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AMAZÔNIA COMO BEM COMUM DA HUMANIDADE E O DIREITO DE


INGERÊNCIA DOS PAÍSES

Camila Martins1
Elsimei Santos Lucena2
Charles Alexandre Souza Armada3

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo abordar os limites quanto ao poder Soberano
de um Estado quando esse é conflitado com a proteção do meio ambiente, mais
precisamente quanto às questões referentes à Amazônia Legal, abordando
primeiramente os conceitos de Soberania, chegando ao questionamento se a
Amazônia é um patrimônio comum da humanidade e sobre o direito que os Estados
possuem de intervir no território de outrem quando o que está em jogo é a proteção
de uma floresta de forte importância mundial. Ao final é posto em análise que
nenhuma soberania é capaz de estar à frente da proteção da “vida” e que os
Estados têm o poder/dever de intervirem nos demais.

Palavras-chave: Amazônia. Soberania. Ingerência.

Introdução

Apesar do estreitamento na relação entre os países, ainda é muito complexo


tratar de questões que ultrapassam as suas fronteiras. O impasse resultante do
paradoxo entre Soberania e atitudes que geram consequências danosas a toda a
humanidade será o objeto de estudo deste artigo, buscando analisar se é possível
um equilíbrio entre a preocupação mundial com a necessidade de preservação
ambiental, mais precisamente da Amazônia Legal, diante de um Estado soberano
que possui autonomia para utilizar seus recursos da maneira que melhor entender
para seu desenvolvimento econômico e social.

1
Acadêmica do 6º período do curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI -
Campus Balneário Camboriú, e-mail: <camimartttins@gmail.com>.
2
Acadêmico do 4º período do curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI -
Campus Balneário Camboriú, e-mail: <elsimeilucena@gmail.com>.
³ Doutor em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, e em Derecho Ambiental
y de la Sostenibilidad pela Universidade de Alicante, na Espanha, e-mail:
<charlesarmada@hotmail.com>.
1

1. O ESTADO E A SOBERANIA

Entende Hans Kelsen que “O Estado é definido como um relacionamento em


que alguns comandam e governam, e outros obedecem e são governados.” 4. Com
isso, é possível entender a soberania como um poder conferido ao ente estatal para
que governe o país, inexistindo outro poder que o supere.
Com o passar dos anos, especialmente com a globalização, este conceito
não pode mais ser considerado absoluto, uma vez que os países relacionam-se seja
comercial ou culturalmente, fazendo com que muitas vezes tenham que se adequar
uns aos outros para melhorar suas transações e obterem melhores benefícios. Com
isso foram surgindo às organizações internacionais.
Em uma perspectiva Internacional, o conceito de Soberania é relativo e deve
ser avaliado por outro ponto de vista, levando em conta o âmbito externo e interno,
pois apesar de internamente a Soberania de um Estado ser o poder máximo e não
se submeter a nenhum outro regramento, quando se trata da esfera internacional
esse conceito já não é mais válido. Nas relações internacionais, apesar de garantir a
independência de cada nação, há também certa limitação a essa Soberania. Nas
palavras de Colombo:

“(...) a nota característica do Estado Moderno é a soberania que


apresenta na ordem interna e externa significados diferentes. Na
ordem interna, a soberania do Estado designa subordinação, ou seja,
a sujeição a um poder soberano. No plano externo, ela significa
independência, já que cada unidade política, na condição de ordem
jurídica soberana e independente, apenas se submete às suas
próprias leis e vontades.” 5.

Como já mencionado anteriormente, cada nação possui autodeterminação


para dispor de seus recursos, por outro viés é resguardada a obrigação de
cooperação econômica entre os estados para que possam existir as relações
internacionais. A Carta das Nações Unidas trata em seu artigo 1º que:

4
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.p 268.
5
COLOMBO, Silvana. Da noção de soberania dos Estados à noção de ingerência ecológica. Revista
de Direitos Fundamentais & Democracia. Curitiba, v. 1, n.1, jan/jun. 2007. P. 209.
2

“- 1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude


desse direito, determinam livremente seu estatuto político e
asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e
cultura. 2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos
podem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos
naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação
econômica internacional, baseada no princípio do proveito mútuo e
do Direito Internacional. Em algum poderá o povo ser privado de
seus próprios meios de subsistência. 3. Os Estados-partes no
presente Pacto, inclusive aqueles que tenham a responsabilidade de
administrar territórios não autônomos e territórios sob tutela, deverão
promover o exercício do direito à autodeterminação e respeitar esse
direito, em conformidade com as disposições da Carta das Nações
Unidas”. 6

Podemos perceber então as limitações pertinentes à soberania quando essa


é vista por uma perspectiva internacional, principalmente quando o que está em jogo
são questões de interesse da humanidade de uma maneira geral.
Uma observação referente à “Declaração da Carta das Nações Unidas em
1945 e a Declaração dos Direitos do Homem, em 1948, transmudam também para o
plano internacional os limites à soberania até então exclusivos à ordem intra-estatal.
Ocorre um processo de internacionalização e globalização da proteção dos direitos
fundamentais, o que exige, por parte dos Estados, uma práxis direcionada tanto para
seus interesses exclusivos quanto para o interesse comum da humanidade.” 7.

Nesses interesses em comum da humanidade estão inclusive questões


ambientais, tendo em vista que as ações de um país podem interferir no planeta
como um todo. Tratando-se de direito internacional, a grande problemática são as
questões referentes à soberania quando essas são colocadas em ponderação com a
preservação ambiental e sobrevivência da humanidade. Nesse sentido, vêm sendo
criadas soluções para esses impasses sem que a autonomia dos países não seja
prejudicada, sempre sobrepondo que o resultado final não impacte na qualidade de
vida dos demais. Porém, é essencial um novo olhar acerca da cooperação entre os
países, deixando de lado a ideia de perda de Soberania, buscando sempre
preservar a qualidade de vida de todos.

2. IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NO CENÁRIO MUNDIAL

6
Pacto internacional sobre direitos econômicos, sociais e culturais, 1992.
7
Idem. Colombo, 2007.p. 222.
3

Até a década de 1970, o pensamento predominante era que o planeta gozava


de uma fonte inesgotável de recursos naturais. Contudo, após a constatação de
mudanças climáticas e outros eventos causados pela grande poluição após a
revolução industrial8, fizeram com que esse pensamento viesse a ser questionado,
levando as questões ambientais para os debates entre a comunidade internacional.
Realizada pela ONU9 em 1972, a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, mais conhecidas como conferência de Estocolmo10, foi o marco
inicial sobre a importância do uso sustentável do planeta. Desde então o assunto
vem tomando espaço e sendo tópico das agendas internacionais 11. O foco da
conferência era modificar o pensamento mundial em torno das questões ambientais
resultando em normas que moldassem os comportamentos dos Estados.12
O que antes era apenas tratado no âmbito exclusivo do estado nacional,
agora passou a ser observado por um aspecto global, tal qual como foi em relação
aos direitos humanos. O que pode ser observado no primeiro princípio da
declaração de Estocolmo:

“O homem tem o direito fundamental à liberdade, igualdade e


adequadas condições de vida, num meio ambiente cuja qualidade
permita uma vida de dignidade e bem estar, e tem a solene
responsabilidade de proteger e melhorar o meio ambiente, para o
presente e as futuras gerações. A tal respeito, as políticas de
promover e perpetuar a apartheid, a segregação racial, a
discriminação, a opressão colonial e suas outras formas, e a
dominação estrangeira, ficam condenados e devem ser eliminadas.”
13
.

8
Morin, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 2003. p.65.
9
Organização das Nações Unidas.
10
Conferências de meio ambiente e desenvolvimento sustentável: um miniguia da ONU.
11
Em 1992 ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (Rio 92).
12
Em 1992 ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (Rio 92). O relatório final, que inclui todos os discursos entregues por escrito à
ONU. Dez anos depois, em 2002, ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, a Rio+10 e em 2012,
novamente no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20. Por fim, em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, na sede da ONU, a
Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU definiram os
novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de
desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM (os Objetivos do Milênio) e não
deixar ninguém para trás.
13
Declaração de Estocolmo sobre os Direitos Humanos.
4

Nesse sentido podemos dizer que o direito ambiental está diretamente ligado
ao direito do homem.

3. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS TRATADOS INTERNACIONAIS

Neste novo contexto pós Conferência de Estocolmo, firmado nos princípios


14
advindos dela, surgiu um novo “movimento social” voltado para as questões de
preservação ambiental. De maneira crescente, as questões ambientais passaram a
compor as políticas nacionais e internacionais de desenvolvimento. Essa nova
postura influenciou a ONU e os Estados a assumirem a defesa do meio ambiente no
âmbito mundial.
No Brasil, por exemplo, está claramente refletido no Constituição Federal de
1988, no capítulo referente ao Meio Ambiente, juntamente com as demais
Convenções e Tratados recepcionados pelo ordenamento jurídico nacional.
Segundo a Constituição Federal em seu art. 5º, § 2º: “Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte”, e “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” 15. O direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, que também integra o contexto dos direitos
humanos fundamentais, é um direito que se encontra expresso na Constituição.
Assim, após uma análise desses artigos, fazendo uma relação entre eles, podemos
concluir que os tratados internacionais de proteção ao meio ambiente possuem
caráter de “normas constitucionais” dentro do nosso ordenamento jurídico. Portanto,
o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, expresso no art. 225, caput,
da Constituição, portanto, pode ser complementado por outros provenientes de
tratados internacionais de proteção ao meio ambiente.

14
Uma nova maneira de pensar, agora com uma preocupação maior referente às questões
ambientais.
15
Constituição Federal do Brasil.
5

4. IMPORTÂNCIA DA AMAZÔNIA PARA A HUMANIDADE

Resultado da intensa exploração pelos países, os recursos naturais foram se


esgotando o que desencadeou a preocupação da comunidade internacional acerca
das questões ambientais. Os problemas globais relativos ao planeta como um todo:
“emissões de CO2 que intensificam o efeito estufa, envenenando os microrganismos
que efetuam o serviço de limpeza, alterando importantes ciclos vitais; decomposição
gradual da camada de ozônio estratosférica, buraco de ozônio na Antártida, excesso
de ozônio na troposfera (parte mais baixa da atmosfera).16
Embora tenham ciência dos efeitos que podem gerar, muitos países
continuam explorando seus recursos em busca de riquezas e lucros.
Consequentemente esses recursos também geram certo interesse de outros países,
exemplo próximo e conhecido por todos os brasileiros, é o caso da Floresta
Amazônica.
Nela encontra-se o maior conjunto contínuo de florestas tropicais do planeta.
A Amazônia Continental ocupa cinquenta por cento da superfície da América do Sul,
estendendo-se pelos seguintes países: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana
dita Francesa, Peru, Suriname, Venezuela e Brasil. (LOPES; GALVÃO; COSTA E
SILVA, 2006). Além de um enorme potencial econômico não explorado, a Amazônia
possui um valor ambiental imensurável. É o maior banco genético do planeta possui
biodiversidade incomparável, um terço da água doce do planeta e riquezas minerais
incalculáveis; e ocupa um espaço estratégico no subcontinente sul-americano.
Levando-se em conta a explosão demográfica mundial, não é difícil entender os
motivos pelos quais ela é objeto de cobiça por outros Estados. Mas como esses
Estados poderiam legitimar uma intervenção n o Brasil? A resposta dessa questão
está relacionada à preservação do meio ambiente. Como já foi falado anteriormente,
cada nação é independente para explorar e utilizar seus recursos como bem
entender, porém, desde que as suas ações não prejudique outros. Sendo assim,
espera-se que nenhum Estado seja afetado pela ação de outro mesmo que

16
Idem. MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. p.69.
6

realizada dentro de seu próprio território, ficando clara, então, a importância dada às
questões ambientais que deve prevalecer sobre qualquer direito soberano.

4.1. QUESTÕES AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA LEGAL

Dona da maior biodiversidade do planeta e com uma reserva gigantesca de


recursos minerais, é inquestionável a importância da Amazônia Legal num cenário
ecológico mundial.
Apesar de ser interesse comum da humanidade, qual o limite do direito
internacional acerca das questões ambientais quando o que entra em jogo é a
Soberania de um país? Quando o assunto é a preservação da Amazônia Legal,
seria um problema exclusivamente brasileiro ou a comunidade internacional teria
legitimidade para intervir nas tomadas de decisões?
Como destaca Guido Fernando Silva Soares, as normas de proteção
internacional do meio ambiente “têm sido consideradas como um complemento aos
direitos do homem, em particular o direito à vida e à saúde humana”, sendo bastante
expressiva “a parte da doutrina com semelhante posicionamento, especialmente
daqueles autores que se têm destacado como grandes ambientalistas.” 17.
Diante de atos irresponsáveis e conflitantes com a política de preservação
ambiental mundial, a comunidade internacional teria legitimidade para intervir em um
Estado a fim de impedir um dano ambiental irreversível, ou melhor, teriam eles o
dever de intervir? Caso tenham direito, como deveriam ser essas intervenções?

5. DIREITO À INGERÊNCIA

Bachelet explica que a “ingerência é o direito de um Estado voltar-se para os


assuntos de competência interna de outro Estado, sem autorização deste. Por
conseguinte, a ingerência no domínio do ambiente é materializada no território de
outrem, razão pela qual ela aparece como um elemento perturbador para o Estado
que sofre essa interferência não consentida. Todavia, este final de século é muito

17
SOARES, Guido Fernando Silva. A proteção internacional do meio ambiente. Barueri-SP: Manole,
2003, p. 173.
7

rico em ingerências que prescindem de uma materialidade ou de um domínio físico


para se manifestarem. Estas são utilizadas pelos Estados como meio de persuasão
nas relações interestatais, tão ou mais eficazes que a ingerência propriamente dita”
18
. Contudo, não há ingerência se um Estado solicita a “ajuda” ou se ela estiver
prevista em tratados e convenções. Igualmente, a influência e pressão exercida
pelas Organizações Internacionais e Não Governamentais para “obrigar” os Estados
a respeitarem os direitos do homem somente poderá caracterizar uma ingerência se
a definirmos como a capacidade de influenciar um Estado na sua tomada de
decisão. De fato, a base da definição da ingerência no domínio do ambiente é a sua
materialização no território de outro Estado, ou seja, ela realmente se verifica na
transposição física e não no jogo de pressões diplomáticas ou na vontade de
influenciar um comportamento, práxis corrente nas relações internacionais.19.

5.1. INGERÊNCIAS NO BRASIL

Um dos temas que escapam ao âmbito dos interesses restritos de cada


Estado são as questões referentes à preservação do meio ambiente, visto que os
valores nele inseridos são de alcance global. Não é de hoje que existem teorias da
conspiração sobre uma possível intervenção na Amazônia. Desde a ditadura militar,
circulam especulações de que as potências estrangeiras tenham interesse em tomar
a floresta.
O assunto novamente vem à tona após cobranças de líderes estrangeiros
quanto aos acontecimentos recentes. É um momento crítico para a Amazônia Legal,
os históricos de desmatamento e queimadas da maior floresta tropical do mundo que
sozinha possui dez por cento de todas as espécies conhecidas no planeta geram
insegurança à Soberania do país.

18
BACHELET, Michel. Op. cit., 1993, p. 272.
19
SOARES, Guido Fernando Silva. A proteção internacional do meio ambiente. Barueri-SP: Manole,
2003, p. 173.
8

Recentemente, Stephen Walt20, professor de Harvard, postou em seu blog um


artigo sobre o assunto, o texto futurista refere-se a uma invasão americana na
floresta Amazônica com intuito de preservá-la. Apesar de ele mesmo afirmar que há
exagero em sua obra, não descarta a possibilidade de pressões externas, de caráter
diplomático, para que medidas sejam tomadas. Na visão de Walt, não há sinais de
que países queiram ocupar de fato o Brasil, mas sim fazer que ele seja mais
responsável quanto aos seus recursos. Deixa claro também que de nada adiantam
cobranças externas apenas por conta da exposição que tem sofrido o país nos
últimos dias, se os demais países não fizerem sua parte. Exemplo disso seriam os
projetos de mineração na Guiana francesa e as emissões de gases poluentes pelas
potências mundiais EUA21 e china.
22
Para Thomas Lovejoy , biólogo e ex conselheiro chefe de biodiversidade no
Banco Mundial, afirma que medidas mais agressivas devem ser tomadas em
desfavor do governo brasileiro. Nas palavras dele, “um pequeno começo seria
restringir a importação de produtos agrícolas frutos do desmatamento local”.
Após os dados do INPE, referentes ao desmatamento da Amazônia, serem
23
questionados pelo atual presidente da república sem nenhum embasamento, não
só os brasileiros têm se mostrado preocupados. O mundo inteiro está alerta quanto
à inercia do atual presidente quanto às queimadas. Muitos dele têm tratado a
Amazônia como um bem comum e, por isso todo o alarde.
O especialista de relações internacionais, Christopher Sabatini24, apesar de
desaprovar o modo com o qual o atual presidente lidou com a situação das
queimadas, afirmou que a soberania da Amazônia não deveria ser questionada.

20
Stephen Martin Walt é um professor americano de assuntos internacionais na Escola de Governo
John F. Kennedy da Universidade de Harvard. Ele pertence à escola realista das relações
internacionais. Ele fez contribuições importantes para a teoria do neorrealismo defensivo e é autor do
equilíbrio da teoria da ameaça.
21
Estados Unidos da América.
22
Thomas Lovejoy é um ambientalista e biólogo norte-americano especializado em conservação,
ecologia e biologia tropical. Fez estudos superiores na Universidade de Yale, desde 1965 trabalha
principalmente no Brasil, e em sua distinta carreira ocupou e ocupa posições de destaque.
23
Jair Messias Bolsonaro, atual presidente do Brasil.
24
Christopher Sabatini é Lecurer em Disciplina na Escola de Relações Públicas e Internacionais
(SIPA) da Columbia University, o fundador e diretor executivo da nova pesquisa sem fins lucrativos, a
Global Americans e o editor de seu site de notícias e
opiniões www.LatinAmericaGoesGlobal.org . Com o apoio da National Endowment for Democracy e
da Ford Foundation, a Global Americans realiza pesquisas sobre inclusão social e política externa e
democracia e direitos humanos.
9

"Os países que, em seu processo de desenvolvimento, contribuíram com as


emissões de gás carbônico agora querem proteger a Amazônia. Eles poluíram nos
últimos dois séculos. É uma visão colonialista". Contudo, como será demonstrado a
seguir, antes mesmo de pensar na soberania estatal é necessário respeitar o futuro
ecológico do planeta.

5.2. INGERÊNCIA DOS PAÍSES NA AMAZÔNIA LEGAL

A partir do ano de 1972, com a Conferência de Estocolmo, a questão


ambiental passou a fazer parte da agenda política mundial. O Princípio 21 da
Declaração de Estocolmo de 1972 diz que: “Em conformidade com a Carta das
Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito
soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política
ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo,
dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de
outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional”. Como
leciona José Afonso da Silva “abriu caminho para que as Constituições
supervenientes reconhecessem o meio ambiente ecologicamente equilibrado como
um direito humano fundamental entre os direitos sociais do Homem, com sua
25
característica de direitos a serem realizados e direitos a não serem perturbados” .
Face aos perigos ecológicos, é preferível sempre adotar uma atitude
preventiva, até porque nem sempre é possível precisar os efeitos dos danos ao meio
ambiente. Por isso, o indivíduo pode exigir dos governos que façam uso da
ingerência ecológica quando um Estado não respeitar o meio ambiente, ou seja,
quando ele comprometer os recursos naturais indispensáveis à atividade humana.
Isto significa dizer que “estamos no direito de propor, no caso de riscos maiores,
outra possibilidade de intervenção, a da ingerência, sobretudo ao nível de atos
preventivos destinados a impedir a realização efetiva de um dano com importantes
26
dimensões físicas e humanas.” . É nesta conjectura que o Estado tem a tarefa de
cumprir com o compromisso de proteger o meio ambiente ou então, aceitar a
ingerência no caso de omissão ou ineficácia de suas ações em prol desse. Antes de

25
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional, 3ª ed., cit., p. 67.
26
COLOMBO, Silvana. O Direito de Ingerência Ecológica dos Estados. Cit. p. 108.
10

pensar na soberania estatal como a única a ser respeitada, é necessário respeitar


também o futuro ecológico do planeta.

6. O DIREITO A VIDA VERSUS SOBERANIA NACIONAL

Um direito irrevogável de todos é a vida, sendo ela o maior bem jurídico


dentre qualquer direito exercido por um País, um Estado, um município ou até
mesmo as partes que tutelam dentro de um processo. A vida é indiscutivelmente a
primazia do direito e não há de se cogitar abrir mão deste direito ou renunciá-lo.
O direito à vida é o alicerce do que podemos configurar como objetivo
primordial de um direito ou, até mesmo, o proposito para que o mesmo venha a
existir. A vida, ou melhor, o Direito de viver é um bem que transcende qualquer lei,
pois sem a vida a lei se torna vazia, desconecta e inoperante.
Entende o professor Celso D. de Albuquerque Mello, verbis que:

O direito, seja ele qual for, dirige-se sempre aos homens. O homem é
a finalidade última do Direito. Este somente existe para regulamentar
a vida entre os homens. Ele é produto do homem. Ora, não poderia o
DI negar ao indivíduo a subjetividade internacional. Negá-la seria
desumanizar o DI e transformá-lo em um conjunto de normas ocas
sem qualquer aspecto social. Seria fugir ao fenômeno de
socialização que se manifesta em todos os ramos do Direito27.

O Brasil, atualmente, faz parte da Convenção Americana sobre os Direitos


Humanos, também conhecida por Pacto de San José de Costa Rica 28, pelo Decreto
nº 678, de 6 de novembro de 1992, recebendo tratamento especial como Direitos
Constitucionais fundamentais. Nesse sentido, por fazer parte da Convenção, o Brasil
entende que uma ameaça à sobrevivência da humanidade deve ser interpretada
também como um ataque à Constituição Federal brasileira.
No atual contexto de mudanças climáticas globais, organismos internacionais
vêm divulgando informações e cenários dando conta que, muito provavelmente, os

27
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 4. ed. rev. e aum. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1976. v. 1, p. 416.
28
Comissão Inter Americana de Direitos Humanos.
11

impactos e consequências do aquecimento global serão severos a todos os países,


independentemente da atuação da comunidade internacional.
O Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC., na sigla em
inglês) apresenta que:

Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às


atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta
poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século – o que poderá
resultar em uma elevação de até 82 centímetros no nível do mar e
causar danos importantes na maior parte das regiões costeiras do
globo29.

Tendo em vista as perspectivas de agravamento da situação global em


função do processo de mudança climática, a região amazônica cresce em
importância. Além das riquezas naturais e de sua biodiversidade ímpar, a Amazônia
presta serviços importantíssimos à humanidade, tendo em vista suas reservas de
água doce e sua extensa cobertura de florestas.
Conforme explicitado nos capítulos anteriores, é justamente em função da
importância do território amazônico que muitos países se veem no direito de
interferir nos assuntos relacionados à Amazônia. Essa interferência, como explicado
no capítulo anterior, entra em choque direto com a Soberania estatal.
Nesses interesses em comum da humanidade estão inclusive questões
ambientais, tendo em vista que as ações de um país podem interferir no planeta
como um todo. Tratando-se de direito internacional, a grande problemática são as
questões referentes à soberania quando essas são colocadas em conflito com a
preservação ambiental e a sobrevivência da humanidade. Nesse sentido, vêm sendo
criadas soluções para esses impasses sem que a autonomia dos países não seja
prejudicada. Contudo, sempre sobrepondo que o resultado final não impacte na
qualidade de vida dos demais.
O ideal aqui é um novo olhar acerca da cooperação entre os países deixando
de lado a ideia de perda de Soberania, sempre com fim de preservar a qualidade de
vida de todos.
Deve se analisar que cada conflito existente no mundo fático e jurídico
relacionado à sobrevivência da humanidade deve ter prioridade, pois cada país é
organizado através de suas constituições e em seu ordenamento jurídico para
29
PBMC. Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas.
12

produzir normas de responsabilidade moral e social, tendo o bem comum da


humanidade, não obstante alguns critérios devam ser profundamente analisados
como citado os países precisam ter sua percepção para uma cooperação igualitária
em prol do Direito a Vida , quando existam ameaças que a ponha em riscos. De
fato a vida é o centro de tudo, Os Governos Estatais tem o poder de se auto-
organizarem ao ponto de atender todas as demandas que uma sociedade mundial
carece, sendo assim, o Direito através da lei deve conduzir o ser humano a esse
propósito e missão estabelecendo princípios como limites, estes, que favoreçam a
humanidade que não devem ser ultrapassados para se alcançar a paz social.
Um grande desafio sempre será conciliar a soberania, de um país com o seu
dever legal em prol da população mundial, é através de tratados internacionais e
acordos bilaterais que visam unificar o pensamento de gerência coletiva para as
soluções dos conflitos nos países membros e até mesmo parcerias comercias.
Alguns pedidos são estratégicos para fins comerciais, outros, preocupados
com o bem comum do planeta, e sua população, tais pedidos feitos por países
cruzam muita das vezes limites que se chocam com a posição ideológica de um país
soberano, por exemplo, a Internacionalização da Amazônia, que tem causado
conflito no Brasil atualmente, pois rumores apontam para a internacionalização da
mesma, levando o Brasil a se posicionar contra tal propósito pois ver um ataque a
esta soberania que um estado exerce dentro do seu território.
Um país é organizado para se produzir normas de responsabilidade moral e
social, mas muitas das vezes tais normas são direcionadas para um contexto interno
e neste entendimento que a necessidade de tratados internacionais que visam a
colaboração dos países para maior efetividade, através de uma organização mundial
que não contribua apenas para fins de relações comercia, mas lute para efetivar o
princípio à vida como forma unânime entre os países, ainda que as fronteiras de um
possa estar abertas para outros países e não se interprete um ataque a soberania
desde que comprovado o objetivo de proteger o direito à vida e erradicar os risco a
ela, quando este entendimento prospera nos atuais governos,a humanidade terá
esperança e os Estados cumpriram o seu papel fundamental. Tendo como propósito
o bem comum, a internacionalização de tudo que possa contribuir com a
sobrevivência da humanidade.
13

Entende Fernando Luiz Ximenes Rocha quanto aos direitos humanos que “o
indivíduo possui direitos anteriores e superiores aos do Estado, e este deve respeitá-
los, porquanto o Estado existe em função do homem, com o fim de realizar suas
necessidades, proteger seus direitos sem jamais usurpá-los. Deste modo, os direitos
da pessoa humana não podem deixar de ser reconhecidos e respeitados pelo
Estado” 30·.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo esclarecer sobre os fundamentos que


permitem a interferência dos países nas questões relativas à preservação da
Amazônia, tendo em vista as pressões que o Brasil tem sofrido referente à proposta
de internacionalização da Amazônia legal. Ao comparar a soberania de um país com
o direito à vida foi identificada que apesar da autonomia existente entre os países, é
de suma importância reavaliar o conceito de soberania numa perspectiva do direito
internacional para enxergar permitir a ingerência dos países quanto às questões
ambientais, não só como o entendimento de ferir o direito e à autodeterminação dos
povos, mas sim como o dever de proteger um bem comum de toda a humanidade.
Os problemas ecológicos globais não podem ser enfrentados exclusivamente sob a
perspectiva nacional, até porque os efeitos de tais danos vão muito além dos limites
territoriais.
Sendo assim, o conceito atual de soberania nem sempre deve prevalecer
quando se tenha um risco à vida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

30 ROCHA, Fernando Luiz Ximenes. Paralelismo da Liberdade Individual e da Soberania Estatal.


Rev. do Curso de Direito, Fortaleza, n. 23, jan./jun. 1982. p. 154.
14

KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. 3. Ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
COLOMBO, Silvana. Da noção de soberania dos Estados à noção de ingerência
ecológica. Revista de Direitos Fundamentais & Democracia. Curitiba, v. 1, n.1,
jan/jun. 2007. Disponível em: <
http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/75> Acesso
em agosto de 2019.
MAZZUOLI , Valério de Oliveira. A proteção internacional dos direitos humanos
e o direito internacional do meio ambiente. Disponível em: <
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