca de todos os
desdobramentos de determinado projeto, permitindo que as organizações não
governamentais possam tomar mais corretamente posição em relação a ele, de forma
a eliminar a influência das elites científicas sobre a mídia.
C O principal aspecto a ser considerado no EIA é o diagnóstico da área de influência
indireta do projeto, que deve ser analisado a partir das alternativas locacionais
determinadas pelo CONAMA e, ainda, determinar se a disposição final de resíduos, o
tratamento de efluentes e as fontes de energia serão incluídas no empreendimento.
D As informações técnicas constantes no EIA, o qual reflete as conclusões do órgão
ambiental competente para o licenciamento, devem ser expressas em linguagem
acessível ao público, ilustradas por mapas com escalas adequadas, quadros, gráficos e
outras técnicas de comunicação visual, de modo que se facilite o entendimento das
consequências ambientais do projeto e suas alternativas e se comparem as vantagens
e desvantagens de cada uma delas. (RIMA)
E Exige-se o EIA para a realização de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, sendo, por isso, necessário determinar os
limites geográficos da área que será direta ou indiretamente afetada pelos impactos
decorrentes da implementação do projeto. (CERTO)

TRF1 2013

É taxativa a listagem contida em resolução federal que enumera as atividades cujo


licenciamento dependerá obrigatoriamente da elaboração de EIA/RIMA. Tal rol cria
presunção absoluta de que essas atividades são causadoras de significativa degradação
ambiental. (ERRADO)

Licenciamento

- Decorre do poder de polícia. Utilizado na instalação, localização, ampliação e


operação

- realiza princípios do desenvolvimento sustentável, prevenção e precaução

Resolução CONAMA 237/97

I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam

90
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e
as normas técnicas aplicáveis ao caso.

II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,


estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental.

TRF5 2007 “O licenciamento ambiental é um procedimento por meio do qual o Estado


desenvolve seu poder de polícia no âmbito preventivo, exercendo controle prévio
sobre atividades potencialmente causadoras de dano ao meio ambiente” certo

- Fases estão na Resolução CONAMA 237/1997. problema da inversão

art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor,


dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de
licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos


documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos


documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental


competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo
haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental


competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver
reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham
sido satisfatórios;

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;

VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida


publicidade.

91
- Termo de referência (documento do licenciador), publicidade, análise e pedido de
estudos suplementares (pode exigir 1 vez sem se afastar do limite imposto no TR). Não
é absoluto. Diretriz sob pena de legitimar dano ambiental.

- audiência pública não é deliberativa

- procedimento variável. Ritos específicos. Há outras resoluções.

Art. 9º - O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas,


observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as
etapas de planejamento, implantação e operação.

TRF5 2009 “O licenciamento ambiental é o conjunto de etapas constituintes do


procedimento administrativo que objetiva a concessão da licença ambiental, sendo
esta, portanto, uma das etapas do licenciamento” certo

TRF5 2009 “O licenciamento ambiental é espécie de ato administrativo unilateral e


vinculado, pelo qual a administração faculta àquele que preenche os requisitos legais o
exercício de determinada atividade” errado (procedimento)

Espécies. Prévia, Instalação e Operação

Licença ambiental é ato vinculado – TRF1 (polêmica). Direito adquirido do


empreendedor de exercer a atividade poluidora se cumprir requisitos. Edis Milaré
entende que há discricionariedade técnica (há incerteza técnica na tolerabilidade de
ecossistemas).

Paulo Affonso Leme Machado - as conclusões do Estudo Prévio de Impacto Ambiental


(EPIA ou EIA) não vinculam o órgão administrativo ambiental. O objetivo desse estudo
é orientar a decisão da Administração e informá-la sobre as conseqüências ambientais
de um determinado empreendimento. Precisa fundamentar recusa com base no
EIA/RIMA.

Portanto, o EIA é fundamento à motivação do ato administrativo relativo ao


licenciamento. Polêmica se é possível controle do Judiciário.

- Concessão tácita não é possível (silêncio não é autorização). Exceção licença de


operação em renovação (permanece válida se requerida até 120 dias do fim do prazo)

Competência para licenciar

- critério era magnitude dos impactos (Resolução CONAMA 237/1997). LC 140/11 traz
rol.

- Licenciamento ocorre em um único âmbito de competência. (conama 237/97 e LC


140/2011). Art. 7º CONAMA - Os empreendimentos e atividades serão licenciados em
um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores. Art. 13.

92
LC 140/11 Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados,
ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições
estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão


responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os
prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

artigo 7º parágrafo único (U)

Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda


concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de
atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por
ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional,
assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da
atividade ou empreendimento. Regulamento

U- Art 7º XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e


atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe; b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental
ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras
indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou
desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; f) de caráter militar, g) destinados a
pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material
radioativo,ou h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional,

E - (residual) ART 8º XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou


empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;

M- Art. ART. 9º, XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas
nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme


tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em


Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

93
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme


tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em


Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei


Complementar, aprovar:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em


florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município,
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e

TRF2/2017

O licenciamento ambiental de atividade de produção de petróleo compete:

a) À União, ao Estado e ao município onde estiver localizada a atividade, pois, pelo art.
23, VI, da Constituição Federal, a competência para proteção do meio ambiente é
comum e o múltiplo licenciamento é mais apto a proteger o bioma.

b) Exclusivamente à União, pois se trata de atividade sujeita constitucionalmente a


monopólio federal.

c) A resposta depende da localização da atividade. Assim, por exemplo, se a atividade


estiver localizada no mar, a competência será sempre da União, se estiver localizada
em terra, a competência será sempre do Estado.

d) A resposta depende da localização e da natureza exata da atividade. Assim, por


exemplo, se a atividade estiver localizada no mar territorial, a competência será da
União. Se a atividade estiver localizada no continente, fora de terras indígenas,
parques nacionais, divisas com outros estados ou fronteiras internacionais e não se
tratar de unidade de produção de recurso não convencional de petróleo, a
competência será do Estado.
(CORRETA)

94
Decreto 8437/15

Art. 2º

XXIX - recurso não convencional de petróleo e gás natural - recurso cuja produção não
atinge taxas de fluxo econômico viável ou que não produzem volumes econômicos de
petróleo e gás sem a ajuda de tratamentos de estimulação maciça ou de tecnologias e
processos especiais de recuperação, como as areias betuminosas - oilsands, o gás e o
óleo de folhelho - shale-gas e shale-oil, o metano em camadas de carvão - coalbed
methane, os hidratos de metano e os arenitos de baixa permeabilidade -
tightsandstones;

Art. 3º Sem prejuízo das disposições contidas no art. 7º, caput, inciso XIV,
alíneas “a” a “g”, da Lei Complementar nº 140, de 2011, serão licenciados pelo órgão
ambiental federal competente os seguintes empreendimentos ou atividades:

I - rodovias federais:

a) implantação;

b) pavimentação e ampliação de capacidade com extensão igual ou superior a


duzentos quilômetros;

c) regularização ambiental de rodovias pavimentadas, podendo ser contemplada


a autorização para as atividades de manutenção, conservação, recuperação,
restauração, ampliação de capacidade e melhoramento; e

d) atividades de manutenção, conservação, recuperação, restauração e


melhoramento em rodovias federais regularizadas;

II - ferrovias federais:

a) implantação;

b) ampliação de capacidade; e

c) regularização ambiental de ferrovias federais;

III - hidrovias federais:

a) implantação; e

b) ampliação de capacidade cujo somatório dos trechos de intervenções seja


igual ou superior a duzentos quilômetros de extensão;

IV - portos organizados, exceto as instalações portuárias que movimentem carga


em volume inferior a 450.000 TEU/ano ou a 15.000.000 ton/ano;

95
(...)

c) produção, quando realizada a partir de recurso não convencional de petróleo


e gás natural, em ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore) ou
terrestre (onshore), compreendendo as atividades de perfuração de poços,
fraturamento hidráulico e implantação de sistemas de produção e escoamento; e

e) À União e ao Estado onde estiver localizada a atividade, por força do artigo 10 da Lei
6.938/81 I (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente)

Lei 6938/81

Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e


atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores
ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de
prévio licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de
2011)

TRF2 - 2014

Em relação à atribuição para promover o licenciamento ambiental dos


empreendimentos localizados na zona costeira é correto afirmar que:

a) Desde que seus impactos se limitem ao território de um município e não inclua a


zona econômica exclusiva serão sempre de atribuição municipal.

b) Serão sempre de atribuição federal, já que a zona costeira é considerada patrimônio


nacional.

ZC é patrimônio nacional (CF § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a


Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e
sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais).

Mas nem sempre federal

art. 7º Parágrafo único

Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda


concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de
atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por
ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional,
assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente

96
(Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da
atividade ou empreendimento. Regulamento

c) Se o empreendimento se localizar no mar territorial, na plataforma continental ou


na zona econômica exclusiva, a atribuição será da União. A atribuição também será da
União se o empreendimento incluir áreas das faixas terrestre e marítima da zona
costeira, nos casos previstos em tipologia estabelecida a partir de proposição de
Comissão Tripartite Nacional. (correta)

art. 7º XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e


atividades:

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na


zona econômica exclusiva;

d) Quando situado em zona urbana a atribuição será do município, e do Estado quando


situado na zona rural.

e) Se a localização do empreendimento incluir apenas área da faixa terrestre da zona


costeira, a atribuição será do Estado, se incluir área da faixa marítima a atribuição será
sempre da União.

Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização


compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona
costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia
estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite
Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza
da atividade ou empreendimento.

A tipologia existe. Decreto 8437/15

MPF 2013 – 27º concurso

“De acordo com o ordenamento jurídico em vigor, o licenciamento ambiental dá-se em


um único nível de competência, sob a responsabilidade de um único ente político, sem
prejuízo de que outros entes federativos eventualmente interessados, se manifestem,
sem força vinculante” certo

- Já existia limitação no art. 7º da resolução conama 237. STJ discordava (Resp


588022). Não se podia limitar a um nível de competência. (entendimento superado)

97
TRF1 - prova oral - É possível, é legítima ter licenciamentos múltiplos?

Resp 588022 entendeu que podem existir várias espécies de licenciamento sobre um
mesmo empreendimento, e neste caso não haveria ilegitimidade.

ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESASSOREAMENTO DO RIO


ITAJAÍ-AÇU. LICENCIAMENTO. COMPETÊNCIA DO IBAMA. INTERESSE NACIONAL.

1. Existem atividades e obras que terão importância ao mesmo tempo para a Nação
e para os Estados e, nesse caso, pode até haver duplicidade de licenciamento.

2. O confronto entre o direito ao desenvolvimento e os princípios do direito ambiental


deve receber solução em prol do último, haja vista a finalidade que este tem de
preservar a qualidade da vida humana na face da terra. O seu objetivo central é
proteger patrimônio pertencente às presentes e futuras gerações.

3. Não merece relevo a discussão sobre ser o Rio Itajaí-Açu estadual ou federal. A
conservação do meio ambiente não se prende a situações geográficas ou referências
históricas, extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza desconhece
fronteiras políticas. Os bens ambientais são transnacionais. A preocupação que motiva
a presente causa não é unicamente o rio, mas, principalmente, o mar territorial
afetado. O impacto será considerável sobre o ecossistema marinho, o qual receberá
milhões de toneladas de detritos.

4. Está diretamente afetada pelas obras de dragagem do Rio Itajaí-Açu toda a zona
costeira e o mar territorial, impondo-se a participação do IBAMA e a necessidade de
prévios EIA/RIMA. A atividade do órgão estadual, in casu, a FATMA, é supletiva.
Somente o estudo e o acompanhamento aprofundado da questão, através dos órgãos
ambientais públicos e privados, poderá aferir quais os contornos do impacto causado
pelas dragagens no rio, pelo depósito dos detritos no mar, bem como, sobre as
correntes marítimas, sobre a orla litorânea, sobre os mangues, sobre as praias, e,
enfim, sobre o homem que vive e depende do rio, do mar e do mangue nessa região.

5. Recursos especiais improvidos

REsp 588022 SC 2003/0159754-5, j. 17/02/2004

Hoje não é possível por força do Art. 13. LC 140/11 Os empreendimentos e atividades
são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em
conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

- Competência supletiva. Quando o órgão inferior não possuir capacidade técnica ou


conselho do meio ambiente a competência do licenciamento vai para o ente superior.
Não há pedido.

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações
administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:

98
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou
no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou
distritais até a sua criação;

II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no


Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua
criação; e

III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e


no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação
em um daqueles entes federativos.

TRF1 2015

Um empreendedor deu entrada em pedido de licenciamento ambiental no órgão


estadual competente. Após paralisar o procedimento por dez meses, o órgão estadual
informou que não teria capacidade técnico-administrativa para licenciar o
empreendimento e que só a teria após a realização e a conclusão de concurso público
para a contratação de servidores, o que demoraria um ano aproximadamente. Diante
desses fatos, o empreendedor pediu arquivamento do pedido no órgão estadual e
solicitou a atuação do órgão ambiental federal, que assumiu o procedimento de
licenciamento ambiental. Nessa situação hipotética, à luz da Lei Complementar n.º
140/2011,a atuação do órgão federal

A decorreu de competência residual com o intuito de fornecer apoio técnico ao órgão


estadual que continuará responsável pelo licenciamento.
B decorreu de competência delegada por força de lei, que dispensa delegação formal
pelo titular do órgão estadual.
C decorreu da competência vertical, exercida diante da prevalência do interesse
federal, superior hierarquicamente aos interesses dos demais entes da Federação.
D foi regular, desde que as licenças ambientais tenham sido emitidas sob a
responsabilidade dos titulares dos órgãos estadual e federal.
E foi supletiva, em substituição ao órgão estadual originariamente detentor da
atribuição para licenciar. (certo)

- Competência subsidiária. O ente tem estrutura mas se sente incapaz. Ente menor
pede ajuda do maior. Pedida, provocada pelo ente.

Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações


administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente
destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto


no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente
habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a
serem delegadas.

99
AGU Procurador Federal 2013 “No âmbito da cooperação entre os entes da Federação,
a competência para a atividade administrativa de licenciamento ambiental pertence a
um único ente federativo, sem prejuízo da possibilidade de delegação dessa
competência, desde que o ente delegado disponha de órgão ambiental capacitado e
de conselho de meio ambiente” correto (LC 140/11)

AGU Procurador Federal CESPE 2010


“O ato de delegação não retira a atribuição da autoridade delegante, que continua
competente cumulativamente com a autoridade delegada para o exercício da
função.” Certo. A competência fica. Só é retirado o exercício.
Lembrar da PNRH

Lei 9433/97

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder


Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal


competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio
da União.

8. Recursos hídricos

- Noção privatista. Código de águas de 1934

- CF 88 bem de uso comum do povo

Titularidade União ou Estados (competência residual)

- não há águas municipais e privadas. previstas no código de 1934. Tudo no regime


publicístico. Alguns entendem que água da chuva pode ser captada.

- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

- a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional


de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos;

- a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação
do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

- Outorga decorrência da natureza pública. Autorização via outorga (captação e


lançamento de efluentes. Exceção: insignificantes ou pequenos por comunidades
rurais.

- Prazo de 35 anos renovável. Exceção: concomitante. Pode ser mais extenso. Ex.
hidrelétrica por 50 anos.

100
- Natureza jurídica precária. (em escassez priorizado o c humano e dessedentação de
animais). Há ações de indenização de empresas. ANA. Improcedentes. Outorga é
precária. Pode revogar.

- Atividade potencialmente poluidora deve ter outorga de água e licenciamento.

- Licença prévia depende de outorga ou outorga preventiva

- Outorga preventiva. Garante lançamento por até 3 anos. Depois da preventiva busca
licença prévia.

- Com outorga há cobrança de valores

- Outorga é necessária para extração de água do subterrâneo

Recursos hídricos

STJ “A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que "o inciso II
do art. 12 da Lei n. 9.433/97 é claro ao determinar a necessidade de outorga para a
extração de água do subterrâneo. Restrição essa justificada pela problemática mundial
de escassez da água e que se coaduna com o advento da Constituição de 1988, que
passou a considerar a água um recurso limitado, de domínio público e de expressivo
valor econômico". (AgRg no AgRg no REsp 1185670/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 6.9.2011).
Precedentes. Súmula 83/STJ. Agravo regimental improvido. AgRg no AREsp 324232 /
RS, 18/06/2013

STJ, AgRg no REsp 1352664, r. Ministro Mauro Campbell. j.14/05/2013

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. EXPLORAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS POR


MEIO DE POÇO ARTESIANO. NECESSIDADE DE OUTORGA.
1. Quanto à aludida afronta aos artigos 12 e 20 da Lei Federal n. 9.433/1997 e 45 da Lei
n. 11.445/2007, esta Corte possui posicionamento no sentido de que "o inciso II do art.
12 da Lei n.9.433/97 é claro ao determinar a necessidade de outorga para a extração
de água do subterrâneo. Restrição essa justificada pela problemática mundial de
escassez da água e que se coaduna com o advento da Constituição de 1988, que
passou a considerar a água um recurso limitado, de domínio público e de expressivo
valor econômico."
2. Note-se que o artigo 12, II, da Lei n. 9.433/1997, ao distinguir os usuários que
tinham e os que não tinham acesso à fonte alternativa de água, revela-se como
instrumento adequado para garantir o uso comum de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado pelas presentes e futuras gerações, segundo uma
igualdade material,não meramente formal (artigo 225 da CRFB), sobretudo
considerando a finitude do recurso natural em questão. 3. Agravo regimental não
provido.

101
- Valores da outorga destinados a programas ou obras do PNRH ou manutenção dos
órgãos administrativos que compõem PNRH

Informativo 525 do STJ (já citado) REsp 1.306.093-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 28/5/2013.

“É possível que decreto e portaria estaduais disponham sobre a obrigatoriedade de


conexão do usuário à rede pública de água, bem como sobre a vedação ao
abastecimento por poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede
pública de saneamento básico.”

- ANA órgão executor. Agência de tutela da oferta de bem público.


4 anos de mandato. Estabilidade

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em


padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte


aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou


decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

TRF1 2009 Assinale a opção correta quanto à PNRH.

A A água é bem de domínio público, além de ser recurso natural limitado, dotado de
valor econômico. (certo)
B A outorga de direito de uso, instrumento de gestão dos recursos hídricos, pode ser
concedida por prazo não superior a 35 anos, renovável com alienação parcial das
águas.
(Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas
o simples direito de seu uso.)
C Em caso de interrupção do abastecimento de água por mais de 72 horas, o poder
público local poderá multar a empresa concessionária em decorrência da infração por
ela praticada. (não é infração. Art. 49)
D A bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação do Sistema
Nacional de Irrigação. (SNGRH)
E O objetivo da PNRH é implementar os meios necessários para a cobrança pelo uso e
pelo consumo de água no Brasil. (errado. Art. 2º)

STJ – julgamento pelo art. 543-C. É legítima a cobrança de tarifa de água por sistema
progressivo.

102
TRF4 2016

Assinale a alternativa correta.


A respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos, prevista na Lei nº 9.433/97:

a) O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos é aplicável aos aquíferos


subterrâneos destinados a consumidor final ou como insumo de processo produtivo, como
também para aproveitamento de potenciais hidrelétricos. (certa)
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos:
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

b)Depende de outorga do Poder Público o uso de córregos, rios e aquíferos


subterrâneos para suprimento de necessidade de pequenos núcleos populacionais em
meio rural e acumulações de água consideradas insignificantes.

Art. 12. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em


regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos
núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;

III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

c)O Poder Executivo Federal não poderá delegar a competência para conceder outorga
de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo
Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio
da União.

d)A Agência Nacional de Águas não compõe o Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos, embora atue paralelamente com a missão de regular o acesso e o
uso sustentável da água.
9433/97 Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos:
I-A. – a Agência Nacional de Águas;

e)Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

103
88 TRF2/2017

Quanto à outorga de direito de uso de recursos hídricos, assinale a opção correta:

a) A outorga é de competência exclusiva da Agência Nacional de Águas.

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo
Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal


competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio
da União.

b) Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos deve ser destinado
ao consumo humano e à dessedentação de animais e, em seguida, às prioridades de
uso estabelecidas no Plano de Recursos Hídricos aplicável a cada corpo hídrico.
(correto)

(correta) MPF 28º

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo


humano e a dessedentação de animais;

c) A outorga só será suspensa nos casos de não cumprimento, pelo outorgado, dos
termos estabelecidos ou de necessidade premente de água para atender a situações
de calamidade, sempre mediante processo administrativo em que se assegure ampla
defesa.

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial
ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive


as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais


não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de


água.

104
d) A outorga deverá observar o uso específico para o qual o corpo hídrico tiver sido
destinado, vedado o seu uso múltiplo.

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

e) Desde que respeite a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, a outorga
não fica condicionada às prioridades de uso.

Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos
Planos de Recursos Hídricos [...].

Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso
múltiplo destes.

MPF 28º

38. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA A PROPÓSITO DE RECURSOS HÍDRICOS,


AQUICULTURA E PESCA:

a) Num quadro de escassez de água, a prioridade de seu uso obedece a seguinte


ordem: consumo humano, dessedentação de animais e uso industrial.

art. 1º da 9433/97

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo


humano e a dessedentação de animais;

b) A clássica inalienabilidade das águas ficou superada em face da limitação dos


recursos hídricos e de sua sujeição a outorga.

Lei nº 9.433/97, Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são
inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

c) Embora limitado e com seu uso sujeito a outorga, a água e um recurso inalienável,
insuscetível de valoração econômica.

Lei nº 9.433/97, Art. 1º, II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor
econômico.

d) O desenvolvimento sustentável rege a utilização da água, mas não das atividades


econômicas da pesca e da aqüicultura.

105
O desenvolvimento sustentável é um dos objetivos da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, conforme consta no art. 1º, I,
da Lei nº 11.959/2009:

I – o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura como fonte de


alimentação, emprego, renda e lazer, garantindo-se o uso sustentável dos recursos
pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios econômicos decorrentes, em
harmonia com a preservação e a conservação do meio ambiente e da biodiversidade.

Alternativa a) crítica e polêmica:

Interpretação 1: recursos hídricos, aquicultura e pesca. O uso industrial fica em


terceiro.

Interpretação 2: uso industrial é consumo humano. Termo genérico. Cláusula geral.


Necessidades de consumo humano. Ex. produção agrícola.

O silêncio do legislador sobre outros usos foi eloqüente? Ou quis colocar essas
hipóteses no consumo humano

Conciliar com objetivos. Uso industrial pode ser para alimentos.

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

TRF2 - 2013 CESPE

Tendo em vista as normas que regem os recursos hídricos nacionais, assinale a opção
correta.

a) A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica


estarão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos. (CORRETA)

b) A apropriação de águas subterrâneas por meio de poços é permitida aos


proprietários de terrenos rurais, desde que para consumo final.

c) As águas subterrâneas e os rios que provenham de outros países ou banhem mais de


um estado são bens da União.

d) As águas públicas podem ser de uso comum ou dominicais, sendo que apenas as
últimas podem ser objeto de outorga.

106
e) A lei que regulamenta a Política Nacional de Recursos Hídricos instituiu o direito de
venda das águas como forma de conscientizar a coletividade acerca da importância de
sua preservação.

TRF4 2014

Assinale a alternativa correta.

Sobre a gestão de recursos hídricos:

a) A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante o


qual a autoridade competente do Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, faculta ao outorgado o direito de uso de recursos hídricos,
pelo prazo não excedente a 30 (trinta) anos, renovável.

a outorga do uso da água terá prazo de até 35 anos, renovável, podendo ser onerosa,
ficando condicionada às prioridades de uso estabelecidos nos planos de recursos
hídricos.

b) A orientação predominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que,


sendo as águas subterrâneas bens da União, a outorga de extração de água de poços
artesianos, nas localidades atendidas pela rede pública de saneamento, deve ser
emitida pela autoridade federal competente.

As águas subterrâneas são bens dos Estados (artigo 26, I, da CRFB).

Ademais, quanto à competência para outorgar o uso da água: " se a água for bem da
União, competirá à ANA outorgar o seus uso, mediante autorização, cabendo
delegação aos estados e ao DF. CAso a água seja estadual ou distrital, a estes entes
caberá exercer essa competência."

c) A outorga deve ser emitida pelo Comitê de Bacia Hidrográfica nos casos de rios e
corpos de água situados nas fronteiras internacionais.

Lei Federal 9.984/2000, que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas -
ANA, preceitua no art. 3º, inciso IV, que compete à ANA " outorgar, por intermédio de
autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da
União”.

d) A Agência Nacional de Águas – ANA é a responsável pela emissão de outorgas de


direito de uso de recursos hídricos em corpos hídricos de domínio da União.

Lei 9984

Art. 4o A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e


instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será desenvolvida em
articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cabendo-lhe:

107
IV – outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em
corpos de água de domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o;

e) Os serviços de saneamento, nos casos dos municípios integrantes de regiões


metropolitanas, são de titularidade dos Estados e compreendem o abastecimento
básico de água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo de
resíduos sólidos e de águas pluviais.

ADI 1842/RJ ementa – informativo 696 de 2013

Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e


competência para saneamento básico. Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei
Complementar n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998, todos do
Estado do Rio de Janeiro, que instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a
Microrregião dos Lagos e transferem a titularidade do poder concedente para
prestação de serviços públicos de interesse metropolitano ao Estado do Rio de Janeiro.
2. Preliminares de inépcia da inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da
inicial e acolhido parcialmente o prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º,
caput; 4º, caput e incisos I a VII; 11, caput e incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ,
porquanto alterados substancialmente. 3. Autonomia municipal e integração
metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase à autonomia municipal ao
mencionar os municípios como integrantes do sistema federativo (art. 1º da CF/1988)
e ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art. 18 da CF/1988). A essência
da autonomia municipal contém primordialmente (i) autoadministração, que implica
capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação
hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a eleição do chefe do Poder Executivo e
dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a compulsoriedade da
integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia municipal. O
mencionado interesse comum não é comum apenas aos municípios envolvidos, mas ao
Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O caráter compulsório da
participação deles em regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas
já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 20.9.2002;
ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17.12.1999). O interesse comum inclui
funções públicas e serviços que atendam a mais de um município, assim como os que,
restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes,
confluentes ou integrados de funções públicas, bem como serviços supramunicipais. 4.
Aglomerações urbanas e saneamento básico. O art. 23, IX, da Constituição Federal
conferiu competência comum à União, aos estados e aos municípios para promover a
melhoria das condições de saneamento básico. Nada obstante a competência
municipal do poder concedente do serviço público de saneamento básico, o alto custo
e o monopólio natural do serviço, além da existência de várias etapas – como
captação, tratamento, adução, reserva, distribuição de água e o recolhimento,
condução e disposição final de esgoto – que comumente ultrapassam os limites
territoriais de um município, indicam a existência de interesse comum do serviço de
saneamento básico. A função pública do saneamento básico frequentemente
extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse comum no caso de
instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos
termos do art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Para o adequado atendimento do

108
interesse comum, a integração municipal do serviço de saneamento básico pode
ocorrer tanto voluntariamente, por meio de gestão associada, empregando convênios
de cooperação ou consórcios públicos, consoante o arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal
11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como compulsoriamente, nos
termos em que prevista na lei complementar estadual que institui as aglomerações
urbanas. A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou
microrregiões pode vincular a participação de municípios limítrofes, com o objetivo de
executar e planejar a função pública do saneamento básico, seja para atender
adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade
econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter
compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5.
Inconstitucionalidade da transferência ao estado-membro do poder concedente de
funções e serviços públicos de interesse comum. O estabelecimento de região
metropolitana não significa simples transferência de competências para o estado. O
interesse comum é muito mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má
condução da função de saneamento básico por apenas um município pode colocar em
risco todo o esforço do conjunto, além das consequências para a saúde pública de toda
a região. O parâmetro para aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão
de responsabilidades entre municípios e estado. É necessário evitar que o poder
decisório e o poder concedente se concentrem nas mãos de um único ente para
preservação do autogoverno e da autoadministração dos municípios. Reconhecimento
do poder concedente e da titularidade do serviço ao colegiado formado pelos
municípios e pelo estado federado. A participação dos entes nesse colegiado não
necessita de ser paritária, desde que apta a prevenir a concentração do poder
decisório no âmbito de um único ente. A participação de cada Município e do Estado
deve ser estipulada em cada região metropolitana de acordo com suas
particularidades, sem que se permita que um ente tenha predomínio absoluto. Ação
julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “a
ser submetido à Assembleia Legislativa” constante do art. 5º, I; e do § 2º do art. 4º; do
parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do
§ 2º do art. 11 da Lei Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro, bem
como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do Rio de Janeiro. 6. Modulação
de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade de
continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse
social para vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n.
9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data de conclusão do julgamento,
lapso temporal razoável dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema,
constituindo modelo de prestação de saneamento básico nas áreas de integração
metropolitana, dirigido por órgão colegiado com participação dos municípios
pertinentes e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do
poder decisório nas mãos de qualquer ente.

Alternativa: D

109
- Poluição e navios.

Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios (MARPOL


73/78). Subsidiariamente aplica-se a lei 9666/00

TRF 3 2013

“ A Lei n.° 9.666, de 28 de abril de 2000 - que dispõe sobre prevenção e controle e
fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
ou perigosas em águas de jurisdição nacional - aplicar-se-á quando ausentes os
pressupostos para aplicação da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição
Causada por Navios (MARPOL 73/78).” certo

Lei 9966/2000

Art. 1o Esta Lei estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação


de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em portos organizados, instalações
portuárias, plataformas e navios em águas sob jurisdição nacional.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á:

I – quando ausentes os pressupostos para aplicação da Convenção Internacional para a


Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol 73/78);

“ As entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os


proprietários ou exploradores de suas instalações de apoio são obrigados a realizar
auditorias ambientais independentes e bianuais.”

Lei 9966/2000

Art. 9o As entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os


proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de apoio deverão
realizar auditorias ambientais bienais, independentes, com o objetivo de avaliar os
sistemas de gestão e controle ambiental em suas unidades.

“Alijamento pode ser entendido como: i) todo despejo deliberado, no mar, de resíduos
e outras substancias, efetuados por embarcações, aeronaves, plataformas ou outras
construções no mar; ii) todo afundamento deliberado, no mar, de embarcações,
aeronaves, plataformas ou outras construções.”

Art. 2o Para os efeitos desta Lei são estabelecidas as seguintes definições:

XVI – alijamento: todo despejo deliberado de resíduos e outras substâncias efetuado


por embarcações, plataformas, aeronaves e outras instalações, inclusive seu
afundamento intencional em águas sob jurisdição nacional;

110
- Lei 13.233/2015 dá nova obrigação aos fabricantes de equipamentos e produtos de
limpeza que usem água. Nas embalagens e nos rótulos dos produtos deve estar escrito
“Água: pode faltar. Não desperdice.”

O descumprimento sujeita os responsáveis às punições administrativas previstas no


art. 56 do CDC (multa, apreensão do produto, proibição de fabricar etc.).

TRF2 - 2013

Tendo em vista as normas que regem os recursos hídricos nacionais, assinale a opção
correta.

a) A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica


estarão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos. (correto)

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos:
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia
elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na
forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da
legislação setorial específica.

b) A apropriação de águas subterrâneas por meio de poços é permitida aos


proprietários de terrenos rurais, desde que para consumo final.

Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou
subterrâneos: V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem
a devida autorização.

c) As águas subterrâneas e os rios que provenham de outros países ou banhem mais de


um estado são bens da União.

Art. 26, I, da CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,


ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

d) As águas públicas podem ser de uso comum ou dominicais, sendo que apenas as
últimas podem ser objeto de outorga.

e) A lei que regulamenta a Política Nacional de Recursos Hídricos instituiu o direito de


venda das águas como forma de conscientizar a coletividade acerca da importância de
sua preservação.

111
9. Responsabilidade administrativa ambiental

- Finalidade: aplicar sanção

- Tipicidade para o STJ (art. 70 da lei 9605 – previsão genérica). Da infração


administrativa. Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente.

TRF1 - prova oral - Art. 70, Lei 9605 cumulada com o art. 46 desta lei. Recente
jurisprudência do STJ. Remete a uma norma administrativa em branco o art. 70.
Considera-se inválida esta penalidade administrativa em decorrência do princípio da
legalidade estrita quando uma autoridade administrativa autua um empreendimento
com base no art. 46 da Lei 9605? As penalidades administrativas ambientais são
transmissíveis aos sucessores?

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em
depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.

- Decreto pode estabelecer os casos e sanções a partir da diretriz legal (decreto


6514/2008)

- Lei 9605 e Decreto 6514 (art. 139 e ss.) dispõem sobre conversão de Multa Simples
em Serviços de Preservação, Melhoria e Recuperação da Qualidade do Meio Ambiente

- Possível converter a multa simples em serviços de preservação, melhoria e


recuperação da qualidade do meio ambiente.

Exemplos

obras ou atividades de recuperação de danos decorrentes da própria infração;

recuperação de áreas degradadas, bem como obras de preservação e melhoria da


qualidade do meio ambiente;

custeio de projetos ambientais desenvolvidos por entidades públicas

manutenção de espaços públicos que gerem a preservação do meio ambiente.

112
Não será concedida a conversão quando não se caracterizar dano direto ao meio
ambiente e a recuperação da área degradada puder ser realizada pela simples
regeneração natural.

O autuado requer a conversão com a apresentação da defesa.

O valor custo dos serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do


meio ambiente tem de ser no mínimo o valor da multa convertida, com desconto de
40% na multa.

Se for inferior a diferença será aplicada em outros serviços

Independentemente do valor da multa aplicada, fica o autuado obrigado a reparar


integralmente o dano que tenha causado.

O autuado apresenta pré-projeto acompanhando o requerimento.

A autoridade julgadora numa única decisão julga o auto de infração e o pedido de


conversão da multa.

A decisão sobre o pedido de conversão é discricionária,

A assinatura do termo de compromisso implicará renúncia ao direito de recorrer


administrativamente.

O termo de compromisso terá efeitos na esfera civil e administrativa.

Art. 146 § 4o O descumprimento do termo de compromisso implica:

I - na esfera administrativa, a imediata inscrição do débito em Dívida Ativa para


cobrança da multa resultante do auto de infração em seu valor integral; e

II - na esfera civil, a imediata execução judicial das obrigações assumidas, tendo


em vista seu caráter de título executivo extrajudicial.

§ 5o O termo de compromisso poderá conter cláusulas relativas às demais


sanções aplicadas em decorrência do julgamento do auto de infração.

§ 6o A assinatura do termo de compromisso tratado neste artigo suspende a


exigibilidade da multa aplicada.

Art. 147. Os termos de compromisso deverão ser publicados no diário oficial,


mediante extrato.

Art. 148. A conversão da multa não poderá ser concedida novamente ao mesmo
infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura do termo de
compromisso .

113
- 2 questões TRF1/2015 sobre Decreto 6514/2008

Acerca do poder de polícia ambiental, da responsabilidade ambiental e das infrações


ambientais no âmbito federal, assinale a opção correta de acordo com a legislação
vigente.

A) Na apuração de infrações administrativas ambientais,aplicar-se-á prescrição intercorrente


quando os processos instaurados ficarem paralisados por mais de dois anos sem julgamento
ou despacho. (três anos. Art. 21 do Decreto)

B) Uma vez aplicada advertência para os casos de infrações de menor potencial


ofensivo, o órgão ambiental não poderá aplicar multa pelo mesmo fato. (pode
cumular. Art. 6º do Decreto)

C) O cumprimento de termo de compromisso perante o órgão ambiental relativo à


conversão de multa simples em prestação de serviços de preservação do meio
ambiente,obedecidas as exigências legais, provoca efeitos tanto na esfera
administrativa quanto na esfera civil. (certo – art. 146 do Decreto)

D) Haverá ilegalidade na aplicação de sanções administrativas cuja fundamentação


jurídica específica indique ilícito constante de decreto regulamentar, visto que a
responsabilização administrativa ambiental exige descrição de fatos ilícitos em lei.

E) O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é incompetente para a


lavratura dos autos de infrações cometidas no interior de unidade de conservação
federal, dado que o poder de polícia ambiental no âmbito federal é exclusivo do
IBAMA

Art. 93 do Decreto 6514/2008 “As infrações previstas neste Decreto, exceto as


dispostas nesta Subseção, quando forem cometidas ou afetarem unidade de
conservação ou sua zona de amortecimento, terão os valores de suas respectivas
multas aplicadas em dobro, ressalvados os casos em que a determinação de aumento
do valor da multa seja superior a este.”

TRF1 2015 Considerando o que dispõem as normas ambientais aplicáveis em matéria


de responsabilidade administrativa ambiental e de infrações administrativas, assinale a
opção correta.

“Por ocasião do julgamento de infração administrativa contra a flora, caso a infração


tenha sido cometida no interior de unidade de conservação da natureza, poderá haver
agravamento da multa indicada, com sua aplicação em dobro.”

114
Lei 9605/98

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções,


observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

(...)

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las,


no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos,
do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos


Portos, do Ministério da Marinha.

- STJ. Pode ser aplicada multa independentemente de prévia advertência em caso de


infração grave (informativo 561). Jurisprudência em teses.

AGU/CESPE/2015

Na zona costeira nordestina, uma empresa estrangeira construiu um empreendimento


turístico hoteleiro de grande porte próximo ao mar, sem o licenciamento ambiental
prévio exigido por lei, ocupando ilegalmente área de preservação permanente na
margem de um rio e afetando diretamente uma comunidade lindeira composta em sua
maioria por pescadores. Seis meses após a inauguração do empreendimento, o
empresário estrangeiro vendeu o negócio a uma empresa brasileira, que vem
operando o hotel há cerca de um ano, sem, contudo, ter efetuado ainda a
regularização do licenciamento ambiental. Além disso, após reclamações provenientes
da comunidade afetada, foram constatados os seguintes problemas: ausência de
recolhimento e de disposição adequados dos resíduos líquidos e sólidos, com prejuízos
ao bem-estar da referida comunidade; e impedimento de livre acesso à praia, o que
prejudicou as atividades econômicas dos pescadores da comunidade.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir em consonância com
as normas ambientais e a jurisprudência pertinente.

A legislação veda a aplicação de multa no caso de responsabilização administrativa do


empreendimento por não elaborar o prévio licenciamento ambiental, devendo ser
aplicada advertência com a indicação de prazo para a regularização do licenciamento
junto ao órgão competente. Errado (informativo 561/STJ)

115
“Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa sem a
necessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/1998).”

De fato, na imposição de penalidade por infração ambiental, a gradação das


penalidades é imposta pela própria Lei 9.605/1988, que obriga a autoridade
competente a observar, primeiramente, a gravidade do fato e, posteriormente, os
antecedentes do infrator e a sua situação econômica (arts. 6º da Lei 9.605/1998 e 4º
do Decreto 6.514/2008). Esses são os critérios norteadores do tipo de penalidade a ser
imposta.

“a penalidade de advertência a que alude o art. 72, § 3º, I, da Lei 9.605/1998 tem
aplicação tão somente nas infrações de menor potencial ofensivo, justamente porque
ostenta caráter preventivo e pedagógico. Assim, na hipótese de infração de pequena
intensidade, perfaz-se acertado o emprego de advertência e, caso não cessada e não
sanada a violação, passa a ser cabível a aplicação de multa. Porém, no caso de
transgressão grave, a aplicação de simples penalidade de advertência atentaria contra
os princípios informadores do ato sancionador, quais sejam, a proporcionalidade e a
razoabilidade.” REsp 1.318.051-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
17/3/2015, DJe 12/5/2015.

RESP 1.318.051. Discussão se infração administrativa tem responsabilidade objetiva

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR DANO AMBIENTAL. A RESPONSABILIDADE
ADMINISTRATIVA AMBIENTAL É OBJETIVA. A LEI N. 9.605/1998 NÃO IMPÕE QUE A
PENA DE MULTA SEJA OBRIGATORIAMENTE PRECEDIDA DE ADVERTÊNCIA.
1. A responsabilidade administrativa ambiental é objetiva. Deveras, esse preceito foi
expressamente inserido no nosso ordenamento com a edição da Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981). Tanto é assim, que o § 1º do art. 14
do diploma em foco define que o poluidor é obrigado, sem que haja a exclusão das
penalidades, a indenizar ou reparar os danos, independentemente da existência de
culpa. Precedente: REsp 467.212/RJ, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ
15/12/2003.
2. A penalidade de advertência a que alude o art. 72, § 3º, I, da Lei n. 9.605/1998 tão
somente tem aplicação nas infrações de menor potencial ofensivo, justamente porque
ostenta caráter preventivo e pedagógico.
3. No caso concreto, a transgressão foi grave; consubstanciada no derramamento de
cerca de 70.000 (setenta mil) litros de óleo diesel na área de preservação de ambiental
de Guapimirim, em áreas de preservação permanente (faixas marginais dos rios Aldeia,
Caceribú e Guaraí-Mirim e de seus canais) e em vegetações protetoras de mangue (fl.
7), Some-se isso aos fatos de que, conforme atestado no relatório técnico de vistoria e
constatação, houve morosidade e total despreparo nos trabalhos emergenciais de
contenção do vazamento e as barreiras de contenção, as quais apenas foram
instaladas após sete horas do ocorrido, romperam-se, culminando o agravamento do
acidente (fls. 62-67). À vista desse cenário, a aplicação de simples penalidade de
advertência atentaria contra os princípios informadores do ato sancionador, quais
sejam; a proporcionalilade e razoabilidade. Por isso, correta a aplicação de multa, não

116
sendo necessário, para sua validade, a prévia imputação de advertência, na medida em
que, conforme exposto, a infração ambiental foi grave.
4. Recurso especial conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça renovando o
julgamento, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Regina Helena Costa e Napoleão
Nunes Maia Filho,conhecer do recurso especial, mas negar-lhe provimento, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina e Marga Tessler (Juíza
Federal convocada do TRF 4ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

(VOTO VENCIDO) (MIN. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO)


Na hipótese de derramamento de óleo diesel por empresa contratada para o
transporte dessa substância, não tem responsabilidade, a empresa contratante, pela
infração que dá ensejo a multa, ainda que tal empresa tenha responsabilidade pelo
referido dano ambiental. Isso porque é preciso fazer distinção entre a responsabilidade
por dano ambiental e a responsabilidade por infração à legislação correspondente.
Nesse sentido, enquanto a primeira é objetiva, a segunda é sempre subjetiva e
depende da conduta do agente, de maneira que só é punível aquele que comete a
infração.

- No mesmo sentido Resp 467212 e AResp 192605 (responsabilidade por infração


administrativa é objetiva)

CESPE/AGU/2015
Conforme jurisprudência do STJ, ao contrário da responsabilidade administrativa
ambiental, em que se exige pessoalidade da conduta, a responsabilidade civil
ambiental pode ser exigida do novo proprietário do empreendimento, que deverá
promover a recomposição da área de preservação permanente ilegalmente ocupada.
(certa)
Resp 1251697
EMENTA

AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MULTA APLICADA ADMINISTRATIVAMENTE EM


RAZAO DE INFRAÇAO AMBIENTAL. EXECUÇAO FISCAL AJUIZADA EM FACE DO
ADQUIRENTE DA PROPRIEDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MULTA COMO
PENALIDADE ADMINISTRATIVA, DIFERENTE DA OBRIGAÇAO CIVIL DE REPARAR O
DANO.

1. Trata-se, na origem, de embargos à execução fiscal ajuizado pelo ora recorrente por
figurar no polo passivo de feito executivo levado a cabo pelo Ibama para cobrar multa
aplicada por infração ambiental .

2. Explica o recorrente - e faz isto desde a inicial do agravo de instrumento e das razões
de apelação que resultou no acórdão ora impugnado - que o crédito executado diz
respeito à violação dos arts. 37 do Decreto n. 3.179/99, 50 c/c 25 da Lei n. 9.605/98 e

117
14 da Lei n. 6.938/81, mas que o auto de infração foi lavrado em face de seu pai, que, à
época, era o dono da propriedade .

3. A instância ordinária, contudo, entendeu que o caráter propter rem e solidário das
obrigações ambientais seria suficiente para justificar que, mesmo a infração tendo sido
cometida e lançada em face de seu pai, o ora recorrente arcasse com seu pagamento
em execução fiscal.

4. Nas razões do especial, sustenta a parte recorrente ter havido violação aos arts. 3º e
568, inc. I, do Código de Processo Civil (CPC) e 3º, inc. IV, e 14 da Lei n. 6.938/81, ao
argumento de que lhe falece legitimidade passiva na execução fiscal levada a cabo
pelo Ibama a fim de ver quitada multa aplicada em razão de infração ambiental.

5. Esta Corte Superior possui entendimento pacífico no sentido de que a


responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais adere à propriedade, como
obrigação propter rem , sendo possível cobrar também do atual proprietário condutas
derivadas de danos provocados pelos proprietários antigos. Foi essa a jurisprudência
invocada pela origem para manter a decisão agravada.

6. O ponto controverso nestes autos, contudo, é outro. Discute-se, aqui, a


possibilidade de que terceiro responda por sanção aplicada por infração ambiental.

7. A questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da


responsabilidade administrativa por dano ambiental.

8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR88), aplicável não
só ao âmbito penal, mas também a todo o Direito Sancionador, não é possível ajuizar
execução fiscal em face do recorrente para cobrar multa aplicada em face de condutas
imputáveis a seu pai.

9. Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da


responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas
deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser
cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e
com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.

10. A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem
estampada da leitura do art. 14, 1º, da Lei n. 6.938/81, segundo o qual "[s]em obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo [entre elas, frise-se, a multa], é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa , a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade".

11. O art. 14, caput , também é claro: "[s]em prejuízo das penalidades definidas pela
legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental sujeitará os transgressores : [...]".

12. Em resumo: a aplicação e a execução das penas limitam-se aos transgressores ; a


reparação ambiental, de cunho civil, a seu turno, pode abranger todos os poluidores , a
quem a própria legislação define como "a pessoa física ou jurídica, de direito público

118
ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental" (art. 3º, inc. V, do mesmo diploma normativo).

13. Note-se que nem seria necessária toda a construção doutrinária e jurisprudencial
no sentido de que a obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo propter rem ,
porque, na verdade, a própria lei já define como poluidor todo aquele que seja
responsável pela degradação ambiental - e aquele que, adquirindo a propriedade, não
reverte o dano ambiental, ainda que não causado por ele, já seria um responsável
indireto por degradação ambiental (poluidor, pois).

14. Mas fato é que o uso do vocábulo "transgressores" no caput do art. 14, comparado
à utilização da palavra "poluidor" no 1º do mesmo dispositivo, deixa a entender aquilo
que já se podia inferir da vigência do princípio da intranscendência das penas: a
responsabilidade civil por dano ambiental é subjetivamente mais abrangente do que as
responsabilidades administrativa e penal, não admitindo estas últimas que terceiros
respondam a título objetivo por ofensa ambientais praticadas por outrem.

15. Recurso especial provido.

ACÓRDAO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:

"A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr.
Ministro-Relator, sem destaque."

Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman
Benjamin (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 12 de abril de 2012.

A responsabilidade civil objetiva

artigos 225, § 3º, da Constituição Federal

14, § 1º, da Lei n.º 6.938/1981.

Lei n.º 12.651/2012

§ 2o As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao


sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural.

responsabilidade administrativa. Polêmica

119
a multa é sanção; teoria da culpabilidade,

princípio da intranscendência das penas previsto no art. 5º, XLV, da CF, aplicável ao
Direito Sancionador

Resp 1251697

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções,


observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,


instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na
infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X – (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão


aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e


da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais
sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las,


no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos,
do Ministério da Marinha;

120
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e


recuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se


prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão


ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o


produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às
prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em


estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três


anos.

- Medidas administrativas - cautelares (apreensão, embargo, suspensão) x sanções de


polícia (punir) decreto 6514/2008

CESPE/AGU/Procurador Federal 2013

Discursiva

“Tendo em vista que, na atualidade, inúmeras ações judiciais têm sido impetradas
contra autarquias federais, visando à liberação de bens apreendidos por estarem
sendo utilizados em infrações ambientais, como, por exemplo, caminhões utilizados no
transporte de madeira ilegalmente extraída; gaiolas e malas utilizadas no transporte
de animais silvestres; e tratores utilizados para desmatamento ou parcelamento
irregular, redija um texto dissertativo a respeito da apreensão de bens utilizados na
prática de infrações administrativas ambientais.” Ao elaborar seu texto, aborde,
necessariamente, os seguintes pontos:

- apreensão como cautela ou como sanção administrativa;

121
- momentos de aplicação da apreensão;

- aplicabilidade ou não das modalidades de apreensão à esfera penal;

- possibilidade ou não da apreensão administrativa definitiva se houver absolvição do


autuado na esfera penal.

Resposta: Apreensão pode ser considerada cautelar (art. 25 da lei 9.605/98) ou sanção
administrativa (70 e 72 IV da lei 9605/98).

CAPÍTULO III

DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA


OU DE CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos,


lavrando-se os respectivos autos.

§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins


zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a
responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal


medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a
responsabilidade de técnicos habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de
2014)

§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e


doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
§ 2o Tratando-se de produtos perecíveis, serão estes avaliados e doados a
instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
(Redação dada pela Medida provisória nº 62, de 2002) Prejudicada

§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1 o


deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições
adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico.
(Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)

§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e


doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins
beneficentes. (Renumerando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, de 2014)

§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou


doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. (Renumerando do §3º
para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014)

122
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos,
garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. (Renumerando do §4º
para §5º pela Lei nº 13.052, de 2014)

§ 5o Tratando-se de madeiras, serão levadas a leilão, e o valor arrecadado,


revertido ao órgão ambiental responsável por sua apreensão. (Incluído pela
Medida provisória nº 62, de 2002) Prejudicada

A Lei nº 9.605/98 não prevê em seus dispositivos a possibilidade de aproveitamento


econômico de produtos perecíveis ou madeira, apreendidos pelo órgão ambiental
competente, estabelecendo que os mesmos devam ser destruídos ou incinerados.
(Ano: 2014 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: Juiz Federal
Substituto) (errado)

- Responsabilidade administrativa é objetiva. Não precisa de ilicitude. (doutrina


Vladmir Passos) STJ (Resp. 1.318.051) e TRF1 (Des. Selene)

Resp 1.251.697 responsabilidade administrativa é subjetiva. Minoritário. Rel. Mauro


Campbell. Obrigação propter rem não alcança infrações administrativas.

“A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade


objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à
sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo
alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano” (STJ. 2ª Turma. REsp
1251697/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES. DJe 17/04/2012). Assim, a
multa por infração ambiental (ou eventual execução fiscal para sua cobrança) não
pode ser cobrada do adquirente do imóvel.

Competência comum art. 23

Art. 17 da LC 140/11

Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme


o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental


decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se
refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.

§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o


ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para
evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente
para as providências cabíveis.

123
- Quem licencia fiscaliza. Mas há o parágrafo 3º. Atribuição comum. Parágrafo desdiz.
Prevalece auto de infração de quem possui competência.

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos
da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e
atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais
com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental
lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se
refere o caput.

- ADI 4757 pede deferimento parcial da liminar. Todos devem ter a possibilidade de
licenciar. Parecer do MPF defende a inconstitucionalidade parcial sem redução de
texto (Duprat). Atribuição comum para fiscalizar. Não tem votos

“Dessa forma, o parecer da PGR é pelo deferimento parcial do pedido liminar, “tão só
para que se confira interpretação conforme a Constituição ao art. 17, § 3º, da LC
140/2011, de tal modo que a cláusula final, 'prevalecendo o auto de infração
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou
autorização a que se refere o caput', opere quando idônea para impedir ou fazer
cessar o dano ambiental. E também para que se entenda que a LC 140/2011, em tudo
aquilo que diga respeito à atividade de fiscalização, rege-se pelos princípios da
subsidiariedade e da proibição de proteção deficiente”.

TRF2/2017
87 Em relação à competência para o licenciamento ambiental é correto afirmar que:

a) O ente que não tem competência para licenciar a atividade tampouco poderá aplicar
medidas de polícia sobre ela. (Par. 3º do art. 17)

b) Atividades localizadas em faixa de até 50 km da fronteira serão sempre licenciadas


pela União.

Art. 7o São ações administrativas da União:

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na


zona econômica exclusiva;

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União,


exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

124
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do
Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas,
conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor


material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer
de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (Cnen);

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de


proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de
porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;

c) Atividades que captem água de rios federais serão sempre licenciadas pela União.

d) Em regra, o ente competente para o licenciamento de uma atividade será


competente para aplicar sanções administrativas ambientais à pessoa responsável pela
atividade. (correto)

e) O licenciamento ambiental de qualquer atividade conduzida por concessionária de


serviço público federal será de competência da União.

- Atenção art. 76 da lei 9.605/98 e entendimento do STJ (julgado em 12/2016)

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou
Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

- interpretação restritiva. Situação inversa não pode ser aceita.

Petrobras terá de pagar R$ 10 milhões em multa por derramar petróleo na Baía de


Ilha Grande

Uma sanção imposta pelos estados, municípios ou pelo Distrito Federal substitui a
multa imposta pela União em relação ao mesmo fato, mas a multa estabelecida pela
União não impossibilita a imposição de multa por município.

Com base nesse entendimento, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
decidiu que a Petrobras terá de pagar R$ 10 milhões de multa ao município de Angra
dos Reis (RJ), em razão do dano ambiental ocasionado pelo derramamento de óleo na
Baía de Ilha Grande, em maio de 2002, mesmo já havendo multa aplicada pela União,
no valor de R$ 150 mil. O julgamento foi concluído em dezembro, mas o acórdão só
será publicado depois do recesso do Judiciário

O recurso foi apresentado no STJ pelo município de Angra dos Reis, inconformado com
a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) favorável à Petrobras. A
empresa havia alegado que o município não poderia ter aplicado a multa, pois a

125
Capitania dos Portos, que seria o órgão federal competente para tanto, já havia
tomado providências nesse sentido. Sustentou, ainda, que a multa da União
substituiria a multa municipal.

O TJRJ confirmou a sentença que desconstituiu a multa imposta pelo município, sob o
fundamento de que a sanção aplicada em momento anterior pela Capitania dos
Portos, e já recolhida pela empresa, substitui eventual penalidade pela mesma
conduta por parte dos demais entes federativos.

Competência inafastável

O relator do caso no STJ, ministro Herman Benjamin, explicou que o poder-dever de


controle e fiscalização ambiental, comum a todos os entes federativos, emerge da
própria Constituição Federal e da legislação infraconstitucional, sobretudo da Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e da Lei dos Crime e Ilícitos
Administrativos contra o Meio Ambiente (Lei 9.605/98), “que fixam normas gerais
sobre a matéria”.

Para Benjamin, é “inafastável a competência municipal para aplicar multa em virtude


dos danos ambientais provocados pelo incidente ocorrido na Baía da Ilha Grande, visto
que a área é abrangida pelo município de Angra dos Reis”.

Segundo ele, também é “impossível deixar de reconhecer a competência da União,


exercida pela Marinha do Brasil/Capitania dos Portos, especialmente considerando
que a atividade desenvolvida pela Petrobras implica alto risco de causar lesões a seus
bens naturais”.

Predominância

Benjamin citou o artigo 76 da Lei 9.605/98, no qual afirma ter-se baseado o tribunal
fluminense para anular a multa imposta pelo município. De acordo com o relator,
“embora passível de questionamento, o fato é que, no âmbito infraconstitucional,
houve uniforme e expressa opção no sentido de que, em relação ao mesmo fato, a
sanção imposta por estados, municípios, Distrito Federal e territórios predomina sobre
a multa de natureza federal”.

Para o ministro, “a situação inversa não foi contemplada de forma intencional”.


Segundo ele, não há margem para interpretação de que a multa paga à União
impossibilita a cobrança daquela aplicada pelo município, sob pena de bitributação,
“uma vez que a atuação conjunta dos poderes públicos, de forma cooperada, na
tutela do meio ambiente, é dever imposto pela Constituição Federal”.

- Apreensão e perdimento. TRF1 exige proporcionalidade. Veículos instrumentos de


infrações se forem reiteradamente usados à prática de crimes. Ou estruturalmente
alterados. Ex. fundo falso. Barco, caminhão devolve. Tem outros usos legítimos

STJ demolição de obra.


126
Decreto 6.514 - Art. 112. A demolição de obra, edificação ou construção não habitada
e utilizada diretamente para a infração ambiental dar-se-á excepcionalmente no ato da
fiscalização nos casos em que se constatar que a ausência da demolição importa em
iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde.

Atenção. Repetitivo

Autoexecutoriedade de ato administrativo emanado pela autarquia ambiental que


determina o embargo de obra irregular e sua respectiva demolição, a afastar a atuação
do Judiciário. (Tema: 816)

EMENTA
Os atos de polícia são executados pela própria autoridade administrativa,
independentemente de autorização judicial.Se, todavia, o ato de polícia tiver como
objeto a demolição de uma casa habitada, a respectiva execução deve ser autorizada
judicialmente e acompanhada por oficiais de justiça.
Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1217234/PB, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA SEÇÃO,
Julgado em 14/08/2013, DJE 21/08/2013)

- auto-executoriedade dos atos de polícia salvo a demolição de uma casa habitada.


contém cláusula de reserva de jurisdição. (STJ , Relator: Ministro ARI PARGENDLER,
Data de Julgamento: 14/08/2013, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO

Medidas autoexecutórias. Ex. demolição.

TRF4 2014 “Conforme orientação do Superior Tribunal de Justiça, os atos de polícia


podem ser executados pela própria autoridade ambiental, independentemente de
ordem judicial, mesmo quando tiverem por objeto a demolição de casa habitada.”
Errado

TRF4 - 2016 -Assinale a alternativa correta.


Em se tratando de moradia residencial erigida em área de preservação
permanente, sem autorização ou licença ambiental, é possível afirmar, segundo a
jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça, que:

a) Sua demolição prescinde de ordem judicial, em decorrência da auto executoriedade dos


atos administrativos.

b) Sua demolição é vedada, tendo em vista que o direito fundamental à moradia se


sobrepõe ao direito à proteção do meio ambiente.

c) Sua demolição poderá ocorrer se autorizada pelo Poder Judiciário. (correta)

d) Sua demolição só poderá ocorrer se o Poder Público oferecer alternativa de


residência aos ocupantes.

127
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

- ACPS do Ibama. Falta interesse de agir? STJ ainda que haja discussão sobre
autoexecutoriedade há inafastabilidade (mesmo com autoexecutoriedade). Judiciário
pode imputar ao Réu obrigação de fazer

- Sanção restritiva de direitos de proibição de contratar com a Administração é de até


3 anos (na 8666/93 é de 2 anos)

- Prazo prescricional

REPETITIVO. PRESCRIÇÃO. MULTA. MEIO AMBIENTE.

Trata-se de recurso representativo de controvérsia (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-


STJ) em que a questão em debate resume-se à definição do prazo prescricional para a
cobrança de multa administrativa por infração à legislação federal, no caso, a Lei n.
9.873/1999 (com os acréscimos da Lei n. 11.941/2009), nos autos de execução fiscal
ajuizada pelo Ibama para cobrança de débito inscrito em dívida ativa. Ressaltou o Min.
Relator que a questão já foi debatida no REsp 1.112.577-SP, DJe 8/2/2010, também
sob o regime dos recursos repetitivos, mas somente quando a multa administrativa
decorria do poder de polícia ambiental exercido por entidade estadual, situação em
que não seria pertinente a discussão sob as duas leis federais citadas. Agora, no caso,
como a multa foi aplicada pelo Ibama, entidade federal de fiscalização e controle do
meio ambiente, é possível discutir a incidência daquelas leis federais, o que foi feito
nessa hipótese. Diante disso, a Seção entendeu incidente o prazo de cinco anos (art.
1º da citada lei) para que, no exercício do poder de polícia, a Administração Pública
Federal (direta ou indireta) apure o cometimento da infração à legislação do meio
ambiente. Esse prazo deve ser contado da data da prática do ato ou, no caso de
infração permanente ou continuada, do dia em que houver cessado a infração.
Observou que o art. 1º da Lei n. 9.873/2009 estabeleceu o prazo para a constituição do
crédito, não para a cobrança judicial do crédito inadimplido. Ressaltou, ainda, que,
antes da MP n. 1.708/1998, convertida na Lei n. 9.873/1999, não existia prazo
decadencial para o exercício do poder de polícia por parte da Administração Pública
Federal, por isso a penalidade aplicada, nesses casos, sujeita-se apenas ao prazo
prescricional de cinco anos segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, em
razão da aplicação analógica do art. 1º do Dec. n. 20.910/1932. Ademais, a
jurisprudência também já assentou que, por se tratar de multa administrativa, não é
aplicável a regra geral de prescrição do CC, seja o de 1916 ou o de 2002. REsp
1.115.078-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24/3/2010.

Prazo prescricional para a cobrança de multa administrativa por infração à legislação


do meio ambiente aplicada por órgão ou entidade da Administração Pública Federal,
direta ou indireta: se quinquenal, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32, ou
vintenária, segundo o art. 177 do Código Civil de 1916, na hipótese em que a multa
seja aplicada por entidade federal de fiscalização e controle do meio
ambiente. (Temas: 324, 325, 326, 327, 328,329, 330, 331)

128
EMENTA
1. O Ibama lavrou auto de infração contra o recorrido, aplicando-lhe multa no valor de
R$ 3.628,80 (três mil e seiscentos e vinte e oito reais e oitenta centavos), por
contrariedade às regras de defesa do meio ambiente. O ato infracional foi cometido no
ano de 2000 e, nesse mesmo ano, precisamente em 18.10.00, foi o crédito inscrito em
Dívida Ativa,tendo sido a execução proposta em 21.5.07.
2. A questão debatida nos autos é, apenas em parte, coincidente com a veiculada no
REsp 1.112.577/SP, também de minha relatoria e já julgado sob o regime do art. 543-C
do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008. Neste caso particular, a multa foi aplicada pelo
Ibama, entidade federal de fiscalização e controle do meio ambiente, sendo possível
discutir a incidência da Lei 9.873, de 23 de novembro de 1999, com os acréscimos da
Lei 11.941, de 27 de maio de 2009. No outro processo anterior, a multa decorria do
poder de polícia ambiental exercido por entidade vinculada
ao Estado de São Paulo, em que não seria pertinente a discussão sobre essas duas leis
federais.
3. A jurisprudência desta Corte preconiza que o prazo para a cobrança da multa
aplicada em virtude de infração administrativa ao meio ambiente é de cinco anos, nos
termos do Decreto n.º 20.910/32, aplicável por isonomia por falta de regra específica
para regular esse prazo prescricional.
4. Embora esteja sedimentada a orientação de que o prazo prescricional do art. 1° do
Decreto 20.910/32 - e não os do Código Civil - aplicam-se às relações regidas pelo
Direito Público, o caso dos autos comporta exame à luz das disposições contidas na Lei
9.873, de 23 de novembro de1999, com os acréscimos da Lei 11.941, de 27 de maio de
2009.
5. A Lei 9.873/99, no art. 1º, estabeleceu prazo de cinco anos para que a Administração
Pública Federal, direta ou indireta, no exercício do Poder de Polícia, apure o
cometimento de infração à legislação em vigor,prazo que deve ser contado da data da
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver
cessado a infração.
6. Esse dispositivo estabeleceu, em verdade, prazo para a constituição do crédito, e
não para a cobrança judicial do crédito inadimplido. Com efeito, a Lei 11.941, de 27 de
maio de 2009, acrescentou o art. 1º-A à Lei 9.873/99, prevendo, expressamente, prazo
de cinco anos para a cobrança do crédito decorrente de infração à legislação em vigor,
a pardo prazo também quinquenal previsto no art. 1º desta Lei para a apuração da
infração e constituição do respectivo crédito.
7. Antes da Medida Provisória 1.708, de 30 de junho de 1998,posteriormente
convertida na Lei 9.873/99, não existia prazo decadencial para o exercício do poder de
polícia por parte da Administração Pública Federal. Assim, a penalidade acaso aplicada
sujeitava-se apenas ao prazo prescricional de cinco anos, segundo a jurisprudência
desta Corte, em face da aplicação analógica do art. 1º do Decreto 20.910/32.
8. A infração em exame foi cometida no ano de 2000, quando já em vigor a Lei
9.873/99, devendo ser aplicado o art. 1º, o qual fixa prazo à Administração Pública
Federal para, no exercício do poder de polícia,apurar a infração à legislação em vigor e
constituir o crédito decorrente da multa aplicada, o que foi feito, já que o crédito foi
inscrito em Dívida Ativa em 18 de outubro de 2000.
9. A partir da constituição definitiva do crédito, ocorrida no próprio

129
ano de 2000, computam-se mais cinco anos para sua cobrança judicial.Esse prazo,
portanto, venceu no ano de 2005, mas a execução foi proposta apenas em 21 de maio
de 2007, quando já operada a prescrição. Deve,pois, ser mantido o acórdão
impugnado, ainda que por fundamentos diversos.
(REsp 1115078/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 24/03/2010, DJe 06/04/2010)
Prazo prescricional para a cobrança de multa administrativa por infração à legislação
do meio ambiente aplicada por órgão ou entidade da Administração Pública Federal,
direta ou indireta: se quinquenal, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32, ou
vintenária, segundo o art. 177 do Código Civil de 1916, na hipótese em que a multa
decorra do poder de polícia ambiental exercido por entidade
estadual. (Temas: 146, 147)

EMENTA
1. A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo-CETESB aplicou
multa à ora recorrente pelo fato de ter promovido a "queima da
palha de cana-de-açúcar ao ar livre, no sítio São José, Município de Itapuí, em área
localizada a menos de 1 Km do perímetro urbano, causando inconvenientes ao bem-
estar público, por emissão de fumaça e fuligem"(fl. 28).
2. A jurisprudência desta Corte tem reconhecido que é de cinco anos o prazo para a
cobrança da multa aplicada ante infração administrativa ao meio ambiente, nos
termos do Decreto n.º 20.910/32, o qual que deve ser aplicado por isonomia, à falta de
regra específica para regular esse prazo prescricional.
3. Não obstante seja aplicável a prescrição quinquenal, com base no Decreto
20.910/32, há um segundo ponto a ser examinado no recurso especial - termoinicial da
prescrição - que torna correta a tese acolhida no acórdão recorrido.
4. A Corte de origem considerou como termo inicial do prazo a data do encerramento
do processo administrativo que culminou com a aplicação da multa por infração à
legislação do meio ambiente. A recorrente defende que o termo a quo é a data do ato
infracional, ou seja, data da ocorrência da infração.
5. O termo inicial da prescrição coincide com o momento da ocorrência da lesão ao
direito, consagração do princípio universal da actio nata.Nesses termos, em se
tratando de multa administrativa, a prescrição da ação de cobrança somente tem
início com o vencimento do crédito sem pagamento, quando se torna inadimplente o
administrado infrator. Antes disso, e enquanto não se encerrar o processo
administrativo de imposição da penalidade, não corre prazo prescricional, porque o
crédito ainda nãoestá definitivamente constituído e simplesmente não pode ser
cobrado.
6. No caso, o procedimento administrativo encerrou-se apenas em 24 de março de
1999, nada obstante tenha ocorrido a infração em 08 de agosto de 1997. A execução
fiscal foi proposta em 31 de julho de 2002,portanto, pouco mais de três anos a contar
da constituição definitiva do crédito.
7. Nesses termos, embora esteja incorreto o acórdão recorrido quanto à aplicação do
art. 205 do novo Código Civil para reger o prazo de prescrição de crédito de natureza
pública, deve ser mantido por seu segundo fundamento, pois o termo inicial da
prescrição quinquenal deve ser o dia imediato ao vencimento do crédito decorrente da
multa aplicada e não a data da própria infração, quando ainda não era exigível a

130
dívida.(REsp 1112577/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/12/2009, DJe 08/02/2010)

- Competência de juízo (art. 100, IV do CPC de 1973 vai na mesma linha do art. 53, III
do NCPC)

COMPETÊNCIA. INFRAÇÃO. IBAMA.

Buscava-se definir a competência para processar e julgar ação anulatória de autos de


infração lavrados pelo Ibama. Quanto a isso, a Turma reafirmou que as autarquias
federais podem ser demandadas no local de sua sede ou de sua agência ou sucursal
em cujo âmbito de competência ocorreram os fatos que originaram a lide (art. 100, IV,
do CPC). Precedentes citados: CC 2.493-DF, DJ 3/8/1992; AgRg no Ag 1.042.760-RS, DJe
9/3/2009, e REsp 511.506-DF, DJe 23/10/2008. REsp 891.326-RJ, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, julgado em 23/2/2010.

1a Turma. Informativo 511

DIREITO ADMINISTRATIVO E PENAL. SANÇÃO PENAL E ADMINISTRATIVA


DECORRENTE DA MESMA CONDUTA. COMPETÊNCIA.

Se o ato ensejador do auto de infração caracteriza infração penal tipificada apenas


em dispositivos de leis de crimes ambientais, somente o juízo criminal tem
competência para aplicar a correspondente penalidade. Os fiscais ambientais têm
competência para aplicar penalidades administrativas. No entanto, se a conduta
ensejadora do auto de infração configurar crime ou contravenção penal, somente o
juízo criminal é competente para aplicar a respectiva sanção. Precedente citado: AgRg
no AREsp 67.254-MA, DJe 2/8/2012. REsp 1.218.859-ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, julgado em 27/11/2012.

10. Responsabilidade civil ambiental

- Objetivo reparar o dano ambiental (não punir)

- Dano ambiental: supera limites de tolerabilidade normativamente previstos.


Degradação qualificada pela superação de limites.

- Princípio do poluidor-pagador

- Responsabildade objetiva (6938/81). Ilicitude irrelevante

- Mesmo que licenciado/é lícito. Prescindível dolo e culpa. Prescindível ilicitude.

- Nexo causal – poluidor (lei PNMA direta ou indiretamente)

- Solidariedade

131
STJ 2a Turma DANO AMBIENTAL. BREJO. LITISCONSÓRCIO.

Foi ajuizada ação civil pública contra a usina ora recorrida, pois se constatou que ela
promovia a drenagem de um reservatório natural (brejo). Por sua vez, as instâncias
ordinárias consideraram improcedente o pedido ao fundamento de que a usina só deu
continuidade ao que o próprio Poder Público começou. Nesse panorama, afastou-se,
preliminarmente, a necessidade de o órgão federal, também reputado degradador,
integrar a lide; pois, mesmo havendo vários agentes poluidores, a jurisprudência do
STJ é firme quanto a não ser obrigatória a formação de litisconsórcio, visto que a
responsabilidade de reparação integral do dano ambiental é solidária (permite
demandar qualquer um ou todos eles). Pela mesma razão, a jurisprudência deste
Superior Tribunal entende que os envolvidos não podem alegar que não
contribuíram de forma direta e própria para o dano ambiental, como forma de
afastar a responsabilidade de reparar. Estão assentadas, no acórdão e na sentença, a
premissa de que a usina continuou as atividades degradantes iniciadas pelo Poder
Público, o que aumentou a lesão ao meio ambiente, e a de que sua atividade
preservaria uma rodovia construída sobre aterro contíguo ao brejeiro. Contudo, não há
dúvidas de que houve dano ambiental e contribuição da usina para tanto, mesmo que
reconhecido pelas instâncias ordinárias ser o Poder Público, também, degradador.
Assim, aplicam-se os arts. 3º, IV, e 4º, VII, da Lei n. 6.938/1981. Anote-se que a usina
poderá, em outra ação, cobrar de quem considere cabível parte das despesas de
recuperação. REsp 880.160-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
4/5/2010.

a) Um Município, no interior de Minas Gerais, pretende, em sede recursal, a


inclusão do referido Estado no polo passivo da Ação Civil Pública, que visa a
reparação e prevenção de danos ambientais causados por deslizamentos de
terras em encostas habitadas. Segundo regra geral quanto ao dano ambiental e
urbanístico, e segundo posição do STJ, o litisconsórcio, nesses casos é
facultativo, mesmo havendo múltiplos agentes poluidores. (Ano: 2016 Banca:
VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: Juiz Substituto)

Teoria do bolso profundo

PROCESSUAL CIVIL. REPARAÇÃO E PREVENÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS E


URBANÍSTICOS. DESLIZAMENTOS EM ENCOSTAS HABITADAS. FORMAÇÃO DO POLO
PASSIVO. INTEGRAÇÃO DE TODOS OS RESPONSÁVEIS PELA DEGRADAÇÃO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DESNECESSIDADE. 1. Hipótese em que a pretensão
recursal apresentada pelo Município de Niterói se refere à inclusão do Estado do Rio
de Janeiro no polo passivo da Ação Civil Pública que visa a reparação e prevenção de
danos ambientais causados por deslizamentos de terras em encostas habitadas. 2. No
dano ambiental e urbanístico, a regra geral é a do litisconsórcio facultativo. Segundo a
jurisprudência do STJ, nesse campo a "responsabilidade (objetiva) é solidária" (REsp
604.725/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 22.8.2005, p. 202); logo,
mesmo havendo "múltiplos agentes poluidores, não existe obrigatoriedade na
formação do litisconsórcio", abrindo-se ao autor a possibilidade de "demandar de

132
qualquer um deles, isoladamente ou em conjunto, pelo todo" (REsp 880.160/RJ, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.5.2010). No mesmo
sentido: EDcl no REsp 843.978/SP, Rel. Ministro Heman Benjamin, Segunda Turma, DJe
26.6.2013. REsp 843.978/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
9.3.2012; REsp 1.358.112/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
28.6.2013. 3. Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no AREsp: 432409 RJ
2013/0381169-0, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
25/02/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/03/2014)

STJ – Resp 1.071.741 – Informativo 388 – Dano ambiental em razão de invasão e


construção de particular em UC. Responsabilidade solidária do Estado. Omissão ilícita.
Contribui indiretamente para o dano. Deve o Estado buscar ação regressiva.

- obrigação “propter rem”. Perpetua no dano. Omite seu dever de reparar

Na verdade teoria da "deep pocket". Bolso profundo. Paga aquele que mais tiver
condições.

- imóveis que não possuem cobertura vegetal tem valor de mercado maior. Mesmo
sem madeira. Do contrário valeria a pena adquirir área desmatada. Lógica econômica.

- inversão do ônus da prova (precaução). Distribuição dinâmica ou flutuante do ônus


da prova

- Casuística recente do STJ

DIREITO CIVIL. DANO MORAL. PRIVAÇÃO DO TRABALHO POR DANO AMBIENTAL.A


privação das condições de trabalho em decorrência de dano ambiental configura dano
moral. Estando o trabalhador impossibilitado de trabalhar, revela-se patente seu
sofrimento, angústia e aflição. O ócio indesejado imposto pelo acidente ambiental gera
a incerteza quanto à viabilidade futura de sua atividade profissional e manutenção
própria e de sua família. Precedente citado: REsp 1.114.398-PR, DJe 16/2/2012
(REPETITIVO). REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/10/2012.

- Resp 1.354.536-SE (informativo 538 STJ j. 26/3/2014 – 543-C)

Acidente ocorrido em 2008, quando subsidiária da Petrobras, deixou vazar para as


águas do rio Sergipe cerca de 43 mil litros de amônia, que resultou em dano ambiental
provocando a morte de peixes e frutos do mar e quebra da cadeia alimentar do
ecossistema fluvial local.

Há legitimidade para pedir indenização por dano ambiental que resultou na redução
da pesca, com o registro de pescador profissional e a habilitação ao seguro-
desemprego, durante o período de defeso, que, somados a outros elementos de
prova, são idôneos à sua comprovação.

133
Responsabilidade por dano ambiental é objetiva pela teoria do risco integral. Quem
explora atividade econômica se coloca na posição de garantidor da preservação
ambiental.

Inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo
imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo.
(Dano moral individual não tem caráter punitivo).

STJ ainda excluiu da indenização pelo dano material o período de defeso.

“a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco


integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se
integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável
pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua
obrigação de indenizar.” (Responsabilidade civil por dano
ambiental. (Temas: 679, 680, 681, 682, 683, 684, 834)

“ é inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter


punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e
administrativo. O art. 225, § 3º, da CF estabelece que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, e que "as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados".

“A doutrina realça que, no caso da compensação de danos morais decorrentes de dano


ambiental, a função preventiva essencial da responsabilidade civil é a eliminação de
fatores capazes de produzir riscos intoleráveis, visto que a função punitiva cabe ao
direito penal e administrativo(...)Assim, não há falar em caráter de punição à luz do
ordenamento jurídico brasileiro – que não consagra o instituto de direito comparado
dos danos punitivos (punitive damages)”

- O entendimento confirmou o do Resp 1.114.398/PR (também julgado pelo 543-C em


2012)

Há sofrimento intenso de pescador profissional artesanal, causado pela privação das


condições de trabalho, em consequência do dano ambiental. Dano moral devido por
equidade.

Função preventiva da responsabilidade civil é a eliminação de fatores capazes de


produzir riscos intoleráveis. Função punitiva cabe ao direito penal e administrativo (do
contrário bis in idem).

Não há na responsabilidade civil danos punitivos (punitive damages) já que a


responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva.

Foi afetado, por cerca de seis meses, o volume pescado e a renda dos pescadores na
região afetada -, sem que tenha sido dado amparo pela poluidora para mitigação dos
danos morais experimentados e demonstrados por aqueles que extraem o sustento da

134
pesca profissional. Não se justifica, em sede de recurso especial, a revisão do quantum
arbitrado, a título de compensação por danos morais, em R$ 3.000,00 (não há função
punitiva)

O dano material somente é indenizável mediante prova efetiva de sua ocorrência, não
havendo falar em indenização por lucros cessantes dissociada do dano. Assim, durante
o período de "defeso" não há indenização por lucros cessantes.

- Resp 1.346.430 – confirma responsabilidade objetiva e por risco integral

TRF2 - 2014 Em relação à responsabilidade pela reparação do dano ambiental é


correto afirmar que:

a) Tem caráter objetivo, justificado pela doutrina à luz da incidência do princípio da


precaução, e não admite regresso.

b) É objetiva quando o dano é genuíno e puramente ecológico, ao que se chama de


princípio do poluidor pagador.

c) É objetiva para o poluidor que causar danos ao meio ambiente e também em


relação aos danos a terceiros afetados por sua atividade, ainda que já recuperado o
ambiente atingido. (correta - dano ambiental é ambivalente)

d) Passou a ser objetiva com a aprovação da Constituição de 1988 e a adoção, no bojo


da Lei Maior, de capítulo dedicado ao meio ambiente.

e) É objetiva, integral, solidária, com nexo diluído (ou mesmo apagado) e sem
excludente, em razão do princípio da responsabilidade comum e indiferenciada.

TRF2 - 2013 - Um pescador artesanal profissional ajuizou ação indenizatória por danos
materiais e morais contra empresa exploradora de petróleo, alegando prejuízos
decorrentes de vazamento de óleo combustível em águas marinhas onde pescava.
Provou-se que o rompimento do oleoduto fora causado por deslizamentos de terra
decorrentes de chuvas torrenciais. Essas mesmas chuvas causaram o rompimento das
barreiras de contenção instaladas pela empresa ao tentar remediar o problema. O
vazamento de óleo resultou na mortandade da fauna aquática e na imediata proibição
de pesca na região, imposta pelo IBAMA, com duração de seis meses. Na fase de
provas, restou cabalmente comprovada a regularidade das instalações da empresa
segundo as melhores tecnologias disponíveis e a idoneidade dos esforços para
reparação do problema.

Na situação hipotética acima descrita,

a) por ter natureza punitiva, a condenação por danos morais será inviável se, no caso,
for reconhecida a ausência de dolo ou culpa do réu, ou seja, ausência de ilícito a ser
punido.

STJ. Informativo 538. Não é punitivo o dano moral ambiental individual

135
b) a força maior implica necessariamente ausência de culpa e, por isso, se for
reconhecida processualmente, afastará a obrigação de indenizar.

Responsabilidade civil ambiental é objetiva por risco integral.

Ainda pode-se ter FM interna.

c) a pretensão indenizatória do pescador será imprescritível, porque está relacionada à


ocorrência de dano ambiental.

Só dano ambiental público é imprescritível (STJ AgRg no REsp 1150479 e REsp


1120117) ante a indisponibilidade (imprescritibilidade é excepcional - 2016. STF
decidiu que há prescrição em danos à Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil. Ver
Informativos 813 e 830). RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
3/2/2016, com repercussão geral

- não alcança prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa que


continuam sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º).
- Decisão em embargos de declaração. Info 830 (j. 06/2016)
- ilícito civil deve ser buscado pelo método de exclusão: não se consideram ilícitos civis
os penais e improbidade
- início do prazo prescricional é matéria infraconstitucional;
- Não houve modulação dos efeitos já que não havia julgados afirmando que as
pretensões de ilícito civil seriam imprescritíveis. Não restou frustrada expectativa
legítima da Administração Pública.

d) o princípio do poluidor-pagador é, em tese, aplicável ao caso porque, embora não


esteja positivado na legislação brasileira, está previsto em documentos internacionais
de que o Brasil é signatário. (Está no art. 4º, IV, da Lei 6938/81)

e) não é cabível a inversão do ônus da prova quanto ao an debeature ao quantum


debeatur do dano material, cabendo ao pescador provar também a ocorrência, mas
não o quantum, do dano moral pretendido. (correta)

Pescador deve provar o dano moral mas não é obrigado a quantificar. Compensação.
Lenitivo. No dano moral in re ipsa (ex. inscrição indevida em cadastros restritivos) nem
o an debeatur precisa ser provado

- Pescadores (stakeholders) tem direito a danos materiais por alteração da fauna


aquática ante a construção de hidrelétrica. E não tem direito a danos morais. Resp
1.371.834/PR. Informativo 574 (11/2015)

136
Informativo 574 (12/2015)
Quarta Turma
DIREITO AMBIENTAL E CIVIL. DANOS MATERIAIS OCASIONADOS POR CONSTRUÇÃO DE
HIDRELÉTRICA.

O pescador profissional artesanal que exerça a sua atividade em rio que sofreu
alteração da fauna aquática após a regular instalação de hidrelétrica (ato lícito) tem
direito de ser indenizado, pela concessionária de serviço público responsável, em
razão dos prejuízos materiais decorrentes da diminuição ou desaparecimento de
peixes de espécies comercialmente lucrativas paralelamente ao surgimento de
outros de espécies de menor valor de mercado, circunstância a impor a captura de
maior volume de pescado para a manutenção de sua renda próxima à auferida antes
da modificação da ictiofauna. Não há dúvida de que mesmo atos lícitos podem dar
causa à obrigação de indenizar. Segundo a doutrina, "Tratando-se de um benefício à
coletividade, desde que o ato administrativo lícito atende ao interesse geral, o
pagamento da indenização redistribui o encargo, que, de outro modo, seria apenas
suportado pelo titular do direito. [...] Não é, porém, absoluto, nem geral. A
compensação é limitada ao dano especial e anormal gerado pela atividade
administrativa. Generalizar a noção a todo e qualquer prejuízo, decorrente do
funcionamento do serviço, seria a própria denegação da supremacia do interesse
público e da destinação social da propriedade. A atividade discricionária da
administração condiciona, legitimamente, o exercício de direitos individuais, podendo
atingi-los em seu valor econômico, sem obrigação de indenizar". Nesse contexto,
convém distinguir os conceitos de direito subjetivo e interesse legítimo, contrapondo-
os ao de mero interesse econômico. Segundo a doutrina, "[...] a tutela jurídica,
concretizada na possibilidade da coação, [é] o critério de distinção e caracterização do
direito subjetivo: onde este exista, não pode faltar a garantia do direito objetivo e a
garantia dada pela ação, mercê da qual o particular faz valer em juízo coativamente a
faculdade que tem desde que alguém a desconheça ou a conteste. E, vice-versa, onde
falta a garantia poderá haver um simples interesse mas não um direito subjetivo. Isto
não significa no entanto que o direito objetivo não reconheça todo o interesse que não
seja garantido por ação, mas apenas que entre os vários interesses que têm os
caracteres supra-referidos há alguns que são elevados à categoria de direitos
subjetivos, visto estarem protegidos por uma ação, ao passo que outros não são por
ela tutelados. Entre os vários e infinitos interesses, há alguns que se distinguem de
todos os outros porque são protegidos, mas não da mesma forma e com a mesma
intensidade com a qual se tutelam os direitos subjetivos. Devem assim distinguir-se os
interesses puros ou simples, privados de tutela, e os interesses legítimos que tem
proteção, não na ação judiciária, mas no recurso aos órgãos da justiça administrativa".
Certamente, no caso em análise, o pescador artesanal não tem direito subjetivo a
exigir de alguém que lhe assegure a pesca nas mesmas condições anteriores à
construção da barragem. Contudo, deve-se verificar se ele está amparado por
"situação juridicamente protegida", suscetível de configurar um "interesse legítimo",
protegido pelo ordenamento jurídico brasileiro, em face do fato qualificado como
danoso. Nesse sentido, importa destacar que a profissão de pescador é regulamentada
pela Lei n. 11.959/2009, a qual dispõe sobre a "Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável da Aquicultura e da Pesca". De fato, o caput do art. 3º dessa Lei estabelece

137
que "Compete ao Poder Público a regulamentação da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável da Atividade Pesqueira, conciliando o equilíbrio entre o
princípio da sustentabilidade dos recursos pesqueiros e a obtenção de melhores
resultados econômicos e sociais", para o que, entre outras providências, cabe-lhe
estabelecer os "períodos de defeso". No § 1º desse mesmo artigo, está previsto que o
"ordenamento pesqueiro deve considerar as peculiaridades e as necessidades dos
pescadores artesanais, de subsistência e da aquicultura familiar, visando a garantir sua
permanência e sua continuidade". Por sua vez, a Lei n. 10.779/2003, com a redação
dada pela MP n. 665/2014, dispõe sobre a concessão do benefício de seguro
desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce a
atividade pesqueira de forma artesanal. Ciente disso, observa-se que, embora não haja
direito subjetivo à pesca de determinada quantidade ou qualidade de peixes, o
ordenamento jurídico confere especial proteção aos pescadores artesanais,
garantindo-lhes as condições mínimas de subsistência na época defeso, bem como
uma Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável que leve em conta suas
peculiaridades e necessidades. Desse modo, tratando-se de pescadores artesanais, há
interesse legítimo, situação juridicamente protegida, a ensejar compensação
pecuniária em caso de comprovado prejuízo patrimonial, em que houve redução de
renda em decorrência do ato lícito de construção da barragem. Com efeito, se a
restrição de pesca na época do defeso enseja o benefício previsto na Lei n.
10.779/2003, não há dúvida de que a diminuição do valor comercial do pescado
causada pelo ato lícito da concessionária enseja dano a legítimo interesse, passível de
indenização. Diversamente, em relação à pesca industrial e à pesca amadora,
atividades privadas lícitas e regulamentadas em lei, em princípio, não há senão
interesse simples de natureza puramente econômica, desprovido de especial proteção
que assegure a seus praticantes renda mínima na atividade pesqueira, a qual fora
alterada em decorrência de atividade também lícita da administração ao dar adequada
destinação a bem público em prol da coletividade. REsp 1.371.834-PR, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015, DJe 14/12/2015.

Informativo 574
Quarta Turma
DIREITO AMBIENTAL E CIVIL. INOCORRÊNCIA DE DANOS MORAIS EM CASO DE
CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA.

O pescador profissional artesanal que exerça a sua atividade em rio que sofreu
alteração da fauna aquática após a regular instalação de hidrelétrica (ato lícito) -
adotadas todas as providências mitigatórias de impacto ambiental para a realização
da obra, bem como realizado EIA/RIMA - não tem direito a ser compensado por
alegados danos morais decorrentes da diminuição ou desaparecimento de peixes de
espécies comercialmente lucrativas paralelamente ao surgimento de outros de
espécies de menor valor de mercado, circunstância que, embora não tenha
ocasionado a suspensão da pesca, imporia a captura de maior volume de pescado
para manutenção de sua renda próxima à auferida antes da modificação da
ictiofauna. Tratando-se de ato lícito, a indenização em análise não teria por base o
princípio da responsabilidade. Sua justificativa seria compensar o sacrifício do direito
ou legítimo interesse individual em prol da vantagem conferida à coletividade, não

138
tendo como escopo desestimular o comportamento do agente causador do fato
danoso. Além disso, é óbvio que a atividade administrativa presume-se pautada pelo
interesse público, preponderante sobre o particular, e, portanto, não deve ser
desencorajada. Diversamente, em se tratando de ato ilícito, como é o caso de acidente
ambiental causador de poluição, a condenação do poluidor não apenas ao pagamento
de indenização plena pelos danos materiais, incluídos os lucros cessantes, mas
também de indenização por dano moral, atende à finalidade preventiva de incentivar
no futuro comportamento mais cuidadoso do agente. Segundo a doutrina, "no caso da
compensação de danos morais decorrentes de dano ambiental, a função preventiva
essencial da responsabilidade civil é a eliminação de fatores capazes de produzir riscos
intoleráveis". Na hipótese em foco, não há possibilidade de eliminação dos fatores que
invariavelmente levam à alteração do estoque pesqueiro do reservatório formado em
decorrência da barragem. Isso porque a alteração da fauna aquática é inerente à
construção de usinas hidrelétricas. Necessariamente, com o represamento do rio, as
condições ambientais passam a ser propícias a espécies de peixes sedentárias ou de
pouca movimentação, de médio e pequeno porte, e desfavoráveis às espécies
tipicamente migradoras, de maior porte. Ademais, na hipótese em análise, a
regularidade e o interesse público da atuação da concessionária não é alvo de
questionamento, tendo em vista que a concessionária providenciou o EIA/RIMA e
cumpriu satisfatoriamente todas as condicionantes, inclusive propiciando a
recomposição do meio ambiente com a introdução de espécies de peixes mais
adaptadas à vida no lago da hidrelétrica. Além disso, não houve suspensão, em
momento algum, da atividade pesqueira, ao contrário do que ocorre em situações de
poluição causada por desastre ambiental, durante o período necessário à recuperação
do meio ambiente. A simples necessidade de adaptação às novas condições da
atividade pesqueira - composto o dano patrimonial - não gera dano moral autônomo
indenizável. Convém assinalar que a alteração do meio ambiente não se enquadra, por
si só, como poluição (Lei n. 6.938/1981, art. 3º, III). Tratar como poluição qualquer
alteração ambiental que afete a biota implicaria, na prática, por exemplo, o
impedimento à atividade produtiva agropecuária e inviabilizaria a construção de
hidrelétricas, por maiores e mais eficazes que fossem as condicionantes ambientais e
os benefícios ao interesse público. Desse modo, nestas circunstâncias, estabelecer a
condenação por dano moral, a qual, em última análise, onerará o contrato de
concessão, com reflexos nos custos do empreendimento, a ser arcado indiretamente
por toda a sociedade, representaria negar a supremacia do interesse público e da
destinação social da propriedade. REsp 1.371.834-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 5/11/2015, DJe 14/12/2015.

- STJ. Informativo 544. Resp 1.373.788 (6/5/2014)

DIREITO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA POR DANO AMBIENTAL


PRIVADO.

O particular que deposite resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto,
em local onde, apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a

139
presença de material orgânico, o acesso de outros particulares seja fácil, consentido e
costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que, por
conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras
decorrentes de contato com os resíduos.

A responsabilidade civil por danos ambientais, seja por lesão ao meio ambiente
propriamente dito (dano ambiental público), seja por ofensa a direitos individuais
(dano ambiental privado), é objetiva, fundada na teoria do risco integral, em face do
disposto no art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981, que consagra o princípio do poluidor-
pagador. A responsabilidade objetiva fundamenta-se na noção de risco social, que está
implícito em determinadas atividades, como a indústria, os meios de transporte de
massa, as fontes de energia.

A colocação de placas no local indicando a presença de material orgânico não é


suficiente para excluir a responsabilidade civil. Por que não são aceitas excludentes?

-A teoria do risco integral é modalidade extremada da teoria do risco em que o nexo


causal é fortalecido de modo a não ser rompido pelo implemento das causas que
normalmente o abalariam (v.g. culpa da vítima; fato de terceiro, força maior). Essa
modalidade é excepcional, sendo fundamento para hipóteses legais em que o risco
ensejado pela atividade econômica também é extremado, como ocorre com o dano
nuclear (art. 21, XXIII, "c", da CF e Lei 6.453/1977).

TJDFT CESPE 2015 Antônio depositou, a céu aberto, resíduos tóxicos em terreno de sua
propriedade. Embora a área fosse cercada e houvesse placas de sinalização
informando a presença de material tóxico, o acesso ao terreno era fácil, consentido e
costumeiro. Joaquim, um morador que não conhecia bem a vizinhança, passou pelo
local e sofreu, por conduta não dolosa, graves queimaduras decorrentes do contato
com os resíduos tóxicos, pois, ao ver esse material, ficou curioso, se aproximou e o
tocou.

Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz do entendimento do


STJ.

a) Aplica-se ao caso a teoria do risco integral, de modo que Antônio deverá responder
pelos danos sofridos por Joaquim, a menos que fique comprovada a culpa exclusiva da
vítima ou a ocorrência de caso fortuito ou força maior.

b) Não é aplicável ao caso a teoria do risco integral, uma vez que Joaquim era um
estranho que não tinha qualquer relação jurídico-contratual com Antônio, a lesão foi
cometida a indivíduo e não ao meio ambiente e foram colocadas placas de sinalização
indicando a presença de material tóxico.

c) Caso Antônio tivesse depositado os resíduos na condição de agente de entidade


estatal e não como particular, sua provável responsabilidade obedeceria ao regime do
risco administrativo. (mesmo o Estado tem o risco integral)

140
d) A conduta de Antônio enquadra-se no conceito de dano ambiental e a ela devem ser
aplicados o princípio do poluidor-pagador e a responsabilidade objetiva por risco
integral. (certa)

e) Se Antônio tivesse depositado os resíduos na condição de agente de entidade


estatal, sua responsabilidade seria de natureza subjetiva, sendo necessário provar
culpa lato sensu para que o Estado respondesse por condutas omissivas causadoras de
dano ao meio ambiente.

- CNEN. Licenciamento de Angra 3

- Resp 1.374.284 – 543-c – informativo 545 – j. 27/8/2014 - Tema 707

Responsabilidade civil em caso de acidente ambiental (rompimento de barragem).

Acidente ocorrido no Município de Miraí-MG, em janeiro de 2007, quando a empresa


de Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda., durante o desenvolvimento de sua
atividade empresarial, deixou vazar cerca de 2 bilhões de litros de resíduos de lama
tóxica (bauxita), material que se espalhou por cidades dos Estados do Rio de Janeiro e
de Minas Gerais, deixando desabrigados e sem seus bens (móveis e imóveis)

- a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco


integral. Sem excludentes. Confirma EDcl no REsp 1.346.430-PR, Quarta Turma, DJe
14/2/2013

"Não é possível, em sede de recurso especial, excluir a responsabilidade de


mineradora por dano ambiental decorrente de rompimento de barragem quando, de
acordo com o conjunto probatório, as instâncias ordinárias constataram relação de
causa e efeito entre vazamento de bilhões de litros de resíduos produzidos pela
mineradora e o rompimento da barragem. Isso porque para se chegar a conclusão
diversa à do tribunal de origem é necessário o reexame do contexto fático-probatório
dos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do STJ."

TRF1 - prova oral - Se o meu empreendimento for atingido por um terremoto, eu sou
responsável, se for uma empresa que envolva riscos radioativos?

- pelo acidente são devidos danos materiais e morais. Para este é preciso moderação,
atentar ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos autores, e, ainda, ao porte da
empresa. Razoabilidade, bom senso.

“Para caracterização da obrigação de indenizar, é preciso, além da ilicitude da conduta,


que exsurja do dano ao bem jurídico tutelado o efetivo prejuízo de cunho patrimonial
ou moral, não sendo suficiente tão somente a prática de um fato contra legem ou
contra jus, ou que contrarie o padrão jurídico das condutas. Assim, a ocorrência do
dano moral não reside exatamente na simples ocorrência do ilícito em si, de sorte que

141
nem todo ato desconforme com o ordenamento jurídico enseja indenização por dano
moral. O importante é que o ato ilícito seja capaz de irradiar-se para a esfera da
dignidade da pessoa, ofendendo-a de forma relativamente significante, sendo certo
que determinadas ofensas geram dano moral in re ipsa”

"Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) a responsabilidade por dano
ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato,
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de
excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar; b) em
decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e morais
causados; c) na fixação da indenização por danos morais,recomendável que o
arbitramento seja feito caso a caso e com moderação,proporcionalmente ao grau de
culpa, ao nível socioeconômico do autor, e,ainda, ao porte da empresa, orientando-se
o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem
causa de quem recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos
danos morais experimentados por aquele que fora lesado.
2. No caso concreto, recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1374284/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 27/08/2014, DJe 05/09/2014)

- Dano ambiental individual é também chamado de dano reflexo ou por ricochete


(natureza bifronte). Prescritível. STJ fixa termo inicial da prescrição pela actio nata em
diálogo de fontes com o CDC

Terceira Turma

DIREITO DO CONSUMIDOR. PRAZO DE PRESCRIÇÃO EM CASO DE DANO PESSOAL


DECORRENTE DE DANO AMBIENTAL.

Conta-se da data do conhecimento do dano e de sua autoria - e não da data em que


expedida simples notificação pública a respeito da existência do dano ecológico - o
prazo prescricional da pretensão indenizatória de quem sofreu danos pessoais
decorrentes de contaminação de solo e de lençol freático ocasionada por produtos
utilizados no tratamento de madeira destinada à fabricação de postes de luz. Apesar
da natural ênfase conferida aos vários aspectos do dano ambiental, trata-se, também,
de um acidente de consumo, que se enquadra simultaneamente nos arts. 12 (fato do
produto) e 14 do CDC (fato do serviço). Com efeito, os postes de luz constituem um
insumo fundamental para a distribuição de energia elétrica aos seus consumidores,
sendo que a contaminação ambiental decorreu exatamente dos produtos utilizados no
tratamento desses postes. Se o dano sofrido pelos consumidores finais tivesse sido um
choque provocado por uma descarga elétrica, não haveria dúvida acerca da incidência
do CDC. Ocorre que a regra do art. 17 do CDC, ampliando o conceito básico de
consumidor do art. 2º, determina a aplicação do microssistema normativo do
consumidor a todas as vítimas do evento danoso, protegendo os
chamados bystandars, que são as vítimas inocentes de acidentes de consumo. Esse

142
fato, de um lado, constitui fato do produto (art. 12), em face das substâncias químicas
utilizadas, e, de outro lado, apresenta-se também como fato do serviço (art. 14), pois o
tratamento dos postes de luz liga-se ao serviço de distribuição de energia elétrica.
Consequentemente, a prescrição é regulada pela norma do art. 27 do CDC, que
estabelece um prazo de cinco anos, flexibilizando o seu termo inicial. Precedente
citado: REsp 1.346.489-RS, Terceira Turma, DJe 26/8/2013. AgRg no REsp 1.365.277-
RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 20/2/2014.

- Tragédia de Mariana/MG (lei 12.334/2010 PNSB)

STJ definiu competência da Justiça Federal (CC 144.922)

22/06/2016

Competência para julgar ações contra a Samarco é da Justiça Federal

Por maioria de votos, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que
a competência para julgar processos que envolvem a empresa Samarco Mineração no
caso do rompimento da barragem do Fundão é da 12ª Vara da Justiça Federal de
Minas Gerais, em Belo Horizonte.

O julgamento do conflito de competência suscitado pela Samarco foi retomado na


sessão desta quarta-feira (22) com a apresentação de voto-vista do ministro Benedito
Gonçalves, que acompanhou integralmente o entendimento da relatora,
desembargadora convocada Diva Malerbi.

A relatora entendeu que, com base no inciso I do artigo 109 da Constituição Federal, a
competência para processar e julgar as ações é da Justiça Federal, uma vez que o
acidente envolveu atividade de mineração, de competência da União; afetou um rio
federal, pertencente à União; e provocou danos em territórios de dois estados da
Federação.

Pessoas atingidas

A relatora também entendeu que a Justiça estadual deve ficar responsável apenas pelo
julgamento de ações locais e pontuais, como forma de facilitar o acesso à Justiça das
pessoas atingidas pelo desastre ambiental.

A ação civil pública que gerou o conflito de competência exige que a empresa
monitore as condições da água do rio Doce, preste atendimento às pessoas atingidas
pelo evento e apresente um plano de recuperação dos danos causados pelo desastre
ambiental.

No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem do Fundão destruiu o


distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Esse acidente contaminou o rio Doce e

143
parte da costa do Estado do Espírito Santo, deixando um rastro de 19 mortos. Os
rejeitos atingiram mais de 40 cidades de Minas Gerais e do estado capixaba.

Suspensão dos acordos dos Governos Estadual, Federal e Municipal com a Samarco
por decisão monocrática (RCL 31935)

Ministra suspende acordo entre órgãos públicos e Samarco para recuperação


ambiental

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Diva Malerbi, desembargadora


convocada, suspendeu, em caráter liminar, o acordo assinado entre entidades públicas
com as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton para recuperação ambiental da área
atingida pelo rompimento da barragem do Fundão, em Marina (MG). O pedido foi feito
pelo Ministério Público Federal (MPF).

Homologado no dia 05 de maio, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o acordo, a


ser implantado no prazo de 15 anos, prevê a criação de uma fundação privada com a
finalidade de adotar programas socioeconômicos, de infraestrutura, recuperação
ambiental, além de medidas nas áreas da saúde, educação, cultura e lazer para a
população atingida pela tragédia.

O acordo incluiu entidades federais (União, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, Agência Nacional de Águas (ANA), Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), Fundação Nacional do Índio (Funai) e entes públicos dos
Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Após a homologação do acordo, determinou-se a suspensão de uma ação civil pública


em tramitação na 12º Vara Federal de Belo Horizonte e extinguiram-se recursos que
discutiam a implantação de outras medidas.

Decisão

Na decisão, a desembargadora convocada, Diva Malerbi, ressaltou que a Primeira


Seção do STJ, no dia 22 de junho, decidiu que a competência para julgar processos que
envolvem a empresa Samarco no caso do rompimento da barragem é da 12ª Vara da
Justiça Federal de Minas Gerais.

A decisão da Primeira Seção ratificou uma liminar concedida pela ministra Laurita Vaz,
vice-presidente do STJ, proferida no dia 11 de janeiro. Segundo Diva Malerbi, a
homologação do acordo “desrespeitou decisão proferida” pelo STJ.

“Em primeiro lugar, porque, na pendência da definição do conflito de competência, os


processos foram suspensos, sendo autorizada apenas a implementação de medidas de
caráter urgente, tendo-se definido a competência da 12ª Vara da Seção Judiciária de
Minas Gerais para o exame dessas questões”, justificou Malerbi.

144
Além disso, para a ministra, diante da extensão dos danos causados pelo rompimento
da barragem, seria “recomendável o mais amplo debate” para a solução do problema
causado, com a realização de audiências públicas, com a participação dos cidadãos, da
sociedade civil organizada, da comunidade científica e de representantes locais.

- Tragédia de Mariana e TPI

(09/2016) O Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, vai passar a julgar empresas e
dirigentes políticos responsáveis por danos graves ao meio ambiente.

- “ecocídio' (destruição em larga escala do meio ambiente) é um crime contra a


Humanidade.

vítimas têm recurso internacional para obrigar empresas e autoridades a


responsabilidade civil e penal no TPI.

Crimes contra a humanidade – Interpretação para incluir também crimes contra o


meio ambiente que destruam as condições de existência da população porque o
ecossistema foi destruído. Ex. desmatamento, mineração, grilagem, exploração ilícita
de recursos naturais

COP21 em Paris

A jurista em Direito Internacional Valérie Cabanes, porta-voz do movimento End


Ecocide On Earth (Pelo fim do ecocídio na Terra), explica a origem do termo. “A ideia
de ecocídio existe há 50 anos e foi evocada pela primeira vez quando os americanos
usaram dioxina nas florestas durante a Guerra do Vietnã. Agora queremos reviver essa
ideia que considera que atentar gravemente contra ciclos vitais para a vida na Terra e
ecossistemas deve ser considerado um crime internacional"

“Trabalhamos em 2014 e 2015 num projeto de alteração do estatuto do TPI, onde


definimos o crime do ecocídio, explicando que como hoje vivemos uma grave crise
ambiental - com extinção de espécies, acidificação dos oceanos, desmatamento
massivo e mudanças climáticas - atingimos vários limites planetários. Daí ser
necessário regular o direito internacional em torno de um novo valor, o ecossistema
da terra, e nós defendemos esta causa junto aos 124 países signatários do Tribunal
Penal Internacional”

“Será um longo trabalho, porque reconhecer os direitos da natureza e do ecossistema


implica em reconhecer que o homem não é o 'dono' da vida sobre a Terra, o que
pressupõe uma nova concepção do Direito, baseada numa realidade onde o homem é
interdependente de outras espécies e do ecossistema. E isso implica também em
reconhecer nossos deveres em relação às gerações futuras”, enfatizou Valérie.

Notícia de 02/2017

Disponível em http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-02/tribunal-
penal-internacional-reconhece-ecocidio-como-crime-contra

145
- catástrofes como a da barragem de Mariana no Brasil passam a ser também da
jurisdição da Corte de Haia. Esse avanço surpreendente acontece logo após a ONU
anunciar que o assassinato de ativistas ambientais atingiu níveis epidêmicos. O Brasil é
o país mais violento do mundo para os ambientalistas.

A decisão do Tribunal Penal Internacional de Haia, que até então se ocupava de


genocídios, crimes de guerra e contra a humanidade, vai ampliar sua área de atuação
dando início ao julgamento de crimes ambientais.

Segundo Esquivel (Nobel da Paz) a destruição da natureza constitui um delito tão grave
quanto os genocídios ou os assassinatos cometidos pelas ditaduras. “Qual a diferença
entre o assassinato de milhares de civis em um ataque no Afeganistão e a morte de
milhares de pessoas por contaminação da água?”, indaga.

Juristas de vários países ajudaram a adaptar a legislação internacional para o


julgamento de crimes ambientais. A Corte de Haia pretende priorizar crimes que
resultaram na destruição grave do meio ambiente, na exploração de recursos naturais
e usurpação ilegal de terras.

Há décadas empresas multinacionais têm adotado essa prática em países em


desenvolvimento, muitas vezes com o apoio dos governos federais e locais. Porém, a
partir de agora, presidentes e diretores executivos de empresas que estão cometendo
crimes ambientais poderão ser julgados por terem se apropriado ilegalmente de
terras, abatido florestas tropicais ou contaminado água.

Brasil é campeão mundial de violência contra ambientalistas

De acordo com o relatório da ONG britânica Global Witness, pelo menos 185
ambientalistas foram assassinados em 2015 no mundo. Esse é o maior número de
mortes de pessoas defendendo suas terras ou o meio ambiente já registrado pela
entidade.

Pela quinta vez consecutiva, o Brasil lidera esse triste ranking. No último ano, foram
registrados 50 atentados contra ativistas ambientais no país. A maioria dos
assassinatos estaria relacionada a conflitos por posse de terra, plantações
agroindustriais em grande escala e desmatamento, que geralmente está associado aos
madeireiros ilegais que entraram em áreas protegidas ou territórios indígenas.
Os estados brasileiros mais violentos são Rondônia e Pará, onde ocorreram 90% dos
casos. Nem todos os crimes são notificados, o que leva a crer que o número real de
assassinatos possa ser bem maior.

- REsp 1381211/TO, Rel. Ministro MARCO BUZZI, julgado em 15/05/2014

STJ Incêndio iniciado na área de propriedade que atinge o imóvel rural de outrem.
Danos ambientais individuais ou reflexos (por ricochete). Aplicação do disposto no
artigo 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, e em virtude da violação a direitos de vizinhança -
Reconhecimento do dever de indenizar imputável ao proprietário do imóvel.

146
- Responsabilidade objetiva e solidária do proprietário do imóvel lindeiro pelos danos
decorrentes do incêndio, ainda que praticado por terceiro (arrendatário ou gestor de
negócios). O conceito de dano ambiental engloba, além dos prejuízos causados ao
meio ambiente, em sentido amplo, os danos individuais, operados por intermédio
deste, também denominados danos ambientais por ricochete

- artigo 14, parágrafo 1º: “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. [...]”

- A excludente de responsabilidade civil consistente no fato de terceiro, na seara


ambiental, tem aplicação bastante restrita, dada a abrangência do disposto no artigo
acima transcrito. Desse modo, só poderá ser reconhecida quando o ato praticado
pelo terceiro for completamente estranho à atividade desenvolvida pelo poluidor, e
não se possa atribuir a este qualquer participação na consecução do dano – ato
omissivo ou comissivo.

“Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se


quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa
que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem.”
(cf. REsp 650.728/SC, Rel. Ministro Antonio Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
02/12/2009)

- Sob a ótica do direito civil aplicável a responsabilidade objetiva decorrente da


violação de direitos de vizinhança, os quais coibem o uso nocivo e lesivo da
propriedade.

TRF5 2015

A FUNAI ajuizou ação contra o proprietário de imóvel rural lindeiro ao seu com a
intenção de ser indenizada pelos danos decorrentes de incêndio iniciado nessa
propriedade vizinha,ocasionado pela prática de queimada de palha de cana-de-
açúcar.A FUNAI demonstrou que o fogo alcançou instalações de uma fazenda que ela
utilizava para proporcionar qualificação em trabalho rural e extrativismo aos indígenas.
Por sua vez, o MP, em razão desses fatos, ajuizou ACP em que objetivava a
recomposição das áreas de reserva legal e o pagamento de indenização pelo dano
ambiental. O réu alegou ilegitimidade passiva porque o fogo fora ateado por
arrendatário de sua fazenda e, no mérito, alegou, ainda,ausência de dolo ou culpa de
sua parte e que detinha autorização,pelo órgão competente, para efetivar a queimada
da palha.Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

A) A alegada autorização para a queima da palha de cana-de-açúcar é nula diante da proibição,


expressa no Código Florestal, do uso de fogo para se erradicar vegetação.

B) Caso seja comprovado que o arrendatário realizou a queimada,deve ser afastada a


responsabilidade do réu em ambas as ações.

147
C) Na ACP, haverá responsabilização objetiva, o que não ocorre com a ação ajuizada
pela FUNAI.

D) Os danos patrimoniais sofridos pela FUNAI caracterizam-se como dano ambiental


por ricochete. (certo)

E) O pedido de indenização na ACP tem de ser subsidiário ao pedido de recomposição


in natura, por ser a recomposição o principal interesse da tutela ambiental

- Entendimento do STJ sobre a queima da palha da cana de açúcar

AUTORIZAÇÃO. QUEIMA. PALHA. CANA-DE-AÇÚCAR.

A palha da cana-de-açúcar está inclusa no regime previsto pelo art. 27 da Lei n.


4.771/1965 (Código Florestal), daí sua queima sujeitar-se à autorização dos órgãos
ambientais competentes (parágrafo único do mencionado artigo de lei e do disposto
no Dec. n. 2.661/1998), sem prejuízo de outras exigências inerentes à tutela ambiental
decorrentes da constituição e das leis. Essa prática também proporciona a
responsabilização civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio
ambiente. A proibição de queima prevista no aludido artigo abrange todas as formas
de vegetação, inclusive as culturas renováveis, tal qual a cana-de-açúcar decorrente da
atividade agrícola. Anote-se não se tratar da palha recolhida no campo e transportada
para a queima em forno ou equivalente equipamento, mas sim da queimada
promovida no habitat natural, ao longo da lavoura, o que a caracteriza como qualquer
outra vegetação. Conforme precedente, as queimadas, principalmente as promovidas
pela atividade agrícola, são incompatíveis com os objetivos de proteção do meio
ambiente estabelecidos pelo ordenamento jurídico, quanto mais em época de
mudanças climáticas, quando qualquer exceção a essa proibição geral deve ser
interpretada restritivamente pelo administrador e pelo juiz. Precedentes citados: REsp
1.000.731-RO, DJe 8/9/2009; AgRg no REsp 1.038.813-SP, DJe 10/9/2009; AgRg no
REsp 738.031-SP, DJe 13/2/2009; REsp 439.456-SP, DJ 26/3/2007, e AgRg nos EDcl no
REsp 1.094.873-SP, DJe 17/8/2009. EREsp 418.565-SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgados em 29/9/2010.

- Área objeto da agressão pode ser maior que a referida na inicial sem julgamento ultra
ou extra petita (não há ofensa ao art. 492 do CPC de 2015)

ACP AMBIENTAL. JULGAMENTO EXTRA E ULTRA PETITA.

In casu, o recorrente alega violação do disposto nos arts. 128, 459, parágrafo único, e
460 do CPC, em razão de o tribunal a quo ter mantido a sentença do juízo singular a
qual, segundo o recorrente, excedeu o pedido articulado na exordial, visto que a ação
se refere à degradação da área de 180m² nos limites do Parque Estadual da Serra do
Mar e aquele juízo, alicerçado nas informações da perícia, decidiu que a área objeto
de degradação atingia 650m², sendo que o pedido inicial não se referiu às construções
indicadas na sentença. Ocorre, porém, que a tutela ambiental é de natureza fungível,
de modo que a área objeto da agressão ambiental pode ser de extensão maior do
que a referida na inicial e, uma vez que verificada pelo conjunto probatório, não
148
importa julgamento ultra ou extra petita. A decisão extra petita é aquela
inaproveitável por conferir à parte providência diversa da ansiada, em virtude do
deferimento de pedido diverso ou fundamentado em causa petendi não eleita.
Consequentemente, não há tal decisão quando o juiz analisa o pedido e aplica o
direito com fundamentos diversos dos expostos na inicial ou mesmo na apelação,
desde que baseados em fatos ligados ao fato base. Na espécie, o juiz decidiu
a quaestio iurisdentro dos limites postos pelas partes, pois a ação tratava de
ocupação e supressão de vegetação nativa e construção de diversas edificações
irregulares em área menor que a constatada pela perícia, sem aprovação dos órgãos
competentes do município e do estado. Assim, a análise do pedido dentro dos limites
postos pela parte não incide no vício in procedendo do julgamento ultra ou extra
petita, afastando, portanto, a suposta ofensa aos arts. 460 e 461 do CPC. Com esses
fundamentos, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no
REsp 1.164.488-DF, DJe 7/6/2010; RMS 26.276-SP, DJe 19/10/2009; AgRg no AgRg no
REsp 825.954-PR, DJe 15/12/2008; AgRg no Ag 1.038.295-RS, DJe 3/12/2008, e AgRg
no Ag 668.909-SP, DJ 20/11/2006. REsp 1.107.219-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
2/9/2010.

- Alcança pessoas públicas. (Informativo 427 STJ - art. 225 e 23, VI) Alguns dizem que
apena sociedade.

- Ação ou omissão (dever de fiscalizar quem dê causa ao dano ambiental)

- STJ responsabilidade civil por dano ambiental (dano ambiental difuso) é


imprescritível. Condutas permanentes ou instantâneas com efeitos permanentes. Não
há direito adquirido a poluir.

“A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as infrações ao meio ambiente


são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações de pretensão de cessação dos
danos ambientais são imprescritíveis.” AgRg no REsp 1421163 / SP, j. 06/11/2014

"o dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os
poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano
ambiental." (REsp 1120117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009)

TRF1 - prova oral - Qual a diferença entre a teoria do risco integral e a do risco criado,
e qual delas o ordenamento adotou?

TRF1 - prova oral - A pretensão reparatória de dano coletivo é imprescritível? A


pretensão reparatória ambiental coletiva é prescritível?

- Dano moral coletivo STJ negava. (Sociedade não pode sentir dor). Hoje aceita. Dor
não é conteúdo do dano moral. Reflexo acidental. Dano moral é violação a direito da
personalidade. (direito de personalidade da coletividade)

149
(...) Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei
7.347/1985 permite a cumulação das condenações em obrigações de fazer ou não
fazer e indenização pecuniária em sede de ação civil pública, a fim de possibilitar a
concreta e cabal reparação do dano ambiental pretérito, já consumado. Microssistema
de tutela coletiva.
(...)
O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo
massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a
repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado. (...)
(REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 24/09/2013)

TRF4 - 2016

Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Segundo a jurisprudência


dominante do Superior Tribunal de Justiça:
I. Considerando que o dano moral se fundamenta na dor e no sofrimento psíquico,
é impossível a sua constatação em ação civil pública ambiental, diante da
indeterminabilidade e da transindividualidade dos sujeitos passivos.
II. O dano moral coletivo prescinde da comprovação de dor e abalo psíquico, em se
tratando de lesão a direitos difusos e coletivos.
III. É possível a condenação em dano moral coletivo ambiental se provados a dor e
o abalo psíquico sofridos pela comunidade atingida.

a) Está correta apenas a assertiva I.


b) Está correta apenas a assertiva II. (CORRETA)
c) Está correta apenas a assertiva III.
d)Estão corretas todas as assertivas.
e) Nenhuma assertiva está correta.

- STJ: Não há dano moral se não for concedida autorização para desmatamento e
queimada

Informativo 531, REsp 1.287.068-RR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em


10/9/2013.

“Não gera dano moral a conduta do Ibama de, após alguns anos concedendo
autorizações para desmatamento e queimada em determinado terreno com a
finalidade de preparar o solo para atividade agrícola, deixar de fazê-lo ao constatar
que o referido terreno integra área de preservação ambiental.”

Negativa da autarquia recorrente em conceder novas autorizações para queimada e


desmatamento constitui a harmonização de dois valores constitucionais supremos:

o desenvolvimento do trabalho rural como fator de dignificação da pessoa humana, de


erradicação da pobreza e de valorização do núcleo familiar X preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado como condição de continuidade do
desenvolvimento da própria atividade rural.

150
“a eliminação dos fatores de agressão ao meio ambiente, muito antes de obstar a
exploração agrícola ou mesmo reduzir sua produtividade, objetiva, justamente,
garantir a existência de condições futuras para a continuidade do desenvolvimento da
atividade de campo.”

- Reparação (gênero) integral (todos elementos e impactos). Restauração (retorno ao


status quo ante/indene) e compensação (não há como retornar ao status
quo/equivalente/oferta vantagem ambiental proporcional ou dinheiro FDDC)

STJ - 2a Turma

MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO. INDENIZAÇÃO.

O princípio da reparação in integrum aplica-se ao dano ambiental. Com isso, a


obrigação de recuperar o meio ambiente degradado é compatível com a indenização
pecuniária por eventuais prejuízos, até sua restauração plena. Contudo, se quem
degradou promoveu a restauração imediata e completa do bem lesado ao status quo
ante, em regra, não se fala em indenização. Já os benefícios econômicos que aquele
auferiu com a exploração ilegal do meio ambiente (bem de uso comum do povo,
conforme o art. 225, caput, da CF/1988) devem reverter à coletividade, tal qual no
caso, em que se explorou garimpo ilegal de ouro em área de preservação permanente
sem qualquer licença ambiental de funcionamento ou autorização para
desmatamento. Com esse entendimento, a Turma deu parcial provimento ao recurso
para reconhecer, em tese, a possibilidade de cumulação de indenização pecuniária e
obrigações de fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, o que impõe a
devolução dos autos ao tribunal de origem para que verifique existir dano indenizável
e seu eventual quantum debeatur. Precedente citado: REsp 1.120.117-AC, Dje
19/11/2009. REsp 1.114.893-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2010.

- Grau de prioridade. 1 Restauração. 2 Compensação pelo equivalente. Ex.


Reflorestamento, limpeza de rio. 3 Compensação em dinheiro

- O causador do dano ambiental responde não apenas por sua reparação, como
também por todas as despesas dele decorrentes, inclusive as de contenção da
poluição. AgRg no REsp 1391259 / SP, j. 16/12/2014

- Se não há bens afasta personalidade jurídica. Teoria Menor.

9605/98 Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do
meio ambiente.

TRF1 - prova oral - Eu posso decretar a desconsideração da pessoa jurídica em relação


ao direito ambiental? Fale sobre a Teoria Menor.

151
STJ – Resp 1.071.741 – Informativo 388 – Dano ambiental em razão de invasão e
construção de particular em UC. Responsabilidade solidária do Estado. Omissão ilícita.
Contribui indiretamente para o dano. Deve o Estado buscar ação regressiva.

Omissão na fiscalização do Estado

Jurisprudência em teses STJ

Tese 8

“Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a


omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a
concretização ou o agravamento do dano causado.”

STJ entendia ser responsabilidade subjetiva, cf. REsp. 647493 – 2007 – precisa de culpa
pois é omissivo

REsp. 1071741/2009 responsabilidade objetiva do Estado mesmo na omissão

A execução é subsidiária, na hipótese de omissão de cumprimento adequado do seu


dever de fiscalizar que foi determinante para a concretização ou o agravamento do
dano causado pelo seu causador direto AgRg no REsp 1.001.780 /2011

PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. ADOÇÃO COMO RAZÕES


DEDECIDIR DE PARECER EXARADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA
DENULIDADE. ART. 2º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 4.771/65. DANO AO
MEIOAMBIENTE. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. ARTS. 3º,IV,
C/C 14, § 1º, DA LEI 6.938/81. DEVER DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO.
1. A jurisprudência predominante no STJ é no sentido de que, em matéria de proteção
ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de cumprimento
adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o
agravamento do dano causado pelo seu causador direto. Trata-se, todavia, de
responsabilidade subsidiária, cuja execução poderá ser promovida caso o degradador
direto não cumprir a obrigação, "seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou
insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, por qualquer razão, inclusive
técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta,assegurado, sempre, o
direito de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade
jurídica, conforme preceitua o art. 50 do Código Civil" (REsp 1.071.741/SP, 2ª T.,
Min.Herman Benjamin, DJe de 16/12/2010).
2. Examinar se, no caso, a omissão foi ou não "determinante" (vale dizer, causa
suficiente ou concorrente) para a "concretização ou o agravamento do dano" é juízo
que envolve exame das circunstâncias fáticas da causa, o que encontra óbice na
Súmula 07/STJ.
3. Agravos regimentais desprovidos.
AgRg no REsp 1001780 / PRAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL2007/0247653-4
VUNESP/ TJRJ/ 2016

152
A responsabilidade civil do Estado, por dano ambiental, em caso de omissão de
cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar, será

a) subsidiária, se a omissão for determinante para concretização ou agravamento


do dano, pois a responsabilidade é subjetiva.
b) solidária, se a omissão for determinante para concretização ou agravamento do dano,
porém de execução subsidiária. (correta)
c) subsidiária, independentemente da omissão ser determinante para
concretização ou agravamento do dano.
d) solidária, independentemente da omissão ser determinante para concretização
ou agravamento do dano, pois a responsabilidade é subjetiva.
e) solidária, ainda que a omissão não seja determinante para concretização ou
agravamento do dano.

TRF1/2015. Juiz Federal. Prova Discursiva


Considerando as três principais teorias e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(REn.º130.764–1 PARANÁ), explique em que consiste a teoria da interrupção do nexo
causal ou a relação causal imediata para efeito de responsabilidade civil do Estado.
Tal teoria resolve definitivamente a questão do nexo causal para efeito de
responsabilidade do Estado? Essa teoria é aplicável à responsabilidade por dano
ambiental? Justifique sua resposta.

RE 130764 PR. Julgado em 1992. R. Moreira Alves

Responsabilidade civil do Estado. Dano decorrente de assalto por quadrilha de que


fazia parte preso foragido varios meses antes. - A responsabilidade do Estado, embora
objetiva por força do disposto no artigo 107 da Emenda Constitucional n. 1/69 (e,
atualmente, no parágrafo 6. do artigo 37 da Carta Magna), não dispensa, obviamente,
o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade entre a ação ou a omissão
atribuida a seus agentes e o dano causado a terceiros. - Em nosso sistema jurídico,
como resulta do disposto no artigo 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto ao
nexo de causalidade e a teoria do dano direto e imediato, também denominada teoria
da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele dispositivo da codificação civil
diga respeito a impropriamente denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele
também a responsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela
que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das
outras duas teorias existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade
adequada. - No caso, em face dos fatos tidos como certos pelo acórdão recorrido, e
com base nos quais reconheceu ele o nexo de causalidade indispensável para o
reconhecimento da responsabilidade objetiva constitucional, e inequívoco que o nexo
de causalidade inexiste, e, portanto, não pode haver a incidência da responsabilidade
prevista no artigo 107 da Emenda Constitucional n. 1/69, a que corresponde o
parágrafo 6. do artigo 37 da atual Constituição. Com efeito, o dano decorrente do
assalto por uma quadrilha de que participava um dos evadidos da prisão não foi o

153
efeito necessario da omissão da autoridade pública que o acórdão recorrido teve como
causa da fuga dele, mas resultou de concausas, como a formação da quadrilha, e o
assalto ocorrido cerca de vinte e um meses após a evasão. Recurso extraordinário
conhecido e provido.

- 3 teorias. Teoria da Equivalência das condições (conditio sine qua non). Teoria da
Causalidade Adequada. Teoria Do Dano Direto e Imediato (interrupção do nexo
causal).

11. Sistema Nacional de Unidades de Conservação

- Dever do poder público. (Par 1º do 225)

- espaços especialmente protegidos (UC, APP e RL, AUR, Apicuns e Salgados).

Áreas de Uso Restrito – art. 10 e 11 – CAPÍTULO III Novo Código Florestal - Pantanal e
planícies pantaneiras

CAPÍTULO III

DAS ÁREAS DE USO RESTRITO

Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração


ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as recomendações técnicas dos
órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para uso
alternativo do solo condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente,
com base nas recomendações mencionadas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº
12.727, de 2012).

Apicuns e Salgados – Capítulo III-A Novo Código Florestal

CAPÍTULO III-A
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL
DOS APICUNS E SALGADOS
Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4o do art. 225 da
Constituição Federal, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo
ecologicamente sustentável. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 1o Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura e
salinas, desde que observados os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.727,
de 2012).

154
CF: Art. 225. [...] § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

STJ: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DESMATAMENTO. FLORESTA


AMAZÔNICA. DANO OCORRIDO EM PROPRIEDADE PRIVADA. ÁREA DE PARQUE
ESTADUAL. COMPETÊNCIA ESTADUAL. 1. Não há se confundir patrimônio nacional
com bem da União. Aquela locução revela proclamação de defesa de interesses do
Brasil diante de eventuais ingerências estrangeiras. Tendo o crime de desmatamento
ocorrido em propriedade particular, área que já pertenceu – hoje não mais – a Parque
Estadual, não há se falar em lesão a bem da União. Ademais, como o delito não foi
praticado em detrimento do IBAMA, que apenas fiscalizou a fazenda do réu, ausente
prejuízo para a União. 2. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO DE
DIREITO DA 1A VARA DE CEREJEIRAS – RO, suscitante. (CC 99.294/RO, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe
21/08/2009).

- Proteção da biodiversidade, do bioma. espaço territorial especialmente protegido


(APP, reserva legal e UCs)

Proteção de biodiversidade

Antecedentes

Yellowstone (1872)

Brasil. Itatiaia (1937) e Iguaçu (1939)

4771/65 disciplinou criação de Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Florestas


Nacionais.

1988 – pela primeira vez na CF – criação de espaços ambientalmente protegidos

Art. 225, Par 1º, III

UC – conceito legal (9985/00)

Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as


águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo
Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

- Características. Relevância natural, Oficialismo. Definição territorial. Objetivo


preservacionista. Regime especial

155
Prova oral TRF5 - 2012 - O que se entende por unidade de conservação e qual sua
natureza jurídica? Quais os requisitos necessários para a implementação das unidades
de conservação? É necessária a consulta pública?

TRF1 2009 O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais,
estaduais e municipais. Os objetivos do SNUC incluem

A) a promoção da utilização comercial da biodiversidade no processo de


desenvolvimento econômico do país.

B) a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais, bem


como a proteção de paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza cênica.
(certo)

C) a contribuição para manter a diversidade biológica e dos recursos genéticos no


território nacional e nas águas jurisdicionais, além da replicação das espécies
ameaçadas de extinção por meio do processo de clonagem.

D) o estímulo à substituição dos insumos naturais pelos equivalentes sintéticos na


produção dos fármacos industriais, bem como a regulação do uso e da ocupação do
solo nas estações ecológicas.
E o estímulo à utilização progressiva do bioma do cerrado na manutenção do equilíbrio
ecológico da região central do país, além da proteção e recuperação dos recursos
edáficos (relacionados ao solo) utilizados na produção de biocombustíveis.

TRF5 2006 “A ação do Poder Público, no domínio da proteção ecológica, há de ser


compreendida como um meio essencial à tutela de valores de transcendência social,
destinados a favorecer, em última análise, os superiores interesses da própria
coletividade” certo

- art. 6º. Composição do SNUC

Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente -


Conama, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;

II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o


Sistema; e

III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo,


os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516,
2007)

156
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do
Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para
atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não
possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e
cujas características permitam, em relação a estas, uma clara distinção.

- Unidades de Proteção Integral 5 (proteção intensa. Só uso indireto. Sem consumo,


coleta e dano). EEREBIPANAMONAREVIS

- Uso sustentável 7 (conservação com uso sustentável)

APA, ARIE, FLONA, REXTRA, REFA, REDESUS, RPPN

Admitem uso direto e indireto (pode envolver consumo, coleta ou um dano tolerável.
Regime de manejo sustentável observado o zoneamento)

- áreas públicas ou particulares

Procurador Federal 2006 “As unidades de conservação são espaços territoriais de


propriedade pública destinados ao estudo e preservação dos ecossistemas” errado. Há
áreas particulares

- Nas UPI EEREBIPANA tem posse e domínio públicos. (MONAREVIS não. Pode ser
constituído por áreas particulares se houver compatibilidade. Se não existir há
desapropriação)

- EEREBI é proibida a visitação pública exceto quando com objetivo educacional.


PANAMONAREVIS visitação é sujeita a normas e restrições do Plano de Manejo.

- Nas USU Floresta Nacional e Reserva de Fauna tem posse e domínio públicos. A
Reserva Extrativista e Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem domínio público
com concessão de uso.

Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas
Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato,
conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

- tutela meio ambiente natural e cultural. Modo de vida tradicional. Contrato é a


concessão de direito real de uso

- Manual de atuação 6ª CCR (UCs de proteção integral e comunidades tradicionais)

art. 39 do Decreto 4.340 de 2002:

"Art. 39. Enquanto não forem reassentadas, as condições de permanência das


populações tradicionais em Unidade de Conservação de Proteção Integral serão
reguladas por termo de compromisso, negociado entre o órgão executor e as
populações, ouvido o conselho da unidade de conservação."

- Reserva de desenvolvimento sustentável. Comunidade tradicional (não extrativista).


Admite propriedade privada. Art. 68 do ADCT. Quilombolas.

157
- lei 12.512/2011 – cria a Bolsa Verde para famílias pobres que desenvolvam extração
nas reservas extrativistas.

- Pesquisa científica em regra depende de autorização do gestor

Art. 32 § 2o A realização de pesquisas científicas nas unidades de conservação, exceto


Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, depende de
aprovação prévia e está sujeita à fiscalização do órgão responsável por sua
administração.

Procurador Federal 2010 “A pesquisa científica a ser desenvolvida nas reservas


biológicas não depende de autorização administrativa do órgão responsável pela
unidade , mas apenas da observância das condições estabelecidas em regulamento”
errado. Pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
unidade

- Todas UCs de Proteção Integral têm Conselho Consultivo

Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um


Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil,
por proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento
Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações
tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade.(Regulamento)

- Nas de Uso Sustentável RPPN não tem Conselho Consultivo. REXTRA e REDESUS tem
conselho deliberativo (art. 18 e 20). ARIE e REFA tem conselho com criação facultativa.
APA tem Conselho

TRF4 2008 “Nas áreas de conservação de uso indireto, é permitida a exploração dos
recursos naturais” errada. Na UPI não envolve consumo, coleta, dano ou destruição

- 3 entes podem criar (LC 140/11 e 9985/00 Art. 3o O Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de
conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.)

- ICMBIO. Finalidade. proteger a integridade do patrimônio genético (lista vermelha) e


UCs

- Criação de UC (lei ou decreto)

- Herman Benjamin. Judiciário pode por ACP constranger Poder Público a criar UC. Há
uma em Brasília criada por ordem judicial (ativismo judicial).

- Requisitos: estudos técnicos (bioma, categoria, limites territoriais) consulta (salvo


EsEc e Rebio, as mais restritivas).

158
- Consulta pública. Não é plebiscitária. Subsídios à definição da localização, dimensão e
limites adequados. (STF MS 25.347, Informativo 579).

- Parecer do Conselho Consultivo do Parque não substitui consulta pública.

"(...) O processo de criação e ampliação das unidades de conservação deve ser


precedido da regulamentação da lei, de estudos técnicos e de consulta pública. O
parecer emitido pelo Conselho Consultivo do Parque não pode substituir a consulta
exigida na lei. O Conselho não tem poderes para representar a população local."
(MS 24.184/DF, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Pleno)

- STJ possibilidade de o Estado fixar requisitos e formas próprias. Ex. não precisa de
consultas públicas.

- Possível criação de limitação provisória por 7 meses art. 22 A. Proíbe atividades salvo
agropecuária e já licenciadas. Evita desnaturar razão de ser da UC. Poderá proibir
atividades ambientalmente danosas

Art. 22-A. O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras


atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei,
decretar limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e
empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação ambiental,
para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de Conservação,
quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos
recursos naturais ali existentes. (Incluído pela Lei nº 11.132, de 2005) (Vide Decreto
de 2 de janeiro de 2005)

§ 1o Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constante do caput, na área


submetida a limitações administrativas, não serão permitidas atividades que importem
em exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa. (Incluído
pela Lei nº 11.132, de 2005)

§ 2o A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no


prazo de 7 (sete) meses, improrrogáveis, findo o qual fica extinta a limitação
administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.132, de 2005)

- Alteração e supressão. Lei formal. Proibição de retrocesso

TRF1 - prova oral - Pode o poder público extinguir APA’s, por exemplo, através de
decreto? A supressão somente mediante lei, aprovada pelo parlamento. Art. 225, §1º,
III da CF.

- Alteração benéfica não precisa (alteração que deve ser prejudicial). CF e art. 22, caput
e Parágrafo 6º e 7º da 9.985/00)

Criação ou ampliação – lei ou decreto

Alteração (com redução dos limites) ou supressão – reserva legal

159
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder
Público.(Regulamento)

§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação


dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que
obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.

§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só


pode ser feita mediante lei específica.

TRF2 - 2014

Em relação à extinção de reserva biológica estadual, assinale a alternativa correta:

a) Trata-se de ato discricionário do Poder Executivo.


b) Se a reserva foi criada por decreto pode ser extinta por decreto, se foi criada por lei
somente a lei pode extingui-la.
c) A reserva biológica pode ser extinta por decreto, mas mediante realização de estudo
prévio de impacto ambiental ao qual se dará ampla publicidade.
d) Reservas biológicas e da biosfera só podem ser extintas por emenda à convenção
internacional da biodiversidade.
e) Reserva biológica só pode ser extinta por lei do mesmo ente que a criou. (correta)

Ex. Uso sustentável pode para proteção integral sem lei

- MONAREVIS admitem propriedade privada se particular aceitar regras do gestor.


Senão desapropriação.

- APA disciplina o uso do solo. DF. Garantir ocupação que não gere prejuízo aos bens
ambientais

Art. 7º da LC 140/11

Art. 7o São ações administrativas da União:

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União,


exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

- critério do ente federativo instituidor da UC. Salvos APAs. Dentro da cidade

- Reserva Particular do Patrimônio Natural. Necessariamente privada. Particular


procura Icmbio. Acompanha adquirentes e sucessores. Ex. ecoturismo. Não incide mais
ITR.

160
Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
(Regulamento)

§ 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso


assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e
será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.

§ 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural,


conforme se dispuser em regulamento:

I - a pesquisa científica;

II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;

III - (VETADO)

§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão


orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio
Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da
unidade.

Procurador Federal 2006 “As unidades de conservação são espaços territoriais de


propriedade pública destinados ao estudo e preservação dos ecossistemas” errado. Há
áreas particulares

- Institutos paralelos

- Zona de amortecimento. Área limítrofe. Com limitações. Visa a afastar efeito de


borda

Informativo 526 do STJ, AgRg no REsp 1.373.302-CE, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 11/6/2013.

“O MPF possui legitimidade para propor, na Justiça Federal, ação civil pública que vise
à proteção de zona de amortecimento de parque nacional, ainda que a referida área
não seja de domínio da União.”

TRF1 2013 O MP, alegando iminente degradação ambiental, ajuizou ACP, visando
obstar a construção de um empreendimento comercial composto por dois
restaurantes, uma lanchonete e uma loja de conveniência em zona de amortecimento
de parque nacional federal, gerido pelo IBAMA. A ação foi ajuizada contra os
empreendedores e contra o estado que instaurou o procedimento de licenciamento.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

161
A) O parque nacional é uma unidade de conservação de uso sustentável, na qual
permitem-se recreação em contato com a natureza e turismo ecológico, o que legitima
a intenção de dotar a zona de amortecimento com a infraestrutura apresentada.

B) A edição de lei específica será necessária caso o poder público, para resolver o
impasse, decida ampliar o parque nacional sem modificar seus limites originais, apenas
estendendo-os para abranger a área do pretendido empreendimento.

C) O autor da ACP preocupa-se com os chamados efeitos de borda, que, embora


decorram de atividade antrópica fora das fronteiras da unidade de conservação, são da
esfera de competência do gestor dessa unidade. (correto)

D) A competência para julgar o feito é da justiça comum, pois a zona de


amortecimento é área particular e não é parte no feito a União, suas autarquias ou
empresa pública.

E) Deverão ser indenizadas pelo poder público eventuais limitações administrativas


impostas aos empreendedores no julgamento da ação, caso estejam impedidos de
explorar seus imóveis na forma pretendida.

TRF5 2015 Determinada lei federal criou um refúgio de vida silvestre que abrange
áreas particulares repletas de nascentes e lagos.Decorridos seis anos, os proprietários
das áreas abrangidas ajuizaram ação de indenização por desapropriação indireta. O
poder público apresentou contestação em que alegou prescrição e o descabimento de
indenização, uma vez que a criação da unidade de conservação não impôs gravames
adicionais além dos que já incidiam por força de leis anteriores, como o Código
Florestal. O poder público aduziu, ainda, que não promovera o desapossamento das
terras. Com relação a essa situação hipotética e considerando a legislação de regência
e a jurisprudência do STJ, assinale a opção correta.

A) O pagamento de indenização só ocorrerá se for caracterizada a desapropriação indireta,


pois outras restrições ao direito de propriedade não são indenizáveis.

“1. A desapropriação indireta somente se dá com o efetivo desapossamento do imóvel


em favor do ente expropriante, tal não ocorrendo com a simples limitação decorrente
da criação de área de preservação permanente, situação em que o proprietário
mantém o domínio da gleba mas com restrições impostas por norma de direito
ambiental. 2. Essa situação, por caracterizar-se como limitação administrativa, autoriza
seja o proprietário indenizado, limitada a sua pretensão, no entanto, ao prazo
prescricional quinquenal de que trata o art. 10 do Decreto-Lei 3.365/1941, disposição
de regência específica da matéria. 3. Precedente idêntico: AgRg no REsp 1.361.025/MG
(Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 18/04/2013, DJe
29/04/2013).”

162
STJ Informativo 508 de 2012

Segunda Turma

DIREITO ADMINISTRATIVO. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


DE RESSARCIMENTO.

A pretensão reparatória do esvaziamento do conteúdo econômico da propriedade


decorrente de limitações administrativas prescreve em cinco anos, nos termos do art.
10, parágrafo único, do Decreto-Lei n. 3.365/1941. Os danos eventualmente causados
pela limitação administrativa devem ser objeto de ação de direito pessoal, cujo prazo
prescricional é de cinco anos, e não de direito real, que seria o caso da desapropriação
indireta. A limitação administrativa distingue-se da desapropriação: nesta, há
transferência da propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral
indenização; naquela, há apenas restrição ao uso da propriedade imposta
genericamente a todos os proprietários, sem qualquer indenização. Dessa forma, as
restrições ao direito de propriedade impostas por normas ambientais, ainda que
esvaziem o conteúdo econômico, não constituem
desapropriação indireta. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.235.798-RS, DJe
13/4/2011; AgRg no REsp 1.192.971-SP, DJe 3/9/2010, e EREsp 901.319-SC, DJe
3/8/2009. AgRg noREsp 1.317.806-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
6/11/2012.

B) Há APPs na área objeto da lide, mas isso é irrelevante para o deslinde da causa.

C) Caso não tenha havido o desapossamento irreversível da propriedade, como alega o


poder público, não restará caracterizada a desapropriação indireta. (certa)

"(...)Se a restrição ao uso da propriedade esvaziar o seu valor econômico, deixará de


ser limitação para ser interdição de uso da propriedade, e, neste caso, o Poder Público
ficará obrigado a indenizar a restrição que aniquilou o direito dominial e suprimiu o
valor econômico do bem. (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 2009. 35ª ed., págs. 645/646.). Esta indenização, todavia, não se
fundará na existência de desapropriação indireta, pois, para que esta ocorra é
necessário que haja o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder Público. Desse
modo, as restrições ao direito de propriedade, impostas por normas ambientais, ainda
que esvaziem o conteúdo econômico, não se constituem desapropriação
indireta...(AgRg no AREsp 155.302/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 20/11/2012)”

D) No caso em apreço, a prescrição foi consumada, uma vez que é quinquenal o prazo
para se obter indenização da fazenda pública em decorrência de desapropriação
indireta.

“A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que, após a entrada em
vigor do Código Civil de 2002, é de dez anos o prazo de prescrição aplicável nas ações
de desapropriação indireta. A Turma entendeu que incide nessas hipóteses o mesmo
163
prazo previsto para o usucapião extraordinário por posse-trabalho, previsto no
parágrafo único do artigo 1.238 do Código, observadas as regras de transição prevista
no artigo 2.028 da Lei.”

E) A criação de unidade de conservação de proteção integral em área privada implica,


necessariamente, o pagamento de indenização

TRF2 - 2013

Em 2009, um particular ajuizou ação por desapropriação indireta em decorrência da


edição de normas, datadas do ano 2001, que constituíram como área de proteção
ambiental extensos trechos às margens de um lago, abrangendo a propriedade do
autor. Na petição inicial, este informou que, em virtude dessas normas, o poder
público registrou no cartório de imóveis a proibição de edificar por quase todo o seu
imóvel, esvaziando o conteúdo econômico desse bem. Daí o pedido de
reconhecimento da desapropriação indireta e, sucessivamente, o pleito de indenização
pelas restrições. Em contestação, o poder público alegou prescrição e, ainda, que não
houve desapropriação indireta, mas mera limitação administrativa não indenizável
que, ao contrário do alegado pelo autor, até incrementou o valor do imóvel, por ter
aumentado o interesse de turistas.

Acerca dessa situação hipotética e da legislação a ela pertinente, assinale a opção


correta.

a) O poder público só ficará obrigado a indenizar limitação administrativa decorrente


de criação de unidade de conservação em terras particulares se ficar configurada uma
restrição que esvazie totalmente o valor econômico do bem.

Limitações não são indenizáveis, salvo se comprovado o efetivo prejuízo (esvaziamento


do conteúdo econômico do bem.

Na limitação administrativa a prescrição é de 5 anos e a ação é de natureza pessoal.

b) Na situação em apreço, é irrelevante o argumento de que foi incrementado o interesse


turístico na área, pois, de acordo com a legislação pertinente, o proprietário será privado do
direito de estabelecer as condições para visitação pelo público.

c) A lei que instituiu o SNUC não especifica as categorias de unidades de conservação


que ensejam obrigatoriamente a transferência do domínio particular para o público,
devendo a apreciação ser feita caso a caso.

d) Na hipótese em questão, já transcorreu o prazo prescricional, quer se trate de caso


de desapropriação indireta ou de indenização por restrição de uso decorrente da
legislação ambiental.

164
STJ e prescrição

Desapropriação Indireta CC/16 20 anos (súmula 119 do STJ. ação real) CC/02 10 anos

Limitação Administrativa 5 anos (ação pessoal)

"A jurisprudência desta Corte é pacífica em considerar que o prazo prescricional, para
a ação de desapropriação indireta, de natureza real, é de 20 (vinte) anos (prazo da
prescrição aquisitiva previsto Código Civil de 1916), orientação essa consolidada na
antiga Súmula 119, publicada pela Primeira Seção em 8.11.1994." (REsp 944351 de
15/04/2013)

A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que, após a entrada em vigor do


Código Civil de 2002, é de dez anos o prazo de prescrição aplicável nas ações de
desapropriação indireta. Incide o prazo da usucapião extraordinária por posse-trabalho
(ou desapropriação por posse trabalho) do artigo 1.238, P. único do CC.

Ambos são situações fáticas. Desapropriação indireta é um fato administrativo (Estado


se apropria de bem particular, sem observância da lei) E posse-trabalho está
relacionada a obras/serviços de caráter produtivo.

regras de transição no 2028 do CC/02

e) A desapropriação indireta pode caracterizar-se mesmo sem o efetivo apossamento


da propriedade individual pelo poder público.

STJ – 2013 "A criação de áreas especiais de proteção ambiental - salvo quando tratar-
se de algumas unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável em
que a lei impõe que o domínio seja público – configura limitação administrativa, que se
distingue da desapropriação. Nesta, há transferência da propriedade individual para o
domínio do expropriante com integral indenização; naquela, há apenas restrição ao
uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários, sem qualquer
indenização. 2. Se a restrição ao uso da propriedade esvaziar o seu valor econômico,
deixará de ser limitação para ser interdição de uso da propriedade, e, neste caso, o
Poder Público ficará obrigado a indenizar a restrição que aniquilou o direito dominial e
suprimiu o valor econômico do bem. (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo
Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2009. 35ª ed., págs. 645/646.) 3. Esta indenização,
todavia, não se fundará na existência de desapropriação indireta, pois, para que esta
ocorra é necessário que haja o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder
Público. Desse modo, as restrições ao direito de propriedade, impostas por normas
ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não se constituem
desapropriação indireta. 4. Assim, ainda que ocorrido danos aos agravados, em face de
eventual esvaziamento econômico de propriedade, tais devem ser indenizados pelo
Estado, por meio de ação de direito pessoal fundada na responsabilidade aquiliana,
cujo prazo prescricional é de 5 anos, nos termos do art. 10, parágrafo único, do
Decreto-Lei n. 3.365/41.

- APA e RPPN não possuem zona de amortecimento (TRF4). Art. 25 SNUC

165
- Mosaico de Ucs. Ministro MA declara. Visa a proteção comum de todas as áreas para
melhor gerir

- corredor ecológico

1 lateral a outra. Limítrofe. Garantir fluxo gênico

Plano de Manejo

- STF possibilidade de dupla afetação em Ucs

Regime de UC com TI (caso Raposa Serra do Sol)

- Licenciamento e UC. Se tiver EIA/RIMA empreendedor tem que pagar para fomentar
uma uc de proteção integral. A compensação é constitucional. Admite-se antecipação
da responsabilidade civil. ADI 3378. Responsabilidade civil independe do ato ilícito.
Reparação por compensação

STF
Compartilhamento-compensação é constitucional. Órgão licenciador fixa valor de
acordo com impacto ambiental. Densifica usuário-pagador. Inconstitucional a
expressão de que o valor não pode ser inferior a 0,5% dos custos do empreendimento.
A proporção é do impacto ambiental após estudo com contraditório

Decreto 4340 -
“Art. 31-A. O Valor da Compensação Ambiental - CA será calculado pelo produto do
Grau de Impacto - GI com o Valor de Referência - VR, de acordo com a fórmula a
seguir:
CA = VR x GI, onde:
CA = Valor da Compensação Ambiental;
VR = somatório dos investimentos necessários para implantação do empreendimento,
não incluídos os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos
no procedimento de licenciamento ambiental para mitigação de impactos causados
pelo empreendimento, bem como os encargos e custos incidentes sobre o
financiamento do empreendimento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com
apólices e prêmios de seguros pessoais e reais;

TRF1 2015 Dado que, em determinadas situações, o instrumento do licenciamento


ambiental se relaciona com as unidades de conservação da natureza, assinale a opção
correta de acordo com a legislação ambiental e sua jurisprudência.

“A indicação, pelo órgão licenciador, do montante total a ser pago a título de


compensação ambiental, à luz do entendimento do STF, deve ocorrer de acordo com o
grau de impacto significativo negativo do empreendimento indicado no EIA e
respectivo relatório (EIA/RIMA).”

166
- Se houver dano a UC no empreendimento com EIA/RIMA o licenciamento precisa
também da autorização do ICMbio

- Lei 9985/00 Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na
estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de conservação.

TRF1 2015 Acerca do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e das normas


relativas à criação, implantação e gestão dessas unidades, assinale a opção correta “ O
subsolo e o espaço aéreo, desde que contribuam para a estabilidade do ecossistema
protegido, integram os limites das unidades de conservação.”

- STF MS 25.347, Informativo 579 – é possível criar mais de uma UC através de um


único processo administrativo. O importante é respeitar os requisitos legais para a
instituição de cada uma das UCs.

APA

TRF2 - 2014

Em relação às áreas de proteção ambiental – APAS, assinale a opção correta:

a) São unidades de conservação de proteção integral que têm como objetivo básico a
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental e de recreação e turismo ecológico.

Conceito de Parque Nacional

Art. 11.O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

b) São unidades de conservação que admitem o uso residencial, mas que são
incompatíveis com o exercício de qualquer atividade econômica.

c) São espaços especialmente protegidos cuja criação deve ser precedida da devida
desapropriação, sendo vedado o exercício de atividade econômica, excetuada aquela
conduzida pela população tradicional.

d) São unidades de conservação de uso sustentável nas quais são permitidas apenas a
visitação pública e as atividades de ecoturismo.

e) São unidades de conservação de uso sustentável com certo grau de ocupação


humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, onde
será permitido o exercício de atividade econômica desde que compatível com os
atributos que justificaram sua criação. (correta)

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Art. 15.A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau
de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.(Regulamento)

§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.

§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e


restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de
Proteção Ambiental.

§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas


sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.

§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições


para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.

§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão


responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se
dispuser no regulamento desta Lei.

TRF4 2016

Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Acerca da Lei Federal nº


9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza:

I. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza é composto pelas


Unidades de Conservação Federais, Estaduais e Municipais. (certa)

Art. 3o O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é


constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.

II. As Unidades de Conservação podem ser divididas entre Proteção Integral e de


Uso Sustentável, e, em todas as situações, haverá a transferência do título de
propriedade ao ente federativo que a instituiu.

Podem ser particulares o Monumento Natural, o Refúgio de Vida Silvestre, Área do


Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico...

III. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação é composto por um órgão


consultivo, o Conama; um órgão Central, o Ministério do Meio Ambiente; e um

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órgão executivo, que, para as Unidades de Conservação Federais, pode ser o
Instituto Chico Mendes ou o Ibama. (certa)

Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama,
com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o
Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os
órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação."

IV. Todas as unidades de conservação instituídas legalmente possuem zona de


amortecimento, que tem como objetivo minimizar os impactos negativos da
atividade humana sobre a unidade.

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva


Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e,
quando conveniente, corredores ecológicos

Questão CESPE quase igual


As unidades de conservação devem possuir zonas de amortecimento, com exceção das
áreas de proteção ambiental e das reservas particulares do patrimônio natural. (Ano:
2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia) (correto)

V. É permitida a ocupação das Unidades de Conservação para fins de pesquisa


científica, independentemente de autorização do órgão gestor respectivo.

Precisa de autorização

a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.


b) Estão corretas apenas as assertivas I e III. (certa)
c) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.
d) Estão corretas apenas as assertivas III e IV.
e) Estão corretas apenas as assertivas III e V.

Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos podem ser definidas


na criação da UC ou posteriormente.

169
84 TRF2/2017

Em relação às Unidades de Conservação é correto afirmar que:

a) O licenciamento de atividade desenvolvida em área de proteção ambiental federal é


sempre de competência da União.

b) O resultado das consultas públicas prévias à criação de unidades de conservação só


vincula o Poder Executivo quando houver participação da maioria da população
diretamente interessada e desde que a consulta seja feita com acompanhamento do
Tribunal Regional Eleitoral.

c) A zona de amortecimento de uma unidade de conservação deve ter seus limites


definidos, seja no ato de criação da unidade ou posteriormente. (certo)

Lei 9.985/2000

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva


Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e,
quando conveniente, corredores ecológicos.(Regulamento)

§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas


específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de
amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação.

§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as


respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no ato de criação da
unidade ou posteriormente.

d) Nas unidades de conservação de proteção integral não são permitidas atividades


com finalidades lucrativas.

e) Nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável só são admitidas visitas de parentes


dos residentes que façam parte da população tradicional abrigada pela reserva.

A lei do SNUC determina que a área de uma unidade de conservação do grupo de


proteção integral é considerada zona rural para os efeitos legais. (Ano: 2015 Banca:
FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia)

Art. 49. A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral é


considerada zona rural, para os efeitos legais.

Nos parques estaduais e nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)


podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis
com as finalidades da unidade. (Ano: 2015 Banca: FMP Órgão: DPE-PA Prova: Defensor
Público Substituto)

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Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de conservação de espécies não
autóctones.

§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Proteção Ambiental, as


Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento
Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às
atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se
dispuser em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

§ 2o Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e


Monumentos Naturais podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas
considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que
dispuser o seu Plano de Manejo.

12. Novo Código Florestal

- Protege florestas e demais formas de vegetação nativa. Também cerrado (a nossa


caixa d´água/esponja), caatinga. Bens de interesse comum (art. 2º)

- Imóveis rurais e urbanos

- Marcos legais Lei 12651/12 (norma geral - não se autointitula de código florestal) e
11284/06

- Ambientalistas e ruralistas (proteção e utilização)

- competência legislativa concorrente e material comum

- Desde 1934 conceituou meio ambiente como bem de uso comum

- Definições. Art. 3º

IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente
a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,
admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de


benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos
produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços;

CESPE/AGU/2015
86 A regularidade da reserva legal envolve a conservação de sua vegetação nativa, de
modo que a exploração econômica dessa área deve ser feita mediante plano de
manejo sustentável previamente aprovado pelo órgão ambiental competente do
SISNAMA, sem prejuízo da observância das demais normas ambientais pertinentes.
Certa

171
Limitações restritivas ao direito de propriedade (APP e RL)

STJ dispensa prova de nexo causal e culpa para o dever de manter APP e RL "(...) A
jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de que os deveres associados às
APPs e à Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao
título de domínio ou posse, independente do fato de ter sido ou não o proprietário o
autor da degradação ambiental. Casos em que não há falar em culpa ou nexo causal
como determinantes do dever de recuperar a área de preservação permanente. (...).
(AgRg no AREsp 327.687/SP, 2ªT, j. 15/08/2013)

Resp1179316

“Obrigação de recompor mata nativa não depende de culpa do proprietário rural. O


proprietário não pode praticar nenhuma exploração econômica nessa área, nem
mesmo nas frações onde o reflorestamento só vá acontecer no futuro.

Segundo os advogados da usina, o percentual – 20%, no caso – deveria ser calculado


apenas sobre a área de vegetação nativa remanescente, e não sobre o total da
propriedade.

A recomposição é ditada por lei e incide sobre a propriedade, sendo por isso um
“dever jurídico que se transfere automaticamente com a transferência do domínio”.
Essa responsabilidade, segundo o STJ, independe de culpa do novo proprietário.

A usina paulista também pretendia explorar economicamente a área reservada, já que


a recuperação da mata é demorada “Está a recorrente obrigada a deixar de explorar a
área que for demarcada imediatamente. O prazo fixado no Código Florestal é para
recomposição, e não para deixar de utilizar a área”.

- Resp 1.381.191. julgado em 07/2016

Dever de reflorestar área de reserva é transferido ao adquirente do imóvel

A obrigação de demarcar, averbar e restaurar a área de reserva legal constitui dever


jurídico que se transfere automaticamente ao adquirente ou possuidor do imóvel. Com
base nessa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Segunda Turma
manteve decisão que determinou que a proprietária de uma fazenda reflorestasse
área de preservação desmatada antes da vigência do Código Florestal.

Na origem, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) ajuizou ação civil pública
ambiental contra a Agropecuária Iracema, dona de fazenda naquele estado, que
deixou de destinar 20% da área da propriedade à reserva legal, conforme prevê o
Código Florestal. As terras, na quase totalidade da extensão, estavam ocupadas com
plantações de cana-de-açúcar.

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O MPSP pediu a condenação da empresa a instituir, medir, demarcar e averbar, de
imediato, a reserva florestal de no mínimo 20% da propriedade; a deixar de explorar a
área destinada à reserva ambiental; a recompor a cobertura florestal; a pagar
indenização relativa aos danos ambientais considerados irrecuperáveis; e a deixar de
receber benefícios ou incentivos fiscais.

Prazo legal

O magistrado de primeiro grau julgou procedentes os pedidos. Contudo, a sentença foi


parcialmente reformada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que excluiu da
condenação a proibição de obter benefícios e incentivos fiscais e admitiu a
implantação da reserva no prazo legal.

No recurso especial dirigido ao STJ, a agropecuária pediu o afastamento da obrigação


de reflorestar a área. Segundo ela, o desmatamento ocorreu antes da entrada em
vigor do Código Florestal – inexistindo, à época, a obrigatoriedade de constituir reserva
legal.

“O direito adquirido não pode ser invocado para mitigar a salvaguarda ambiental, não
servindo para justificar o desmatamento da flora nativa, a ocupação de espaços
especialmente protegidos pela legislação, tampouco para autorizar a continuidade de
conduta potencialmente lesiva ao meio ambiente”, afirmou a relatora do caso,
desembargadora convocada Diva Malerbi.

Ela explicou que, nesse caso, a lei não pode retroagir, porque a obrigação de instituir a
área de reserva legal e de recompor a cobertura florestal e as áreas de preservação
permanente foi estabelecida após a vigência das leis que regem a matéria.

Conservar

O dever de assegurar o meio ambiente, disse a desembargadora convocada, não se


limita à proibição da atividade degradatória, abrangendo a obrigatoriedade de
conservar e regenerar os processos ecológicos. A relatora lembrou a jurisprudência do
STJ no tocante à matéria.

Segundo a magistrada, a obrigação de demarcar, averbar e restaurar área de reserva


legal constitui dever jurídico que se transfere automaticamente ao adquirente ou
possuidor do imóvel.

O STJ, conforme ela destacou, firmou entendimento de que a delimitação e averbação


da área de reserva legal independem da existência de floresta ou outras formas de
vegetação nativa da gleba, “sendo obrigação do proprietário ou adquirente do bem
imóvel adotar as providências necessárias à restauração ou à recuperação das
mesmas, a fim de readequar-se aos limites percentuais previstos na lei de regência”.

Por fim, ela esclareceu que a existência da área de reserva legal no âmbito das
propriedades rurais caracteriza-se como limitação administrativa necessária à proteção

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do meio ambiente para as presentes e futuras gerações e se encontra em harmonia
com a função ecológica da propriedade.

TRF3 - prova oral - O passivo ambiental é obrigação propter rem? E no caso de


desapropriação de bem imóvel em que há área degradada?

- Área de Preservação Permanente (artigos 4º a 6º)

Art. 3º

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por


vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

Conceito: coberta ou não por vegetação nativa

- Argumento de área já estar desmatada não vale. Natureza real.

- 11 incisos (prevista em lei. Art. 4º ante a localização. Ou ato do poder executivo.


interesse social ante a destinação). Se aproxima das unidades de conservação.

Ex. Cursos d´água de 30 a 500 m. Largura era com o nível de cheia. O atual afirma que
é contada do leito regular do rio (nível regular de água). (reduziu limites de proteção
ambiental). Olho dágua 50 m. Encostas (45º ou mais) manguezais e alturas acima de
1800 m. Entorno de reservatórios lagoas e lagos. Dunas e vegetação fixadora.

- STJ. Informativo 459.

PROTEÇÃO AMBIENTAL. DUNAS.

Não só a vegetação fixadora de dunas está sujeita à proteção ambiental, pois é certo
que as próprias dunas, ao cabo, estão acolhidas no objetivo protetor da legislação.
Destaque-se que é objetiva a responsabilidade decorrente dos danos ambientais.
Precedentes citados: AgRg no Ag 928.652-RS, DJe 13/11/2009; REsp 115.599-RS, DJ
2/9/2002, e REsp 948.921-SP, DJe 11/11/2009. REsp 1.069.155-SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 7/12/2010.

- ato do poder executivo (art. 6º)

Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de


interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas
ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e


de rocha;

II - proteger as restingas ou veredas;

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III - proteger várzeas;

IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;

V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou


histórico;

VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.

IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.


(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

- Intervenção e supressão excepcional. Art. 8º

Art. 7o A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser


mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa
física ou jurídica, de direito público ou privado.

(...)

- Regra geral: intocabilidade e vedação do uso econômico direto. Exceções

Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação


Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social
ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas


somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação


Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4o poderá ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja
comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em
projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas
ocupadas por população de baixa renda.

§ 3o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução,


em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da
defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.

§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras


intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.

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Art. 9o É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação
Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto
ambiental.

- STF ADI 3540. Lei dá requisitos para intervenção e supressão. Ato administrativo pode
decidir sobre obras e atividades nas APPS.

Utilidade pública (energia ex. energia eólica, transportes, mineração, defesa civil)

Interesse social (uso para captação de água, populações tradicionais)

Baixo impacto ambiental (ecoturismo, coleta de produtos, pequena captação de água)

Art. 3º da lei 12.651/12

VIII - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de


transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo
urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia,
telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições
esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste
último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;

c) atividades e obras de defesa civil;

d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das


funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;

e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em


procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional
ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;

IX - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais


como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de
invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;

b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou


posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não
descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da
área;

c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades


educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas
as condições estabelecidas nesta Lei;

176
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas,
observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009;

e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de


efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e
essenciais da atividade;

f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,


outorgadas pela autoridade competente;

g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em


procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional
à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;

X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:

a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando


necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a
obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo
agroflorestal sustentável;

b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e


efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água,
quando couber;

c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;

d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de


comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas
rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores;

f) construção e manutenção de cercas na propriedade;

g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos


previstos na legislação aplicável;

h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de


mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de
acesso a recursos genéticos;

i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros


produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem
prejudique a função ambiental da área;

177
j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar,
incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não
descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função
ambiental da área;

k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo


impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;

22 MPF. Subjetiva “Em que circunstância pode dar-se a supressão de vegetação das
áreas consideradas de preservação permanente?”

- STJ Na desapropriação, é incabível a indenização da cobertura vegetal componente


de área de preservação permanente. STJ, REsp 1.090.607. 11/2/2015

Desapropriação

STJ “Na linha dos precedentes desta Corte, a cobertura vegetal somente deve ser
avaliada e indenizada, em separado, quando demonstrada a efetiva exploração
econômica dos recursos vegetais”
REsp 1107884 / SP, 23/11/2010

STF diferente
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESAPROPRIAÇÃO. ÁREA
SUJEITA À PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. A área de cobertura
vegetal sujeita à limitação legal e, conseqüentemente à vedação de atividade
extrativista não elimina o valor econômico das matas protegidas. Agravo regimental a
que se nega provimento” (AI nº 677.647/AP-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro
Eros Grau, DJ de 6/6/08).

“Ação de desapropriação indireta. Reserva Florestal Serra do Mar. Assente a


jurisprudência do Supremo Tribunal de que é devida indenização pela desapropriação
de área pertencente à reserva florestal Serra do Mar, independentemente das
limitações administrativas impostas para proteção ambiental dessa propriedade.
Precedentes” (AI nº 529.698/SP-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda
Pertence, DJ de 12/5/06).

AGU 2012 “Se tiver ocorrido, antes da transferência de propriedade de imóvel rural,
supressão parcial da vegetação situada em APP, o adquirente desse imóvel,
comprovada sua boa-fé, não será parte legítima para responder a ação cível com
pedido de restauração da área deteriorada” errada

178
Reserva legal

- artigos 12 a 19 da lei 12651/12

- conceito legal. Art. 3º

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de
modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

- Propriedade ou posse rural

Amazônia Legal – definição de lei.

- Áreas de floresta da Amazônia Legal 80%

- Áreas de cerrado da Amazônia Legal 35%

- Resto da Amazônia Legal 20%

- Outras partes do país 20%

- Antigamente se calculava de forma global a partir do bioma prevalecente. Hoje cada


bioma será calculado proporcionalmente (exploração e proteção)

- Estado-membro define a área de reserva legal. Ex. pode criar corredor ecológico para
fauna e flora transitar. Comunicar com uc, app. Evitar áreas mortas.

- Averba no RGI ou inscreve no CAR (fonte de informações). Até o CAR ser


implementado no RGI não paga

Art. 18, § 4o O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de


Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o
registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá
direito à gratuidade deste ato.

Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de Reserva
Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do parcelamento do solo
para fins urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as diretrizes
do plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da Constituição Federal.

De acordo com a Lei n. 12.651/12 (Código Florestal), o registro da Reserva Legal no


Cadastro Ambiental Rural (CAR) desobriga a averbação no Cartório de Registro de
Imóveis. Também prevê a referida lei que a inserção do imóvel rural em perímetro
urbano definido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da
manutenção da área de Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao
registro do parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art. 182 da

179
Constituição Federal. (Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de
Justiça - Vespertina) certa

Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de
Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito
nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados
para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao
desmatamento.

§ 1º A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão


ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do
proprietário ou possuidor rural:

I - identificação do proprietário ou possuidor rural;

II - comprovação da propriedade ou posse;

III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a


indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do
perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação
nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas
consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal.

Sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a Lei n. 12.651/12 estabelece que a inscrição
do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que, nos termos do
regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural, entre outras questões, a
identificação do proprietário ou possuidor rural e a comprovação da propriedade ou
posse. (Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça -
Vespertina) errada

- Reserva legal e usucapião (informativo 561 do STJ). Para registrar precisa averbar RL.
REsp 1.356.207-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/4/2015, DJe
7/5/2015.

“Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja
registrada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva
legal no Cadastro Ambiental Rural (CAR).”

Por uma construção jurisprudencial, respaldada em precedentes do STJ, firmou-se o


entendimento de que a averbação da reserva legal seria condição para o registro de
qualquer ato de transmissão, desmembramento ou retificação de área de imóvel rural

180
(REsp 831.212-MG, Terceira Turma, DJe 22/9/2009; RMS 18.301-MG, Segunda Turma,
DJ 3/10/2005).

TJDFT 2015 CESPE


“O registro de sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula em
cartório de registro de imóveis dispensa o prévio registro da reserva legal no cadastro
ambiental rural” (errada)

- RL decorre de lei. É limitação ao uso da propriedade (STJ Resp. 743.363). Não é


indenizável.

TRF2 2014

A Lei nº 12.651/12, chamada de novo Código Florestal, conceitua o instituto da


“reserva legal”. Assinale a opção correta:

a) Trata-se de reserva destinada a proteger espécies de fauna especialmente


ameaçados. (art. 12. Fauna silvestre e flora nativa)

b) Trata-se de unidade de conservação, instituída obrigatoriamente por lei, com a


finalidade de proteger paisagens naturais de rara beleza cênica. (Isso é objetivo da UC
do tipo RPPN. Aqui é assegurar uso econômico sustentável dos recursos naturais)

c) Trata-se de um tipo de área de preservação permanente, instituída por lei para a


defesa de aves migratórias. (RL é diferente de APP)

d) Trata-se de instituto, criado exatamente pelo Código Florestal, segundo o qual um


determinado percentual de terrenos localizados em área urbana deve ter sua
vegetação preservada, independentemente da área. (RL: área localizada no interior de
uma propriedade ou posse rural)

e) Trata-se de área localizada no interior de propriedade ou posse rural,


correspondente, em geral, a 20% da área total do terreno, com a função, dentre
outras, de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a
conservação da biodiversidade. (certa)

- É possível usucapião especial rural em propriedade menor que o módulo rural


estabelecido para a região. REsp 1.040.296 (junho de 2015)

- RPPN e RL não são tributadas por ITR

- Exploração por PMFS. Ex. retirar madeira. Livre exploração de recursos que não sejam
madeireiros. Ex. coleta. Reserva legal menos restritiva que APP

181
- Reserva legal é espécie de limitação administrativa. Não dá ensejo à indenização

- Conceito legal. Áreas rurais consolidadas. Edificações, benfeitorias ou


agrossilviculturas anteriores a a 22/7/2008. data do decreto 6514/2008. tipifica
infrações administrativas ambientais

IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente
a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,
admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

- Permite recomposição em padrões inferiores (sanções não eram legitímas). Precisa se


vincular ao PRA (Programa de Regularização Ambiental). Herman Benjamin diz que é
inconstitucional

- STJ informativo 539 Resp. 1.235.220

“Não se encontrando averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva


florestal não poderá ser excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito
de cálculo da produtividade do imóvel rural.”STJ. 2a Turma. REsp 1.235.220-PR, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/4/2014.

MPF 27º concurso

I – A reserva legal tem natureza jurídica de limitação administrativa, sendo imposta ao


proprietário ou possuidor de imóvel rural com o objetivo de assegurar o uso
econômico sustentável dos recursos naturais naquela área, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

II – A reserva legal é uma categoria de unidade de conservação de uso sustentável


instituída em área pública ou particular, com a função básica de compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
(errada)

III – A obrigação de recompor a área de preservação permanente é de caráter real,


transmitindo-se ao sucessor em caso de transferência de domínio ou posse do imóvel.

IV – A reserva legal constitui um mínimo ecológico do imóvel rural, sendo imposta pelo
Poder Público de forma geral e gratuita, mas, em caso de desapropriação, o
proprietário tem direito a indenização referente à cobertura florística nela existente,
desde que fiquem demonstradas a existência de aproveitamento econômico da
vegetação da reserva legal, autorização ambiental e regular plano de manejo aprovado
pelo órgão competente.

Alternativa certa: somente a II está errada

182
APP X RL

APP RL

Conceito legal. Art. 3º II APP: área protegida, III - RL: área localizada no
coberta ou não por interior de uma
vegetação nativa, com a propriedade ou posse
função ambiental de rural, delimitada nos
preservar os recursos termos do art. 12, com a
hídricos, a paisagem, a função de assegurar o uso
estabilidade geológica e a econômico de modo
biodiversidade, facilitar o sustentável dos recursos
fluxo gênico de fauna e naturais do imóvel rural,
flora, proteger o solo e auxiliar a conservação e a
assegurar o bem-estar das reabilitação dos processos
populações humanas; ecológicos e promover a
conservação da
biodiversidade, bem como
o abrigo e a proteção de
fauna silvestre e da flora
nativa;

Propriedades Rurais e urbanas Rurais

Instituição Lei ou ato administrativo lei

Supressão de vegetação Regra geral: intocabilidade Admite uso econômico


sustentável
Art. 8o A intervenção ou a
supressão de vegetação Art. 17. A Reserva Legal
nativa em Área de deve ser conservada com
Preservação Permanente cobertura de vegetação
somente ocorrerá nas nativa pelo proprietário do
hipóteses de utilidade imóvel rural, possuidor ou
pública, de interesse social ocupante a qualquer título,
ou de baixo impacto pessoa física ou jurídica, de
ambiental previstas nesta direito público ou privado.
Lei.
§ 1o Admite-se a
§ 1o A supressão de exploração econômica da
vegetação nativa protetora Reserva Legal mediante
de nascentes, dunas e manejo sustentável,
restingas somente poderá previamente aprovado
ser autorizada em caso de pelo órgão competente do
utilidade pública. Sisnama, de acordo com as
modalidades previstas no
§ 2o A intervenção ou a art. 20.
supressão de vegetação
nativa em Área de Art. 20. No manejo

183
Preservação Permanente sustentável da vegetação
de que tratam os incisos VI florestal da Reserva Legal,
e VII do caput do art. 4o serão adotadas práticas de
poderá ser autorizada, exploração seletiva nas
excepcionalmente, em modalidades de manejo
locais onde a função sustentável sem propósito
ecológica do manguezal comercial para consumo
esteja comprometida, para na propriedade e manejo
execução de obras sustentável para
habitacionais e de exploração florestal com
urbanização, inseridas em propósito comercial.
projetos de regularização
fundiária de interesse
social, em áreas urbanas
consolidadas ocupadas por
população de baixa renda.

§ 3o É dispensada a
autorização do órgão
ambiental competente
para a execução, em
caráter de urgência, de
atividades de segurança
nacional e obras de
interesse da defesa civil
destinadas à prevenção e
mitigação de acidentes em
áreas urbanas.

§ 4o Não haverá, em
qualquer hipótese, direito
à regularização de futuras
intervenções ou
supressões de vegetação
nativa, além das previstas
nesta Lei.

Tributação Não incide ITR. Não incide ITR

Incide IPTU

184
CESPE/AGU/2015 87 A reserva legal de propriedade ou posse rural define-se como
área protegida com a principal função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem e a estabilidade geológica no imóvel. Errada

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

(…);

II – Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta ou não por


vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

III – Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de
modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

TRF2 - 2014 (nessa prova uma questão de RL e uma de APP) Em relação às áreas de
preservação permanente “APPs”, assinale a opção correta:

a)São áreas protegidas, previstas no chamado novo Código Florestal, cobertas ou não
por vegetação nativa, cuja função ambiental inclui a preservação dos recursos hídricos
e da paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e a proteção do solo.
(correto)

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por


vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

b) São unidades de conservação criadas segundo tipologia prevista no novo Código


Florestal que se diferenciam da reserva legal pela restrição total da supressão e do
manejo de vegetação.

c) São áreas localizadas por ato administrativo em grandes propriedades, para


cumprimento da função socioambiental, que, na região sudeste, deve corresponder no
mínimo a 20% (vinte por cento) da área total do imóvel.

d) São unidades de conservação de proteção integral, criadas pelo novo Código


Florestal, incluindo topos de morro, faixas marginais de rios e áreas de restingas.

e) São áreas previstas no novo Código Florestal cuja vegetação só pode ser alterada
nos casos de utilidade pública relevante.

185
Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social
ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas


somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação


Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4o poderá ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja
comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em
projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas
ocupadas por população de baixa renda.

§ 3o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução,


em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da
defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.

§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras


intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.

TRF4 - 2016. Na mesma prova uma questão de APP e uma de RL.

Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.

As áreas de preservação permanente:


I. Admitem a regularização fundiária de interesse social.
Art. 64 da lei 12651/12 Na regularização fundiária de interesse social dos
assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam
Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio
da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de
julho de 2009.
II. Podem-se situar tanto em zonas rurais quanto em urbanas.
III. Permitem o acesso de pessoas e de animais para a obtenção de água e para a
realização de atividades de baixo impacto ambiental.

a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.


b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c) Estão corretas apenas as assertivas II e III.
d) Estão corretas todas as assertivas. (correto)
e) Nenhuma assertiva está correta.

186
TRF4 - 2016 - Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.

I. Existindo licença de construir concedida pelo Município, não há que se cogitar de


limitações ambientais ao direito de construir em área urbana.
II. É permitida a exploração florestal com propósito comercial em áreas de reserva
legal, mediante manejo sustentável aprovado por órgão ambiental.
III. Segundo a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, embora
seja possível, em tese, a cumulação da obrigação de reparar o dano ambiental
(obrigação de fazer) com a de indenizar, esta última não será devida se houver
restauração completa do bem lesado.

Corretas II e III

a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.


b)Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c)Estão corretas apenas as assertivas II e III.
d)Estão corretas todas as assertivas.
e)Nenhuma assertiva está correta.

- De acordo com o código Florestal o tratamento dado às terras indígenas demarcadas


e áreas tituladas de comunidades tradicionais é o do inciso V do art. 3º

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o


trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os
assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o da
Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento dispensado aos
imóveis a que se refere o inciso V deste artigo às propriedades e posses rurais com até
4 (quatro) módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às
terras indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e comunidades
tradicionais que façam uso coletivo do seu território.

- Informativo 570 do STJ


Quinta Turma
DIREITO PENAL E AMBIENTAL. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DO ART. 48 DA LEI
9.605/1998.

A tipificação da conduta descrita no art. 48 da Lei 9.605/1998 prescinde de a área ser


de preservação permanente. Isso porque o referido tipo penal descreve como
conduta criminosa o simples fato de "impedir ou dificultar a regeneração natural de
florestas e demais formas de vegetação". Precedente citado: REsp 849.423-SP, Quinta
Turma, DJ 16/10/2006. AgRg no REsp 1.498.059-RS, Rel. Min. Leopoldo de Arruda

187
Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 17/9/2015, DJe
1º/10/2015.

Novidades sobre o Código Florestal

- Prorrogado prazo de inscrição no CAR e PRA

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 724, DE 4 DE MAIO DE 2016.


Altera a Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012, para dispor sobre a extensão dos
Exposição de motivos prazos para inscrição no Cadastro
Ambiental Rural e para adesão ao
Programa de Regularização Ambiental.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da
Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:
Art. 1º A Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 82-A. Ficam estendidos até 5 de maio de 2017 os prazos para inscrição no
CAR e para adesão ao PRA, previstos, respectivamente, nos art. 29, § 3º, e art. 59, § 2º,
exclusivamente para os proprietários e possuidores de imóveis rurais a que se referem
o art. 3º, caput, inciso V, e parágrafo único, e que se enquadrem nos dispositivos do
Capítulo XIII.” (NR)
Art. 2º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 4 de maio de 2016; 195º da Independência e 128º da República.

DILMA ROUSSEFF
Izabella Mônica Vieira Teixeira

- Audiência pública sobre ADINs 4901, 4902, 4903 e 4937 em 04/2016

- Florestas públicas 11284/06. imóveis públicos

I - florestas públicas: florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas


brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito
Federal ou das entidades da administração indireta;

- Pode conceder por licitação, ou criar RESEX e REDESUS, ou concessão de uso

Art. 6o Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas


ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos
órgãos competentes, por meio de:

I - criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável,


observados os requisitos previstos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000;

188
II - concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de
desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares, nos termos do art.
189 da Constituição Federal e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária;

III - outras formas previstas em lei.

§ 1o A destinação de que trata o caput deste artigo será feita de forma não onerosa
para o beneficiário e efetuada em ato administrativo próprio, conforme previsto em
legislação específica.

§ 2o Sem prejuízo das formas de destinação previstas no caput deste artigo, as


comunidades locais poderão participar das licitações previstas no Capítulo IV deste
Título, por meio de associações comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas
admitidas em lei.

§ 3o O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais


definidas em regulamento, regularizar posses de comunidades locais sobre as áreas
por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à
conservação dos recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e cultural,
por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma admitida em lei,
dispensada licitação.

- Concessão florestas instrumento econômico

- Poder Público tem que licitar. Só Prerrogativa de explorar madeira. Licenciamento


ambiental específico. LP e PMFS que vale por LI e LO. Só para pessoas jurídicas

- Cria Serviço Florestal Brasileiro para gestão de florestas públicas

- Sempre outorgadas a título oneroso. Modalidade concorrência e vedada


inexigibilidade.

Art. 13. As licitações para concessão florestal observarão os termos desta Lei e,
supletivamente, da legislação própria, respeitados os princípios da legalidade,
moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da
vinculação ao instrumento convocatório.

§ 1o As licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade


concorrência e outorgadas a título oneroso.

§ 2o Nas licitações para concessão florestal, é vedada a declaração de inexigibilidade


prevista no art. 25 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

189
TRF1 2011 Com base na legislação vigente a respeito da proteção às florestas, assinale
a opção correta.

A) Em matéria de proteção às florestas, a competência de legislar dos estados é


suplementar.

B) O Código Florestal proíbe que o poder público realize reflorestamento de


preservação permanente em áreas de propriedade privada.

C) A fiscalização ambiental das atividades florestais deve ser realizada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em caráter
exclusivo, quando se tratar de florestas públicas.

D) Na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro atua


exclusivamente na gestão das florestas públicas, com competência para exercer a
função de órgão gestor. (certo)

E) A concessão florestal consiste em delegação onerosa do direito de realizar manejo


florestal sustentável a pessoa física ou jurídica, mediante licitação.

TRF1 2013 No que concerne a proteção florestal e gestão de florestas, assinale a opção
correta.

A) A destinação de florestas públicas a comunidades locais é incompatível com os


princípios constitucionais da impessoalidade e da isonomia.

B) As concessões florestais são formalizadas mediante contratos administrativos,


precedidos de licitação, salvo nas hipóteses de declaração de inexigibilidade.

C) As florestas naturais, bem como as plantadas, localizadas nos diversos biomas, em


bens da União, dos estados, do DF, dos municípios ou de entidades da administração
indireta são consideradas florestas públicas. (certo)

D) A gestão do patrimônio florestal brasileiro, em especial das florestas públicas, é


disciplinada em lei ordinária, comumente chamada de Código Florestal.

E) É vedado ao poder público delegar o direito de praticar manejo florestal sustentável


a consórcio de pessoas jurídicas.

AGU/CESPE/2015 Acerca da criação e da gestão de florestas públicas nacionais, julgue


o item subsequente.

88 As três modalidades de gestão de florestas públicas nacionais para produção


sustentável são a concessão florestal ao setor privado, a destinação de florestas
públicas às comunidades locais, além da gestão direta governamental pelo órgão
competente integrante do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Certo

190
Lei n.º 11.284/06 (Gestão de Florestas Públicas):

[...]

Art. 4º, A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende:

I - a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, nos termos do art. 17 da Lei


no 9.985, de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta;

II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6º


desta Lei;

III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de


manejo das áreas protegidas referidas no inciso I do caput deste artigo.

89 O Serviço Florestal Brasileiro, órgão gestor da concessão de florestas públicas


nacionais, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, deve emitir a licença ambiental
prévia antes da publicação de edital de licitação para a concessão florestal. errado

Lei n.º 11.284/06 (Gestão de Florestas Públicas):

[...]

Art. 54. Fica criado, na estrutura básica do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço
Florestal Brasileiro – SFB.

Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas públicas e tem por
competência:

I – exercer a função de órgão gestor prevista no art. 53 desta Lei, no âmbito federal,
bem como de órgão gestor do FNDF;

[...]

Art. 53. Caberá aos órgãos gestores federal, estaduais e municipais, no âmbito de suas
competências:

[...]

III – solicitar ao órgão ambiental competente a licença prévia prevista no art. 18


desta Lei;

[...]

Art. 18. A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida
pelo órgão gestor, mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao

191
órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA.

90 A floresta nacional é unidade de conservação de uso sustentável, de posse e de


domínio públicos, cuja criação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta
pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, com vistas ao seu objetivo básico de uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais e pesquisa científica. certo

LEI do SNUC

Art. 14.Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias


de unidade de conservação:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

[...]

Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável
dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para
exploração sustentável de florestas nativas.

§ 1º A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas


particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que
dispõe a lei.

Art. 22.As unidades de conservação são criadas por ato do Poder


Público.(Regulamento)

§ 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos


e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites
mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

192
13. Meio ambiente artificial

- Escola, Presídio

STF

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL NOS PRESÍDIOS

PLENÁRIO

INFORMATIVOS 796, 797 E 798

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 1

O Plenário iniciou julgamento de medida cautelar em arguição de descumprimento de


preceito fundamental em que se discute a configuração do chamado “estado de coisas
inconstitucional” relativamente ao sistema penitenciário brasileiro. Nessa mesma ação
também se debate a adoção de providências estruturais com objetivo de sanar as
lesões a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de ações e
omissões dos Poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal. No caso,
alega-se estar configurado o denominado, pela Corte Constitucional da Colômbia, de
“estado de coisas inconstitucional”, diante da seguinte situação: violação generalizada
e sistémica de direitos fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e persistente
das autoridades públicas em modificar a conjuntura; transgressões a exigir a atuação
não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades. O Ministro
Marco Aurélio (relator) deferiu, parcialmente, a medida liminar para determinar que
os juízes e tribunais: a) motivassem expressamente, em casos de decretação ou
manutenção de prisão provisória, por que não teriam sido aplicadas medidas
cautelares alternativas à privação de liberdade, estabelecidas no art. 319 do CPP; b)
observassem os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos a fim de que se realizasse em até 90 dias
audiências de custódia, bem como viabilizasse o comparecimento do preso perante a
autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contados do momento da prisão;
c) considerassem o quadro dramático do sistema penitenciário brasileiro no momento
de concessão de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de
execução penal; e d) estabelecessem, quando possível, penas alternativas à prisão,
ante a circunstância de a reclusão ser sistematicamente cumprida em condições muito
mais severas do que as admitidas pelo arcabouço normativo. O relator determinou,
ainda, que a União liberasse o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional -
FUNPEN e não realizasse novos contingenciamentos. Porém, indeferiu o pedido de
abrandamento dos requisitos temporais e abatimento do tempo de prisão em razão de
condições desumanas do sistema carcerário. Ressaltou que a disciplina legal a respeito
dessa questão não poderia ser flexibilizada em abstrato. A contagem de tempo para a
fruição desses direitos deveria ser feita caso a caso. Quanto ao pleito de compensação
do tempo de custódia definitiva, frisou que faltaria previsão legal. Da mesma forma,
por prejuízo, indeferiu o pedido relativo ao envolvimento do CNJ para o implemento

193
dessas medidas.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 27.8.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 2

Preliminarmente, o relator assentou a adequação do instrumento. Reputou


preenchidos os requisitos de violação de preceitos fundamentais, de impugnação de
atos do poder público e de inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesividade.
Observou que os direitos apontados como ofendidos consubstanciariam preceitos
fundamentais da dignidade da pessoa humana, da vedação de tortura e de tratamento
desumano, da assistência judiciária e dos direitos sociais à saúde, educação, trabalho e
segurança dos presos. Ponderou que haveria relação de causa e efeito entre atos
comissivos e omissivos dos Poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito
Federal e o quadro de transgressão de direitos relatado. Entendeu cabível a ação, uma
vez que não existiria, no âmbito do controle abstrato de normas, instrumento diverso
mediante o qual pudessem ser impugnados, de forma abrangente e linear, os atos
relacionados às lesões a preceitos fundamentais articuladas. Notou que no sistema
prisional brasileiro ocorreria violação generalizada de direitos fundamentais dos presos
no tocante à dignidade, higidez física e integridade psíquica. As penas privativas de
liberdade aplicadas nos presídios converter-se-iam em penas cruéis e desumanas.
Nesse contexto, diversos dispositivos constitucionais (artigos 1º, III, 5º, III, XLVII, e,
XLVIII, XLIX, LXXIV, e 6º), normas internacionais reconhecedoras dos direitos dos
presos (o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção contra a
Tortura e outros Tratamentos e Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes e a
Convenção Americana de Direitos Humanos) e normas infraconstitucionais como a LEP
e a LC 79/1994, que criara o FUNPEN, teriam sido transgredidas. Em relação ao
FUNPEN, os recursos estariam sendo contingenciados pela União, o que impediria a
formulação de novas políticas públicas ou a melhoria das existentes e contribuiria para
o agravamento do quadro. Destacou que a forte violação dos direitos fundamentais
dos presos repercutiria além das respectivas situações subjetivas e produziria mais
violência contra a própria sociedade. Os cárceres brasileiros, além de não servirem à
ressocialização dos presos, fomentariam o aumento da criminalidade, pois
transformariam pequenos delinquentes em “monstros do crime”. A prova da
ineficiência do sistema como política de segurança pública estaria nas altas taxas de
reincidência. E o reincidente passaria a cometer crimes ainda mais graves. Consignou
que a situação seria assustadora: dentro dos presídios, violações sistemáticas de
direitos humanos; fora deles, aumento da criminalidade e da insegurança social.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 27.8.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 3

O Ministro Marco Aurélio registrou que a responsabilidade por essa situação não
poderia ser atribuída a um único e exclusivo poder, mas aos três — Legislativo,
Executivo e Judiciário —, e não só os da União, como também os dos Estados-

194
Membros e do Distrito Federal. Ponderou que haveria problemas tanto de formulação
e implementação de políticas públicas, quanto de interpretação e aplicação da lei
penal. Além disso, faltaria coordenação institucional. A ausência de medidas
legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representaria falha estrutural a
gerar tanto a violação sistemática dos direitos, quanto a perpetuação e o agravamento
da situação. O Poder Judiciário também seria responsável, já que aproximadamente
41% dos presos estariam sob custódia provisória e pesquisas demonstrariam que,
quando julgados, a maioria alcançaria a absolvição ou a condenação a penas
alternativas. Ademais, a manutenção de elevado número de presos para além do
tempo de pena fixado evidenciaria a inadequada assistência judiciária. A violação de
direitos fundamentais alcançaria a transgressão à dignidade da pessoa humana e ao
próprio mínimo existencial e justificaria a atuação mais assertiva do STF. Assim, caberia
à Corte o papel de retirar os demais poderes da inércia, catalisar os debates e novas
políticas públicas, coordenar as ações e monitorar os resultados. A intervenção judicial
seria reclamada ante a incapacidade demonstrada pelas instituições legislativas e
administrativas. Todavia, não se autorizaria o STF a substituir-se ao Legislativo e ao
Executivo na consecução de tarefas próprias. O Tribunal deveria superar bloqueios
políticos e institucionais sem afastar esses poderes dos processos de formulação e
implementação das soluções necessárias. Deveria agir em diálogo com os outros
poderes e com a sociedade. Não lhe incumbira, no entanto, definir o conteúdo próprio
dessas políticas, os detalhes dos meios a serem empregados. Em vez de desprezar as
capacidades institucionais dos outros poderes, deveria coordená-las, a fim de afastar o
estado de inércia e deficiência estatal permanente. Não se trataria de substituição aos
demais poderes, e sim de oferecimento de incentivos, parâmetros e objetivos
indispensáveis à atuação de cada qual, deixando-lhes o estabelecimento das minúcias
para se alcançar o equilíbrio entre respostas efetivas às violações de direitos e as
limitações institucionais reveladas. Em seguida, o julgamento foi suspenso.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 27.8.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 4

O Plenário retomou julgamento de medida cautelar em arguição de descumprimento


de preceito fundamental em que se discute a configuração do chamado “estado de
coisas inconstitucional” relativamente ao sistema penitenciário brasileiro. Nessa
mesma ação também se debate a adoção de providências estruturais com objetivo de
sanar as lesões a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de
ações e omissões dos Poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal.
No caso, alega-se estar configurado o denominado, pela Corte Constitucional da
Colômbia, “estado de coisas inconstitucional”, diante da seguinte situação: violação
generalizada e sistêmica de direitos fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e
persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura; transgressões a exigir
a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades.
Postula-se o deferimento de liminar para que seja determinado aos juízes e tribunais:
a) que lancem, em casos de determinação ou manutenção de prisão provisória, a

195
motivação expressa pela qual não se aplicam medidas cautelares alternativas à
privação de liberdade, estabelecidas no art. 319 do CPP; b) que, observados os artigos
9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos, realizem, em até 90 dias, audiências de custódia, viabilizando o
comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24
horas, contadas do momento da prisão; c) que considerem, fundamentadamente, o
quadro dramático do sistema penitenciário brasileiro no momento de implemento de
cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de execução penal; d)
que estabeleçam, quando possível, penas alternativas à prisão, ante a circunstância de
a reclusão ser sistematicamente cumprida em condições muito mais severas do que as
admitidas pelo arcabouço normativo; e) que venham a abrandar os requisitos
temporais para a fruição de benefícios e direitos dos presos, como a progressão de
regime, o livramento condicional e a suspensão condicional da pena, quando reveladas
as condições de cumprimento da pena mais severas do que as previstas na ordem
jurídica em razão do quadro do sistema carcerário, preservando-se, assim, a
proporcionalidade da sanção; e f) que se abata da pena o tempo de prisão, se
constatado que as condições de efetivo cumprimento são significativamente mais
severas do que as previstas na ordem jurídica, de forma a compensar o ilícito estatal.
Postula-se, finalmente, que seja determinado: g) ao CNJ que coordene mutirão
carcerário a fim de revisar todos os processos de execução penal, em curso no País,
que envolvam a aplicação de pena privativa de liberdade, visando a adequá-los às
medidas pleiteadas nas letras “e” e “f”; e h) à União que libere as verbas do Fundo
Penitenciário Nacional – Funpen, abstendo-se de realizar novos contingenciamentos —
v. Informativo 796.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 3.9.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 5

O Ministro Edson Fachin concedeu a cautelar requerida nas letras: “b”; “g”, em parte,
para determinar ao CNJ que coordenasse mutirões carcerários, de modo a viabilizar a
pronta revisão de todos os processos de execução penal em curso no País que
envolvessem a aplicação de pena privativa, mas afastada a necessidade de adequação
aos pedidos contidos nos itens “e” e “f”; e “h”, em parte, para acolher a determinação
do descontingenciamento das verbas existentes no Funpen, devendo a União
providenciar a devida adequação para o cumprimento desta decisão, fixando o prazo
de até 60 dias a contar da sua publicação. Deixou, porém, de conceder a cautelar em
relação aos pleitos contidos nas letras “a”, “c”, “d”, “e” e “f”, que propôs fossem
analisadas por ocasião do julgamento do mérito da ação. Já o Ministro Roberto
Barroso concedeu a medida cautelar requerida nas letras: “b”; “g”, estendendo,
contudo, a condução dos mutirões carcerários aos tribunais de justiça estaduais; “h”;
e, por fim, concedeu cautelar de ofício para determinar ao Governo Federal que
encaminhasse ao STF, no prazo de um ano, diagnóstico da situação do sistema
penitenciário e propostas de solução dos problemas, em harmonia com os Estados-

196
Membros. Quanto à medida acauteladora de ofício, foi acompanhado pelo Ministro
Marco Aurélio (relator). Ressaltou que as medidas cautelares que não deferiu —
sobretudo, as mencionadas nas letras “a”, “d” e “e” — não significaria propriamente a
negativa do fundamento que elas trariam em si, e sim uma concordância com os
pedidos, porém na firme convicção que eles já decorreriam do sistema jurídico. O
Ministro Teori Zavascki concedeu a medida cautelar requerida nas letras: “b”,
determinando que o prazo para a realização das audiências de custódia fosse
regulamentado pelo CNJ, e “h”. Indeferiu-a relativamente às letras “a”, “c”, “d”, “e” e
“f”, porquanto se trataria de medidas que já comporiam o sistema normativo e haveria
mecanismos próprios de correção, quais sejam, os recursos ordinários. Julgou
prejudicada a cautelar requerida na letra “g”. Em seguida, o julgamento foi suspenso.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 3.9.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 6

O Plenário concluiu o julgamento de medida cautelar em arguição de descumprimento


de preceito fundamental em que discutida a configuração do chamado “estado de
coisas inconstitucional” relativamente ao sistema penitenciário brasileiro. Nessa
mesma ação também se debate a adoção de providências estruturais com objetivo de
sanar as lesões a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de
ações e omissões dos Poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal.
No caso, alegava-se estar configurado o denominado, pela Corte Constitucional da
Colômbia, “estado de coisas inconstitucional”, diante da seguinte situação: violação
generalizada e sistêmica de direitos fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e
persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura; transgressões a exigir
a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades.
Postulava-se o deferimento de liminar para que fosse determinado aos juízes e
tribunais: a) que lançassem, em casos de decretação ou manutenção de prisão
provisória, a motivação expressa pela qual não se aplicam medidas cautelares
alternativas à privação de liberdade, estabelecidas no art. 319 do CPP; b) que,
observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos, realizassem, em até 90 dias, audiências de
custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no
prazo máximo de 24 horas, contadas do momento da prisão; c) que considerassem,
fundamentadamente, o quadro dramático do sistema penitenciário brasileiro no
momento de implemento de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o
processo de execução penal; d) que estabelecessem, quando possível, penas
alternativas à prisão, ante a circunstância de a reclusão ser sistematicamente cumprida
em condições muito mais severas do que as admitidas pelo arcabouço normativo; e)
que viessem a abrandar os requisitos temporais para a fruição de benefícios e direitos
dos presos, como a progressão de regime, o livramento condicional e a suspensão
condicional da pena, quando reveladas as condições de cumprimento da pena mais
severas do que as previstas na ordem jurídica em razão do quadro do sistema
carcerário, preservando-se, assim, a proporcionalidade da sanção; e f) que se abatesse
da pena o tempo de prisão, se constatado que as condições de efetivo cumprimento
são significativamente mais severas do que as previstas na ordem jurídica, de forma a

197
compensar o ilícito estatal. Requeria-se, finalmente, que fosse determinado: g) ao CNJ
que coordenasse mutirão carcerário a fim de revisar todos os processos de execução
penal, em curso no País, que envolvessem a aplicação de pena privativa de liberdade,
visando a adequá-los às medidas pleiteadas nas alíneas “e” e “f”; e h) à União que
liberasse as verbas do Fundo Penitenciário Nacional – Funpen, abstendo-se de realizar
novos contingenciamentos — v. Informativos 796 e 797.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 7

O Colegiado deliberou, por decisão majoritária, deferir a medida cautelar em relação


ao item “b”. A Ministra Rosa Weber acompanhou essa orientação, com a ressalva de
que fossem observados os prazos fixados pelo CNJ. Vencidos, em parte, os Ministros
Roberto Barroso e Teori Zavascki, que delegavam ao CNJ a regulamentação sobre o
prazo para se realizar as audiências de custódia. O Tribunal decidiu, também por
maioria, deferir a cautelar no tocante à alínea “h”. Vencidos, em parte, os Ministros
Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber, que fixavam o prazo de até 60 dias, a
contar da publicação da decisão, para que a União procedesse à adequação para o
cumprimento do que determinado. O Plenário, também por maioria, indeferiu a
medida cautelar em relação às alíneas “a”, “c” e “d”. Vencidos os Ministros Marco
Aurélio (relator), Luiz Fux, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski (Presidente), que a
deferiam nessa parte. De igual modo indeferiu, por decisão majoritária, a medida
acauteladora em relação à alínea “e”. Vencido o Ministro Gilmar Mendes. O Tribunal,
ademais, rejeitou o pedido no tocante ao item “f”. Por fim, no que se refere à alínea
“g”, o Plenário, por maioria, julgou o pleito prejudicado. Vencidos os Ministros Edson
Fachin, Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Celso de Mello, que deferiam a cautelar no
ponto. Por fim, o Colegiado, por maioria, acolheu proposta formulada pelo Ministro
Roberto Barroso, no sentido de que se determine à União e aos Estados-Membros,
especificamente ao Estado de São Paulo, que encaminhem à Corte informações sobre
a situação prisional. Vencidos, quanto à proposta, os Ministros relator, Luiz Fux,
Cármen Lúcia e Presidente.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2015. (ADPF-347)

Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a direito


fundamental - 8

O Plenário anotou que no sistema prisional brasileiro ocorreria violação


generalizada de direitos fundamentais dos presos no tocante à dignidade, higidez
física e integridade psíquica. As penas privativas de liberdade aplicadas nos
presídios converter-se-iam em penas cruéis e desumanas. Nesse contexto, diversos
dispositivos constitucionais (artigos 1º, III, 5º, III, XLVII, e, XLVIII, XLIX, LXXIV, e 6º),
normas internacionais reconhecedoras dos direitos dos presos (o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção contra a Tortura e outros
Tratamentos e Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes e a Convenção Americana

198
de Direitos Humanos) e normas infraconstitucionais como a LEP e a LC 79/1994, que
criara o Funpen, teriam sido transgredidas. Em relação ao Funpen, os recursos
estariam sendo contingenciados pela União, o que impediria a formulação de novas
políticas públicas ou a melhoria das existentes e contribuiria para o agravamento do
quadro. Destacou que a forte violação dos direitos fundamentais dos presos
repercutiria além das respectivas situações subjetivas e produziria mais violência
contra a própria sociedade. Os cárceres brasileiros, além de não servirem à
ressocialização dos presos, fomentariam o aumento da criminalidade, pois
transformariam pequenos delinquentes em “monstros do crime”. A prova da
ineficiência do sistema como política de segurança pública estaria nas altas taxas de
reincidência. E o reincidente passaria a cometer crimes ainda mais graves.
Consignou que a situação seria assustadora: dentro dos presídios, violações
sistemáticas de direitos humanos; fora deles, aumento da criminalidade e da
insegurança social. Registrou que a responsabilidade por essa situação não poderia
ser atribuída a um único e exclusivo poder, mas aos três — Legislativo, Executivo e
Judiciário —, e não só os da União, como também os dos Estados-Membros e do
Distrito Federal. Ponderou que haveria problemas tanto de formulação e
implementação de políticas públicas, quanto de interpretação e aplicação da lei
penal. Além disso, faltaria coordenação institucional. A ausência de medidas
legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representaria falha estrutural
a gerar tanto a ofensa reiterada dos direitos, quanto a perpetuação e o
agravamento da situação. O Poder Judiciário também seria responsável, já que
aproximadamente 41% dos presos estariam sob custódia provisória e pesquisas
demonstrariam que, quando julgados, a maioria alcançaria a absolvição ou a
condenação a penas alternativas. Ademais, a manutenção de elevado número de
presos para além do tempo de pena fixado evidenciaria a inadequada assistência
judiciária. A violação de direitos fundamentais alcançaria a transgressão à dignidade
da pessoa humana e ao próprio mínimo existencial e justificaria a atuação mais
assertiva do STF. Assim, caberia à Corte o papel de retirar os demais poderes da
inércia, catalisar os debates e novas políticas públicas, coordenar as ações e
monitorar os resultados. A intervenção judicial seria reclamada ante a incapacidade
demonstrada pelas instituições legislativas e administrativas. Todavia, não se
autorizaria o STF a substituir-se ao Legislativo e ao Executivo na consecução de
tarefas próprias. O Tribunal deveria superar bloqueios políticos e institucionais sem
afastar esses poderes dos processos de formulação e implementação das soluções
necessárias. Deveria agir em diálogo com os outros poderes e com a sociedade. Não
lhe incumbira, no entanto, definir o conteúdo próprio dessas políticas, os detalhes
dos meios a serem empregados. Em vez de desprezar as capacidades institucionais
dos outros poderes, deveria coordená-las, a fim de afastar o estado de inércia e
deficiência estatal permanente. Não se trataria de substituição aos demais poderes,
e sim de oferecimento de incentivos, parâmetros e objetivos indispensáveis à
atuação de cada qual, deixando-lhes o estabelecimento das minúcias para se
alcançar o equilíbrio entre respostas efetivas às violações de direitos e as limitações
institucionais reveladas. O Tribunal, no que se refere às alíneas “a”, “c” e “d”,
ponderou se tratar de pedidos que traduziriam mandamentos legais já impostos aos
juízes. As medidas poderiam ser positivas como reforço ou incentivo, mas, no caso
da alínea “a”, por exemplo, a inserção desse capítulo nas decisões representaria

199
medida genérica e não necessariamente capaz de permitir a análise do caso
concreto. Como resultado, aumentaria o número de reclamações dirigidas ao STF.
Seria mais recomendável atuar na formação do magistrado, para reduzir a cultura
do encarceramento. No tocante à cautelar de ofício proposta pelo Ministro Roberto
Barroso, o Colegiado frisou que o Estado de São Paulo, apesar de conter o maior
número de presos atualmente, não teria fornecido informações a respeito da
situação carcerária na unidade federada. De toda forma, seria imprescindível um
panorama nacional sobre o assunto, para que a Corte tivesse elementos para
construir uma solução para o problema.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2015. (ADPF-347)

Informativo 819 (03/2016) STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
30/3/2016. Com repercussão geral

Responsabilidade civil do Estado em caso de morte de detento (higidez do meio


ambiente artificial)
“Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso
XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento”

MPF 29º/2017

6. Assinale a alternativa incorreta:

a) O princípio da proporcionalidade possui uma dupla face, atuando simultaneamente


como critério para o controle da legitimidade constitucional de medidas restritivas do
âmbito de proteção dos direitos fundamentais, bem como para o controle da omissão
ou atuação insuficiente do Estado no cumprimento dos seus deveres de proteção.

b) As cláusulas pétreas protegem os conteúdos que, na sua essência, compõem a


identidade e a estrutura da Constituição, não se opondo a desenvolvimentos ou
modificações que preservem os princípios ali contidos.

c) O “estado de coisas inconstitucional” autoriza a intervenção do STF quando


presentes três pressupostos: situação de violação generalizada de direitos
fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades
públicas em modificar a situação; a superação das transgressões exigir a definição e
implementação de políticas públicas pelo STF. (alternativa incorreta)

d) Quando o Judiciário reconhece uma mutação constitucional num determinado


sentido, geralmente tem em conta um ambiente sociocultural que a ampara.

200
INFORMATIVO 829 (05/2016)

PLENÁRIO

Como é sabido, as instituições privadas de ensino exercem atividade econômica e,


enquanto tal, devem se adaptar para acolher as pessoas com deficiência, prestando
serviços educacionais que não enfoquem a questão da deficiência limitada à
perspectiva médica, mas também ambiental. Esta última deve ser pensada a partir dos
espaços, ambientes e recursos adequados à superação de barreiras – as verdadeiras
deficiências de nossa sociedade.
Tais requisitos, por mandamento constitucional, aplicam-se a todos os agentes
econômicos, de modo que há verdadeiro perigo inverso na concessão da cautelar.
Perceba-se: corre-se o risco de se criar às instituições particulares de ensino odioso
privilégio do qual não se podem furtar os demais agentes econômicos. Privilégio
odioso porque oficializa a discriminação.
Por fim, o fato de a própria Lei nº 13.146/2015 - publicada em 07.07.2015 - ter
estabelecido prazo de vacatio de 180 (cento e oitenta) dias (art. 127) igualmente afasta
a pretensão acautelatória.

Direito à educação: ensino privado e acesso a pessoas com deficiência – 1

O Plenário, após converter em julgamento de mérito o exame de referendo de medida


cautelar em ação direta de inconstitucionalidade — ajuizada em face do § 1º do art. 28
e do “caput” do art. 30, ambos da Lei 13.146/2015 —, deliberou, por maioria, julgar o
pleito improcedente. Os dispositivos impugnados tratam da obrigatoriedade das
escolas privadas de oferecer atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas
com deficiência. Reputou que a responsabilidade pela alteridade é um elemento
estruturante da Constituição. Nesse sentido, a atuação do Estado na inclusão das
pessoas com deficiência pressupõe a ideia de que essa ação tem via dupla, ou seja, traz
benefícios a toda a população. Em outras palavras, todos os cidadãos têm o direito ao
acesso a uma democracia plural, de pessoas, credos, ideologias e outros elementos.
Especificamente, a Constituição prevê em diversos dispositivos a proteção da pessoa
com deficiência (artigos 7º, XXXI; 23, II; 24, XIV; 37, VIII; 40, § 4º, I; 201, § 1º; 203, IV e
V; 208, III; 227, § 1º, II, e § 2º; e 244). Ao se compreender pluralidade e igualdade
como duas faces da mesma moeda, entende-se que a igualdade não se esgota com a
previsão normativa de acesso igualitário a bens jurídicos, mas engloba também a
previsão normativa de medidas que possibilitem, de fato, esse acesso e sua efetivação
concreta. A respeito, fora promulgado o Decreto 6.949/2009 (Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência), que reconhece, em seu art. 24, o
direito à educação como isento de discriminação e determina que os Estados partes da
Convenção assegurem sistema educacional inclusivo em todos os níveis, de maneira
que as pessoas com deficiência não poderão ser excluídas do sistema educacional
geral sob alegação de deficiência. Ou seja, à luz dessa Convenção e, por consequência,
da própria Constituição (art. 5º, § 3º), o ensino inclusivo em todos os níveis é
imperativo que se põe mediante regra explícita. Além disso, se é certo que se prevê
como dever do Estado facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual

201
participação no sistema de ensino e na vida em comunidade, bem como, de outro
lado, a necessária disponibilização do ensino primário gratuito e compulsório, é
igualmente certo inexistir qualquer limitação da educação das pessoas com deficiência
somente a estabelecimentos públicos ou privados que prestem o serviço público
educacional. A Lei 13.146/2015 estabelece a obrigatoriedade de as escolas privadas
promoverem a inserção das pessoas com deficiência no ensino regular e prover as
medidas de adaptação necessárias sem que o ônus financeiro seja repassado às
mensalidades, anuidades e matrículas.
ADI 5357 MC-Referendo/DF, rel. Min. Edson Fachin, 9.6.2016. (ADI-5357)

Direito à educação: ensino privado e acesso a pessoas com deficiência - 2

O Tribunal entendeu inferir-se que, por meio da lei impugnada, o Brasil atendera ao
compromisso constitucional e internacional de proteção e ampliação progressiva
dos direitos das pessoas com deficiência. Não obstante o serviço público de
educação ser livre à iniciativa privada, isso não significa que os agentes econômicos
que o prestam possam fazê-lo ilimitadamente ou sem responsabilidade. É
necessária a sua autorização e avaliação de qualidade pelo Estado, bem como o
cumprimento das normas gerais de educação nacional. De igual modo, os
estabelecimentos privados não podem eximir-se dos deveres de estatura
constitucional impostos ao sistema educacional do País. À escola não é dado
escolher, segregar, separar, mas é dever ensinar, incluir, conviver. A vivência
cotidiana, o convívio com o diferente, são valores educacionais em si mesmos, e
têm riqueza própria, pois desenvolvem o acolhimento, a tolerância e a ética.
Portanto, o ensino inclusivo milita em favor da dialógica implementação dos
objetivos esquadrinhados pela Constituição. É somente com a efetivação desses
valores que pode haver a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,
voltada para o bem de todos. Assim, o ensino inclusivo é política pública estável.
Se as instituições privadas de ensino exercem atividade econômica, devem se
adaptar para acolher as pessoas com deficiência, prestando serviços educacionais
que não enfoquem a deficiência apenas sob a perspectiva médica, mas também
ambiental. Ou seja, os espaços devem ser isentos de barreiras, as verdadeiras
deficiências da sociedade. Esses deveres devem se aplicar a todos os agentes
econômicos, e entendimento diverso implica privilégio odioso, porque oficializa a
discriminação. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que julgava o pedido
parcialmente procedente. Considerava que a intervenção estatal no mercado
deveria ser minimalista e que a obrigação principal, em se tratando de educação, é
do Estado. Asseverava ser constitucional a interpretação dos artigos atacados no
que encerram planejamento quanto à iniciativa privada, sendo inconstitucional a
interpretação que leve a ter-se como obrigatórias as múltiplas providências

202
determinadas pela lei.
ADI 5357 MC-Referendo/DF, rel. Min. Edson Fachin, 9.6.2016. (ADI-5357)
Informativo
STJ 594

REsp 1.562.617-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por


unanimidade, julgado em 22/11/2016, DJe 30/11/2016.

PROCESSO

RAMO DO
DIREITO CIVIL
DIREITO

Direitos autorais. Obra arquitetônica localizada em via pública.


TEMA Autorização do proprietário. Direito à indenização. Obra utilizada sem a
devida autorização e com finalidade comercial.
DESTAQUE

O autor de projeto de obra arquitetônica, ainda que situada permanentemente em


logradouros públicos, integrando de modo indissociável o meio ambiente, a compor a
paisagem como um todo, faz jus ao ressarcimento por danos de ordem material e
moral em virtude da representação por terceiros de sua obra, com fins comerciais,
sem a devida autorização e indicação de autoria, ainda que tenha havido aquiescência
do proprietário da obra.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Debate-se nos autos, se o autor do projeto arquitetônico faz jus ao ressarcimento por
danos de ordem material e moral em virtude da reprodução, com fins comerciais, da
imagem da fachada da respectiva construção, situada em logradouro público, por
fabricante de tintas (mediante autorização do proprietário da casa e o correlato
pagamento a este). Prevê o art. 37 da Lei n. 9.610/1998 que ao adquirente de uma
obra, no caso arquitetônica (que, como visto, abrange o projeto e o esboço
confeccionados por profissional legalmente habilitado, como a obra em si,
materializada na construção edificada), não é transmitido nenhum dos direitos do
autor, salvo expressa disposição em contrário. Releva assentar, no ponto, que a
aquisição, em si, de uma obra intelectual, não transfere automaticamente os direitos
autorais, salvo disposição expressa em contrário e ressalvado, naturalmente, o modo
de utilização intrínseco à finalidade da aquisição. Nessa linha, se o modo de utilização
da obra for inerente à finalidade de sua aquisição, o adquirente poderá dele se valer
sem necessitar de qualquer autorização do autor. Do contrário, o direito é do autor
intelectual e, como tal, outras modalidades de utilização da obra que não intrínsecas à
finalidade de aquisição dependerão, necessariamente, de sua autorização. Ante o
silêncio do contrato, o proprietário da casa, adquirente da obra arquitetônica, não

203
incorpora em seu patrimônio jurídico o direito autoral de representá-la por meio de
fotografias, com fins comerciais, tampouco o de cedê-lo a outrem, já que, em regra, a
forma não lhe pertence e o aludido modo de utilização refoge da finalidade de
aquisição. Por sua vez, dispõe o art. 48 da Lei n. 9.610/98 que “as obras situadas
permanentemente em logradouros públicos podem ser representadas livremente, por
meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais”. Em razão de as
obras situadas permanentemente em logradouros públicos integrarem de modo
indissociável o meio ambiente, a compor a paisagem como um todo, sua
representação (por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos
audiovisuais), por qualquer observador, não configura, em princípio, violação ao
direito autoral. A hipótese dos autos, todavia, não é de mera representação da
paisagem, em que inserida a obra arquitetônica, mas sim de representação
unicamente da obra arquitetônica, com finalidade lucrativa. Refoge, em absoluto, do
âmbito de aplicação do dispositivo legal sob comento a representação por terceiro de
obra arquitetônica com finalidade comercial, que consubstancia direito exclusivo de
seu autor.

13. Patrimônio cultural brasileiro

CF Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto (arts. 205 a 217)

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-


brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os


diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao


desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que
conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas


dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional


nº 48, de 2005)

204
V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
48, de 2005)

- Art. 216 da CF. “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem”

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às


manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

- Bens tangíveis. Decreto-lei 25/1937.

- Bens intangíveis ex. Decreto 3551/2000 (registros), “conhecimento tradicional de


comunidades indígenas e povos tradicionais”. 13.123/05

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o


patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação


governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela
necessitem. (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores


culturais.

§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências


históricas dos antigos quilombos.

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de


fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o
financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos
no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº


42, de 19.12.2003)

205
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou
ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração,


de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção
conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas
entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o
desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
culturais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012)

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e


nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos
seguintes princípios: Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

I - diversidade das expressões culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71,


de 2012

II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais; Incluído pela Emenda


Constitucional nº 71, de 2012

III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;


Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes


na área cultural; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

V - integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações


desenvolvidas; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais; Incluído pela Emenda


Constitucional nº 71, de 2012

VII - transversalidade das políticas culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº


71, de 2012

VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil; Incluído
pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IX - transparência e compartilhamento das informações; Incluído pela Emenda


Constitucional nº 71, de 2012

X - democratização dos processos decisórios com participação e controle social;


Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;


Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

206
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a
cultura. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da


Federação: Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

I - órgãos gestores da cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

II - conselhos de política cultural; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de


2012

III - conferências de cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IV - comissões intergestores; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

V - planos de cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VI - sistemas de financiamento à cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71,


de 2012

VII - sistemas de informações e indicadores culturais; Incluído pela Emenda


Constitucional nº 71, de 2012

VIII - programas de formação na área da cultura; e Incluído pela Emenda


Constitucional nº 71, de 2012

IX - sistemas setoriais de cultura. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de


2012

§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura,


bem como de sua articulação com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais
de governo. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão seus respectivos


sistemas de cultura em leis próprias. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de
2012

MPF 27º CONCURSO. 2013. NO TOCANTE À PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL


BRASILEIRO, ANALISE OS ITENS ABAIXO E RESPONDA EM SEGUIDA:
I - Há forte interrelação entre cultura e ambiente, de tal forma que os bens de
natureza material e imaterial, dotados de valor cultural, compõem o meio ambiente
em sua concepção alargada, estando juridicamente protegidos mediante o
instrumento do tombamento.
Não estão protegidos só pelo tombamento e não é automático.
II - O ordenamento jurídico prevê a possibilidade de proteção dos bens culturais de
natureza material apenas numa perspectiva individual, haja vista a necessidade de
identificar precisamente o bem merecedor de especial tutela.

207
só podem ser tombados os bens de natureza material, móveis ou imóveis, cabendo
aos bens de natureza imaterial o registro (regimaterial)
Há doutrina mais restritiva.
III - Como regra geral, o tombamento de um bem revestido de valor histórico é
instituído de forma gratuita, mas se houver o esvaziamento de seu conteúdo
econômico em decorrência das restrições impostas pelo Poder Público, configurar-se-á
desapropriação indireta, gerando para o particular direito a indenização.
“se o ato administrativo de tombamento de bem imóvel, com o fim de preservar a sua
expressão cultural e ambiental, esvaziar-se, economicamente, de modo total,
transforma-se, por si só, de simples servidão administrativa em desapropriação, pelo
que a indenização deve corresponder ao valor que o imóvel tem no mercado” (STJ
REsp 220.983).

IV - Embora a reserva extrativista seja uma categoria de unidade de conservação da


natureza integrante do grupo de uso sustentável, deve ser também compreendida
como um instrumento de proteção do patrimônio cultural brasileiro, tendo em vista
seus objetivos legalmente instituídos.
artigos 18 da Lei 9.985/2000 e 216, incisos I e II, da Constituição Federal

Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na
agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como
objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar
o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.(Regulamento)

§ 1o A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às


populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em
regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites
devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido


pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais
residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade.

§ 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses


locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área.

§ 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia


autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e
restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento.

§ 5o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho


Deliberativo.

208
§ 6o São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou
profissional.

§ 7o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases


sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades
desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no
Plano de Manejo da unidade.

Responda, agora:
a) ( ) Apenas os itens I e III estão corretos.
b) ( ) Apenas o item II está errado.
c) ( ) Apenas os itens III e IV estão corretos.
d) ( ) Apenas o item III está correto.

Alternativa C

MPF 25º Concurso 2011


EM RELAÇÃO À PROTEÇÃO DO PATRIMÖNIO CULTURAL, ANALISE AS ASSERTIVAS
ABAIXO E RESPONDA EM SEGUIDA:
I - A Constituição Federal em vigor apresenta nítida ampliação da concepção de
patrimônio cultural, valorizando a pluralidade cultural, num contexto de busca de
concretização de cidadania e de direitos culturais.
II - O multiculturalismo se faz presente nos dispositivos constitucionais que tratam da
proteção da cultura, a exemplo da previsão concernente à obrigação do Estado de
proteger as manifestações culturais dos diferentes grupos sociais e étnicos, incluindo
indígenas e afro-brasileiros, que formam a sociedade brasileira.
III A deterioração de bem cultural protegido por força de decisão judicial transitada em
julgado constitui infração administrativa, sujeitando o infrator a sanção imposta pela
Administração, independentemente da obrigação de reparar o dano causado.
IV - A Constituição Federal realiza, direta e expressamente, o tombamento de
documentos e sítios detentores de reminiscências históricas de antigos quilombos.
Pode-se afirmar que:
a) ( ) somente os itens I e II estão corretos;
b) ( ) os itens III e IV estão incorretos;
c) ( ) somente o item lIl está incorreto;
d) ( ) todos os itens estão corretos.

Alternativa D

209
Cultura é dinâmica. Sociedade molda e é moldada.
- Meio @mbiente digit@l (ONU: internet é direito básico do ser humano)

Ambiente na sociedade da informação. Comunicação na internet e redes sociais.

Flexibilidade e incentivo à criação no ciberespaço.

Processo eletrônico. EAD. Paradigma digital

Aprovado o Marco Civil da Internet (lei 12.965/14)

14. Lei da Biodiversidade (13.123/2015)

Art. 225, Parágrafo 1º, inciso II. Dever de “preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético”

- Revoga MP 2.186-16/2001. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm

- artigo 7º da Lei complementar 140/2011: "São ações administrativas da União",


inciso XXIII: "gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional
associado, respeitadas as atribuições setoriais"

TRF5 2015

A respeito de biodiversidade e de proteção jurídica do conhecimento tradicional


associado, assinale a opção correta.

“Compete exclusivamente à União gerir o patrimônio genético e o acesso ao


conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais.” certo

- objetivo: simplificar o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional


associado e assegurar uma repartição de benefícios justa e equitativa.

- Internaliza estrutura da CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica) e Protocolo de


Nagoya de 2014

- Lei trata acesso ao patrimônio genético como bem de uso comum do povo. Protege
bens

in situ - o patrimônio genético está em ecossistemas e habitats naturais. Inclui espécies


domesticadas ou cultivadas e populações espontâneas.

ex situ - patrimônio genético é mantido fora de seu habitat natural. Só se protege se


encontrado em condições in situ no território nacional, na plataforma continental, no
mar territorial e na zona econômica exclusiva. (lei 8.617/93)

210
- Protege ainda o conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético se
relevante à conservação da diversidade biológica, à integridade do patrimônio
genético do País e à utilização de seus componentes.

- Práticas individuais ou coletivas com valor real ou potencial associada ao patrimônio


genético

Art. 2º Conceitos legais (33 definições)

patrimônio genético - informação de origem genética de espécies vegetais, animais,


microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do
metabolismo destes seres vivos

conhecimento tradicional associado - informação ou prática de população indígena,


comunidade tradicional ou agricultor tradicional sobre as propriedades ou usos diretos
ou indiretos associada ao patrimônio genético

comunidade tradicional - grupo culturalmente diferenciado que se reconhece como


tal, possui forma própria de organização social e ocupa e usa territórios e recursos
naturais como condição para a sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas
pela tradição;

consentimento prévio informado - consentimento formal, previamente concedido por


população indígena ou comunidade tradicional segundo os seus usos, costumes e
tradições ou protocolos comunitários; (Convenção 169 da OIT)

art. 9º “O acesso ao conhecimento tradicional associado de origem identificável está


condicionado à obtenção do consentimento prévio informado.”

agricultor tradicional - pessoa natural que utiliza variedades tradicionais locais ou


crioulas ou raças localmente adaptadas ou crioulas e mantém e conserva a diversidade
genética, incluído o agricultor familiar;

Art. 3o O acesso ao patrimônio genético existente no País ou ao conhecimento


tradicional associado para fins de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico e a
exploração econômica de produto acabado ou material reprodutivo oriundo desse
acesso somente serão realizados mediante cadastro, autorização ou notificação, e
serão submetidos a fiscalização, restrições e repartição de benefícios nos termos e nas
condições estabelecidos nesta Lei e no seu regulamento.

Parágrafo único. São de competência da União a gestão, o controle e a fiscalização das


atividades descritas no caput, nos termos do disposto no inciso XXIII do caput do art. 7o
da Lei Complementar no 140, de 8 de dezembro de 2011.

Ação administrativa da União “gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento


tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais”

- Lei cria Conselho de Gestão do Patrimônio Genético no âmbito do MMA com


representação do setor empresarial, setor acadêmico e populações indígenas,
comunidades tradicionais e agricultores tradicionais

211
- Lei protege os conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético de
populações indígenas, de comunidade tradicional ou de agricultor tradicional contra a
utilização e exploração ilícita.

- O Estado reconhece o direito de populações indígenas, de comunidades tradicionais e


de agricultores tradicionais de participar da tomada de decisões, no âmbito nacional,
sobre assuntos relacionados à conservação e ao uso sustentável de seus
conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético do País (princípio da
participação)

- O conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético de que trata a lei


integra o patrimônio cultural brasileiro e poderá ser depositado em banco de dados,
conforme dispuser o CGen ou legislação específica.

- Formas de reconhecimento dos conhecimentos tradicionais associados, publicações


científicas, registros em cadastros ou bancos de dados e inventários culturais.

- Lei veda “acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado


por pessoa natural estrangeira” Art. 11, Parágrafo 1º

- Lei dispõe sobre repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da


biodiversidade. Evitar privatização de lucros que não lhe pertencem ante a
hipossuficiência.

Art. 17. Os benefícios resultantes da exploração econômica de produto acabado ou de


material reprodutivo oriundo de acesso ao patrimônio genético de espécies
encontradas em condições in situ ou ao conhecimento tradicional associado, ainda que
produzido fora do País, serão repartidos, de forma justa e equitativa, sendo que no
caso do produto acabado o componente do patrimônio genético ou do conhecimento
tradicional associado deve ser um dos elementos principais de agregação de valor, em
conformidade ao que estabelece esta Lei.

- Repartição de benefícios pode ser monetária ou não monetária. Para a não


monetária. Lei traz rol exemplificativo.

a) projetos para conservação ou uso sustentável de biodiversidade ou para


proteção e manutenção de conhecimentos, inovações ou práticas de populações
indígenas, de comunidades tradicionais ou de agricultores tradicionais,
preferencialmente no local de ocorrência da espécie em condição in situ ou de
obtenção da amostra quando não se puder especificar o local original;

b) transferência de tecnologias;

c) disponibilização em domínio público de produto, sem proteção por direito de


propriedade intelectual ou restrição tecnológica;

d) licenciamento de produtos livre de ônus;

e) capacitação de recursos humanos em temas relacionados à conservação e uso


sustentável do patrimônio genético ou do conhecimento tradicional associado; e

f) distribuição gratuita de produtos em programas de interesse social.

212
- Sujeita à repartição de benefícios exclusivamente o fabricante do produto acabado
ou o produtor do material reprodutivo, independentemente de quem tenha realizado
o acesso anteriormente. (semelhante à substituição tributária).

- Lei isenta os fabricantes de produtos intermediários e desenvolvedores de processos


oriundos de acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado
ao longo da cadeia produtiva da obrigação de repartição de benefícios.

- Isenta da obrigação de repartição de benefícios, nos termos do regulamento as


microempresas, as empresas de pequeno porte, os microempreendedores individuais,
conforme disposto na LCP 123/2006 e os agricultores tradicionais e suas cooperativas,
com receita bruta anual igual ou inferior ao limite máximo estabelecido para EPP.
Receita bruta igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

Lei diz que repartição entre usuário e provedor será negociada de forma justa e
equitativa entre as partes, atendendo a parâmetros de clareza, lealdade e
transparência nas cláusulas pactuadas, que deverão indicar condições, obrigações,
tipos e duração dos benefícios de curto, médio e longo prazo.

- Traz infrações administrativas de forma genérica. “Considera-se infração


administrativa contra o patrimônio genético ou contra o conhecimento tradicional
associado toda ação ou omissão que viole as normas desta Lei, na forma do
regulamento.”

- Institui o Fundo Nacional para a Repartição de Benefícios - FNRB, de natureza


financeira, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de valorizar o
patrimônio genético e os conhecimentos tradicionais associados e promover o seu uso
de forma sustentável.

- art. 38. Regularização para quem exerceu as atividades em desacordo com a MP.
Prazo de 1 (um) ano, contado da data da disponibilização do cadastro pelo CGen. Exige
celebração de Termo de Compromisso será firmado entre o usuário e a União,
representada pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente. (Salvo em acesso ao
patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado unicamente para fins
de pesquisa científica. Art. 28, Parágrafo 2º)

Lei 11.105/2005 ("Lei de Biossegurança"):

"Da Responsabilidade Civil e Administrativa

Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis
pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua
indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa.

Art. 21. Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as
normas previstas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes.

213
Parágrafo único. As infrações administrativas serão punidas na forma estabelecida no
regulamento desta Lei, independentemente das medidas cautelares de apreensão de
produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes
sanções:

I – advertência;

II – multa;

III – apreensão de OGM e seus derivados;

IV – suspensão da venda de OGM e seus derivados;

V – embargo da atividade;

VI – interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento;

VII – suspensão de registro, licença ou autorização;

VIII – cancelamento de registro, licença ou autorização;

IX – perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo;

X – perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em


estabelecimento oficial de crédito;

XI – intervenção no estabelecimento;

XII – proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5


(cinco) anos."

TJDFT 2015 “Uma infração contra o patrimônio genético sujeitará o agente a sanções
administrativas, como o embargo da atividade e a proibição de contratar com a
administração pública por até cinco anos, que independem de eventuais sanções
judiciais de natureza cível.” (certa)

TRF3 2011

79. No que diz respeito ao patrimônio genético e à proteção jurídica do conhecimento


tradicional associado, assinale a opção correta.

a) Compete à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança decidir sobre a liberação no


ambiente de produtos contendo OGM ou derivados.

214
a competência pode ser do CONSELHO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA e não da
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

Lei 11105/05

art. 6º VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de


atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação
comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou
entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como
potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho
Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma
desta Lei e de sua regulamentação;

Art. 8o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado à


Presidência da República, órgão de assessoramento superior do Presidente da
República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança –
PNB.

§ 1o Compete ao CNBS:

I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades


federais com competências sobre a matéria;

II – analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e


oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para
uso comercial de OGM e seus derivados;

III – avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação


da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16
desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades
que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados;

b) Cabe aos órgãos e entidades fiscalizadores da administração pública federal exercer


diretamente, sem possibilidade de delegação, os serviços relacionados à atividade de
fiscalização das atividades de pesquisa e de liberação comercial de OGM e seus
derivados.

ART. 8º
§ 2o Os órgãos e entidades fiscalizadores da administração pública federal poderão
celebrar convênios com os Estados, Distrito Federal e Municípios, para a execução de
serviços relacionados à atividade de fiscalização prevista nesta Lei e poderão repassar-
lhes parcela da receita obtida com a aplicação de multas.

c) Entre outros critérios, consideram-se terras tradicionalmente ocupadas pelos índios


as que são necessárias à sua reprodução física e cultural segundo seus usos, costumes
e tradições.

art. 231
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em

215
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a
sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

d) A CF atribui aos estados-membros a tarefa de zelar pela organização social,


costumes, línguas, crenças e tradições dos índios, e de proteger e fazer respeitar os
seus bens, cabendo à União a demarcação e proteção das terras indígenas.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.

e) As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados à


manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica e ao desenvolvimento
tecnológico, somente são admitidos no âmbito de entidades de direito público ou
privado e de pessoas físicas em atuação autônoma que mantenham vínculo
empregatício com pessoas jurídicas.

Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao


ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao
desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de
entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos
preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais
conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento.
§ 2o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em
atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou
qualquer outro com pessoas jurídicas.

alternativa. C

11.105/05

Art. 2º. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos
danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua
indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa.

13213/15 importante

Art. 10 § 1o Para os fins desta Lei, qualquer conhecimento tradicional associado ao


patrimônio genético será considerado de natureza coletiva, ainda que apenas um
indivíduo de população indígena ou de comunidade tradicional o detenha.

Lei de Biodiversidade 13123/15 (era MP 2186/01)

216
Art. 1º

§ 1o O acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado será


efetuado sem prejuízo dos direitos de propriedade material ou imaterial que incidam
sobre o patrimônio genético ou sobre o conhecimento tradicional associado acessado
ou sobre o local de sua ocorrência.

Art. 4o Esta Lei não se aplica ao patrimônio genético humano.

Art. 5o É vedado o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional


associado para práticas nocivas ao meio ambiente, à reprodução cultural e à saúde
humana e para o desenvolvimento de armas biológicas e químicas.

Art.10

§ 1o Para os fins desta Lei, qualquer conhecimento tradicional associado ao patrimônio


genético será considerado de natureza coletiva, ainda que apenas um indivíduo de
população indígena ou de comunidade tradicional o detenha.

Quanto à lei 11.105/05 lembrar da ADI 3510, em que STF julgou constitucional o art.
5º, que permite pesquisas com células tronco embrionárias

CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE


BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE
MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO
.ONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO
USO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS
TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS
CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO
DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA
TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA
CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS
POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO
CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS
REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. (...)
II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS
TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. A pesquisa científica com
células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei n° 11.105/2005, objetiva o
enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam,
atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo
contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais progressivas, distrofias
musculares, a esclerose múltipla e a lateral amiotrófica, as neuropatias e as doenças
do neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um
desprezo ou desapreço pelo embrião "in vitro", porém u'a mais firme disposição para
encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. Isto no âmbito
de um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica "a liberdade,
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça" como valores
supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já significa incorporar o
advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira
217
comunhão de vida ou vida social em clima de transbordante solidariedade em
benefício da saúde e contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes da própria
natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe de
traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões "in vitro", significa apreço e
reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas
ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco
embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a
celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro
Celso de Mello). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREITOS
INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTO. (...) IV - AS PESQUISAS COM
CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. MATÉRIA ESTRANHA À PRESENTE
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.(..). V - OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À
AUTONOMIA DA VONTADE, AO PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. (...) VI -
DIREITO À SAÚDE COMO COROLÁRIO DO DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O §
4º do art. 199 da Constituição, versante sobre pesquisas com substâncias humanas
para fins terapêuticos, faz parte da seção normativa dedicada à "SAÚDE" (Seção II do
Capítulo II do Título VIII). Direito à saúde, positivado como um dos primeiros dos
direitos sociais de natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro dos
direitos constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo constitucional de nº 194).
Saúde que é "direito de todos e dever do Estado" (caput do art. 196 da Constituição),
garantida mediante ações e serviços de pronto qualificados como "de relevância
pública" (parte inicial do art. 197). A Lei de Biossegurança como instrumento de
encontro do direito à saúde com a própria Ciência. No caso, ciências médicas,
biológicas e correlatas, diretamente postas pela Constituição a serviço desse bem
inestimável do indivíduo que é a sua própria higidez físico-mental. VII - O DIREITO
CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO CIENTÍFICA E A LEI DE BIOSSEGURANÇA
COMO DENSIFICAÇÃO DESSA LIBERDADE. O termo "ciência", enquanto atividade
individual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais da pessoa humana (inciso
IX do art. 5º da CF). Liberdade de expressão que se afigura como clássico direito
constitucional-civil ou genuíno direito de personalidade. Por isso que exigente do
máximo de proteção jurídica, até como signo de vida coletiva civilizada. Tão
qualificadora do indivíduo e da sociedade é essa vocação para os misteres da Ciência
que o Magno Texto Federal abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por
modo superlativo (capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O Estado promoverá
e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas"
(art. 218, caput) é de logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218)
que autoriza a edição de normas como a constante do art. 5º da Lei de Biossegurança.
A compatibilização da liberdade de expressão científica com os deveres estatais de
propulsão das ciências que sirvam à melhoria das condições de vida para todos os
indivíduos. Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal
dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005 do necessário fundamento
para dele afastar qualquer invalidade jurídica (Ministra Cármen Lúcia). VIII -
SUFICIÊNCIA DAS CAUTELAS E RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA NA
CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de
Biossegurança caracteriza-se como regração legal a salvo da mácula do açodamento,
da insuficiência protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa,

218
filosófica e eticamente sensível como a da biotecnologia na área da medicina e da
genética humana. Trata-se de um conjunto normativo que parte do pressuposto da
intrínseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha potencialidade para
tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as categorias mentais ou entidades
biomédicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus
textos, pois é de se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são
correlatas com o significado que elas portam no âmbito das ciências médicas e
biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Afasta-se o uso da técnica de
"interpretação conforme" para a feitura de sentença de caráter aditivo que tencione
conferir à Lei de Biossegurança exuberância regratória, ou restrições tendentes a
inviabilizar as pesquisas com células-tronco embrionárias. Inexistência dos
pressupostos para a aplicação da técnica da "interpretação conforme a Constituição",
porquanto a norma impugnada não padece de polissemia ou de plurissignificatidade.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente.

(ADI 3510, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2008,
DJe-096 DIVULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-01 PP-00134 RTJ
VOL-00214- PP-00043)

(TJSC-2013) (MPSC-2016)

Estabelece a Lei n. 11.105/05 (Biossegurança), que ela não se aplica, mesmo quando
impliquem a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) como
receptor ou doador, quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes
técnicas: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal
e fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser
produzida mediante métodos tradicionais de cultivo. (Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão:
MPE-SC Prova: Promotor de Justiça - Vespertina)

O art. 4º da Lei 11.101/05 dispõe que:

Art. 4o Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio
das seguintes técnicas, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor
ou doador:

I – mutagênese;

II – formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal;

III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser
produzida mediante métodos tradicionais de cultivo;

IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira


natural.

(MPMG-2012): Desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou


doador, não haverá incidência da Lei 11.105/05 quando a modificação genética for
obtida por meio das técnicas de: mutagênese; formação e utilização de células

219
somáticas de hibridoma animal; fusão nuclear (inclusive a de protoplasma) de células
vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; e
autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural.

Art. 4º e 5º

Art. 4o Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio das
seguintes técnicas, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou
doador:

I – mutagênese;

II – formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal;

III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser
produzida mediante métodos tradicionais de cultivo;

IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira


natural.

Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco


embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não
utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:

I – sejam embriões inviáveis; ou

II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação


desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia


com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à
apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.

§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e


sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de
1997.

A CF é silente em relação às atividades de pesquisa e manipulação de material


genético. (Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-PB Prova: Juiz Substituto)

Art. 225, § 1º, II “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do


País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético”

220
15. Crimes ambientais

- Todos os crimes da lei de crimes ambientais são de ação penal pública


incondicionada.

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública
incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO)

- Responsabilidade penal da pessoa jurídica. STF e STJ admitem com base na teoria da
realidade ou personalidade real

PJ pratica conduta criminosa, tem vontade socialmente reconhecível (ação delituosa


institucional)

PJ tem culpabilidade social (STJ)

PJ pode sofrer pena, exceto pena de prisão.

Teoria da Ficção jurídica de Savigny não é acolhida. Para esta Teoria, a PJ é abstração
jurídica. Não comete crime pois não tem dolo e culpa (não adotada)

Infração cometida pelo representante e no interesse ou benefício da entidade

STJ – teoria da dupla imputação RHC 24.239

AgRg no Resp 898.302 citar julgado

221
STF – Informativo 714 – possível condenar pessoa jurídica por crime ambiental, com
absolvição das pessoas físicas da ação penal. 1ª Turma. 3 x 2. RE 548181/PR, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 6/8/2013

Permite denúncia só contra pessoa jurídica e condenação exclusiva do ente moral

“É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda


que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do
órgão responsável pela prática criminosa.”

Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por maioria, conheceu, em parte, de


recurso extraordinário e, nessa parte, deu-lhe provimento para cassar o acórdão
recorrido. Neste, a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas
(Lei 9.605/98, art. 54) teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal
relativamente à pessoa jurídica.

Crime ambiental: absolvição de pessoa física e responsabilidade penal de pessoa


jurídica - 2

“No mérito, anotou-se que a tese do STJ, no sentido de que a persecução penal dos
entes morais somente se poderia ocorrer se houvesse, concomitantemente, a
descrição e imputação de uma ação humana individual, sem o que não seria admissível
a responsabilização da pessoa jurídica, afrontaria o art. 225, § 3º, da CF. Sublinhou-se
que, ao se condicionar a imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa humana, estar-
se-ia quase que a subordinar a responsabilização jurídico-criminal do ente moral à
efetiva condenação da pessoa física.”

Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux.

Para o Min. Luiz Fux, a mencionada regra constitucional, ao afirmar que os ilícitos
ambientais sujeitariam “os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas”, teria apenas imposto sanções administrativas às pessoas jurídicas.
Discorria, ainda, que o art. 5º, XLV, da CF teria trazido o princípio da pessoalidade da
pena, o que vedaria qualquer exegese a implicar a responsabilidade penal da pessoa
jurídica. Por fim, reputava que a pena visaria à ressocialização, o que tornaria
impossível o seu alcance em relação às pessoas jurídicas.

Informativo 639, STF, 1ª Turma, RE 628582 AgR/RS rel. Min. Dias Toffoli, 6.9.2011

“É possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que
haja absolvição da pessoa física relativamente ao mesmo delito.”

STJ – notícia - 17/08/2015. STJ ajusta seu entendimento ao do STF

Petrobras responde sozinha à acusação de crime ambiental na Bahia em 2005

222
“A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o prosseguimento
da ação penal em que a Petrobras é acusada de crime ambiental supostamente
cometido durante a implantação do trecho marítimo do gasoduto do projeto Manati,
em agosto de 2005. Os ministros afastaram a tese de que a pessoa jurídica não poderia
responder sozinha pelo delito sem que a pessoa física que a representa fosse
responsabilizada de forma solidária.”

Informativo 566
Quinta Turma
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO EM
CRIMES AMBIENTAIS.

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais


independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome. Conforme orientação da Primeira Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por
crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável
no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla
imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014). Diante dessa
interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, de modo a entender que é
possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 1º/6/2015; HC
248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-SP, Quinta Turma, DJe
29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
6/8/2015, DJe 13/8/2015.

- Legislação não exige a coautoria como pressuposto da incriminação do ente coletivo.


A lei ambiental não condiciona a responsabilidade penal da pessoa jurídica à da pessoa
física, mas apenas ressalva que as duas formas de imputação não se excluem.

- Informativo 845 (10/2016)

RHC N. 125.566-PR
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Recurso ordinário em habeas corpus. Pesca em período proibido. Crime
ambiental tipificado no art. 34, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.605/98.
Proteção criminal decorrente de mandamento constitucional (CF, art. 225, § 3º).
Interesse manifesto do estado na repreensão às condutas delituosas que venham a
colocar em situação de risco o meio ambiente ou lhe causar danos. Pretendida
aplicação da insignificância. Impossibilidade. Conduta revestida de intenso grau de
reprovabilidade. Crime de perigo que se consuma com a simples colocação ou
exposição do bem jurídico tutelado a perigo de dano. Entendimento doutrinário.
Recurso não provido.
1. A proteção, em termos criminais, ao meio ambiente decorre de mandamento
constitucional, conforme prescreve o § 3º do art. 225: “[a]s condutas e atividades
223
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados”.
2. Em razão da sua relevância constitucional, é latente, portanto, o interesse do
estado na repreensão às condutas delituosas que possam colocar o meio ambiente
em situação de perigo ou lhe causar danos, consoante a Lei nº 9.605/98.
3. Essa proteção constitucional, entretanto, não afasta a possibilidade de se
reconhecer, em tese, o princípio da insignificância quando há a satisfação
concomitante de certos pressupostos, tais como: a) mínima ofensividade da
conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau
de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica
provocada (RHC nº 122.464/BA-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de
Mello, DJe de 12/8/14).
4. A conduta praticada pode ser considerada como um crime de perigo, que se
consuma com a mera possibilidade do dano.
5. O comportamento do recorrente é dotado de intenso grau de reprovabilidade,
pois ele agiu com liberalidade ao pescar em pleno defeso utilizando-se de redes de
pesca de aproximadamente 70 (setenta) metros, o que é um indicativo da prática
para fins econômicos e não artesanais, afastando, assim, já que não demonstrada
nos autos, a incidência do inciso I do art. 37 da Lei Ambiental, que torna atípica a
conduta quando praticada em estado de necessidade, para saciar a fome do agente
ou de sua família.
6. Nesse contexto, não há como afastar a tipicidade material da conduta, tendo em
vista que a reprovabilidade que recai sobre ela está consubstanciada no fato de o
recorrente ter pescado em período proibido utilizando-se de método capaz de
colocar em risco a reprodução dos peixes, o que remonta, indiscutivelmente, à
preservação e ao equilíbrio do ecossistema aquático.
7. Recurso ordinário ao qual se nega provimento.
*noticiado no Informativo 845

- Habeas corpus de pessoa jurídica

STF não admite pois tutela liberdade de locomoção. STJ admite em litisconsórcio com
pessoa física

- Garantidor. Crime omissivo impróprio. Sabe da conduta criminosa e deixa de agir


quando podia evitar.

- Modelo precursor da reforma do CPP Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre
que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá


efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para
apuração do dano efetivamente sofrido.

- Peculiaridades das penas às pessoas jurídicas


224
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas
jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem


obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio
ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade


estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou
com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,


subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o


fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada
sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como
tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

225
TRF2/2017

Assinale a opção correta:

a) A responsabilidade civil ambiental é informada pela doutrina do risco integral e não


admite ação de regresso.

b) Em regra, a cobrança de multa administrativa oriunda de responsabilidade


ambiental não prescreve.

c) Por falta de nexo de causalidade, não se pode impor a obrigação de recuperar a


degradação ambiental ao atual proprietário do imóvel, quando ele não a causou.

d) Conforme o atual entendimento do STF, a responsabilidade penal da pessoa jurídica


por crimes ambientais subordina-se à simultânea persecução da pessoa física
responsável pela conduta (princípio da dupla imputação).

e) A Lei n° 9.605/98 prevê a pena de imposição de liquidação forçada, com perdimento


do patrimônio, à pessoa jurídica utilizada preponderanlemenle para facilitar a prática
dos crimes contra o meio ambiente previstos em seu texto. (correta)

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de


permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua
liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal
perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

AGU CESPE 2009 “As pessoas físicas e as jurídicas estão sujeitas às mesmas sanções
penais decorrentes da prática de crime ambiental, quais sejam: penas privativas de
liberdade, restritivas de direito e multas.” Errado

As PRD das pessoas físicas estão nos artigos 8º e ss. da lei

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao


condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de

226
conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o


condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer
outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no
caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem
obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à


entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não
inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O
valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de
folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.

TRF5 - prova oral - Justiça competente para as infrações penais contra o meio
ambiente.

- Competência da Justiça Estadual. Cancelamento da Súmula 91 do STJ.

- Deve ser julgada na JF

STF RE 454740/AL crime de descarte de resíduos tóxicos em rio que corta mais de um
Estado

STJ

CC 41.279. Liberação de OGMO na natureza é federal. Reflexos na Política Agrícola


Nacional e Balança de Exportação

CC 37137 Manutenção em cativeiro de espécies em extinção. Interesse do ICMBio

CC 88013 Crime em área que depois passa a integrar UC federal

CC 55130 APP na margem de rio que banha mais de um Estado

CC 22.975 e 116.477 Extração de minérios sem autorização. Art. 21 da lei 7.805/89.


Minerais do subsolo são bens da União. Mesmo que em propriedade privada

227
CC 89811 Crime em zona de amortecimento de UC federal. (âmbito cível informativo
526 do STJ. Legitimidade do MPF)

CC 115.282 Crime em entorno de UC Federal. Área adjacente a Estação Ecológica.

Informativo 476 - Terceira Seção

COMPETÊNCIA. CRIME. MEIO AMBIENTE.

O suposto delito contra o meio ambiente (pesca sem autorização mediante


petrechos proibidos) foi praticado em área adjacente à unidade de conservação
federal. Assim, vislumbra-se prejuízo à União, autarquia ou empresa pública federais a
ponto de determinar a competência da Justiça Federal para seu processo e
julgamento. Precedentes citados: CC 100.852-RS, DJe 8/9/2010, e CC 92.722-RJ, DJe
19/4/2010. CC 115.282-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
8/6/2011.

Informativo 474 - 3a Seção

COMPETÊNCIA. JF. CRIME AMBIENTAL. EXTRAÇÃO. CASCALHO.

Os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União, assim, os delitos


relativos a eles devem ser julgados na Justiça Federal nos termos do art. 109, IV, da
CF/1988. Com esse entendimento, a Seção conheceu do conflito de competência e
declarou competente o juízo federal suscitante para processar e julgar o suposto crime
de extração de cascalho, bem da União, sem autorização do órgão ambiental em área
particular (fazenda). No caso, o MPF, ao receber os autos do inquérito, manifestou-se
pela competência da Justiça estadual ao argumento de que o ato supostamente
delituoso teria sido praticado em propriedade particular, não havendo laudo ou
constatação de a área estar próxima a ou localizada em faixa litorânea, terras ou rio
cujo domínio estaria afeto à União; então, o juízo federal suscitou o conflito de
competência. Destacou a Min. Relatora que, de acordo com a jurisprudência deste
Superior Tribunal, não são todos os crimes ambientais que se sujeitam à competência
da Justiça Federal, apesar de, na CF/1988, não haver determinação nesse sentido. Daí
esclarecer que realmente não se pode entender a designação "patrimônio nacional"
contida no art. 225, § 4º, da CF/1988 como sinônimo de bens da União, visto que, a
seu ver, essa locução é uma espécie de proclamação concitando todos à defesa dos
ecossistemas citados no mencionado artigo, até porque há casos em que o particular
será dono de parcelas de trechos contidos nesses ecossistemas, como também dentro
deles foram criados parques nacionais e municipais, o que irá determinar, conforme o
caso concreto, a competência federal ou estadual. No entanto, observou não ser
pacífica a jurisprudência quanto à fixação da competência para o julgamento do delito
de extração de recursos minerais sem autorização. Assim, com esse julgamento, com
base no voto da Min. Relatora, reafirmou-se o posicionamento de serem mais
adequados perante a CF/1988 e a posição do STF os acórdãos do STJ segundo os quais,
para definir a competência do julgamento, não basta analisar o local da prática dos
crimes contra os recursos minerais (previstos no art. 55 da Lei n. 9.605/1998). Isso
porque os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União, como,

228
expressamente e sem ressalva, prevê o inciso IX do art. 20 da CF/1988. Ademais, o art.
176, caput, da mesma Constituição dispõe serem as jazidas, em lavra ou não, e os
demais recursos minerais propriedade distinta da do solo para efeito de exploração ou
aproveitamento e pertencerem à União, garantida ao concessionário a propriedade do
produto da lavra. Por essa razão, assevera só se poder concluir que os delitos relativos
aos recursos minerais, por estes serem bens da União, são da competência da Justiça
Federal. Precedentes citados do STF: AgRg no RE 140.254-SP, DJ 6/6/1997; do STJ: HC
23.286-SP, DJ 19/12/2003; CC 33.377-RJ, DJ 24/2/2003; CC 29.975-MG, DJ 20/11/2000;
CC 30.042-MG, DJ 27/11/2000; CC 7.673-RJ, DJ 13/6/1994; CC 4.167-RJ, DJ
22/11/1993, e CC 99.294-RO, DJe 21/8/2009. CC 116.447-MT, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 25/5/2011.

3a seção Informativo 428

COMPETÊNCIA. CRIME AMBIENTAL.

A Seção decidiu que compete ao juizado especial federal processar e julgar crime
ambiental (art. 39 da Lei n. 9.605/1998) decorrente do corte de árvores (palmito) em
floresta de preservação permanente sem autorização do IBAMA, que administra o
Parque Nacional de Itatiaia, por ser área particular vizinha à unidade de conservação
(art. 9º da Lei n. 4.771/1965). Precedente citado: CC 89.811-SC, DJe 3/4/2008. CC
92.722-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/3/2010.

CESPE AGU 2007 “Em caso de desmatamento criminoso em UC no DF, administrada


pela União, o autor do crime será processado e julgado pela justiça do DF” Errado.
Federal

CESPE AGU 2007 “Crime de pesca realizado em rio interestadual deve ser julgado no
juízo federal competente, ao passo que crime de pesca realizado em rio estadual deve
ser objeto de denúncia de membro do MPE” certo

- É da Justiça Estadual

Transporte de madeira sem autorização do IBAMA. Interesse genérico ou indireto. STF


RE 349.186 de 2002

STJ Extração de areia sem autorização em propriedade particular CC 30.932

Apreensão de espécies de fauna silvestre sem licença. Mero fato de IBAMA autuar não
atrai competência da JF CC 113.345. j. 22/8/2012

Procurador Federal. CESPE. 2010 A configuração do fato típico consistente em


introduzir espécime animal no país, sem parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente, deve ser apurada e julgada pela justiça comum

229
estadual, já que não há ofensa de bem, serviço ou interesse da União, de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas. Correta. Cancelada a Súmula 91.

Mas atenção aos casos “em que há expresso interesse da União, v.g., 'introdução de
espécime exótica animal', ou contrabando de animais silvestres, ou mesmo de animais
em extinção, dentre outros”

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME AMBIENTAL. ARTIGO 31 DA LEI


Nº9.605/98. INTRODUÇÃO DE ESPÉCIMES DE FAUNA EXÓGENA NO PAÍS SEM
AUTORIZAÇÃO.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Comprovado pelo laudo de
vistoria realizado que nenhum dos animais possuía marcação ou comprovação de
origem e sendo esta atividade diretamente relacionada com as atribuições do IBAMA,
autarquia federal responsável pela autorização de ingresso e posse de animais exóticos
no País, de acordo com Instrução Normativa 02/01 do citado órgão, há indícios de
crime perpetrado em desfavor da União. 2.Uma vez que o ingresso de espécimes
exóticas no País está condicionado à autorização do IBAMA, firma-se a competência da
Justiça Federal, haja vista a existência de interesse de autarquia federal. 3. Conheço do
conflito e declaro competente o suscitado, Juízo Federal da 3ª Vara Criminal da Seção
Judiciária do Estado do Rio Grande do sul. (STJ, CC 96.853/RS, 3a Seção, j. 08.10.2008)

Repercussão geral reconhecida . STF discutirá competência para julgar crimes


ambientais transnacionais. Maio de 2013

O Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar o Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
737977, no qual se discute a competência da Justiça Federal para processar e julgar
crimes ambientais transnacionais. O caso trata de exportação ilegal de animais
silvestres, e a questão a ser discutida pelo STF versa sobre o limite da competência
entre as Justiças Federal e Estadual. A matéria teve repercussão geral reconhecida pelo
Plenário Virtual da Corte.

Ao se manifestar a favor da repercussão geral, o relator do ARE 737977, ministro Luiz


Fux, observou que o Brasil, na condição de signatário de convenções e acordos
internacionais, ratificou, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), sua adesão ao Princípio da Precaução.
“Segundo este princípio fundamental de direito internacional ambiental, os povos
devem estabelecer mecanismos de combate preventivos às ações que ameaçam a
utilização sustentável dos ecossistemas, biodiversidade e florestas, fenômeno jurídico
que a toda evidência implica aparente conflito entre as competências da Justiça
estadual e federal”, afirmou. Por outro lado, ressaltou que há violações ao meio
ambiente que não repercutem no cenário mundial e, portanto, não haveria interesse
direto da União na demanda que justificasse a atuação da Justiça Federal.

Para o ministro Fux, o recurso merece ter a repercussão geral reconhecida porque o
tema constitucional tratado é relevante do ponto de vista econômico. “A cada
operação clandestina de animais para o exterior, o país deixa de fiscalizar o destino e
emprego de sua fauna nativa, além de não arrecadar tributos”, explicou. “Tem ainda
230
repercussão social, pois os direitos fundamentais de terceira, quiçá quarta geração
asseguram a todos um meio ambiente saudável e equilibrado”.

- Julgado STF (02/2017)

Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental de exportação de animais

A tese aprovada por unanimidade diz que “compete à Justiça Federal processar e
julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres,
ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil”.

INFORMATIVO 853 STF

Crime ambiental de caráter transnacional e competência

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter


transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes
exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Com
base nesse entendimento, o Plenário deu provimento ao recurso extraordinário em
que se discutia a justiça competente para processar e julgar crimes ambientais
transnacionais.

O Tribunal afirmou que as florestas, a fauna e a flora estão protegidas, no


ordenamento jurídico inaugurado pela Constituição de 1988, como poder-dever
comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF/1988, art. 23,
VII).

Ressaltou que a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CF/1988, art. 225, “caput”),
incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/1988, art. 225, § 1º, VII).

Asseverou que a competência da Justiça estadual é residual, em confronto com a


Justiça Federal, à luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal.

Consignou que a competência da Justiça Federal aplica-se aos seguintes crimes


ambientais, que também se enquadram nas hipóteses previstas na Constituição,
quando: a) atentarem contra bens, serviços ou interesses diretos e específicos da
União ou de suas entidades autárquicas; b) previstos tanto no direito interno quanto
em tratado ou convenção internacional, tiverem a execução iniciada no País, mas o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou na hipótese inversa; c)
tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; d) houver grave violação de

231
direitos humanos; ou ainda e) guardarem conexão ou continência com outro crime de
competência federal, ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral,
conforme previsão expressa da Constituição.

A razão de ser das normas consagradas no direito interno e no direito convencional


conduz à conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental de exportação de
animais silvestres atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à
garantia da segurança ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a
comunidade das nações.

Portanto, o envio clandestino de animais silvestres ao exterior reclama interesse direto


da União no controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como
na observância dos compromissos do Estado brasileiro com a comunidade
internacional, para a garantia conjunta de concretização do que estabelecido nos
acordos internacionais de proteção do direito fundamental à segurança ambiental.
Assim, a natureza transnacional do delito ambiental de exportação de animais
silvestres atrai a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da
CF/1988.
RE 835558/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 9.2.2017. (RE-835558)

Inserção de dados falsos no SISFLORA. Sistema mantido pelo Estado. STJ RHC 35.551, j.
11/06/2013

- Súmula 140 STJ. Crime com índios só é Federal se envolver disputa sobre direitos
indígenas

- Ação penal pública incondicionada

- Direito Penal é última ratio. Nexo causal tem de ser fortalecido. 2 casos

Dano ambiental e nexo de causalidade

Em conclusão de julgamento, a 2ª Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para


determinar o trancamento de ação penal ajuizada contra proprietário de área
localizada em parque estadual, denunciado por crime contra o meio ambiente.

Na espécie, conforme escritura de compra e venda, o paciente adquirira gleba de terra


na região e, no contrato estaria previsto o direito de os proprietários anteriores
procederem à colheita do que fora por eles plantado. Ao verificar desmatamento
naquela área de plantio, a fiscalização ambiental lavrara boletins de ocorrência que
culminaram em ação civil pública contra o paciente pelos crimes dos artigos 38, 39, 40
e 48 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). No STJ, reconhecera-se excesso
acusatório com parcial concessão da ordem e delimitara-se a imputação ao crime do
art. 40 da Lei 9.605/98. Ressaltou-se não ser possível que intervenções legislativas
apanhassem realidades constituídas e as transformassem em práticas ilícitas.
Asseverou-se que: a) o mencionado parque ambiental fora criado em data posterior à
aquisição da propriedade; b) o plantio de mandioca seria preexistente à aquisição da

232
propriedade; c) o paciente substituíra o mandiocal por gramíneas; d) o dano não
adviera do plantio de gramíneas, mas da supressão da vegetação para o plantio
daqueles tubérculos; e e) a área em questão seria pouco significativa. Destacou-se que,
por restringir-se a imputação ao delito de dano, não se verificaria nexo de causalidade
entre a conduta imputada ao paciente e o malefício ambiental por ele supostamente
causado. Frisou-se que o laudo técnico apontara para a regeneração natural da área,
com indicação de medidas simples para o afastamento do dano, que poderiam ser
obtidas pelas vias administrativas e cíveis. Reajustou o voto o Min. Ayres Britto,
relator. Vencida a Min. Ellen Gracie, que denegava a ordem.
HC 95154/SP, rel. Min. Ayres Britto, 27.3.2012. (HC-95154)

- Pesca em unidade de conservação e falta de justa causa por incidência do princípio da


insignificância

Informativos 791 e 816 do STF

Crime ambiental e dano efetivo ao bem jurídico tutelado

A Segunda Turma iniciou julgamento de inquérito no qual se imputa a deputado


federal a prática do crime previsto no art. 34, “caput”, da Lei 9.605/1998 (“Pescar em
período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente”). No caso, de acordo com o relatório de fiscalização, a autoridade
ambiental abordara o deputado e outras duas pessoas em uma embarcação fundeada
em área marítima pertencente à unidade de conservação federal de proteção integral.
A Ministra Cármen Lúcia (relatora), de início, afastou a preliminar de inépcia da
denúncia. Observou que essa peça processual descreveria de forma detalhada a ação
empreendida, com menção ao dia, ao local e às circunstâncias do ato tido por
criminoso, a possibilitar o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório. Em
seguida, rejeitou a denúncia, com fundamento no art. 395, III, do CPP, por falta de
justa causa para o prosseguimento da ação penal. Ressaltou não existir, no caso
concreto, o requisito da justa causa a propiciar o prosseguimento da ação penal,
especialmente pela mínima ofensividade da conduta do agente, pela ausência de
periculosidade social da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e pela inexpressividade da lesão jurídica provocada. Observou que,
apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, não
haveria a tipicidade material, consistente na relevância penal da conduta e no
resultado típico, em razão da insignificância da lesão produzida no bem jurídico
tutelado. Ressaltou que a jurisprudência seria no sentido da plena aplicabilidade do
princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo
concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de
perigo abstrato, como no art. 34, “caput”, da Lei 9.605/1998. No processo em exame,
não se produzira prova material de qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais,
mesmo diante de crime de perigo abstrato, não seria possível dispensar a verificação
“in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado
com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificaria na espécie

233
vertente. Portanto, seria imperioso assentar a atipicidade material da conduta, pela
completa ausência de ofensividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal. O
acusado estaria em pequena embarcação quando teria sido surpreendido em contexto
de pesca rústica, com vara de pescar, linha e anzol. Não estaria em barco grande,
munido de redes, arrasto nem com instrumentos de maior potencialidade lesiva ao
meio ambiente. Em seguida, após os votos dos Ministros Teori Zavascki e Gilmar
Mendes, que acompanharam a relatora, pediu vista o Ministro Dias Toffoli.
Inq 3788/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 23.6.2015. (Inq-3788)

Crime ambiental e dano efetivo ao bem jurídico tutelado - 2

A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, reputou improcedente acusação


formulada contra deputado federal pela suposta prática do crime previsto no art. 34,
“caput”, da Lei 9.605/1998 (“Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente”) — v. Informativo 791. No caso, de
acordo com o relatório de fiscalização, a autoridade ambiental abordara o deputado e
outras duas pessoas em embarcação fundeada em área marítima pertencente à
unidade de conservação federal de proteção integral. A Turma, de início, afastou a
preliminar de inépcia da denúncia. Observou que essa peça processual descreveria de
forma detalhada a ação empreendida, com menção ao dia, ao local e às circunstâncias
do ato tido por criminoso, a possibilitar o pleno exercício da ampla defesa e do
contraditório. Em seguida, reputou não existir, no caso concreto, o requisito da justa
causa a propiciar o prosseguimento da ação penal, especialmente pela mínima
ofensividade da conduta do agente, pela ausência de periculosidade social da ação,
pelo reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e pela inexpressividade da
lesão jurídica provocada. Assim, apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à
tipicidade formal e subjetiva, não haveria a tipicidade material, consistente na
relevância penal da conduta e no resultado típico, em razão da insignificância da lesão
produzida no bem jurídico tutelado. A jurisprudência seria no sentido da aplicabilidade
do princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo
concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de
perigo abstrato, como no art. 34, “caput”, da Lei 9.605/1998. No processo em exame,
não se produzira prova material de qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais,
mesmo diante de crime de perigo abstrato, não seria possível dispensar a verificação
“in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado
com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificaria na espécie
vertente. Portanto, seria imperioso assentar a atipicidade material da conduta, pela
completa ausência de ofensividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal. O
acusado estaria em pequena embarcação quando teria sido surpreendido em contexto
de pesca rústica, com vara de pescar, linha e anzol. Não estaria em barco grande,
munido de redes, arrasto nem com instrumentos de maior potencialidade lesiva ao
meio ambiente.
Inq 3788/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 1°.3.2016. (Inq-3788)

234
- Para crime de poluição precisa de perícia para verificar o risco de dano à saúde
(válvula de escape). Informativo 571 STJ

Sexta Turma
DIREITO AMBIENTAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. PROVA DO CRIME DO ART. 54 DA
LEI 9.605/1998.

É imprescindível a realização de perícia oficial para comprovar a prática do crime


previsto no art. 54 da Lei 9.605/1998. O tipo penal do art. 54 da Lei 9.605/1998
("Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora") divide-se em duas modalidades: de perigo ("possa
resultar em dano à saúde humana") e de dano ("resulte em dano à saúde humana" ou
"provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora"). Mesmo na
parte em que se tutela o crime de perigo, faz-se imprescindível a prova do risco de
dano à saúde. Isso porque, para a caracterização do delito, não basta ficar
caracterizada a ação de poluir; é necessário que a poluição seja capaz de causar danos
à saúde humana (HC 54.536, Quinta Turma, DJ 1º/8/2006; e RHC 17.429, Quinta
Turma, DJ 1º/8/2005), e não há como verificar se tal condição se encontra presente
sem prova técnica. REsp 1.417.279-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
22/9/2015, DJe 15/10/2015.

- construir quadras esportivas e impedir a regeneração ambiental é crime permanente

5a Turma - Informativo 447

CRIME PERMANENTE. MEIO AMBIENTE. TIPICIDADE.

O ato do paciente de impedir a regeneração natural de flora ao cercar e construir duas


quadras esportivas em área pública estendeu-se no tempo, sendo constantemente
violado o bem jurídico tutelado (meio ambiente). Assim, ainda que a vegetação tenha
sido retirada quando a área não era considerada de preservação ambiental e antes da
vigência da Lei do Meio Ambiente, a conduta acima descrita é típica (art. 48 da Lei n.
9.605/1998). Houve prorrogação do momento consumativo, pois o paciente poderia
fazer cessar sua atividade delitiva, bastando retirar a cerca que anexa seu terreno à
área pública de preservação permanente invadida quando foi notificado para tanto, e
assim não o fez. Logo, a conduta narrada caracteriza-se como crime permanente, em
que não é possível precisar o início da atividade delituosa, bastando apenas provar, a
qualquer momento, que a conduta persiste. Assim, o lapso prescricional somente
começa a fluir do momento em que cessa a permanência. Desse modo, a Turma
denegou a ordem. Precedentes citados do STF: RHC 83.437-SP, DJe 18/4/2008; do STJ:
RHC 16.171-SP, DJ 30/8/2004. HC 116.088-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
16/9/2010.

- Para STF há concurso de crimes entre leis 8.176/91 e 9.605/98

235
STF

INFORMATIVO 583 - 2A TURMA

Conflito Aparente de Normas: Lei 8.176/91 e Lei 9.605/98

A Turma indeferiu habeas corpus em que denunciado pela suposta prática dos crimes
previstos nos artigos 2º da Lei 8.176/91 e 55 da Lei 9.605/98 alegava conflito aparente
de normas, ao argumento de que o mesmo fato — extrair minério sem a competente
autorização ou licença — teria sido tipificado por dois dispositivos. Assentou-se que as
assertivas da impetração não mereceriam prosperar, na medida em que os artigos 2º
da Lei 8.176/91 e 55 da Lei 9.605/98 tutelariam bens jurídicos distintos, porquanto o
primeiro teria por objetivo resguardar o patrimônio da União e o segundo o meio
ambiente (Lei 8.176/91, art. 2º: “Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade
de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem
autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título
autorizativo.”. Lei 9.605/98, art. 55: “Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos
minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em
desacordo com a obtida:”). HC 89878/SP, rel. Min. Eros Grau, 20.4.2010.
HC 89878/SP, rel. Min. Eros Grau, 20.4.2010.

- Não é culposo delito com pena máxima superior a 2 anos ou multa

INFORMATIVO 684 SEGUNDA TURMA

Art. 38 da Lei 9.605/98 e potencial ofensivo

O delito tipificado no art. 38 da Lei 9.605/98 (“Destruir ou danificar floresta


considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
reduzida à metade”) não constitui infração de menor potencial ofensivo. Essa a
conclusão da 2ª Turma ao denegar habeas corpus em que se pleiteava a declaração da
competência do juizado especial federal criminal para apreciação do processo na
origem, em face da possibilidade de imposição de multa como reprimenda. Na espécie,
tratava-se de denunciado por, supostamente, edificar obras de forma ilícita às
margens de lago de preservação ambiental. Salientou-se que a competência do juizado
estaria afastada, uma vez que a pena máxima cominada superaria o limite de 2 anos
(art. 2º da Lei 10.259/2001 c/c art. 61 da Lei 9.099/95). Concluiu-se ser competente a
justiça federal comum.
HC 112758/TO, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.10.2012. (HC-112758)

236
Agravantes e atenuantes

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do


dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação


ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle


ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio


ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do


Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

237
n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas


públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades


competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

AGU CESPE 2012 “É circunstância agravante da pena o fato de o agente ter cometido
crime ambiental no interior de espaço territorial especialmente protegido, salvo
quando a referida localização constituir ou qualificar o crime.”

certo

Art. 15 l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de


que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente
de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser
aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três
anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal


será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem
impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

CP prevê o SURSIS para a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos.

AGU CESPE 2009 “A Lei de Crimes Ambientais prevê a suspensão condicional da pena
nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.”
Certo

238
Procurador Federal/CESPE/2007
Questão Discursiva
Situação I: Carlos abate uma anta para dar alimento a sua família.

Situação II: Flávio caça jacarés, sem autorização da autoridade ambiental


competente, no Pantanal mato-grossense com o objetivo de exportar peles e couros.

Situação III: A Madeireira ABC corta árvores em floresta considerada de


preservação permanente, sem permissão da autoridade competente. O corte e a
venda da madeira devem-se a decisão unânime do órgão colegiado da madeireira.

Considerando essas situações hipotéticas, responda, de forma justificada e


sucinta, às seguintes indagações:

Carlos e Flávio estão sujeitos à denúncia por crimes contra a fauna?

A Madeireira ABC poderia, em tese, ser responsabilizada civil, administrativa e


penalmente?

16. Política Nacional de Resíduos Sólidos

Lei 12.305/2010

Política global (várias leis com política nacional. 8171/91 – política agrícola nacional;
9433/97 PNRH; 9795/99 PNEA; 11445/2007 PN de Saneamento Básico; SNUC)

Art. 4º A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,


objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal,
isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios
ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente
adequado dos resíduos sólidos.

- princípios, objetivos e instrumentos da PNRS, bem como sobre as diretrizes relativas


à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis.
- sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou
privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as
que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
resíduos sólidos.
- A lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação
específica.
Conceitos importantes

239
Art. 3º
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de
atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos
de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de
resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à
saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos
termos desta Lei; medidas mitigadoras
XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada;
Há densificação do poluidor-pagador. Internaliza custo do impacto ambiental causado
pelo resíduo.
Visa a mitigar os efeitos da obsolescência planejada
Contato com o Direito do Consumidor
Resp 984.106/SC, j. 04/10/2012
"8. Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste natural
gerado pela fruição ordinária do produto, mas da própria fabricação, e relativo a
projeto, cálculo estrutural,resistência de materiais, entre outros, o prazo para reclamar
pela reparação se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito,não obstante
tenha isso ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia, devendo ter-se
sempre em vista o critério da vida útil do bem.
9. Ademais, independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de um bem
tido por durável com vida útil inferior àquela que legitimamente se esperava, além de
configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC), evidencia uma quebra da boa-fé
objetiva,que deve nortear as relações contratuais, sejam de consumo, sejam de direito
comum. Constitui, em outras palavras,descumprimento do dever de informação e a
não realização do próprio objeto do contrato, que era a compra de um bem cujo ciclo
vital se esperava,de forma legítima e razoável, fosse mais longo."

Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa,


mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente
do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de:
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja
embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de
gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;

240
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Art. 16. A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos, nos termos previstos por
esta Lei, é condição para os Estados terem acesso a recursos da União, ou por ela
controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de
resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de
entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. (Vigência)

Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos
termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem
acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e
serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem
beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou
fomento para tal finalidade. (Vigência)

Art. 55. O disposto nos arts. 16 e 18 entra em vigor 2 (dois) anos após a data de
publicação desta Lei.
Discussão sobre a ampliação do prazo.

Art. 20. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos


sólidos:
I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas “e”, “f”, “g” e “k” do inciso
I do art. 13;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:
a) gerem resíduos perigosos;
b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua
natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares
pelo poder público municipal;
III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;
IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na alínea “j” do
inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS, as empresas de transporte;
V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão
competente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.

241
Parágrafo único. Observado o disposto no Capítulo IV deste Título, serão
estabelecidas por regulamento exigências específicas relativas ao plano de
gerenciamento de resíduos perigosos.
Art. 24. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do
processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade pelo órgão
competente do Sisnama.
§ 1o Nos empreendimentos e atividades não sujeitos a licenciamento ambiental, a
aprovação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos cabe à autoridade municipal
competente.
§ 2o No processo de licenciamento ambiental referido no § 1o a cargo de órgão
federal ou estadual do Sisnama, será assegurada oitiva do órgão municipal
competente, em especial quanto à disposição final ambientalmente adequada de
rejeitos.

PNRS
Art. 9o Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte
ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

TRF2/2017

90 Quanto à ordem de prioridade a ser observada nas políticas de gestão e de


gerenciamento de resíduos sólidos:

a) A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos é o objetivo maior da


Política Nacional de Resíduos Sólidos.

b) A ordem de prioridade é reciclagem, não geração e, por fim, uso como fonte de
energia.

c) A ordem de prioridade se inicia com a tentativa de não geração e segue com a


redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. (correta)

d) A ordem de prioridade é reciclar, reutilizar e, se for possível, não gerar.

e) Segundo o princípio do poluidor pagador, a prioridade é a não geração, a taxação


daqueles que geram mais e, quanto aos resíduos gerados, a disposição final efetuada
em consonância com a política de saneamento básico.

242
17. Direito indígena

- Papel contramajoritário

- Estatuto do Índio x CF, Convenção 169 OIT e Declaração ONU sobre diretos dos povos
indígenas

Art. 231 da Constituição.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em


caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a
sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse


permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a


pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

TRF5 2015

“a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas dependem de


autorização do Congresso Nacional, mesmo que essas atividades sejam exercidas pelos
próprios índios” certo

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos


sobre elas, imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum"
do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a

243
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação
de boa fé.

§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
Público em todos os atos do processo.

AGU/CESPE/2015. 53 Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas


para ingresso em juízo em defesa de seus direitos e interesses, competindo à justiça
federal processar e julgar os crimes relacionados aos direitos dos índios. certo

Art. 109, CF/88: Aos juízes federais compete processar e julgar:XI - a disputa sobre
direitos indígenas.

SÚMULA 140, STF: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que
o indígena figure como autor ou vítima.

- Índio e testemunha

§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum"
do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

“CPI: intimação de indígena para prestar depoimento na condição de testemunha, fora


do seu habitat: violação às normas constitucionais que conferem proteção específica
aos povos indígenas (CF, arts. 215 , 216 e 231). A convocação de um índio para prestar
depoimento em local diverso de suas terras constrange a sua liberdade de locomoção,
na medida em que é vedada pela Constituição da República a remoção dos grupos
indígenas de suas terras, salvo exceções nela previstas (CF/1988, art. 231, § 5º). A
tutela constitucional do grupo indígena, que visa a proteger, além da posse e usufruto
das terras originariamente dos índios, a respectiva identidade cultural, se estende ao
indivíduo que o compõe, quanto à remoção de suas terras, que é sempre ato de
opção, de vontade própria, não podendo se apresentar como imposição, salvo
hipóteses excepcionais.” (HC 80.240, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 20-
6-2001, Primeira Turma, DJ de 14-10-2005.)

244
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que a intimação de indígenas para prestar
depoimento, na condição de testemunha, fora de suas terras, constrange a sua
liberdade de locomoção, por força de dispositivo constitucional que veda a remoção
dos grupos indígenas de suas terras (Ano: 2013 Banca: PGR Órgão: PGR Prova:
Procurador da República – 27º concurso) Errada. STF não vedou se for por ato de
vontade

CESPE/AGU/Procurador Federal 2007 Caso uma comissão parlamentar de inquérito


com funcionamento em Brasília intime um indígena, que mora no estado de Mato
Grosso, a prestar depoimento na condição de testemunha, no DF, haverá violação às
normas constitucionais que conferem proteção específica aos povos indígenas, uma
vez que a intimação do indígena configuraria, em tese, constrangimento à sua
liberdade de locomoção, por ser vedada pela CF a remoção dos grupos indígenas de
suas terras, salvo nas hipóteses constitucionalmente elencadas. (certo)
Estatuto do Índio (6001/73)

Convenção 169 da OIT

Raposa Serra do Sol. Pet 3388 (informativo 517 do STF)

AÇÃO POPULAR. DEMARCAÇÃO DA TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO SOL.


INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO- DEMARCATÓRIO.
OBSERVÂNCIA DOS ARTS. 231 E 232 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BEM COMO DA LEI
Nº 6.001/73 E SEUS DECRETOS REGULAMENTARES. CONSTITUCIONALIDADE E
LEGALIDADE DA PORTARIA Nº 534/2005, DO MINISTRO DA JUSTIÇA, ASSIM COMO DO
DECRETO PRESIDENCIAL HOMOLOGATÓRIO. RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO
INDÍGENA DA ÁREA DEMARCADA, EM SUA TOTALIDADE. MODELO CONTÍNUO DE
DEMARCAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. REVELAÇÃO DO REGIME CONSTITUCIONAL DE
DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO ESTATUTO
JURÍDICO DA CAUSA INDÍGENA. A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS COMO
CAPÍTULO AVANÇADO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. INCLUSÃO
COMUNITÁRIA PELA VIA DA IDENTIDADE ÉTNICA. VOTO DO RELATOR QUE FAZ
AGREGAR AOS RESPECTIVOS FUNDAMENTOS SALVAGUARDAS INSTITUCIONAIS
DITADAS PELA SUPERLATIVA IMPORTÂNCIA HISTÓRICO-CULTURAL DA CAUSA.
SALVAGUARDAS AMPLIADAS A PARTIR DE VOTO-VISTA DO MINISTRO MENEZES
DIREITO E DESLOCADAS PARA A PARTE DISPOSITIVA DA DECISÃO.

1. AÇÃO NÃO CONHECIDA EM PARTE. Ação não-conhecida quanto à pretensão autoral


de excluir da área demarcada o que dela já fora excluída: o 6º Pelotão Especial de
Fronteira, os núcleos urbanos dos Municípios de Uiramutã e Normandia, os
equipamentos e instalações públicos federais e estaduais atualmente existentes, as
linhas de transmissão de energia elétrica e os leitos das rodovias federais e estaduais
também já existentes. Ausência de interesse jurídico. Pedidos já contemplados na
Portaria nº 534/2005 do Ministro da Justiça. Quanto à sede do Município de
Pacaraima, cuida-se de território encravado na "Terra Indígena São Marcos", matéria
estranha à presente demanda. Pleito, por igual, não conhecido.

245
2. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS PROCESSUAIS NA AÇÃO POPULAR. 2.1. Nulidade dos atos,
ainda que formais, tendo por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras
situadas na área indígena Raposa Serra do Sol. Pretensos titulares privados que não
são partes na presente ação popular. Ação que se destina à proteção do patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe (inciso LXXIII do artigo 5º da
Constituição Federal), e não à defesa de interesses particulares. 2.2. Ilegitimidade
passiva do Estado de Roraima, que não foi acusado de praticar ato lesivo ao tipo de
bem jurídico para cuja proteção se preordena a ação popular. Impossibilidade de
ingresso do Estado-membro na condição de autor, tendo em vista que a legitimidade
ativa da ação popular é tão-somente do cidadão. 2.3. Ingresso do Estado de Roraima e
de outros interessados, inclusive de representantes das comunidades indígenas,
exclusivamente como assistentes simples. 2.4. Regular atuação do Ministério Público.

3. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DEMARCATÓRIO. 3.1.


Processo que observou as regras do Decreto nº 1.775/96, já declaradas constitucionais
pelo Supremo Tribunal Federal no Mandado de Segurança nº 24.045, da relatoria do
ministro Joaquim Barbosa. Os interessados tiveram a oportunidade de se habilitar no
processo administrativo de demarcação das terras indígenas, como de fato assim
procederam o Estado de Roraima, o Município de Normandia, os pretensos posseiros e
comunidades indígenas, estas por meio de petições, cartas e prestação de
informações. Observância das garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. 3.2. Os dados e peças de caráter antropológico foram revelados e subscritos
por profissionais de reconhecidas qualificação científica e se dotaram de todos os
elementos exigidos pela Constituição e pelo Direito infraconstitucional para a
demarcação de terras indígenas, não sendo obrigatória a subscrição do laudo por
todos os integrantes do grupo técnico (Decretos nos 22/91 e 1.775/96). 3.3. A
demarcação administrativa, homologada pelo Presidente da República, é "ato estatal
que se reveste da presunção juris tantum de legitimidade e de veracidade" (RE
183.188, da relatoria do ministro Celso de Mello), além de se revestir de natureza
declaratória e força auto-executória. Não comprovação das fraudes alegadas pelo
autor popular e seu originário assistente.

4. O SIGNIFICADO DO SUBSTANTIVO "ÍNDIOS" NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O


substantivo "índios" é usado pela Constituição Federal de 1988 por um modo
invariavelmente plural, para exprimir a diferenciação dos aborígenes por numerosas
etnias. Propósito constitucional de retratar uma diversidade indígena tanto interétnica
quanto intra-étnica. Índios em processo de aculturação permanecem índios para o fim
de proteção constitucional. Proteção constitucional que não se limita aos silvícolas,
estes, sim, índios ainda em primitivo estádio de habitantes da selva.

5. AS TERRAS INDÍGENAS COMO PARTE ESSENCIAL DO TERRITÓRIO BRASILEIRO. 5.1. As


"terras indígenas" versadas pela Constituição Federal de 1988 fazem parte de um
território estatal-brasileiro sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito nacional. E
como tudo o mais que faz parte do domínio de qualquer das pessoas federadas
brasileiras, são terras que se submetem unicamente ao primeiro dos princípios
regentes das relações internacionais da República Federativa do Brasil: a soberania ou
"independência nacional" (inciso I do art. 1º da CF). 5.2. Todas as "terras indígenas"

246
são um bem público federal (inciso XI do art. 20 da CF), o que não significa dizer que o
ato em si da demarcação extinga ou amesquinhe qualquer unidade federada. Primeiro,
porque as unidades federadas pós-Constituição de 1988 já nascem com seu território
jungido ao regime constitucional de preexistência dos direitos originários dos índios
sobre as terras por eles "tradicionalmente ocupadas". Segundo, porque a titularidade
de bens não se confunde com o senhorio de um território político. Nenhuma terra
indígena se eleva ao patamar de território político, assim como nenhuma etnia ou
comunidade indígena se constitui em unidade federada. Cuida-se, cada etnia indígena,
de realidade sócio-cultural, e não de natureza político-territorial.

6. NECESSÁRIA LIDERANÇA INSTITUCIONAL DA UNIÃO, SEMPRE QUE OS ESTADOS E


MUNICÍPIOS ATUAREM NO PRÓPRIO INTERIOR DAS TERRAS JÁ DEMARCADAS COMO
DE AFETAÇÃO INDÍGENA. A vontade objetiva da Constituição obriga a efetiva presença
de todas as pessoas federadas em terras indígenas, desde que em sintonia com o
modelo de ocupação por ela concebido, que é de centralidade da União. Modelo de
ocupação que tanto preserva a identidade de cada etnia quanto sua abertura para um
relacionamento de mútuo proveito com outras etnias indígenas e grupamentos de
não-índios. A atuação complementar de Estados e Municípios em terras já demarcadas
como indígenas há de se fazer, contudo, em regime de concerto com a União e sob a
liderança desta. Papel de centralidade institucional desempenhado pela União, que
não pode deixar de ser imediatamente coadjuvado pelos próprios índios, suas
comunidades e organizações, além da protagonização de tutela e fiscalização do
Ministério Público (inciso V do art. 129 e art. 232, ambos da CF).

7. AS TERRAS INDÍGENAS COMO CATEGORIA JURÍDICA DISTINTA DE TERRITÓRIOS


INDÍGENAS. O DESABONO CONSTITUCIONAL AOS VOCÁBULOS "POVO", "PAÍS",
"TERRITÓRIO", "PÁTRIA" OU "NAÇÃO" INDÍGENA. Somente o "território" enquanto
categoria jurídico-política é que se põe como o preciso âmbito espacial de incidência
de uma dada Ordem Jurídica soberana, ou autônoma. O substantivo "terras" é termo
que assume compostura nitidamente sócio-cultural, e não política. A Constituição teve
o cuidado de não falar em territórios indígenas, mas, tão-só, em "terras indígenas". A
traduzir que os "grupos", "organizações", "populações" ou "comunidades" indígenas
não constituem pessoa federada. Não formam circunscrição ou instância espacial que
se orne de dimensão política. Daí não se reconhecer a qualquer das organizações
sociais indígenas, ao conjunto delas, ou à sua base peculiarmente antropológica a
dimensão de instância transnacional. Pelo que nenhuma das comunidades indígenas
brasileiras detém estatura normativa para comparecer perante a Ordem Jurídica
Internacional como "Nação", "País", "Pátria", "território nacional" ou "povo"
independente. Sendo de fácil percepção que todas as vezes em que a Constituição de
1988 tratou de "nacionalidade" e dos demais vocábulos aspeados (País, Pátria,
território nacional e povo) foi para se referir ao Brasil por inteiro.

8. A DEMARCAÇÃO COMO COMPETÊNCIA DO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO. Somente


à União, por atos situados na esfera de atuação do Poder Executivo, compete
instaurar, sequenciar e concluir formalmente o processo demarcatório das terras
indígenas, tanto quanto efetivá-lo materialmente, nada impedindo que o Presidente
da República venha a consultar o Conselho de Defesa Nacional (inciso III do § 1º do art.

247
91 da CF), especialmente se as terras indígenas a demarcar coincidirem com faixa de
fronteira. As competências deferidas ao Congresso Nacional, com efeito concreto ou
sem densidade normativa, exaurem-se nos fazeres a que se referem o inciso XVI do
art. 49 e o § 5º do art. 231, ambos da Constituição Federal.

9. A DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS COMO CAPÍTULO AVANÇADO DO


CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. Os arts. 231 e 232 da Constituição Federal são de
finalidade nitidamente fraternal ou solidária, própria de uma quadra constitucional
que se volta para a efetivação de um novo tipo de igualdade: a igualdade civil-moral de
minorias, tendo em vista o proto-valor da integração comunitária. Era constitucional
compensatória de desvantagens historicamente acumuladas, a se viabilizar por
mecanismos oficiais de ações afirmativas. No caso, os índios a desfrutar de um espaço
fundiário que lhes assegure meios dignos de subsistência econômica para mais
eficazmente poderem preservar sua identidade somática, linguística e cultural.
Processo de uma aculturação que não se dilui no convívio com os não-índios, pois a
aculturação de que trata a Constituição não é perda de identidade étnica, mas
somatório de mundividências. Uma soma, e não uma subtração. Ganho, e não perda.
Relações interétnicas de mútuo proveito, a caracterizar ganhos culturais
incessantemente cumulativos. Concretização constitucional do valor da inclusão
comunitária pela via da identidade étnica. 10. O FALSO ANTAGONISMO ENTRE A
QUESTÃO INDÍGENA E O DESENVOLVIMENTO. Ao Poder Público de todas as dimensões
federativas o que incumbe não é subestimar, e muito menos hostilizar comunidades
indígenas brasileiras, mas tirar proveito delas para diversificar o potencial econômico-
cultural dos seus territórios (dos entes federativos). O desenvolvimento que se fizer
sem ou contra os índios, ali onde eles se encontrarem instalados por modo tradicional,
à data da Constituição de 1988, desrespeita o objetivo fundamental do inciso II do art.
3º da Constituição Federal, assecuratório de um tipo de "desenvolvimento nacional"
tão ecologicamente equilibrado quanto humanizado e culturalmente diversificado, de
modo a incorporar a realidade indígena. 11. O CONTEÚDO POSITIVO DO ATO DE
DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. 11.1. O março temporal de ocupação. A
Constituição Federal trabalhou com data certa -- a data da promulgação dela própria
(5 de outubro de 1988) -- como insubstituível referencial para o dado da ocupação de
um determinado espaço geográfico por essa ou aquela etnia aborígene; ou seja, para o
reconhecimento, aos índios, dos direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam. 11.2. O março da tradicionalidade da ocupação. É preciso
que esse estar coletivamente situado em certo espaço fundiário também ostente o
caráter da perdurabilidade, no sentido anímico e psíquico de continuidade etnográfica.
A tradicionalidade da posse nativa, no entanto, não se perde onde, ao tempo da
promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação apenas não ocorreu por efeito de
renitente esbulho por parte de não-índios. Caso das "fazendas" situadas na Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, cuja ocupação não arrefeceu nos índios sua capacidade
de resistência e de afirmação da sua peculiar presença em todo o complexo geográfico
da "Raposa Serra do Sol". 11.3. O março da concreta abrangência fundiária e da
finalidade prática da ocupação tradicional. Áreas indígenas são demarcadas para servir
concretamente de habitação permanente dos índios de uma determinada etnia, de par
com as terras utilizadas para suas atividades produtivas, mais as "imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar" e ainda aquelas que

248
se revelarem "necessárias à reprodução física e cultural" de cada qual das
comunidades étnico-indígenas, "segundo seus usos, costumes e tradições" (usos,
costumes e tradições deles, indígenas, e não usos, costumes e tradições dos não-
índios). Terra indígena, no imaginário coletivo aborígine, não é um simples objeto de
direito, mas ganha a dimensão de verdadeiro ente ou ser que resume em si toda
ancestralidade, toda coetaneidade e toda posteridade de uma etnia. Donde a
proibição constitucional de se remover os índios das terras por eles tradicionalmente
ocupadas, assim como o reconhecimento do direito a uma posse permanente e
usufruto exclusivo, de parelha com a regra de que todas essas terras "são inalienáveis
e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis" (§ 4º do art. 231 da
Constituição Federal). O que termina por fazer desse tipo tradicional de posse um
heterodoxo instituto de Direito Constitucional, e não uma ortodoxa figura de Direito
Civil. Donde a clara intelecção de que OS ARTIGOS 231 E 232 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL CONSTITUEM UM COMPLETO ESTATUTO JURÍDICO DA CAUSA INDÍGENA.
11.4. O março do conceito fundiariamente extensivo do chamado "princípio da
proporcionalidade". A Constituição de 1988 faz dos usos, costumes e tradições
indígenas o engate lógico para a compreensão, entre outras, das semânticas da posse,
da permanência, da habitação, da produção econômica e da reprodução física e
cultural das etnias nativas. O próprio conceito do chamado "princípio da
proporcionalidade", quando aplicado ao tema da demarcação das terras indígenas,
ganha um conteúdo peculiarmente extensivo. 12. DIREITOS "ORIGINÁRIOS". Os
direitos dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam foram
constitucionalmente "reconhecidos", e não simplesmente outorgados, com o que o
ato de demarcação se orna de natureza declaratória, e não propriamente constitutiva.
Ato declaratório de uma situação jurídica ativa preexistente. Essa a razão de a Carta
Magna havê-los chamado de "originários", a traduzir um direito mais antigo do que
qualquer outro, de maneira a preponderar sobre pretensos direitos adquiridos, mesmo
os materializados em escrituras públicas ou títulos de legitimação de posse em favor
de não-índios. Atos, estes, que a própria Constituição declarou como "nulos e extintos"
(§ 6º do art. 231 da CF). 13. O MODELO PECULIARMENTE CONTÍNUO DE DEMARCAÇÃO
DAS TERRAS INDÍGENAS. O modelo de demarcação das terras indígenas é orientado
pela ideia de continuidade. Demarcação por fronteiras vivas ou abertas em seu
interior, para que se forme um perfil coletivo e se afirme a auto-suficiência econômica
de toda uma comunidade usufrutuária. Modelo bem mais serviente da ideia cultural e
econômica de abertura de horizontes do que de fechamento em "bolsões", "ilhas",
"blocos" ou "clusters", a evitar que se dizime o espírito pela eliminação progressiva dos
elementos de uma dada cultura (etnocídio). 14. A CONCILIAÇÃO ENTRE TERRAS
INDÍGENAS E A VISITA DE NÃO-ÍNDIOS, TANTO QUANTO COM A ABERTURA DE VIAS DE
COMUNICAÇÃO E A MONTAGEM DE BASES FÍSICAS PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
PÚBLICOS OU DE RELEVÂNCIA PÚBLICA. A exclusividade de usufruto das riquezas do
solo, dos rios e dos lagos nas terras indígenas é conciliável com a eventual presença de
não-índios, bem assim com a instalação de equipamentos públicos, a abertura de
estradas e outras vias de comunicação, a montagem ou construção de bases físicas
para a prestação de serviços públicos ou de relevância pública, desde que tudo se
processe sob a liderança institucional da União, controle do Ministério Público e
atuação coadjuvante de entidades tanto da Administração Federal quanto
representativas dos próprios indígenas. O que já impede os próprios índios e suas

249
comunidades, por exemplo, de interditar ou bloquear estradas, cobrar pedágio pelo
uso delas e inibir o regular funcionamento das repartições públicas. 15. A RELAÇÃO DE
PERTINÊNCIA ENTRE TERRAS INDÍGENAS E MEIO AMBIENTE. Há perfeita
compatibilidade entre meio ambiente e terras indígenas, ainda que estas envolvam
áreas de "conservação" e "preservação" ambiental. Essa compatibilidade é que
autoriza a dupla afetação, sob a administração do competente órgão de defesa
ambiental. 16. A DEMARCAÇÃO NECESSARIAMENTE ENDÓGENA OU INTRAÉTNICA.
Cada etnia autóctone tem para si, com exclusividade, uma porção de terra compatível
com sua peculiar forma de organização social. Daí o modelo contínuo de demarcação,
que é monoétnico, excluindo-se os intervalados espaços fundiários entre uma etnia e
outra. Modelo intraétnico que subsiste mesmo nos casos de etnias lindeiras, salvo se
as prolongadas relações amistosas entre etnias aborígines venham a gerar, como no
caso da Raposa Serra do Sol, uma condivisão empírica de espaços que impossibilite
uma precisa fixação de fronteiras interétnicas. Sendo assim, se essa mais entranhada
aproximação física ocorrer no plano dos fatos, como efetivamente se deu na Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, não há como falar de demarcação intraétnica, menos
ainda de espaços intervalados para legítima ocupação por não-índios, caracterização
de terras estaduais devolutas, ou implantação de Municípios. 17. COMPATIBILIDADE
ENTRE FAIXA DE FRONTEIRA E TERRAS INDÍGENAS. Há compatibilidade entre o
usufruto de terras indígenas e faixa de fronteira. Longe de se pôr como um ponto de
fragilidade estrutural das faixas de fronteira, a permanente alocação indígena nesses
estratégicos espaços em muito facilita e até obriga que as instituições de Estado
(Forças Armadas e Polícia Federal, principalmente) se façam também presentes com
seus postos de vigilância, equipamentos, batalhões, companhias e agentes. Sem
precisar de licença de quem quer que seja para fazê-lo. Mecanismos, esses, a serem
aproveitados como oportunidade ímpar para conscientizar ainda mais os nossos
indígenas, instruí-los (a partir dos conscritos), alertá-los contra a influência
eventualmente malsã de certas organizações não-governamentais estrangeiras,
mobilizá-los em defesa da soberania nacional e reforçar neles o inato sentimento de
brasilidade. Missão favorecida pelo fato de serem os nossos índios as primeiras
pessoas a revelar devoção pelo nosso País (eles, os índios, que em toda nossa história
contribuíram decisivamente para a defesa e integridade do território nacional) e até
hoje dar mostras de conhecerem o seu interior e as suas bordas mais que ninguém. 18.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS E SALVAGUARDAS INSTITUCIONAIS QUE SE
COMPLEMENTAM. Voto do relator que faz agregar aos respectivos fundamentos
salvaguardas institucionais ditadas pela superlativa importância histórico-cultural da
causa. Salvaguardas ampliadas a partir de voto-vista do Ministro Menezes Direito e
deslocadas, por iniciativa deste, para a parte dispositiva da decisão. Técnica de
decidibilidade que se adota para conferir maior teor de operacionalidade ao acórdão.

Súmula 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam


terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado
remoto.
A pesquisa e a lavra de minerais em terras indígenas dependem de autorização do
Congresso Nacional, mesmo que essas atividades sejam exercidas pelos próprios
índios. (Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto)
certo

250
Estatuto do Índio - artigo 44

"As riquezas do solo, nas áreas indígenas, somente pelos silvícolas podem ser
exploradas, cabendo-lhes com exclusividade o exercício da garimpagem, faiscação
(faiscar, extrair minério) e cata das referidas áreas".

CF
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de


recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

231

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua


posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais


energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só
podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da
lavra, na forma da lei.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de


energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de
capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei,
que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem
em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 6, de 1995)

§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na


forma e no valor que dispuser a lei.

251
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações
e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de


energia renovável de capacidade reduzida.

Raposa Serra do Sol.

No julgamento do mérito da Pet 3388, o pleno do STF entendeu que "o usufruto dos
índios não alcança a pesquisa e a lavra das riquezas minerais, que sempre dependerão
de autorização do Congresso Nacional, assegurando-se-lhes a participação nos
resultados da lavra, tudo de acordo com a Constituição e a lei;"

Tradição X Atividade econômica

Embargos de declaração opostos pelas comunidades indígenas

“o usufruto dos índios não lhes confere o direito exclusivo de explorar recursos
minerais nas terras indígenas. Para fazê-lo, quais pessoas devem contar com
autorização da União, nos termos de lei específica (CF/88, arts. 176, 1º, e 231, 3º). De
toda forma, não se pode confundir a mineração, como atividade econômica, com as
formas tradicionais de extrativismo, praticadas imemorialmente, nas quais a coleta
constitui uma expressão cultural ou um elemento do modo de vida de determinadas
comunidades indígenas. No primeiro caso, não há como afastarem-se as exigências
previstas nos arts. 176, 1º, e 231, 3º, da Constituição.”

2004 - Cinta-Larga x garimpeiros não-índios – TI Roosevelt

Nas causas em que forem discutidos direitos e interesses dos índios, de suas
comunidades ou organizações, será obrigatória a intervenção do MP estadual. (Ano:
2015 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto)
errado
Art. 129, V
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes
legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses,
intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
MPF LC 75/93

As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são de seu domínio coletivo, sendo
inalienáveis e indisponíveis, de modo que cabe a eles o usufruto das riquezas do solo,

252
dos rios e dos lagos nelas existentes. (Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO
Prova: Juiz Federal Substituto) errado

Art. 231 § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal estabeleceu como marco temporal de


ocupação da terra pelos índios, para efeito de reconhecimento como terra indígena, a
data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. De tal premissa
decorre a conclusão de que não se pode reconhecer a tradicionalidade da posse nativa
onde, ao tempo da promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação não ocorreu,
ainda que por efeito de renitente esbulho por parte de não índios. (Ano: 2016 Banca:
TRF - 3ª REGIÃO Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto)
Errado

PET 3388

STF

2014

Decisões favoráveis a não índios

2ª Turma. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS) 29087, reconhecendo


não haver posse indígena em relação a uma fazenda, em Mato Grosso do Sul, que
havia sido declarada, pela União, como área de posse imemorial (permanente) da
etnia guarani-kaiowá, integrando a Terra Indígena Guyraroká.

(MS) 33069 (13/04/2015) r. Gilmar Mendes. Decisão monocrática.


Suspendeu os efeitos do Decreto presidencial de 13 de março de 2014, que declarou
de interesse social para fins de assentamento de indígenas imóveis rurais situados no
Município de Rodelas, na Bahia. O ministro concedeu liminar para suspender os efeitos
do decreto da presidente da República, até julgamento final da ação.

STF

RMS 29542 / df

Ementa: recurso ordinário em mandado de segurança. Terra indígena demarcada na


década de 1970. Homologação por decreto presidencial de 1983: revisão e ampliação.
Portaria n. 3.588/2009 do ministro de estado da justiça. Alegados vícios e
irregularidades no processo demarcatório precedente. Delimitação de área inferior à
reinvidicada. Adequação aos parâmetros de posse tradicional indígena (art. 231 da
constituição da república): impossibilidade. Caso raposa serra do sol (petição n.
3.388/rr). Fixação de regime jurídico constitucional de demarcação de terras idígenas
no brasil. Desatendimento da salvaguarda institucional proibitiva de ampliação de
terra indígena demarcada antes ou depois da promulgação de 1988. Recurso ordinário

253
provido. Relator(a): min. Cármen lúcia
julgamento: 30/09/2014 órgão julgador: segunda turma

- Para o STF é vedada a remarcação de terras indígenas demarcadas antes da CF/1988


por segurança jurídica.
- A União pode ampliar a terra indígena, mas não por demarcação salvo se ficar
demonstrado que, no processo originário de demarcação, houve algum vício de
ilegalidade e, ainda assim, desde que respeitado o prazo decadencial de 5 anos (art. 54
da Lei nº 9.754/99).
No caso julgado, essa remarcação não foi possível porque, ainda que tivesse havido
alguma ilegalidade, como afirma o Ministério da Justiça, já teria se passado o prazo
decadencial para rever esse ato.
STF. 2ª Turma. RMS 29542/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/9/2014 (Info
761).

STJ:
Terra indígena Wassu-Cocal, demarcada antes de 1988, não pode ser ampliada

- O fato de a demarcação da terra indígena não observar os parâmetros estabelecidos


pela CF/1988 não justifica a remarcação ampliativa de áreas originariamente
demarcadas em período anterior à sua promulgação.
- Desde o julgamento da Pet 3.388-RR (Caso Raposa Serra do Sol), a jurisprudência
passou a entender que é vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, salvo em
caso de vício de ilegalidade do ato de demarcação respeitado o prazo decadencial.

STJ. 1ª Seção. MS 21.572-AL, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/6/2015 (Info 564).

Informativo 571
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. LEVANTAMENTO DA ÁREA A SER DEMARCADA EM
PROCEDIMENTO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS.

No procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas, regulado pelo


Decreto 1.775/1996, é imprescindível a realização da etapa de levantamento da área
a ser demarcada, ainda que já tenham sido realizados trabalhos de identificação e
delimitação da terra indígena de maneira avançada. Da análise do Decreto
1.775/1996, verifica-se que o procedimento de demarcação das terras indígenas passa
por duas etapas obrigatórias: estudo técnico antropológico e levantamento da área
demarcada. Nesse sentido, o art. 2º, § 1º, desse diploma legal estabelece a
necessidade da realização de "estudos complementares de natureza etno-histórica,
sociológica, jurídica, cartográfica, ambiental" e de "levantamento fundiário" para a
delimitação das terras indígenas. O procedimento estabelecido pela lei não pode ser
interpretado de maneira diferente, visto que a delimitação da área indígena será
executada pela Administração Pública, por meio de um procedimento previamente
delimitado em lei, o que leva ao órgão executor o dever de agir em estrita legalidade,
254
não havendo, nessa atividade, espaço para locuções de conveniência e oportunidade.
Assim, o levantamento da área demarcada não se mostra como um elemento
secundário e dispensável, dada a incidência, aliás, do princípio da continuidade que,
por sua vez, informa que devem ser resguardados aos índios o uso tradicional da área
ocupada necessária à reprodução física e cultural da etnia. REsp 1.551.033-PR, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015.

18. Mineração

- art. 176 e ss. da CF, Código de Mineração, PNSB (12.334/2010)

TRF2/2017

Quanto à relação entre mineração e direito ambiental é correto afirmar que:


a) A autorização de pesquisa mineral pressupõe o licenciamento ambiental da
outorga de lavra.
b) A evidência de que a exploração de recursos minerais possa causar degradação
ao meio ambiente não impede o licenciamento, por si, já que a própria Constituição
Federal refere que, nesta atividade, o meio ambiente degradado será posteriormente
recuperado, conforme a solução técnica exigida pelo órgão ambiental.
c) Na competência do Estado para registrar as concessões de direitos de pesquisa
e lavra não se inclui a fiscalização de tais atividades.
d) A emissão da outorga de lavra gera direito do empreendedor à obtenção da
licença ambiental, ainda que com condicionantes, exceto se a lavra se localizar em
unidades de conservação.
e) O licenciamento ambiental de uma lavra não autoriza a realização de atividades
que causem impacto ambiental direto.

TRF3/2016

Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.

Sobre a exploração de jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais, conforme


previsto na Constituição Federal e no Código de Mineração (Decreto nº 227/67), pode-
se afirmar que:

I – A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e


concessões não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia
anuência do poder concedente.

255
II – O prazo de validade da autorização de pesquisa não será inferior a um ano, nem
superior a três anos, a critério do DNPM - Departamento Nacional da Produção
Mineral, consideradas as características especiais da situação da área e da pesquisa
mineral objetivada.

III – É admitida a prorrogação do alvará de pesquisa, sob as seguintes condições: a


prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do desenvolvimento
dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do
DNPM; a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se o
prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento ser instruído com
um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da pesquisa; a
prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o respectivo prazo a
partir da data da publicação, no Diário Oficial da União, do despacho que a deferir.

IV – O titular de autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos respectivos, e


também as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio público ou
particular, abrangidos pelas áreas a pesquisar, devendo pagar aos respectivos
proprietários ou posseiros uma renda pela ocupação dos terrenos e uma indenização
pelos danos e prejuízos que possam ser causados pelos trabalhos de pesquisa,
observadas, dentre outras, as seguintes regras: no caso de terrenos públicos, é
dispensado o pagamento da renda, ficando o titular da pesquisa sujeito apenas ao
pagamento relativo a danos e prejuízos; se o titular do Alvará de Pesquisa, até a data
da transcrição do título de autorização, não juntar ao respectivo processo prova de
acordo com os proprietários ou posseiros do solo acerca da renda e indenização, o
Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral enviará ao Juiz de
Direito da Comarca onde estiver situada a jazida, cópia do referido título, ocasião em
que, após o devido procedimento, sendo exigida a representação da União, o Juiz
mandará proceder à avaliação da renda e dos danos e prejuízos a que se refere este
artigo, na forma prescrita no Código de Processo Civil.

Estão corretas as assertivas:

a) I, II e III.

b) I, II, III e IV. (todas certas)

c) I e IV.

d) III e IV.

I - Art. 176, § 3o, CF;

II - Art. 22, III, Dec. 227/67;

III - Art. 22, III, "a", "b" e "c", Dec. 227/76;

256
IV - Art. 27, V, VI e VII, Dec. 27/67 e art. 176, §2o, CF.

Art. 22. A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além
das demais constantes deste Código: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - o título poderá ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário


satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão e transferência só terão
validade depois de devidamente averbados no DNPM; (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 1996)

II - é admitida a renúncia à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo


titular, das obrigações decorrentes deste Código, observado o disposto no inciso V
deste artigo, parte final, tornando-se operante o efeito da extinção do título
autorizativo na data da protocolização do instrumento de renúncia, com a
desoneração da área, na forma do art. 26 deste Código; (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 1996)

III - o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior a
três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da situação da
área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação, sob as seguintes
condições: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

a) a prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do


desenvolvimento dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em portaria do
Diretor-Geral do DNPM; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

b) a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se o


prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento ser instruído com
um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da
pesquisa; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

c) a prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o


respectivo prazo a partir da data da publicação, no Diário Oficial da União, do
despacho que a deferir; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

CF

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de


energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações


e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

257
A realização de pesquisa mineral feita por empresa privada depende de autorização
expressa do órgão federal competente e é etapa necessária ao início do procedimento
de concessão de lavra. (Ano: 2014 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF - 4ª REGIÃO
Prova: Juiz Federal Substituto)

Decreto-lei 227/67

Art. 15. A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros,


pessoa natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante
requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. Os trabalhos necessários à pesquisa serão executados sob a


responsabilidade profissional de engenheiro de minas, ou de geólogo, habilitado ao
exercício da profissão. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Os recursos minerais, inclusive aqueles existentes no subsolo, pertencem à União, a ela


cabendo o monopólio estatal sobre pesquisa, lavra, industrialização e comércio. (Ano:
2014 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto)

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de


energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de
capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei,
que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem
em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 6, de 1995)

§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na


forma e no valor que dispuser a lei.

258
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações
e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de


energia renovável de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos


fluidos; (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das


atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados


básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto,
de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o


comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o


comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob
regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21
desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

§ 1º O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das


atividades nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo
de participação, em espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás
natural, ressalvado o disposto no art. 20, § 1º.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das


atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995) (Vide
Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

§ 2º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no


território nacional.

§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº


9, de 1995) (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional;


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

259
II - as condições de contratação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no


território nacional.(Renumerado de § 2º para 3º pela Emenda Constitucional nº 9, de
1995)

§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às


atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33,


de 2001)

a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de


2001)

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto
no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II - os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional nº


33, de 2001)

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás


natural e seus derivados e derivados de petróleo; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 33, de 2001)

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e


do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

A recuperação de áreas degradadas é um dos princípios da Política Nacional do Meio


Ambiente; em relação às mineradoras, é ela uma exigência constitucional. (Ano: 2015
Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: Juiz Federal Substituto)

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

260
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o
meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso


racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

CF 225 § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.

TRF4/2016
Assinale a alternativa correta.
Acerca do regime jurídico brasileiro de exploração dos recursos minerais:

a)
O Código de Minas (Decreto-Lei nº 227, de 1967) estabelece um sistema de
normalização, outorga e fiscalização das concessões baseado em procedimentos
burocráticos e centralizadores, e a outorga da concessão é um ato discricionário no
qual os direitos minerários são obtidos pelo cumprimento dos requisitos burocráticos,
cabendo ao poder concedente exercer o julgamento da conveniência técnica e do
interesse da sociedade naquela concessão.

Decreto-lei 227/67

Art. 15. A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa
natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante requerimento
do interessado.

b)

261
A exploração mineral é integrada por três tipos de procedimentos: pesquisa,
concessão de lavra e permissão de lavra garimpeira. A intervenção do poder público
fica restrita à fase de outorga dos títulos minerários.
Em todas as etapas o DNPM participa

c)
A simples pesquisa mineral com vista à definição de uma jazida e ao estudo da sua
viabilidade econômica é corolário da livre iniciativa e independe de autorização do
poder público federal, desde que corra por conta e risco do interessado e não cause
dano ambiental. Em caso de êxito nas prospecções, poderá o interessado requerer ao
poder público a concessão de lavra, apresentando o resultado da pesquisa.

d)
A realização de pesquisa mineral feita por empresa privada depende de autorização
expressa do órgão federal competente e é etapa necessária ao início do procedimento
de concessão de lavra. (correta)

e)
Os recursos minerais, inclusive aqueles existentes no subsolo, pertencem à União, a ela
cabendo o monopólio estatal sobre pesquisa, lavra, industrialização e comércio.

Na exploração dos recursos minerais, em regra, pode haver concessão ou permissão,


na forma do código de minas.

inciso XXIII do art. 21 da Constituição determina que “à União competente explorar os


serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os princípios e condições
que estabelece nas alíneas a seguir.”

(...)

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização


de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas

- art. 20, IX - recursos minerais são bens da União. Titularidade dos bens pela U não
significa monopólio. Podem ser também explorados por concessionários do direito de
lavra. Daí detém o produto da exploração.

- Projeto “Volta Grande”. Mineração de ouro próxima à barragem de Belo Monte pela
“Belo Sun”. Município de Senador José Porfírio (PA)

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