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CRIMES AMBIENTAIS

O trabalho em questão aborda um resumo do artigo aprovado em 2016, produzido


por Cristina Rezende Eliezer e Mattheus Philipe Reis, acadêmicos do curso de
direito das universidades de UCAM- Rio de Janeiro e UNIFENAS – Minas Gerais. A
obra faz uma análise crítica acerca dos crimes ambientais (Lei 9.605/98) embasada
nos princípios fundamentais, com ênfase a taxatividade. Para o estudo, pesquisas
doutrinarias e analise da legislação ambiental e jurisprudência acerca da temática
foram desenvolvidas

O art. 225 da Constituição da República de 1988 apresenta leis as quais identifica


condutas tipificadas como crime, bem como as sanções penais e administrativas a
elas cominadas, alencando também a responsabilidade criminal da pessoa jurídica,
uma vez que as atividades fossem lesivas ao meio ambiente. A principal
problemática de análise se baseia em discutir sobre os questionamentos que
envolvem o princípio da taxatividade em confronto com os concentos
“indeterminados, amplos, impreciso, vagos e ambíguos”. O artigo divide-se em dois
blocos dispondo o primeiro da Lei nº 9.6,5/98 refletindo sobre os crimes ambientais
nos tramites penal e administrativo e a segunda parte se debruça em estudar o
principio da taxatividade no direito penal e as lacunas que o cercam e no final os
autores expõem suas considerações sobre o estudo.

O princípio da taxatividade garante as relações entre Estado e os indivíduos na


qualidade de cidadãos que ao adquirir cidadania aquire direitos e deveres. O
legislador por sua vez adquire o dever de apresentar aos cidadãos de forma precisa
e taxativa no ato de elaborar as leis e suas tipicidades penais, garantindo que o
cidadão irá entender quais comportamento é tido como licito e ilícito e quais suas
penalidades, essas garantias oferece a possibilidade que o praticante tem de se
defender.

Após esta análise observou-se que a Lei de Crimes ambientais possui alguns tipos
em aberto e normas em branco, o que prejudica a precisão e clareza sobre a
interpretação da discriminação da conduta passível de punição, visto que no tipo
penal aberto os casos concretos dependem diretamente do complemento valorativo
do julgador, competência esta do magistrado no cumprimento de sua função legal,
cabendo ao juiz complementar a figura típica. Já as normas penais em branco
apresentam incompletude e indeterminação cabendo a leis e atos administrativos
fazer a interpretação critica do que configura delito.

Dos crimes ambientais em espécie

Segundo COPOLA (2012) crime ambiental conceitua-se como qualquer fato típico e
antijurídico lesivo ao meio ambiente, isto significa que tal conduta esta prevista na lei
penal ambiental ou em outra norma esparsa. Importante salientar que nem toda
atividade danosa ao meio ambiente será enquadrado como crime ambiental, já que
sua qualificação está relacionada ao enquadramento da legislação ambiental
vigente.

Dos crimes contra a fauna

Os artigos 29 a 37 da lei de crimes ambientais possuem seus próprios requisitos.


Segundo a constituição federal no art. 225, § 1º, inciso VII que prevê a proteção da
fauna, proibindo qualquer forma de maus tratos aos animais e atos que levem a
extinção dos mesmos. Porém o dispositivo deixa aberto as definições da fauna
protegida, dando a entender que todas as espécies portanto estão inclusas no rol de
proteção. Destaca-se ainda que no âmbito infraconstitucional possuem órgãos de
proteção a fauna como o IBAMA, portaria nº 1.522/1989, o qual traz uma lista de
animais ameaçados de extinção, assim também o decreto-lei do Código de pesca nº
221/1967.

Constitui crime ambiental pela égide da lei 9.605/98, “matar, perseguir, caçar,
apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente” (Art. 29). Ainda
no inciso VII da Constituição federal o poder público também é responsável por
proteger a flora, garantindo que atividades comerciais ou de exploração não
comprometam a funcionalidade ecológica envolvendo clima, habitat da fauna e flora
e sua função econômica, mantendo todo o ecossistema em equilíbrio propiciando
boas condições de desenvolvimento sustentável para as gerações atuais e futuras.

Acessoriedade administrativa

O artigo cita A “Acessoriedade administrativa” na visão de GRECO (2006), o qual


entende que o direito administrativo depende do direito penal em diversas formas,
sobretudo, conceitual, visto que o direito penal utiliza termos do direito
administrativo, essa conexão é possível observando o histórico de degradação
ambiental e como as normas administrativas respondiam de forma eficaz aos apelos
da sociedade para a resolução das questões ambientais que com o desenvolvimento
econômico se tornou mais enfático gerando muita poluição ambiental nos processos
de exportação.

A medida que os fenômenos ecológicos bem como a valorização dos princípios


ambientais são concebidos como proteção da qualidade de vida humana, as normas
administrativas ganharam espaço de forma esparsas, com informações difusas, o
que dificulta a identificação dos crimes e consequentemente a aplicação de suas
penas. Dessas forma as penas administrativas são ineficazes pelo fato de não
possuir uma lei uniforme, já que as sanções administrativas no âmbito civil não são
suficientes para atuar de forma efetiva contra as praticas mais agressivas dos
infratores aos crimes ambientais.

O direito penal se mostra mais eficiente quando seu instrumento é aplicado na


prevenção, repressão e punição da conduta criminal atingindo a dignidade subjetiva
e objetiva do sujeito natural impactando a sua liberdade de agir conforme sua
própria vontade, para agir conforme a lei.

As sanções são a melhor forma de prevenção contra a atuação dos crimes


praticados ao bem tutelado do Estado, no entanto, a lei de crimes ambientais
apenas aplica o tipo penal de acordo com a delimitação da tipificação penal, haja
vista seu caráter subsidiário, tornando a norma penal indeterminada abrindo margem
para interpretações imprecisas, ao passo que o direito administrativo abarca um
caráter amplo em seu objeto doutrinário.

Principio da taxatividade e a lei de crimes ambientais

O legislador ordinário se resguarda do principio da taxatividade para que o Estado


cumpra com as garantias dos direitos fundamentais dos indivíduos, constituindo uma
jurisprudência normativa capaz de determinar os tipos de crimes de modo
pedagógico e acessível a todos os indivíduos. Dessa forma os tipos penais não
podem apresentar ambiguidade no que diz respeito a aplicação processual de suas
normas em caráter substancvial e informativa, seguindo a postura de comunicação
entre Estado e cidadãos, descrevendo perfeitamente o fato típico, evitando
interpretações dúbias e clara ciência da conduta a qual pretende coibir.

Norma penal embranco

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