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Nesse sentido, é
É importante esclarecer o que o autor entende por Pasárgada: “Pasárgada é uma
das maiores e mais antigas favelas do Rio, tendo atualmente uma população
superior a 60.000 pessoas e ocupando uma vasta área numa das zonas industriais
da cidade” (SANTOS, 1988, p.10).
No que toca o conceito pluralismo, e em especial o que vai definir como direito que
se encaixa em Pasárgada, Boaventura de Sousa Santos traz alguns exemplos de
pluralismo que acha pertinente discutir.
Por fim, em terceiro ponto, o autor apresenta o caso de povos conquistados que
tiveram parcialmente seu direito mantido em razão de permissão, expressa ou
implícita do conquistador (SANTOS, 1988, p.75).
Assim, Sousa Santos apresenta uma nova concepção pluralista na presente tese,
na qual se encaixa o direito de Pasárgada, que explicita da seguinte forma:
É, portanto, nesse ponto onde o presente autor vai inovar e aceitar a ampliação dos
estudos quanto ao tema, o qual gerou repercussão internacional, especialmente no
caso brasileiro, pois diversos pensadores foram influenciados ou incentivados a
realizarem novas descobertas em face dessa ampliação conceitual.
O autor português admite, à época, que sua concepção pluralista não seja
totalmente aceita pela ciência do direito, porém, deve-se ater ao ano em que tal
publicação ocorreu, 1977, quando tal concepção jurídica ainda era pouco debatida e
aceita na ciência do direito. Nos dias de hoje, mesmo que de maneira minoritária, o
debate pluralista é mais aceito nas faculdades de direito, não necessitando que se
repute a aceitação única e exclusiva da sociologia para admitir-se que existem
outras formas jurídicas concomitantes à estatal.
Dessa forma, Boaventura de Sousa Santos resume o que entende pelo pluralismo
jurídico de Pasárgada:
É, pois, dessa concepção inovadora que Boaventura traz em sua tese, que irão
surgir uma série de debates, teorias e grupos de pesquisa no Brasil. Eis que a
ruptura conceitual para o debate entre classes dá espaço para análises da
marginalidade e opressão como potência criadora de direitos, uma vez que geram
uma organização comunitária para suportar essa opressão ou negação.
Numa revisão bibliográfica acerca do tema, o autor avança para explicitar um novo
contexto social que demandará uma nova categorização de estudo:
Por fim, o autor faz uma previsão acerca das alterações futuras que podem advir
dessas transformações no mundo:
Depois de dois séculos de uniformidade jurídica, não será fácil para os cidadãos,
organizações sociais, decisores políticos, servidores públicos, advogados e juízes
adotar um conceito de direito mais amplo que, ao reconhecer a pluralidade de
ordens jurídicas, permita desconectar parcialmente o direito do Estado e
reconectá-lo com a vida e a cultura dos povos. Estarão presentes em conflitos dois
tipos de legalidade: a legalidade democrática e a legalidade cosmopolita (SANTOS,
2011, p.117).
Dessa nova concepção de direito pode emanar uma conexão do direito com a
população, que hoje, em razão da burocracia e da formalidade, se tornou distante
das camadas populares, um direito longínquo e frio.
Considerações Finais
SANTOS, Boaventura de Sousa. The Law of the Opressed: The Construction and
Reproduction of Legality in Pasargada. Source: Law & Society Review, v.12, n.1,
autumn, 1977.
________. (org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: “um discurso
sobre as ciências revisitado”. São Paulo, SP: Cortez, 2006.