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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

GESTÃO AMBIENTAL E
RESPONSABILIDADE SOCIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 1
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul


do Estado do Espírito Santo, com unidades em
MULTIVIX Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto


grupo de Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos
de excelência em ensino.

Estes resultados acadêmicos colocam


todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo e
entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência cida-


dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a
credibilidade, segurança e modernidade, visando
à satisfação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-


da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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2 SUMÁRIO
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EDITORIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX

Diretor Executivo Revisão de Língua Portuguesa


Tadeu Antônio de Oliveira Penina Leandro Siqueira Lima

Diretora Acadêmica Revisão Técnica


Eliene Maria Gava Ferrão Penina Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Diretor Administrativo Financeiro Graziela Vieira Carneiro
Fernando Bom Costalonga
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Diretor Geral Carina Sabadim Veloso
Helber Barcellos da Costa Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Diretor da Educação a Distância Aline Ximenes Fragoso
Pedro Cunha Genivaldo Félix Soares

Conselho Editorial Multivix Educação a Distância


Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
do Conselho Editorial) Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Kessya Penitente Fabiano Costalonga Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Carina Sabadim Veloso Direção EaD
Patrícia de Oliveira Penina Coordenação Acadêmica EaD
Roberta Caldas Simões

BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)

Silvino, Renata Felipe.


Gestão Ambiental e Responsabilidade Social / Renata Felipe Silvino. – Serra: Multivix, 2018.

Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra


2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

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APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,

DA DIREÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte


do maior grupo educacional de Ensino Superior do

EXECUTIVA Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a


Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-


ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia,
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999,
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de
cursos de graduação, pós-graduação e extensão
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprova-


da pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
Instituições de Ensino Superior de excelência no
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade
de qualidade mas que precisam superar alguns
obstáculos.
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretor Executivo do Grupo Multivix Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
“Formar profissionais com consciência cidadã para o
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre


foi a melhor resposta para um país crescer. Para a
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Bem-vindos à disciplina Gestão Ambiental e Responsabilidade Social! A gestão am-


biental constitui um sistema de administração empresarial que visa reduzir ao má-
ximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. Já
a responsabilidade social está ligada a questões e princípios éticos adotados pela
empresa. Para que seu estudo se torne proveitoso, esta disciplina foi organizada em
unidades, com temas e subtemas.

A unidade 1, Desenvolvimento sustentável, estabelece reflexões sobre a crise am-


biental e apresenta a gestão do ambiente como ferramenta importante para conci-
liar desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

A unidade 2, Sistema de gestão ambiental, visa apresentar esse processo de admi-


nistração, que resolve as questões de âmbito ambiental e previne possíveis conse-
quências negativas relacionadas aos processos de produção das empresas.

A unidade 3, Relatórios ambientais, contempla os dois documentos, EIA e RIMA, que


subsidiam decisões sobre a viabilidade ou não de determinado empreendimento.

A unidade 4, Contabilidade ambiental, discorre teoricamente sobre a contabilidade


ambiental e contas ambientais.

Na unidade 5, Responsabilidade social, é discutida a importância da postura social-


mente responsável de uma organização.

A unidade 6, Educação ambiental, enfoca a educação ambiental como instrumento


de gestão ambiental.

A disciplina tem o objetivo de apresentar conceitos e situações práticas inerentes à


gestão ambiental no contexto das organizações e discutir a responsabilidade social.

Um bom processo de estudo envolve participação ativa nas atividades propostas.


Planeje e organize sua aprendizagem, envolva-se nos fóruns e nas demais atividades
e bons estudos!

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Objetivos da disciplina

• Definir os principais conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável e


à gestão ambiental.

• Explicar o sistema de gestão ambiental nas empresas.

• Listar e descrever os fundamentos básicos do Estudo de Impacto Ambiental


(EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

• Definir contabilidade ambiental.

• Definir e identificar a importância da responsabilidade social e da educação


ambiental.

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LISTA DE FIGURAS
>>FIGURA 2 - Mexilhões-dourados incrustados em uma pedra 18
>>FIGURA 3 - A irrigação pode transformar terras produtivas em desertos 23
>>FIGURA 4 - Florescimento de alga de um lago 24
>>FIGURA 5 - Gestão ambiental empresarial – influências 33
>>FIGURA 6 - Metodologia PDCA 35
>>FIGURA 7 - Ciclo de vida de um produto 39
>>FIGURA 9 - Biocombustíveis, combustíveis produzidos a partir de material
vegetal 42
>>FIGURA 10 - Processo de internalização da dimensão ambiental nas orga-
nizações 43
>>FIGURA 11 - Bacia Hidrográfica 52
>>FIGURA 12 - O EIA e o ciclo do projeto – Momentos da sua elaboração 54
>>FIGURA 14 - Vetores da responsabilidade social 75
>>FIGURA 15 - Henry David Thoreau 85
>>FIGURA 16 - Bombardeio atômico em Nagasaki 89

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LISTA DE TABELAS
>>QUADRO 1 - Principais normas da Série ISO 14000 37
>>QUADRO 2 - Licenças ambientais – Prazos de validade 47
>>QUADRO 3 - Princípios do EIA 54
>>QUADRO 4 - Tipos de Contabilidade Ambiental 64
>>QUADRO 5 - Demonstração dos custos e receitas ambientais 68
>>QUADRO 6 - Custos ambientais totais da empresa 69
>>QUADRO 7 - Resumo do conteúdo da ISO 26000 77
>>QUADRO 8 - Principais stakeholders e seus interesses básicos na e 79

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 13


1.1 FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 13
1.2 CRISE AMBIENTAL 15
1.2.1 SOBRE-EXPLORAÇÃO DE RECURSOS 16
1.2.2 INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS 17
1.2.3 DEGRADAÇÃO DO HABITAT E POLUIÇÃO 19
1.2.4 IRRIGAÇÃO 22
1.2.5 EUTROFIZAÇÃO 23
1.3 GESTÃO AMBIENTAL E CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 25

CONCLUSÃO 29

UNIDADE 2 2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 31


2.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) NAS EMPRESAS 31
2.1.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS 31
2.1.2 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE SGA 34
2.1.3 AS NORMAS ISO 14000 36
2.1.3.1 ISO 14001:2015 38
2.1.4 ISO 13065, UMA NORMA PARA SUSTENTABILIDADE DA BIOENERGIA 41
2.1.5 A CULTURA AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 43

CONCLUSÃO 44

UNIDADE 3 3 RELATÓRIOS AMBIENTAIS: EIA/RIMA 46


3.1 FUNDAMENTOS DE EIA/RIMA 46
3.1.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL 47
3.1.2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E RELATÓRIO DE IMPACTO AM-
BIENTAL (RIMA) 48
3.1.2.1 IMPACTO AMBIENTAL 49
3.1.2.2 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 50
3.1.2.3 EIA 51
3.1.2.4 RIMA 56

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CONCLUSÃO 59

UNIDADE 4 4 CONTABILIDADE AMBIENTAL


4.1 HISTÓRICO
61
61
4.2 CONCEITO E FUNDAMENTOS 62
4.3 CONTAS AMBIENTAIS 65
4.3.1 ATIVO AMBIENTAL 65
4.3.2 PASSIVO AMBIENTAL 67
4.3.3 RECEITA AMBIENTAL 67
4.3.4 CUSTOS (DESPESAS) AMBIENTAIS 68

CONCLUSÃO 71

5
5 RESPONSABILIDADE SOCIAL 73
UNIDADE
5.1 AS DIMENSÕES INTERNA E EXTERNA DA RSE 74
5.2 AS NORMAS QUE ENVOLVEM A RSE 76
5.3 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E STAKEHOLDERS 78
5.4 BALANÇO SOCIAL 80

CONCLUSÃO 82

6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 84
UNIDADE 6 6.1 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNDO 85
6.2 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 90
6.3 A AGENDA 21 COMO INSTRUMENTO PARA A GESTÃO AMBIENTAL 92
6.4 ASPECTOS LEGAIS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL 94

CONCLUSÃO 96

GLOSSÁRIO 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 98

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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Definir o conceito


de desenvolvimento
sustentável.

> Identificar e analisar a


problemática da crise
ambiental.

> Listar e descrever


atividades antrópicas
danosas ao meio
ambiente e suas
consequências.

> Classificar e definir


medidas de controle
da degradação
ambiental.

> Definir e avaliar gestão


ambiental.

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1 DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Ao longo desta unidade, o foco do nosso estudo será o desenvolvimento sustentável,
que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem com-
prometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. As dimen-
sões e desafios do desenvolvimento sustentável, assim como a crise ambiental, são
tratados em nível global. Por fim, a gestão ambiental é abordada como pressuposto
da sustentabilidade.

1.1 FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

A conservação ambiental e, consequentemente, de recursos naturais muitas das ve-


zes vem de encontro com as necessidades da humanidade. O desenvolvimento sus-
tentável (DS) vem buscar uma solução para esse impasse, já que permite um desen-
volvimento econômico com menores efeitos sobre o meio ambiente. As propostas de
DS estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos naturais desde que
sejam preservados para as gerações futuras (DIAS, 2007).

Segundo Braga et al. (2005), o relatório produzido pela Comissão Mundial para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) em 1987, denominado Nosso Futuro Co-
mum, apresentou pela primeira vez uma definição do conceito de Desenvolvimento
Sustentável (DS): “Atender as necessidades da geração presente sem comprometer a
habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades”. A comis-
são foi formada em 1984 pela Organização das Nações Unidas, com a participação
de membros de 22 países e, por três anos consecutivos, a comissão e seus assessores
estudaram conflitos entre os crescentes problemas ambientais e as necessidades das
nações em desenvolvimento (BRAGA et al., 2005). O relatório foi generalizado e prevê
que diversas interpretações podem ocorrer quanto ao conceito de DS, mas é inegável
que foram abertas as portas para o debate da equidade social e que o meio ambien-

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te foi incorporado definitivamente sobre o desenvolvimento (DIAS, 2007).

De acordo com Dias (2015), na sua formulação original, elaborada pela CMMAD, bus-
cava-se integrar três elementos: (1) atender as necessidades básicas da geração atual;
do mesmo modo, (2) atender as necessidades das gerações futuras; e (3) promover a
manutenção da capacidade natural para que fossem alcançado esses objetivos.

Ainda segundo Dias (2015), nessa concepção de DS estão presentes algumas premis-
sas, que são:

• O DS somente pode ser compreendido como processo.

• O crescimento deve enfatizar seus aspectos qualitativos, principalmente aqueles


relacionados com a equidade, a utilização dos recursos – em particular a energia
–, e a geração de resíduos e poluentes.

• É necessário modificar os padrões de produção e consumo, principalmente nos


países desenvolvidos, para manter e aumentar os recursos básicos, sobretudo os
agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água.

Um fator importante na estratégia está na reorientação tecnológica, principalmente


para diminuir o impacto sobre os recursos e controlar os riscos ambientais. Há, para
tanto, a necessidade de reformular as políticas públicas, as instituições e as regula-
mentações para realizar o DS.

A ideia, então, é que sejam aproveitados os recursos em quantidades racionais. As-


sim, eles serão suficientes para atender as necessidades humanas tanto atuais quan-
to futuras.

É consenso a necessidade de uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade,


e não o consumismo, pois só assim haverá esforços governamentais e avanços tecno-
lógicos capazes de salvar a humanidade dos riscos ambientais e sociais (DIAS, 2015).
Se agirmos dessa forma, os recursos naturais serão renovados, conservados e, princi-
palmente, aproveitados pelas gerações futuras.

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Na última década, a humanidade aumentou seu consumo de


bens e serviços em 28%. Somente em 2008, foram vendidos
no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigerado-
res, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones
celulares. Esses são dados do relatório O Estado do Mundo, produzido pela
Worldwatch Institute, organização com sede em Washington (EUA) que
traz anualmente um balanço com números atualizados e reflexões sobre
as questões ambientais.

1.2 CRISE AMBIENTAL

A espécie humana tem um imenso impacto para o planeta, pois suas atividades de-
terioram os sistemas ecológicos e causam a extinção de espécies. Segundo Ricklefs
(2001), a crise ambiental não pode ser totalmente resolvida até que o crescimento
populacional humano seja interrompido, o consumo de energia decline, e o desen-
volvimento econômico leve os valores ecológicos em consideração.

A população global atual utiliza-se da inesgotável energia solar e processa, por meio
de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando impla-
cavelmente algum tipo de poluição (BRAGA et al., 2005).

Segundo Dias (2015), a crise ambiental é um conceito amplamente aceito e reflete


uma realidade que se caracteriza como um momento crítico, que se configura clara-
mente em dois aspectos que a diferenciam de outros momentos da história.

Em primeiro lugar, destaca-se a globalização dos problemas ambientais. São exem-


plos, entre outros, a redução da camada de ozônio e o efeito estufa, que provocam
mudanças climáticas. Todos os países são responsáveis por esses problemas, mas são
os países desenvolvidos que consomem e poluem mais, sendo, portanto, os mais res-
ponsáveis pela crise ambiental. Em segundo lugar, é a rapidez com que ocorrem os
problemas ambientais. O aumento populacional, o desmatamento, as emissões de
GEE (gases de efeito estufa) e a disseminação de doenças tanto para seres humanos
quanto para os demais seres vivos estão caracterizados como problemas com evolu-
ção muito rápida (DIAS, 2015).

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Assim, podemos concluir que todas as atividades humanas têm consequências para
o ambiente. Conheça a seguir as principais ameaças aos processos ecológicos e à
diversidade biológica.

1.2.1 SOBRE-EXPLORAÇÃO DE RECURSOS

Segundo Ricklefs (2001), a pesca, a caça, a pastagem e a retirada de madeira para


combustível são interações clássicas entre consumidor e recurso. Na maioria dos sis-
temas naturais, essas interações atingem estados estacionários, porque, à medida
que um recurso se torna escasso, a eficiência da exploração cai. Nos sistemas econô-
micos, a interação consumidor-recurso pode entrar em equilíbrio, porque, à medida
que um recurso se torna escasso e seu preço aumenta, a demanda para aquele recur-
so cai. Por exemplo, se há falta de carne vermelha, esta encarece, e as pessoas deixam
de consumi-la e optam por carne branca ou ovos. No entanto, a alta capacidade da
população humana em explorar recursos pode conduzi-los ao esgotamento rapida-
mente, sem chances de recuperação (RICKLEFS, 2001).

O recurso pode ser extraído de modo tão extensivo que ele se torna raro e até extinto.
O mercado então busca outra espécie ou região para explorar. A pesca comercial se
enquadra nesse padrão (Figura 1) (PRIMACK; RODRIGUES, 2005).

FIGURA 1 - A PESCA PREDATÓRIA OU SOBREPESCA É RESPONSÁVEL PELO DECLÍNIO DE


VÁRIAS ESPÉCIES DE PEIXES

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

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1.2.2 INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS

A extensão geográfica de muitas espécies é limitada por barreiras climáticas e am-


bientais à sua dispersão. Os mamíferos da América do Norte são incapazes de cruzar
o pacífico e chegar até o Havaí, os peixes marinhos do Caribe não conseguem atra-
vessar a América Central e alcançar o Pacífico, e os peixes de água doce em um lago
africano não têm como chegar até outros lagos, mesmo próximos (PRIMACK; RODRI-
GUES, 2005). O homem rapidamente alterou esse padrão, transportando espécies
pelo mundo.

Embora a grande maioria das espécies exóticas não se estabeleça nos lugares nos
quais foram introduzidas, porque o novo ambiente geralmente não é adequado às
suas necessidades, certa porcentagem de espécies consegue se instalar em seu novo
lar, e muitas delas crescem em abundância às custas das espécies nativas (PRIMACK;
RODRIGUES, 2002). Essas “espécies exóticas invasoras”, como são conhecidas, repro-
duzem-se, dispersam-se e causam sérios danos ao ambiente, à economia e à saúde
humana.

O homem contribuiu e ainda contribui para a disseminação de espécies exóticas,


tanto de maneira intencional quanto não intencional. Os aborígines, por exemplo,
trouxeram os dingos (cães semidomesticados) para a Austrália; os polinésios, por sua
vez, trouxeram os ratos para o Havaí. Naturalmente, as transposições globais de es-
pécies por atividades humanas aumentaram imensamente desde que os europeus
começaram a colonizar a maior parte do mundo há 500 anos (RICKLEFTS, 2001).

De acordo com Zalba (2001) citado por Matthews e Brand (2001), é importante notar
que, embora nem todas as espécies exóticas se tornam invasoras e que os impactos
variam de acordo com as espécies e os ambientes, algumas dessas espécies causam
impactos sérios e de amplas consequências, principalmente se não controladas.

As espécies exóticas podem competir por alimento e espaço com as espécies nativas,
alimentar-se destas e, desta forma, levá-las à extinção.

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Exemplos de introdução de espécies exóticas

A abelha-africanizada Apis mellifera L. scutellata é um híbrido


resultante do cruzamento entre linhagens europeias e africa-
nas. Essa abelha disseminou-se rapidamente após ter sido introduzida no
Brasil, na década de 1950, avançando sobre as Américas do Sul e Central
a taxas de até 450 quilômetros por ano (GISP, 2005). Os enxames africa-
nizados passaram a competir pelo néctar das flores, deslocando os poli-
nizadores específicos de cada espécie de planta. Assim, juntamente com
as abelhas nativas, desaparecem as espécies arbóreas que eram por elas
polinizadas e, consequentemente, outras espécies de animais que depen-
diam desses extratos arbóreos, quer seja como moradia ou como fonte de
recurso alimentar (PRIMACK; RODRIGUES, 2005).

Um dos casos mais conhecidos de invasão biológica no Brasil é a do mexilhão-dou-


rado (Limnoperna fortunei) (Figura 2). A introdução involuntária ocorreu via água de
lastro de navios. O mexilhão-dourado, nativo do sudeste asiático, atinge densidades
populacionais de até 150 mil indivíduos por metro quadrado, que resultam em in-
crustações massivas e obstrução de tubulações e filtros de água de estações de tra-
tamento, indústrias e usinas hidrelétricas, causando graves perdas econômicas (GISP,
2005).

FIGURA 2 - MEXILHÕES-DOURADOS INCRUSTADOS EM UMA PEDRA

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

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1.2.3 DEGRADAÇÃO DO HABITAT E POLUIÇÃO

Alterar a natureza básica de um habitat muitas vezes perturba os processos naturais de


regeneração e controle. Desmatar uma floresta, por exemplo, altera muito a estrutura
física do solo, expondo-o à lixiviação. A produtividade da terra diminui abruptamente,
e a erosão do solo pode aumentar cerca de 10 vezes ou mais (RICKLEFTS, 2001).

O desmatamento ocorre devido à abertura de áreas para pastagens, produção agrí-


cola, expansão de cidades, etc. A madeira retirada pode ser utilizada para diversos
fins, como produção de móveis e obtenção de energia (carvão). Perda de biodiversi-
dade, degradação do ecossistema, poluição do ar e da água são algumas das conse-
quências posteriores (DIAS, 2015).

Outra importante forma de degradação ambiental é a desertificação. Suas principais


causas são: o excesso de pastoreio de áreas suscetíveis; desmatamento e agricultura
excessiva paralelamente às terras inclinadas; incêndios florestais; irrigação excessiva
(com águas impróprias, que levam à salinização do solo); mudanças no uso da terra
(de rural para urbana); chuvas intensas; e turismo de massa mal-controlado, que con-
tribui para o desgaste do ambiente natural e dos ecossistemas (DIAS, 2015).

Vários outros tipos de ambiente estão sendo degradados. Os manguezais, por exem-
plo, são derrubados para criações de camarão e assentamentos humanos. Rios, aos
serem represados, trazem benefícios, como o controle de inundações, água para ir-
rigação e geração de energia, mas também aumentam o transporte de areia fina,
impedem as migrações de peixes, alteram as condições da água à jusante e podem
mudar o clima local (RICKLEFTS, 2001).

Segundo Primack e Rodrigues (2005), a poluição constitui a maneira mais sutil de de-
gradação ambiental, sendo as causas mais comuns dessa degradação os pesticidas,
os produtos químicos e o esgoto liberado por indústrias e comunidades, emissões de
fábricas e automóveis, e a erosão de encostas.

Os efeitos gerais da poluição na qualidade do ar, na qualidade da água e até mesmo


no clima global são causas de grande preocupação, não apenas como ameaças para
a diversidade biológica, mas também por causa de seus efeitos na saúde humana
(PRIMACK; RODRIGUES, 2005).

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SUMÁRIO 19
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

As substâncias de poluição ou poluentes podem entrar no ambiente naturalmente,


a partir, por exemplo, de erupções vulcânicas ou por meio das atividades humanas,
como a queima de carvão e gasolina e o despejo de produtos químicos em rios e
oceanos (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Segundo Braga et al. (2005), os poluentes que
produzimos vêm de dois tipos de fonte: as fontes pontuais são únicas e identificáveis
(lançamento de esgoto doméstico ou industrial, efluentes gasosos industriais, aterro
sanitário de lixo urbano); por sua vez, as fontes não pontuais estão dispersas e, com
frequência, são difíceis de identificar (agrotóxicos aplicados na agricultura e dispersos
no ar, carregados pelas chuvas para rios ou lençóis freáticos, gases expelidos do esca-
pamento de veículos automotores, etc.). Segundo Miller e Spoolman (2015), é muito
mais fácil e barato identificar e controlar a poluição de fontes pontuais do que de
fontes não pontuais amplamente dispersas.

O rompimento da barragem de Mariana constitui um impor-


tante exemplo de degradação de habitat e poluição. No dia 5
de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem
Fundão, que acabou danificando a barragem de Santarém,
ambas localizadas no município de Mariana, cidade histórica mineira a
124 km de distância de Belo Horizonte. As barragens pertencem à mine-
radora Samarco, controlada pela Vale, e à anglo-australiana BHP Billiton. A
enxurrada de lama, constituída de rejeito da produção de minério de ferro,
inundou o subdistrito de Bento Rodrigues e se deslocou por toda a exten-
são do Rio Doce, atingindo seu estuário. Segundo a CPRM (Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil), a pluma de
sedimentos chegou à foz do rio no dia 21 de novembro e, de acordo com
especialistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), seguiu
nas direções sul e sudoeste rumo ao litoral sul do Espírito Santo.

No dia 7 de novembro, foi iniciado o monitoramento diário da qualidade das águas


na calha do Rio Doce pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Resultados
preliminares evidenciam que parâmetros como o de turbidez, condutividade elétrica
e metais pesados apresentaram valores alterados acima do limite legal, especialmen-
te no momento da passagem da pluma nos locais avaliados. Conclusões similares
foram obtidas pelas empresas que atuam na avaliação de parâmetros físico-químicos

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20 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

e biológicos contratadas pela Samarco, segundo laudo técnico preliminar do IBAMA


(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

É de concordância geral que esses valores diminuam devido à contribuição de águas


dos afluentes, bem como à capacidade de depuração do rio; no entanto, é pertinente
que há um severo comprometimento sobre toda a comunidade aquática. Os peixes,
por exemplo, morreram aos milhares instantaneamente devido à elevada quantida-
de de sólidos em suspensão, o que provoca colabamento das brânquias e asfixia. Nes-
se grupo, destaca-se ainda um dano maior, por se tratar do período de reprodução.
Segundo o IBAMA, nos espécimes mortos de curimbatá (Prochillodus sp.) coletados
no Rio Doce, por exemplo, todos estavam prontos para a desova. Populações locais de
anfíbios, répteis, aves e mamíferos também são apontadas pelo IBAMA como sensi-
velmente atingidas. Isso se deve em parte à destruição de mais de 1.000 hectares ao
longo dos cursos d’água, especialmente de matas ciliares remanescentes ocorrentes
no alto do Rio Doce, área mais gravemente afetada. Os rejeitos de mineração de ferro
com certeza afetaram o solo das áreas atingidas, produzindo alterações químicas –
particularmente no pH – e comprometendo o restabelecimento futuro da vegetação
local.

Dessa forma, o evento ocorrido em Mariana pode ser considerado um dos mais gra-
ves desastres ambientais do mundo, com proporções e consequências ainda des-
conhecidas. É fato que a maior carga dos danos ambientais foi destinada para as
populações mais socialmente vulneráveis, como pescadores artesanais, pequenos
agricultores e populações indígenas. O equilíbrio ecológico desses ecossistemas pre-
cisa ser restabelecido, e a justiça ambiental, concretizada.

A poluição e a mudança climática estão intimamente relacionadas, já que o dióxido


de carbono (CO2) é o grande responsável pela poluição e aquecimento da Terra. Os
principais gases responsáveis pelo efeito estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano
(CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3). De acordo com Dias
(2015), a mudança climática se refere às mudanças de longo prazo do estado médio
do clima e também pode se dever a fatores naturais. No entanto, as rápidas mudanças
que estão acontecendo desde meados do século passado se devem, em grande medi-
da, às emissões de gases de efeito estufa da humanidade na atmosfera, que provocam
o aquecimento global. Outras atividades humanas que também afetam o sistema cli-
mático são as emissões de poluentes e de outros aerossóis, bem como as modificações
da superfície terrestre, tais como a urbanização e o desmatamento (DIAS, 2015).

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SUMÁRIO 21
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

O Brasil está entre os países mais emissores de gases de efeito estufa, principalmente
devido às queimadas e derrubada de florestas. Chama-se a atenção, também, pela
produção de gases de efeito estufa (GEE) em hidroelétricas no país. Gases como me-
tano (CH4) são formados quando a matéria orgânica se decompõe sem a presença
de oxigênio, por exemplo, no fundo de um reservatório (FEARNSIDE; MILLIKAN, 2012).

As mudanças climáticas podem produzir uma série de efeitos, como o aumento do


nível do mar; modificações na produção agrícola, como a diminuição da produtivida-
de; prejuízos para a saúde humana, como o aumento de doenças transmitidas por
insetos; e aumento das chuvas.

Confira o documentário Before the Flood (no Brasil, chamado


Seremos História), produzido pelo ator e ambientalista Leo-
nardo DiCaprio. Lá você encontrará uma reflexão madura e
muito bem embasada do problema do aquecimento global.

1.2.4 IRRIGAÇÃO
A irrigação é uma prática agrícola que, devido à grande demanda de alimentos no
mundo, foi empregada em grandes escalas, sem manejo adequado e com sistemas
de irrigação muitas vezes inapropriados.

Dias (2015) levanta uma questão pertinente à perda de água da irrigação por meio
da evaporação, infiltração e escoamento, já que apenas cerca de 60% da água para
irrigação do mundo chega aos cultivos. O motivo é que os principais sistemas de irri-
gação não são adequados. Nesses sistemas, por exemplo, é bombeada água subter-
rânea ou de superfície por meio de valas sem revestimento, que flui pela gravidade
aos cultivos que serão irrigados.

Inúmeros problemas podem ser identificados a partir do emprego da irrigação, como:

• Rebaixamento de lençóis de água, onde os poços são a fonte de água de irrigação.

• Redução da qualidade da água do subsolo através da introdução de pesticidas e


fertilizantes.

• Acumulação de sal em solos irrigados em zonas áridas, que podem se tornar de-
sertificados (Figura 2).

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22 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

FIGURA 3 - A IRRIGAÇÃO PODE TRANSFORMAR TERRAS PRODUTIVAS EM DESERTOS

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Um bom exemplo de esgotamento de recursos hídricos pela irrigação é o aquífero


de Ogallala, que fornece quase um terço de toda a água subterrânea usada nos Es-
tados Unidos e que ajudou a transformar as Grandes Planícies em uma das regiões
agrícolas irrigadas mais produtivas. O problema é o Ogallala ser essencialmente um
local de um único depósito de capital natural líquido com uma taxa de recarga mui-
to lenta. Os subsídios do governo designados para aumentar a produção do cultivo
incentivaram os agricultores a cultivar colheitas que exigem o uso excessivo de água
em áreas secas, o que acelerou o esgotamento do Ogallala (DIAS, 2015).

1.2.5 EUTROFIZAÇÃO

Um dos mais importantes impactos que afetam a qualidade e a quantidade de água


em rios, lagos e represas é a eutrofização, que é o resultado do despejo de águas re-
siduárias de esgotos não tratados, efluentes industriais e agrícolas. Ela atinge águas
superficiais e subterrâneas (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008).

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SUMÁRIO 23
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

O aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo é a principal causa de eutro-


fização em ecossistemas continentais, onde pode haver rápido desenvolvimento de
algas (Figura 4) e crescimento excessivo de plantas aquáticas, redução das caracterís-
ticas naturais de lagos e represas, e deterioração da qualidade da água, tornando-a
não disponível para vários usos e encarecendo consideravelmente o processo de tra-
tamento (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008).

Quando as concentrações de nutrientes aumentam devido à chegada de esgotos


e resíduos orgânicos, as algas começam a se proliferar e alteram toda a ecologia do
ambiente aquático. Há uma consequente diminuição na penetração de luz, já que as
plantas e algas a bloqueiam. As taxas de decomposição e consumo de oxigênio pelos
organismos produzem metano e gás sulfídrico no sedimento.

Há ainda perda da diversidade de espécies e deterioração da qualidade da água


e, além disso, pode ocorrer mortandade de peixes devido, por exemplo, à baixa de
concentração de oxigênio dissolvido na água (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008).

FIGURA 4 - FLORESCIMENTO DE ALGA DE UM LAGO

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

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1.3 GESTÃO AMBIENTAL E CONTROLE DA


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Segundo Miller e Spoolman (2015), de acordo com as evidências, vivemos de forma


insustentável, pois desperdiçamos, esgotamos e degradamos o capital natural da Ter-
ra em ritmo acelerado. Esse processo é denominado degradação ambiental.

Para sanar esse problema, existe a administração ambiental ou gestão ambiental,


que compreende as diretrizes e as atividades administrativas realizadas por uma or-
ganização para alcançar efeitos positivos sobre o meio ambiente, ou seja, para redu-
zir, eliminar ou compensar os problemas ambientais (degradação ambiental) decor-
rentes da sua atuação e evitar que outros ocorram no futuro (BARBIERI, 2016).

Uma forma de classificar as medidas destinadas ao controle da degradação ambien-


tal ou os instrumentos de gerenciamento ambiental é enquadrá-los em medidas
preventivas e medidas corretivas. As medidas preventivas devem se antecipar e im-
pedir ou minimizar a ocorrência dos fatores de degradação. Os custos financeiros
são menores, e essas medidas são mais eficazes se tomadas antes da ocorrência da
degradação ambiental e de consequentes custos de econômicos e sociais, nem sem-
pre traduzíveis em valores monetários, mas nem por isso de menor importância. Já
as medidas corretivas, embora necessárias, são, em geral, onerosas e muitas vezes de
implementação difícil (BRAGA, 2005).

Segundo Braga (2005), podemos ainda classificar as medidas de controle da polui-


ção em estruturais e não estruturais. As medidas estruturais abrangem a execução
de obras (por exemplo, construção de estações de tratamento de esgotos urbanos
e industriais) e a instalação de equipamentos (por exemplo, filtros para retenção de
material particulado de efluentes industriais lançados por chaminés na atmosfera) e,
em geral, envolvem custos altos.

As medidas não estruturais não envolvem a execução de obras ou a manipulação de


equipamentos onerosos. São soluções mais baratas, que procuram intervir nas causas
que podem originar ou agravar um problema, evitando, assim, que ele ocorra ou per-
mitindo o seu controle. Um exemplo é a criação de áreas de proteção de mananciais,

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SUMÁRIO 25
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

que limita o desenvolvimento de atividades nessas áreas, evitando o comprometi-


mento da qualidade da água que é usada para abastecimento público (BRAGA, 2005).

A conscientização das partes interessadas no controle da degradação ambiental e,


consequentemente, na sustentabilidade social e ambiental cria novas exigências e
pressões sobre as organizações para adoção de programas de responsabilidade so-
cial e ambiental. Segundo Fenker et al. (2015), a questão ambiental passa a ser im-
portante para a gestão na medida em que o atendimento dessas exigências contri-
bui para a sustentabilidade econômica no longo prazo.

As organizações, tanto do ponto de vista social como econômico, estão passando por
questionamentos que se iniciaram com os movimentos estudantis e culturais das
décadas de 1960 e 1970 (FENKER et al., 2015).

A evolução da preocupação humana com o impacto ambiental na fase mais recente


pode ser dividida, conforme Benjamin (2009) citado por Fenker et al. (2015), em três
fases distintas:

• Décadas de 1970 e 1980: fase caracterizada pela preocupação com a poluição


(resíduos sólidos, líquidos, gasosos) e que determinou a exigência de estudo de
impacto ambiental e licenciamento ambiental.

• Década 1990: caracterizada pela preocupação com a biodiversidade, o que gerou


a assinatura da Convenção da Biodiversidade em 1992.

• Fase atual: marcada pela preocupação com as mudanças climáticas e aqueci-


mento global, o que gerou a assinatura da Convenção sobre Mudanças do Clima,
em 1992, e do Protocolo de Kyoto, em 1997. Em 2009, foi objeto da Conferência
de Copenhagen, onde cada país deveria propor metas de limites de emissões de
gases do efeito estufa.

As leis relacionadas à proteção ambiental passam, a partir daí, a ser mais severas e,
caso as empresas não cumpram essas leis, elas podem sofrer penalidades de ordem
administrativa, civil e criminal extensiva aos administradores.

Nenhuma empresa quer seu nome e imagem relacionada a um impacto negativo,

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

concorda? Até porque ela pode ter perdas financeiras, perda da reputação, reações
negativas por parte de seus consumidores e da sociedade em geral, fora as possíveis
ações judiciais, que podem ser movidas.

Assim, as empresas passam a adotar uma série de mecanismos para reduzir o con-
sumo e uso de bens naturais e evitar os riscos da atividade decorrentes da poluição
e degradação ambiental, preservando a saúde e qualidade de vida da população e a
sustentabilidade do planeta, tais como: Sistema de Gestão Ambiental (SGA); Norma
de Qualidade Ambiental (ISO 14001); selos verdes e outras ferramentas de gestão
ambiental, com repercussão nas atividades e custos (FENKER et al., 2015).

A expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relati-


vas a qualquer problema ou questão ambiental. Segundo Barbieri (2016), qualquer
proposta de gestão ambiental inclui pelos menos três dimensões:

• Dimensão temática: delimita as questões ambientais às quais as ações de ges-


tão se destinam. Poluição atmosférica, resíduos sólidos, recursos hídricos, energia,
clima, fauna e flora, desertificação, eutrofização de corpos d’água, educação am-
biental e precipitação ácida são alguns exemplos de questões ambientais objetos
de tais ações.

• Dimensão espacial: refere-se à área de abrangência na qual se espera que as ações


de gestão tenham eficácia. Algumas ações buscam solucionar questões ambien-
tais em locais específicos – por exemplo, a descontaminação de uma lagoa. Outras
ações buscam efeitos globais, como a redução das emissões de gases de efeito
estufa.

• Dimensão institucional: refere-se aos agentes responsáveis pelas iniciativas de ges-


tão, tais como órgãos intergovernamentais, governos nacionais, subnacionais, mu-
nicipais, entidades de classe e de profissionais, organizações da sociedade civil e
empresas. Uma ou mais questões ambientais podem ser tratadas por meio de ini-
ciativas diferentes, cada qual visando alcançar efeito sobre determinada área de
abrangência. Por exemplo, o aquecimento global, uma questão ambiental de na-
tureza planetária, requer gestões em todos os níveis de abrangência, desde o global
aos níveis regional, nacional, local, empresarial e até mesmo no nível dos indivíduos.

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SUMÁRIO 27
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Aplicação das dimensões da gestão ambiental

No ano de 1908, a Chisso Corporation abriu sua primeira in-


dústria química em Minamata. Em 1932, a empresa Chisso
começou a produzir acetaldeído (utilizado na produção de material plás-
tico), usando sulfato de mercúrio como catalizador e gerando como resí-
duo o metil mercúrio, composto extremamente tóxico e danoso à saúde
humana. O metil mercúrio era despejado na baía de Minamata. Em 1951,
a produção da fábrica de Minamata saltou para 6.000 toneladas por ano e
atingiu um pico de 45.245 toneladas em 1960. Em abril de 1956, começa-
ram a surgir os primeiros casos de pessoas contaminadas com os resíduos,
apresentando sintomas como dificuldade de andar, complicações na fala
e convulsões. Em 1968, a Chisso abandona o uso do mercúrio no processo
de produção do acetaldeído. Em 1977, o governo japonês começa a fazer
um projeto de remediação da área contaminada por metil mercúrio, que
vai até 1990. O desastre causou mais de 900 mortes, com sintomas severos
causados pelo envenenamento por mercúrio. Após várias batalhas judi-
ciais, a Chisso foi obrigada a indenizar as vítimas, mas os efeitos da conta-
minação ainda afetam a população daquela região.

Fonte: Braga, 2005.

Dimensão temática: poluição hídrica.

Dimensão espacial: Minamata, Japão.

Dimensão institucional: nacional, local, empresarial.

Dessa forma, as propostas de gestão ambiental empresarial devem ser apoiadas na


eficiência econômica, equidade social e respeito ao meio ambiente. Essas propostas
devem contribuir para que as empresas gerem renda e riqueza e, ao mesmo tempo,
conservação ambiental e bem-estar social.

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28 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

CONCLUSÃO
A crise ambiental está cada vez mais no centro das discussões, e o homem está to-
mando consciência de que, da sua forma de se relacionar com o ambiente, depende o
futuro do planeta. Passa a ser urgente a necessidade de mudar o atual modelo socioe-
conômico de relação sociedade-natureza. O conceito do desenvolvimento sustentável
ou sustentabilidade surge como um modelo múltiplo para a sociedade enfrentar a
crise ambiental, de forma a considerar todas as dimensões (social, econômica, política,
ecológica, etc.). A gestão ambiental, dentro desse contexto, constitui uma ferramenta
do desenvolvimento sustentável, já que é constituída por um conjunto de ações que
visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o
meio ambiente. Observa-se, também, que, na gestão ambiental, aliados às ações de
responsabilidade social estão os princípios do desenvolvimento sustentável, pois as
empresas em busca de credibilidade incorporam, tanto nas suas atividades quanto na
tomada de decisão, as variáveis ambiental e social.

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SUMÁRIO 29
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Definir o processo de


implantação de um
Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) em
uma organização.

> Relatar as vantagens


da certificação ISO
14000.

> Identificar as
aplicações das
principais normas
da série ISO 14000,
especialmente a ISO
14001:2015.

> Definir a ISO 13065


e identificar a
importância do
desenvolvimento da
cultura ambiental nas
organizações.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

2 SISTEMA DE GESTÃO
AMBIENTAL
Nesta unidade, você terá a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre o Sis-
tema de Gestão Ambiental (SGA) e as normas da ISO 14000. O processo de implan-
tação do SGA será apresentado, assim como as principais normas da série ISO 14000.
A cultura ambiental nas organizações será discutida como instrumento de mudança
em prol do meio ambiente.

2.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) NAS


EMPRESAS

Segundo Dias (2017), as empresas constituem, hoje, um dos principais agentes res-
ponsáveis pela obtenção de um desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade
passa a constituir uma função administrativa. A adoção de Sistemas de Gestão Am-
biental (SGA) integrados, que envolva a mudança da cultura organizacional da em-
presa e introduza o componente ambiental entre as preocupações desta, é impor-
tante e se faz necessária diante das novas exigências.

2.1.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS

A gestão ambiental é a expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial


que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente.
O processo de gestão ambiental nas empresas está vinculado a normas elaboradas
pelas instituições públicas sobre o meio ambiente. Tais normas são obrigatórias para
as empresas que pretendem implantar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

O SGA, desta forma, baseia-se no atendimento à legislação ambiental e na melhoria

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SUMÁRIO 31
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

contínua do desempenho ambiental da organização. De acordo com Dias (2017),


a violação das normas legais ou seu desconhecimento afeta de forma significativa
os investimentos das empresas, além de alterar sua capacidade de intervenção no
mercado. No início, as empresas respondiam aos problemas conforme iam surgindo.
Assim, houve um predomínio de medidas corretivas para solucionar os problemas
ambientais causados pelas atividades das organizações. Essa política ambiental tem
caráter reativo. Em contrapartida, uma política com caráter proativo se utiliza de me-
didas preventivas, que estudam não só os impactos diretos da empresa, mas tam-
bém aqueles produzidos ao longo de toda a vida do produto.

Saiba mais

Confira a Lei nº 12.305/2010 – Lei dos Resíduos Sólidos

Uma medida preventiva é a implementação de sistemas de logística rever-


sa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor. Lâmpadas
fluorescentes, pilhas ou baterias devem ter uma destinação correta, que não
acarrete em problemas ambientais. De acordo com a Lei nº 12.305/2010 –
Lei dos Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e co-
merciantes desses produtos são obrigados a estruturar e implementar sis-
temas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana
e de manejo dos resíduos sólidos (art. 33). Portanto, os fornecedores devem
cumprir a lei, por exemplo, disponibilizando postos de coleta.

Segundo Barbieri (2016), se não houvesse pressões da sociedade e medidas gover-


namentais, não se observaria o crescente envolvimento das empresas nas questões
ambientais. Como mostra a Figura 1, as preocupações ambientais dos empresários
são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que interagem entre si: o go-
verno, a sociedade e o mercado.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

FIGURA 5 - GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL – INFLUÊNCIAS

Meio ambiente Governos

Empresas

Sociedade Mercado

Fonte: BARBIERI (2016), p. 83.

Os políticos estão cada vez mais pressionados pela sociedade, o que levou a aprova-
ção de leis em prol de questões ambientais a se tornar uma constante.

As influências do mercado são muitas e bastante específicas. A intensificação dos


processos de abertura comercial, por exemplo, expõe os produtores a uma compe-
tição mais acirrada e de âmbito mundial, que tem induzido a regulamentação e au-
torregulamentação socioambientais. Investidores procuram minimizar os riscos de
seus investimentos, já que a geração de passivos ambientais pelo não cumprimento
da legislação ambiental pode comprometer a rentabilidade futura de uma empre-
sa. E o setor de seguros tem exercido pressão para que as empresas melhorem seus
desempenhos ambientais, uma vez que os sinistros ambientais podem ser bastante
onerosos (BARBIERI, 2016).

Por fim, outra fonte de pressão sobre as empresas advém do aumento da consciência
da população em geral. Os consumidores estão mais exigentes, por isso procuram
produtos e serviços mais sustentáveis.

Assim, não faltam pressões para que as empresas adotem medidas de proteção ao
meio ambiente, bem como para que imponham as práticas ambientais que julgam
mais apropriadas, como indicam as setas mais finas da Figura 1.

De acordo com Barbieri (2016), o SGA é um conjunto de atividades administrativas


e operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou

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SUMÁRIO 33
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

para evitar o seu surgimento. Essa melhoria da qualidade necessita de uma atuação
da organização em face das pressões dessas forças de mercado, representadas pelas
variáveis ambientais: legais (normas da série ISO 14000, por exemplo), econômicas,
tecnológicas, sociais, demográficas e físicas.

2.1.2 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE SGA

A elaboração de um diagnóstico geral e preciso da situação da empresa em todo


o processo produtivo constitui o início da implantação de um SGA. Assim, pode ser
criada uma política ambiental para a organização, além de um programa permanen-
te de conscientização dos empregados sobre a gestão ambiental em suas atividades
(LINS, 2015).

A metodologia Plan, Do, Check e Act (PDCA) é uma forma indicada de implantação
de um SGA (Figura 2). Segundo Barbieri (2016), como indicado pelas setas (Figura 2),
assim que uma melhoria é alcançada, o ciclo se repete, inicialmente para sustentá-la,
depois, para superá-la.

Em linhas gerais o processo de implantação de um SGA é composto das seguintes


fases: análise inicial; planejamento; implantação; avaliação, sugestões de medidas
corretivas e comunicação.

A análise inicial é composta de visita à empresa, com recolhimento do máximo pos-


sível de informações, identificação inicial de evidências de possíveis não conformida-
des e/ou ineficiências ambientais, avaliação preliminar dos resultados com a determi-
nação do escopo do trabalho e das áreas críticas que serão objeto de mais cuidados
(LINS, 2015).

No planejamento devem ser analisados os possíveis impactos ambientais sob respon-


sabilidade direta ou indireta da empresa, levantada a legislação ambiental aplicável
à empresa, estabelecidos os objetivos e prazos de acordo com a política ambiental
e elaborados cronogramas orçamentários físico e financeiro do SGA (LINS, 2015). Se-
gundo Barbieri (2016), os objetivos ambientais devem estar coerentes com a política
ambiental. Para seu alcance, a organização deve determinar o que será feito, quais
recursos serão requeridos, quem será o responsável, quando será concluído e como
os resultados serão avaliados.

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FIGURA 6 - METODOLOGIA PDCA

Política ambiental

Planejamento (Plan)
Objetivos e metas; programas de gerenciamento
ambiental.

Implantação (Do)
Responsabilidades; treinamento; comunicação;
documentação do SGA; controle de documentos;
procedimentos de emergência.

Ações
es corretivas (Check) Medidas preventivas e
corretivas; auditoria de SGA.

Avaliação gerencial (Act)

Fonte: LINS, 2015, p. 32.

A implantação deve englobar a participação de toda a empresa, desde posições na


alta direção até a operacional. A empresa deve avaliar o cumprimento das normas
ambientais, determinar responsabilidades e metas ambientais, avaliar todas as fases
do processo produtivo com o SGA e estabelecer rotinas para situações de emergên-
cia. A avaliação geral do SGA e o treinamento devem ser constantes.

Segundo Lins (2015), deve-se atentar para a avaliação, sugestões de medidas corretivas
e comunicação. A alta administração deve acompanhar e avaliar periodicamente os
resultados e o cronograma de cada fase. A avaliação do desempenho ambiental cor-
responde ao C (de checar, verificar) do ciclo PDCA. Desempenho ambiental refere-se
aos resultados mensuráveis relacionados à gestão de aspectos ambientais. O monito-
ramento faz parte da avaliação do desempenho ambiental. Por exemplo, acompanhar
diariamente o consumo de água para verificar se o objetivo de redução de consumo
está sendo alcançado conforme determinado. Caso haja a necessidade de correções
para a melhoria contínua, o monitoramento será a ferramenta indicativa para tal.

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SUMÁRIO 35
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Medidas corretivas devem ser empregadas para eliminar a causa de uma não con-
formidade e prevenir a sua ocorrência. A empresa, nesse caso, deve executar ações
para controlar e corrigir a não conformidade, mitigando impactos adversos. Após a
implantação de todos os procedimentos operacionais do SGA, é importante asse-
gurar que as informações serão geradas em momento oportuno e para as pessoas
devidamente autorizadas e interessadas. Todos os documentos e registros do SGA
devem ser mantidos em local seguro e prontos para uso do pessoal interno ou para
as auditorias (LINS, 2015).

2.1.3 AS NORMAS ISO 14000

De acordo com Dias (2015), as normas ISO são normas ou padrões desenvolvidos
pela International Organization for Standardization, com sede em Genebra, na Suíça.
Alguns países são representados por entidades governamentais ou não diretamente
vinculadas ao governo, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que
representa o Brasil.

Segundo Barbieri (2016), as normas possuem elevado consen-


so internacional e não constituem barreiras técnicas ao co-
mércio. Isso explica o grande sucesso delas, cuja primeira ex-
periência se deu no campo da qualidade com as da série ISO
9000 (BARBIERI, 2016).

O termo “ISO” utilizado para representar a organização International Organization


for Standardization não é uma sigla, pois em português seria “OIN” e em inglês seria
“IOS”. A palavra “ISO” é derivada do grego, que significa igual. A utilização desse termo
decorre do fato de representar o sentido de igualdade para uma norma de alcance
mundial (LINS, 2015).

Barbieri (2016) aponta três tipos de normas sobre sistemas de gestão: (1) normas
que especificam requisitos para criar, manter e aperfeiçoar o sistema de gestão; (2)
normas guias ou de diretrizes para orientar o atendimento de requisitos; e (3) normas
sobre temas específicos auxiliares. São exemplos de normas do primeiro tipo a ISO
14001, que especifica requisitos de um SGA, e a ISO 9001, de um sistema de gestão

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36 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

da qualidade. A ISO 14004 e a ISO 9004 são normas do segundo tipo, que fornecem
diretrizes gerais sobre os sistemas de gestão ambiental e de qualidade, respectiva-
mente. As normas ISO 19011 sobre auditoria e a ISO 14031 sobre avaliação do de-
sempenho ambiental são exemplos de normas do terceiro tipo (BARBIERI, 2016).

O uso da norma ISO 14031 não é obrigatório, nem mesmo para a organização que
possui um SGA conforme os requisitos da ISO 14001. Porém, a norma ISO 14031
apresenta diretrizes e recomendações que facilitam a determinação de indicadores
para fins do SGA.

As normas ISO 14000 são uma família de normas que buscam estabelecer ferramen-
tas e sistemas para a administração ambiental de uma organização. As normas, de
acordo com a série, estabelecem as diretrizes para auditorias ambientais, avaliação
de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos pro-
dutos (Quadro 1).

QUADRO 1 - PRINCIPAIS NORMAS DA SÉRIE ISO 14000

NORMA/ANO DESCRIÇÃO
ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental. Especificações de uso.
Sistema de Gestão Ambiental. Diretrizes gerais, princípios, sistema e téc-
ISO 14004
nicas de apoio.
Sistema de Gestão Ambiental. Aplicável principalmente em pequenas e
ISO 14005
médias empresas.
ISO 14010 Diretrizes para auditoria ambiental. Princípios gerais.
Diretrizes para auditoria ambiental. Procedimentos de auditoria. Audito-
ISO 14011
ria de SGA.
Diretrizes para auditoria ambiental. Qualificação de auditores ambien-
ISO 14012
tais.
ISO 14020 Rótulos de declarações ambientais. Princípios gerais.
ISO 14021 Rótulos de declarações ambientais. Autodeclaração ambiental.
Gerenciamento ambiental. Avaliação de desempenho ambiental. Dire-
ISO 14031
trizes.
Gerenciamento ambiental. Avaliação de desempenho ambiental. Estudo
ISO 14032
de casos.
ISO 14040 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Princípios e estrutura.
Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Definição dos objeti-
ISO 14041
vos, escopo e análise de inventário.
Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Avaliação do impac-
ISO 14042
to do ciclo de vida.
Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Interpretação do ci-
ISO 14043
clo de vida.

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SUMÁRIO 37
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

NORMA/ANO DESCRIÇÃO
Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Documentação de
ISO 14048
dados do ciclo de vida.
Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Exemplos para a ISO
ISO 14049
14041.
ISO 14050 Gerenciamento ambiental. Vocabulário.
ISO 14063 Gerenciamento ambiental. Comunicação ambiental.
ISSO 14064 Gerenciamento ambiental. Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Gerenciamento ambiental. Complemento, validação de organismos e va-
ISO 14065
lidação das declarações sobre GEE.
Fonte: LINS, 2015, p. 24.

2.1.3.1 ISO 14001:2015

Conforme Dias (2017), a norma ISO 14001 é a ferramenta de gestão mais difundida
no mundo, com mais de 250.000 organizações que a aplica em 167 países. Após 11
anos decorridos da última revisão foi lançada a última versão, a ISO 14001:2015, que
estabelece normas para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A
certificação dessa norma ajuda a prevenir os impactos ambientais utilizando méto-
dos adequados para evitá-los, reduzi-los ou controlá-los. Entre suas vantagens estão
a de transmitir o compromisso assumido pela organização de forma direta e crível,
viabilizar benefícios econômicos por meio da otimização do consumo de energia, de
matérias-primas e de água e pela melhoria dos processos, também reduz os riscos
legais de recebimento de multas (DIAS, 2017).

A nova certificação estabeleceu padrões mais elevados de sustentabilidade e de-


sempenho organizacionais. Essas novas mudanças estão sintonizadas com a urgen-
te necessidade de adaptação das empresas às exigências para se engajarem mais
firmemente na solução dos problemas ambientais. Além disso, a ISO 14001:2015 é
compatível com outros sistemas de gestão (como a ISO 9001, de qualidade) e apre-
senta um texto claro, que evita interpretações equivocadas.

Um dos aspectos importantes da nova versão da ISO 14001 é a consideração pelo


ciclo de vida (Figura 3), definido como estágios consecutivos e encadeados de um
sistema de produto ou serviço, desde a aquisição da matéria-prima ou sua geração a
partir de recursos naturais até a disposição final.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

O ciclo de vida de um produto é segmentado em cinco fases


distintas: extração e fabricação das matérias-primas; fabrica-
ção do produto; utilização do produto pelo cliente; e fim de
vida do produto. Essa última fase compreende os meios de
eliminação do produto utilizado: reciclagem, incineração, meios de des-
carga (como depósito de lixo), etc. (DIAS, 2014).

FIGURA 7 - CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO

CICLO DA ECONOMIA

RECURSOS

RESÍDUOS

A introdução da ISO 14001 trata do desenvolvimento sustentável e afirma que o ob-


jetivo desse desenvolvimento se alcança com o equilíbrio entre os pilares econômico,
social e ambiental (Figura 4).

A norma ISO 14001 tem como objetivos principais:

• Apoiar a proteção ao meio ambiente e a prevenção da poluição em equilíbrio


com as necessidades socioeconômicas.

• Possibilitar às empresas a implantação e continuação do atendimento das exi-

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SUMÁRIO 39
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

gências legais e de suas políticas para o meio ambiente em seus potenciais im-
pactos significativos.

FIGURA 8 - OS PILARES ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DEVEM SER CONSIDERADOS


NA PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

ECONOMIA

SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
MEIO
SOCIAL
AMBIENTE

Lins (2015) ressalta, ainda, que para a correta implementação ou aperfeiçoamento de


um SGA sob a ótica da ISO 14001, algumas premissas devem ser consideradas para
o sucesso das medidas:

• Encorajar o planejamento ambiental do início ao fim do ciclo de vida do produto


ou do processo.

• Reconhecer que a gestão ambiental está entre as mais altas prioridades da cor-
poração.

• Estabelecer e manter diálogo com as partes interessadas, internas e externas.

• Mensurar as obrigações legais e os aspectos ambientais associados com ativida-


des da organização, seus produtos e serviços.

• Desenvolver o compromisso da gerência e dos empregados para com a proteção

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do ambiente, com definição clara das responsabilidades.

• Prover recursos apropriados e suficientes, incluindo treinamento para alcançar,


numa base ambiental contínua, os níveis de desempenho.

• Avaliar o desempenho ambiental confrontando-o com a política, objetivos e me-


tas, visando à melhoria, quando apropriado.

• Estabelecer um processo de gerenciamento para analisar criticamente e auditar


o SGA e para identificar oportunidades de melhoria do sistema e do desempenho
ambiental resultante.

• Encorajar contratados e fornecedores a estabelecerem um SGA.

2.1.4 ISO 13065, UMA NORMA PARA


SUSTENTABILIDADE DA BIOENERGIA

A Organização Internacional para Padronização (International Standard Organization


– ISO) publicou em 2015 a norma ISO 13065:2015 (critérios de sustentabilidade para
a bioenergia), para ser utilizada na avaliação da sustentabilidade de produtos e pro-
cessos relacionados à geração de energia de origem orgânica, de forma a assegurar
segurança energética e contribuir para a sustentabilidade.

Essa nova norma contribui em muito para a construção e consolidação da perspec-


tiva do desenvolvimento sustentável, no âmbito empresarial, somando-se a outros
padrões já existentes que vão na mesma direção, como a ISO 14001, de gestão am-
biental, e a ISO 26000, que estabelece diretrizes para responsabilidade social.

Dentro desse contexto, o Brasil, de acordo com Dias (2017), é um dos países mais pro-
missores no que diz respeito ao aproveitamento da energia a partir de matéria orgâni-
ca, que origina a bioenergia. O país tem enorme potencial nas diversas formas da bioe-
nergia, quer no estado líquido, quer no sólido ou gasoso. Em termos de combustíveis
líquidos, tem o etanol e o biodiesel (Figura 5). A biomassa sólida é abundante e pouco
utilizada, como restos de matéria orgânica e bagaço de cana, por exemplo. O biogás

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SUMÁRIO 41
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

é obtido pela decomposição da matéria orgânica na ausência do oxigênio, gerando


gás metano, que pode ser utilizado para o aquecimento e produção de eletricidade.

FIGURA 9 - BIOCOMBUSTÍVEIS, COMBUSTÍVEIS PRODUZIDOS A PARTIR DE MATERIAL VEGETAL

biocombustível

Dicas

Confira o Programa “Como será? – Geração de Biogás no Oeste


Paranaense”

O programa apresenta um projeto no Oeste Paranaense, que garante o


tratamento dos dejetos animais transformando um agente poluidor em
biogás e biofertilizante. Isso ainda dá a possibilidade do produtor de co-
mercializar esses produtos e gerar uma renda adicional.

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42 SUMÁRIO
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2.1.5 A CULTURA AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

Para Dias (2017), a adoção de Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas deve vir
acompanhada de uma mudança cultural, em que as pessoas têm de estar mais en-
volvidas com a nova perspectiva. Nesse sentido, alguns hábitos e costumes arraigados
que são consolidados no ambiente externo das empresas devem ser combatidos, e
outros positivos devem ser assimilados pelo conjunto da organização.

No Brasil, há uma disparidade no comportamento das empresas no que diz respeito


ao atendimento às questões ambientais. Algumas empresas levam em consideração
o meio ambiente, enquanto outras não o incluem em seu planejamento estratégico.

Meredith (1994), citado por Andrade (1997), sugere uma tipologia de possíveis estra-
tégias ambientais empresariais desenvolvidas durante o processo de internalização
da dimensão ambiental nas organizações (Figura 6). As empresas podem ser classifi-
cadas em reativas, ofensivas e inovativas.

FIGURA 10 - PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO DA DIMENSÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

As empresas classificadas como reativas confinam suas ações em um atendimento


mínimo e relutante com relação à legislação ambiental local e ao gerenciamento
mínimo de seus riscos, os quais assumem papel dominante na estratégia ambiental
dessas organizações. A percepção das empresas está baseada na proposição de que
não há oportunidade de mercado para compensar os aumentos de custos proporcio-
nados pela internalização da dimensão ambiental (ANDRADE, 1997).

Já as ofensivas querem obter vantagem competitiva, onde for possível, e sem mui-
to investimento. As empresas ofensivas percebem a variável ambiental como uma
oportunidade, porém o controle da poluição ainda é uma função eminentemente da
produção (ANDRADE, 1997). A preocupação revelada por muitas empresas pode ter
várias origens, e não necessariamente retrata uma maior consciência ambiental ou
um maior comprometimento com a sustentabilidade.

Por fim, segundo Andrade (1997), as empresas inovativas se antecipam aos proble-

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SUMÁRIO 43
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mas ambientais futuros por meio da sua resolução, simultaneamente com o fortale-
cimento de suas posições no mercado. Nesse terceiro estágio, a questão ambiental
passa a ser incorporada nas estratégias empresariais mais gerais como um elemento
importante de construção de vantagens competitivas duradouras.

De acordo com Dias (2017), a cultura ambiental é um conjunto de comportamentos


sociais fundamentados no valor “meio ambiente”, que se constitui em um sistema
de significados e de símbolos coletivos segundo os quais os integrantes de determi-
nada empresa interpretam suas experiências e orientam suas ações referentes ao
meio ambiente. Portanto, as pressões sociais e as políticas públicas em prol do meio
ambiente podem influenciar a cultura ambiental das empresas e potencializar a con-
servação ambiental.

CONCLUSÃO
A adoção de SGA integrados, que envolva a mudança da cultura organizacional da
empresa em prol da conservação ambiental, é importante e pertinente diante da
atual conjuntura de crise socioambiental. As normas orientam os sistemas de ges-
tão, as ISO 14000, por exemplo, se referem a um processo pelo qual as organizações
deverão estabelecer políticas e objetivos que cumpram as leis e regulamentações
ambientais e que evitem a poluição. Trata-se de um sistema de normalização abran-
gente, que visa ao cumprimento das leis e considera os princípios da conservação
ambiental, além de universalizar conceitos e procedimentos. Uma organização que
tenha o seu SGA certificado pela ISO 14000, por exemplo, terá controle sobre os seus
resíduos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. No entanto, isso não é uma ga-
rantia de que tal organização não esteja causando impactos ao meio ambiente.

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UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Identificar os
princípios do
licenciamento
ambiental.

> Listar e descrever os


fundamentos básicos
do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e
Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).

> Explicar a importância


desses dois
documentos na
atuação ambiental de
empreendimentos.

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3 RELATÓRIOS AMBIENTAIS:
EIA/RIMA
A unidade trata dos aspectos mais importantes do Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), tais como conceitos, requisitos e con-
teúdo. Esses dois documentos subsidiam a gestão pública na tomada de decisão
quanto à viabilidade ambiental ou não, de determinado empreendimento. O licen-
ciamento ambiental, um procedimento administrativo para o controle ambiental,
também, é apresentado.

3.1 FUNDAMENTOS DE EIA/RIMA

Para agir sobre os impactos ambientais, é necessário conhecê-los e estudá-los, tan-


to os que resultam das atividades humanas em curso quanto os que podem vir a
ocorrer no futuro em decorrência de novos produtos, serviços e atividades. Qualquer
abordagem de gestão ambiental de uma organização, seja corretiva, preventiva ou
estratégica, requer a identificação e análise de impactos ambientais a fim de se esta-
belecer medidas para agir em conformidade com a abordagem, a legislação ou com
a sua política ambiental (BARBIERI, 2016).

A avaliação prévia de impactos ambientais é considerada como princípio ambiental,


tal é sua importância como norteadora de procedimentos na área ambiental, com
previsão na Constituição Federal, art. 225; na Lei 6.938/81, que instituiu a Política Na-
cional do Meio Ambiente, art. 9º; na declaração do Rio sobre Desenvolvimento e Meio
Ambiente, no Princípio 17.

Tanto o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), quanto o Relatório de Impacto Ambien-


tal (RIMA) constituem instrumentos de gestão ambiental, que avaliam previamente
os impactos e antecipam soluções antes de implantá-los. O EIA constitui um estudo
mais amplo, enquanto o RIMA expressa o trabalho de modo conclusivo, trazendo
uma avaliação valorativa que identifique se o projeto é ou não nocivo ao meio am-
biente e em que grau.

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3.1.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Para que os empreendimentos com atividades impactantes ao meio ambiente pos-


sam se estabelecer, faz-se necessário o licenciamento ambiental. Segundo a Resolu-
ção Conama 237/97, art. 1º, o licenciamento ambiental é um procedimento admi-
nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições
legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Segundo Lins (2015), a licença ambiental é um documento com prazo de validade


definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi-
das de controle ambiental a serem seguidas pelas empresas.

Todas as licenças ambientais são válidas por tempo determinado e, para cada tipo de
licença, há um prazo de validade mínimo e um máximo (QUADRO 1).

QUADRO 2 - LICENÇAS AMBIENTAIS – PRAZOS DE VALIDADE

PRAZOS
TIPO DE LICENÇA
MÁXIMO MÍNIMO
Licença Prévia 5 anos Prazo estabelecido pelo cronograma dos planos,
programas e projetos relativos à atividade ou ao
empreendimento. Esse prazo poderá ser prorro-
6 anos gado desde que não ultrapasse o prazo máximo
Licença de Instalação da respectiva licença.
Mínimo de quatro anos ou o prazo considerado
nos planos de controle ambiental. Prazos especí-
Licença de Operação 10 anos ficos para empreendimentos ou atividades sujei-
tos a encerramentos ou modificações em prazos
inferiores.
Fonte: Quadro 1 - Brasil, 1997, art. 18.

Entre as principais características avaliadas no processo de licenciamento pode-se


ressaltar: o potencial de geração de líquidos poluentes (despejos de efluentes), resí-
duos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos de explosões e de
incêndios (LINS, 2015).

Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume compromissos com a ma-


nutenção da qualidade ambiental do local em que se instala. As modalidades de

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SUMÁRIO 47
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

licença ambiental previstas na legislação brasileira são as seguintes:

Licença Prévia (LP): É a primeira etapa do licenciamento, contendo requisitos básicos


a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os pla-
nos municipais, estaduais e federais de uso do solo.

Licença de Instalação (LI): Sua concessão autoriza o início da implantação, de acordo


com as especificações constantes do projeto executivo aprovado.

Licença de Operação (LO): Autoriza, após as verificações necessárias, o início da ativi-


dade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle da poluição,
de acordo com o previsto nas licenças Prévia e de Instalação.

É exatamente na Licença Prévia (LP), no caso de uma obra de


significativo impacto ambiental, que deverão ser providencia-
dos o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
Nesta fase, portanto, o empreendedor deverá atender ao art.
225, §1º, IV da Constituição Federal e da Resolução 001/86 do Conama,
elaborando os estudos ambientais que serão entregues ao órgão ambien-
tal para análise e deferimento.

O EIA e o RIMA podem ser exigidos em qualquer uma das etapas do licenciamento
ambiental. A Resolução Conama 237/97 estabelece, em seu art. 7º, que os empreen-
dimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, ou seja,
federal, estadual ou municipal. Essa regra contraria a anteriormente estabelecida,
através da Resolução Conama 01/86, que atribuía aos órgãos estaduais e, supletiva-
mente, ao Ibama esta competência, deixando abertura para que os órgãos munici-
pais de controle ambiental fizessem também essa exigência caso fosse necessário
(CARVALHO, 2007).

3.1.2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E


RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento preventivo da política am-


biental que possibilita identificar, quantificar e minimizar as consequências negativas

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de um empreendimento antes do início de suas atividades. O objetivo é antecipar os


possíveis danos ambientais de forma a permitir a avaliação das alternativas disponí-
veis que mitiguem os impactos indesejáveis e maximizem os positivos (LINS, 2015).
No Brasil, a AIA, após publicação da Resolução CONAMA 001/86, passou a ser imple-
mentada por meio da elaboração do EIA/RIMA.

3.1.2.1 IMPACTO AMBIENTAL

O impacto ambiental corresponde às alterações nos meios físico, biótico e social pro-
duzidas pelas atividades antrópicas em andamento ou que estão por vir, ou seja, o
impacto pode ser real ou potencial. Nesse último caso, se a atividade vier a ser imple-
mentada no futuro. Os impactos podem gerar efeitos positivos e negativos.

O impacto ambiental pode direta ou indiretamente, afetar (BARBIERI, 2016):

1. A saúde, a segurança e o bem-estar da população.

2. As atividades sociais e econômicas.

3. A biota.

4. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.

5. A qualidade dos recursos ambientais.

Segundo essa definição, apenas os impactos negativos são considerados. Quando


se fala em impactos ambientais decorrentes de ações humanas, há a tendência a
associá-los apenas aos efeitos negativos sobre os elementos do ambiente natural e
social, pois a degradação ambiental que nos rodeia consiste basicamente nos resul-
tados indesejáveis dessas ações. Porém, não se deve esquecer os impactos positivos,
que em última instância são os que conferem sustentabilidade econômica, social e
ambiental ao empreendimento ou atividade (BARBIERI, 2016).

Os impactos causados por grandes empreendimentos são mais perceptíveis e os efei-


tos que geram são, geralmente, mais significativos. Entre as atividades modificadoras
do meio ambiente que dependem da elaboração de EIA/RIMA estão, entre outras:
rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, oleodutos, gasodutos, emissários de esgotos

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SUMÁRIO 49
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

sanitários, barragens, aterros sanitários, complexos e unidades industriais, zonas e dis-


tritos industriais, projetos agropecuários etc. (DIAS, 2017).

Algumas terminologias são importantes no entendimento deste processo. É neces-


sário, por exemplo, diferenciar Aspecto Ambiental de Impacto Ambiental. O aspecto
ambiental é definido como elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
organização que interage ou pode interagir com o meio ambiente. Os aspectos am-
bientais resultam do uso de água, matérias-pRIMAs, energia, espaço e outros recursos
produtivos e do uso do meio ambiente como receptáculo de resíduos dos processos
de produção e consumo (BARBIERI, 2016). O aspecto ambiental é a causa, e o impac-
to ambiental, o efeito. O impacto ambiental é uma modificação no meio ambiente,
negativa ou benéfica, produzida totalmente ou parcialmente a partir dos aspectos
ambientais da empresa.

Segundo a resolução CONAMA 307/2002, os resíduos da cons-


trução civil são provenientes da construção, demolição, refor-
mas, reparos e da preparação e escavação do solo, gerando as-
pectos e impactos ambientais. A produção de resíduos sólidos,
como lages, tijolos, pisos fragmentados, constituem a causa que produz a
poluição do solo, um efeito. O consumo de água (aspecto/causa) na constru-
ção civil, por sua vez, pode comprometer a disponibilidade de água (impac-
to/efeito). Em uma exploração mineral, por exemplo, a geração de poeira e
ruído constitui um aspecto, enquanto a poluição do ar e sonora, e também
o desconforto produzido para os trabalhadores, constitui um impacto.

3.1.2.2 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO


AMBIENTAL

A avaliação dos impactos ambientais é bastante importante para um EIA e assim


diversos métodos foram e continuam sendo desenvolvidos. A metodologia de avalia-
ção dos impactos ambientais deve ser escolhida conforme o tipo de avaliação a ser
empregada. Das principais metodologias atualmente utilizadas, destacamos resumi-
damente as seguintes, de acordo com Lins (2015):

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• Ad Hoc: Consiste na formação de grupos multidisciplinares dentro dos quais es-


pecialistas diversos apresentam suas considerações e opiniões. Em função da sua
simplicidade, menor tempo de execução e custos é muito usado. A desvantagem
consiste na possibilidade de um alto grau de subjetividade nas análises por ser
eminentemente qualitativo e menos quantitativo.

• Checklist: Possui características parecidas às do método Ad Hoc em relação aos


grupos multidisciplinares, à simplicidade, ao menor tempo e custos e à subjeti-
vidade. A diferença básica é que esse método utiliza-se de listas padronizadas e
previamente elaboradas conforme o tipo da AIA.

• Matrizes de interação: Surgiu da necessidade de resolver algumas críticas ao mé-


todo de checklist. O objetivo principal deste método é buscar uma relação/ in-
teração entre o projeto e os diversos fatores ambientais possivelmente afetados.
Nesse sentido, é utilizada uma escala que varia de 01 a 10 para avaliar e medir os
possíveis impactos do projeto.

• Superposição de cartas: Usa dados cartográficos na forma de fotografias aéreas


(mapas) via satélite das áreas analisadas. É usado, por exemplo, para determinar
queimadas na Amazônia.

3.1.2.3 EIA

De acordo com Carvalho (2007), o EIA é um instrumento que, além de subsidiar


ações de precaução, serve de base para o planejamento de ações na área ambiental
por avaliar o meio ambiente antes da realização das atividades impactantes e inferir
os danos que o empreendimento pode causar, fornecendo assim instrumentos para
que os gestores avaliem e decidam sobre a viabilidade total, parcial ou inviabilidade
deste no local escolhido para sua implementação.

A Resolução Conama 01/86, art. 2º, lista alguns casos de atividades ou empreendi-
mentos sujeitos ao EIA e ao RIMA. Entretanto, cabe ao órgão ambiental competente
identificar as atividades e os empreendimentos para os quais há a necessidade da
elaboração deste estudo e a emissão do EIA/RIMA. O EIA também deve atender às
seguintes exigências contidas na lei de Política Nacional do Meio Ambiente:

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• Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando


em conta a hipótese da não execução do projeto.

• Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e


operação das atividades.

• Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos (área de influên-
cia do projeto), considerando principalmente a “bacia hidrográfica” (FIG.1) na qual
se localiza.

• Levar em conta planos e programas do governo, propostos ou em implantação na


área de influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis.

FIGURA 11 - BACIA HIDROGRÁFICA

Fonte: Figura 5 – Unidades da matéria / Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Saiba mais

O conceito de Bacia Hidrográfica envolve o conjunto de terras


drenadas por um corpo d’água principal e seus afluentes. O
mais importante é entender que a bacia hidrográfica é um sistema natu-
ral bem delimitado geograficamente, onde os fenômenos e interações po-
dem ser integrados. Além disso, constitui-se uma unidade espacial de fácil
reconhecimento e caracterização.

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O art. 6º da Resolução Conama 237/97 determina que o EIA deve ser composto obri-
gatoriamente por quatro seções, que irão embasar a avaliação dos impactos ambien-
tais:

I. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com completa descrição


e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, con-
siderando:

a) O meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos mi-


nerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas.

b) O meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as


espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico,
raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente.

c) O meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a so-


cioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local,
os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de iden-
tificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos
e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinér-
gicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipa-
mentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência
de cada uma delas.

IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos


positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados).

O EIA pode ser realizado a qualquer momento do ciclo de vida de um projeto. Na


FIG. 2 (a), temos uma situação na qual não se realizou nenhum EIA em qualquer fase

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da elaboração do projeto. Nesse caso, este poderá ser realizado somente após a im-
plementação do projeto e as medidas decorrentes desse estudo ficam limitadas às
decisões já tomadas e executadas. Além disso, as ações para minimizar ou eliminar
os impactos indesejáveis podem levar tempo e consumir muitos recursos, pois as op-
ções possíveis se restringem àquelas que podem ser aplicadas. Na FIG. 2 (b), o EIA foi
realizado após a elaboração do projeto detalhado do empreendimento ou atividade,
mas antes da sua implementação. Assim sendo, pode ser necessário rever o projeto
para incluir as contribuições desse estudo, no entanto o esforço para incluir melhores
soluções do ponto de vista ambiental é muito menor do que no primeiro caso.

FIGURA 12 - O EIA E O CICLO DO PROJETO – MOMENTOS DA SUA ELABORAÇÃO

a)
Concepção Desenvolvimento Implementação Operação

b)
Concepção Desenvolvimento EIA Alteração Implementação Operação

Fonte: BARBIERI, 2016, p. 259.

Os impactos ambientais devem ser constantemente avaliados porque qualquer em-


preendimento ou atividade sempre está sujeito a mudanças. Além disso, o conhe-
cimento sobre o impacto e meio ambiente também se altera, devido aos avanços
contínuos do desenvolvimento científico e tecnológico. O Quadro 2 apresenta os
princípios para planejar e conduzir as atividades de um EIA, de modo que ele alcance
seus objetivos de modo apropriado.

QUADRO 3 - PRINCÍPIOS DO EIA

PRINCÍPIO COMENTÁRIOS
Não tentar cobrir demasiados tópicos com detalhes excessivos.
Focalizar as questões principais Em qualquer fase do projeto, o escopo do EIA deve se limitar aos
mais prováveis e mais sérios impactos ambientais.

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PRINCÍPIO COMENTÁRIOS
Geralmente, são necessários três tipos de participantes:

Os que vão administrar e executar o EIA.

Os que podem contribuir com ideias, fatos, pontos de vistas ou


preocupações com o projeto, por exemplo, cientistas, engenhei-
Envolver as pessoas e grupos ros, administradores, políticos e representantes de grupos de in-
pertinentes teresse ou de grupos que serão afetados pelo empreendimento
ou atividade.

Os que podem autorizar, controlar ou alterar o projeto, isto é, os


responsáveis pelas decisões, tais como: projetistas, agentes finan-
ceiros, investidores, autoridades competentes, legisladores e po-
líticos.
O EIA deve ser organizado de tal modo que possa apoiar as diver-
Relacionar as informações do sas decisões tomadas durante o projeto. Ele deve começar cedo
EIA às decisões do projeto para prover informações que permitam aperfeiçoar o projeto bá-
sico.
Para auxiliar os tomadores de decisão, o EIA deve apresentar
alternativas claras e deixar evidentes os prováveis resultados de
cada uma. Por exemplo, para possibilitar a compatibilização am-
Apresentar opções claras para
biental do projeto, o EIA pode sugerir várias alternativas de locais,
mitigar os impactos e para uma
mudanças nos parâmetros do projeto, limitação do tamanho ini-
adequada gestão ambiental
cial ou do seu crescimento, identificação de programas separa-
dos que possam contribuir de modo positivo para incrementar
os recursos ou a qualidade ambiental local.
O objetivo de um EIA é assegurar que os problemas ambientais
Apresentar informações em foram previstos e comunicados aos tomadores de decisão. Para
uma forma útil aos tomadores alcançar esse objetivo, os tomadores de decisão devem entender
de decisão. completamente as conclusões do EIA. Por isso, estas devem ser
apresentadas em termos e formatos compreensíveis.
Fonte: Quadro 2 - Pnuma, 1988, p. 85-86 apud BARBIERI, 2016, p. 260.

A conscientização ambiental por parte da população e do poder público é de grande


necessidade para a valorização de ações de preservação, como o EIA. Uma questão
bastante discutível é o fato de que o EIA é contratado e pago pelo próprio empreen-
dedor. Leite (2013) indica que o EIA deve ser feito por consultores contratados pelo
órgão ambiental e pagos pelo empreendedor, como o que ocorre nos EUA. Con-
siderando que o gestor público decide com base em informações prestadas pelo
empreendedor, isto pode levá-lo a decidir equivocadamente sobre a viabilidade am-
biental do projeto, em decorrência de receber informações somente de um lado, o
do interessado.

Segundo Barbieri (2016) não há menção à independência da equipe, apenas exige-
-se que seja capacitada e afirma-se que seus integrantes serão responsáveis pelas
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. É

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considerado crime ambiental elaborar ou apresentar estudo, laudo ou relatório am-


biental, total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão.

3.1.2.4 RIMA

Segundo Carvalho (2007), o RIMA refletirá as conclusões do EIA, devendo ser apre-
sentado de forma objetiva e compreensível, com ilustrações que possam contribuir
para facilitar a comunicação e interpretação, a fim de que se torne compreensível às
vantagens e desvantagens da instalação do projeto, bem como suas consequências
ambientais, tendo como característica principal facilitar a comunicação com a socie-
dade.

O RIMA deve expressar o EIA de modo conclusivo, de forma a identificar se o proje-


to proposto pode ou não trazer malefícios para o meio ambiente e em que nível. O
RIMA deve incluir, também, medidas mitigadoras dos impactos negativos, progra-
mas de acompanhamento e monitoramento dos impactos e recomendações quan-
to às alternativas mais favoráveis (BARBIERI, 2016). De acordo com o art. 9º, incisos I a
VIII, da Resolução Conama 01/86, o RIMA deverá conter os seguintes tópicos, sem os
quais não será aceito pelo órgão ambiental competente:

• Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as


políticas setoriais, planos e programas governamentais.

• A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especifican-


do, para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência,
as matérias-pRIMAs, a mão de obra, as fontes de energia, os processos e técnicas
operacionais, os prováveis efluentes, as emissões, os resíduos e as perdas de ener-
gia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados.

• A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influên-


cia do projeto.

• A descrição dos prováveis impactos ambientais decorrentes da implantação e


operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes
de tempo de incidência dos impactos e indicando métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação.

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• A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparan-


do as diferentes situações de adoção do projeto e suas alternativas, bem como a
hipótese de sua não realização.

• A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos


impactos negativos, mencionando aqueles que puderem ser evitados e o grau de
alteração esperado.

• O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos.

• As recomendações quanto à alternativa mais favorável.

O prazo para a apresentação de manifestação do órgão competente acerca do RIMA


terá início com a data de recebimento do EIA. Tanto o EIA, quanto o RIMA não po-
dem ser tidos como ponto final de um procedimento de licenciamento, mas sim
como um instrumento de gestão ambiental. Assim, devem servir de referência para
o acompanhamento dos impactos previstos anteriormente, inclusive com relação ao
dimensionamento ou magnitude dos mesmos, e de outros que possam vir a ocorrer
em virtude das modificações normais no desenvolvimento de um empreendimento,
sendo então necessária a elaboração de outros EIA e RIMA para avaliação desses no-
vos impactos (CARVALHO, 2007).

Uma característica fundamental do EIA e seu RIMA é a publicidade, que é a base


para a participação da população no processo de avaliação do projeto. Cópias do
RIMA devem permanecer à disposição dos interessados na biblioteca ou centro de
documentação do órgão ambiental competente. Comentários podem ser efetivados
e devem ser sempre escritos e anexados ao processo. O órgão ambiental competente
determinará o prazo para recebimento de comentários e sua abertura deve ser pre-
cedida pela comunicação em veículo de publicação oficial, como o Diário Oficial da
União ou do Estado.

A participação popular está prevista através de audiências públicas. Este é o momen-


to para tirar dúvidas, manifestar-se contra ou a favor, expor críticas e sugestões quan-
to ao empreendimento.

O local da audiência pública deve ser acessível às partes interessadas. Mais de uma
audiência pública pode ocorrer se o RIMA não apresentar linguagem clara e ade-
quada ou se os procedimentos para a efetuação da audiência, como a ocorrência de
erros no editas de convocação, forem identificados.

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Leitura Complementar

Vale à pena consultar um RIMA, para entender sua organização


e conteúdo. Inúmeros relatórios estão disponíveis na internet,
de forma a suprir a necessidade de sua publicidade. Confira os seguintes:

• Relatório de Impacto Ambiental RIMA da Implantação do Distrito Re-


gional de Inovação de Itajaí - INOVAMFRI, no Município de Itajaí, Santa
Catarina.

• Relatório de Impacto Ambiental RIMA do Projeto de Integração do Rio


São Francisco com bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional.

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CONCLUSÃO
O EIA e o RIMA representam a materialização das declarações dos empreendedores
referentes aos impactos e às mitigações que os mesmos realizarão em decorrência de
suas atividades. Estes têm como objetivo principal fornecer subsídios para os gestores
públicos quanto à viabilidade ambiental ou não de um empreendimento. As ações
públicas constituem, no entanto, um aspecto frágil no sentido de fazer cumprir os
fundamentos legais. O poder público deve investir nos recursos técnicos para o acom-
panhamento das ações ambientais dos empreendimentos e exigir os EIAs e RIMAs
de todas as atividades que causem danos ao meio ambiente e não somente esperar
que os empreendedores tomem essa iniciativa. Estes dois instrumentos de Política
Ambiental devem ser mais utilizados e divulgados, a fim de minimizar os impactos
produzidos pelas organizações. E, para tal, é cada vez mais necessária uma conscien-
tização ambiental por parte da população e do poder público, de modo a se dar o de-
vido valor à conservação ambiental e consequente manutenção dos recursos naturais.

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SUMÁRIO 59
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UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Explicar a importância


da contabilidade
ambiental para a
redução ou eliminação
das agressões ao meio
ambiente produzidos
pelas empresas.

> Identificar e
diferenciar ativos,
passivos, receitas e
custos (despesas)
ambientais.

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4 CONTABILIDADE
AMBIENTAL
A contabilidade como ciência que controla o patrimônio das entidades tem a respon-
sabilidade de informar a movimentação financeira patrimonial das entidades. Assim,
dentre suas atribuições, está à utilização do patrimônio natural como origem das ri-
quezas de muitos empreendimentos.

Um exemplo é a devastação da Mata Atlântica, que ocorreu a partir do inicio de vários


ciclos econômicos no Brasil, como o ciclo do pau-brasil, ciclo da cana-de-açúcar e do
café. Dados da ONG SOS Mata Atlântica indicam, que restam de 5 a 8% da superfície
originalmente coberta por Mata Atlântica. Destes, somente 20%, ou menos de 2%
da superfície original, estão protegidas legalmente em unidades de conservação dos
tipos mais restritivos como Parques Nacionais e Reservas Biológicas (Câmara, 1996).

É inquestionável que a riqueza patrimonial das entidades tenha relação com a explo-
ração nada sustentável dos recursos naturais e consequente degradação ambiental.
Mas de acordo com Carvalho (2007) essa relação não consta nos registros e ou de-
monstrações contábeis da grande maioria das empresas, sendo, recente esta discus-
são e a menção da Contabilidade Ambiental. Um dos motivos da omissão de informa-
ções ambientais em registros e demonstrativos contábeis é o provável impacto destas
no fluxo de caixa das empresas e na obtenção de lucro.

4.1 HISTÓRICO

A II Conferência Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO/92), pro-


movida pelas Nações Unidas, instituiu a Agenda 21, que é um instrumento de plane-
jamento para a construção de sociedades sustentáveis. A contabilidade como ciência
da sustentabilidade está contida no Capítulo 8 da Agenda 21, ou seja, a contabili-
dade ambiental surgiu como ferramenta da sustentabilidade muito recentemente,
embora alguns autores já defendiam essa causa há algum tempo. Segundo Carvalho
(2007), Chastain, por exemplo, já em 1973, afirmava que a contabilidade ambiental
oferecia novos desafios para auxiliar a Administração no trato de problemas contábeis

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e financeiros, especialmente, os internos e os das normalizações legais, originários dos


padrões ambientais. Beams e Fertig, no ano seguinte, fizeram a seguinte constatação:
a tarefa da contabilidade, na atual crise ecológica, é ativa, tendo em vista o forneci-
mento de dados para decisões que resultam em atividades econômicas e sociais. Para
eles o processo operacional das atividades econômicas atinge o meio ambiente e a
contabilidade é, pelo menos, em parte, responsável por isso. Carvalho (2007) destaca a
Noruega, que promulgou em 1999 a Lei da Contabilidade Norueguesa, a qual, dentre
outros objetivos, estabelece que as empresas informem sobre seu ambiente de traba-
lho e sua relação com o ambiente externo. No Brasil, o marco foi a edição, em 1996,
da NPA 11 – Balanço e Ecologia pelo Instituto Brasileiro de Contabilidade – Ibracon, a
qual tem como objetivo estabelecer ligação entre contabilidade e meio ambiente. A
ciência contábil, desta forma, passa a contribuir em todo o mundo, mesmo que tar-
diamente, para as discussões ambientais direcionadas para a sustentabilidade.

4.2 CONCEITO E FUNDAMENTOS

A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas sim, uma segmentação da
tradicional já, amplamente, conhecida. São objetivos da contabilidade ambiental, se-
gundo Ribeiro (2010): identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações eco-
nômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recupe-
ração ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação da
situação patrimonial de uma entidade.

O apego aos aspectos estritamente econômicos foi um obstáculo para dar início à ex-
posição das informações acerca das relações entre a contabilidade e o meio ambien-
te. Outras causas podem ser apontadas para a omissão de informações ambientais
nos demonstrativos contábeis (CARVALHO, 2007):

• em um primeiro momento, a ausência de percepção da importância da na-


tureza para as entidades;

• os impactos financeiros decorrentes da adoção de metodologias limpas, em-


bora isto possa ser revertido positivamente para a entidade;

• falta de efetividade no cumprimento da legislação ambiental, sendo preferí-


vel o risco à mudança de postura;

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• a dificuldade de valoração de fatos contábeis ambientais para o devido regis-


tro contábil;

• a imagem negativa associada à empresa, advinda do registro de passivos am-


bientais;

• a ausência de percepção ambiental dos benefícios ou malefícios por parte


dos consumidores dos produtos da entidade e/ou dos usuários da informa-
ção contábil;

• a falta de cobrança da sociedade de um comportamento ético-ambiental por


parte das empresas e/ou responsáveis pela tutela do meio ambiente.

Por outro lado, porque evidenciar as informações ambientais? Esta decisão de registrar
os fatos contábeis relacionados ao meio ambiente não tem sido tomada unicamente
pela entidade. Forças externas tem influenciado nesta mudança de postura (FIG.1).
As informações prestadas pelas concorrentes, por exemplo, têm levado as demais a
também realizar e evidenciar ações na área ambiental. E por sua vez a sociedade tem
reclamado uma postura ambientalmente correta de alguns segmentos corporativos,
associando isto a seus produtos. São os clientes mais conscientes influenciados pela
maior divulgação do assunto na mídia e também pelos resultados da educação am-
biental.

Segundo Carvalho (2007) essa evidenciação tem ocorrido de forma mais efetiva em
alguns setores da atividade econômica, em decorrência de fatores como:

• a forma de organização desses empreendimentos, geralmente grandes cor-


porações;

• o ramo de atividade com alta capacidade de poluição, notadamente nas áreas


petroquímica, papel e celulose, química, extrativismo mineral e;

• a negociação dos produtos no mercado mundial, atualmente mais exigente,


tanto em termos de qualidade, quanto como proteção e preservação ambien-
tal.

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FIGURA 13 - AGENTES QUE TÊM LEVADO EMPRESAS A EVIDENCIAREM NA CONTABILIDADE


INFORMAÇÕES AMBIENTAIS

MERCADOS SOCIEDADE

GOVERNO CLIENTES

CONTABILIDADE
AMBIENTAL

CONCORRÊNCIA FORNECEDORES

Fonte: Modificado de CARVALHO (2007), p.114.

A postura proativa dos governos na busca de efetividade da ampla legislação am-


biental existente tem levado as empresas a avaliarem os riscos decorrentes de multas
e indenizações pelo descumprimento dessas normas (CARVALHO, 2007).

E quais são os tipos de Contabilidade Ambiental? Esta pode ser classificada em na-
cional, gerencial ou financeira (QUADRO1). A Environmental Protection Agency (EPA)
diz que a Contabilidade Ambiental Nacional tem um enfoque macroeconômico e é
voltada para as contas nacionais de um país; que a Contabilidade Ambiental Finan-
ceira apresenta um enfoque no usuário externo a empresa; e que a Contabilidade
Ambiental Gerencial ou de Custos enfoca o usuário interno da empresa. Esta última
subsidia o processo de tomada de decisões empresariais.

QUADRO 4 - TIPOS DE CONTABILIDADE AMBIENTAL

Tipos de contabilidade am-


Enfoque Dirigido a usuário
biental

Macroeconômico, Economia
Contabilidade Nacional Externo
Nacional

Contabilidade Financeira A empresa Externo

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Contabilidade Gerencial ou de A empresa, departamentos, li-


Interno
Custos nha de produção etc.

Fonte: Tinoco e Kraemer, 2011, p. 129.

4.3 CONTAS AMBIENTAIS

As contas são elementos fundamentais no registro e na evidenciação de fatos contá-


beis, ou seja, sem as contas nada poderia ser escriturado ou demonstrado contabil-
mente (CARVALHO, 2007).

A empresa pode utilizar recursos naturais, degradar o meio ambiente e depois cus-
tear custos relativos a multas a serem pagas aos órgãos públicos, indenizações devi-
das aos órgãos públicos ou a pessoas em particular, como também compensações a
serem pagas aos órgãos ambientais ou à sociedade. Em termos contábeis isto corres-
ponde a passivos ambientais.

Por outro lado na atualidade, a empresa é levada a assumir uma posição de susten-
tabilidade. Isto em termos contábeis está relacionado com custos ou despesas am-
bientais internalizados pela empresa.

A empresa pode repensar o ciclo de vida de seus produtos, através da reutilização ou


reciclagem, gerando receitas ambientais. Essa postura da empresa pode ser oriunda
de uma gestão ambiental ou de ações pontuais, como a implementação de tecnolo-
gias limpas, que representam ativos ambientais. Vamos a seguir conhecer um pouco
mais destes diversos grupos, que compõe as contas ambientais.

4.3.1 ATIVO AMBIENTAL

Segundo Carvalho (2007) ativos ambientais são considerados todos os bens e direitos
da entidade, relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, e
que sejam aptos a gerar benefícios econômicos futuros para entidade. Estes ativos
podem ser circulantes ou permanentes. São exemplos de ativos ambientais circulan-
tes (CARVALHO, 2007):

• Na conta disponibilidades podem ser contabilizados os valores referentes a

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recebimentos oriundos de uma receita ambiental;

• Nos ativos realizáveis a curto e longo prazo podem ser lançados os direitos ori-
ginários de uma receita ambiental e os estoques, quando relacionados com
insumos do sistema de gerenciamento ambiental ou com produtos reaprovei-
tados do processo operacional.

• É um ativo ambiental circulante, por exemplo, o estoque de produtos reci-


clados de uma empresa, que podem ser utilizados como matéria prima pela
própria empresa ou por outras empresas.

• O ativo permanente está dividido em:

• Investimentos ambientais: se referem a gastos com reflorestamento ou aquisi-


ção de florestas com o objetivo de recuperação e preservação.

• Imobilizado ambiental: se referem as contas referentes a máquinas, equipa-


mentos e instalações adquiridas para fins de recuperação ou preservação am-
biental.

Diferido ambiental: despesas relacionadas com pesquisas ou estudos para desen-


volvimento de tecnologia ou produtos, visando redução ou eliminação de impactos
negativos e que contribuirão para geração de receitas futuras.

Um exemplo de ativo ambiental mais recente são as certifica-


ções de redução de emissões de gases poluentes, as quais re-
presentam a compensação financeira gerada pela redução de
poluentes. Créditos de carbono ou Redução Certificada de
Emissões (RCE), por exemplo, são certificados emitidos quando
ocorre a redução de emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Por conven-
ção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de
carbono. Créditos de carbono criam um mercado para a redução de GEE
dando um valor monetário a redução da poluição. O Protocolo de Quioto,
em 1997, estabeleceu metas de redução de emissões de GEE para os países
mais industrializados. Estes países podem comprar os créditos de carbono
de outros países, como Brasil. Com o Acordo de Paris, que rege medidas de
redução da emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 e que substituiu
o Protocolo de Quioto ficou estabelecido que cada país define o quanto
quer reduzir e como e de quem quer comprar os créditos de carbono.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

4.3.2 PASSIVO AMBIENTAL

De acordo com a IBRACON (1996) o passivo ambiental pode ser conceituado como
toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e consiste no valor de
investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações em po-
tencial. São exemplos de passivos ambientais: a necessidade da empresa em adquirir
empréstimos de instituições financeiras para investimento na gestão ambiental; o
aumento de gastos da empresa com a remuneração de mão de obra especializada
em gestão ambiental e; a realização de pagamento de multas decorrentes de infra-
ções ambientais.

Os passivos ambientais possuem uma conotação negativa já que as empresas que os


têm agrediram significativamente o meio ambiente e, dessa forma, têm que pagar
indenizações a terceiros, arcar com multas e se responsabilizar pela recuperação de
áreas degradadas.

Os passivos ambientais podem, também, ser originados de algo positivo. A manu-


tenção e o investimento na gestão ambiental, tais como treinamento de pessoal e
aquisição de insumos e equipamentos fazem parte dos passivos ambientais

A execução de uma auditoria ambiental constitui um critério


essencial para que investidores e acionistas possam avaliar o
passivo ambiental da empresa e fazer sua projeção para sua
situação no longo prazo. A Auditoria Ambiental é importante
para a minimização dos impactos ambientais das empresas e redução de
seus índices de poluição.

4.3.3 RECEITA AMBIENTAL

São recursos auferidos pela entidade, em decorrência da venda de seus subprodutos


ou de materiais reciclados (CARVALHO, 2007). As sobras de insumos do processo

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SUMÁRIO 67
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

produtivo podem ser vendidas, assim como os reciclados, como matéria-prima para
outras empresas ou reutilizados pela própria empresa em seu processo produtivo. A
escória de alto-fornos de siderúrgicas, resíduos de metais, por exemplo, pode ser reci-
clada e vendida para fábricas de cimento e cerâmica.

Na Tabela a seguir, tem-se uma representação ilustrativa de receitas e custos am-


bientais.

De acordo com Faroni et al. (2010) é mais interessante para uma empresa investir em
prevenção ambiental, já que o custo do impacto ambiental causado por degradação
do meio ambiente pode ser maior que o custo do impacto quando a empresa ado-
ta medidas preventivas. Na ilustração, a empresa quando investe em prevenção do
meio ambiente reduzirá o seu custo em 60%, gastando para isso R$100.000,00. As-
sim, a empresa terá um ganho de R$ 200.000,00, isto é, R$300.000,00, de economia
nos custos, menos R$100.000,00 investidos para obter esse resultado (FARONI et al,
2010).

QUADRO 5 - DEMONSTRAÇÃO DOS CUSTOS E RECEITAS AMBIENTAIS

Impacto ambiental Prevenção ambiental

Custo do impacto (A)


R$ 500.000,00
R$
Investimento (Preven-
R$ 300.000,00 R$ 100.000,00
Recuperação ção)

R$ 150.000,00 R$ 200.000,00
Indenização Custo do Impacto (B)

R$ 50.000,00
Multa

Economia de custos (A-B) R$300.000,00

Fonte: FERREIRA, 2003 citado por FARONI et al., 2010, p.1123.

4.3.4 CUSTOS (DESPESAS) AMBIENTAIS

Os custos e despesas ambientais são gastos em aplicação direta no sistema de geren-


ciamento ambiental do processo produtivo e nas atividades ecológicas da empresa.
Se referem ao montante de gastos que as empresas devem realizar para recuperar
o meio ambiente que elas degradam. Em face disso as empresas, criam provisões

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ambientais através de lançamentos contábeis em que se lança a débito uma conta


de despesa ambiental e a crédito uma conta de provisão para restauração ambiental
(TINOCO e KRAEMER, 2011).

Para o cálculo dos custos ambientais totais da empresa soma-se o custo dos mate-
riais desperdiçados, despesas de manutenção e de depreciação e do trabalho com os
custos de tratamento e prevenção ambiental, como ilustrado no QUADRO 2.

QUADRO 6 - CUSTOS AMBIENTAIS TOTAIS DA EMPRESA

Custos de salvaguarda ambiental (tratamento e prevenção)


+ Custos dos materiais desperdiçados
+ Custos das perdas de capital e trabalho
= Custos ambientais totais da empresa

Fonte: Tinoco e Kraemer, 2011, p. 146.

Segundo Faroni et al. (2010) os custos ambientais estão relacionados a multas, in-
denizações a prejuízos causados a terceiros, recuperação de áreas degradadas pela
empresa e impostos sobre produtos poluidores, bem como gastos com tratamento
de saúde de funcionários.

De acordo com Tinoco e Kraemer (2011) os custos ambientais são classificados em:

• Custos externos: são custos que podem incorrer como resultado da produção
ou existência da empresa. São difíceis de medir em termos monetários e ge-
ralmente estão fora dos limites da empresa. São exemplos: danos na proprie-
dade de outros, danos econômicos a outros e danos aos recursos naturais;

• Custos internos: são os custos que estão relacionados diretamente com a linha
de frente da empresa, e incluem os custos de prevenção ou manutenção, sen-
do mais fáceis de serem identificados;

• Custos diretos: podem ser apropriados para um produto, tipos de contamina-


ção ou programa de prevenção de contaminação particular;

• Custos indiretos: são os que não têm vínculo causal direto com o processo e a
gestão ambiental, tais como treinamento ambiental, manutenção de registros

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SUMÁRIO 69
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

e apresentação de relatórios. Associam-se aos centros de custos, tais como


departamentos ou atividades;

• Custos contingentes ou custos intangíveis: são potenciais custos internos futu-


ros, que podem impactar nas operações efetivas da empresa.

A Contabilidade de Gestão Ambiental, ao identificar, avaliar e imputar os custos am-


bientais permite aos gestores adotar procedimentos para reduzir custos.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

CONCLUSÃO
Diante do aumento da preocupação com a problemática ambiental, as empresas se
vêm cada vez mais exigidas a adotar novas posturas em relação às questões ambien-
tais. Diante da nova conjuntura empresarial, não existe outro caminho, que não seja
uma postura comprometida com o meio ambiente. Desta forma, a contabilidade
ambiental constitui uma aplicação da ciência contábil que auxilia os gestores de em-
presas no controle de custos ambientais.

O emprego da contabilidade ambiental é uma vantagem competitiva, pois zela pela


imagem da empresa e pode ser determinante na conquista de novos mercados. A
sua não adoção pode comprometer a existência da empresa, já que esta pode estar
sujeita ao surgimento de um passivo ambiental, ou seja, terá de promover investi-
mento em ações de controle, preservação e recuperação do meio ambiente.

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SUMÁRIO 71
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Explicar a importância


da SER na gestão de
negócios.

> Identificar e descreva


as normas referentes à
SER.

> Identificar os
stakeholders e
sua relação com
as orientações
estratégicas
empresariais.

> Explicar balanço


social.

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

5 RESPONSABILIDADE
SOCIAL
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) ou Responsabilidade Social Corporativa
(RSC) vem integrar práticas sociais e ambientais nas empresas, que não são oriundas
de obrigações legais, mas que atendem às expectativas da sociedade. Não se trata de
filantropia, segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvol-
vimento a Responsabilidade Social. A RSE compreende medidas constitutivas pelas
quais as empresas integram preocupações da sociedade em suas políticas e ope-
rações comerciais, em particular, preocupações ambientais, econômicas e sociais.
Ashley et al. (2003) cita várias interpretações para RSE:

• É um dever fiduciário, que impõe às empresas padrões mais altos de compor-


tamento que os do cidadão médio.

• É uma prática social, papel social, função social.

• É um comportamento ético responsável.

• É uma contribuição caridosa.

• É ser responsável por ou socialmente consciente.

• É uma legitimidade.

O consenso geral em uma visão ampla conceitua RSE, como toda e qualquer ação
que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

De acordo com Dias (2017) As discussões sobre a Responsabilidade Social tomaram


um novo rumo com o lançamento do Pacto Global pelas Nações Unidas em 1999,
que possui dez princípios universais.

• Princípios de Direitos Humanos

1. Respeitar e proteger os direitos humanos.

2. Impedir violações de direitos humanos.

• Princípios de Direitos do Trabalho

3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho.

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SUMÁRIO 73
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

4. Abolir o trabalho forçado.

5. Abolir o trabalho infantil.

6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho.

• Princípios de Proteção Ambiental

7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais.

8. Promover a responsabilidade ambiental.

9. Encorajar tecnologias que não agridam o meio ambiente.

• Princípio contra a Corrupção

10. Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.

O Pacto Global constitui uma referência para uma atuação socialmente mais respon-
sável nas empresas e sua abrangência trouxe discussões bastante importantes para a
atuação destas, como o combate à corrupção.

5.1 AS DIMENSÕES INTERNA E EXTERNA DA RSE

Segundo Dias (2017) a RSE apresenta duas dimensões quando considerada a em-
presa, a interna e a externa. A dimensão interna contempla as práticas responsáveis
socialmente, que dizem respeito aos trabalhadores e se referem a questões como os
investimentos realizados em recursos humanos, a saúde e a segurança do trabalho,
e a gestão das mudanças provocadas pelo processo de reestruturação produtiva, e a
gestão dos recursos naturais utilizados na produção. Todas as ações políticas e pro-
gramas dirigidos aos fornecedores, distribuidores e a todos os integrantes da cadeia
produtiva, também, fazem parte da RSE interna (DIAS, 2017).

A dimensão externa inclui as comunidades locais e amplo leque de interlocutores:


consumidores, autoridades públicas e ONGs que defendem os interesses das comu-
nidades locais e o meio ambiente. Incluem ações, políticas e programas dirigidos a
qualquer grupo ou problema, que não se encontre relacionado diretamente com a
empresa através de uma relação contratual ou econômica. Aqui devem ser incluídas
iniciativas de apoio à comunidade, doações, participação em fóruns ambientais etc.
(DIAS, 2017).

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Para Ashley et al. (2003) a RSE engloba o público interno e externo, além do inves-
timento na preservação ambiental, mas não necessariamente privilegiando uma
categoria em particular. Segundo este autor, temos pelo menos sete vetores, que
direcionam o processo de gestão empresarial para o fortalecimento das empresas
na responsabilidade social (FIG.1). A responsabilidade social empresarial externa e
interna devem sempre estar conectadas e possuem a mesma importância.

FIGURA 14 - VETORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

V7
Satisfação
de clientes e
consumidores V1

V6 Apoio ao

Sinergia com esenvolvimento


parceiros da comunidade
na qual atua

Vetores da
responsabilidade
V5 V2
social
Retorno aos Preservação do
acionistas meio ambiente

V3
Investimento no
V4 bem estar dos
Comunicações funcionários e
dependentes e
transparentes em um ambiente
de trabalho
agradável

Fonte: ASHLEY et al., 2003, p.9.

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SUMÁRIO 75
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

5.2 AS NORMAS QUE ENVOLVEM A RSE

A norma Responsabilidade Social 8000 (SA 8000) elaborada pela SAI (Social Accoun-
tability International) trata das condições de trabalho e prevê um controle indepen-
dente para verificação de seu cumprimento nas empresas. Essa norma e seu sistema
de controle se baseiam em estratégias comprovadas de garantia de qualidade (como
a ISO 9000) e contempla aspectos trabalhistas importantes, como o trabalho infantil,
a liberdade de organização e o tempo de duração do trabalho. A essência da norma
SA 8000 é a garantia dos direitos humanos básicos e o preparo da gerência empresa-
rial para o cumprimento desta responsabilidade.

O Sistema da norma SA 8000 foi desenvolvido segundo o modelo das normas já es-
tabelecidas, a ISO 9001 e ISO 14001 que correspondem à gestão de qualidade e à
gestão ambiental, respectivamente. Segundo Dias (2017) a certificação pela norma
SA 8000 tem a função de validar as declarações da empresa a respeito de seu com-
promisso com a responsabilidade social, tornando pública sua credibilidade, aumen-
tando assim a reputação da empresa e o nível de confiança da comunidade.

Em virtude da diversidade de normas relacionadas com a Responsabilidade Social


Empresarial, a Organização Internacional para Padronização (ISO) criou a ISO 26000
em 2010, com o objetivo de estabelecer parâmetros comuns para todos os países.
A ISO (International Organization for Standartization – Organização Internacional
para Padronização) é um organismo de grande credibilidade internacionalmente,
que criou as séries 9000 (gestão da qualidade) e 14000 (gestão ambiental) que são
amplamente reconhecidas e utilizadas por organizações em todo mundo. Assim
espera-se que o conceito de responsabilidade social se expanda tanto em seu en-
tendimento quanto à sua utilização, de forma mais acelerada a nível mundial, com a
criação da ISO 26000.

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QUADRO 7 - RESUMO DO CONTEÚDO DA ISO 26000

DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO DO CAPÍTU-


NÚMERO E TÍTULO DO CAPÍTULO
LO.

Define o conteúdo coberto pela norma e iden-


1. Escopo
tifica algumas limitações e exceções.

Identifica e fornece o significado dos termos


importantes usados nesta Norma Internacio-
2. Termos, abreviaturas e definições nal. Esses termos são de importância funda-
mental para compreensão do conceito da res-
ponsabilidade social e para a utilização desta.
Descreve os fatores, as circunstâncias e as
questões importantes que têm influenciado o
desenvolvimento da responsabilidade social e
que continuam a afetar sua natureza e prática.
3. A compreensão da responsabilidade social Descreve também o conceito de responsabili-
dade social em si – o que ela significa e a como
se aplica às organizações. O capítulo inclui di-
retrizes para pequenas e médias empresas na
utilização desta norma.
Introduz e explica os princípios de responsabi-
4. Princípios da responsabilidade social
lidade social.
Trata de duas práticas da responsabilidade so-
5. Reconhecendo a responsabilidade social e cial: o reconhecimento por uma organização
engajando os stakeholders de sua responsabilidade social, e a identifica-
ção e engajamento de seus stakeholders.
Explica os assuntos essenciais e questões asso-
ciadas envolvidas na responsabilidade social.
Para cada tema central é fornecida informa-
6. Orientações sobre temas centrais da respon-
ção sobre o objetivo do assunto, sua relação
sabilidade social
com a responsabilidade social, considerações
e princípios relevantes, e expectativas e/ou
ações relacionadas.
Fornece uma orientação para pôr a responsa-
7. Orientações sobre a integração da responsa-
bilidade social em prática em uma organiza-
bilidade social em toda a organização
ção.
Fornece uma lista de iniciativas voluntárias
Anexo A – sobre iniciativas voluntárias em res-
existentes relacionadas com responsabilidade
ponsabilidade social
social.
Apresenta uma lista de abreviaturas utilizadas
Anexo B – abreviaturas
nesta norma.
Inclui referências a instrumentos internacio-
Bibliografia nais relevantes que foram referenciados no
corpo da norma como fonte.

Fonte: DIAS, 2012, p.132.

Segundo Dias (2012) as principais definições do documento da ISO 26000 são:

a. Responsabilidade social

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SUMÁRIO 77
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades


na sociedade e no meio ambiente, por meio de comportamento transparente e ético
que:

• Contribua para o desenvolvimento sustentável, para a saúde e o bem-estar


da sociedade.

• Leve em consideração as expectativas dos stakeholders.

• Esteja em conformidade com a lei e seja aplicável e consistente com as nor-


mas internacionais do comportamento.

• Seja integrado em toda a organização e praticado em seus relacionamentos.

As atividades incluem produtos, serviços e processos e os relacionamentos referem-


-se às atividades de uma organização dentro de sua esfera de influência.

b. Stakeholder (parte interessada)

Indivíduo ou grupo que tem um interesse em quaisquer atividades ou decisões de


uma organização.

c. Governança organizacional

Sistema pelo qual uma organização toma decisões e as executa na busca de seus
objetivos.

No Brasil temos a norma NBR 16001 criada em 2004 pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), que estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema
de gestão de responsabilidade social. A norma não é obrigatória e serve de referência
para organizações que queiram implementar técnicas de gestão de responsabilida-
de social (DIAS, 2017).

5.3 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E


STAKEHOLDERS

Os stakeholders são indivíduos, grupos de pessoas ou organizações que apresentam


necessidades conscientes ou inconscientes, que são explícitas ou implícitas, legíti-
mas ou ilegítimas e que em função das quais interagem com a organização, influen-
ciado-a e sendo influenciados por ela (Dias, 2012).

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78 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

As estratégias das empresas quanto à responsabilidade social nos negócios está vin-
culada à relação da empresa com cada grupo de seus stakeholders. As empresas
devem identificar seus stakeholders se desejam integrar em sua gestão a responsa-
bilidade social, pois sua estratégia envolve a definição de quais stakeholders serão
priorizados. A seguir temos os principais stakeholders e seus interesses básicos na
empresa.

QUADRO 8 - PRINCIPAIS STAKEHOLDERS E SEUS INTERESSES BÁSICOS NA E

Stakeholder Interesse na empresa

Informação e transparência. Maximização do


Acionistas
valor da ação e dos dividendos.

Organizações financeiras Solvência e liquidez.

Qualidade, cumprimento de garantias, infor-


Clientes mação e transparência, atendimento e serviço
pós-venda.

Administração pública Impostos e cumprimento da legislação.

Condições justas de trabalho, salário adequa-


do, possibilidades de promoção e crescimento
profissional, liberdade de associação e direitos
Trabalhadores
de negociação, informação e transparência,
igualdade de tratamento, horários definidos,
segurança e saúde no trabalho.

Fornecedores e distribuidores Condições justas nos contratos e colaboração.

Há inúmeras ONGs que atuam em temas pon-


tuais e que têm interesse nas atividades da or-
ONGs de interesse específico ganização. Podem ser ambientalistas, voltadas
para os direitos humanos, as crianças, a ques-
tão do assédio moral etc.

Criação de empregos e integração e desenvol-


Comunidades locais
vimento local e regional.

Os sindicatos têm como função defender os


interesses dos trabalhadores. No entanto, as
organizações sindicais têm outros propósitos
Sindicatos
que devem ser levados em consideração e que
não estão diretamente vinculados à sua fun-
ção explícita.

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SUMÁRIO 79
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

Para a mídia, de qualquer meio de veiculação,


as empresas são foco de interesse, principal-
mente, pela importância de seu papel social.
Imprensa Nesse sentido, manter relações de transparên-
cia e cordialidade, facilitando a comunicação
com os órgãos de imprensa, é fundamental
para a imagem da empresa.
Há um aumento da atividade dos órgãos de
defesa dos consumidores em função do au-
Órgãos de defesa dos consumidores mento da consciência das pessoas que pas-
sam a exigir melhores condições de atendi-
mento e produtos melhores.

Empresas concorrentes Concorrência leal e políticas setoriais.

Fonte: DIAS, 2012, p.61-62.

Concluímos, desta forma, que o conhecimento das expectativas mútuas entre em-
presas e stakeholders é condição essencial para a sustentação de uma orientação
estratégica para a responsabilidade social.

5.4 BALANÇO SOCIAL

O Balanço Social é uma publicação que apresenta um conjunto de informações e de


indicadores dos investimentos socioambientais realizados por uma empresa. Segun-
do Dias (2012) balanço social é instrumento de gestão para planejar, organizar, dirigir,
controlar e avaliar em termos quantitativos e qualitativos a política social de uma
empresa num período determinado confrontando com as metas preestabelecidas.

Este mecanismo de prestação de contas tem como finalidade dar maior transparên-
cia e visibilidade às informações aos stakeholders, funcionando como instrumento de
comunicação para contribuir no reforço da imagem institucional.

O Balanço Social evidencia as ações sociais das empresas tais como relações de tra-
balho dentro da empresa (empregados: quantidade, sexo, escolaridade, encargos so-
ciais, gastos com alimentação, educação e saúde do trabalhador, previdência privada);
tributos pagos; investimentos para a comunidade (em cultura, esportes, habitação,
saúde pública, saneamento, assistência social...) e investimentos no meio ambiente.

De acordo Ribeiro (2010) a questão mais discutida do Balanço Social é a sua obri-

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80 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

gatoriedade, alguns entendem que é necessário impor sua publicação, outros acre-
ditam que ela deveria ser deixada à escolha das empresas. Para os defensores des-
sa segunda linha de pensamento, as empresas, o mercado e a comunidade devem
definir a evolução e o amadurecimento do Balanço Social, sem imposições legais e
sem engessá-lo com um padrão que não, necessariamente, é o mais adequado para
todas. Já, quem defende a obrigatoriedade entende que, se não houver uma padro-
nização, será difícil avaliar a função social das empresas, tendo em vista a tendência
de informarem apenas o que lhes é conveniente (RIBEIRO, 2010).

O Balanço Social, no sentido geral, deve refletir a RSE, contendo informações sobre:

• O valor adicionado à economia e à sociedade.

• A gestão de recursos humanos: benefícios proporcionados à mão de obra


empregada.

• A interação com o meio ambiente: impactos e benefícios de suas atividades


sobre o meio natural, bem como os efeitos negativos desse meio sobre seu
patrimônio.

• A interação com a sociedade: relacionamento com a circunvizinhança — be-


nefícios proporcionados e impactos causados.

Leitura Complementar

Muitas empresas têm utilizado seus sites para divulgar seu Ba-
lanço Social ao público e assim evidenciar sua contribuição
para o desenvolvimento sustentável. São exemplos de empresas que rea-
lizam esta divulgação: FIAT, Banco do Brasil e Natura. Vale a pena conferir!

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SUMÁRIO 81
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

CONCLUSÃO
A responsabilidade ambiental deve ser entendida como o conjunto de ações rea-
lizadas além das exigências legais, ou daquelas que estão inseridas num contexto
de eficiência profissional ou de área de atuação. O emprego de ações socialmente
responsáveis possibilita um modelo de negócios em que a ética e a transparência
precedem a implementação de processos, produtos e serviços. E a divulgação destas
ações, através, da publicação de balanços sociais por parte das empresas, asseguram
sua transparência e possibilitam a obtenção de certificados de padrão de qualidade
e de adequação ambiental. Por fim é pertinente que a gestão da responsabilidade
social deve ser contemplada por todas as empresas, independente de seu porte e
atividade empregada, pois é preciso agir efetivamente diante de tantos problemas
sociais, econômicos e ambientais.

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82 SUMÁRIO
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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Descrever as competências


a serem desenvolvidas pelo
aluno ao término da unidade
utilizando a Taxonomia de
Bloom (ver Guia do Autor).

> Explicar a importância


da Educação Ambiental,
sob todos os âmbitos,
especialmente o empresarial;

> identificar os objetivos


e aspectos históricos da
Educação Ambiental;

> Explicar a Agenda 21 e o


Licenciamento Ambiental e
sua relação com a Educação
Ambiental.

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SUMÁRIO 83
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Educação Ambiental é a mudança de comportamento (MINC, 1997) que possibi-
lita aos indivíduos a aquisição de valores sociais, vínculos afetivos fortes para com o
ambiente e motivação para participarem ativamente na sua proteção e melhoria.
Assim a Educação Ambiental busca questionar e resgatar a percepção e a concepção
do contato do indivíduo com o meio ambiente, favorecendo ações que melhorem a
qualidade de vida. De acordo com Ibrahin (2014) a Educação Ambiental é um pode-
roso instrumento capaz de acabar com a ignorância ambiental e proporcionar meios
e ideias para a superação dos problemas existentes entre proteção do meio ambien-
te, o progresso e o desenvolvimento de um país.

De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei 9795/99) são
objetivos fundamentais da educação ambiental:

• o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em


suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psico-
lógicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

• a garantia de democratização das informações ambientais;

• o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemá-


tica ambiental e social;

• o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável,


na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania.

A PNEA apresenta duas esferas de ação em educação ambiental, a formal e não for-
mal. No que tange a educação não formal a Lei entende como tal as ações e práticas
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais
e a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Já a
educação ambiental formal seria um processo institucionalizado que ocorre nas uni-
dades de ensino.

Desde meados do século XX, a consciência ambiental vem crescendo e possibilitan-


do a geração de políticas públicas e legislação ambiental. Mas as bases fundamentais
da Educação Ambiental começaram bem antes, através das primeiras atitudes diri-

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gidas à proteção do meio ambiente no século XIX. A seguir vamos contemplar um


pouco desta longa história.

6.1 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO


AMBIENTAL NO MUNDO

Segundo Philippi Jr e Pelicioni (2014) um movimento mais amplo, voltado para as


questões do ambiente, podem ser discernidas, pela primeira vez, na segunda metade
do século XIX na Europa e nos Estados Unidos. O início do processo da urbanização
e da industrialização afetaram de forma significativa a saúde humana e ambiental,
mas não constituíram uma barreira para a obtenção do progresso a qualquer custo.
O movimento de reação a esse processo de degradação foi marcado, no século XIX,
pelo surgimento dos socialismos utópicos na Inglaterra e França e outras manifesta-
ções em favor de direitos sociais e trabalhistas (PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014).

Há um crescimento do interesse pela História natural, naquela época. A percepção


da natureza como algo a ser dominado ou fonte de recursos modificou-se e deu lu-
gar a uma visão romântica, em que se valorizava o contato com a natureza. Nos EUA,
por exemplo, Henry David Thoreau (FIG.1) apregoava a pobreza voluntária e a valori-
zação da natureza selvagem e sua proteção.

FIGURA 15 - HENRY DAVID THOREAU

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Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018

Os livros de Henry David Thoreau (1817-1862) influenciaram o pensamento político


e ações de grandes filósofos e ativistas como Liev Tolstoi, Mahatma Gandhi e Martin
Luther King.

No início do século XX, nos EUA haviam dois grupos politicamente rivais, os preser-
vacionistas e os conservacionistas. Os preservacionistas defendiam a necessidade de
proteção de áreas naturais contra os avanços do progresso e da degradação, por meio
da instituição de áreas protegidas, daí o estímulo à constituição de parques nacio-
nais. Já os conservacionistas, apontavam para uma perspectiva diferente, ao propor
o manejo criterioso dos recursos naturais, em proveito da sociedade como um todo
(PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014).

Preservação e Conservação são duas palavras que muitas vezes são utilizadas
como sinônimos, na verdade são diferentes. Conservação significa proteção
dos recursos naturais com utilização racional, garantindo a sustentabilidade
dos mesmos e preservação significa proteção integral, sem interferência do
homem.

Depois de algumas tentativas anteriores à Primeira Guerra Mundial realizou se final-


mente, em 1923, o Primeiro Congresso Internacional para a Proteção da Natureza,
em Paris. Nesta época a ecologia moderna se consolidou como ciência.

Segundo Ibrahin (2014) os anos que separam o final da Primeira Guerra Mundial, em
1918, do término da Segunda, em 1945, foram de profunda transformação para a
humanidade e para o meio ambiente. Terminada a Segunda Guerra Mundial, a Liga
Suíça para a Proteção da Natureza realizou, em 1946, na Basileia, uma nova Confe-
rência para a Proteção Internacional da Natureza e, finalmente, em 1948, criou-se a
União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN),

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cujo objetivo era assegurar a manutenção dos recursos naturais (PHILIPPI JR e PELI-
CIONI, 2014).

As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas por um intenso ativismo público que
acabou influenciando o ambientalismo. Nos EUA, por exemplo, as primeiras de tais
questões diziam respeito à pobreza, ao racismo e às desigualdades de direitos civis.
Os protestos de massas, as estratégias empregadas por Martin Luther King e por ou-
tros líderes para levar a cabo uma confrontação pacífica com as autoridades, a exem-
plo de Gandhi, educaram uma nova geração quanto à potencialidade e necessidade
de tais manifestações públicas (PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014). No entanto, nesse
momento, ainda não havia laços formais entre os movimentos por direitos civis e o
ambiental.

Alguns fatores decisivos se destacaram neste período no que tange a formação de


um significativo movimento ambientalista (PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014):

• a tomada de consciência a respeito dos efeitos negativos da afluência (eleva-


ção do padrão de vida) no pós guerra e das consequências dos testes atômicos;

• a ampla divulgação de uma série de desastres ambientais e das denúncias


proferidas pela bióloga Rachel Carson, compiladas no livro Primavera silen-
ciosa (Silent Spring), quanto à utilização de pesticidas e inseticidas sintéticos;

• os avanços no conhecimento científico, os estudos antropológicos a respeito


dos valores e do estilo de vida dos povos tradicionais, bem como a influência
de outros movimentos sociais.

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Leitura Complementar

O livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, tornou-se o li-


vro fundador do movimento ambientalista moderno. Lançada
em 1962, a obra é um alerta para os perigos do uso indiscriminado de
pesticidas. Hoje o livro constitui bibliografia obrigatória de referência em
disciplinas voltadas para a temática ambiental, mas na época de seu lan-
çamento a obra e consequentemente a autora foi duramente criticada
e desacreditada. A autora tornou-se alvo de ataques vindos do Departa-
mento de Agricultura dos Estados Unidos e da indústria de pesticidas, que
gastou 250 mil dólares em propagandas a fim de desqualificá-la.

Os Estados Unidos no final da guerra, em 1945, jogaram duas bombas atômicas no


Japão, uma na cidade de Hiroshima e outra na cidade de Nagasaki. A população
mundial ficou em choque com o resultado e uso da bomba nuclear e o movimento
ambiental efetivamente ganha força. Apesar de os esforços em direção ao desarma-
mento nuclear terem começado depois dos bombardeios em Hiroshima e Nagazaki
(FIG.2), o primeiro resultado concreto ocorreu apenas em 1963, com o Tratado de
Proibição Parcial de Testes Nucleares, que pôs fim aos testes atmosféricos, mas dei-
xou uma brecha para os testes subterrâneos (IBRAHIN, 2014).

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FIGURA 16 - BOMBARDEIO ATÔMICO EM NAGASAKI

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018

Desastres ambientais, também, atraíram a atenção da população mundial, quanto os


reais custos do desenvolvimento econômico, sobre o meio ambiente e saúde huma-
na. Destacam-se, entre eles, dois eventos ocorridos em 1948:

• Um nevoeiro sulfuroso que se formou sobre a região de Donora, centro side-


rúrgico da Pensilvânia (EUA), provocou a morte de vinte pessoas e deixou 43%
da população doente e;

• A indústria química Chisso foi indicada como a responsável pela contamina-


ção das águas da baía de Minamata, Japão, por mercúrio. Até dezembro de
1974, haviam sido registrados 798 casos oficiais, 2.800 casos aguardando veri-
ficação e 107 mortes por causa da “doença de Minamata”.

Segundo Ibrahin (2014) na década de 1970, a preocupação com as questões ambien-


tais passa a fazer parte da realidade mundial e; em 1972 é realizada a Conferência
de Estocolmo, o primeiro grande evento sobre meio ambiente realizado no mundo.

Nos anos 1990, o ambientalismo é fortalecido. Em 1992, é realizada a Conferência

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das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-
92, no Rio de Janeiro, com a participação de representantes de 108 países do mun-
do, reunidos para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação
ambiental e garantir a existência de outras gerações (IBRAHIN, 2014).

As Nações Unidas implementam a Década da Educação para o Desenvolvimento


Sustentável (2005-2014), cuja instituição representa uma conquista para a Educação
Ambiental, ganha sinais de reconhecimento de seu papel no enfrentamento da pro-
blemática socioambiental, na medida em que reforça mundialmente a sustentabili-
dade a partir da Educação.

Até os dias de hoje, inúmeros tratados internacionais foram formalizados visando à


proteção do meio ambiente. Destaca-se o Acordo de Paris, ratificado, em 2015, pe-
las 195 partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC) e pela União Europeia, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21). Um
dos objetivos deste acordo é manter o aquecimento global “muito abaixo de 2°C”,
buscando ainda “esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos
níveis pré-industriais”.

Há muito a se fazer, mas esta mais do que comprovado que a comunidade interna-
cional está preocupada com as questões ambientais, tanto a nível local, quanto a
nível global.

6.2 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO


AMBIENTAL NO BRASIL

Durante a década de 1960, ocorreu uma significativa produção legislativa – o novo


Código Florestal, a nova Lei de Proteção aos Animais e a criação de vários parques
nacionais e estaduais (PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014). No entanto, o Brasil na década
de 60 estava submetido ao regime militar e a censura, que não permitia a reunião
de pessoas e muito menos de manifestações populares, mesmo que estritamente
ambientais. Segundo Sato (2002) na década de 70 ocorreram as primeiras experiên-
cias e implementações pioneiras da Educação Ambiental, sempre reservada a seus
aspectos ecológicos.

A década de 1980 é marcada pelo início de um processo histórico de redemocratiza-

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ção do país com o fim do regime militar, em 1984. Em 1988, é promulgada uma nova
Constituição e, em 1989, houve eleições presidenciais diretas. A Constituição Federal
de 1988 dedica um capítulo especial ao meio ambiente (capítulo IV) (IBRAHIN, 2014).
A Educação Ambiental passa por um período de reestruturação, redefinição, expan-
são e consolidação (SATO, 2002). Associações ambientalistas e de outras formas de
organizações civis se proliferam buscando a ampliação da Educação Ambiental nos
tipos formal e não formal.

Destaca-se o movimento pelas reservas extrativistas, liderado por Chico Mendes, que
é considerado um grande marco ambiental no Brasil. Chico Mendes foi seringueiro,
líder sindical dos trabalhadores Rurais do Acre e grande responsável pela criação de
Reservas Extrativistas. Morto em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes deixou um
legado de intensa disputa política e é fonte de inspiração para movimentos socioam-
bientais em todo o mundo.

Reserva Extrativista são espaços territoriais destinados à ex-


ploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais
renováveis, por populações tradicionais. A reserva extrativista
constitui uma unidade de conservação (UC) do grupo Unida-
des de Uso Sustentável, que visam conciliar a conservação da natureza
com o uso sustentável dos recursos naturais. A Reserva Chico Mendes, cria-
da em 1990, é a maior reserva extrativista do país, com quase um milhão
de hectares e abriga cerca de duas mil famílias.

Nos anos 1990, o ambientalismo é fortalecido no país, que sedia no Rio de Janeiro,
em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen-
to, conhecida como Eco-92, com a participação de representantes de 108 países do
mundo.

Em 2012 ocorre o retorno da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento no Brasil, a Rio + 20. Na ocasião a discussão ambiental ganha mais
urgência, diante do aumento da temperatura global e da perda de recursos naturais
do planeta, mas, no entanto, o evento foi desprestigiado com as ausências de muitos
líderes mundiais e apresentou poucos avanços nas pautas ambientais levantadas.

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O país tentou se projetar como líder ambiental global, mas muitas ações anticonser-
vacionistas foram questionadas, dentre elas a redução de IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados), para montadoras, que incentivou o uso de automóveis. As mudan-
ças no Código Florestal pelo Congresso Nacional, em substituição a legislação ante-
rior de 1965, também, reforçaram a imagem negativa do país, quanto às questões
ambientais.

6.3 A AGENDA 21 COMO INSTRUMENTO PARA A


GESTÃO AMBIENTAL

A Agenda 21, documento concebido e aprovado pelos governos durante a Rio 92, é
um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações
do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em
que a ação humana impacta o meio ambiente.

Segundo Philippi Jr e Pelicioni (2014) nesse fórum mundial, diversos documentos


foram assinados, além da Agenda 21: a Convenção sobre Mudanças Climáticas, a
Convenção sobre Diversidade Biológica, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento e a Declaração de Princípios sobre Florestas.

A Agenda 21 ampliou o conceito de desenvolvimento sustentável, buscando conciliar


justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental. Trata-se de um documen-
to que procurou os caminhos para concretizar tais conceitos, indicando as ferramen-
tas de gerenciamento necessárias (PHILIPPI JR e PELICIONI, 2014).

Foi a partir do Decreto n. 1.160, de 21 de junho de 1994, que o governo brasileiro


iniciou o compromisso assumido de executar a Agenda 21 global. Porém, a sua im-
plementação só ocorreu em fevereiro de 1997, com a criação da Comissão Intermi-
nisterial para o Desenvolvimento Sustentável (Cides), ligada ao Ministério do Meio
Ambiente.

Com a implementação da Agenda 21 brasileira, a utilização dos princípios e estra-


tégias desse documento como subsídio para a Conferência Nacional de Meio Am-
biente, Conferência das Cidades e Conferência da Saúde remeteu à necessidade de
se elaborar e implementar políticas públicas nos municípios e nas diferentes regiões
brasileiras.

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A Agenda 21 é dividida em quarenta capítulos, distribuídos em quatro seções:

• Dimensões sociais e econômicas;

• Conservação e gerenciamento dos recursos para desenvolvimento;

• Fortalecimento do papel dos grupos principais;

• Meios de implementação.

O Plano Plurianual do Governo (PPA 2004/2007) ampliou o alcance da Agenda 21


como política pública. O plano tem como prioridade orientar a elaboração e imple-
mentação de Agendas 21 locais com base nos princípios da Agenda 21 brasileira,
que reconhece a importância do nível local na concretização de políticas públicas
sustentáveis. As Agendas 21 Locais têm importância fundamental na construção do
desenvolvimento sustentável, pelo enorme poder de mobilização que as comunida-
des e os governos locais apresentam. Várias cidades brasileiras, como São Paulo, Belo
Horizonte, Campinas, Vitória, Angra dos Reis, Volta Redonda, Santos, Porto Alegre e
Curitiba já elaboraram suas Agendas 21 Locais.

Um bom exemplo de Agenda 21 Local é o município de Cuba-


tão, São Paulo. A partir de 2006 a proposta da Agenda 21, abra-
çada pelo CIESP(Centro de Integração e Desenvolvimento Em-
presarial da Baixada Santista)/CIDE (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo), foi adotada como ferramenta para um
planejamento estratégico de longo prazo, conciliando a atuação da indús-
tria, do poder público e da comunidade. A Agenda 21 de Cubatão abrange
ao todo 17 temas, escolhidos pelos três setores – público, privado e socieda-
de civil – com seus respectivos coordenadores. São temas como Educação
ambiental, Logística, Áreas de Preservação Permanente, Saneamento Bási-
co, Indústria, entre outros. De 2006 até hoje, a Agenda 21 passou a compor
a política pública do município, que estabeleceu um plano estratégico com
metas exequíveis até 2020. A Agenda 21 é apartidária e de toda a cidade, o
que assegura sua continuidade. Dos 282 projetos propostos pelos grupos de
trabalho (compostos por cidadãos e representantes dos demais setores),
92% estão em execução. A Agenda 21 de Cubatão possui significado maior
pelo seu histórico de poluição e degradação ambiental na década de 80,
quando foi conhecida mundialmente como “Vale da Morte” e apontada
pela ONU como o município mais poluído do mundo.

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O setor empresarial constitui uma das parcerias importantes para os governos (fe-
deral, estaduais e municipais) na elaboração da Agenda 21, que possui uma gestão
compartilhada entre os diferentes agentes envolvidos e articulados em seus diferen-
tes papéis, de forma muito semelhante à gestão ambiental. É importante frisar, que
a Agenda 21 é apartidária, o que assegura sua continuidade.

Assim entende-se que a responsabilidade pela proteção ambiental é de toda a so-


ciedade e não apenas do governo. Essa concepção pressupõe a busca de uma pos-
tura proativa de todos os agentes inseridos no processo de administração da política
ambiental. A agenda 21 constitui uma ferramenta, que contribui para este processo
transformador das relações sociais, que muito contribui para com o desafio político
da sustentabilidade.

6.4 ASPECTOS LEGAIS E LICENCIAMENTO


AMBIENTAL

Em nível de legislação, a Educação Ambiental aparece na Lei n°6.938/81, que instituiu


a ‘Política Nacional do Meio Ambiente’. Embora esteja inserida nas formas Educação
formal e não formal, ela é limitada em seus aspectos ecológicos e de conservação
(SATO, 2002). A Constituição de 1988 assimilou a legislação ordinária e estabeleceu
como incumbência do poder público: “promover a Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”
(art.225, §1º, VI).

Em 1999, foi aprovada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de Edu-
cação Ambiental (PNEA). Em 2002 esta lei foi regulamentada pelo Decreto n° 4.281,
que define, entre outras coisas, a composição e as competências do Órgão Gestor da
PNEA lançando, assim, as bases para a sua execução. Este foi um passo decisivo para
a realização das ações em Educação Ambiental no governo federal.

A transversalidade foi a grande inovação desta legislação permitindo que o professor


trabalhe a temática ambiental de forma paralela aos conteúdos abordados em sala
de aula, o que evidencia o caráter multidisciplinar da Educação Ambiental. É impor-
tante salientar que, o Brasil foi o 1º país da América Latina a ter uma política nacional
especificamente voltada para a Educação Ambiental.

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Segundo a PNEA as empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas,


devem promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando
à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as
repercussões do processo produtivo no meio ambiente.

O Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo realizado em etapas,


que objetiva conceder licença ambiental para a realização de alguma atividade ou
implementação de algum empreendimento. O licenciamento e a revisão de ativida-
des efetiva ou potencialmente poluidoras é um dos instrumentos da Política Nacio-
nal do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938, Art 9º, Inciso IV).

Atualmente, o principal marco legal sobre a Educação Ambiental no âmbito do Li-


cenciamento Ambiental é a Instrução Normativa do IBAMA nº 02, de 27 de março
de 2012, que estabelece as bases técnicas para programas de educação ambiental
apresentados como medidas mitigadoras ou compensatórias, em cumprimento às
condicionantes das licenças ambientais emitidas pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

Essas diretrizes e procedimentos orientam e regulam a elaboração, implementação,


monitoramento e avaliação de programas e projetos de educação ambiental a se-
rem apresentados pelo empreendedor no âmbito do Licenciamento Ambiental de
empreendimentos e atividades definidas nas Resoluções CONAMA Nº 001/86 e CO-
NAMA Nº 237/97.

A Instrução Normativa contribui decisivamente para o trabalho do IBAMA, pois seus


gestores e servidores agora dispõem de bases técnicas e orientações legais para os
programas, de educação ambiental, apresentados como medidas mitigadoras ou
compensatórias, em cumprimento às condicionantes das licenças ambientais emi-
tidas.

A Educação Ambiental, desta forma, constitui uma alternativa de compensação de


impacto ambiental comumente utilizada pelas empresas, mas esta deve ser tratada
com responsabilidade socioambiental de forma que o processo de Licenciamento
Ambiental atinja efetivamente os objetivos propostos.

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CONCLUSÃO
A Educação Ambiental constitui um instrumento para a resolução dos problemas
ambientais, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e res-
ponsável, de cada indivíduo e da coletividade. O desafio é de se colocar em prática
uma educação ambiental que seja crítica e inovadora tanto no âmbito formal, quan-
to no não formal. No contexto não formal a Educação Ambiental para as organiza-
ções empresariais significa uma oportunidade de estas assumirem sua co-respon-
sabilidade no controle dos agentes responsáveis pela degradação socioambiental e;
de tomarem posturas que favoreçam e nos conduzam a justiça social e qualidade
ambiental.

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GLOSSÁRIO
Logística reversa

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa


pode ser definida como “instrumento de desenvolvimento econômico e so-
cial caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios desti-
nados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empre-
sarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,
ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Política ambiental

É uma declaração pública sobre as intenções e os princípios de ação da or-


ganização a respeito das suas questões ambientais. Esta deve atender a três
compromissos básicos: proteger o meio ambiente, atender aos requisitos le-
gais e outros requisitos, e melhorar continuamente o SGA para aumentar o
desempenho ambiental da organização (BARBIERI, 2016).

Não conformidade

É o não atendimento de um requisito. É qualquer falha ou desvio que preju-


dique o funcionamento do SGA ou comprometa o desempenho ambiental
da organização (BARBIERI, 2016).

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