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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Curso de Direito

A RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL DAS EMPRESAS EM DANOS


AMBIENTAIS

CAROLINE AZEVEDO DE ASSIS LUZ

Rio de Janeiro

2018.2

1
CAROLINE AZEVEDO DE ASSIS LUZ

A RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL DAS EMPRESAS EM DANOS


AMBIENTAIS

Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade


Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial
para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso.

Orientadora: Professora Viviani de Oliveira Rodrigues

Rio de Janeiro

Campus West Shoppimg

2018.2

2
RESUMO

Com o tema A Responsabilidade Civil Ambiental das Empresas em Danos Ambientais, este
trabalho visa dar ênfase à aplicação da responsabilização objetiva sobre as empresas que
decorrente da sua atividade causam um dano quase irreparáveis para o meio ambiente. Com o
crescimento da preocupação sobre o meio ambiental , priorizar a fiscalização dos órgãos com
essa finalidade chamando a atenção do ponto de partida de que havendo a possibilidade mínima
de dano na atividade da empresa a conscientização das mesmas sobre a preservação ambiental,
obedecendo e pautando a legislação ambiental vigente. Logo, após a caracterização da
responsabilidade civil objetiva, busca-se então meios para sua reparação seguindo as formas que
o ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Dano Ambiental. Direito Ambiental. Responsabilidade Civil. Empresas


poluidoras..

3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento de número de tragédias ambientais causadas por consequência
ou até mesmo provocação da natureza pelas atividade de empresas esse estudo vem a
realçar a importância da fiscalização, conscientização e responsabilidade incisiva sobre
essas empresas.
Dentro do direito ambiental, materialmente estabelece princípios que norteiam
quanto a prevenção e preservação do meio ambiente.
A metodologia aplicada no presente artigo pauta-se em pesquisa bibliográfica,
através de livros que tratem da matéria de responsabilidade ambiental, buscando dessa
forma Elucidar a importância da fiscalização e a aceleração do processo de reparação, com
a opinião de ilustres doutrinadores; assim como, em pesquisa de julgados, visando
corroborar a tese da responsabilidade civil das empresas em desastres ambientais.
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL

A responsabilidade civil funciona como um ponto de partida para entendermos o que é a


responsabilidade civil especificamente ambiental, segundo José de Aguiar Dias “toda
manifestação humana traz em si o problema da responsabilidade”, responsável pela
introdução da responsabilidade no Brasil defende a tese de que a responsabilidade civil
ambiental pode ser classificada na maioria das vezes como objetiva, na qual não ha
necessidade de comprovação de culpabilidade para que o dano seja reparado pelo seu
causador, reforçando uma segurança jurídica no que diz respeito a proteção do direito da
vítima, no caso do direito ambiental, seria o direito da coletividade, a empresa ao exercer
uma atividade que em algum momento pode ser extremamente nociva ao meio ambiente
assume a responsabilidade automaticamente, ou seja, objetivamente sobre o dano que pode
ser caudado pelo risco criado, diferentemente da responsabilidade civil subjetiva que
precisa dessa comprovação de culpa, haja em vista que o § 1º do artigo 14 da constituição
disserta que “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.

Segundo Costa citado na obra de ESTGLEIDER:


“Está subjacente á ideia de reparação patrimonial de um dano privado, pois o
dever jurídico infringido foi estabelecido diretamente no interesse da pessoa
lesada, o que verdadeiramente importa na sansão civil é a restituição do
interesse lesado. Daí que sejam privodas e disponíveis” (COSTA 1994, p.
434)1

Podemos dizer que para ter a responsabilidade civil precisa-se necessariamente ter um dano,
pois se não ha dano não tem direito a ser reparado, no caso em questão falamos em dano
ambiental no qual consiste na lesão ao direito fundamental de gozar de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.

1 ESTEGLEIDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental: As Dimenções do Dano


Ambiental:p.178. 2004. Porto Alegre: Livraria dos Advogados Editora, 2004. Aput. COSTA, Mário Júlio de
Almeira. Direito das Obrigações. Coimbra:Almeida, 1994 p.434-435
Nesse sentido Marcelo Abelha Rodrigues, para quem o dano consubstancia um dos requisitos
principais para a responsabilidade civil se efetivar, de modo que:
“não pode haver responsabilidade sem a existência de um dano, e é verdadeiro
truísmo sustentar esse princípio, porque, resultando a responsabilidade civil em
obrigação de ressarcir, logicamente não pode concretizar-se onde nada já que
reparar”2

Podemos dizer que o dano ambiental é indispensável para a responsabilidade civil ambiental
objetiva se concretizar, o dano consiste em prejuízo causado a terceiros através de um ato
particular, podendo ainda ser um dano patrimonial, onde consiste o prejuízo no patrimônio
monetário da vítima, ou dano extrapatrimonial que é o prejuízo ou afetação ao direito da
personalidade da vítima, já o dano ambiental é um prejuízo para todos os que dele precisam
para sua subexistência, afetando assim o equilíbrio do meio ambiente.

Além do dano ambiental, também podemos dizer que para que haja a reparação do dano,
precisa de outro pressuposto indispensável para a responsabilização civil da empresa é o nexo
entre o ato do agente e o dano ambiental, ou seja, a ligação entre a atividade que a empresa
exerça e a degradação ou desastre repentino que houver, para BETIOL:
“O sucesso de qualquer demanda tem como um dos seus pressupostos a
demonstração de que a conduta do demandado tenha sido a causa ou pelo
menos uma das causas, para a produção do resultado danoso, sob pena de
atribuir a uma pessoa o dano causado pela outra ou por coisa de
outra.”(BOTIOL,2010,p. 173)3

Para salientar a importância do nexo causal, onde podemos observar que sem ele não temos
como falar em responsabilizar a empresa, a obrigação seria extinta com isso Botiol cita em
seu livro GALCEZ NETO que disserta sobre o nexo causal da seguinte forma:
A existencial de um vínculo causal entre o fato (ação ou omissão) , e o dano é,
assim, , condição sine qua non para se admitir a responsabilidade civil. E toda

2 PEREIRA, Caio Mario da Silva . Instituições de Direito Civil, p. 236-7. Apud. Marcelo Abelha Rodrigues.
Ob. cit., p. 299.
3 BOTIOL, Luciana Stocco. Responsabilidade Civil e Proteção ao Meio Ambiente. São Paulo: Editora
Saraiva,2010.
vez que um fato extranho interrompe o nexo causal, desaparece a obrigação
de indenizar(GARCEZ NETO,2000, P – 199-200)4

Assim podemos dizer que na falta de um dos pressupostos da responsabilidade civil, que é o
ato do agente, o dano e o nexo causal entre eles, cada um deles tem sua função para se criar a
responsabilidade, o ato da empresa pode ser por ação no que tange a sua atividade com
contato intenso e direito ao meio ambiente, seja solo, águas naturais ou ar atmosférico, ou
omissão ao saber que de alguma forma a atividade exercida prejudica o ambiente ao redor e
assim não o proteger, o elemento dano ambiental que consiste na degradação lenta ou até
imediata do meio ambiente e o elemento nexo causal que liga o dano a atividade praticada,
seja sendo o motivo principal ou subsidiário a causa daquele dano ambiental.

LEGISLAÇÃO RESPONSABILIZADORA DO AUTOR DO


DANO

Para a proteção do meio ambiente , na década de 80 o direito brasileiro começou a publicar


suas leis de Política Nacional do Meio Ambiente , primeiramente com a lei nº 6.938/81 veio
com um intuito de definir os que seria o meio ambiente, poluição, recursos naturais e outros
conceitos necessários para a formação da proteção do próprio, já no art. 225 da constituição
federal de 1988 vem fundamentando e garantindo a responsabilização dos poluidores à
reparar os danos causados, além do referido artigo temos também a lei dos crimes ambientais
de nº 9.605/98.¹

Também podemos citar para a solidificação desse direito os princípios que norteiam e de certa
forma regulam o direito ambienta na sua aplicabilidade.

O princípio do ambiente ecologicamente equilibrado ou princípio da equidade intergeracional


em que consiste no direito do ser humano usufruir dos recursos naturais para uma qualidade
de vida sadia porém de forma solene preservá-los para futuras gerações.

4 BOTIOL, Luciana Stocco. Responsabilidade Civil e Proteção ao Meio Ambiente. p.174 Aput Martinho
Garcez Neto Ob. cit, p -199 - 200
Luiz Carlos Kopes Brandão e Carmo Antônio de Souza , discorrem sobre este princípio a
luz da Edith Brown Weiss sendo :
“[...]Os graves problemas que assolam o planeta tornam absolutamente
necessário usar nosso meio ambiente de uma maneira compatível com sua
manutenção para as futuras gerações. Foi Edith Brown Weiss quem concebeu
a teoria da equidade intergeracional, proclamando que cada geração humana
recebe da anterior o meio ambiente natural e cultural com o direito de
usufruto e o dever de conservá-lo nas mesmas condições para a geração
seguinte. A formulação de Weiss deve ser vista sobretudo como uma teoria
deontológica, um princípio ético a guiar nossas decisões presentes para que
levem em consideração o interesse daqueles ainda por nascer.” 5

Ainda dentro do princípio da equidade intergeracional Steigleder disserta em sua obra a


divisão do referido princípio em três subprincípios de maneira simples como:

Princípio da conservação de opções, segundo o qual “cada geração deve


conservar a diversidade da base dos recursos naturais e culturais, sem
diminuir ou restringir as opções futuras de avaliação das futuras gerações na
solução de seus problemas e na satisfação de seus valores, e que deve ser
comparável com a diversidade que foi usufruída pelas gerações
antecedentes”.2) Princípio da conservação da qualidade, segundo o qual
cada geração deve manter “a qualidade do planeta para que seja transferida
nas mesmas condições em que foi recebida, bem como a qualidade do planeta
que seja comparável àquela usufruída pelas gerações passadas”; 3)
Princípio da conservação do acesso, segundo o qual “cada geração deveria
prover seus membros com direitos iguais de acesso ao legado das gerações
passadas e conservar o acesso para as gerações futuras”. STEIGLEDER
(2004, pág. 163).6

5 BRANDÃO,Luiz C. K./ SOUZA,Carmo A. de.: O Princípio Da Equidade Intergeracional, Macapá, Jan,


2012. Revista Internacional de Direito Ambiental e Políticas Públicas.
Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/planeta/article/view/348. Acesso em: 10
nov. 2018.
6 ESTEGLEIDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental: As Dimenções do Dano
Ambiental:p.163. 2004. Porto Alegre: Livraria dos Advogados Editora, 2004.
Assim podemos dizer que o princípio do ambiente ecologicamente equilibrado é
simplesmente o cuidado, tanto de pessoa física ou jurídica, que deve ser tomado para que
gerações futuras possam usufruir das mesmas matérias primas e ambiente.

O princípio da precaução e prevenção, para alguns doutrinadores precaução e preservação


se assemelham tanto que são qual a mesma coisa, porém a maioria adota que são princípios
distintos, segundo FLORILLO a nossa constituição federal de 88 adota o princípio da
prevenção na ideia de que não tem como recuperar algo que já foi perdido completamente,
valendo ressaltar a importância desse princípio citado na Conferência de Estocolmo em
1972. FLORILLO ainda ressalta em sua obra a importância dada a este princípio na
ECO92:
Princípio 15 na declaração do Rio de Janeiro sobre meio Ambiente e
Desenvolvimento

“Para proteger o meio ambiente medidas de precaução devem ser


largamente aplicadas pelos Estados segundo sua capacidade. Em caso de risco
de dano grave ou irreparáveis, a ausência de certeza científica absoluta não
deve servir de pretesto para procrastinar a adoção de medida efetivas visando
a prevenir a degradação do meio ambiente”7

Podemos dizer que o princípio da precaução vem antes do princípio da prevenção, pois a
precaução seria como se afastar para o perigo não ter a possibilidade de acontecer, já o
princípio da prevenção é quando já há o risco, ou seja, o perigo já é presente.

O princípio do poluidor pagador vem da obrigação da pessoa poluidor de arcar com as custas
para recuperação de todo dano causado por ele ou pelo meio ambiente prejudicado pela
atividade que exerça.

Podemos dizer que mesmo se tratando de pecúnia esse princípio não tem a finalidade de
gerar lucro para seus órgão fiscalizadores ou administração pública, a sua finalidade é
meramente preventiva, visando a aplicação da responsabilidade do poluidor.

7 FIORILLO. Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 3ed. São Paulo. Editora Saraiva:
2002. p.25
STEIGLEDER define a finalidade do princípio do poluidor pagador como

“a imposição para as fontes poluidoras as obrigações de incorporar em seus


processos produtivos os custos com a prevenção, controle e reparação de
impactos ambientais, impedindo a socialização destes riscos” 8

Ainda podemos citar a definição defendida por Marcelo Abelha Rodrigues na obra de
BETIOL como;
“É o que prega Marcelo Abelha Rodrigues (2005, p. 194-195) ao sustentar
que não se compra o direito de poluir mediante a internalização de custo
social. Caso esse custo seja insuportável para sociedade ainda que
internalizado , a interpretação jurídica do poluidor – pagador independe que
o produto seja produzido e que socialize o custo de produção estimulando-se
ao agente econômicos ao buscar formas menos agressivas para o exercício
das suas atividades.” (BETIOL)9

Podemos dizer que a responsabilização e obrigação do poluidor ao arcar com custas para
restaurar ou prevenir independe se ele produziu o dano ou não, basta somente ter a
responsabilidade sobre ele para que essa obrigação seja real.

DA RESTITUIÇÃO LENTA DO DANO


Por muitas vezes a restituição do meio ambiente prejudicado por atividades de empresas vem
de um processo lento e sem prazo determinado, para podermos dissertar sobre essa lentidão
precisamos entender que existe mais de um meio de penalizar o responsável pelo dano
ambiental.

A princípio, quando ocorre o dano, o primeiro e principal passo não é o ressarcimento da


vítima e sim a recuperação do local e reintegração dos bens ambientais lesados na nossa
legislação no parágrafo VII do art. 4º da Lei 6938/1981 onde expõe a obrigação do poluidor

8 ESTEGLEIDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental: As Dimenções do Dano


Ambiental:p.192. 2004. Porto Alegre: Livraria dos Advogados Editora, 2004.
9
de recuperar e/ou indenizar os danos ambientais caudados, deixa bem claro a importância de
se recuperar o ambiente degradado muito maior do que a restituição monetária, sendo um
processo de recuperação natural, pode ser mais onerosa e de poucas chances de ser eficaz,
mas em caso de dano que é caudado por atividade que se extrai produtos da natureza para
sua produção. A legislação brasileira em sua Constituição Federal de 1988 é taxativa no §2º
do artigo 225 ao obrigar aqueles que se utilizam dos recursos minerais são obrigados a
recuperar o ambiente que pela utilização esteja degradado,

Segundo Sendim, citado por Milaré (2011, P. 1126), a restauração natural seria um:

“recuperação da capacidade funcional ecológica e da capacidade de


aproveitamento humano do bem natural determinada pelo sistema jurídico, o que
pressupõe a recuperação do estado de equilibro dinâmico do sistema ecológico
afetado, isto é, da sua capacidade de autorregeneração e de autorregulação”. 10

Essa capacidade seria o conhecimento humano de saber que é primordial a restituição do que
foi retirado do meio ambiente para que se possa sempre retirar, para que se possa sempre
colher sabendo que precisa plantar novamente.

Além da reparação para alguns doutrinadores dever ir além da restituição do ambiente


degradado ao da reparação monetária do indivíduo, é garantir a fruição do bem ambiental,
assim também a atividade de uma empresa que causou ou interferiu de alguma maneira para
que aquele dano acontecesse, deverá ser estudado a possibilidade dessa atividade não mais
interferir ou denegrir algum bem ambiental, ser praticada de outra maneira ou até mesmo não
se exercendo, segundo MIRRA citado por STEIGLEDER:
“No âmbito não-individualista do prejuízo ambiental, não se trata mais de evitar
que a reparação acarrete a transferência do dano de um indivíduo para o outro ou
de um indivíduo para o Estado ou deste para aquele, mas de recompor um
patrimônio comum a todos os indivíduos da sociedade , degradado por atividade
de uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado . O
argumento tirado do fato de que a reparação integral poderia provocar, em alguns
casos a ruína de atividade econômica útil a coletividade ou inviabilizar a

10 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: A gestão ambiental em foco. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2011.
realização de obras e serviços publico ou programas de alções governamentais,
não pode ser aceito como válido.” (MIRRA 2002, p. 297)11

Uma atividade econômica, até que seja útil para a sociedade não pode ser mais importante que
o meio ambiente, essa tese deve ser usada como didática para empresas e a sociedade, onde
aprendam que a restituição do bem ambiental seja automática, sem que precise que , seja o
indivíduo que teve prejuízo com o dano causado no bem ambiental ou do Estado, ingresse de
forma judicial para que aquela pessoa jurídica tenha que restituir o dano causado.
Outro modo de punir o poluidor é a indenização, por mais que não alcance o objetivo maior
que e á reparação do meio ambiente, é uma forma de tentar punir e com isso mudar o
comportamento do poluidor e de terceiros, inibindo a atividade que cause o problema, uma
das maiores dificuldades dessa punição é quando o dano não tem valor de mercado, não é
objeto de comercia é algo muito mais profundo do que isso, como ar puro, espécies de
animais que foram extintos pelo desastre, uma paisagem, algo que não tem como recuperar e
voltar a ser da mesma forma, porem Marga Barth Tessler citada no artigo de TOZZI entende que.
“são bens essenciais à vida humana e suscetíveis de avaliação econômica” e ainda
acrescenta que “se exigimos que os governos gastem recursos para a preservação,
é curial que os bens preservados devam, em termos econômicos, representar um
valor” 12

E assim podemos falar além da reparação in natura e indenização, da reparação monetária das
pessoas que sofreram comprovadamente algum tipo de lesão por consequência do dano
ambiental , saudando-lhe prejuízos financeiros, problemas de saúde até mesmo causando um
dano que seja impossível de ser calculado, como a perda de pertences de valores sentimentais
e a própria vida.

Sendo assim, se havendo essa consciência o reparo seria muito mais célere e o bem maior, que
é o meio ambiente, seria reparado na maioria das vezes de forma mais eficaz e incisiva,

11
12 TOZZI, Rodrigo Henrique Branquinho Barboza.A reparação dos danos e o problema da valoração
do dano ambiental. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,ano 18,n. 3756,13out.2013.
Disponível em:<https://jus.com.br/artigos/25503>. Acesso em:04 nov. 2018.
podendo se utilizar aquele bem ambiental por mais vezes pelas gerações futuras, respeitando
assim o princípio de um ambiente ecologicamente equilibrado com a preservação contínua.

RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA SAMARCO S/A NA TRAGÉDIA DE


MARIANA/RJ

No dia 05 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem de Fundão e


transbordamento da barragem de Santarém, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues no
município de Mariana/MG, considerado uma dos maiores desastres ambientais da história do
Brasil, o rompimento da barragem de rejeitos de minérios provenientes da extração do
minério de ferro retirado de extensas minas na região, formando uma onda gigante de lama
destruiu Bento Rodrigues e causou grandes perdas e destruições em outros sete distritos de
Mariana, contaminando rios como o de Gualaxo do Norte, do Carmo e Rio Doce.

A referida barragem era controlada pela empresa Samarco Mineração S.A., empresa fruto de
um modelo estratégico de parceria comercial entre a Vale S.A. e a anglo-australiana BHP
Billiton, cada uma com 50% das ações da empresa, sendo responsável pela manutenção das
barragens responde pela responsabilidade civil pelo dano ambiental incalculável e irreparável
causado ao meio ambiente e aos moradores dos subdistrito atingidos.

Segundo o Laudo Técnico Preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), já foram constatados os seguintes prejuízos:

“Mortes de trabalhadores da empresa e moradores das comunidades afetadas,


sendo que algumas ainda restam desaparecidas; desalojamento de populações;
devastação de localidades e a consequente desagregação dos vínculos sociais das
comunidades; destruição de estruturas públicas e privadas (edificações, pontes,
ruas etc.); destruição de áreas agrícolas e pastos, com perdas de receitas
econômicas; interrupção da geração de energia elétrica pelas hidrelétricas
atingidas (Candonga, Aimorés e Mascarenhas); destruição de áreas de
preservação permanente e vegetação nativa de Mata Atlântica; mortandade de
biodiversidade aquática e fauna terrestre; assoreamento de cursos d’água;
interrupção do abastecimento de água; interrupção da pesca por tempo
indeterminado; interrupção do turismo; perda e fragmentação de habitats;
restrição ou enfraquecimento dos serviços ambientais dos ecossistemas; alteração
dos padrões de qualidade da água doce, salobra e salgada; sensação de perigo e
desamparo na população”(Ibama, 2016, p. 4).13
A lama percorreu 826 quilômetros, segundo a Polícia Civil mineira, em meio a tanta
destruição resultante de uma atividade de risco, no caso a mineração, perante o art. 927 do
Código Civil podemos dizer que a atividade de risco gera automaticamente a responsabilidade
civil objetiva, que como dispõe no artigo independente de culpa a reparação do dano é
obrigatória quando determinado em lei ou em que a atividade represente risco ao direito de
outrem.
Segundo MACHADO, a atividade da mineração é uma atividade por sim só poluidora, e
dispõe que:
“A mineração é atividade que degrada o ambiente. Portanto, há impactos
significativos na atividade, entre os quais se acentuam: desmatamento nas áreas
de operações, abrangendo núcleo de mineração constituído pela mina, bancadas
de estéril, deposição de rejeitos, estradas de serviços, usinas e áreas de apoio
social e infraestrutura, alteração do padrão topográfico na abertura da cava de
exaustão” (MACHADO, 2015).14

Vale salientar que não só a empresa Samarco poderia ter evitado ou até mesmo previsto o que
poderia ocorrer com a barragem e assim, talvez ter uma preparação para que não houvesse
mortes e tantas perdas, o Estado também poderá ser responsabilizado por ser competência
comum entre os entes federativos as fiscalizações de exploração de recursos hídricos e
minerais obedecendo o art. 23 da CRFB de 1981, também lucidando essa obrigação de
fiscalizar, o art. 174 da CRFB de 1981 traz que o Estado exercerá a

13 IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Laudo Técnico
Preliminar Disponível em:
>https://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/laudos/laudo_tecnico_prelimi
nar_Ibama.pdf < Acesso em: 15/11/2018

14 MACHADO. Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23 ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2015.

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