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Direito Ambiental

A responsabilidade ambiental

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Frederico Guilherme dos Santos Coutinho Favacho

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
A responsabilidade ambiental

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Orientações para leitura Obrigatória

Fonte: iStock/Getty Images


··Apresentar ao aluno os limites da responsabilidade por danos ambientais, na esfera
civil, administrativa e penal.

Caro(a) aluno(a),
Nesta Unidade abordaremos o tema mais sensível do Direito Ambiental, a responsabilidade
civil e criminal do agente causador de dano ambiental. Para isso, conceituar-se-á o que é dano
ambiental, o que é responsabilidade civil e penal e como esta responsabilidade aplica-se a
pessoas físicas e jurídicas.
Lembre-se de acessar o link Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as atividades
propostas para esta Unidade.
Bom estudo!

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Unidade: A responsabilidade ambiental

Introdução ao tema

Diferentemente de outras legislações, a brasileira não conceituou expressamente dano ao


meio ambiente. Para esta definição, socorremo-nos do que diz a doutrina e de conceitos
inseridos no ordenamento que, ainda que parcialmente, inserem-se naquilo que entendemos
como dano ambiental.
A Lei n.º 6.938/81 – Lei da política nacional do meio ambiente –, por exemplo, traz em
seu Artigo 3º as definições de degradação da qualidade ambiental e de poluição, sendo:
· Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;
· Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
- Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
- Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
- Afetem desfavoravelmente a biota;
- Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
- Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Para Édis Milaré (2004), dano ambiental é “[...] a lesão aos recursos ambientais, com a
consequente degradação-alteração adversa ou – in pejus – do equilíbrio ecológico e da
qualidade ambiental”.

Os danos ambientais têm características muito próprias:


· Contrapõe-se o dano ambiental ao dano comum pelo fato de que, enquanto este atinge
uma pessoa ou um conjunto individualizado de vítimas, aquele atinge, necessariamente,
uma coletividade difusa de vítimas, mesmo quando alguns aspectos particulares da sua
danosidade atingem individualmente certos sujeitos;
· Na grande maioria dos casos de dano ambiental, a reparação ao statu quo ante é quase
impossível e a mera reparação pecuniária é sempre insuficiente e incapaz de recompor
o dano;
· Nem sempre é possível calcular o dano ambiental, justamente em virtude de sua
irreparabilidade.

Conforme estabelece o Artigo 4º, VII, da Lei n.º 6.938/81, a política nacional do meio
ambiente tem, entre outros objetivos, impor ao poluidor e predador a obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados.

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Até o advento da Lei n.º 6.938/81, a caracterização e responsabilização do dano
ecológico era realizada por intermédio da aplicação do instituto da responsabilidade civil
subjetiva, porém, com o passar do tempo o legislador percebeu que este instituto não era
suficiente para resguardar e proteger o meio ambiente de forma adequada, haja vista o
amplo espectro de indivíduos que eram atingidos pelas atividades dos poluidores, bem
como a difícil tarefa que encontravam as vítimas para conseguir comprovar a culpa dos
responsáveis pelo evento danoso.
Assim, o legislador incorporou no ordenamento jurídico brasileiro o instituto da
responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental, com fundamento na teoria do risco
integral, a qual determina que basta o exercício de qualquer atividade ensejadora de risco
para caracterizar a obrigação de reparar o dano ambiental. Não importa para o Direito
Ambiental que o dano tenha origem em uma atividade lícita, ainda que esta tenha se
constituído sob a égide da regulamentação estatal, pois não seria justo para com a sociedade
que a regulamentação da exploração da atividade fosse entendida como uma licença para
poluir e degradar livremente.
Para fins de responsabilidade civil ambiental, não há distinção entre pessoas conquanto à
sua qualidade de poluidor, bastando que este explore qualquer atividade ensejadora de danos
ao meio ambiente para nascer a responsabilidade civil ambiental. Desta forma, são igualmente
responsáveis pelos danos ecológicos que derem causa as pessoas físicas e as pessoas jurídicas
de direito público ou privado.
Quanto à responsabilidade criminal, a Lei dos crimes A Lei n.º 6.938/81, em seu
ambientais – n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 –, veio Artigo 3º, IV, estabelece
que é “[...] poluidor, a
dispor sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
pessoa física ou jurídica, de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Tal Lei separou direito público ou privado,
os crimes segundo os objetos de tutela, assim: crimes contra a responsável, direta ou
fauna (Art. 29-37), crimes contra a flora (Art. 38-53), poluição indiretamente, por
e outros crimes (Art. 54-61) e crimes contra a administração atividade causadora de
degradação ambiental”.
ambiental (Art. 66-69).
As penas previstas pela Lei de crimes ambientais são aplicadas conforme a gravidade
da infração: quanto mais reprovável a conduta, mais severa a punição. Pode ser privativa
de liberdade, onde o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em regime penitenciário;
restritiva de direitos quando for aplicada ao sujeito – em substituição à prisão – penalidades
como a prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão de
atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar; ou multa.
Contrário ao que ocorria no passado, a Lei define a responsabilidade das pessoas jurídicas,
permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente pelos danos que seus
empreendimentos possam causar à natureza. Ainda assim, esta responsabilidade criminal das
pessoas jurídicas continua polêmica e dividindo opiniões, inclusive na doutrina.
Ao final do percurso por esta Disciplina, você também terá condições de dar sua opinião balizada.

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Unidade: A responsabilidade ambiental

Orientações para leitura Obrigatória

A questão mais sensível do Direito Ambiental moderno é a responsabilidade penal da


pessoa jurídica.
Uma das críticas que se faz à adoção deste instituto pela Lei de crimes ambientais é o fato
de que a sanção do crime ambiental e a sanção da infração administrativa no tocante à pessoa
jurídica guardam quase uma igualdade, muitas vezes parecendo traduzir verdadeiro bis in idem,
ou seja, dupla condenação pelo mesmo fato.
Para entender melhor esta polêmica, recomenda-se a leitura do terceiro item, intitulado
Responsabilidade penal da pessoa jurídica, capítulo 9, título VIII, do livro do professor Paulo
Affonso Leme Machado, obra que você já consultou na Unidade II desta Disciplina.

O autor demonstra como os legisladores da Constituição de 1988


captaram a vontade popular no sentido de que não basta responsabilizar
a pessoa física do dirigente da empresa, em sua relação com o meio
ambiente, com a economia popular, com a ordem econômica e financeira.
No mesmo trabalho, Machado discute os vários tipos de pena aplicáveis
à pessoa jurídica e ainda nos traz um panorama do Direito Comparado
nesta matéria.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Para acessar esta obra, clique no link a seguir: http://bit.ly/2k5ZN1F.
Direito Ambiental brasileiro.
São Paulo: Malheiros, [20--?].

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Material Complementar

Como leitura complementar desta unidade, observe:

Sites:

Site da Imazon, disponível em: http://imazon.com.br.

Leituras:
Legislação
Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei dos crimes ambientais –,
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm.
Cartilha intitulada Lei dos crimes ambientais, de Gilberto de Jesus Campos
Filho, com ilustrações de Rodrigo So, publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Brasília, DF (2004).
Disponível em: http://www.ibama.gov.br/phocadownload/cnia/2-lei-crimes-ambientais.pdf.
Artigo do Greenpeace intitulado Crimes ambientais corporativos no Brasil.
Disponível em: http://greenpeace.org.br/toxicos/pdf/corporate_crimes_port.pdf.

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Unidade: A responsabilidade ambiental

Referências

LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros, [20--?].

MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

SILVA, Danny Monteiro da. O dano ambiental e sua reparação. Bauru, SP: Instituição
Toledo, 2004. (Material didático).

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. v. 4. 7. ed. São Paulo:


Atlas, 2007.

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Anotações

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