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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS CORURIPE

KAYLANE MAYARA DA SILVA SANTOS


Matrícula: 2018305141

USO DE BARRAGENS CICLONADAS COMO OPÇÃO MAIS SEGURA DE


DISPOSIÇÃO DE REJEITOS NO BRASIL.

CORURIPE-AL
MARÇO/2022
KAYLANE MAYARA DA SILVA SANTOS
Matrícula: 2018305141

USO DE BARRAGENS CICLONADAS COMO OPÇÃO MAIS SEGURA DE


DISPOSIÇÃO DE REJEITOS NO BRASIL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto Federal de Alagoas, campus
Coruripe, como requisito para a obtenção do
título de Técnico em Edificações.

Orientador: Prof. Ma Priscila de Souza


Maciel.

CORURIPE-AL
MARÇO/2022
KAYLANE MAYARA DA SILVA SANTOS
Matrícula: 2018305141

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto Federal de Alagoas, campus
Coruripe, como requisito para a obtenção do
título de Técnico em Edificações.

Aprovado em

Orientador:

__________________________________________
Ma. Priscila de Souza Maciel - IFAL / Campus Coruripe

Banca examinadora:

__________________________________________
Dr. Fulano de Tal – IFAL / Campus Maragogi

__________________________________________
Dr. Fulano de Tal – IFAL / Campus Maragogi

__________________________________________
Dr. Fulano de Tal – UFAL / Campus Arapiraca

CORURIPE-AL
MARÇO/2022
RESUMO

É fato que a mineração é uma das atividades econômicas mais relevantes para o país, tendo
grande influência no valor do Produto Interno Bruto (PIB) e na distribuição de empregos,
todavia, também é de conhecimento geral que barragens de rejeito não estão promovendo
segurança para a população, visto que o caso mais recente de rompimento de barragem, em
Brumadinho – Minas Gerais (MG), tirou 262 pessoas mortas, além dos danos ambientais e
socioeconômicos. Diante disso, é sabido que a suposta melhoria que deveria ter sido feita desde
o desastre de Mariana - MG em 2015 não foi efetivada, a maioria dos problemas dessas
estruturas vem desde a sua construção – geralmente alteada a montante – que não garante uma
total estabilidade ou controle construtivo. No Chile, depois do acidente com a El Cobre n°1,
foram iniciados diversos estudos para a construção de barragens que resistissem à forte
sismicidade da região, chegando às barragens ciclonadas, que perduram até hoje. O objetivo
central do trabalho é analisar a atuação dessas barragens em território brasileiro e justificar
porque elas garantiriam maior segurança aos brasileiros. Propõe-se assim, o estudo, a partir da
literatura de especialistas, da situação chilena com esse tipo de barragem e a revisão de
problemas gerais encontrados nas estruturas que colapsaram no Brasil. Sob essa ótica, visto que
tais construções chilenas suportam abalos sísmicos, sua atuação no país seria uma ótima
proposta, visando a segurança dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, sem
interferir nas atividades de mineração, que acrescentam muito à economia do país.

Palavras-chave: Ciclonadas; Rejeitos; Rompimentos; Mariana; Brumadinho; Alteada.


ABSTRACT

It is a fact that mining is one of the most relevant economic activities for the country, having
great influence on the value of the Gross Domestic Product (GDP) and the distribution of jobs,
however, it is also common knowledge that tailings dams are not promoting safety for the
population, since the most recent case of dam rupture, in Brumadinho - Minas Gerais (MG),
took 262 people dead, in addition to environmental and socioeconomic damage. Given this, it
is known that the supposed improvement that should have been made since the disaster in
Mariana - MG in 2015 has not been effected, most of the problems of these structures come
from their construction - usually raised upstream - which does not guarantee total stability or
constructive control. In Chile, after the accident with El Cobre n°1, several studies were
initiated for the construction of dams that could resist the strong seismicity of the region,
arriving at the cyclone dams, which endure until today. The central objective of this work is to
analyze the performance of these dams in Brazilian territory and justify why they would
guarantee greater safety for Brazilians. It is proposed to study, based on the literature of
specialists, the Chilean situation with this type of dam and to review the general problems found
in the structures that collapsed in Brazil. From this point of view, since these Chilean
constructions can withstand seismic tremors, their performance in the country would be an
excellent proposal, aiming at the safety of workers, the population and the environment, without
interfering in the mining activities, which add a lot to the country's economy.

Key words: Cyclones; Tailings; Ruptures; Mariana; Brumadinho; Alteada.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 8

2.1. Objetivo geral .................................................................................................................. 8

2.2. Objetivos específicos ....................................................................................................... 8

3. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................... 8

4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 10

5. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 11

5.1. Rejeitos Minerais ........................................................................................................... 11

5.2. Conceito e métodos de alteamento das Barragens de Rejeito Mineral .......................... 14

5.2.1 Alteamento por Montante .......................................................................................... 15

5.2.2 Alteamento por Jusante. ............................................................................................. 16

5.2.3 Alteamento por linha de centro. ................................................................................. 17

5.3. Barragem ciclonada de rejeito mineral. ......................................................................... 18

5.3.1. Desvantagens do alteamento a montante. .................................................................. 18

5.3.2. Definição de barragem ciclonada e ciclonagem de rejeitos. ...................................... 22

5.3.3. Parâmetros de granulometria do “Underflow” .......................................................... 23

5.4. Maiores acidentes com barragens de rejeitos no Brasil. ................................................ 25

5.4.1. Rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana .................................................. 25

5.4.1. Rompimento da Barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. ................ 27

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................... 30

7. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 34
7

1. INTRODUÇÃO

Segundo Machado e Figueirôa (2020) o histórico brasileiro com as atividades de


mineração tem início no século XVII, quando Portugal ainda estava no território, e foram
criadas as expedições dos bandeirantes, que exploravam o Brasil, com o propósito de encontrar
metais preciosos. A mineração representa, atualmente, para o Brasil, uma das maiores e mais
importantes atividades econômicas, com grande peso no PIB nacional e como oportunidade de
trabalho para várias regiões. No entanto, a mineração produz grande quantidade de rejeitos, que
são a sobra do beneficiamento do minério, sem qualquer valor econômico atrelado a eles e com
um destino único, que são as barragens de contenção de rejeitos.
As barragens são essenciais para o direcionamento adequado dos rejeitos de mineração,
o grande problema está na segurança dessas estruturas, pois, as empresas de mineração optam
pela forma mais econômica e prática de construção de barragens, o método de alteamento a
montante, mais propenso a falhas estruturais e vazamentos ou rompimentos quando em
comparação a outros métodos. O Brasil viu-se frente a vários desastres envolvendo barragens,
em especial os rompimentos de Mariana e Brumadinho, que são considerados os piores do país..
Nesse sentido, a segurança de barragens tem sido um assunto frequentemente discutido entre
especialistas da área, sendo uma preocupação para toda a indústria e a população.
Apesar da incapacidade de atestar com convicção que barragens podem ser construídas
de forma totalmente segura, sem riscos à sociedade e ao meio ambiente, estudos característicos
do Chile sobre formas mais seguras de construir barragens duráveis e estáveis são uma
esperança. Após o rompimento da barragem El Cobre, o país trabalhou para construir estruturas
mais resistentes a grandes sismos por meio do processo de ciclonagem de rejeitos, que traz mais
estabilidade para o projeto e é mais econômica, por utilizar do próprio rejeito na construção,
mas de forma consciente.
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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo a análise do uso de barragens ciclonadas como método mais
seguro para a disposição de rejeitos no Brasil.

2.2. Objetivos específicos

● Estudar as características do rejeito de minério;


● Estudar os tipos de alteamentos de barragens;
● Estudar as desvantagens do método de alteamento para montante;
● Apresentar o conceito e o projeto de barragens ciclonadas;
● Reunir e apresentar as causas dos rompimentos das barragens de Mariana e
Brumadinho;
● Analisar a viabilidade de estudo do uso de barragens ciclonadas no Brasil.

3. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho tem como estrutura a introdução, com a contextualização do tema,


trazendo a história da mineração no Brasil, bem como o produto dessas atividades e o porquê
de tal pesquisa está sendo feita.
O capítulo dois aborda a metodologia utilizada para a discussão presente no trabalho. Em
seguida, o capítulo três faz uma abordagem a estudos bibliográficos detalhados sobre todo o
tema, sendo o centro do trabalho. São abordados o conceito de rejeito e suas características
estruturais; apresenta as barragens como método de disposição de rejeitos e seus tipos de
alteamentos, além de uma comparação entre cada um deles levando em consideração
características específicas. É explicado também o conceito de barragens ciclonadas e a
importância da ciclonagem nesse âmbito; por fim, são apresentadas as causas para o
rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana, os maiores desastres da mineração
brasileira.
9

No capítulo quatro, segue-se a reunião dos resultados provenientes do estudo teórico e a


discussão a respeito do uso do método de ciclonagem de rejeitos em território brasileiro.No
capítulo posterior, são reunidas as considerações finais sobre o estudo e sua importância para o
meio profissional e social. No final, sugere-se estudos futuros focados no método para que os
resultados possam ser efetivamente alcançados.
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4. METODOLOGIA

Neste trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica, um estudo de cunho


exploratório a respeito do possível uso de barragens ciclonadas de rejeito mineral no território
brasileiro, que, segundo Gil (2018), é o desenrolar da pesquisa a partir de material já elaborado,
sendo constituído de relatórios prontos, artigos científicos e livros. Nessa lógica, foram
utilizados: artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso, livros e palestras de especialistas
em Geotecnia e barragens, com a finalidade de construir uma narrativa que guiasse o leitor
desde o processo de beneficiamento do rejeito até o seu uso nas barragens convencionais e,
além disso, foi possível analisar a possibilidade de utilizar barragens ciclonadas no território
brasileiro.
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5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1. Rejeitos Minerais

Segundo Espósito (2000), rejeitos são o material resultante de processos de


beneficiamento de minérios, ou seja, o processo a que o minério é submetido para que a rocha
extraída seja transformada em matéria prima para a indústria. A sua composição é dividida em
fração sólida e líquida, com concentração de 30% a 40% em peso e suas propriedades são
derivadas do minério puro e dos processos de beneficiamento feitos anteriormente. É
importante ressaltar que o beneficiamento do minério tem como objetivo regular o tamanho dos
fragmentos, melhora da qualidade e a remoção de materiais agregados a ele sem valor
econômico.
Em continuidade, de acordo com Araújo (2006) os rejeitos - que são o material resultante
do processo de beneficiamento do minério para qual não existe reaproveitamento - podem variar
entre dois tipos: os materiais arenosos e não plásticos, que são os rejeitos granulares – podendo
variar de areias finas a médias não plásticas; e os de alta plasticidade e granulometria fina, que
são as lamas formadas por siltes e argilas de difícil sedimentação, alta plasticidade e de alta
compressibilidade. A Figura 1 apresenta todas as fases de beneficiamento do minério, desde
sua extração por meio da lavra, até seu destino em usinas de abastecimento ou barragens.
Conforme Vick (1983), a disposição de rejeito pode ser feita a céu aberto, de forma
subterrânea ou subaquática, que não é recomendada pois afeta diretamente ecossistemas
aquáticos. No entanto, o destino mais comum dos rejeitos são as estruturas de contenção a céu
aberto, que são feitas, geralmente, em pilhas controladas (no caso de alteamento de barragens)
ou em estruturas de contenção no fim de bacias e vales (que é o caso das muralhas de
contenção). Outra forma de deposição a céu aberto, são as vinculadas a extração de minério,
onde os rejeitos formam camadas que funcionam como uma fundação para os equipamentos de
extração.
12

Figura 01: Fluxograma do processo de beneficiamento de minérios.

Fonte: Acervo pessoal, 2021.

Luz e Lins (2004) explicam que o procedimento de liberação do mineral ocorre por meio
da operação de tamanho – de britagem ou moagem – e varia entre centímetros e micrômetros.
Em seguida, a operação de concentração vai ser desenvolvida baseando-se nas diferenças de
propriedades do mineral de interesse e o mineral de ganga, que é o mineral sem valor
econômico. As propriedades que são levadas em consideração na separação de elementos são:
susceptibilidade magnética, que é uma característica exclusiva de cada material e está
relacionada à ação exercida pelos dipolos magnéticos dos átomos; a condutividade elétrica, que
é a capacidade que o material tem de conduzir eletricidade a partir dos elétrons; propriedades
químicas de superfície, como a permeabilidade ou o brilho, por exemplo; a cor, a radioatividade,
a forma e etc.
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Wang et al (2014) ressalta a importância do cuidado e revisão do material que será


transportado para as barragens de rejeitos. Em primeiro lugar, na etapa da deposição, é onde
será formado o sedimento muito saturado, então se faz necessária a redução da água desse
rejeito, para a redução do volume total e para que sua resistência mecânica aumente.
Segundo Sarsby (2000), o tamanho das partículas do rejeito e a distribuição de tamanhos
de partícula vão ser fortemente influenciados pela matriz mineral. Os rejeitos provenientes de
rochas duras, normalmente são dominados por areias, os lodos vão ser provenientes de rochas
hospedeiras esmagadas. Dessa forma, os rejeitos grossos vão ser identificados como os que
possuem predominância considerável de frações de areia grossa; já os finos vão ser
identificados pela pouca ou inexistente presença de areia em sua parcela.
O mesmo autor também apresenta o comportamento granulométrico de seis rejeitos
minerais no estudo, sendo eles: a Bauxita, o Ouro, o Cobre, a Trona, o Molibdênio e o Carvão
fino. Pode-se analisar esse comportamento a partir da Figura 2.

Figura 02: Gráfico granulométrico de Sarsby.

Fonte: Luz e Lins, 2004.

De acordo com o gráfico, o teor de finos dos materiais fica entre 21,2% e 81,3%, já o teor
de areia fica entre 33,3% e 77%. O tamanho do grão e o teor de argila vão atuar diretamente no
controle de vazios, uma vez que as areias se encontram numa faixa de vazios de 0,6 a 1,1 e os
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lodos de argila, altamente plásticos, vão estar numa faixa de 4 a 10, ou seja, os lodos de argilas
são propensos a possuírem mais vazios em seu volume.
Sarsby (2000) apresenta outro grande fator físico em sua obra, sendo o índice de
permeabilidade do material, que depende diretamente da classificação do rejeito. Por exemplo:
rejeitos de areia limpos e grosseiros apresentam grandeza de cerca de 10 -9 m/s para argilas
consolidadas. O grau de permeabilidade destes materiais vai atuar no desempenho da barragem
de forma considerável, visto que quanto menor o coeficiente de permeabilidade maior é a
facilidade de surgirem desafios nos processos de alteamento.

5.2. Conceito e métodos de alteamento das Barragens de Rejeito Mineral

A ABNT (2017) conceitua as barragens como barramentos, reservatórios, diques, cavas


associadas às atividades desenvolvidas com base em direito minerário, utilizadas para fins de
contenção, acumulação ou decantação da porção de rejeito mineral ou descargas de sedimentos
provenientes de atividades de mineração, pode haver ou não a captação de água,
compreendendo a estrutura do barramento em si e suas estruturas complementares.
As barragens, que são vistas como o método mais usual de disposição de rejeitos, podem
ser construídas utilizando solos estéreis ou até mesmo o próprio rejeito. Davis e Martin (2000)
explicam que o grande volume de rejeitos que irão para a barragem torna interessante o uso
destes na própria estrutura da barragem desde que os devidos cuidados com as parcelas finas e
grossas do rejeito total, o controle da granulometria desses, utilização eficiente de sistemas de
drenagem, compactação, entre outros, sejam tomados durante todo o processo construtivo da
barragem, independentemente do método utilizado para sua construção.
Segundo Vick (1990) a princípio é construído um aterro, chamado dique de partida, que
é feito com solo de empréstimo, e a geometria deve ser prevista para que a estrutura suporte um
período de lavra (abastecimento) de mais ou menos dois ou três anos. Logo após são
desenvolvidos os alteamentos que também podem assistir geometrias e especificações em
relação à topografia do local.
15

Figura 03: Barragem de rejeito El Mauro, Chile

Fonte: TechnoMine, 2017.

5.2.1 Alteamento por Montante

De acordo com Araújo (2006) o método de alteamento por montante é o mais antigo e
preferido das empresas de mineração, tanto por sua simplicidade e velocidade de construção,
quanto por ser mais econômico para as mineradoras. Este método consiste na construção dos
diques de partida, com material argiloso ou com enrocamento compactado, sob a própria praia
de decantação dos rejeitos, dessa forma, o rejeito é lançado por canhões dispostos por todo o
barramento diante da linha de simetria do dique, assim que formada a praia de deposição, que
será utilizada como fundação da barragem, os alteamentos continuam sucessivamente até
atingir a cota prevista do projeto.
Em concordância, Vick (1983) alega que no caso dos alteamentos construídos com no
máximo 50% de finos, é necessário que na saída/descarga da polpa de rejeitos, a mesma seja
constituída de alta porcentagem de sólidos por peso, para que haja a segregação natural do
material e seja possível a permeabilização natural, em que essa porcentagem pode ser obtida na
ciclonagem dos rejeitos antes do seu uso direto na estrutura.
16

Figura 04: método de alteamento por montante.

Fonte: Espósito, 2000.


A maior desvantagem desse tipo de alteamento é que o mesmo apresenta baixo controle
construtivo, o que faz com que seu comportamento durante sua vida útil seja inesperado e sua
segurança seja afetada. Araújo (2006) argumenta que o principal agravante da segurança é o
fato de os alteamentos serem depositados acima de material que não foi consolidado, logo,
quando em situação de saturação, a construção fica mais propensa à liquefação. Outro fator de
risco é a dificuldade de implantação de um sistema de drenagem de excelência, que é
determinante no controle da água dentro da barragem.

5.2.2 Alteamento por Jusante.

Neste método, inicialmente, é construído o dique de partida, com solo ou enrocamento


compactado, os alteamentos são construídos sucessivamente para a jusante do dique inicial, os
alteamentos se tornam independentes do rejeito por sua construção não depender da disposição
deles. Entre os métodos de alteamento, esse é o mais seguro, porém mais caro, justamente pela
necessidade de um grande volume de material para construção. Entretanto, apesar da maior
segurança quando comparado com o alteamento a montante, o método gera grande impacto
ambiental devido ao desmatamento, pois precisa de vasta área para construção (Araújo, 2006).

Figura 05: método de alteamento por jusante.

Fonte: Espósito, 2000.


17

Klohn (1981) diz que as vantagens desse tipo de alteamento para a segurança é o constante
controle construtivo do lançamento do rejeito na barragem e na sua compactação, além da
capacidade de implantação de um sistema de drenagem eficiente, diferentemente do método à
montante.

5.2.3 Alteamento por linha de centro.

Em concordância com Araújo (2006) o alteamento por linha de centro é considerado o


mais seguro para a construção de barragens, pois apresenta características dos dois métodos
anteriores, como um método intermediário feito para amenizar as desvantagens do método à
montante ou jusante. Caracteriza-se por seu alteamento vertical, de forma que o eixo vertical
esteja coincidente ao eixo do dique inicial, assim, se torna possível um sistema de drenagem
interno em todas as fases do alteamento e o rejeito é lançado a partir da crista. São essas
características que fazem com que seja o método mais seguro e ideal principalmente para zonas
de alta sismicidade como áreas com forte presença de terremotos, por exemplo.
.
Figura 06: método de alteamento por linha de centro.

Fonte: Espósito, 2000.

Vick (1983) organiza as características dos três tipos de alteamento em barragens e os


compara em cada situação, em que são comparadas a atuação de cada método em determinada
função, como é apresentado na Figura 07.
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Tabela 01: Comparação entre os tipos de alteamentos para barragens de rejeito.

Montante Jusante Linha de centro

● Mais de 40% de ● Qualquer tipo. ● Areias e lamas de


areia; baixa
Tipo de rejeito ● Baixa densidade plasticidade.
recomendado de polpa para
promover
segregação.

● Descarga ● De acordo com o ● Descargas


Requerimentos de
periférica e bom projeto. periféricas,
descarga dos
controle de água conservando o
rejeitos
livre acumualda eixo da barragem.

● Não recomendado ● Boa. ● Não recomendado


Armazenamento para grandes para
d’água volumes. armazenamento
permanente.

● Fraca em áreas de ● Boa. ● Aceitável.


Resistência sísmica
alta sismicidade.

● Recomendado ● Nenhuma. ● Pouca.


Restrições de
menos de 5 a 10
alteamento
metros por ano.

● Solo natural; ● Rejeitos ou ● Rejeitos ou


Requisitos de
● Rejeito natural ou estéril. estéril.
alteamento
estéril.

Custo relativo ao ● Baixo. ● Alto. ● Moderado.


corpo do aterro
(Vm)
Fonte: Vick, 1983 (modificado).

5.3. Barragem ciclonada de rejeito mineral.

5.3.1. Desvantagens do alteamento a montante.

No método de alteamento a montante, inicialmente é construído um dique de partida e


em relação aos alteamentos posteriores, esses serão feitos com deslocação do eixo para a
montante. Logo em seguida, o rejeito é depositado na barragem por meio de vias hidráulicas ao
19

longo do perímetro da crista do dique inicial, que resulta na praia de rejeitos - a zona mais
próxima do ponto de lançamento - e essa praia servirá de fundação para os alteamentos futuros
(Lozano, 2006).
Ainda segundo Lozano (2006), a descarga dos rejeitos em polpa é feita através de ciclones
ou de um sistema de tubulações - spigots - menores posicionados de forma perpendicular à
tubulação principal, que vão permitir a formação de uma praia de rejeitos mais uniforme. Os
diques de alteamento são construídos de rejeito e a partir da compactação com o próprio
aparelho de espalhamento, esse processo é repetido até alcançar a cota prevista pelo projetista.
Por outro lado, mesmo o alteamento por montante sendo o mais comum e econômico - a
curto prazo -, há inúmeros riscos em sua aplicação, principalmente quando o projeto não é
compatível com este tipo de barragem. Chambers e Higman (2011) argumentam que esse
método é instável pelo fato de que as estruturas dos alteamentos são construídas acima do
próprio rejeito resultante dos processos de beneficiamento, podendo estar e permanecer
saturado por um longo período. Ademais, Troncoso (1997) afirma que esse apresenta risco de
ruptura por liquefação, quando a estrutura sólida transita para o estado líquido , além de risco
de ruptura por percolação e piping, um processo de erosão interna provocada por falhas nos
sistemas de drenagem.
Nesse contexto e ainda segundo Troncoso (1997), o controle construtivo desse método se
torna o mais instável em comparação com jusante e linha de centro, além do estado do rejeito,
ao ser usado na sua forma mais saturada. Outro fator é a compactação restrita aos diques
apoiados sobre um tipo de fundação não compactada. Um dos maiores exemplos da
instabilidade desse tipo de alteamento são as barragens de Brumadinho (2019) e Fundão (2016),
que foram construídas por alteamentos a montante, não seguindo totalmente os requisitos de
segurança, e resultaram em dois dos maiores acidentes ambientais do Brasil, como é mostrado
nas Figuras 07 e 08.
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Figura 07: Configuração do terreno após o rompimento da barragem do Fundão.

Fonte: Werneck, 2016.


Figura 08: Antes e depois do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, Brumadinho.

Fonte: Pléiades, 2019.


21

Além disso, de acordo com o 121° boletim publicado pelo ICOLD em 2001, intitulado como
“Riscos de Ocorrências de Perigos em Barragens de Rejeito, Lições Aprendidas a Partir de Experiências
práticas”, em que foi feita uma pesquisa com 221 casos de acidentes de rompimentos de barragens no
mundo, concluiu-se que o maior número de casos estava relacionado a estrutura de montante.
Pode-se notar no gráfico da Figura 09 a discrepância nos números de casos, confirmando que o
método é o mais suscetível a acidentes, sejam por: falhas estruturais, falta de controle hídrico
ou terremotos - o que não é o caso do Brasil.

Figura 09 - Gráfico de ocorrência de acidentes por método construtivo.

Fonte: Araújo (2013)

O chileno Luis Valenzuela também questiona os métodos por alteamento a montante, em


seu discurso na entrevista para a ABMS ( Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica) compara as barragens de rejeito a outros tipos de estruturas similares,
como as barragens de hidrelétricas, e conclui que as estruturas de rejeito estão se tornando
estruturas menos seguras, e que as empresas estão entregando à sociedade um projeto que
possui qualidade muito inferior às de outros setores. Outrora, como convidado palestrante no
evento Cesco Week Santiago, em 2019, Valenzuela usa a própria terra natal como parâmetro,
visto que o Chile passou por um período de mudanças intensas na legislação da mineração;
quando o país enfrentou o rompimento da barragem da mina El Cobre como consequência de
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um terremoto, resultando em mais de 200 mortes. Logo após a tragédia, ficou proibida a
construção de barragens alteadas pelo método a montante.
Em concordância com Troncoso (1997) e Chambers e Higman (2011), Valenzuela logo
conclui que a maior dificuldade de manter uma estrutura alteada por esse método,
principalmente levando em conta a evolução da demanda na mineração, produzindo mais
rejeitos que na época de El Cobre, é garantir um controle construtivo excelente para que se
possa assegurar que a construção vai ser feito da maneira correta e respeitando os limites
construtivos impostos na tabela 01.

5.3.2. Definição de barragem ciclonada e ciclonagem de rejeitos.

Barragens ciclonadas são estruturas que utilizam do próprio rejeito a ser armazenado para
os alteamentos. Para a construção, o rejeito em polpa passa por um processo de separação
simples ou dupla - a depender do material - em que o rejeito é separado em dois e usado de
formas diferentes durante a construção. Ao sair do processo de beneficiamento, o rejeito
encontra-se com parcelas de material de diferentes tamanhos, por possuírem características
diferentes é feita a separação por meio de hidrociclones (ARAÚJO, 2006).
O hidrociclone funciona pelo efeito da força centrífuga. Ao receber a polpa o
equipamento faz com que as partículas mais densas - chamadas underflow - organizem-se em
movimento descendente e as partículas menos densas - chamadas overflow - organizem-se de
forma ascendente; dessa maneira, em solos convencionais em que a densidade dos grãos é
geralmente a mesma, pode-se dizer que é uma separação granulométrica (RUSSO, 2007).
Assim, Russo (2007) argumenta que a parcela do overflow, por possuir uma variedade
muito grande de grãos finos e apresentar saturação considerável, não é indicada para a
construção dos alteamentos da barragem; no entanto, a parcela do overflow possui
características geotécnicas superiores a anterior, e mesmo também apresentando boa quantidade
de água, seu teor de sólidos a torna vantajosa. Em concordância, Ribeiro (2000) diz que ao
lançar a parcela fina no reservatório comum e usar a parcela mais grossa nos alteamentos, é
garantida uma estabilidade maior à construção, pois, o coeficiente de permeabilidade do
underflow permite drenagem rápida e natural da água em excesso, além de impedir que parcelas
muito finas participem do barramento. A Figura 10 apresenta o esquema de utilização dos
ciclones quando na crista da barragem.
23

Figura 10: Esquema de ciclonagem.

Fonte: Mello, 1998.

Relacionado a utilização do rejeito ciclonado na barragem, Chamas (1989) enumera duas


outras providências a serem tomadas antes do proveito do rejeito, que resumem em:
● Acompanhar o processo de separação para melhor monitoramento da granulometria
dos grãos;
● Promover a compactação dos rejeitos para aumentar sua resistência e diminuir as
chances de liquefação (piping).

5.3.3. Parâmetros de granulometria do “Underflow”

Segundo Ribeiro (2000) para que a construção seja verdadeiramente viável, é preciso que
a parte grossa do rejeito possua um alto teor de sólidos para que a variabilidade de tamanho dos
grãos promova a permeabilidade natural e torne a estrutura mais estável e menos suscetível à
liquefação. Em concordância, Mafra (2015) ressalta que o teor de sólidos do underflow ao sair
da ciclonagem está por volta dos 70%, porém, mesmo que seja um valor considerável, essa
parcela ainda possui umidade acima do valor recomendado para compactação, aceitável entre
11% e 15%.
Dessa maneira, exige-se um coeficiente de permeabilidade de 10-³ para que haja o
desaguamento natural e sua umidade alcance valor próximo a umidade ótima para a
compactação. Segundo Valenzuela (2015), é de suma importância que haja um limite para o
24

número de finos passantes na peneira n° 200, pois, após vários anos de estudo, concluiu-se que
rejeitos de cobre que apresentam seu peso específico entre 2,7 g/cm³ e 2,8 g/cm³ apresentam
coeficiente de permeabilidade de 10-³ para porcentagem de finos passantes no máximo igual a
20%. No entanto, para rejeitos com peso específico entre 3,0 g/cm³ e 3,2 g/cm³ a porcentagem
de finos pode variar entre 20% e 25%, que é onde se encaixam os minérios de ferro, e o
coeficiente de permeabilidade chega a 10-³.
Nessa perspectiva, quando apenas a primeira ciclonagem não basta para a separação ideal
do rejeito, que é quando a curva granulométrica do rejeito ciclonado fica próxima a curva do
rejeito total, faz-se necessário uma segunda ciclonagem. Ao analisar a ciclonagem e o
comportamento granulométrico do rejeito proveniente do minério de ferro, Lopes (2000)
conclui que o hidrociclone - apesar de conseguir fazer a separação do underflow e overflow -
ainda assim não faz uma distribuição perfeita, pois existem muitas partículas que são menores,
em diâmetro, mas possuem peso semelhante às partículas de maior diâmetro. Ao observar a
Figura 11 é perceptível a proximidade entre as duas curvas, que mesmo após a ciclonagem,
possuem porcentagem de finos passantes igual a 45% e com coeficiente de permeabilidade
muito baixo - cerca de 10-4 cm/s -, o que o torna, portanto, impróprio para o uso em Barragens
Ciclonadas.

Figura 11: Gráfico granulométrico com curvas típicas do rejeito de minério de ferro.

Fonte: Mafra, 2015.


25

Conforme as características do rejeito, é indicada a dupla ciclonagem, na qual a fração


obtida no primeiro estágio vai servir de alimento no segundo estágio, ciclonando novamente o
material de forma a obter um underflow nos parâmetros ideais descritos por Valenzuela (2015).
Lopes (2000) recomenda que os processos de ciclonagem em dois estágios sejam levadas
a sério pelos projetistas, para que seja possível determinar com segurança as características
finais do rejeito quando submetido a livre drenagem; teoricamente, a barragem poderá ser
alteada por décadas, e, consequentemente, o rejeito estará suscetível a mudanças significativas
para a estrutura, sendo recomendado o estudo e análise desses resultados para que a
uniformidade granulométrica do rejeito seja mantida.

5.4. Maiores acidentes com barragens de rejeitos no Brasil.

5.4.1. Rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana

No dia 5 de novembro de 2015, o Brasil se viu frente a um dos maiores desastres da


Mineração Brasileira, que teve impactos ambientais e socioeconômicos, no qual, com o
rompimento da Barragem do Fundão mais de 300 mil pessoas tiveram o abastecimento de água
prejudicado - pela contaminação da lama proveniente da barragem -, 120 nascentes foram
soterradas, aproximadamente 600 pessoas perderam suas casas e 18 pessoas foram mortas
(ZALIS, 2015).
MORGENSTERN et al (2016) avaliaram todo o processo construtivo da barragem desde
2008 e os possíveis fatores nesse processo que podem ter ocasionado a ruptura da barragem,
que era classificada como de baixo risco. Dessa forma, originalmente foi planejado depositar
areia atrás de um dos diques de partida e logo em seguida começar a altear pelo método
montante para que a capacidade de armazenamento da barragem pudesse ser aumentada, a areia
serviria como um primeiro barramento, para que a lama por detrás dessa camada não se
misturasse ao material da crista da barragem, além disso, um sistema drenante eficiente na base
do dique faria com que a água escoasse mais rápido, de forma a impedir a saturação.
Em teoria, o projeto aparentava ter boa chance de sucesso, se todo o processo construtivo
tivesse se mantido o mesmo e se houvesse o discernimento de quando parar. O primeiro
incidente aconteceu um ano após o início da construção. Devido a danos no dreno de fundo, a
estrutura já estava comprometida e distante da ideia original do projeto; como solução para não
atrasar a obra, foi sugerido um novo tapete drenante, e com essa nova revisão do projeto, o grau
26

de saturação aceito aumentou, tornando-se um dos primeiros passos para a liquefação da areia.
Entre 2010 e 2011, o critério básico da praia de rejeitos de 200 metros não foi respeitado, muitas
vezes com a lama da barragem chegando até a 60 metros da crista, resultando na sedimentação
da lama em locais que não eram indicados e que prejudicariam futuramente tudo o que restava
da estrutura. Por fim, o último incidente aconteceu no ano de 2012, quando um duto de concreto
localizado na ombreira esquerda da barragem foi dado como defeituoso e incapaz de resistir às
cargas adicionais da estrutura, a fim de manter as operações, essa ombreira foi recuada de sua
posição anterior e colocada exatamente sobre a lama sedimentada. Os três incidentes já eram
sinal suficiente de que a estrutura não estava sendo construída de forma devidamente segura,
levando em conta que a operação continuou e que os alteamentos continuaram sendo feitos, o
tapete drenante colocado anteriormente e que deveria servir para evitar a saturação completa
dos taludes atingiu a capacidade máxima, e somado a isso, houve o rompimento de mais de 62
bilhões de litros de rejeito (MORGENSTERN et al, 2016).
Além dos erros construtivos, uma série de pequenos sismos foi associada ao rompimento
na época, por ter sido registrada cerca de uma hora e trinta minutos antes do desastre; por causa
da grande instabilidade na ombreira esquerda da barragem, os sismos abalaram ainda mais a
estrutura, pois adicionaram uma força de movimentação horizontal sobre a areia, que já estava
em situação fofa (menos comprimidas, com vários vazios), e isso pode ter contribuído para a
aceleração do colapso. Na figura 12 é ilustrado o percurso que a lama percorreu após o
rompimento (MORGENSTERN et al, 2016).

Figura 12: Esquema com o caminho que a lama da barragem percorreu logo após o colapso.

Fonte: Oliveira e Vicente, 2017.


27

5.4.1. Rompimento da Barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

Três anos após o rompimento de Mariana,ocorreu o rompimento da barragem em


Brumadinho, sendo considerado o maior desastre de trabalho no Brasil e o segundo maior
acidente industrial pelos fortes impactos sociais, ambientais, econômicos e de danos ao
patrimônio material e imaterial da cidade. Segundo o Relatório Final do Centro Internacional
de Métodos Números en Ingeniería (CIMNE) de 2021, todo o processo de rompimento
aconteceu em 5 minutos e a porcentagem de lama vazada do reservatório era de
aproximadamente 75% do total, que são traduzidos em 9,7 milhões de metros cúbicos.
A mina do Córrego do Feijão contava com 13 estruturas, todas com a mesma função:
armazenamento de rejeito da exploração do minério de ferro. Como pode ser observado na
Figura 13, o complexo era dotado de ameaças de segurança, visto que além terem barragens
próximas em uma mesma área, o que não é recomendado justamente devido ao colapso de uma
poder influenciar no colapso de outra, a área que os operários trabalhavam era
consideravelmente próxima às barragens, o que mais uma vez não é indicado pelo Artigo 2° da
DN 62 (COPAM, 2002), que impõe restrição quanto a construção de barragens próximas a
habitações humanas, para evitar perdas de vidas.

Figura 13: esquema do completo do Córrego do Feijão e suas estruturas.

Fonte: G1, 2019.


28

Não há documentação detalhando o processo construtivo, mas é de conhecimento que,


desde 1976, a barragem foi alteada 13 vezes com o método montante, sendo apenas uma vez
alteada por linha de centro, chegando a uma estrutura de 86 metros de altura e 720 metros de
crista construída (BEVILAQUA, 2019).
Para análise do rompimento, Felipe Lima Bevilaqua, Doutor em Engenharia Civil na
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), utilizou o método do Multicritério, que se
caracteriza pela consideração de várias hipóteses e estudos, e a partir disso foi feita a conclusão
dos motivos mais prováveis do colapso. O relatório debate alguns pontos específicos que são:
método construtivo, a segurança do projeto e as características dos rejeitos. No que diz respeito
ao método construtivo, já foi comprovado por vários especialistas e apresentado pelo
especialista chileno Luis Valenzuela, o quanto as barragens alteadas a montante são de difícil
controle devido a imprevisibilidade, que contribui para a ocorrência de liquefação e pipping
(ICOLD, 2009). A respeito das características dos rejeitos, a segurança do alteamento por
montante depende muito do tipo de rejeito utilizado na sua construção e na forma como esse
material se comporta ao longo do tempo, pois conforme o rejeito vai sofrendo mudanças, sua
participação direta no alteamento faz com que cada mudança influencie no comportamento da
barragem; uma novidade descoberta pelo especialista Peter Robertson, PhD em Geotecnia, é a
cimentação das partículas do rejeito da barragem, que fez com que o material ficasse mais
quebradiço e perdesse, facilmente, a própria resistência a qualquer tipo de tensão externa; além
disso, o rejeito proveniente do minério de ferro tem comportamento granulométrico
imprevisível, ao lançar esse rejeito na barragem não é avaliada a granulometria do mesmo, o
que faz com que seja ignorado o seu índice de vazios e suas desvantagens futuras (SILVA,
2010).
De acordo com Silveira (2006) e Mendes (2007), o fator de segurança do projeto (FS),
considerado um dos fatores de análise, é uma característica fundamental para a realização das
análises de estabilidade, sendo três aspectos avaliados: a geometria da barragem, sendo em
Brumadinho do tipo transversal; os níveis piezométricos atuantes, que são os níveis que a água
presente nos aquíferos se encontra à pressão atmosférica; e os parâmetros geométricos
considerados para cada um dos materiais. Diante deles, a estrutura que apresenta FS menor que
o valor consagrado pela geotecnia (FS<1,5), apresenta também maior risco.
O valor de FS analisado na barragem de Brumadinho era abaixo do valor ideal, sendo
igual a 1,3. Dessa maneira, por meio do relatório final da CPI e da Word Mine Tailings Failures
(2019), a barragem possuía erros de projeto, sendo confirmado que nos primeiros alteamentos
não havia drenagem interna e constavam dúvidas sobre o dique de partida ter ou não dreno de
29

fundo. Além disso, o local de construção de barragem, destinada a contenção de finos, era
inadequado, devido ao método de alteamento não seguro - a montante -, taxa de alteamento
elevada considerando-se as propriedades do rejeito (igual a 2,2 metros ao ano) e perfil de
drenagem bastante inadequado, que permitia que a área freática passasse por cima do maciço
da barragem. A sequência de fatores tornou a estrutura da Barragem 1 (Figura 14)
extremamente suscetível à liquefação, fenômeno observado no rompimento (Figura 15).

Figura 14: Momento exato do rompimento da barragem de Brumadinho, às 12h28min.

Fonte: Relatório final da CPI da barragem de Brumadinho, 2019.

Figura 15: Barragem após rompimento, vista superior.

Fonte: Metro Jornal, 2019.


30

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada a revisão literária de estudiosos em Geotecnia, a partir da discussão entre os


resultados de cada pesquisa individual ficou claro que as características essenciais do rejeito
são definidas pelo mineral de origem, como o Minério de Ferro, por exemplo, que em geral é
constituído por areia fortemente enriquecida em quartzo - após o beneficiamento do minério -,
e por minerais que não são segregados durante o beneficiamento. Os rejeitos são definidos como
materiais sem valor comercial para as empresas e por isso precisam ser armazenados em áreas
de deposição desses rejeitos, urge a necessidade de armazená-los em barragens para que, a
medida que são produzidos, tenham um destino adequado que, em teoria, não prejudique a
sociedade e o meio ambiente.
Diante disso, há a possibilidade de utilização dos próprios rejeitos no processo de
construção da barragem, de forma que, conforme vai sendo construída, os rejeitos façam parte
do barramento, sendo lançados diretamente na crista da barragem. Nesse sentido, observa-se o
tipo de alteamento adequado para cada tipo de rejeito, o mais comum é a construção de
barragens alteadas para montante, por seu custo barato e praticidade, porém, em comparação
aos outros tipos de alteamento (jusante e linha de centro), o método por montante é visto como
o menos seguro e o mais propenso a rompimentos por liquefação e pipping.
Após o rompimento de barragem El Cobre n°1, no Chile, foi decretado que nenhuma
barragem feita em território Chileno deveria ser alteada para montante por causa de sua
instabilidade construtiva, dessa maneira, estudiosos chilenos recomendaram barragens
ciclonadas, que também utilizavam do próprio rejeito para sua construção, todavia, o rejeito era
processado e melhorado antes de ser adicionado a barragem. Com essa melhora grande parte
das barragens chilenas passou a ter vida útil e resistência estrutural a abalos sísmicos maior do
que em projetos anteriores. Recentemente, no Brasil, houveram casos alarmantes de
rompimentos de barragens causados por falha estrutural, manutenção inadequada e mau
gerenciamento; os casos mais documentados foram o rompimento da barragem de Mariana, em
Bento Rodrigues, e de Brumadinho, ambos em Minas Gerais, com intervalo de três anos de
diferença.
Diante desse cenário, é comum classificar os acidentes como casos isolados em território
brasileiro, no entanto, sempre houve incidentes com barragens, desde o século XX já existiam
muitos casos de rompimentos com número elevado de mortes. A tendência, segundo o
engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, é que tais incidentes aumentem cerca de 20 vezes a cada
30 anos, ou seja, quanto maior é a demanda da área da mineração, por produzir mais rejeitos e,
31

consequentemente, a construção de barragens maiores, maior é a chance de acontecer esses


acidentes. Em relação ao Brasil, o caso mais antigo de rompimento é o da barragem da mina de
Fernandinho, em 1986, todos os acidentes ocorreram por falha estrutural, e todos possuíam
alteamento para montante, como mostra a Tabela 02.

Tabela 02: Relação de acidentes com barragens no Brasil por rejeito liberado.

Despejo (em
Barragens Alteamento
Milhões, m³)

Barragem de Mariana Montante 45

Barragem de Brumadinho Montante 9,7

Barragem Companhia Siderúrgica


Montante 1,47
Nacional

Barragem da Cava C1 Montante 0.60

Barragem da Herculano Mineração Montante 0.30


Fonte: Acervo pessoal, 2022.

Com grande histórico de rompimentos, a interpretação é que se tem diversas falhas nas
metodologias de construção. É fato que, por barragens de rejeitos possuírem uma construção e uso muito
longas, vários fatores ao longo do tempo podem interferir na estabilidade da construção, mas não deve
ser uma justificativa para se permitir a construção e operação de um barramento instável ou de
monitoramento insuficiente. Nessa lógica, a melhor solução é o aperfeiçoamento do processo
construtivo e do monitoramento das estruturas, com acompanhamento de uma equipe especializada e
única para tal ação. As medidas de fiscalização do governo também são essenciais para a salvaguarda
da estabilidade das barragens. Toma-se como exemplo as barragens chilenas, que após o decreto n° 248,
houve a proibição do alteamento por montante e foi exigida a ciclonagem dos rejeitos antes de serem
lançados na crista ou na praia de rejeitos.
Com o processo de ciclonagem sendo feito da forma correta, os rejeitos são separados por parcelas
com destinos diferentes, com a parcela mais grossa sendo usada na construção da crista e a parcela mais
fina sendo utilizada na praia de rejeitos, funcionando como a zona entre a lama e o barramento e
impedindo a saturação dos taludes. As barragens chilenas sobrevivem a grandes sismos, visto que o
Chile é um território de intensa atividade sísmica por estar localizado na zona de convergência de duas
placas tectônicas. As estruturas são construídas segundo projeto e de acordo com a quantidade de rejeito
a ser armazenado, muitas já ultrapassaram duzentos metros de altura e permanecem intactas.
Com resultados positivos no Chile, país de alta sismicidade, pode-se questionar a respeito do uso
de tais barragens no território brasileiro, uma vez que está localizado longe da zona de convergência de
32

placas próximas e possui alta produção de rejeitos de minério. O Brasil é um país amplo, considerado
um dos maiores mineradores do mundo, porém com um controle construtivo mediano. é fato, portanto,
que vale investir em construções duradouras e mais seguras do que gastar com manutenção e talvez,
com o custo futuro de indenização em casos de rompimento, salientando-se que as perdas são por
diversas vezes irreparáveis financeiramente.
Nesse sentido, o Brasil poderia começar a estudar as técnicas chilenas e construir barragens
ciclonadas. Como o rejeito de minério de Ferro é granulometricamente diverso no quesito peso e
tamanho, as mineradoras devem analisar a possibilidade de adotar a dupla ciclonagem para que as
partículas sejam separadas devidamente e cumpram suas funções. Além disso, também é indicado que
o método de alteamento para montante seja deixado no passado, que as construtoras optem cada vez
mais por alteamentos feitos a jusante ou em linha de centro, que tem melhor retorno em questões de
estabilidade e armazenamento.
A construção de barragens ciclonadas alteadas para jusante são a melhor opção para construções
mais seguras, pois a estrutura do alteamento a jusante permite que a barragem cresça em cima de si
mesma, independente do rejeito. O próprio método de alteamento é mais estável e, com a ciclonagem,
o rejeito que contribui para a construção também estaria em condições ótimas de uso. Apesar disso, com
a escolha desse método construtivo, faz-se necessário o aperfeiçoamento geral dos serviços das
mineradoras, pois, mesmo que haja a construção de uma barragem teoricamente mais segura, é crucial
que haja um sistema de monitoramento e a implantação de um controle de riscos.
Sob essa perspectiva, apesar de ser uma opção que conduz a vantagens econômicas, quando em
comparação a barragens de terra, a barragem ciclonada à jusante proporciona grandes impactos
ambientais, tendo em vista a grande área necessária para sua implantação, sendo esse, assim, um fator
negativo em relação aos prós econômicos e de segurança. Logo, é de suma importância que tais impactos
sejam levados em consideração visando a sustentabilidade.

7. CONCLUSÕES

Tendo em vista as informações apresentadas, é perceptível o quanto barragens são


construções importantes no que diz respeito ao destino dos rejeitos de minério. Tais estruturas
devem permitir a disposição dos rejeitos e precisam garantir a segurança da população da área.
Com a área da mineração crescendo ano após ano, e com a quantidade de rejeito produzida
aumentando na mesma proporção, é de suma importância que as barragens atendam a essas
principais funções.
A segurança das barragens é um ponto que vem sendo discutido em peso desde que
rompimentos ou falhas estruturais passaram a ser um pouco mais frequentes e assustadoras no
33

território brasileiro, dado que dois dos maiores rompimentos de barragens no Brasil,
Brumadinho e Mariana, estão entre os piores rompimentos do mundo. A causa que provocou
essas tragédias está atrelada ao tipo de barragem que foi feito, as barragens de Mariana e
Brumadinho eram alteadas para montante, que resultava em uma estrutura instável e
imprevisível.
Sob essa perspectiva, é vital que sejam estudados novos métodos de construção de
barragens. O tipo ciclonada adapta-se bem ao Brasil perante seu vasto território e sua posição
como um dos países que mais exporta minério, o que aumenta a extração e, consequentemente,
a quantidade de rejeitos. Essa metodologia é ideal para grandes armazenamentos, pois o projeto
cresce junto com o material a ser armazenado, além disso, a ciclonagem garante mais
estabilidade a barragem por permitir a segregação natural das partículas mais grossas presentes
no barramento e uma grande praia de rejeitos com a parcela fina da polpa, evitando a saturação
e liquefação dos taludes. A construção de barragens ciclonadas se mostra como um grande
passo para a indústria de mineração, visto seu histórico de sucesso no Chile, um país de alta
sismicidade e com grande quantidade de rejeitos, e um grande passo para a garantia de
segurança de populações próximas a minas de extração e barragens.
Dessa maneira, barragens alteadas para jusante ou linha de centro e proveniente da
ciclonagem de rejeitos são a alternativa mais seguras para a disposição desses materiais,
todavia, é importante ressaltar que barragens do tipo jusante são mais agressivas ao meio
ambiente, por necessitarem de grande área para sua construção. Logo, é preciso avaliar com
cuidado e, quando possível, estudar a atuação da ciclonagem nos projetos de barragens. Espera-
se que as barragens a montante se tornem cada vez mais raras e que se busque metodologias a
fim de promover a mineração de forma mais segura à sociedade e ao meio ambiente.
34

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