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“Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente
(grifo nosso), o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas”.
acreditamos que os novos crimes e o sistema penal a ser aplicado serão suficientes
e eficazes para disciplinar os grupos nacionais e estrangeiros em atividade nessas
áreas”.
incriminação constante no art. 225, §3º, da Carta Maior. E mais, o referido dispositivo
menciona a chamada responsabilização penal da pessoa jurídica, tema que será
abordado oportunamente. Com efeito, a tutela de bens transindividuais é o que a
doutrina denomina de Direito Penal Secundário, pois a realização do homem em
sociedade se dá em duas vertentes, quais sejam como indivíduo, obrigando o Estado
a protegê-lo diretamente (proteção em nível primário) e a realização social do homem,
enquanto membro inserido na sociedade (proteção em nível secundário).
necessidade do direito penal ambiental seja incorporado pela mídia e pela população
em geral.
V - Em unidade de conservação;
“Art. 37. Não é crime (grifo nosso) o abate de animal, quando realizado: I -
em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente; III – (VETADO); IV - por ser nocivo o animal, desde
que assim caracterizado pelo órgão competente”.
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“TRF1 absolve homem flagrado com dois jabutis para consumo próprio da
prática de crime ambiental.
Consta da denúncia que o paciente, no dia 24/2/2011, foi flagrado por uma
equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), dentro da Floresta Nacional Roraima, na posse de dois jabutis, sem
autorização ou permissão das autoridades competentes. O Juízo de primeiro
grau, ao analisar o caso, optou por condenar o acusado pelo cometimento de
crime ambiental.
O relator, juiz federal convocado Marcus Vinicius Reis Bastos, deu razão à
parte impetrante. Na avaliação do magistrado, a questão permite a aplicação
do princípio da insignificância. “A conduta imputada ao denunciado nos autos
da ação penal não tem aptidão para lesionar o bem jurídico protegido. A
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Processo nº 0008232-11.2015.4.01.0000/RR”.
num primeiro momento optam por crimes como o tráfico de drogas, mas percebem na
exploração da flora um lucro maior e mais fácil, com menor reprimenda e menor
fiscalização. Explica Mendroni (2009, p.07):
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: III - poluição, a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou
sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo
com os padrões ambientais estabelecidos;
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3.7. Considerações
"Por entender caracterizada ofensa ao art. 225, § 1º, VII, da CF, que veda
práticas que submetam os animais a crueldade, o Plenário julgou procedente
pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da
República para declarar a inconstitucionalidade da Lei fluminense 2.895/98.
A norma impugnada autoriza a criação e a realização de exposições e
competições entre aves das raças combatentes (fauna não silvestre).
Rejeitaram-se as preliminares de inépcia da petição inicial e de necessidade
de se refutar, artigo por artigo, o diploma legislativo invocado. Aduziu-se que
o requerente questionara a validade constitucional da integridade da norma
adversada, citara o parâmetro por ela alegadamente transgredido,
estabelecera a situação de antagonismo entre a lei e a Constituição, bem
como expusera as razões que fundamentariam sua pretensão. Ademais,
destacou-se que a impugnação dirigir-se-ia a todo o complexo normativo com
que disciplinadas as "rinhas de galo" naquela unidade federativa,
qualificando-as como competições. Assim, despicienda a indicação de cada
um dos seus vários artigos. No mérito, enfatizou-se que o constituinte
objetivara assegurar a efetividade do direito fundamental à preservação da
integridade do meio ambiente, que traduziria conceito amplo e abrangente
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“No entanto, a fonte legislativa (Poder Legislativo, Poder Executivo etc.) que
complementa a norma penal em branco deve, necessariamente, respeitar os
limites que esta impõe, para não violar uma possível proibição de delegação
de competência na lei penal material, definidora do tipo penal, em razão do
princípio constitucional de legalidade (art. 5º, II e XXXIX, da CF/88), do
mandato de reserva legal (art. 22, I) e do princípio da tipicidade estrita (art. 1º
do CP). Em outros termos, é indispensável que essa integração ocorra nos
parâmetros estabelecidos pelo preceito da norma penal em branco. É
inadmissível, por exemplo, uma remissão total do legislador penal a um ato
administrativo, sem que o núcleo essencial da conduta punível esteja descrito
no preceito primário da norma incriminadora, sob pena de violar o princípio
da reserva legal de crimes e respectivas sanções (art. 1º do CP)”.
incidir. É nesse ponto que entra o princípio da insignificância, ou seja, o bem jurídico
é atingido de forma tão tênue que a tutela penal não deve incidir.
Decisão
Publicação: DJ 08/06/2015
Verifica-se dos autos que o recorrente foi denunciado como incurso no art.
34, caput, da Lei n. 9.605/1998, porque, no município de Uruguaiana/RS, teria
pescado em período proibido. Afirma o recorrente que pescava
recreativamente, sem qualquer intuito de lucro, não houve a captura de
nenhum pescado e, no âmbito administrativo, recebeu apenas advertência,
estando configurada a mínima reprovabilidade da conduta, mormente porque
não houve nenhum dano ao meio ambiente. Requer, em liminar, a suspensão
da Ação Penal n. 50043310220124047103 e, no mérito, o trancamento da
ação. Deferi a liminar para suspender a Ação Penal no Juízo da Vara Federal
Criminal de Uruguaiana/Seção Judiciária do Rio Grande do Sul (fls. 229/231).
Parecer do Ministério Público Federal pelo provimento do recurso ordinário e
pelo trancamento da ação penal (fls. 252/254): RECURSO ORDINÁRIO -
HABEAS CORPUS - CRIME DE PESCA COM PETRECHO NÃO
PERMITIDO - ART. 34 DA LEI N. 9.605/98 - PRETENSÃO AO
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA
CONDUTA PELA INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA -
PROCEDÊNCIA - NECESSÁRIA ANÁLISE DO CASO - AUSÊNCIA DE
DANO EFETIVO AO MEIO AMBIENTE (RECORRENTE PRIMÁRIO, DE
CONDIÇÃO HUMILDE E BAIXA ESCOLARIDADE, QUE TEVE
APREENDIDO EM SEU PODER APENAS UMA REDE DE PESCA E
NENHUM PESCADO) - PRECEDENTES DO STJ E DO STF PARECER
PELO PROVIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO. É o relatório. Pelo que se
extrai dos autos, o recorrente pescava sozinho, recreativamente,
desconhecendo que vigorava há apenas dezesseis dias a Instrução
Normativa n. 193/2008 do Ibama, que estabeleceu normas de pesca para o
período de defeso na área de abrangência da bacia hidrográfica do Rio
Uruguai (fl. 150). Com o denunciado foi apreendida apenas uma tarrafa de
Nylon, mas nenhum pescado. Nesse contexto, entendo, assim como também
se manifestou o Ministério Público Federal, que está evidenciada a mínima
ofensividade da conduta. Anotem-se os julgados desta Corte: RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA
VEDADA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA DE DANO
EFETIVO AO MEIO AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 1. Os denunciados são pescadores de
origem simples, amadorista, sendo apreendida apenas uma rede de nylon e
nenhum pescado, o que demonstra a mínima ofensividade da conduta.
Ausência de lesividade ao bem jurídico protegido pela norma incriminadora
(art. 34, caput, da Lei n. 9.605/1998), verificando-se a atipicidade da conduta
imputada ao paciente. 2. Recurso ordinário provido para conceder a ordem e
determinar o trancamento da Ação Penal n. 5011231-69.2010.404.7200
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Por sua vez, a Lei 9.605/98, que trata dos Crimes Ambientais,
acolheu a responsabilidade penal da pessoa jurídica, em consonância com o
dispositivo supracitado, demonstrando a necessidade de se tutelar efetivamente o
meio ambiente diante da enorme degradação do meio ambiente causada por grandes
empresas na consecução de seus fins.
mas não idênticos. Não teria sentido que a lei, tão precisa em sua terminologia, tivesse
empregado sinônimos ao definir um novo conceito jurídico”.
diapasão, a pessoa jurídica não teria vontade, não praticaria conduta, e, portanto,
inviável atribuir dolo ou culpa, pois não haveria conduta a se valorar.
Com efeito, não se sabe quanto tempo levará para o rio Doce
voltar ao seu estado anterior, ou mesmo se tal fato efetivamente ocorrerá. Certo é que
multas e termos de ajustamento de conduta não conseguem tutelar o ambiente
devastado por atos praticados pela empresa mineradora, que no afã de explorar
recursos naturais, colocou em risco a fauna, flora, e mais, a vida de milhares de seres
humanos atingidos direta ou indiretamente pela tragédia. O que se pretende
demonstrar é que as medidas administrativas e cíveis não têm o condão de repelir a
atividade nociva praticada. Para os gestores de uma empresa do porte da mineradora
envolvida, “vale a pena correr o risco” pelo lucro auferido, sabedores que o Direito
Penal Ambiental ainda é muito incipiente e não tem a força necessária para prevenir
condutas dessa magnitude.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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2005.
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Paulo: Saraiva, 2010.
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Paulo: Saraiva, 2012.
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Ambientais. São Paulo: Saraiva, 2012.
FREITAS, Vladimir Passos de, e FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a
natureza. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
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MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: Aspectos gerais e mecanismos
legais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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ZAFFARONI, Eugenio Raul. Manual de Direito Penal Brasileiro – Parte Geral, 5ª ed.
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