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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos


Licenciatura em Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos, 3 o ano.
4°Grupo
Cadeira: Ética Geral
Tema: História da Tomada de Consciência dos Direitos
Fundamentais da Pessoa Humana.
Discentes:
Benison Armando João
Cafrina Jordão João
Denária Adolfo

Docente:
Irmã. Gracinda Alexandre
Lichinga, Outubro de 2021
Introdução
• Em Moçambique, os primeiros sinais de direitos humanos foram
integrados na Constituição da República Popular de Moçambique
(CRPM), a primeira do país enquanto Estado independente. Estes
direitos estavam, no entanto, muito limitados, dispersos e muitas das
vezes dificultavam a sua interpretação. De forma clara, estes direitos
foram incorporados no texto Constitucional de 1990. Apesar da sua
instituição no ordenamento jurídico moçambicano, na prática sua
aplicação e observância continua sendo um grande desafio, visto que
as diferentes instituições sociais e económicas do Estado que
deveriam garantir estes direitos carecem de políticas públicas
assertivas para sua concretização, por forma a que o povo possa
viver condignamente, conforme objetivos da Declaração Universal
dos Direitos Humanos, da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos, da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade
Cultural e demais instrumentos jurídicos sobre a matéria, tanto
nacionais como internacionais.
CONT.
Objectivos
Geral
• Analisar a integração dos Direitos Humanos na Constituição de
Moçambique.
Específicos
• Perceber o direito internacional dos direitos humanos;
• Descrever a Declaração Universal dos direitos humanos;
• Analisar a integração dos Direitos humanos nos três textos
constitucionais de Moçambique .
Historial da Tomada de Consciências
aos Direitos Humanos

• Um dos documentos mais antigos que se vinculam a tomada de


consciências aos direitos humanos é o Cilindro de Ciro, que contém
uma declaração do rei persa Ciro II depois de sua conquista da
Babilônia em 539 a.C. Foi descoberto em 1879 e a Organização
das Nações Unidas o traduziu em 1971 a todos os seus idiomas
oficiais. Pode ser resultado de uma tradição mesopotâmica
centrada na figura do “rei justo”, cujo primeiro exemplo conhecido é
o rei Urukagina, de Lagash, que reinou durante o século XXIV a.C.
Cabe destacar, também, nessa tradição, Hamurabi da Babilônia e
seu famoso Código de Hamurabi, que data do século XVIII a.C.
(BARROSO, 2012, p.32).
CONT
• Muitos filósofos e historiadores do direito consideram que não se
pode falar de direitos humanos até a modernidade no Ocidente. Até
então, as normas da comunidade, concebidas na relação com a
ordem cósmica, não deixavam espaço para o ser humano como
sujeito singular, concebendo-se o direito primariamente como a
ordem objetiva da sociedade.
• A sociedade estamental tem seu centro em grupos como a família,
a linhagem ou as corporações profissionais ou laborais, o que
implica que não se concebem faculdades próprias do ser humano
enquanto tal. Pelo contrário, se entende que toda faculdade
atribuível ao indivíduo deriva de um duplo status: o do sujeito no
seio da família e o desta na sociedade. “Fora do Estado, não há
direitos”.
• Com a Idade Moderna, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII,
reformulam as teorias do direito natural, deixando este de estar
submetido a uma ordem divina.
Os Direitos Fundamentais do
Homem
• Os direitos fundamentais do homem de primeira geração são
aqueles atinentes à Liberdade (civil e política), cujo titular é o
próprio indivíduo. Caracterizam-se, basicamente, como direitos de
resistência ou de oposição perante o Estado.
• São por igual direitos que valorizam, primeiro o homem-singular, o
homem das liberdades abstractas, o homem da sociedade
mecanicista que compõe a chamada sociedade civil, da linguagem
jurídica mais usual.
• Juridicamente, o Estado também era implacável. Aos acusados,
não cabia direito de defesa, tampouco de contraditório,
submetendo-se a julgamentos secretos e confissões obtidas por
meio de tortura. Ademais, eram amplamente aplicadas penas
cruéis, desumanas e desproporcionais à gravidade do delito
cometido.
CONT.
Carácter Social

• Ao conceituar os direitos fundamentais de segunda geração, os


quais estão intimamente ligados ao Carácter Social, lecciona que
eles “ visam a oferecer os meios materiais imprescindíveis à
efectivação dos direitos individuais”. A fim de estabelecer um
comparativo entre os direitos fundamentais de primeira geração e
os de segunda geração, comporta trazer à baila os ensinamentos.
• Os direitos de primeira geração tinham como finalidade, sobretudo,
possibilitar a limitação do poder estatal e permitir a participação do
povo nos negócios públicos. Já os direitos de segunda geração
possuem um objectivo diferente.
Direitos de Solidariedade Ou
Fraternidade
• Para Gil (2001) diz que: hodiernamente, protege-se, no âmbito do
direito constitucional, os chamados direitos fundamentais de
terceira geração, ou direitos de solidariedade ou fraternidade, que
consoante ensinamentos, englobam os direitos a um meio ambiente
equilibrado, à qualidade de vida, ao progresso, à paz, à
autodeterminação dos povos e outros direitos difusos. Ainda que
inegável a importância que esses direitos têm para a sociedade
contemporânea, vislumbra-se uma grande dificuldade em garantir,
no meio jurídico, a sua efectiva protecção.
• Historicamente, refere que os direitos fundamentais de terceira
geração surgiram como fruto de um sentimento de solidariedade
mundial, com o escopo de serem internacionalizados valores
ligados à dignidade da pessoa humana, principalmente depois da
Segunda Guerra Mundial, em decorrência dos abusos praticados
durante o regime nazista.
A Promoção e Protecção dos Direitos
Humanos: Mecanismos e Sistemas.

• De acordo com Bonavides (1993) diz que: Os direitos humanos


alcançaram maior visibilidade e importância com o fim da Segunda
Guerra Mundial, através do consenso internacional de que era
necessário estabelecer mecanismos de promoção e protecção destes
direitos fundamentais, de modo a evitar retrocessos e arbitrariedades
neste domínio.
• A nível internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o
Conselho da Europa (CoE) desenvolveram sistemas de orientação,
monitorização e assistência técnica que visam auxiliar os Estados
soberanos a garantir o respeito pelas liberdades e direitos
fundamentais de todos os cidadãos.
Raízes do Conceito de
Direitos Humanos
• Os direitos humanos nascem com o homem. As raízes do conceito
se fundem com a origem da História e a percorrem em todos os
sentidos. Neste imenso lapso de tempo, o homem, desde as mais
diversas culturas, procura ideais e aspirações que respondem à
variedade de suas condições materiais de existência, de seu
desenvolvimento cultural, de sua circunstância política.
• A Primeira Geração de Direitos de Liberdade
• Com exceção do aporte islâmico, não se verifica nenhuma
mudança importante nas condições sócio-históricas da Europa até
o início da Idade Média. Nesse cenário se dará o fenômeno das
grandes declarações de direitos e sua incorporação na ordem
jurídica. Até a Declaração de Virgínia pode ser incluída nesse
contexto, pois daí extrai sua inspiração.
CONT.
• A Segunda Geração de Direitos: Os Direitos de
Igualdade

• As críticas à nova ordem iniciaram dentro do próprio seio da


Revolução Francesa. A voz de Babeuf denunciou a brecha real
existente entre igualdade proclamada e desigualdade real entre os
cidadãos

• A Terceira Geração de Direitos Humanos : Os Direitos


dos Povos

• Em 1945, passado o horror da 2º Guerra Mundial, 51 países


assinam a Carta Fundadora das Nações Unidas, em que se
proclama “a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e
valor da pessoa humana”.
Os direitos e dos deveres
fundamentais da pessoa humana
Os direitos fundamentais da pessoa humana
• Artigo1º - Os Estados membros da Organização da Unidade Africana,
Partes na presente Carta, reconhecem os direitos, deveres e
liberdades enunciados nesta Carta e comprometem-se a adotar
medidas legislativas ou outras para os aplicar.
• Artigo2º - Toda a pessoa tem direito ao gozo dos direitos e liberdades
reconhecidos e garantidos na presente Carta, sem nenhuma
distinção, nomeadamente de raça, de etnia, de cor, de sexo, de
língua, de religião, de opinião política ou de qualquer outra opinião,
de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de
qualquer outra situação.
• Artigo3º - 1.Todas as pessoas beneficiam-se de uma total igualdade
perante a lei. 2.Todas as pessoas têm direito a uma igual proteção da
lei.
CONT.
• Artigo4º - A pessoa humana é inviolável. Todo ser humano tem
direito ao respeito da sua vida e à integridade física e moral da sua
pessoa. Ninguém pode ser arbitrariamente privado desse direito.
• Artigo5º - Todo indivíduo tem direito ao respeito da dignidade
inerente à pessoa humana e ao reconhecimento da sua
personalidade jurídica. Todas as formas de exploração e de
aviltamento do homem, nomeadamente a escravatura, o tráfico de
pessoas, a tortura física ou moral e as penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes são proibidos.
• Artigo8º - A liberdade de consciência, a profissão e a prática livre
da religião são garantidas. Sob reserva da ordem pública, ninguém
pode ser objeto de medidas de constrangimento que visem
restringir a manifestação dessas liberdades.
• Artigo10º - 1.Toda pessoa tem direito de constituir, livremente, com
outras pessoas, associações, sob reserva de se conformar às
regras prescritas na lei. 2.Ninguém pode ser obrigado a fazer parte
de uma associação sob reserva da obrigação de solidariedade.
Os deveres fundamentais
da pessoa humana

• Artigo - 27º 1.Cada indivíduo tem deveres para com a família e a


sociedade, para com o Estado e outras coletividades legalmente
reconhecidas, e para com a comunidade internacional.
• 2.Os direitos e as liberdades de cada pessoa exercem-se no
respeito dos direitos de outrem, da segurança coletiva, da moral e
do interesse comum.
• Artigo28º - Cada indivíduo tem o dever de respeitar e de considerar
os seus semelhantes sem nenhuma discriminação e de manter com
eles relações que permitam promover, salvaguardar e reforçar o
respeito e a tolerância recíprocos.
A integração dos direitos
humanos na constituição de
moçambique
• O Estado não é capaz de garantir políticas públicas que visem a
diminuição das desigualdades sociais e garantir a inclusão social e
econômica das classes sociais estratificadas e desfavorecidas, por
processos históricos ao longo dos tempos. Estes são os entraves
condenáveis a luz dos direitos humanos, visto que não permitem
que o cidadão possa gozar dos direitos económicos, sociais e
culturais, que a principio deveriam ser garantidos pelo próprio
Estado através da contenção de custos, corrupção zero e justiça
igual para todos.
O direito internacional dos
direitos humanos
• O direito internacional de direitos humanos é reconhecido e ampliado
a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), de
1948. Este instrumento jurídico internacional, tem como propósito
regular as relações humanas entre os povos numa convivência
pacífica. O artigo 5º desta Declaração, recomenda as nações a tratar
os direitos humanos globalmente de forma justa e equitativa, em pé
de igualdade e com a mesma ênfase, universais, interdependentes e
interrelacionados.
• Com o reconhecimento da DUDH, pelos vários países do mundo,
membros da ONU, internacionaliza-se a questão de direitos humanos
e para a sua validação dois outros importantes documentos foram
elaborados e ratificados por diferentes Estados, a citar:
• Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966);
• Pacto internacional sobre os direitos económicos,
sociais e culturais (1966).
CONT.
• Estes documentos internacionais sobre direitos humanos são
importantes, apesar de parte das suas cláusulas não terem encontrado
consenso em algumas nações, são considerados como os documentos
que estabeleceram os princípios universais da dignidade humana. A partir
destes inegáveis, inseparáveis, complementares e valiosos instrumentos
sobre direitos humanos, vários outros documentos de âmbito regional
sobre direitos humanos foram sendo criados por diferentes organizações
de países que, na sua essência tem em comum as semelhanças
culturais, por forma a incorporar os valores comuns à compreensão,
defesa e garantia dos Direitos Humanos (DH).
• Entre esses documentos regionais que enriqueceram os valores
defendidos na DUDH, destacam-se os seguintes:
• Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo (1975);
• Declaração dos Direitos Humanos e Direitos dos Povos (1976):
• Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (1981):
• Declaração dos Direitos do Homem no Islão (1990)
• Carta Árabe dos Direitos do Homem (1994)
• Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000).
Referências Bibliográficas

• Ferreira, J. C., Vilamaior, A. G., & Gomes, B. M. (s/d). O Poder Nas


Organizações Conceitos, Características E Resultados. s/l.
• Floriani, D. (2004). Conhecimento, meio ambiente e globalização.
(1a.ed.). Curitiba: Juruá.
• Gil, A.C. (2002). Como Elaborar Projectos de Pesquisa. (4ª.ed.).
São Paulo, Brasil: Atlas.
• Horkheimer, M. (2008). Autoridade e família. In: Teoria Crítica I. São
Paulo: Editora Perspectiva.
• Krievin, Y. M. (1979). Autoridade Espiritual, tradução de Watchman
Nee (versão original). São Paulo: Vida.
• Laissone, E. J. C. et al. (2017). Manual de ética. Beira,
Moçambique: Universidade Católica de Moçambique.
• Marzoli, A. (2007). Inventário Florestal Nacional, Avaliação
Integrada das Florestas de Moçambique AIFM. Maputo.
• Minag. (2006). Estratégia Nacional de Reflorestamento: Por um
Desenvolvimento de Plantações Florestais Sustentáveis.
Documento Para Discussão. Maputo.
FIM

Pela atenção dispensada


Muito obrigado!

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