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Antigamente, havia uma distinção muito clara entre Direito Público e Direito Privado. Mas, após a
Segunda Guerra Mundial, começou a ser percebido que os grandes temas adaptavam-se à ideia da
coletividade, não apenas em um contexto individualizado. Não mais se poderia conceber a solução
dos problemas sociais tendo-se em vista o binômio público/privado.
Com o tempo, foi percebido que entre o público e o privado existia um abismo. E esse abismo foi
denominado de Direitos Difusos e Coletivos. Assim, a defesa de valores de interesse público
deveria ser promovida pela coletividade, através de seus representantes.
Legislador constituinte de 1988: autorizou a tutela dos direitos individuais e passou a admitir
também a tutela dos direitos coletivos, porque compreendeu uma terceira espécie de bem: o bem
ambiental – Art. 225 da CF/88 – Consagrou a existência do bem ambiental, que não é público e nem
particular, mas sim de uso comum do povo.
Esse ramo dos Direitos Difusos e Coletivos é uma evolução do direito, para resolver problemas
em que os bens eram afetados e para assegurar os direitos que não eram muito bem resolvidos
devido a essa dúvida de ser do ramo do direito público ou privado.
Lei 8.078/90 – Art. 81: “A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. A defesa coletiva será exercida quando
se tratar de – interesses ou direitos difusos (entendidos como os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”.
Transindividualidade
Direitos que transcendem o indivíduo, ultrapassando o limite da esfera de direitos e obrigações de
cunho individual.
Indivisibilidade
O direito difuso possui a natureza de ser indivisível. Não há como dividi-lo. É um objeto que a
todos pertence, mas ninguém em específico o possui. Ex: Ar atmosférico.
Julia Martuceli
ju.martuceli@gmail.com
Obs. A satisfação de um só direito implica a de todos e a lesão de apenas um constitui lesão de
todos.
Em alguns dispositivos pode-se constatar que os legitimados para a ação civil pública agem como
legitimados extraordinários, pleiteando em nome próprio direito alheio.
Um direito caracteriza-se como difuso de acordo com o tipo de tutela jurisdicional e a pretensão
levada a juízo. Da ocorrência de um mesmo fato, podem-se originar pretensões difusas, coletivas e
individuais.
NÃO há um código ambiental brasileiro com todas as leis reunidas sobre o tema.
Há apenas leis esparsas.
1972 – Estocolmo / Reunião da ONU com o objetivo de promover a sustentabilidade, visto que o
mundo se encontrava no auge da industrialização e com isso começaram a surgir diversos
problemas.
O objetivo era promover um equilíbrio entre a tríade economia, meio ambiente e desenvolvimento
social.
Art. 225 CF: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Segundo a doutrina, há dois posicionamentos sobre quem são “todos” que têm direito ao meio
ambiente. O primeiro é a posição antropocêntrica, que diz respeito a todas as pessoas humanas,
procurando explicar que o ser humano é o centro da tutela constitucional. Já a segunda posição
entende que a palavra “todos” abrangem as pessoas humanas e também todos os seres vivos,
vegetais, animais. É a chamada teoria biocêntrica.
Segundo Celso Fiorillo, o alcance constitucional do termo todos, está adstrito ao que estabelece no
Art. 5º da CF, no sentido de que brasileiros e estrangeiros residentes no País é que delimitam a
coletividade de pessoas, ainda que indefinidas.
Julia Martuceli
ju.martuceli@gmail.com
- Artificial: tudo que foi criado e modificado pelo homem. É o espaço urbano construído,
consistente no conjunto de edificações e equipamentos públicos.
Conceito de cidade.
O meio ambiente artificial recebe tratamento constitucional também no Art. 182, que inicia um
capítulo referente à política urbana.
- Cultural: modo de falar, de se manifestar, de conviver com outros seres humanos. São as artes,
filmes, danças, músicas. A cultura une na diversidade, é uma riqueza que merece ser preservada.
(Art. 216 CF)
É integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, pois embora
artificial (obra do homem), difere do meio ambiente artificial pois possui um valor especial para o
país.
O meio ambiente é considerado um bem de uso comum pois é um bem ambiental, que possui
natureza jurídica difusa.
E impõe-se ao Poder Público e a coletividade, isto é, não existe escolha, não é uma atividade
discricionária. É um dever, algo obrigatório. Refere-se ao princípio da participação, em que todos
devem colaborar para atingir um bem-estar comum.
Julia Martuceli
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Cumpre ao aplicador da norma questionar se a prática é necessária e socialmente consentida, nos
obrigando a refletir sobre o que seja cruel.
Crueldade = não aproveitamento do animal para fins de manutenção da própria sadia qualidade de
vida. O que não se pode permitir é que se abata um animal destinado ao consumo humano por um
método que seja mais doloroso para ele.
MEIO AMBIENTE
Relaciona-se a tudo que nos circunda.
Entende-se por meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Esse conceito
dado pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente foi recepcionado. Isso porque a Constituição
de 1988 buscou tutelar não só o meio ambiente natural, mas também o artificial, o cultural e o do
trabalho.
- Meio ambiente é um conceito jurídico indeterminado, cabendo ao intérprete o preenchimento do
seu conteúdo (Revisar classificações);
PATRIMÔNIO GENÉTICO
Merece proteção jurídica. Pois diz respeito à possibilidade trazida pela engenharia genética da
utilização de gametas conservados em bancos genéticos para a construção de seres vivos,
possibilitando a criação e o desenvolvimento de uma unidade viva sempre que houver interesse.
É um direito tutelado pela CF/88 – A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça ao direito (patrimônio genético da pessoa humana).
Recursos ambientais não são inesgotáveis, então é inadmissível que atividades econômicas
desenvolvam-se a esse fato.
Busca-se a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente. O desenvolvimento é
permitido, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se
esgotem.
Com isso, esse princípio tem por conteúdo a manutenção das bases vitais de produção e reprodução
do homem e de suas atividades, garantindo uma relação satisfatória entre os homens e destes com o
meio ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar dos mesmos
recursos que temos hoje à nossa disposição.
Julia Martuceli
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É o princípio em que o desenvolvimento deve atender as necessidades do presente, sem
comprometer as futuras gerações.
2) Princípio do poluidor-pagador
2 órbitas de alcance:
a) busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo)
b) ocorrido o dano, visa à sua reparação (caráter repressivo)
O poluidor possui o dever de arcar com as despesas de prevenção dos danos ao meio ambiente que a
sua atividade possa ocasionar. Cabe a ele utilizar instrumentos necessários à prevenção de danos.
- Dano é a lesão a um bem jurídico. Ocorrendo lesão a um bem ambiental, resultante de atividade
praticada por pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que direta ou indiretamente seja
responsável pelo dano, esse será caracterizado como o poluidor e também terá o dever de indenizar.
A terminologia poluidor-pagador não exige a reparação em pecúnia, o termo pagador tem por
conteúdo a reparação específica do dano.
Julia Martuceli
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Degradação da qualidade ambiental – alteração adversa das características do meio ambiente;
Poluição – degradação da qualidade ambiental resultante de diversas atividades que: prejudicam a
saúde, segurança, bem estar da população; afetem desfavoravelmente a biota; criem condições
adversas às atividades sociais e econômicas...
Poluidor – pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que direta ou indiretamente causa
degradação ambiental.
Espécies de DANO
Dano material (patrimonial) – consiste em uma lesão (prejuízo) que venha a afetar determinado
interesse relativo aos bens materiais de qualquer pessoa, de forma individual ou coletiva,
representada pela perda ou deterioração de tal bem material.
Dano moral – consiste em uma lesão que venha a ofender determinado interesse que não seja
corpóreo, constituída pela ofensa de valores imateriais da pessoa humana tutelados pela CF,
afetando fundamentalmente a denominada “paz interior”. É aquele que afeta a personalidade e de
alguma forma, ofende a moral e a dignidade da pessoa.
Dano à imagem – consiste em uma lesão que venha a atingir determinado interesse vinculado à
reprodução das pessoas humanas, constituída pela ofensa de valores tutelados pela CF e que de
alguma forma afetem a representação da forma ou do aspecto de ser de qualquer pessoa física ou
jurídica.
São legitimados passivos todos aqueles que foram os causadores do dano ambiental, sendo certo
que a responsabilidade dos causadores é SOLIDÁRIA.
3) Princípio da prevenção
Um dos mais importantes que norteiam o direito ambiental.
A prevenção é fundamental visto que os danos ambientais são, na sua maioria, irreversíveis e
irreparáveis. Isto é, o sistema jurídico é impotente e incapaz de reestabelecer, em igualdade de
condições, uma situação idêntica à anterior. Por isso, adota-se tal princípio como a base do direito
ambiental, sendo visto como seu objetivo fundamental.
Nesse caso, há conhecimentos, há estudos e certeza científica. Conhece-se os riscos e sabe como
impedi-los.
“Incumbe ao Poder Público exigir um estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra
causadora de significativa degradação do meio ambiente”.
“É dever do Poder Público e da coletividade proteger e preservar o meio ambiente para presentes e
futuras gerações”.
A prevenção deve ser concretizada por meio de consciência ecológica, a qual deve ser
desenvolvida através de uma política de educação ambiental, só isso conseguirá propiciar o sucesso
no combate preventivo do dano ambiental.
4) Princípio da precaução
Consiste em agir de forma precavida quando há uma incerteza científica, desconhece-se os riscos e
não sabe como impedi-los. Ex: Transgênicos.
A falta de comprovação científica sempre foi argumento para retardar ações de preservação ao meio
ambiente ou mesmo para impedi-las. Com isso, esse princípio busca “ser precavido”, ou seja,
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mesmo que não haja certeza científica, deve-se realizar as prevenções da mesma forma para tentar
evitar algum dano. Esse princípio está colocado dentro do princípio da prevenção e ambos fazem
parte da prudência.
2 premissas: In dubio pro natura (na dúvida, decida-se em favor da natureza) e In dubio pro salute
(na dúvida, decida-se em favor da saúde).
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
Sanções administrativas são penalidades impostas por órgãos vinculados de forma direta ou indireta
aos entes estatais (União, Estados, Municípios e DF), com o objetivo de impor regras de condutas
àqueles que também estão ligados à Administração do Estado Democrático de Direito.
Essas sanções administrativas estão ligadas ao poder de polícia, que limitam ou disciplinam
direito, interesses ou liberdade e regulam a prática de ato em razão de interesse público relacionado
à segurança, higiene, ordem e costumes. Mas no caso do direito ambiental, esse poder de polícia
está vinculado a um interesse difuso, pois destina-se à defesa de bens de uso comum do povo e
essenciais à sadia qualidade de vida.
A fauna possui uma função ecológica, que é a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, sendo
responsável pela criação de uma ambiente sadio. A CF passou a considerá-la um bem de uso
comum do povo, indispensável à sadia qualidade de vida. Com isso, a fauna recebeu a natureza
jurídica de bem ambiental (difuso) passando a ser tutelada pela Constituição Federal. E possui
caráter antropocêntrico.
Art. 225, §1º, VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
Natureza jurídica da fauna: animais e vegetais não são sujeitos de direitos e obrigações, a
proteção do meio ambiente existe para favorecer a própria pessoa humana e somente por via reflexa
pra proteger as demais espécies.
Julia Martuceli
ju.martuceli@gmail.com
Finalidade cultural: a fauna é utilizada para o exercício da cultura dos diversos grupos da
sociedade brasileira. Ex: Farra do boi / sacrifício de animais no candomblé / Vaquejada.
Isso infringe o princípio que veda que os animais sejam submetidos a práticas cruéis?
A CF busca proteger a pessoa humana, pois eles não conseguem ver um animal sofrendo.
Com isso, a tutela da crueldade contra os animais fundamenta-se no sentimento humano, o
sujeito de direitos (interpretação que tem por fundamento o caráter antropocêntrico do
direito ambiental).
Meio ambiente cultural – O apoio a essas espécies de manifestação cultural podem implicar a
submissão de animais a crueldade. Trata-se de um aparente conflito entre o meio ambiente natural e
o meio ambiente cultural. Deve-se utilizar o princípio do desenvolvimento sustentável, o que
exigirá um estudo específico de cada caso.
Prática da Farra do Boi, nas localidades em que constitui exercício tradicional da cultura da região
→ NÃO constitui violação ao preceito constitucional que veda práticas cruéis contra os animais,
ainda que a saúde psíquica dos demais brasileiros que não fazem parte daquela região seja agredida
com tal atividade cultural.
Prática da farra do boi em lugar onde não tenha esses traços culturais e pretenda utilizá-la como
forma de captação pecuniária→ prática será vedada.
Diz respeito à possibilidade trazida pela engenharia genética da utilização de gametas conservados
em bancos genéticos para a construção de seres vivos, possibilitando a criação e o desenvolvimento
de uma unidade viva sempre que houver interesse. Art. 225, §1º, II.
- Conceitos
- Proibições e permissões
- Crimes contra o patrimônio genético
- Permissões (Art. 5º) é CONSTITUCIONAL!
Julia Martuceli
ju.martuceli@gmail.com