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FACULDADE DE DIREITO E CIÊNCIAS SOCIAIS DO LESTE DE MINAS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE DIREITO

BRUNO A., BRUNO T., DEIVIDSON, MÁRCIO LUAN, MURILO, MARYELL,


MATHEUS E ROGÉRIO

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, UNIVERSALISMO E RELATIVISMO

REDUTO
2022
BRUNO A., BRUNO T., DEIVIDSON, MÁRCIO LUAN, MURILO, MARYELL,
MATHEUS E ROGÉRIO

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: UNIVERSALISMO E RELATIVISMO

Trabalho apresentado para a disciplina de


Direitos Humanos, pelo Curso de Direito
da Faculdade de Direito e Ciências
Sociais do Leste de Minas (FADILESTE),
ministrada pelo professor Aluer Baptista
Freire Júnior.

Reduto
2022
RESUMO

A pessoa humana é considerada sujeito de direito em âmbito internacional,


tendo sido declarado os direitos humanos em variados documentos internacionais,
sobretudo a partir do pós-guerra, com o término da Segunda Guerra Mundial em 02
de setembro de 1945, momento de criação da Organização das Nações Unidas
(ONU), em 24 de outubro de 1945, e três anos depois, vindo a ser promulgada a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em 10 de dezembro de 1948,
que proporciona amplo debate acerca da abrangência das normas de direitos
humanos.

PALAVRAS-CHAVE: DIREITOS HUMANOS, UNIVERSALISMO,


RELATIVISMO.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 5
2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS......................................5
3. RELATIVISMO CULTURAL E CRÍTICAS AO UNIVERSALISMO ..............................7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 10
REFERÊNCIAS...........................................................................................................15
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1. INTRODUÇÃO

Os direitos humanos têm se tornado tema global precipuamente desde o fim


da Segunda Guerra Mundial. Ao inserir a pessoa humana como sujeito de direito
internacional, a soberania estatal foi flexibilizada, tornando-a o papel central no
sistema internacional, trazendo novos paradigmas.

A discussão a respeito do alcance das normas de direitos humanos nasce a


partir do momento que o sistema internacional passa de um diálogo entre Estados
para um encadeado de documentos elaborados afirmando direitos à pessoa humana
com validade universal.

Em sendo assim, tem-se os seguintes questionamentos dos principais


debates sobre os direitos humanos da atualidade: É possível compatibilizar a
proposta de universalidade dos direitos humanos com o pluralismo cultural? Trata-se
de normas universais de fato ou um esforço imperialista ocidental para tentar
universalizar as próprias crenças? É possível estabelecer padrões universais num
mundo plural?

2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

No cenário mundial do pós-guerra, com o término da Segunda Guerra


Mundial no ano de 1945, em razão das atrocidades ocorridas diferentes países se
reuniram para formar a Organização das Nações Unidas (ONU), haja vista que a
organização intergovernamental conhecida como Liga das Nações, criada com o
objetivo de uma proposta de paz negociada entre os países vitoriosos da Primeira
Guerra Mundial não foi suficiente, sendo considerada um fracasso por não conseguir
evitar a ocorrência da Segunda Guerra Mundial.

Em razão dos horrores vivenciados que dispensam comentários, com o


objetivo de criar um ambiente de multilateralismo que garantisse a paz entre as
nações e o fortalecimento dos direitos humanos para que os atos de desumanidade
da guerra recém-terminada não se repetissem, em 10 de dezembro de 1948, com
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ausência em peso dos países asiáticos e africanos, representantes de diferentes


origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo se reuniram na capital da
França em Assembleia Geral das Nações Unidas e proclamaram a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) por meio da Resolução 217-A (III), a fim de
que nenhum ser humano tivesse seus direitos violados.

Deste então a DUDH considerada como o documento marco na história dos


direitos humanos ao estabelecer, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos
humanos, sendo, portanto, norma comum a ser alcançada por todos os povos e
nações, diferentemente da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de
1789 da França e da Carta de Diritos de 1791 dos Estados Unidos, por não
possuírem o mesmo caráter universal da Declaração de 1948.

Como um dos documentos mais traduzidos no mundo, desde sua adoção, a


DUDH foi traduzida em mais de 500 idiomas, inspirando as constituições dos
Estados e democracias recentes. A declaração compõe-se em 30 artigos que
dispõem acerca de diversos aspectos da garantia de direitos, estabelecendo o seu
primeiro artigo que “Todas as pessoas, mulheres e homens nascem livres e iguais
em dignidade e direitos”

A DUDH, em conjunto com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos


e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento de queixa e sobre pena de
morte) e com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e
seu Protocolo Opcional, formam a chamada Carta Internacional dos Direitos
Humanos.

Para a garantia dos direitos humanos, uma série de tratados internacionais de


direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram o corpo
do direito internacional dos direitos humanos.

Eles incluem a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de


Genocídio (1948), a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os
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Direitos da Criança (1989) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência (2006), entre outras as quais os países são signatários.

Além dos acordos e tratados internacionais como forma de garantir os direitos


humanos, as legislações internas também exercem este papel, no caso do Brasil, a
Constituição República de 1988 foi batizada de “Constituição Cidadã” em razão dos
aspectos de garantia de direitos que a Constituição anterior não apresentava. Outro
exemplo é criação do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(MNPCT), que se tornou lei em 2011 e adotado pelo Brasil em 2015.

A DUDH chega aos seus 74 anos de existência em um tempo de desafio


crescente. Em dezembro de 1948, Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), foi a primeira agência da ONU a
colocar a Declaração Universal no centro de todas as suas ações e a promovê-la
pelo mundo por meio da educação e da mídia.

Nesse contexto, a UNESCO, agência especializada da ONU, convoca todos a


renovarem seu compromisso com os direitos humanos e com a dignidade que une a
humanidade como uma única família, e a defender a Declaração dos Direitos
Humanos em cada sociedade e em todas as instâncias, exemplo do universalismo
dos direitos humanos.

Por fim, cabe ressaltar que a dignidade é compreendida como direito


fundamental essencial que deve ser garantido a todos os seres humanos, tendo a
DUDH deixado de conceituar o princípio da dignidade humana para que seu
significado possa ter a maior amplitude possível.

3. RELATIVISMO CULTURAL E CRÍTICAS AO UNIVERSALISMO

A Declaração Universal dos Direitos Humanos enfatiza em seu preâmbulo


sua principal característica: a universalidade. Senão vejamos:
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“Considerando que os Países-Membros se


comprometeram a promover, em cooperação com as
Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e
liberdades fundamentais do ser humano e a
observância desses direitos e liberdades,
(…)
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente
Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal
comum a ser atingido por todos os povos e todas as
nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada
órgão da sociedade tendo sempre em mente esta
Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e
liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de
caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e
efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-
Membros quanto entre os povos dos territórios sob
sua jurisdição. (Negritei)

Valerio de Oliveira Mazzuoli leciona que a universalidade se refere ao fato


dos direitos humanos serem aplicados à absolutamente todas as pessoas,
independentemente de qualquer condição, inclusive a nacionalidade ou onde o
sujeito que teve seus direitos violados se encontre, basta a pessoa ser humana para
que sejam obrigatoriamente assegurados todos os direitos às ordens internas e
internacionais aos indivíduos.

Sob o ponto de vista da universalidade, tem-se a concepção de que os


direitos humanos são inerentes a todo humano, independentemente de quaisquer
circunstâncias, não podendo ser concedido pelo Estado, tendo em vista ser pré e
supraestatal, cabendo a este somente positivá-los, concretizá-los e protegê-los.
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Em contrapartida, há pensadores que sustentam tratar-se de mera desculpa


ocidental influenciada pela globalização com objetivo de colonizar culturas orientais
estabelecendo a moral do ocidente como suprema, neste sentido, dispõe
Boaventura de Souza Santo que “Todas as culturas tendem a considerar seus
valores máximos como os mais abrangentes, mas apenas a cultura ocidental tende
a formulá-los como universais.”

Argumentações no sentido do relativismo cultural dos direitos humanos é uma


crescente, tendo como justificativa os costumes individuais de cada povo, sendo
inaplicáveis a outros povos em razão de suas realidades particulares. Em sendo
assim, sustentam que a aplicação dos direitos humanos da forma conduzida
contemporaneamente é utópica.

Na segunda Conferência Mundial de Direitos Humanos ocorrida em Viena no


ano de 1993, a discussão entre o universalismo e relativismo era patente, tendo os
países africanos e orientais sido relutantes ao termo universalismo.

Ligado à valorização cultural, a teoria relativista é mais abrangente à


observação e aceitação das diferenças culturais, pois, a maneira que enxergamos o
mundo, os comportamentos sociais e até mesmo as posturas corporais são produtos
de uma herança cultural.

Para a corrente relativista inexiste valores universais, pois cada situação


vivenciada em uma determinada sociedade é condicionada a uma valoração. O
relativismo cultural implica compreender as diferenças culturais, haja vista a
relatividade do que é correto ou incorreto, o que torna impossível igualar culturas em
relação à moralidade.

No entanto, há um impasse ao se aceitar a diversidade cultural de forma


absoluta, pois pode vir a ser excludente em relação aos indivíduos e coletividades
vítimas de violação dos direitos humanos sob o pretexto das diferenças,
impossibilitando a tomada de providências por meio de intervenções da comunidade
internacional.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A DUDH, foi um marco para a humanidade, garantindo o universalismo dos


direitos, podendo ser considerada uma conquista histórica que marca o nascimento
das teorias filosóficas no jusnaturalismo moderno, nascendo a ideia dos direitos do
homem como naturais e universais.

No entanto, mesmo com os direitos humanos universalizados e o


estabelecimento das garantias individuais como uma prerrogativa do cidadão
tutelada pelo Estado-nação, são passíveis de supressão através do mecanismo do
Estado de Exceção, como nas ditaduras, pois o sistema internacional dos direitos
humanos é débil e ineficaz para fazer valer o cumprimento efetivo dos direitos
assegurados pelas declarações e tratados.

Os direitos Humanos e o universalismo é combatido pelo relativismo cultural.


O universalismo rejeita a identidade e a diversidade cultura, bem como os costumes
dos povos. Para o relativismo cultural é impossível estabelecer princípios morais de
validade universal, que comprometam todas as pessoas de uma mesma forma, pois
tudo é relativo ao espeitar a pessoa como indivíduo e os que aderem a esta posição,
a cultura é a única fonte válida do direito e da moral, capaz de produzir seu próprio e
particular entendimento sobre os direitos fundamentais.

A despeito do relativismo cultural, o ser humano é reconhecido pela sua


identidade, independentemente de sua cultura, pois o ser humano possui
caraterísticas próprias como a capacidade de pensar, raciocinar, utilizar a linguagem
para comunicar-se, de escolher, de julgar, de sonhar, de imaginar projetos de uma
vida plena, e de estabelecer relações com os seus semelhantes, pautadas em
critérios morais, o que o distingue dos demais seres vivos, formando a sua
identidade humana.

Portanto, a Declaração dos Direitos Humanos e o universalismo buscam a


garantia dos direitos das pessoas, enquanto que o relativismo cultural rejeita esses
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direitos, alegando que o direito deve ser individual, não podendo, dessa forma se
tornar universal, sob pena de ferir a individualidade do ser humano.

REFERÊNCIAS

PEIXOTO, Érica de Souza Pessanha. Universalismo e relativismo cultural.


Disponível em:
<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/campos/
erica_pessanha_peixoto.pdf>

ANTONIO, Carolina Calzolari; DAL RI, Luciene. O relativismo cultural e a


universalização dos direitos humanos no direito internacional público.
Publicum. Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, 2017, p. 273-285. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/publicum/article/view/
28952#:~:text=Com%20a%20internacionaliza%C3%A7%C3%A3o%20e
%20a,qualquer%20condi%C3%A7%C3%A3o%2C%20possuam%20direitos
%20humanos.>

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/onu.htm#:~:text=Antes%20da%20exist
%C3%AAncia%20da%20ONU,vitoriosos%20na%20Primeira%20Guerra
%20Mundial.

https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos

https://brasil.un.org/pt-br/66717-declaracao-universal-dos-direitos-humanos

https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos

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