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FORMIGA
2018
Lei de Crimes Ambientais n° 9.605/1998:
INTRODUÇÃO:
1. CONCEITO:
2. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
2ª.) Segundo essa corrente, é possível a aplicação do princípio da insignificância, sendo observados
os respectivos requisitos, em matéria de crimes ambientais. Assim entende o Superior Tribunal de
Justiça e o Supremo Tribunal Federal, vejamos os julgados:
“O bem jurídico protegido pela Lei Ambiental diz respeito a áreas cujas as dimensões e
tipo de vegetação efetivamente integrem um ecossistema. A lei de regência não pode ser
aplicada para punir insignificantes ações, sem potencial lesivo à área de proteção
ambiental (...) no caso, um simples levante de cerca, em perímetro diminuto.” ( STJ, HC
35.203/SP, rel. Min. Laurita Vaz, DJU 01.08.2006, p. 464).
A responsabilidade penal das pessoas jurídicas no campo dos crimes ambientais, configura
uma dissonância de opiniões. Teve como ponto inicial o dispositivo constitucional do art. 225 §3º.
CR/88: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de
reparar os danos causados”. Sendo a incorporação das pessoas jurídicas no texto constitucional o
fato gerador de diversos posicionamentos que ganharam amplitude com o advento da lei 9.605/98
que, expressamente, prevê a responsabilidade penal das pessoas jurídicas no crimes ambientais.
Segue o pensamento das correntes:
1.ª) A CR/88 não criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, alicerçado em dois
argumentos: a correta exegese do §3.°, do art. 225 da CR/88 não apresenta hipótese de
responsabilidade penal da pessoa jurídica, uma vez que o vocábulo “condutas” referem-se às
pessoas físicas, e o vocábulo “atividades” referem-se às pessoas jurídicas. Concluindo que o texto
constitucional não inovou no tocante à responsabilidade penal das pessoas jurídicas, atribuindo
somente responsabilidade administrativa. Além disso, o art. 5.°, XLV, apresenta o princípio da
pessoalidade da pena impedindo que responsabilização penal recaia sobre a pessoa jurídica.
2.ª) A pessoa jurídica não pode cometer crimes - societas delinquere non potest: com fulcro
na Teoria da Ficção Jurídica às pessoas jurídicas são somente uma ficção do direito, ente inanimado
e irreal, consequentemente não possuem consciência, vontade ou finalidade, não podendo, portanto,
receber o mesmo tratamento jurídico das pessoas físicas quando cometem delito penal. Partindo
desse entendimento são postos outros a argumentos, tais como:
1. Pessoas jurídicas não têm capacidade de ação, não atuam com dolo ou culpa, não podendo
praticar infrações penais. Admitir a responsabilização penal das pessoas jurídicas é o mesmo que
aplicar a responsabilidade penal objetiva, sendo esta vedada ao direito penal brasileiro.
2. As pessoas jurìdicas não agem com culpabilidade, não tem imputabilidade e nem
consciência para entender a ilicitude do fato.
3. As penas somente podem ser aplicadas às pessoas físicas, afirmação que alude o princípio
da personalidade das penas. A sanção penal elege como uma das suas finalidades a reeducação do
infrator sendo impossível reeducar uma pessoa jurídica, por esta não possuir consciência.
Neste sentido segue o pensamento de Mirabete: “ A pessoa jurídica não pode ser sujeito
ativo de crime [...] É impossível a uma ficção a prática de atos criminosos, e aos entes reais
compostos de pessoas físicas não se adapta o conceito penal de dolo ou culpa (puramente
subjetivo)”. (2008, v.1, p.110).
3a) As pessoas jurídicas podem cometer crimes e sofrer penas - societas delinquere potest:
alicerçado na Teoria da Realidade defende que as pessoas jurídicas não são meros entes fictícios,
possuem capacidade e vontade próprias, podendo cometer crimes e consequentemente sofrer
sanções penais. Outro argumento trazido pela corrente é que o texto constitucional do art.225 3 da
CR/88 e o art.3 da lei de crimes ambientais permitem a responsabilidade penal das pessoas
jurídicas. Amparam, também o pensamento centralizado nesta doutrina:
1. As sanções administrativas e civis são insuficientes para coibir as condutas delitivas
das empresas que transgridem a legislação ambiental.
2. As sanções penais são elementos ímpares no combate aos crimes ambientais, sendo
uma grande aliada para a punição daquelas empresas que contribuem para a
destruição do meio ambiente.
3. Não é suficiente punir apenas as pessoas físicas, que muitas vezes não tem nenhum
benefício com a prática delituosa, acabando por se tornar uma espécie de proteção
para as pessoas jurídicas que cometem crimes ambientais e são as verdadeiras
beneficiárias do ato.
Guilherme de Souza Nucci se posiciona favoravelmente:
“ A pessoa jurídica possui vontade própria, mas ainda que não a possuísse é preciso lembrar
que há no direito penal casos de responsabilidade objetiva, inclusive para a pessoa física,
como no caso da embriaguez voluntária não preordenada. As penas privativas de liberdade
não constituem, atualmente, o objetivo principal do direito penal, devendo ser substituída,
cada vez mais, por penas alternativas (que são compatíveis com as pessoas jurídicas),
buscando-se evitar os males do encarceramento das pessoas físicas. Não há violação ao
princípio da personalidade da pena, porque embora as sanções penais sejam
personalíssimas, é preciso lembrar que elas recairão sobre a pessoa jurídica (autora do
delito) e não sobre os sócios. Quanto ao sócio ser indiretamente prejudicado com a sanção
aplicada à pessoa jurídica, tal reflexo é efeito da pena que ocorre em qualquer tipo de
crime. Cremos estar com a razão aqueles que sustentam a viabilidade da pessoa jurídica
responder por crime no Brasil, após a edição da lei 9.605/98, que cuida dos crimes contra o
meio ambiente, por todos os argumentos supracitados. Além disso, é preciso considerar que
a condenação na esfera penal - pouco importando se a pena é somente restritiva de direitos
ou multa - é, moralmente mais efetiva que pronunciamentos judiciais em outras áreas.”
(2014, p.763) (GRIFO MEU)
O parágrafo único do art. 3° dispõe que a responsabilidade penal das pessoas jurídicas não
exclui a responsabilidade penal das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato
(são responsabilidades independentes). Em outras palavras, é possível, pelo mesmo crime, punir
simultaneamente a pessoa física e a pessoa jurídica. Trata-se do Sistema da Dupla Imputação ou
Teoria das Imputações Paralelas.
Pelo referido dispositivo é possível punir apenas a pessoa física, ou a pessoa física e a
pessoa jurídica concomitantemente. Não é possível, no entanto, punir apenas a pessoa jurídica, já
que o caput do art. 3.° somente permite a responsabilidade do ente moral se identificado o ato do
representante legal ou contratual ou órgão colegiado que ensejou a decisão da prática infracional.
Assim, como já exposto, não é possível denunciar, isoladamente, a pessoa jurídica já que sempre
haverá uma pessoa física (ou diversas) corresponsável pela infração. Em relação aos entes morais,
os crimes ambientais são, portanto, delitos plurissubjetivos ou de concurso necessário.
Em síntese, pode-se concluir que será inevitável a incidência de tal teoria, para que haja a
responsabilização das pessoa jurídicas. Jamais pode a pessoa jurídica isoladamente aparecer no polo
passivo da ação penal, sempre será necessário descobrir quem dentro da empresa praticou o ato
criminoso em seu seu nome e em seu benefício. Destarte, devem ser processados - obrigatoriamente
- a pessoa que praticou o crime e a pessoa jurídica que tenha sido beneficiada com ato, se assim for
o caso.
A Lei 9.605/98 inovou no quesito de aplicação das penas, trazendo regras diferenciadas do
Código Penal. Estabelece penas restritivas de direitos para as pessoas físicas totalmente diversas
daquelas previstas no CP, além de impor critérios diferenciados para a substituição (arts. 7.° a 13);
tem suas próprias atenuantes e agravantes (arts. 14 e 15); prevê prazo diferenciado de condenação
para a concessão de sursis(art. 16 e 17); utiliza critério diferenciado para que a multa aplicada no
máximo possa ser triplicada (art.18); prevê penas restritivas de direitos exclusivas das pessoas
jurídicas (arts. 21 a 23). Além disso, a Lei traz algumas novidade, como a possibilidade de perícia
ambiental indicar o valor dos danos causados pela infração e da sentença condenatória estabelecer o
valor dos prejuízos causados pela infração ambiental Arts 19 e 20).
Quando a pena aplicada for de multa, o juiz terá em conta a situação econômica do infrator,
tal como na sistemática do CP (art. 60, caput). Além da situação econômica, observará o juiz o
valor do prejuízo causado pela infração, uma vez que é previsto no art.19, por provas periciais,
delimitar a dimensão do prejuízo causado.
O art. 21 da Lei dos crimes ambientais dispõe que as penas aplicáveis são as multas (art. 21,
I) e as restritivas de direitos (art. 21, II e III), com atenção especial à pena de prestação de serviços à
comunidade. O caput do art. 21, traz que tais sanções podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente.
Dispõe, ainda, que essas penas podem ser aplicadas alternativamente. Ocorre que não há
nenhuma norma (no CP ou nesta lei) que disponha sobre a substituição de pena restritiva de direitos
por multa ou vice-versa, de tal modo que o dispositivo é inaplicável neste ponto.
As penas restritivas de direito aplicáveis às pessoa jurídicas são penas principais, ou seja,
não são substitutivas das penas privativas de liberdade, já que estas por razões óbvias não podem
ser aplicadas.
As penas aplicáveis às pessoa jurídicas não são substitutivas das penas privativas de
liberdade, como já exposto. Sendo as penas principais deveriam, portanto, estar cominadas nos tipo
incriminadores, mas tambem não estão. Há apenas a previsão genérica delas nos arts. 21 a 23 da lei
9.605/98, que não estabelecem o limite mínimo e máximo cominados (com exceção do art. 22, §3.°.
que prevê o prazo máximo da sanção). Havendo, neste sentido, uma ofensa ao princípio da
legalidade (art. 5.°, XXXIX, CR/88) que dispõe que não haverá penas sem prévia cominação legal.
A única solução, portanto, para tentar superar mais essa incongruência da lei é aplicar a pena
restritiva de direitos de forma direta (não em substituição da pena de prisão) utilizando como limite
máximo da pena privativa de liberdade cominada no tipo penal, observando o critério trifásico do
art.68 do CP.
Com previsão no art.22 da lei de crimes ambientais suspensão parcial ou total das atividades
será aplicada quando estas não estiverem atendendo às normas ambientais. Logicamente uma
conduta criminal ambiental descumpre normas ambientais, mas não é neste sentido a interpretação,
mas sim quando a empresa estiver reiteradamente descumprindo a legislação ambiental.
5.5 Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações:
A lei, ao contrário, das duas sanções anteriores, não estabelece em qual hipótese será cabível
esta pena restritiva de direitos. Dispõe apenas sobre o prazo máximo da sanção, que não poderá
exceder de 10 anos (art. 22, §3.°). Embora estabeleça o prazo máximo, essa sanção também é de
duvidosa constitucionalidade. uma vez que a imensa maioria dos crimes ambientais não têm pena
privativa de liberdade superior a 03 anos.
A individualização da pena, conforme ensinamento doutrinário e jurisprudencial, faz-se no
plano abstrato ( na cominação) e no plano concreto (na aplicação e na execução da pena). Assim, se
o legislador comina uma pena máxima de 03 anos para determinado delito, entendendo esse
patamar como suficiente para a prevenção e reprovação do crime o que justificaria aplicar, para a
mesma infração, uma pena de 10 anos de restrição de direitos? Em obediência ao princípio da
proporcionalidade e da individualização da pena, acredita-se, portanto, que esse patamar máximo de
10 anos deve ser desconsiderado, devendo esta pena restritiva de direitos seguir os limites máximos
da pena privativa de liberdade cominada para a infração.
Como sanção a pessoa jurídica ainda há previsão da liquidação forçada, cabível quando a
pessoa moral for constituída e utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou
ocultar prática de crime definido na lei em estudo. A pessoa jurídica que vier, com excelência e
regularidade, a praticar crimes contra o meio ambiente pode ser extinta, com fulcro no art. 24 da
Lei de crimes ambientais.
O patrimônio da pessoa jurídica será considerado instrumento de crime e perdido em favor
do Fundo Penitenciário Nacional. Liquidação causa, portanto, a dissolução da pessoa jurídica, já
que ela perde todo seu patrimônio, correspondendo a uma verdadeira “pena de morte” da empresa,
sendo aplicado com a devida cautela. Passos de Freitas expõe:
“A liquidação é uma autêntica pena acessória e deverá, por isso mesmo, ser
objeto de expresso pedido na denúncia. Se assim não for, não poderá o juiz impô-lo na
sentença, pois estaria prejudicando o direito de ampla defesa da ré. (...) Sea assim não for
feito, restará ao Ministério Público, que èo órgão detentor de legitimidade para tanto,
propor ação própria no juízo cível. À falta de previsão de rito processual cabível poderá
ser aplicado, por analogia, o contido nos arts. 761 a 786 do Código de Processo Civil”.
(2012, p.74).
É preciso ter muita cautela na interpretação deste dispositivo, que não pode receber uma
exegese meramente literal. Os objetos que devem ser confiscados são apenas aqueles usualmente
utilizados na prática de delitos ambientais. Um objeto lícito, que muitas vezes representa o sustento
do agente e sua família, não pode ser confiscado porque, esporadicamente, foi utilizado
irregularmente e caracterizou a prática de delito ambiental. É preciso fazer a distinção, para não
haver injustiças e abuso. Motosserras utilizadas por madeireiras clandestinas, barcos utilizados por
pesqueiros ilegais devem, sem dúvida, ser confiscados; mas o barco de um humilde pescador, que
eventualmente pescou peixes além do permitido, não tem necessidade de ser confiscado; da mesma
forma que não tem necessidade de ser confiscado o caminhão do trabalhador que conseguiu um
serviço de “carreto” e, culposamente, transportou objetos nocivos ao meio ambiente (art. 56 §3.º, da
Lei). Seria no mínimo desproporcional a apreensão do barco e do caminhão dos trabalhadores
nessas hipóteses, pois que tais objetos não constituem instrumentos de crime, mas de instrumentos
de trabalho e subsistência das pessoas.
Neste sentido, o Tribunal Federal da 1.ª Região já decidiu que a regra do art. 25, §5.º, da Lei
Ambiental não é absoluta, podendo ocorrer a restituição do bem, dentro de um juízo de
razoabilidade. Expondo o entendimento:
“Demonstrado o bom direito de propriedade, não mais interessando a apreensão
da coisa para o processo e não sendo o caso de confisco, a restituição da coisa é medida
que se impõe. Não sendo o caminhão coisa cujo fabrico, alienação, uso ou detenção
constitua fato ilícito, não há como considerá-lo, a principio, instrumento de crime, até
porque apenas ocasionalmente referido bem pode ser utilizado na prática de crimes. Não
foi intenção do legislador dirigir a norma do art. 25 §4.º, da Lei 9.605/98 aos bens que
ocasionalmente são utilizados nos delitos ambientais”. (TRF - 1.ª Reg., AC 2164-8/AC,
rel. Des. Hilton Queiroz, DJU 07.11.2003, p.69)”.
“Nos termos do art. 118 do Código de Processo Penal, as coisas apreendidas não
poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo. In casu, o MM. Juízo Federal
a quo demonstrou que os bens apreendidos não são imprescindíveis a persecução
criminal. Não sendo os bens apreendidos coisa, cujo fabrico, alienação ou uso constitua
fato ilícito, não constitui objeto de confisco, razão pela qual não justifica sua apreensão
até trânsito em julgado da sentença. Precedente deste Tribunal Regional Federal. Não se
aplica ao caso o disposto no art. 25, §4.º, da Lei 9.605/98, eis que os veículos apreendidos
constituem mero meio de transporte, que ocasionalmente foi utilizado na prática do crime
ambiental em questão.” (TRF - 1.ª Reg., Des. Ítalo Fioravanti Sabo Mendes, DJU
25.05.2005, p. 50)”.
A Lei Ambiental traz pouquíssimas normas processuais, sendo completada, portanto, pelo
Código de Processo Penal e pela Lei 9.099/95, já que muitas infrações são de menor potencial
ofensivo.
Tratando-se de ato personalíssimo, o interrogatório não pode ser prestado senão pelo próprio
autor da infração. Como a pessoa jurídica é um ente fictício surge então a questão sobre quem deve
ser interrogado em nome dela ou se deve haver interrogatório da pessoa jurídica.
Ficou demonstrado que, inicialmente, vislumbrado o interrogatório como meio de prova,
deveria ser aplicado, por analogia, o disposto no art. 843, §1.º, da CLT, que permite o depoimento
do preposto ou gerente da empresa, que tenha conhecimento do fato. Se a finalidade do
interrogatório é levar ao juiz conhecimento do fato, não haveria sentido ser interrogado em lugar da
pessoa jurídica alguém que desconhecesse. Mas com advento da Lei 10.792/2003, que claramente
configura o interrogatório como meio de defesa, mudando-se o ponto de vista, passando a entender
que deve ser interrogado o gestor da empresa, que é quem tem interesse em realizar a defesa do ente
moral acusado, devendo ser aplicadas todas as garantias processuais e constitucionais do
interrogatório (presunção de inocência; devido processo legal; contraditório e ampla defesa, direito
ao silêncio etc).
Caso a pessoa física se torne corré no processo, terá de prestar dois interrogatórios: um em
sua defesa e outro em nome da pessoa jurídica, exceto em versões conflitantes. Não se tratam de
atos repetitivos porquanto a base das responsabilidades da pessoa fisica e jurídica são diferentes. O
gestor da empresa, em seu interrogatório pessoal, poderá dizer que não sabia da conduta que
ensejou a infração e que não tinha como impedi-la, já no interrogatório em nome da empresa poderá
dizer que a infração foi cometida exclusivamente por um funcionário da empresa sem poderes de
representação e que o delito em nada beneficiou a empresa. Não se poderá cogitar um único
interrogatório, viabilizando a economia processual, tendo em vista o disposto no art. 191 do CPP.
Há um precedente Tribunal Federal da 4.ª Região que concorda com os argumentos
aludidos:
“Tratando-se do interrogatório da pessoa jurídica, quem tem esse poder?
Logicamente, aquele que se posicionou como centro da decisão na ocasião dos fatos ou
que ocupa a função contemporaneamente ao processo. Só essa pessoa tem a capacidade
de esclarecer e explicar a motivação da conduta, que importa para a imputação da pessoa
jurídica. Obviamente se houver colidência de interesses entre as defesas da sociedade e do
diretor, este não poderá representá-lo no ato de interrogatório. Todavia, nunca poderá a
presposto o direito de ser interrogado em nome da empresa. Acaso haja incompatibilidade
entre as defesas do diretor do qual emanou a ordem e da pessoa jurídica, por certo nesse
processo a sociedade não será interrogada, a não ser que exista outro administrador
integrante do colegiado, que não tenha sido acusado”. (TRF- 4.ª Reg., MS
2002.04.01.0113843-0, rel. Des. Fábio Bittencourt da Rosa, DJ 26.02.2003, p.914).
A Lei de Crimes Ambientais não faz nenhuma disposição acerca da competência dos crimes
nela previstos, ficando sob construção doutrinária, que criou uma regra geral: se o crime causar
dano direto e específico, lesando interesse da união ou das suas entidades, será da competência da
Justiça Federal; se o delito atingir interesse genérico e indireto da União ficará a cargo da
competência da Justiça Estadual. A justificativa para a criação da regra tomou como base o texto
constitucional, que diz ser de competência comum da União, Estados, Municípios e do Distrito
Federal a proteção ao meio ambiente (arts. 23 e 24 da CR/88). Seguindo essa postura:
Sendo os locais citados tutelados pela Justiça Estadual ficarão a cargo dessa, apesar de
serem patrimônios nacionais não são tidos como patrimônio da união.
Ainda que para a execução do crime sejam utilizados equipamentos proibidos em leis
federais a competência será da Justiça Estadual.
É de competência da Justiça Federal os crimes que são cometidos em rios que ultrapassam
as fronteiras de um estado, banhando outro estado.
Por ausência de interesse específico e direto da União, essa categoria de crimes abrange a
competência da Justiça Estadual.
Constata-se ser de competência da Justiça Federal, uma vez que a CTNBio recebeu
tratamento de órgão ligado à Presidência da República, ainda, nota-se, possuir esta conduta uma
grande capacidade de lesividade para a saúde pública.
A Lei Ambiental é silente sobre o que venha a ser os crimes ambientais de menor potencial
ofensivo, mas à luz da Lei 9.099/95, art. 61, diz ser crime de menor potencial ofensivo aqueles
delitos cuja a pena máxima seja até dois anos, sendo cabível a suspensão condicional do processo
para os crimes cuja a pena mínima não seja superior a um ano (art. 89 da Lei 9.099/95).
Tendo em vista as aludidas previsões legislativas da Lei 9.099/95, ficou-se entendido que os
crimes ambientais de menor potencial ofensivo serão aqueles cuja a pena máxima não passará de
dois anos, cabendo a suspensão condicional do processo para os delitos dos quais a pena mínima
não seja superior a um ano.
Ainda, no entendimento da Lei 9.099/95, arts. 74 e 76, poderá haver negociação de
transação penal entre o agente ativo e o Ministério Público, observando os requisitos legais, mesmo
que não haja a efetiva composição dos danos entre autor e vítima, se assim for comportado no
suporte fático.
Tal assertiva não foi totalmente recebida na Lei Ambiental, para haver a transação penal nos
crimes ambientais de menor potencial ofensivo é necessário cumprir as disposições do art. 27 da Lei
9.605/98 que prevê a composição civil dos danos ambientais, sendo possível realizá-la, é requisito
para a transação penal, torna-se necessário, também, a observância das exigências do art.76 da Lei
9.099/95. Ressalta-se, que o dispositivo legal (art. 27 da Lei 9.605/98) apenas faz referência aos
“crimes ambientais”, ficando as contravenções penais ambientais isentas do procedimento.
Como já exposto neste estudo, as condutas que prejudicam o meio ambiente podem sofrer
sanções na esfera administrativa, cível e penal, havendo variações das regras de prescrições em cada
esfera. Atendo-se, na esfera da ultima ratio, são usadas as regras prescricionais presentes no Código
Penal, art. 109:
“Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não
excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não
excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a
quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo
superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano”.
O baixo grau de escolaridade não pode ser utilizado como argumento que justifique a
conduta lesiva, mas pode diminuir a reprovabilidade da ação, por consequência diminui a pena. O
Por sua vez, o baixo grau de instrução poderá constituir uma excludente de ilicitude do fato,
aplicando-se o dispositivo do erro de proibição, caso seja erro escusável ou acarretar diminuição de
pena se constituir um erro inescusável (art. 21 do CP).
10.1.2 Arrependimento:
Tratada como uma espécie de “delação premiada ambiental”, se o agente colaborar com as
investigações haverá motivos para atenuar a pena.
O art. 15 da Lei de Crimes Ambientais traz um rol das agravantes, devendo ser aplicadas na
segunda fase do cálculo da pena, se tiverem tratamento de elementares, qualificadoras ou causas de
aumento de pena não serão aplicadas. São elas:
“Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou
beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções”.
Ressalta-se que não poderam ser aplicadas, por analogia, as agravantes dos arts. 61 e 62 do
CP, pois seria in malam partem.
Exige-se que seja cometido, especificamente, um crime ambiental, não sendo possível
incluir as contravenções penais ambientais uma vez que o tipo não as menciona, resguardando o
instituto apenas aos crimes ambientais.
Sendo elementar do tipo penal não se aplicará a agravante sob pena de bis in idem.
A coação poderá ser a moral ou física, configurando a coação física ou moral irresistível o
coagido não sofrerá sanções, respondendo pelo crime somente o coator. Sendo a coação moral
resistível ambos responderão pelo crime.
Não poderá incidir a agravante se esta for elementar do tipo penal, a título de exemplo
verifica-se no texto do art. 40 da Lei em tela “dano direto ou indireto à Unidades de Conservação”.
No mesmo sentido, não se aplicará a agravante se o tipo penal trazer “áreas sujeitas a regime
especial”.
Tal agravante se aplicará nos crimes contra a Fauna, elencados nos arts. 29 a 35 da Lei
Ambiental. Há o entendimento majoritário que a caça é proibida em todo o território nacional
durante o ano todo, de forma que terá aplicação automática nos delitos contra a fauna brasileira.
Porém, o art. 29 da Lei traz como causa de aumento de pena proibição de caça ou pesca
(art.29,§4.°, II); da mesma forma, não se aplicará no art.34 por se tratar a pesca proibida como
elementar do tipo penal.
Não se aplicará em nenhum crime contra a flora, pois a prática do crime em domingos e
feriados constitui causa de aumento de pena desse rol de infrações (art. 53, II, e), tal como a
prática delituoso em período noturno (art. 53, II, e)
10.2.13 Pessoa jurídica mantida com recursos públicos ou beneficiada com incentivos
fiscais:
A agravante comporta a justificativa que para a prática do crime fora utilizado incentivos
fiscais e o erário, motivo para uma rígida repressão.
Não se aplicará aos crimes contra fauna e flora previsto nesta lei ambiental, pois enseja
aumento de pena dos arts. 29, §4.°,I (espécies raras ou em extinção da flora) e art. 53, II, c
(espécie rara ou em extinção da fauna).
CONCLUSÃO:
Seguindo as diretrizes do direito processual penal é sabido que não é regra a inversão do
ônus da prova, porém no âmbito desta lei, ocorre a inversão do ônus da prova, como previsto no art.
4.º §2.º condicionando a comprovação da ilicitude dos bens para liberação parcial ou total dos
mesmos, consoante à concepção segue o entendimento de Távora:
I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado);
IV - (revogado);
V - (revogado);
VI - (revogado);
VII - (revogado);
VIII - (revogado).
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos
ou valores provenientes de infração penal:
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem
cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com
as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à
identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou
valores objeto do crime”.
3. COLABORAÇÃO PREMIADA:
A Lei 12.683/2012 inovou trazendo no art.1.° §5.° a possibilidade da colaboração ser feita a
qualquer tempo. Portanto, a colaboração premiada poderá surtir efeitos, tanto, na fase do processo
de conhecimento, ocorrido antes da condenação, quanto, na fase do processo de execução, ocorrido
depois do trânsito em julgado da condenação. Segue o art.1§5.° da Lei 12.683/2012:
“§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com
as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à
identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou
valores objeto do crime”.
A maior redução deverá ser combinada com o mais benéfico regime; a menor redução com
o regime menos benéfico. Seguindo outro prisma, deverá ser analisado se o tempo de pena fixado
caberá o regime aberto ou semiaberto.
A colaboração premiada almeja: a apuração da materialidade do crime; identificação dos
concorrentes e a localização dos bens, direitos e valores frutos do crime, se satisfeito os três
requisitos aplicar-se-á o perdão judicial, ensejando a extinção da punibilidade, portanto, se aplicado
antes da sentença condenatória, com trânsito em julgado, atinge a pretensão punitiva do Estado; se
aplicado após o trânsito em julgado da sentença condenatória afetará a pretensão executória do
Estado. Se apenas dois dos requisitos forem alcançados ocorrerá a substituição de pena por
restritiva de direitos. Preenchido apenas um requisito provocará a diminuição da pena (um a dois
terços) e a escolha entre regime aberto ou semiaberto, a fração de diminuição de pena terá como
balizadora a pertinência da colaboração, por exemplo, se foi possível identificar todos os agentes
concorrentes do crime, incidirá na diminuição de dois terços da pena, se apenas alguns agentes
concorrentes foram identificados dentre vários diminui a pena em um terço, depois há escolha do
regime.
Tratando-se de premiação por parte do Estado, deverá ser observado o art.33, §2.º do CP.
Ressalta-se, que neste contexto, a título de ser concedido o perdão judicial, o juiz não poderá
homologar sanção fora dos padrões legais, não sendo cabível, por exemplo, uma diminuição de
pena que exceda dois terços.
No tocante à combinação de leis elucida Nucci:
“Em várias oportunidades, tanto o STF quanto o STJ têm demonstrado a inviabilidade da
combinação de leis, para que o juiz não se transforme em legislador, criando uma legislação
inexistente. Portanto, há de se acolher a premiação desta Lei na integralidade ou de outra
qualquer. Exemplo: se a lavagem de dinheiro se der no cenário de organização criminosa, é
fundamental optar pela delação predominante, vale dizer, a existente nesta Lei ou a
constante da Lei 12.850/2013. Mesclar leis ou inventar prêmios, em nosso entendimento, é
ilegal”. (2017, p.601).
Parágrafo único.
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor,
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume
de recursos em espécie;
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer
natureza, em operações:
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural
ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de
sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.”
Mesmo a Lei não mencionando, expressamente, a categoria dos advogados, suscitou-se que
a redação os abarcava, no momento que estabelece a figura das pessoas físicas que prestam,
eventualmente ou não, serviços de assessoria, aconselhamento e consultoria. É sabido que a relação
entre advogado e cliente é permeada pelo sigilo profissional, abrigado, inclusive, na CR/88,
associados no art. 5.º caput, art.5.º, XIII e art.133, centralizando a discussão: o dispositivo do art.9.º
da Lei 12.683/12 é inconstitucional?
A lei de lavagem de capitais é detentora de inúmeros instrumentos para punir aqueles que
acumulam montantes de dinheiro que tem como origem condutas ilícitas, muito lesivas ao meio
social, como a corrupção, tráfico de entorpecentes, sonegação fiscal, muitas vezes estão por trás
das atividades ilícitas organizações criminosas chefiadas por pessoas que possuem grande prestígio
social ou ocupam cargos públicos, tornado a organização criminosa cada vez mais complexa e
difícil de ser compreendida, portanto, um dos desafios a serem enfrentados pelas legislações é
conseguir punir os grandes criminosos, que movimentam o contexto de crimes no Brasil.
Reside neste item um dos instrumentos mais eficientes da Lei. Haverá a apreensão do objeto
do crime ou o sequestro quando os bens adquiridos forem frutos do crime, como previsto no art.
125 do CPP, respeitando as demais balizadoras presente em tal artigo, tendo a finalidade de
assegurar a reparação do dano causado, pagamento das despesas processuais, reparação da infração
penal antecedente ao crime em tela, pagamento de multa (pena pecuniária) ou prestação pecuniária
(pena restritiva de direitos), tornando indisponíveis os bens do acusado ou suspeito, podendo ser
instaurado de ofício pelo juiz, a requerimento do MP ou mediante representação do delegado,
havendo cabimento no momento da investigação ou durante o processo, exige-se prova suficiente
quanto a materialidade do crime.
Uma inovação trazida pela novel legislação foi a hipótese de apreensão ou sequestro de
bens que estejam em nome de “laranjas” ou “testas-de-ferro”, cabendo embargos se constar a boa-fé
do terceiro. Tida como outra inovação, presente no arts. 4.º - A, §12 e 4.º - caput, poderão os bens
apreendidos ou sequestrados, enquanto não alienados ou objeto de alienação antecipada, guardam
disponibilidade para o uso do MP ou polícia.
Durante o processo ou investigação só poderá ser realizada a restituição do bens se o
acusado ou o terceiro que diz ser proprietário comparecer pessoalmente ao órgão competente
munido de provas que comprovem a origem lícita do bem e seu direito de propriedade. Se não for
comprovada a origem lícita dos bens, advindo sentença condenatória, será imposto o perdimento
dos bens em favor da União. Sendo instrumento processual adequado para questionar o sequestro e
alienação de bens o mandado de segurança.
A ação controlada foi incluída pela Lei 12.683/12 no contexto do crime de lavagem de
dinheiro, abrangendo o art. 4.º- B. Tendo pertinência legal na Lei de Tóxicos e Lei de Crimes
Organizados.
Para se instaurar a ação controlada nos crimes de lavagem de dinheiro é necessária a prévia
autorização judicial, entretanto, se houver a configuração de organização criminosa que pratique o
crime de lavagem de dinheiro, a autoridade policial estará investigando uma organização criminosa,
neste sentido caberá o disposto na Lei de crime organizado n.º 12.850/2013 “art. 8º § 1º O
retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público”.
Inseriu-se a previsão de tomar os bens dos terceiros considerados laranjas. Como o previsto
no art. 7.º:
Buscou-se com a Lei 9.613/98 combater o crime de lavagem de dinheiro, muito difícil de ser
identificado, levando em consideração, que as ações criminosas permeiam-se nas transações
econômicas lícitas, se passando por uma delas, além disso estão por trás grandes organizações
criminosas chefiadas por cidadão influentes, aumentando mais ainda a apuração do crime.
Neste sentido, foi editada outra lei que busca mais eficaz na persecução penal ao identificar
e punir os crimes de lavagem de dinheiro, a Lei nº 12.683/2012 que inovou trazendo o importante
dispositivo da ação colaboração premiada, aumentando as chances de identificar os demais
criminosos, onde está o dinheiro lavado e como era o procedimento da empreitada criminosa. Deste
modo, conclui-se que para enfrentar o crime de lavagem de dinheiro deve ser feito uma perspicaz da
interpretação da lei, em busca de desmantelar crime do colarinho branco.
LEI DE CRIMES DE DROGAS N.º 11.343 de 2006
INTRODUÇÃO:
Sancionada no dia 23 de agosto de 2006 a Lei Antidrogas, foi produto de longas discussões
no congresso nacional, teve como relator do projeto Paulo Pimenta, na época deputado federal,
sendo medida integrante do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre as Drogas.
O legislador tratou o tema com uma nova perspectiva, antes as legislações de combate às
tinham uma visão criminalista, devido à complexidade da problemática social que acompanha o
tema do consumo e tráfico de drogas, viu-se a necessidade da tomada de uma nova perspectiva,
neste sentido a Lei buscou pautar-se no prisma sociológico para encarar um problema persistente na
sociedade brasileira.
1. PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES DECORRENTES DA LEI 11.343/2006:
Com vista à complexidade dos problemas trazidos pelo consumo de drogas, ultrapassando
os limites do mundo jurídico, incidindo de forma direta e muito nociva na sociedade, o legislador
viu a necessidade de criação de programa de combate às drogas, com um olhar mais crítico, foi
englobado a nova lei políticas públicas, medidas no âmbito de assistência social, modificações dos
critérios criminológicos, em nome do novo posicionamento instaurado.
Desta forma, uma das mudanças apresentadas foi a modificação do tratamento legal do
usuário de drogas. Na antiga legislação, na Lei 6.368/76 o usuário de drogas era apenado, o que
desapareceu com o advento da novel legislação, dando lugar à novos posicionamentos que visam
advertir o usuário dos males trazidos pelo consumo de drogas. Vejamos o dispositivo do art. 28:
“Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
Outra modificação, foi o entendimento do venha a ser a figura do traficante e a variação das
penas atribuídas. O art. 12 da antiga legislação (Lei 6.368/76) deu lugar ao art. 33 da nova Lei. De
modo preciso a pena em abstrato do crime foi aumentada de três (antiga Lei) para o mínimo de
cinco anos (nova Lei) atingindo o máximo de quinze anos. Seguida pela modificação do aumento
da pena de multa, alterando mínimo de cinquenta para quinhentos dias-multa, sendo o máximo de
trezentos e sessenta aumentado para um mil e quinhentos dias-multa. Verificou-se, também, a
introdução de novos tipos penais equiparados no §1º e seus incisos. Os novos tipo penais foram
dispostos nos arts. 36, 37 e 39 da Lei 11.343/2006.
A Lei 11.343/2006 adotou uma visão diferente das legislações anteriores (Lei nº 6.368/76 e
Lei nº 10.409/02), antes uma visão predominantemente penalista abarcava a temática, devido a
complexidade social presente no consumo e venda de drogas o legislador percebeu que a visão
penalista não mais comportava, mudando para uma visão sociológica, com base nisso trouxe vários
dispositivos legais que inovam em nome da persecução penal e ao mesmo tempo mostram a
preocupação com problemática social. Sendo uma das mudanças mais significativas o tratamento
dado ao usuário de drogas, sendo visto como um problema de saúde pública e não mais podendo ser
preso pelo consumo de drogas, na antiga lei era previsto a internação compulsória dos dependentes.
Nota-se que desde o projeto intitulado como Política Nacional de Drogas havia a preocupação de
separar e tratar de forma diferente o traficante e o usuário de drogas. A Lei de drogas é tida por
muitos como proibicionista, por criminalizar ainda o porte e o plantio para consumo próprio.
Os mais críticos dizem que o texto da lei não é tão claro, que cabe ao juiz, subjetivamente,
basear-se na natureza e quantidade de droga que é apreendida, variando muito de acordo com cada
decisão. Outra crítica a ser feita, é a escolha legislativa sobre quais substâncias foram
criminalizadas, que não foram consideradas práticas culturais e hábitos da população, se as
proibições de certas substâncias foram alicerçadas em nome da saúde pública outras substâncias que
também são nocivas deveriam ter sido proibidas como é o caso das bebidas alcoólicas.
O legislador constituinte ao compor o art. 5.º XLIII, ressalvou um tratamento mais rígidos à
certas condutas delitivas, proibindo a liberdade provisória mediante pagamento de fiança, aplicação
de graça e anistia, elencando alguns tipos penais: tortura, terrorismo, tráfico ilícito de entorpecentes.
Não sendo possível adicionar mais tipos penais ao texto constitucional o legislador tratou desses
outros com a expressão “e os definidos como crimes hediondos”, deixando ao entendimento do
legislador ordinário (Lei de crimes Hediondos 8.072/90) a composição dos tipos penais tão graves e
impactantes que podem ser equiparados aos hediondos.
O STF, durante o julgamento do HC 118533, entendeu que o crime de tráfico privilegiado
de entorpecentes não tem natureza hedionda, no momento em que se enquadra o tráfico privilegiado
de entorpecentes aos crimes hediondos, tendo o tratamento normativo imposto pela Lei 8.072/90,
ocorreria constrangimento ilegal, pois as infrações deste tipo trazem proporções menos gravosas.
Seguindo o posicionamento do STF o STJ cancelou a súmula 512 por contrariar o novo
entendimento.
O art. 2.º,§1.º traz a seguinte redação: “a pena prevista neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado”, porém, no HC 111.840/ES declarou a inconstitucionalidade do
parágrafo, dizendo haver afronta ao princípio constitucional da individualização da pena art. 5.º,
XLVI da CR/88, dessa forma, empreende-se que as penas impostas aos traficantes poderão ser
iniciadas em qualquer regime inicial, sendo justificado pelo juiz que considerará o art.59 do CP.
Nesta lógica, a jurisprudência do STF e STJ tem colocado que diante da quantidade de pena
fixada para as infrações da Lei de Drogas cometidas é cabível o regime aberto como o regime de
início, conforme o art.33 do CP, entretanto, o juiz não fica obrigado a sentenciar o regime mais
benéfico, devendo-se embasar nas circunstâncias judiciais (art.42 da Lei de Drogas e art.59 do CP).
CONCLUSÃO:
INTRODUÇÃO:
1 Lei de Abuso de Autoridade n.º 4.898/65 Art. 5º Considera-se “autoridade”, para os efeitos desta lei, quem
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais
ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não
autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de
qualquer pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja
comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie
quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a
título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado
com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando
de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.”
2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL:
Tem fundamento constitucional o art. 5.º, XV, CR/88, que diz: “ é livre a locomoção no
território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar
permanecer ou dele sair com seus bens”. Neste sentido é necessário que a autoridade limite, sem
suporte legal, com intenção de abusar do poder investido na suas funções públicas. Para haja o
delito não é necessário que se consume a privação de liberdade, bastando a turbação do direito de
permanência em local público ou locomoção.
Garantia fundamental do art.5.º, XI, CR/88 “ a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia por determinação judicial”. Além de ser crime
tipificado no art.150 do CP, é fundamental o respeito a casa como o asilo de cada cidadão, razão
pela qual deve ser respeitada pela autoridades, salvo as próprias exceções apresentadas pelo texto
constitucional.
Fundamento constitucional art. 5.º, VIII, CR/88, “ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. A
consciência consiste na forma que cada um situa sua visão do mundo, sendo essa liberdade
absoluta, pois o Estado não deve interferir na subjetividade do sujeito, salvo a manifestação
expressa de pensamento arbitrário, incitadores de ações criminosas, como o caso das práticas
racistas, segregacionistas e separatistas. Dada as exceções qualquer ação de autoridade que vise
coibir a liberdade de crença e consciência é ilegal.
Fundamento constitucional art.5.º, XVII, CR/88 “é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar”. Há hipótese de criação de associação que comporte fins
lícitos, ninguém é obrigado a pertencer a uma associação nem é obrigado a manter-se sócio.
Ocorrendo a violação desse direito, por parte de agente público, estará configurado o abuso de
autoridade.
Entende-se por incolumidade física a integridade física do cidadão, tem-se que nenhuma
pessoa deva ser submetida a tratamento que coloque em voga sua integridade física. Atenta-se ao
fato que se a agressão for violenta ao ponto de configurar lesão corporal grave ou gravíssima aplica-
se o art.129 do CP, em concurso formal com o crime previsto nesta Lei.
3.1.10 Atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional art.
3.º, j, Lei 4.898/65:
Fundamento constitucional art. 5.º CR/88: “III - ninguém será submetido à tortura
nem a tratamento desumano ou degradante”; “XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral”. O tipo penal almeja evitar que o custodiado seja exposto à
situações vergonhosas ou sofra alguma coação, de forma ilegal. Há que se ressaltar que
situações vexatórias e vergonhosas, infelizmente, estão inerentes à condição do encarcerado,
mas, centraliza-se, a figura no aumento ou criação de novas situações que não tem amparo
legal. Exemplo disso é a inserção do preso no Regime Disciplinar Diferenciado (art. 54,
caput, Lei 7.210/84) sem a prévia ordem judicial, o diretor ou agente de estabelecimento
prisional que assim se portar estará cometendo crime de abuso de autoridade.
3.1.15 Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança,
permitida em lei. Art. 4.º, e, Lei 4.898/65:
No Brasil não há cobrança de taxas para manter alguém detido, se alguém o fizer
estará cometendo o crime de concussão art. 316, CP ou corrupção passiva art. 317 CP.
3.1.17 Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de
importância recebida pelo título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer
outra despesa. Art. 4.º, g, Lei 4.898/65:
Os pertences do preso são deixados sob tutela do Estado, enquanto ele estiver detido,
será dado o recibo desses pertences que são registrados no livro próprio, se houver
necessidade será depositado em bancos, devendo assim se portar as autoridades.
O art. 6.º da Lei 4.898/65 estabelece as sanções a serem aplicadas nos casos em que
haja o crime de abuso de autoridade:
“Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e
consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda
de vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento
de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código
Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por
prazo até três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de
qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de
um a cinco anos”.
Como pode ser observado, a sanção poderá ocorrer na esfera administrativa, civil ou penal,
podendo ser aplicadas de forma autônoma ou cumulativa, mas cada uma delas deverá ser analisada
pelo órgão competente, se por exemplo, policial cometer abuso na esfera administrativa cabe a
averiguação pela Corregedoria da Polícia Civil ou Militar; a sanção civil dependerá do ajuizamento
de ação correspondente na vara civil; a sanção penal será buscada pelo MP em denúncia na vara
criminal. Portanto, o agente poderá sofrer as três sanções cumulativamente mas cada uma será
aplicada pela esfera competente.
Será considerada legal e correta se ocorrer em flagrante delito. Qualquer um do povo pode
dar voz de prisão a quem estiver cometendo uma infração penal conforme o art. 302 do CPP:
Portanto, não se fala em abuso de autoridade para os guardas municipais, que não detém poder de
Polícia Militar, se deram voz de prisão à alguém que esteja cometendo infração. Segue o
entendimento jurisprudencial do STJ:
6. USO DE ALGEMAS:
Pode configurar o crime de abuso de autoridade, a regra é que todas as prisões devem ser
realizadas sem emprego de força ou violência, salvo quando for necessário, como tentativa de fuga
ou resistência. O uso indiscriminado de algemas caracteriza aplicação de pena privativa de
liberdade de forma irregular. Atente-se que a matéria é de entendimento sumular do STF, que diz:
Como toda e qualquer prisão só poderá ser executada mediante a observação das
formalidades legais, no caso de flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada do magistrado
competente.
Contudo, parte da doutrina e jurisprudência afirma ser legal deter o sujeito até que se
recupere da intoxicação, tendo em vista sua própria segurança e a de terceiros, se a embriaguez é
tamanha, que gera escândalos ou perigo, deve ser considerado o art. 62 da Lei de Contravenções
Penais n.º 3.688/41:
Sendo assim, recebida a representação, que deve conter os fatos e o pedido de providências,
à autoridade superior competente, impõe procedimento para a apuração dos fatos. O termo técnico a
ser utilizado nesses casos não é “inquérito” mas sim “sindicância” ou “investigação preliminar”. Se
for comprovado motivos legítimos será aplicada a sanção administrativa. Caso seja ignorado a
representação da vítima, sem justo motivo aparente, poderá configurar o crime de condescendência
criminosa, art. 320, CP ou prevaricação art. 319, CP.
Em caso de inexistência de lei específica a ser aplicada será observada os arts. 143 a 182 da
Lei 8.112/90 Estatuto dos Funcionários Públicos da União. Deve ser assegurados o direito à ampla
defesa e contraditório, e aplicação de sanção cabível se comprovada a culpa da autoridade. Por
exemplo se o servidor sofre na esfera administrativa sanção que resultou em sua demissão e for
absolvido na esfera penal com base em inexistência do fato (art.368, I, CPP) deverá voltar a exercer
o cargo, no entanto se for absolvido na vara criminal por insuficiência de provas (art. 386, VII,
CPP), não poderá retornar ao cargo, pode ainda, ser a conduta somente reprovável na esfera
administrativa, resultando na permanência da sanção administrativa.
Na esfera civil deverá ocorrer o ajuizamento de ação por meio do advogado, com vista no
Código Civil e Código de Processo Civil, sendo a pessoa considerada hipossuficiente deverá
recorrer ao advogado do Estado.
No caso de responsabilidade civil do Estado haverá a responsabilização de forma objetiva,
quando não há análise de culpa, pelos erros de seu servidor, sendo melhor direcionar as pretensões
da vítima ao Estado, mas sendo possível alocar no polo passivo da demanda concomitantemente o
servidor e o Estado, ou somente um deles. Mais tarde, poderá o Estado ajuizar ação contra o
servidor pedindo o reembolso (direito de regresso) do que foi indenizado à vítima.
9. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA:
Sem a culpabilidade não terá aplicação de pena. A exclusão da culpabilidade está atrelada a
noção de reprovabilidade, sem nenhuma justificativa comporta-se de forma criminosa. A
culpabilidade será afastada em três hipóteses: inexigibilidade de conduta diversa, ausência da
potencial consciência da ilicitude do fato e a imputabilidade penal.
A imputabilidade penal, atinge quem não tem capacidade mental de discernimento,
menoridade penal e quem está em estado de embriaguez completa e fortuita.
A inexigibilidade de conduta diversa consiste no fato de que a pessoa esteja sob coação
moral irresistível, quando não é possível exigir que a pessoa proceda de forma diferente daquela que
procedeu.
A ausência da potencial consciência da ilicitude do fato será configurada quando o agente
não tem aptidão para saber que trata-se de fato ilícito excluindo a culpabilidade, caso do erro de
proibição inevitável.
Uma das críticas enfrentadas pela Lei de Abuso de Autoridade é acerca da sua pouca
utilidade, muitos cidadãos não têm conhecimento dos direitos e garantias fundamentais,
consequentemente não tendo ciência do direito de poder representar contra os Poderes Públicos, não
sabendo sequer que a atitude da autoridade tem limites e pode estar infringindo regras impostas no
ordenamento jurídico brasileiro. Portanto, muitas autoridades que atuam de forma a desviar ou
abusar de seu poder não são sancionados, como efeito da falta de conhecimento do cidadão comum.