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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

COMUNICAÇÃO E
EXPRESSÃO

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 1
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul

MULTIVIX
do Estado do Espírito Santo, com unidades em
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba,
destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro áreas
do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando pela
qualidade de seu ensino e pela formação
de profissionais com consciência cidadã
para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto


grupo de Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu-
ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis-
taram notas 4 e 5, que são consideradas
conceitos de excelência em ensino.

R EE II T O R
R
Estes resultados acadêmicos colocam
todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo e
entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência


cidadã para o mercado de trabalho, com elevado
padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil-
idade, segurança e modernidade, visando à satis-
fação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-


da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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02 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

EDITORIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX

Diretor Executivo Revisão Técnica


Tadeu Antônio de Oliveira Penina Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Diretora Acadêmica Graziela Vieira Carneiro
Eliene Maria Gava Ferrão Penina Juliana Lima Barboza
Tatiana de Santana Vieira
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Diretor Geral Maico Pagani Roncatto
Helber Barcellos da Costa Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Conselho Editorial Genivaldo Felix Soares
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente
do Conselho Editorial) NEAD – Núcleo de Educação à Distância
Kessya Penitente Fabiano Costalonga Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Carina Sabadim Veloso Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Patrícia de Oliveira Penina Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Roberta Caldas Simões Coordenação Geral de EAD

Revisão de Língua Portuguesa


Leandro Siqueira Lima

Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra


2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

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SUMÁRIO 03
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APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,

DA DIREÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte do

EXECUTIVA
maior grupo educacional de Ensino Superior do
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro


de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos
de graduação, pós-graduação e extensão de
qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na
modalidade presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprovada


REITOR
pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
- Instituições de Ensino Superior de excelência
no Brasil, contando com sete unidades do
Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix
preocupa-se bastante com o contexto da
realidade local e com o desenvolvimento do
país. E para isso, procura fazer a sua parte,
investindo em projetos sociais, ambientais e na
promoção de oportunidades para os que
sonham em fazer uma faculdade de qualidade
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina mas que precisam superar alguns obstáculos.
Diretor Executivo do Grupo Multivix
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
“Formar profissionais com consciência cidadã para
o mercado de trabalho, com elevado padrão de
qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu-
rança e modernidade, visando à satisfação dos
clientes e colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre


foi a melhor resposta para um país crescer. Para a
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

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04 SUMÁRIO
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APRESENTAÇÃO

Olá, acadêmico(a)

Bem-vindo(a) à disciplina de Comunicação e Expressão, na qual iremos aprofun-


dar seus conhecimentos acerca de linguagem, língua e códigos comunicacionais
da Faculdade Multivix – Serra.

Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada
em seis unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em
seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem.

Nesta disciplina, desenvolveremos estudos no campo da Língua Portuguesa e da


Comunicação e procuraremos compreender as formas de expressão, a lingua-
gem e suas transformações com o passar dos tempos, assim como a inserção das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na sociedade contemporânea.

Detalharemos na disciplina os novos signos e códigos, bem como as formas de


expressão em um contexto cada vez mais dinâmico. Para tanto, partiremos da
premissa de que a expressão pressupõe, cada vez mais, um processo interacional.

Cabe destacar que esse modelo interativo se aplica também ao estudo da disci-
plina de Comunicação e Expressão no ensino a distância, destacando que, para
se realizar um bom curso, sua participação nos fóruns de discussão é de suma
importância, para que os intercâmbios conceituais possam reverberar.

Esperamos que, até o final da disciplina você possa:

- ampliar a compreensão acerca da linguagem e do uso dos códigos linguísticos;

- conhecer os elementos da comunicação;

- identificar os níveis e as funções da linguagem na expressão e na comunicação;

- compreender a importância da classificação das mensagens escritas.

Para tanto, fiquem atentos aos conceitos e façam as atividades propostas.

Antes de iniciar a leitura, gostaríamos de solicitar a você que pare um instante e


reflita acerca da importância de se observar as características comunicacionais e
da comunicação na contemporaneidade.

Enfim, esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e


bons estudos!

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SUMÁRIO 05
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PLANO DE ENSINO

Linguagem e língua: Conceito de linguagem e língua. Código. Variedades Lin-


guísticas. Dialetos e Registros. Norma padrão e norma popular. Ato comunicativo:
Comunicação. Elementos da Comunicação. Funções da Linguagem. Ruídos na
comunicação. Técnicas de Comunicação Oral. Leitura: Processamento da leitura.
Concepções de Leitura. Estratégias de leitura. Processamento da escrita: Conceito
de texto. Tipos textuais. Textualidade: Coerência textual. Coesão textual. Modelos
de escrita: Escrita comercial. Escrita acadêmica. Escrita oficial. Tópicos gramati-
cais: Crase. Correção ortográfica. Palavras e expressões que oferecem dificuldade.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Compreender o processo de comunicação nas organizações, utilizando adequa-


damente técnicas e instrumentos para o exercício da profissão.

Refletir acerca do funcionamento da língua por meio de textos, em situações con-


cretas de interação comunicativa, principalmente nas organizações.

Aperfeiçoar o desempenho linguístico com o exercício tanto das práticas de lei-


tura e de interpretação de textos quanto da compreensão da funcionalidade dos
elementos linguísticos.

Avaliar a importância da linguagem como garantia de nossa capacidade de comuni-


cação, ou seja, de compartilhar sentidos no dia a dia como agentes sociais.

Conhecer os elementos que condicionam os processos de produção e recepção


de textos, bem como a eficácia dos processos de comunicação.

Compreender as noções de variedade e unidade linguística, assim como as cau-


sas mais comuns da ineficácia dos processos de comunicação.

Compreender o processo de leitura como atividade dinâmica e interativa entre


autor, texto e leitor, na interpretação e na compreensão de sentidos.

Aplicar os diferentes enfoques sobre os processos de leitura e as estratégias de


interpretação.

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06 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Planejar, eficientemente, um texto, considerando a função da escrita, suas estra-


tégias e, por fim, os processos de produção de um texto escrito.

Reconhecer os elementos que tornam um texto incoerente, o que inviabiliza o


compartilhamento de sentidos e, consequentemente, desestabiliza o processo
de comunicação.

Utilizar, com eficácia, os mecanismos da coesão textual, isto é, as relações que


se estabelecem entre os elementos linguísticos que funcionam na superfície do
texto e que estabelecem seu sentido.

Reconhecer as características e a funcionalidade dos principais modelos de escri-


ta comercial e oficial.

Produzir, com eficácia, diferentes modelos de escrita técnica utilizados no âmbito


profissional das instituições públicas e das empresas privadas.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE OBJETIVO

01 Linguagem e língua

02 Ato comunicativo

03 Leitura

04 Processamento da escrita

05 Textualidade

06 Modelos de escrita

CRONOGRAMA DE CONTROLE DO ALUNO

UNIDADE 01 02 03 04 05 06

PRAZO PARA
ENTREGA

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SUMÁRIO 07
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

SUMÁRIO

UNIDADE 1 DESENVOLVIMENTO 13
1.1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 13
1.2 LÍNGUA 18
1.2.1 – LÍNGUA E LINGUAGEM 18
1.2.2 A LÍNGUA É MUTÁVEL 19
1.3 GRAUS DE FORMALIDADE 26

UNIDADE 2 DESENVOLVIMENTO 31
2.1 COMUNICAÇÃO 32
2.1.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 32
2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE DISCURSIVA 34
2.1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO 37
2.2 RESUMO 40

UNIDADE 3 DESENVOLVIMENTO 43
3.1 CONCEPÇÕES DE LEITURA 43
3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA 44
3.3 FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA 45
3.4 ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO 49
3.5 RESUMO 51

UNIDADE 4 DESENVOLVIMENTO 54
4.1 CONCEITO DE TEXTO 54
4.2 RESUMO 58

UNIDADE 5 DESENVOLVIMENTO 60
5.1 - COERÊNCIA TEXTUAL 60
5.2- COESÃO TEXTUAL 67
5.2.1 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL 68
5.2.2 ESTRATÉGIAS DE COESÃO REFERENCIAL 69
5.2.3 COESÃO SEQUENCIAL 71

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08 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

SUMÁRIO

5.3 CONCLUINDO 73
5.4 RESUMO 74

UNIDADE 6 DESENVOLVIMENTO 77
6.1 ESCRITA COMERCIAL 77
6.2 ESCRITA OFICIAL 80
6.3 RESUMO 87

REFERÊNCIAS 88

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SUMÁRIO 09
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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES

LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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10 SUMÁRIO
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UNIDADE 1

OBJETIVOS

Ao final desta unidade o aluno será capaz de:

• compreender os conceitos de língua e linguagem e diferenciá-los.

• diferenciar linguagem verbal, não verbal e mista.

• entender a definição de código e sua relação com a língua.

• conhecer e reconhecer variedades linguísticas.

• conscientizar-se da existência das variedades linguísticas.

• compreender as noções de norma padrão e norma popular.

• conscientizar-se de que cada modalidade das variedades linguísticas não é


superior à outra.

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SUMÁRIO 11
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1 DESENVOLVIMENTO
Como salvar a dimensão soberba da comunicação, uma das mais belas do homem,
aquela que lhe faz desejar entrar em relação com os outros, interagir com os outros?
Nas palavras do sociólogo e pesquisador da área de comunicação, Dominique Wol-
ton, “[...] Como salvar a dimensão humanista da comunicação, quando triunfa sua
dimensão instrumental?” (WOLTON, 2004, p. 28). Tais interrogações nos trazem uma
perspectiva comunicacional dialógica e voltada para a potência na geração de laço
social e estabelecimento de vínculos.

A comunicação é um processo social básico e primário, pois é a partir dela que se


torna viável e possível a vida em sociedade. Ela preside, rege todas as relações hu-
manas, de modo que não há sociedade organizada sem comunicação. Dessa forma,
está relacionada a um padrão cultural, a um modelo de cultura.

Para que a comunicação realmente possa se efetivar, é necessário o domínio da


linguagem. Especialmente, de uma de suas formas: a língua. Devemos considerar,
nesse contexto, tanto a língua na sua forma oral quanto na sua forma escrita. As di-
versas variedades linguísticas, bem como as narrativas imagéticas também devem
ser consideradas, pois convivemos intensamente, na contemporaneidade, com a lin-
guagem visual.

Sendo assim, nesta unidade, serão apresentados conceitos e reflexões que habilitem
ao discente o uso da comunicação, da linguagem verbal e da linguagem não verbal
de forma correta. É, portanto, de suma importância o estudo da linguagem, nos pro-
cessos de interação na contemporaneidade.

1.1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

É importante perguntar: em que consiste a linguagem? Na realidade, ela consiste


em símbolos, que são representações de pessoas, eventos e de tudo o que ocorre
conosco e ao nosso redor (WOOD, 2009, p. 103). Assim, toda linguagem é simbólica,
entretanto nem todos os símbolos são linguísticos. No caso da linguagem não ver-
bal, estão inclusos símbolos que não são palavras, como expressões faciais, roupas e

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12 SUMÁRIO
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tons de voz, assim como imagens expressas pelo homem em suportes diversificados.
Segundo Émile Benveniste (2005), a linguagem é um sistema de signos socializados.
Símbolos que apresentam um sentido uniformizado em uma comunidade linguísti-
ca. A premissa de socialização explicitada remete a uma proposição comunicacional
da linguagem. Quanto à menção “sistema de signos”, seu emprego refere-se à de-
finição de linguagem como um conjunto cujos elementos se determinam em suas
inter-relações, ou seja, um conjunto no qual nada significa por si, mas tudo significa
em função dos outros elementos. Dito de outro modo, o sentido de um termo, bem
como o de um enunciado, é função do contexto em que ele ocorre (VANOYE, 2003,
p. 21). Dessa forma, a linguagem é considerada fruto de aprendizagem social e refle-
xo da cultura de uma comunidade; além disso, seu domínio é primordial na inserção
do indivíduo na sociedade.

Observe as imagens a seguir para exemplificar a ideia de uso da linguagem na co-


municação intermediada ou não por dispositivos eletrônicos.

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SUMÁRIO 13
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Figura 1 - Comunicação intermediada ou não por dispositivos eletrônicos

Figura 2 – Interação social

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14 SUMÁRIO
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Observe que, tanto na comunicação entre as pessoas da Figura 1, mediada por dis-
positivos eletrônicos, quanto da Figura 2, há formas de comunicação. A diferença é
que, na segunda imagem, os movimentos e gestos também auxiliam na construção
de sentidos e são formas de expressão da linguagem.

A linguagem cria a realidade. Ao nomear as coisas, a linguagem as traz até a cons-


ciência humana. As linguagens têm características particulares. Dividem-se em dois
grupos: a linguagem verbal e a não verbal. A linguagem verbal tem por unidade a
palavra. A não verbal, por sua vez, tem outros tipos de unidades: gestos, imagens,
desenhos, pinturas etc. Quando há, em um texto, linguagem verbal e não verbal, di-
zemos que existe a linguagem mista. Observe os exemplos a, b, c.

a) Desenho: linguagem não verbal

Figura 3 – Linguagem não verbal

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b) Poema: linguagem verbal

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento [...]

O Soneto de Fidelidade de Vinícius de Morais corresponde a um exemplo de lingua-


gem verbal, por meio de palavras.

c) Quadrinho: linguagem mista (verbal+não verbal)

Na comunicação diária, uti-


lizamo-nos de meios que
dispensam o uso da palavra.
Nossos gestos e olhares são
provas disso. A maneira como
nos vestimos e até como nos
portamos nos variados am-
bientes que frequentamos
também serve para comuni-
car aos que nos observam mo-
dos de ser. Assim, podemos
naturalmente concluir que
há, no cotidiano, uma mistura
natural de linguagens. Temos
por hábito utilizar a lingua-
gem verbal, juntamente com
Figura 4 – Linguagem mista a não verbal, como forma de
estabelecer comunicação.

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16 SUMÁRIO
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1.2 LÍNGUA

As línguas sempre refletem a diversidade de condições históricas e socioculturais em


que são utilizadas. Para Vanoye (2003, p. 21), as línguas são casos particulares de um
fenômeno, a linguagem, que é estudada pela linguística geral. Embora não exista a
linguagem verbal universal, a linguística geral esforça-se no sentido de isolar e estu-
dar as características comuns das diferentes línguas.

A língua é um código, formado por palavras e leis combinatórias, por meio das
quais as pessoas se comunicam e interagem entre si. Quanto maior o domínio
que temos da língua, maiores são as possibilidades de termos um desempenho
linguístico eficiente.

1.2.1 – LÍNGUA E LINGUAGEM

Um dos principais conceitos para diferenciar língua e linguagem vem de um impor-


tante linguista, considerado o pai da Linguística Geral, Ferdinand de Saussure (2006).
Para o estudioso, a linguagem é de natureza heterogênea, portanto, é multiforme,
além disso, pertence ao domínio individual e social. O que tudo isso quer dizer?
Heterogênea significa que assume mais de uma forma. Então, pode ser verbal, não
verbal, feita por meio de gestos e movimentos. É, portanto, multiforme, pois assume
mais de uma forma. A linguagem pode ser de domínio individual (uma pessoa iso-
lada pode conceber símbolos para compreender o mundo) e social (várias pessoas
usam os mesmos símbolos).

Para Saussure (2006), a língua é um produto social da linguagem, sendo assim, é


sempre algo adquirido e convencional. Ou seja, uma comunidade de pessoas preci-
sa atribuir o mesmo sentido aos mesmos símbolos. Por exemplo, em língua portu-
guesa, o símbolo verbal GATO representa o animal doméstico felino. A língua é um
sistema homogêneo: tem uma única forma e, portanto, é estável.

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SUMÁRIO 17
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1.2.2 A LÍNGUA É MUTÁVEL

A mutabilidade das línguas é enorme e resulta da dinâmica da história, da própria


vida, das relações sociais e até da maneira de ser de cada indivíduo. Um exemplo são
as chamadas línguas mortas, ou em desuso, como o latim. A língua evolui, transfor-
mando-se, e os processos de globalização, os avanços tecnológicos, têm intensifica-
do as variações linguísticas. A fala também se modifica de acordo com a história de
cada indivíduo, suas intenções, sua formação escolar, sua cultura, com as influências
que ele recebe do grupo social ao qual pertence (SAUSSURE, 2006).

Algumas palavras perdem ou ganham sílabas, como é o caso do pronome de trata-


mento “Vossa Mercê” que passou por transformações tornando-se “Você”. Quem sabe
daqui a alguns anos já teremos a palavra Cê no dicionário? Além disso, novas palavras
surgem de acordo com as necessidades, incluindo os empréstimos de outras línguas
com as quais a comunidade linguística mantém contato, denominados estrangeiris-
mos (empréstimos linguísticos provenientes de línguas estrangeiras, em diferentes
épocas). A palavra “bife”, por exemplo, veio do inglês beef; a palavra “abajur” veio do
francês abat-jur, dentre milhões de exemplos possíveis.

Também é importante pontuar que a convergência digital, o desenvolvimento das


Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com o uso da internet e das redes
sociais, tem potencializado a mutabilidade linguística. A internet propiciou o surgi-
mento e o empréstimo de novas palavras (digitar, teclar, twittar, facebook, blogueiros);
outras, porém, deixam de ser utilizadas, gradativamente, como é o caso de datilografar.

• SIGNO

Vanoye (2003, p.21) define signo como uma noção básica na linguística. Signo é
a menor unidade dotada de sentido em um código dado. Decompõe-se em um
elemento material, perceptível: o significante, e em um elemento conceitual, não
perceptível, o significado. O referente é o objeto real ao qual remete o signo em uma
instância de enunciação.

Exemplo: vamos pensar em maçã.


Significante: o som da palavra, a união de fonemas que forma o vocábulo maçã.
Significado: ideia de uma determinada fruta específica.
Referente: a fruta real que existe.

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• CÓDIGO

Código é um conjunto de regras que permi-


te a construção e a compreensão de men-
sagens. É, portanto, um sistema de signos.
A linguagem é, por conseguinte, um dentre
outros códigos (VANOYE, 2003, p. 22).

A linguagem verbal é um código, porém, di-


ferente dos demais, apresenta características No caso do signo maçã,
únicas (SAUSSURE, 2006). Uma delas é a de diversos significantes (um som,
falar acerca dos signos que constituem ou- ou melhor, uma combinação
tros signos, ou seja, pode explicar a arbitra- de sons ou uma combinação
riedade que existe entre significante e signi- gráfica) correspondem a
um significado (o conceito
ficado. Outra possibilidade é fazer jogos de
de maçã), que, por sua vez,
sentido, criando ambiguidades, metáforas,
designa uma classe de
brincadeiras de palavras, novas significações. referentes: maçã do amor,
doce de maçã, maçã argentina.
Percebe-se que o significado das palavras, Há casos em que um mesmo
embora possa parecer algo fixo, não o é, já que significante pode remeter a
a língua é viva: as palavras nascem, crescem, vários significados: folha (pode
evoluem, podem mudar de forma e de senti- remeter à folha de árvore ou
do e até desaparecer de determinado idioma. à folha de caderno). Nesses
casos, o contexto elimina a
A imaginação do homem também pode con-
ambiguidade.
tribuir para ampliar o significado das palavras
e ela deixa de significar apenas a ideia origi-
nal, que é aquela básica e objetiva. Daí os conceitos de denotação e conotação.

• DENOTAÇÃO/CONOTAÇÃO

Referem-se ao sentido das palavras da língua. Denotação é a designação do objeto


ao qual remete o significante, ou seja, é o sentido imediato, possível de localizar ra-
pidamente em um dicionário. Conotação faz referência a tudo que um termo possa
sugerir, clara ou vagamente (varia de pessoa para pessoa e conforme o espaço e o
tempo). Nessa categoria, estão as metáforas e a linguagem figurada. (KOCH, 2009).

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SUMÁRIO 19
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Quando determinada palavra é utilizada com um sentido diferente daquele que


lhe é comum, estamos diante de uma linguagem conotativa. Além de ser bastante
explorada na Literatura, a conotação é empregada em letras de músicas, anúncios
publicitários, conversas do nosso cotidiano etc.
Para demonstrar que tanto a conotação quanto a denotação são bastante exploradas
no nosso dia a dia, leia o exemplo a seguir:

Ex: Marina quebrou a cara.

Observe que, no exemplo, podemos interpretar o enunciado de duas maneiras:


entender que Marina sofreu algum acidente e fraturou o rosto ou que ela não se deu
bem em determinada situação.

Dominar bem uma língua não significa apenas conhecer seu vocabulário; é preciso
também ter domínio de suas leis combinatórias. Conhecemos o sentido de cada
uma das palavras deste enunciado:

Na foi comunidade Amazônica descoberta indígena

Porém ele nada significa para nós, porque não foram respeitadas as leis de combina-
ção das palavras. Veja como o enunciado ganha sentido se combinarmos as palavras
desta forma:

Foi descoberta comunidade indígena na Amazônia.

Para compreender melhor a relação dos signos na constituição da linguagem, vamos


explicar as três características dos símbolos, conforme assinala Wood (2009, p. 104-108).

a) Arbitrariedade – a linguagem é arbitrária, o que significa que os símbolos verbais


não são intrinsecamente relacionados com o que representam.

Exemplo: sala de bate-papo não tem nenhuma relação natural com espaços para
interação dentro de comunidades virtuais específicas. Dessa forma, não há nenhuma
regra que diga que o termo “mesa” faça referência ao objeto que consideramos
ser uma mesa. É apenas um convenção. É disso que se trata a arbitrariedade. A
linguagem também muda à medida que inventamos novas palavras ou atribuímos
novos significados a palavras existentes.

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20 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

b) Ambiguidade – a linguagem é ambígua, ou seja, não tem significados bem defi-


nidos e precisos. A linguagem é a mesma, mas seu sentido muda, dependendo de
experiências, interesses, identidade e formação pessoal. A ambiguidade relaciona-se
aos aspectos culturais.

Exemplo: cachorro pode se referir a determinado animal de quatro patas ou, em


algumas culturas, dar nome a um alimento.

c) Abstração – a linguagem é abstrata, ou seja, as palavras não são os fenômenos


concretos ou tangíveis aos quais elas se referem. Elas representam esses fenômenos
– ideias, pessoas, eventos, objetos, sentimentos e assim por diante –, mas não são as
coisas que representam. À medida que a linguagem se torna cada vez mais abstrata,
o potencial de confusão aumenta rapidamente. Exemplo: a comunicação em geral
utiliza uma linguagem altamente genérica e abstrata para descrever grupos de pes-
soas – juventude urbana, imigrante, terceira idade etc.

LEITURA COMPLEMENTAR

O Gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa


mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o
estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra
língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da
pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal pro-
fessor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua,
e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às
pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram
o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem
entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então va-
mos em frente.

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SUMÁRIO 21
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que


deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gra-
mática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é
uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessaria-
mente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo? O im-
portante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas
aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A
Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de inte-
resse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa.
Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros
da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles
só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão
e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não
informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não
tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha im-
plicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sem-
pre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a
Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total
inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas
exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,
as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras.

Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas-
sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na
sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que
outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de
outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo.
São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.

Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão
ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as
com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra
seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em
sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e
colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar
todos os dias pra saber quem é que manda.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: ______. Para gostar de ler. Luis Fer-
nando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10. ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77-78.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Apesar de uma língua ser uma construção social e sofrer padronizações para se tor-
nar o mais uniforme possível, sempre haverá variação em seu uso. Ou seja, a variação
“sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa.
Assim, quando se fala em ‘Língua Portuguesa’ está se falando de uma unidade que
se constitui de muitas variedades [...]” (BRASIL, 1998, p. 29). É preciso destacar que
as variações de uma língua ocorrem de acordo com condições/peculiaridades de
natureza social, cultural, regional ou até histórica.

Gorski e Coelho (2010) destacam que há três importantes tipos de variações linguís-
ticas: variação regional ou geográfica, variação social e variação estilística. Vamos nos
ater um pouco em cada uma delas.

Variação Regional: é aquela que acontece por razões geográficos. Por exemplo, o
sotaque Gaúcho falado no Rio Grande do Sul, o sotaque baiano falado na Bahia etc.

Variação Social: essa variação (também conhecida como variação diastrática - GOR-
SKI; COELHO, 2010) está relacionada a fatores econômicos, a classes sociais e ao
acesso à educação. Também podem influenciar fatores como o sexo, a idade, o grau
de escolaridade, a profissão do indivíduo. Segundo Gorski e Coelho (2010), são exem-
plos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i-, como em “mulher/muié”;
“blusa/brusa”; “cantando/cantano”; a concordância nominal e verbal, como em “os
meninos saíram cedo/os menino saiu cedo”.

Variação estilística: também chamada de registro. Manifesta-se nas diferentes situ-


ações comunicativas que nos envolvem todos os dias. Por exemplo, em casa, com
familiares e amigos íntimos, usamos uma variação da língua mais coloquial, mais
despreocupada. Em situações formais, como uma entrevista de emprego, é mais
indicado o uso de uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro formal. Al-
gumas esferas de comunicação vão exigir um uso diferenciado da língua – a igreja, o
clube, o tribunal, dentre outros possíveis exemplos.

Gorski e Coelho (2010, p. 77) destacam que “tanto a variação geográfica como a
variação social estão intimamente associadas às forças internas que promovem ou
impedem a variação e a mudança e à identidade do falante”. Ou seja, ao abrir a boca
e falar, um sujeito pode revelar muitas informações sobre si, como a sua região de

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SUMÁRIO 23
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

origem; “como se ele, pela sua forma de falar, se identificasse como pertencente ou
não a determinada comunidade e a determinado grupo social” (GORSKI, COELHO,
2010, p. 77).

É nesse contexto que pode acontecer o preconceito linguístico, que diz respeito ao
julgamento, com preconceito, da forma de falar de um indivíduo.

Onde se fala melhor o português no Brasil?

Como vimos, as variações linguísticas são normais e podem ser de diferentes nature-
zas: geográficas, sociais ou estilísticas. Portanto, é absolutamente inadequado eleger
uma maneira de falar como superior às demais, principalmente quando estivermos
nos referindo a sotaques (GORSKI; COELHO, 2010) .

Aprendemos nossa língua em casa, no contato com a família, imitando o que ouve e
apropriando-se do vocabulário e das leis combinatórias da língua. Exercitamos tam-
bém o aparelho fonador para produzir sons que se transformam em palavra, frases e
textos inteiros. Dessa forma, é preciso levar em conta que

[...] Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma lín-
gua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras,
de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identifi-
cam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como
ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Não existem,
portanto, variedades fixas: em um mesmo espaço social convivem mescla-
das diferentes variedades linguísticas, geralmente associadas a diferentes
valores sociais (BRASIL, 1998, p. 29).

Por isso, temos de compreender as diferentes manifestações da língua e evitar ações


de preconceito linguístico. É importante ter consciência das diferentes variedades
da língua e, também, do valor social que manifestam as formas em variação. Desse
modo, a pergunta “Onde se fala o melhor português do Brasil?” é absolutamente
inadequada: não há maneira melhor ou pior, certa ou errada. Entretanto, quando
estivermos em situações de formalidade, alguns usos da língua precisam ser obser-
vados. Nesse caso, estaremos diante de um uso adequado ou inadequado da língua,
não de um “pior” ou “melhor”.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

1.3 GRAUS DE FORMALIDADE

Formal - linguagem cuidada, na variedade culta e padrão.

Exemplos: artigos acadêmicos, notícias, informativos, dicionários.

Na linguagem formal, observamos a aplicação de regras gramaticais, lexicais, orto-


gráficas e a maior precisão vocabular possível.

Existem situações comunicativas de maior formalidade, como um tribunal, uma en-


trevista de emprego, uma entrevista com autoridade.

A linguagem formal sempre trará a norma padrão da língua, aquela manifestada nas
gramáticas, nos dicionários.

Linguagem coloquial, informal ou popular – ocorre quando a língua se manifesta


naturalmente de forma coloquial e despreocupada com regras específicas da gra-
mática.

Exemplo: conversas em redes sociais, bilhetes.

Existem situações comunicativas de maior coloquialidade, como conversa entre amigos.

A linguagem coloquial trará como norteadora a norma popular da língua, baseada


no uso direto das situações comunicativas.

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SUMÁRIO 25
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LEITURA COMPLEMENTAR

Texto 1:
Todo mundo fala errado?*
Lya Luft

Frequentemente se ouve alguém afirmar, desamparado, que “todo mundo fala erra-
do”. Se apenas observarmos superficialmente, poderemos achar que a afirmação está
correta. É verdade: ninguém ou quase ninguém fala “certo”. Talvez devêssemos então
indagar o que é falar “certo”. A maioria das respostas será que é “falar como está nas
gramáticas”, isto é: todo mundo deveria usar, com naturalidade e frequência, as formas
mais sofisticadas da chamada língua-padrão. Nesse caso, diríamos aos amigos, aos fi-
lhos, aos empregados coisas como na página seguinte:

- Maria, viste meu filho na escola?

- Não, Teresa, vê-lo-ei amanhã somente.

Ou ainda:

- Poderias dizer-me aonde irás esta noite?

- Dir-te-ei unicamente quando tiver regressado.

E ainda coisas deliciosas, como:

- Que pensais da cultura dos nossos universitários?

- Não vos posso dar essa resposta, porque seria demasiado desanimadora.

Ora, dirão os meus leitores, que linguajar mais horrível. Que pedantismo, que erudição
falsa, que inadequação à nossa realidade. Ninguém fala assim. Enfim uma observação
inteligente: ninguém fala assim, porque essas formas, e muitas outras que não estão
nos livros, não se usam. Tornaram-se arcaicas, pertencem a um nível de linguagem
culto formal, que se aceita, com dor nos ouvidos, em discursos, em sermões de igreja
(e olhe lá! Pelo que nossa liturgia e posturas na Igreja andam evoluindo, em breve a
música religiosa será considerada blasfêmia...). São formas apenas aturadas, como se
aturam trastes velhos pela casa, enquanto não sabemos onde os colocar. Isso significa
que aquilo que os mais ingênuos julgam ser a maneira correta de falar, não passa de
fórmula livresca, seca, sem vida. Mas não é, nem de longe, o que devemos empregar

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diariamente, muito menos na fala. Pois na língua se distinguem duas maneiras de


registrar o pensamento: a fala, registro primeiro, e a escrita, registro segundo, isto é, re-
gistro da fala. Observando isso, podemos concluir que a escrita é que deve reproduzir a
fala, e não vice-versa. Assim não é correto que devêssemos falar como se escreve, mas
deveríamos, isso sim, escrever como se fala, o que é impossível por uma série de moti-
vos, um dos quais o de ser a escrita um código determinado por decretos oficiais. Por
isso, não é correto somente o que está “nos livros”.

Mas há outros aspectos, como a linguagem ser um comportamento social do homem.


Não se usa um calção em uma conferência, nem terno e gravata para ir à piscina (entre
amigos), como não se fala de maneira descontraída em uma conferência. Na escrita,
para aprendermos realmente a escrever, é necessário um treinamento intenso, pois o
código é mais complicado, obedece a regras fixas e rígidas. Nadar se aprende nadando;
guiar se aprende guiando; falar se aprende falando, e escrever se aprende escrevendo
e lendo, para internalizar estruturas. O assunto linguagem é complexo demais para ser
tratado num artigo, e todos os livros escritos a respeito ainda nos deixam saudavelmen-
te curiosos e perplexos.

*LUFT, Lya. Todo mundo fala errado? In: SMITH, Marisa Magnus; MOREIRA, Maria Eunice;
BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Org.). ENADE comentado: letras 2011. Dados eletrôni-
cos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013. 122p.

1.4 RESUMO

• A linguagem é um sistema de signos utilizado para o estabelecimento da co-


municação.

• A linguagem é dividida em verbal e não verbal.

• A língua é um código que permite a comunicação entre as pessoas, por meio


de um sistema de signos e combinações.

• Há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos e os registros.

• A norma popular refere-se a todas as variedades linguísticas diferentes da nor-


ma padrão, esta é caracterizada como prestigiosa, utilizada em situações for-
mais, em sua maioria, por falantes escolarizados.

• Existem três graus de formalidade formal, informal e coloquial

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SUMÁRIO 27
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. Português do Brasil: a variação que vemos e a variação
que esquecemos de ver. In:______. O português da gente: a língua que estudamos e a
língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 151-196.

Os autores tratam da incapacidade que o falante da Língua Portuguesa tem de lidar com
situações cotidianas que afetam diretamente o uso da língua. Além disso, Ilari e Basso
asseveram que a língua está à mercê de mudanças e variações irremediavelmente.

ANOTAÇÕES

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

UNIDADE 2

OBJETIVOS

Ao final desta unidade, esperamos que o aluno seja capaz de:

a) compreender o conceito de comunicação e seus elementos.

b) reconhecer a importância da comunicação no ambiente acadêmico e


profissional.

c) entender as funções da linguagem no discurso.

d) conscientizar-se de que o conhecimento das funções da linguagem


pode propiciar a melhoria na produção oral e escrita.
e) compreender os ruídos da comunicação e evitá-los no processo comunicativo.

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SUMÁRIO 29
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2 DESENVOLVIMENTO
Devido à comunicação ser um mosaico composto de processos peculiares, que de-
mandam o desenvolvimento de habilidades perceptivas e expressivas, as quais ne-
cessitamos compreender e explorar em nosso cotidiano de convivência social, é in-
dispensável estudar a comunicação em todas as suas modalidades: comunicação e
autoimagem, comunicação nos relacionamentos pessoais, comunicação em grupos
e equipes, comunicação nas organizações, comunicação pública, comunicação de
massa e tecnologias da comunicação.

Diversos estudiosos da linguagem reconhecem no processo comunicativo um pa-


pel relevante. Nem sempre, porém, a função comunicativa da linguagem foi assim
reconhecida. Saussure foi considerado o criador da Linguística, que atribuiu à lín-
gua a função de instrumento comunicacional. Anteriormente, a língua era vista
como representação do pensamento, não tendo a função de transmitir informa-
ções. Reconhecendo a importância atual da comunicação para as diversas orga-
nizações, trabalharemos, nesta unidade, o conceito, os elementos e as funções da
linguagem na comunicação.

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2.1 COMUNICAÇÃO

A comunicação é um processo sistêmico no qual as pessoas interagem com símbo-


los e por meio deles para criar e interpretar significados. A comunicação tem quatro
elementos centrais, segundo Wood (2009, p. 37-40):

Processo – a comunicação é um processo, o que significa que é contínua


e dinâmica. É difícil dizer quando a comunicação começa e quando ter-
mina, pois o que ocorre antes de falarmos com alguém pode influenciar a
interação, e o que ocorre em um contato específico pode afetar o futuro. A
comunicação está em constante movimento, evoluindo e mudando conti-
nuamente. Não é possível congelar a comunicação.

Sistemas – a comunicação ocorre dentro de sistemas. Um sistema consiste


em partes inter-relacionadas que afetam umas às outras [...]. Pelo fato de
as partes de um sistema serem interdependentes e interagirem continu-
amente, uma alteração em qualquer uma delas altera o sistema como
um todo. Os sistemas tentam manter o equilíbrio, mas são incapazes de
sustentá-lo.

Símbolos – a comunicação é simbólica. Não temos acesso direto aos pen-


samentos e sentimentos dos outros. Usamos, portanto, os símbolos, que
são representações abstratas, arbitrárias e ambíguas (como vimos na Uni-
dade I) de outras coisas. Podemos simbolizar o amor dando um anel, ou
dando um abraço apertado em alguém. A comunicação humana envolve
interações com símbolos e por meio deles.

Significados – estes representam o coração da comunicação. Os significa-


dos são o sentido que conferimos aos fenômenos, ou o que eles significam
para nós. Não encontramos significados na experiência em si. Em vez disso
usamos símbolos para criar significados. De modo geral, construímos ati-
vamente o significado por meio de interação com os símbolos.

2.1.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO/ELEMENTOS DA


COMUNICAÇÃO

Assim ocorre a comunicação: o EMISSOR envia uma MENSAGEM CODIFICADA por


meio de um CANAL ao RECEPTOR, com o qual compartilha do mesmo CONTEXTO
(JAKOBSON, 1991). Observe o processo comunicativo ilustrado no quadro a seguir.

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QUADRO 1 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

• Locutor (emissor): aquele que diz algo a alguém.


• Interlocutor (receptor): aquele com quem o locutor se comunica.
• Mensagem: é o texto, o que foi transmitido entre os interlocutores.
• Código: a convenção social que permite ao interlocutor compreender a mensagem.
• Canal: o meio físico que conduz a mensagem ao receptor.
• Referente: o assunto da mensagem.

Fonte: adaptado de Jakobson (1991)

Para compreender melhor os elementos da comunicação, observe o texto a seguir.

Caro Jorge,

Amanhã não poderei ir à aula.

Por favor, avise ao professor que entregarei o trabalho na semana que vem.

Joaquim.

O texto, como podemos observar, é o bilhete de Joaquim para Jorge. Em relação aos
elementos da comunicação, podemos considerar:

• Locutor (emissor): Joaquim

• Interlocutor (receptor): Jorge.

• Mensagem: o texto que está escrito no bilhete, o qual Jorge precisa ler para
fazer o favor solicitado por Joaquim.

• Código: Língua portuguesa na modalidade escrita e formal.

• Canal: um bilhete escrito.

• Referente: o assunto, que, no caso, é o fato de Joaquim não ir à aula e precisar


de um favor de Jorge.

Observe que todos os elementos são fundamentais para que a comunicação real-
mente se efetive!

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2.1.2 COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE


DISCURSIVA

A intencionalidade discursiva diz respeito às intenções explícitas ou implícitas exis-


tentes nos enunciados. Observe o exemplo:

A mãe para o filho, que entra com os pés cheios de lama:

- “Marcelo, eu acabei de limpar o chão da sala”.

A intenção implícita da mãe é dizer ao filho para que ele não suje o chão da sala
entrando com os pés cheios de lama. A mãe deseja, portanto, que seu filho tome
algumas destas atitudes a fim de manter o chão limpo: limpar os pés antes de entrar,
limpar a sujeira que fez no chão etc.

Dessa maneira, o modo como cada falante da língua utiliza a linguagem articulada
depende do objetivo que pretende atingir, isto é, da intenção discursiva: explicar
algo, informar, influenciar outra pessoa, expressar seus sentimentos etc.

Assim, o indivíduo:

SELECIONA » ORGANIZA » COMBINA AS PALAVRAS CONFORME SUA INTENÇÃO


COMUNICATIVA

Nesse contexto, as intenções discursivas podem ser nomeadas como funções da lin-
guagem. Isso quer dizer que, para cada elemento da comunicação, há uma função
da linguagem específica. O linguista Roman Jakobson (1991) propôs um esquema
das funções da linguagem a partir dos elementos da comunicação:

REFERENTE: Função Referencial

EMISSOR MENSAGEM: Função Poética RECEPTOR


Função Função
Emotiva CANAL: Função Fática Conativa

CÓDIGO: Função Metalinguística

Figura 5 – Funções da linguagem - Fonte: adaptado de Jakobson (1991).

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A linguagem sofre variações de acordo com a situação e assume funções que levam
em consideração o que se pretende transmitir, bem como os efeitos que se espera
obter com o que se transmite. A partir dessas considerações, analisar as funções da
linguagem nos textos alheios contribui para a descoberta dos objetivos que direcio-
naram sua elaboração. Aplicá-las aos nossos textos ajuda-nos a planejar melhor a
comunicação, que se torna, portanto, eficiente.

Segundo essa perspectiva, existem seis funções de linguagem. Vamos conhecer cada
uma delas.

Função Referencial ou denotativa (referente) – o objetivo é traduzir a realidade (o


referente), informando com o máximo de clareza possível. Nos textos científicos e
alguns jornalísticos, predomina essa função. Ela é a que se volta para a informação,
para o próprio contexto, na intenção de transmitir dados da realidade de uma forma
direta e objetiva. Nessa função, prevalece normalmente o texto escrito em terceira
pessoa, com palavras empregadas no sentido denotativo, como em trabalhos cientí-
ficos e noticiários jornalísticos. É a função mais utilizada na comunicação e é comum
vê-la associada a outras funções.

Exemplo: grande maioria das notícias e reportagens.

Função Emotiva ou expressiva (emissor) – o objetivo é expressar emoções, senti-


mentos, estados de espírito. O que importa é o emissor, por isso, o predomínio do
registro em primeira pessoa.

Exemplos: alguns poemas, relatos em primeira pessoa, diários.

Função conativa ou apelativa (receptor) – o objetivo é convencer o receptor a ter


determinado comportamento, por meio de uma ordem, uma invocação, uma exor-
tação, uma súplica etc. Essa função centra-se no receptor. É persuasiva e se configura
como uma ordem ou apelo, procurando modificar no receptor ideias, opiniões e

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estados de ânimo. As propagandas e os discursos autoritários abusam dessa lingua-


gem. Ela se caracteriza pelo uso de verbos no imperativo, pela utilização de vocativos
e da segunda pessoa.

Exemplos: propagandas, publicidade, campanhas publicitárias.

Função Fática (canal) – o objetivo é apenas estabelecer, manter ou prolongar o con-


tato (por meio do canal) com o receptor. As expressões usadas nos cumprimentos, ao
telefone ou em outras situações apresentam esse tipo de função. A palavra fático sig-
nifica ruído, rumor.É a função utilizada para abrir, fechar ou, simplesmente, testar a efi-
ciência do canal usado na comunicação, estabelecendo, prolongando ou testando-o.

Exemplo: algo que ocorre em um diálogo de telefone. Veja:


- Alô, Maria, como vai?
- Oi, José, vou bem!
- Você está melhor, Maria?
- Já disse que sim!
- Eu também estou bem... Você está bela!
- Ah, bem, é que eu...
- Tá certo! Então... vou desligar.

Função Metalinguística (código) – o objetivo é o uso do código para explicar o pró-


prio código. A língua, por exemplo, é um código; os sinais de trânsito são outro. Me-
talinguagem são textos que interpretam outros textos. Utiliza-se a linguagem para
falar dela própria. Uma gramática, um dicionário, esta apresentação, uma explicação
oral acerca do uso da língua ou quando procuramos explicitar com outras palavras o
que foi dito anteriormente são exemplos desta função.

Exemplo: dicionários.

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Função Poética (mensagem) – o objetivo é dar ênfase à elaboração da mensagem. O


emissor constrói seu texto de maneira especial, realizando um trabalho de seleção e
combinação de palavras, de ideias ou de imagens, de sons e/ou de ritmos. Explora-se
bastante a conotação. Uma das características da poesia é nos remeter, por meio
da sonoridade de seus versos, a uma ideia acerca de algo do que o texto fala. É na
composição rítmica, mas também nos sons dos fonemas que essa construção se dá.

É centrada na mensagem, na seleção, na combinação das palavras e da estrutura do


texto, buscando construí-lo de forma original, criativa e inovadora. É comum o uso de
figuras de linguagem e recursos poéticos. É importante ressaltar que a função poéti-
ca não é exclusiva da poesia, sendo também encontrada em anúncios publicitários.

Exemplo: a grande maioria dos textos literários.

2.1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO

Para que uma situação de comunicação ocorra efetivamente, é necessário que todos
os ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO - locutor, interlocutor, mensagem, canal, código
e contexto - estejam presentes. Porém pode haver situações em que um ou mais
elementos sofram interferências, gerando RUÍDOS.

Assim, o ruído é toda interferência indesejável que atrapalha a transmissão e a com-


preensão de uma mensagem.

Exemplos: o barulho de uma sirene durante um diálogo; muitos erros de português


em um texto escrito; caligrafia ruim; o boato etc.

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RUÍDOS QUE CRIAM BARREIRAS NO ATO DE COMUNICAÇÃO

1- O receptor não dedica suficiente atenção e concentração para a recepção da


mensagem, gerando mal-entendidos.

Exemplo: Um funcionário informa o resultado da reunião com um cliente, Sr. Ricardo,


ao supervisor, que não deixa de ler e-mails enquanto ouve e, por isso, não dá a menor
atenção à fala do funcionário.
O funcionário sai da sala e toca o telefone, é o Sr. Ricardo; como o supervisor não
prestou atenção, o funcionário não entende o que está acontecendo e deixa o Sr.
Ricardo muito nervoso.

2- O emissor ou o receptor não tem domínio completo do código utilizado.

Exemplo: Imagine um vendedor gritando a plenos pulmões a seguinte frase:


- Olha a tapioca, olha a tapioca, fazida na hora. Pida! Pida!
Provavelmente, sua intenção é fazer com que seu produto desperte o interesse das
pessoas. Entretanto a forma que ele enuncia denota que o código (língua portuguesa)
não é totalmente dominado pelo emissor na sua modalidade padrão. E no momento
de convencer pessoas a comprar produtos, usar a forma culta poderia ser mais efetiva
para o ato comunicativo. Assim, corre-se o risco de muitas pessoas não entenderem
a intenção comunicativa (para comprar e pedir por tapioca) e, assim, a comunicação
não se efetivar.

3- O canal sofre interferências, o que impossibilita a perfeita transmissão da men-


sagem.

Exemplo: Durante uma reunião em uma sala próxima à rua, o gerente interrompe a
fala cada vez que o barulho da britadeira começa.

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SUMÁRIO 37
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

4- O emissor e o receptor têm percepções diferentes do contexto da comunicação,


ou o receptor o desconhece.

Exemplo: Em uma reunião de uma empresa, um executivo elogia uma colega e a


chama de mulherão. Ela, porém, se ofende e sai da sala.
Para o emissor, isso pode ter sido um elogio, mas, de acordo com o contexto e com a
forma como foi enunciada, a palavra pode ser interpretada de outra maneira, como
acontece no exemplo posto.

5 - O receptor não consegue clarificar qual a principal mensagem do texto.

Exemplo: textos confusos, sem coesão, sem coerência, que impedem a interpretação.
Com o objetivo de ter uma locução mais clara:
evite mensagens soterradas por um monte de informações secundárias, as quais
impedem que o assunto principal seja entendido com clareza.
evite carga excessiva de dados e fatos, pois o excesso deixa a transmissão seriamente
comprometida, exigindo esforço e capacidade maiores do receptor para acompanhar
o raciocínio.

6 - Redundância

Não chega a perturbar a transmissão da mensagem, mas torna o texto extenso e


cansativo, podendo levar o receptor a se desinteressar pela informação. A repetição
de termos objetiva a clareza e a prevenção de possíveis equívocos na mensagem; no
entanto, quando se usa repetidamente esse recurso, pode-se prejudicar a compre-
ensão pelo excesso.

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38 SUMÁRIO
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2.2 RESUMO

• Conceito de comunicação.

• Elementos da comunicação: emissor, receptor, código, referente, mensagem e


canal.

• Funções da linguagem: emotiva, apelativa, fática, metalinguística, poética e re-


ferencial.

• Ruídos na Comunicação.

• Tipos de ruídos.

INDICAÇÃO DE VÍDEOS E LEITURA

1) CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. 7.ed. São Paulo: Ática, 1995.


O livro de Chalhub aborda as funções da linguagem de modo bem detalhado. Além
disso, a autora discute que as mensagens exploram uma ou mais funções, explicitando
que o predomínio de uma delas é extremamente relevante na construção do objetivo
de uma comunicação.

2) Nós na fita
Trecho da comédia de Leandro Hassum e Marcius
Melhen em que tratam da redundância.

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SUMÁRIO 39
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ANOTAÇÕES

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

UNIDADE 3

OBJETIVOS

Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:

• conhecer as estratégias de leitura, a fim de aperfeiçoar a capacidade leitora.

• conscientizar-se das concepções de leitura.

• entender os objetivos da leitura, bem como suas funções sociais.

• compreender a pluralidade de leituras que um texto pode propiciar.

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SUMÁRIO 41
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

3 DESENVOLVIMENTO
A leitura ocupa um importante papel em nossas vidas por motivos infinitos. É por
meio dela que desenvolvemos o conhecimento de mundo, vivemos experiências
novas e nos formamos como indivíduos. Ela é, também, uma importante habilidade
a ser desenvolvida pelo estudante, a fim de ampliar seus horizontes, o mercado de
trabalho, o crescimento individual etc. Por isso, dedicamos uma unidade desta apos-
tila para que você, aluno(a), conheça mais a respeito dessa competência primordial
ao ser humano.

3.1 CONCEPÇÕES DE LEITURA

A leitura é o resultado de uma série de convenções que uma comunidade estabe-


lece para a comunicação entre seus membros e fora dela. Aprender a ler e ser leitor
são práticas sociais que medeiam e transformam as relações humanas (COSSON,
2011, p. 40). As concepções (conceitos) de leitura são decorrentes das concepções de
sujeito, de língua, de texto e de sentido. Há três concepções de leitura - com foco no
autor, com foco no texto e com foco na interação autor-texto-leitor.

Foco no autor

A língua, nessa concepção, é vista como representação do pensamento. O sujeito é


psicológico, individual dono de sua vontade e de suas ações. Assim, o interlocutor
deve captar a mensagem do locutor da maneira como foi mentalizada por este. O
texto é visto como um produto do pensamento do autor. Portanto, a leitura é enten-
dida como atividade de captação de ideias do autor, sem levar em conta as experi-
ências e os conhecimentos do leitor (KOCH; ELIAS, 2010).

Foco no texto

A língua é observada como estrutura, como código. O sujeito é “assujeitado” pelo


sistema (não de forma consciente). O texto é produto da codificação de um emissor,
a ser codificado pelo ouvinte, bastando a este o conhecimento do código usado. A
leitura é focada no texto. Cabe ao leitor reconhecer os sentidos das palavras e das
estruturas do texto (KOCH; ELIAS, 2010).

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Foco na interação autor-texto-leitor

A concepção de língua é interacional. Os sujeitos são construtores sociais que inte-


ragem, dialogam com o texto. O sentido é construído na interação texto-sujeitos. A
leitura é uma atividade interativa complexa de produção de sentidos. É uma ativi-
dade na qual se consideram as experiências e os conhecimentos do leitor. A leitura
do texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico (Língua
Portuguesa) (KOCH; ELIAS, 2010).

3.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA

O que é ler? Ler nada mais é do que decifrar símbolos e atribuir significados a eles.
É por meio da leitura que decodificamos textos, dessa forma, é seguro pontuar que
é lendo que aprendemos, é lendo que construímos conhecimento e descobrimos
melhor o mundo que nos cerca.

Para entender melhor o que é leitura, vamos visitar o conceito de Leffa (1996), que
considera a leitura uma forma de representação, já que, quando lemos, entende-
mos melhor nossa realidade, não tendo aceso ao real, mas sim a representações
da realidade:

A leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermediação


de outros elementos da realidade. Nessa triangulação da leitura o elemen-
to intermediário funciona como um espelho; mostra um segmento do
mundo que normalmente nada tem a ver com sua própria consistência
física. Ler é portanto reconhecer o mundo através de espelhos. Como esses
espelhos oferecem imagens fragmentadas do mundo, a verdadeira leitura
só é possível quando se tem um conhecimento prévio desse mundo (LE-
FFA, 1996, p. 10).

Como a leitura é fundamental, todo leitor competente tem estratégias de leitura.


Estratégias de leitura também podem ser consideradas planos flexíveis que apre-
sentam grande adaptação às mais diversas situações comunicativas presentes nos
textos, facilitando a compreensão dos leitores.

Ler diz respeito a procedimentos de ordem elevada, que envolvem o cognitivo e o


metacognitivo. Não são técnicas precisas, tampouco receitas infalíveis ou habilida-

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SUMÁRIO 43
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

des específicas. O que caracteriza a mentalidade estratégica é a sua capacidade de


representar e de analisar os problemas e a flexibilidade para encontrar e buscar so-
luções. Trata-se mais de fomentar as competências leitoras dos sujeitos (SOLÉ, 1998,
p. 69-70). Destacamos quatro principais estratégias: seleção, antecipação, inferência
e verificação; essas estratégias são retiradas dos estudos de Goodman (1987) e Me-
negassi (1995).

SELEÇÃO

O leitor precisa selecionar quais as informações são mais importantes. Pela relevân-
cia, escolhe algumas informações para interpretar e reter.

ANTECIPAÇÃO

Antecipar significa adiantar sentidos. Então, a antecipação se realiza nas hipóteses


de leitura criadas pelo leitor, seja antes ou durante a leitura. Ele tenta antecipar o que
está por vir e tentará comprovar suas hipóteses. Uma vez comprovadas, o leitor estará
satisfeito por estar compreendendo o que lê. Caso não tiver uma hipótese compro-
vada, o leitor terá que rever sua compreensão e, assim, terá de trocar de estratégia
ou hipótese.

INFERÊNCIA

A partir de informações postas no texto, o leitor é capaz de inferir outras. A inferência


acontece quando o que está posto no texto ativa os conhecimentos de mundo dos
leitores.

VERIFICAÇÃO

É quando o leitor comprova ou refuta todas as suas antecipações e inferências. A


verificação que faz com que o leitor ajuste a sua interpretação do texto.

3.3 FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA

Quais fatores auxiliam na compreensão do que lemos? Podemos destacar etapas


que podem auxiliar na leitura de textos e aspectos gerais importantes.

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a) Etapas de análise de texto:

No momento de analisar um texto, seja ele da natureza que for, quatro passos pode-
rão ser executados.

Primeiro passo: decodificação. O texto é lido e as letras formam um sentido


compreensível.

Segundo passo: compreensão. Uma primeira leitura por meio de uma visão
panorâmica permite que o leitor busque esclarecimentos para melhor compre-
ensão do texto. Ele entende o assunto e o tema e compreende o vocabulário.

Terceiro Passo: interpretação. Quando as informações do texto podem ser rela-


cionadas com outros conhecimentos. A busca de dados a respeito do autor do
texto pode auxiliar nessa etapa.

Quarto Passo: retenção. As informações mais importantes serão memorizadas.

b) Questões a serem observadas no texto:

O momento da leitura está imbricado ao momento que um texto foi produzido.


Koch (2006) aponta que um texto é compreendido a partir de uma intensa atividade
interativa que envolve três fatores: o produtor, o texto e o leitor. Observe, a seguir, a
relação que podemos traçar entre esses fatores:

Quadro 2 – Elementos do ato de Leitura

É o indivíduo responsável pela organização dos sentidos


Produtor/Planejador do texto. Isso é operacionalizado por meio de sinalizações
textuais (indícios, pistas, marcas).

A materialidade do texto (seu gênero, estilo, marcas de


autoria) são pistas deixadas pelo autor para a construção
O texto de sentidos. Porém, as informações que estão no texto
podem ser relacionadas com leituras anteriores de cada
leitor e, assim, construir novos sentidos.

Constrói efetivamente os sentidos apresentados no texto


O leitor
a partir da leitura.

Fonte: Adaptado de Koch (2006).

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Em suma, trata-se de aplicar estratégias de leitura e, também, de colocar em prática


os quatro passos para a análise do texto. Vamos ver um exemplo prático? Veja, a se-
guir, que transcrevemos um miniconto do autor Dalton Trevisan.

NO VELÓRIO

No velório, a viúva:
- O que separou a gente foi a morte.
- Coragem, Maria.
Um longo suspiro.
- A vida dele acabou...
- ...
- ...e a minha hoje começa!

Dalton Trevisan

Vamos observar os três fatores envolvidos na produção do texto?

• Autor: Dalton Trevisan. Para compreender a obra, convém pesquisar acerca do


autor, entender suas publicações e, dentro do possível, conhecer sua biografia.

• Texto: ler e entender o texto que está diante do leitor (um miniconto literário).

• Leitor: o leitor precisa saber se tem leituras anteriores que o auxiliam na inter-
pretação do conto.

Agora, vamos aplicar os quatro passos da análise de um texto?

• Primeiro passo: na decodificação do texto, o leitor precisa juntar as letras, fone-


mas, vocábulos e entender a colocação das frases. No caso do miniconto, preci-
sa entender, também, o que é um travessão e o que são reticências.

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• Segundo passo: para compreender esse texto, é necessário entender o funcio-


namento de um miniconto, ou seja, uma unidade narrativa com tamanho res-
trito; o mínimo de palavras, com o máximo de sentidos. Também, é preciso
que o leitor entenda o significado social dos termos velório e viúva, pois é essa
compreensão que permitirá que o miniconto seja resumido.

• Terceiro passo: para interpretar o conto, o leitor precisa relacionar o seu conhe-
cimento de mundo com as informações que o texto apresenta. Assim, ao ver a
palavra velório, vai mobilizar o significado que velório apresenta na nossa cul-
tura: uma ocasião solene, em que se espera que a viúva enlutada esteja triste.
O final do conto pode ser surpreendente para o leitor, mas é sua compreensão
que pode fazer com que várias interpretações surjam. Pela leitura, percebemos
que a morte do marido não é algo a se lamentar, e sim motivo de comemora-
ção. O leitor ao interpretar o conto pode elencar razões que possam explicar a
frase final da viúva.

• Quarto passo: a retenção pode estar relacionada tanto à compreensão quanto à


interpretação. O primeiro tipo de retenção pode fazer com que o leitor memo-
rize quais são as características de um miniconto. A retenção do segundo tipo,
por sua vez, pode fazer com que o leitor tenha outra percepção sobre velórios
e viúvas e tenha uma opinião a respeito da parte da obra do autor, Dalton Tre-
visan. Outras retenções são possíveis de acordo com as interpretações de cada
leitor.

A partir disso, vamos relacionar a leitura do texto analisado com as estratégias de


leitura que exploramos no nosso estudo.

SELEÇÃO

O miniconto é um gênero conciso, então, não há muitas possibilidades de selecionar


informações. Na leitura, porém, alguns vocábulos são importantes para a construção
dos sentidos, como velório, viúva, vida, começa. Esses termos são encadeadores de
sentido e precisam ser selecionados pelos leitores.

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ANTECIPAÇÃO

O texto possibilita várias antecipações:

1. ao ler a palavra velório, o leitor pode antecipar que o miniconto abordará a dor
da perda.

2. ao compreender o termo viúva, o leitor pode antecipar que ela está triste e en-
lutada por perder o marido.

3. a construção “coragem, Maria” permite que o leitor reforce as antecipações an-


teriores, pois parece ser alguém amparando o pranto da viúva.

INFERÊNCIA

A leitura do conto também possibilita várias inferências. A partir do diálogo da viúva,


o leitor pode inferir qual era o relacionamento dela com o falecido. Como os três
pontos pode inferir que o interlocutor da viúva ficou em suspense com a resposta
que ela estava por dar. O final do miniconto possibilita outras inferências relaciona-
das aos motivos de a viúva ter feito a afirmação que fez.

VERIFICAÇÃO

Após fazer antecipações e inferências, o leitor, no ato da leitura, vai fazendo verifica-
ções. No decorrer da leitura, perceberá que a sua primeira percepção acerca da pa-
lavra velório não se confirma, a viúva não lamenta a morte do marido. Isso desmonta
uma possível hipótese de leitura, obrigando o leitor a rever os sentidos que estava
atribuindo ao texto.

3.4 ESCRITA E LEITURA: CONTEXTO DE


PRODUÇÃO E CONTEXTO DE USO

Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a pro-
dução do texto escrito e sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da
escrita (contexto de produção) podem ser diferentes das circunstâncias da leitura
(contexto de uso), fato esse que interfere na produção de sentido (KOCH; ELIAS, 2010.

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Quadro 3 – Passos para interpretação de texto

Passo a passo para uma boa interpretação de texto

1. Ler todo o texto, para ter uma visão geral do assunto.

2. Se encontrar palavras desconhecidas na primeira leitura, não a interrompa, vá até o fim.

3. Ler o texto pelo menos três vezes.

4. Voltar ao texto todas as vezes que precisar. Aplicar as quatro etapas de análise (deco-
dificação, interpretação, compreensão e retenção).

5. Esclarecer e compreender o vocabulário (procure as palavras no dicionário, se preciso).

6. Dividir o texto em parágrafos, fazer a leitura e sublinhar as partes mais importantes.

7. Anotar, ao lado de cada parágrafo, o que você compreendeu da leitura.

8. Pensar na ideia de que o autor quer defender, criticar ou refletir.

9. Identificar personagem, espaço, enredo e tempo, caso seja uma narrativa.

10. Relacionar as ideias e os fatos do texto ao conhecimento de mundo que você já tem.

11. Anotar as dúvidas e discutir com algum colega a compreensão que fez do texto.

Fonte: adaptado de Koch e Elias (2010); Leffa (1996).

A leitura, de um modo geral, é fundamental


para a formação, pois, segundo Petit (2009,
p. 13), “a leitura tem o poder de desper-
tar em nós regiões que estavam até então
adormecidas”. Além disso, “ela contribui
para que crianças e adolescentes encami-
nham mais no sentido do pensamento do
Ler para quê?
que da violência. Para obter informações.
Resolver problemas práticos do dia a
Em certas condições, a leitura abre possibi- dia.
Satisfazer curiosidades.
lidades onde parecia não existir margem de Passar o tempo.
manobra”. A leitura possibilita a construção Ter momentos de lazer.
Coletar argumentos e dados.
de subjetividades, juntamente a um enten-
dimento do mundo.

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3.5 RESUMO

Concepções de leitura.
Objetivos da leitura.
Funções sociais da leitura.
Importância da leitura.
Estratégias de leitura.
Passos para uma boa interpretação de texto.

SUGESTÕES DE LEITURA

1) KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São
Paulo: Contexto, 2006.

As autoras aprofundam a noção de leitura, abordando que, ao exercer essa atividade, exige-se
mais do que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores.

2) TATIT, Luiz. Abordagem do texto. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I –
objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 187-209.

Aborda a passagem do estudo das frases para o estudo dos textos.

2) PETIT, Michèle. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo: Editora 34, 2013.

São ensaios que destacam a leitura para assegurar um espaço, próprio, íntimo e privado.

3) SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre, Ed. Artmed, 1998.

A obra de Solé traça uma importante reflexão sobre a importância da leitura e as possíveis
estratégias para a interpretação e compreensão de textos.

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UNIDADE 4

OBJETIVOS

Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:

• compreender a noção de texto.

• entender a noção de tipo textual.

• conhecer os tipos textuais.

• compreender o que é um gênero textual.

• diferenciar texto verbal e não verbal.

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4 DESENVOLVIMENTO
Nesta unidade, dedicamos nosso estudo à noção de texto, importantíssima para o
estudante que quer desenvolver e aperfeiçoar sua produção escrita. Será apresenta-
da a definição de texto, bem como alguns conceitos relacionados a texto (contexto
discursivo, discurso etc.). Além disso, é fundamental estudar os tipos textuais mais
presentes no cotidiano e seu papel na constituição dos gêneros textuais.

4.1 CONCEITO DE TEXTO

Texto – vem do latim texere (construir, tecer), cujo particípio passado textus também
era usado como substantivo e significava ‘maneira de tecer’, ou ‘coisa tecida’, e, ain-
da mais tarde, ‘estrutura’. Foi por volta do século XIV que a evolução semântica da
palavra atingiu o sentido de ‘tecelagem ou estruturação de palavras’, ou ‘composição
literária’, e passou a ser usado em inglês, proveniente do francês antigo texte (FER-
REIRA, 2009).

Tipos são formas de usar a linguagem que podem ser expressas nos textos. Podem
ser cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Um gênero pode
ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo, um artigo de opinião é mar-
cadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena história em sua constituição.

A narração é o relato de fatos contados por um narrador, envolvendo personagens,


localizadas em um tempo e em um espaço. Já a argumentação, também chamada
de dissertação, é a expressão de opinião a respeito de um assunto. Exposição é a sim-
ples menção de uma situação ou comentário. Descrição é o registro de característi-
cas de objetos, de pessoas, de lugares. Injunção é a tentativa de convencer alguém
a fazer algo.

Os tipos de textos são articulados em gêneros textuais. Gêneros textuais são as for-
mas básicas em que os textos circulam em sociedade, como cartas, reportagens,
bulas, ofícios, notícias, contos, poemas, propagandas, e-mails, dentre outros.

Os gêneros são infinitos, pois eles se definem pela função social. Marcuschi (2010, p.

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23) descreve-os como “textos materializados que encontramos em nossa vida diária
e que apresentem características sociocomunicativas definidas por conteúdos, pro-
priedades funcionais, estilo e composição característica”.

Compreendemos e agimos no mundo por meio de gêneros. Quando conversamos


com amigos, lemos notícias, falamos em aplicativos, estamos manipulando gêneros
textuais.

Um texto é sempre verbal?

Um texto pode ser formado apenas pela linguagem verbal (uma notícia) ou apenas
pela linguagem não verbal (um desenho, uma pintura). Ainda, pode ser formado
pelo cruzamento de mais de uma linguagem: verbal e não verbal (história em qua-
drinhos). Um texto sempre será uma totalidade que tem sentido completo.

Nessa perspectiva, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma frase pichada
no muro, um artigo de opinião serão textos se tiverem sentido completo. O sentido
completo só é possível se considerarmos todas as partes do texto.

Outro ponto fundamental para o conceito de texto é o contexto. O que é contex-


to? Podemos definir contexto como a relação que uma unidade linguística menor
estabelece com uma unidade linguística maior. Por exemplo, uma palavra só tem
um sentido quando está atrelada a uma frase. Uma frase, por sua vez, se encaixa no
contexto do parágrafo. Em um livro, um parágrafo se insere no contexto do capítulo.
O capítulo, então, encaixa-se no contexto da obra. A obra faz parte de um contexto
social, linguístico, cultural.

• O texto não é um agrupamento aleatório de palavras.

• É o resultado de escolhas realizadas pelo locutor, com intenção co-


municativa, segundo determinados mecanismos que permitem o en-
trelaçamento de palavras, de forma coesa e coerente.

• É capaz de transmitir uma mensagem, permitindo a interação entre


emissor e receptor.

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Contexto discursivo

É o conjunto de fatores que formam a situação na qual é produzido o texto. Que


fatores são esses? São:

- papéis sociais que os interlocutores desempenham;

- o conhecimento de mundo do interlocutor;

- as circunstâncias históricas e sociais em que se dá a comunicação etc.

Discurso

É a atividade comunicativa – constituída de texto e contexto discursivo (quem fala,


com quem fala, com que finalidade etc.) –, capaz de gerar sentido, desenvolvida en-
tre os interlocutores.

Koch (2006) aponta que, para produção e leitura de textos, precisamos mobilizar
essencialmente quatro grandes sistemas de conhecimento: o linguístico, o enciclo-
pédico, o interacional e os modelos textuais globais.

Conhecimento Linguístico

Todo falante de um idioma passa a ter conhecimento linguístico. Pode ser devido à
habilidade de extrair sentidos a partir de uma língua, ou seja, exige conhecimento de
léxico (as palavras, os significados, os duplos sentidos) e gramatical (a forma sintática
como frases e orações podem ser combinadas, as regras de gramática). O conheci-
mento linguístico auxilia o produtor de um texto na amarração do texto, por meio da
coesão, e auxilia o leitor na interpretação dos elementos da coesão e da coerência.

Conhecimento Enciclopédico

É o conhecimento que acumulamos ao longo da nossa vida intelectual. Encontra-se


na memória dos indivíduos. Também recebe outras denominações, como “conheci-
mento de mundo”.

Conhecimento Interacional

É o conhecimento obtido pela interação por meio da linguagem. Acontece toda vez
que há o contato com textos e operações linguísticas, contato esse que opera um

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tipo de conhecimento. Esse conhecimento pode ser ilocucional, comunicacional ou


metacomunicativo.

O ilocuciconal é o conhecimento suficiente para reconhecer em um texto quais são


as intenções e os propósitos de seu produtor. É perceber quando um texto tem mar-
cas ideológicas e intencionalidade. O conhecimento comunicacional, por sua vez, é
a capacidade de um leitor entender a importância do contexto para a interpretação
de um texto, ou seja, entender o volume de informações que um texto precisa ter
para ser compreendido. Isso envolve a escolha correta de uma variante da língua,
adequada para cada situação comunicativa. O conhecimento metacomunicativo diz
respeito à compreensão do que é texto e de como seus objetivos podem ser alcan-
çados.

Conhecimento de Modelos Textuais

Esse conhecimento pode ser denominado como conhecimento superestrutural e


se define pela compreensão de que todo texto tem característica de um gênero.
Conforme Koch (2006), esse conhecimento permite ao produtor evitar repetições
desnecessárias e produzir um texto respeitando as regras de seu gênero.

Observe, na figura a seguir, outra possível classificação de textos, de acordo com uma
similaridade entre gêneros.

QUADRO 4 – CLASSES DE TEXTOS

CLASSES DE TEXTOS EXEMPLOS DE GÊNEROS TEXTUAIS

1 - Textos normativos 1- Leis, estatutos, contratos, certidões

2 - Textos de contato 2 - Cartas de felicitação, de condolência

3 - Textos em que predomina a automanifestação 3 - Diário, autobiografia

4 - Textos exortativos 4 - Anúncios publicitários, propaganda de partido

5 - Textos informativos 5 - Notícias, prognóstico do tempo, texto científico

6 - Textos poéticos 1 - Poemas, prosa poética

Fonte: Elaborado pela autora.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

É importante dispor de um repertório amplo de tipos de texto, visando ao caráter co-


municacional da língua. Trata-se de assegurar o caráter social do sistema linguístico.
Ou seja, quanto mais gêneros textuais você conhecer e articular o funcionamento,
mais competências linguísticas e domínio da língua você terá.

4.2 RESUMO

• Conceito de texto.

• Texto verbal e não verbal.

• Texto em sentido estrito e texto em sentido amplo.

• Tipos textuais

• Dicas de redação.

• Classes de textos.

ANOTAÇÕES

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SUMÁRIO 57
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

UNIDADE 5

OBJETIVOS

1.2 OBJETIVOS DA UNIDADE

Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:

• compreender os conceitos de coesão e coerência.

• observar a importância da coesão e da coerência para o texto.

• conhecer os fatores de coerência.

• conhecer os tipos de coesão.

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58 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

5 - DESENVOLVIMENTO
Um texto não é apenas um aglomerado de palavras, uma sucessão de frases. Um
texto organizado não admite a ausência de regras nem a liberdade total em relação
a seus limites. Para a construção da significação adequada do texto, são importan-
tes a relação lógica de significação, sem contradições, bem como a organização dos
elementos linguísticos do texto. Estamos falando, dessa maneira, respectivamente,
de coerência e coesão, dois conceitos fundamentais no que diz respeito à produção
textual. Do texto bem arquitetado, com estruturas bem formalizadas e, por conse-
guinte, capazes de veicular sentidos, decorrem a coesão e a coerência – que são as
dimensões constitutivas do texto.

5.1 - COERÊNCIA TEXTUAL

Identifica-se como a unidade semântica do texto, em um contexto determinado,


que ganha corpo em sequências de enunciados. Um texto se constitui como tal
porque apresenta coerência. Nesse sentido, embasa-se a coerência no conceito de
constância do sentido (GUIMARÃES, 2009, p. 16). A ruptura de sentido é que cava a
ausência de coerência.

De acordo com Koch (2010), a coerência é o resultado da articulação de ideias de


um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que, em uma situação dis-
cursiva, palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.
A construção textual deve ser a construção de um todo compreensível aos olhos do
leitor. A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encai-
xar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.

Desse modo, cada palavra tem seu sentido individual, quando essas palavras se re-
lacionam, constroem um todo significativo. O mesmo raciocínio vale para as frases,
os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual
e um tipo de relacionamento com os demais. Caso essas relações sejam feitas da
maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.

Em um texto verbal, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar.

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SUMÁRIO 59
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Uma ideia deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de
ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma
linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve uma quebra de co-
erência textual.

A falta de coerência pode ocorrer porque:


• o locutor pode não calcular bem o sentido que pretendia dar a seu enunciado;
• o interlocutor, talvez, por lhe faltarem conhecimentos sobre o vocabulário e
informações sobre a realidade, pode não alcançar o sentido pretendido

A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto


com relação ao mundo. Ela é, também, auxiliada pela coesão textual, isto é, a com-
preensão de um texto é mais bem capturada com o auxílio de conectivos, preposi-
ções e outros elementos de ligação.

Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual.


• “No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará, Fortaleza, não pudemos
aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar”.
• “Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver”.
• “Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”.
• “Todo mundo destrói a natureza, menos a humanidade”.

A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da língua,


mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. Geralmente, quando
alguém produz um texto, acha que está sendo claro o suficiente para transmitir o
sentido desejado ao interlocutor. Este, por sua vez, também se esforça para compre-
ender a mensagem e, inicialmente, acredita que o texto tem coerência.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

De acordo com Koch (2010), existem fatores de coerência que são responsáveis por
identificá-la no texto. São eles:

QUADRO 5 – FATORES DE COERÊNCIA


FATORES DE COERÊNCIA

1 Elementos linguísticos 7Informatividade


2 Conhecimento de mundo 8 Focalização
3 Conhecimento compartilhado 9 Intertextualidade
FATORES DE COERÊNCIA
4 Inferências 10 Intencionalidade e aceitabilidade
5 Fatores de contextualização 11 Consistência e relevância
6 Situacionalidade

Fonte: Elaborado pela autora.

• ELEMENTOS LINGUÍSTICOS

Os elementos linguísticos, como as palavras, são importantes para a coerência, por-


que servem como pistas para a ativação de conhecimentos armazenados na memó-
ria; constituem ponto de partida para a realização de inferências e ajudam a captar
a orientação argumentativa dos enunciados que compõem o texto.

• CONHECIMENTO DE MUNDO

O conhecimento de mundo é adquirido à medida que vivemos, tomamos contato


com o mundo que nos cerca, experimentando uma série de fatos. É importante e de-
cisivo no estabelecimento da coerência. Se o texto falar de algo que absolutamente
não conhecemos, será difícil calcularmos o seu sentido e ele nos parecerá destituído
de coerência.

• CONHECIMENTO COMPARTILHADO

É o conhecimento comum entre locutor e interlocutor de um texto. Quanto maior o


conhecimento partilhado entre produtor e receptor de um texto, menor a necessi-
dade de explicitude desse texto, pois o receptor será capaz de suprir as lacunas por
meio de inferências.

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• INFERÊNCIA

É a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor de um


texto estabelece uma relação não explícita entre elementos desse texto que ele bus-
ca compreender e interpretar. Ao falar em inferências, remetemo-nos a ler as entre-
linhas. Todavia, vale lembrar que fazemos inferências em nosso cotidiano mais do
que imaginamos, por exemplo, expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz,
assim como informações visuais e “não visuais” de um texto.

Inferir é fundamental na compreensão textual. Os escritores não expressam todos


os seus pensamentos em uma página, mostram, paulatinamente, uma ideia por
vez, até que o leitor possa fazer uma inferência apropriada sobre um tema (MENIN;
GIROTTO; ARENA; SOUZA, 2010, p. 76).

Exemplo:
João comprou um uno novinho em folha.
Inferência: João tinha recursos para comprar um carro.

• FATORES DE CONTEXTUALIZAÇÃO

São fatores que ancoram o texto em uma situação comunicativa determinada, tais
como data, assinatura, elementos gráficos, timbre etc.

Exemplo:
Imagine uma carta escrita por um brasileiro de Campinas a um amigo de São Paulo
que se encontra no exterior; suponha que o primeiro se esquece de colocar data, local
e assinatura, tendo escrito o seguinte:

Hoje o dia aqui está chuvoso. Nosso vizinho da esquina mudou-se para aquele
palacete que comprou do meu avô. Não se esqueça de escrever logo para nosso
amigo de infância que mora na fazenda. Ele precisa daquela informação ainda esta
semana.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

• SITUACIONALIDADE

Na construção da coerência, a situacionalidade exerce um papel de relevância. Um


texto que é coerente em uma dada situação pode não ser em outra.

• INFORMATIVIDADE

Refere-se ao grau de previsibilidade da informação contida no texto. Um texto será


menos informativo quanto mais previsível for a informação por ele trazida.

Exemplo:
1. O oceano é água.
2. O oceano é água. Mas ele se compõe, na verdade, de uma solução de gases e sais.
3. O oceano não é água. Na verdade, ele é composto de uma solução de gases e sais.

• FOCALIZAÇÃO

Tem a ver com a concentração dos usuários (produtor e receptor) em apenas uma
parte de seu conhecimento, bem como com a perspectiva da qual são vistos os com-
ponentes do mundo textual.

Exemplo:
“Traga-me uma vela nova”.
a) O marido para a mulher no momento em que acaba a luz.
b) O mecânico que está consertando um carro.
c) O armador que está construindo um barco.

• INTERTEXTUALIDADE

É importante para a coerência na medida em que, para o processamento cognitivo


de um texto, recorre-se ao conhecimento prévio de outros textos.

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• Intencionalidade e Aceitabilidade

Intencionalidade – são os objetivos ou os propósitos que o produtor de um texto tem.

Aceitabilidade – constitui a contraparte da intencionalidade. O receptor do texto vai


cooperar para o estabelecimento da coerência, dando-lhe a interpretação que lhe
pareça cabível.

• CONSISTÊNCIA E RELEVÂNCIA

Consistência – exige que cada enunciado de um texto seja consistente com os enun-
ciados anteriores. Ou seja, os enunciados não podem ser contraditórios. Exemplo:
Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa.

Relevância – exige que os enunciados sejam interpretados como falando acerca de


um mesmo tema. Exemplo: introdução, desenvolvimento e conclusão, em um texto
dissertativo, devem relacionar-se à tese apresentada no primeiro parágrafo.

Agora, leia o texto Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, para compreender um pou-
co mais a noção de texto e coerência.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

CIRCUITO FECHADO

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme
de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha.
Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros,
caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos.
Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de
saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro
e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes,
telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos,
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro,
fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos,
pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova
de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro,
fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio,
papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis,
folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de
fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres,
copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor,
poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama,
espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Fonte: RAMOS, Ricardo. Os melhores contos. São Paulo: Global Editora, 1998.

Você considera o conto “Circuito fechado” apenas uma série de palavras soltas? Ou se
trata de um texto? Por quê?

Na realidade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem re-


lação, em uma primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura, mais atenta,
que há uma articulação entre elas.

Que palavras compõem o texto? Podemos observar que o conto é articulado essen-
cialmente por meio de substantivos, ou seja, por nomes, principalmente substantivos
comuns, como camisa, sapatos etc. A articulação desses nomes e os seus significados
sociais nos permitem atribuir sentidos ao texto e, inclusive, perceber uma sequência
lógica coesa e coerente.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Se estamos diante de um todo organizado de sentido, que apresenta coesão e coe-


rência, estamos diante de um texto, e Circuito Fechado apresenta tais características.

5.2- COESÃO TEXTUAL

O termo coesão implica a função que desempenha a sintaxe no processo de textu-


alização. Assim, o processo coesivo encerra as diferentes possibilidades em que se
podem conectar entre si, dentro de uma sequência, os componentes da superfície
textual – palavras e frases. Os componentes que integram a superfície textual de-
pendem uns dos outros, conforme convenções e formalidades gramaticais determi-
nadas, de maneira que a coesão descansa sobre dependências gramaticais. Assim,
todos os procedimentos que marcam relações entre os elementos superficiais de
um texto incluem-se no contexto de coesão (GUIMARÃES, 2009, p. 15).

Para Koch (2010), a coesão é um fenômeno que diz respeito ao modo como os ele-
mentos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por
meio de recursos também linguísticos, formando uma sequência verdadeira de sen-
tidos. Veja outras características:

• é a articulação gramatical existente entre as palavras e as partes de um texto.

• coesão é a conexão, a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto.


Percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que as pala-
vras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao
outro.

Os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as frases e


os parágrafos.

• na coesão, uma palavra (substantivo, pronome, numeral, advérbio, adjetivo


etc.) retoma termos já expressos.

Exemplo: Meu filho quis colocar um piercing; aí ele quis colocar mais outro e outro...

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

5.2.1 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

Os dois principais tipos de coesão são: referencial e sequencial.

I – REFERENCIAL

• Faz o texto progredir por meio da retomada ou da antecipação de palavras, expres-


sões ou frases.

Retomada: Meu irmão vai viajar. Ele tirou férias.

Antecipação: Ele é careca e desdentado, mas é lindo... O meu bebê.

No primeiro exemplo, “meu irmão” e “ele” são elementos correferenciais (têm o mes-
mo referente). No segundo exemplo, a correferência é estabelecida entre “o meu
bebê” e “ele”.

O referente de uma palavra ou expressão é aquilo a que ela se refere (entidade, fato,
processo etc.).

Esse referente pode estar dentro ou fora do texto.

Fora do texto: referência EXOFÓRICA ou SITUACIONAL.

Exemplo: Alguém fala enquanto aponta para um lápis:


Pega isso que deixei cair, por favor.
• Pega = o verbo no imperativo remete à segunda pessoa do singular (com quem se fala).
• Isso = refere-se ao lápis para o qual o falante aponta.
• Deixei = o uso da primeira pessoa do singular aponta para o próprio falante.

Dentro do texto: referência ENDOFÓRICA ou TEXTUAL.

Exemplo: José viajou ontem. Ele foi visitar uns parentes.

A referência textual pode ser anafórica ou catafórica:

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Anafórica: o item de referência retoma um item já expresso


no texto (como no exemplo citado anteriormente: José viajou
ontem. Ele foi visitar uns parentes).

Catafórica: o item de referência antecipa um signo ainda não


expresso no texto.

Exemplo: Só desejo isto: que você não se esqueça de mim.

II- SEQUENCIAL

• Faz o texto progredir pelo uso de palavras ou expressões que estabelecem relações
semânticas (conclusão, condição, causa etc.) entre orações ou conjunto de orações.

Exemplos:
Condição: Se chover, não vai haver desfile.
Causa: Não houve desfile, porque choveu.
Conclusão: Choveu bastante, portanto, não houve desfile.

5.2.2 ESTRATÉGIAS DE COESÃO REFERENCIAL

A coesão referencial tem como objetivo a repetição de palavras. Para isso, podem ser
utilizadas várias estratégias.

A) Uso de pronomes, verbos, numerais e advérbios

A coesão referencial foi demonstrada por meio de pronome pessoal – ele. O exemplo
a seguir ilustra o uso de pronomes demonstrativos.

Ricardo e Carlos adoram carnaval. Este é portelense; aquele é louco pela Mangueira.

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Uso de verbo:

Pedro, Ana e Carolina trabalham muito, André quase não faz.

De fato, ele ficou muito constrangido com a situação; mas não foi [=ficou] tanto
quanto se poderia esperar.

Uso de numeral:

Ricardo e Carlos adoram carnaval. Ambos (ou “Os dois”) sempre desfilam.

Uso de advérbio:

Nunca vou à França em janeiro, porque lá faz muito frio.

B) Uso de sinônimos e hiperônimos

Um sinônimo (sinonímia é a relação que se estabelece entre palavras de conteúdos


bastante aproximados) pode ser utilizado para evitar a repetição do mesmo termo.

Exemplo: Tem menina que diz amém pra tudo. Mas existe garota que não sossega
enquanto não dá a última palavra. E você? Faz parte da turma que comanda ou que é
comandada?

Em uma relação ente todo/parte ou classe/elemento, o hiperônimo é a expressão


que representa o “todo” ou a “classe”. Portanto, “eletrodoméstico” é hiperônimo de
“batedeira”, e “animal” é hiperônimo de “cão”.

Exemplo: O governo estadual adquiriu cem ambulâncias. Há suspeita de


superfaturamento na venda dos veículos.

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C) Uso da elipse

A elipse é a omissão de um termo que pode ser recuperado pelo contexto. No exem-
plo a seguir, há elipse do sujeito. O “zero” entre colchetes marca o ponto do texto em
que houve a omissão.

José viajou ontem. [0] Foi visitar uns parentes.

Exemplo de elipse do verbo:


Meu colega de trabalho ganha muito, mas eu, muito pouco.

D) Uso de expressão nominal definida

Podemos usar uma expressão que define o elemento retomado. Muitas vezes, quem
lê ou ouve tal expressão precisa ter um conhecimento prévio para interpretar o fenô-
meno da retomada.

Por exemplo, pode-se retomar “Sting” por “o ex-líder da banda Police”, “Machado de
Assis” por “o bruxo de Cosme Velho” e assim por diante.

5.2.3 COESÃO SEQUENCIAL

Veremos que um texto bem produzido também precisa apresentar uma coesão
sequencial, isto é, devemos utilizar conectivos que ajudam a delinear as ideias dos
enunciados (COSTA, [s./d.]). Contudo, muitas vezes, não convém que passemos de
uma frase a outra, ou de um parágrafo a outro, de modo estanque, sem uma palavra/
expressão de ligação; faz-se necessária a presença de um elemento sequenciador no
discurso. Veja a diferença:

O funcionário saiu de casa cedo. Chegou atrasado ao trabalho.

O funcionário saiu de casa cedo, mas chegou atrasado ao trabalho.

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Os elementos de ligação entre os enunciados são chamados de conectores ou co-


nectivos sequenciais (alguns estudiosos chamam de “operadores discursivos”). Veja-
mos, a seguir, algumas estratégias de conexão.

A) Condição (‘se’, ‘caso’): Se houver ponto facultativo, vamos viajar.

B) Causa (‘porque’, ‘já que’, ‘como’): Viajamos, porque houve ponto facultativo.

C) Mediação/finalidade: Saiu cedo para pegar o metrô menos cheio.

D) Conjunção [soma] (‘e’, ‘não somente... mas também’, ‘ainda’, ‘também’, ‘além dis-
so’): Há dois motivos para eu não sair de casa hoje: chove e faz muito frio.

E) Disjunção: (‘ou’, ‘ou então’): Estude bastante para os exames, ou você já esqueceu
que foi reprovado antes?

É preciso manter o plano de estabilização econômica, ou então será inevitável


a volta da inflação.

F) Explicação /justificativa (‘pois’, ‘porque’): Deve ter acontecido um acidente, pois eu


vi uma ambulância parada na esquina.

G) Gradação argumentativa (‘até’, ‘até mesmo’, ‘nem mesmo’) - o conectivo introduz


o argumento mais importante de um conjunto:

“(...) Basta lembrar que a cidade de São Paulo tem 56% de sua população viven-
do em favelas, cortiços, habitações precárias e até mesmo sob viadutos e nos
cemitérios, para que nos convençamos de que a oitava economia do mundo é
um grande desastre social”.

(BRANCO, Adriano. Desenvolver o país é preciso. O Estado de São Paulo. 16 dez.


1989. [Artigo]).

H) Conclusão (‘portanto’, ‘logo’, ‘por conseguinte’, ‘por isso’): Meu vizinho decidiu pa-
rar de fumar. Portanto, tem estado bem melhor de saúde.

Obs. O conectivo ‘pois’ só funciona acompanhando uma sentença conclusiva se não


vier no início dessa sentença: Meu vizinho decidiu parar de fumar. Tem estado, pois,
bem melhor de saúde.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

I) Amplificação/ generalização (‘de fato’, ‘aliás’, ‘realmente’): Faz muito calor neste ve-
rão. Aliás, o verão no Rio é sempre muito quente.

J) Exemplificação (‘por exemplo’, ‘como’): Diversos setores cresceram com a estabili-


zação econômica, como o da alimentação, que vive fase bastante otimista.

K) Correção/ esclarecimento (‘quer dizer’, ‘isto é’, ‘ou seja’, ‘melhor dizendo’, ‘em ou-
tras palavras’): Nosso país vai sair rapidamente da crise. Ou seja, é o que queremos.

L) Confirmação (‘assim’, ‘desse modo’, ‘dessa maneira’): O país sairá rapidamente da


crise; assim, o povo voltará a consumir sem medo.

M) Contrajunção (‘mas’, ‘porém’, ‘contudo’, ‘no entanto’, ‘embora’, ‘ainda que’): Luiza
vai ficar bem, no entanto precisa tomar adequadamente a sua medicação.

Coesão X Coerência
A coesão não é condição necessária nem suficiente da coerência: as marcas de
coesão encontram-se no texto (tecem o tecido do texto), enquanto a coerência não se
encontra no texto, mas constrói-se a partir dele, em dada situação comunicativa, com
base em uma série de fatores de ordem semântica, cognitiva, pragmática e interacional
(CORREIA, 2015, p. 20-21).

5.3 CONCLUINDO

Entendemos texto como uma estrutura sempre em processo, de caráter verbal, so-
cial, cognitivo e sociocultural, cujo sentido não é construído no texto, mas a partir
dele. Ao lermos ou ouvirmos um texto, manifestamos nossa avaliação: isso faz senti-
do, é coerente; aquilo não faz sentido, não é coerente.

De um modo geral, tentamos produzir sentidos para o que lemos ou ouvimos, re-
correndo aos nossos conhecimentos sociocognitivos intencionalmente constituídos.

A coerência não está no texto, não nos é possível apontá-la, destacá-la ou coisa que
o valha, mas somos nós, leitores, em um efetivo processo de interação com o autor e
o texto, baseados nas pistas que nos são dadas e nos conhecimentos que possuímos,

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

que construímos a coerência (KOCH, 2003).

Por meio do mecanismo de coesão, o escritor estabelece no texto relações claras,


adequadas e objetivas, facilitando a compreensão pelo leitor. Além disso, no proces-
so de estruturação textual, a coesão pode facilitar a coerência, por meio da estrutu-
ração lógica dos elementos linguísticos.

A coerência é um princípio de interpretabilidade do discurso: sempre que for pos-


sível aos interlocutores construir um sentido para o texto, este será, para eles, nessa
situação de interação, coerente.

5.4 RESUMO

• Coesão e coerência, embora sejam conceitos diferentes, são fundamentais para


a produção textual.

• Coesão diz respeito à articulação gramatical de palavras, frases e enunciados a


fim de obter um todo significativo.

• Coerência é o resultado da articulação lógico-semântica de um texto.

SUGESTÕES DE LEITURA

1) FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1991.

A autora caracteriza a coesão e a coerência de forma clara e objetiva.

2) KOCH, Ingedore Villaça. A construção dos sentidos no texto: coesão e coerência.


In:______. O texto e a construção dos sentidos. 7.ed. São Paulo: Contexto, 2003. p.45-58.

A autora defende que a coerência não é mera qualidade do texto. É resultado de uma
construção realizada pelos interlocutores, em uma determinada situação de interação.

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ANOTAÇÕES

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

UNIDADE 6

OBJETIVOS

Ao final desta unidade, o aluno será capaz de:

• identificar alguns gêneros textuais da área comercial.

• conhecer alguns gêneros textuais oficiais.

• identificar alguns gêneros textuais do âmbito acadêmico.

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SUMÁRIO 75
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

6 DESENVOLVIMENTO
Atualmente, é fundamental que o(a) estudante e futuro(a) profissional conheça os
passos para produzir bons textos. Já estudamos as características de um texto, seus
tipos e suas qualidades: coesão e coerência. Agora, veremos alguns gêneros textuais
próprios do âmbito acadêmico, comercial e oficial.

A revista Guia da Língua Portuguesa (2010) apresenta alguns desses modelos, pri-
meiramente, o relatório, o qual se relaciona tanto ao ambiente empresarial (comer-
cial) quanto ao acadêmico:

Veremos, então, outros gêneros textuais, apresentados por Silveira (2011), e para que
servem.

6.1 ESCRITA COMERCIAL

Atestado (Órgãos públicos)


Documento em que uma pessoa credenciada registra um fato.

Declaração (Semelhante ao atestado)


Documento em que são registradas opiniões, observações e resoluções. Não pode
ser emitido em órgãos públicos.

Termo
Documento registrado em processo ou livro, em que são registradas opiniões, obser-
vações e resoluções.

Aviso
Documento, claro e objetivo, que informa, convida, noticia, ordena e previne. Geral-
mente, não apresenta destinatário e expressões de cortesia.

Bilhete
Documento, simples e pequeno, que transmite uma mensagem a alguém íntimo.

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76 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Recado
Documento, simples e objetivo, que transmite uma mensagem a alguém ausente.

Boletim
Documento em que são transmitidas notificações, devendo ser distribuído aos seto-
res pertinentes e fixado em locais visíveis.

Circular (Não há destinatário)


Documento, interno ou externo, em que são transmitidas orientações, ordens, escla-
recimentos.

Memorando (Agilidade)
Documento, interno ou externo, em que são registrados pedidos, consultas e infor-
mações breves.

Ata
Documento em que é registrado o que ocorreu em uma reunião.

Mala direta
Documento em forma de propaganda enviada a pessoas que possam ter interesse
em um produto.

Acordo
Documento que registra um acerto entre pessoas.

Carta de cobrança
Documento que cobra de um cliente inadimplente a quitação de sua dívida.

Carta particular
Documento que apresenta ou recomenda um candidato a emprego, ou pede dis-
pensa de um emprego.

Carta comercial
Documento que mantém o contato entre empresas e seus clientes.

Contrato
Documento que resulta de um acordo firmado entre duas ou mais partes.

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SUMÁRIO 77
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Convênio
Documento que registra um acordo entre duas partes, em que uma se predispõe a
prestar determinado serviço à outra.

Convocação
Documento que intima, obriga o comparecimento do destinatário a uma reunião
ou ato.

E-mail

Documento que transmite informações por meio do envio e do recebimento, em


tempo real, de mensagens via internet.

Cartão
Cartão de visita – estabelecimento de relações sociais.

Cartão de contato – apresentação de profissionais.

Cartão comercial – veiculação de propaganda ou venda.

Cartão comum – veiculação de convite, agradecimento etc.

Fax
Documento que transmite informações por meio do envio e recebimento, em tem-
po real, de mensagens escritas via telefone.

Ordem de serviço
Documento que libera a execução de determinadas tarefas.

Telegrama
Documento que envia rapidamente mensagens com auxílio de equipamentos de
telecomunicações.

Procuração
Documento que concede poderes de um mandante, outorgante ou constituinte a
outrem – mandatário, outorgado ou procurador.

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78 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Protocolo
Documento que registra a ocorrência de atos públicos.

Recibo
Documento que registra o recebimento de algo.

Regimento
Documento que registra as regras que determinam direitos e deveres.

Regimento interno
Documento que registra as regras de funcionamento e de serviços internos das ins-
tituições.

Regulamento
Documento que estabelece o modo como algo deve ser cumprido ou realizado.

Mensagem social
Documento que divulga eventos sociais, inaugurações ou festividades.

Mensagens comemorativas
Documento que anuncia comemorações, via imprensa escrita.

6.2 ESCRITA OFICIAL

Os documentos redigidos por meio de uma escrita oficial precisam observar cinco
importantes critérios:

1. Uso do padrão culto de linguagem.

2. Clareza.

3. Concisão.

4. Formalidade.

5. Uniformidade.

Esses atributos constam no manual oficial de redação da Presidência da República


e são fundamentados na Constituição Brasileira, mais precisamente no artigo 37: “A
administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da

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SUMÁRIO 79
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”. O texto do
Manual de redação ainda instrui que

Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda


administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elabo-
ração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe que um ato nor-
mativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos
normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Es-
tado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos
cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão
(BRASIL, 2002, on-line).

Os princípios apontados no documento (impessoalidade, clareza, uniformidade,


concisão e uso de linguagem formal) devem ser usados em toda redação oficial, seja
aquela usada em repartições públicas, seja a utilizada para fins particulares. A reda-
ção oficial impõe parâmetros claros.

A seguir, apresentamos alguns gêneros que devem usar redação oficial em sua cons-
tituição.

Ofício
Documento que faz a comunicação entre órgãos públicos.

Requerimento
Documento que solicita algo a um órgão ou a uma autoridade pública.

Abaixo-assinado
Documento que solicita algo a um órgão ou a uma autoridade pública para um gru-
po de pessoas.

Diploma
Documento que certifica a conclusão de um curso, confere um cargo, dignidade ou
privilégio a alguém.

Auto
Documento que relata detalhadamente, em livro específico, um acontecimento.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Apostila
Documento que esclarece, completa ou retifica o conteúdo de um contrato, portaria
ou certidão.

Manifesto
Documento que registra uma declaração pública que justifica um ato e é endereça-
da ao governo ou ao público em geral.

Ato
Documento que registra atos de diferentes tipos e âmbitos.

Carta oficial
Documento que retifica e confirma uma resolução, ou faz a comunicação entre a alta
chefia de uma empresa.

Certidão
Documento que certifica algo extraído de registros realizados por órgão público.

Despacho
Documento que registra a decisão de uma autoridade em relação a um pedido.

Exposição de motivos
Documento que sugere a necessidade de expansão de um ato ou de uma providên-
cia.

Exposição justificada
Documento que justifica a necessidade de expansão de um ato ou de uma provi-
dência.

Informação
Documento que fornece dados para a elaboração de um parecer.

Nota diplomática
Documento que faz a comunicação entre ministros de Estado.

Nota oficial
Documento que faz a comunicação entre altas autoridades ou entidades de classe.

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SUMÁRIO 81
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

Guia
Documento, no formato de formulário, que registra pagamento de impostos ou con-
tribuições, a expedição de mercadorias ou correspondências.

Notificação
Documento que informa a uma pessoa ou a uma empresa uma norma para que um
ato seja executado ou não.

Parecer
Documento que registra a análise de um caso ou emite uma opinião para auxiliar a
tomada de decisões.

SUGESTÕES DE LEITURA

OS 7 ERROS MAIS COMUNS AO USAR O E-MAIL NO TRABALHO

Camila Pati

A linguagem da internet costuma ser abreviada, informal e até simplória. No e-mail de


trabalho, no entanto, isso muda de figura. Depois que você aperta a tecla enviar, não há
nada mais a ser feito. Se o e-mail corporativo tiver algum deslize – ortográfico, de tra-
tamento, ou mesmo destinatário incorreto – só lhe resta enviar outro, com um pedido
de desculpas.

Confira quais são as gafes mais comuns cometidas em e-mails de trabalho e saiba
como evitá-las.

1 Erros de ortografia
Na pressa, é comum que a pessoa fique mais desatenta e assassine a ortografia. “Muitas
pessoas não têm o cuidado de reler o e-mail antes de enviar, por isso recebemos tantas
mensagens com erro”, diz Sandra. A dica é investir um tempo na mensagem para não
perder a credibilidade. Letras trocadas e erros de digitação e de português vão chamar
a atenção de quem recebe e podem ser interpretados como desleixo ou até ignorância.

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2 Informalidade x formalidade
Você começa a mensagem com um simples “oi”, ou seja, um tratamento informal, mas
ao final, antes de assinar, coloca o tradicional e formal “atenciosamente”. Essa mistura
de tratamentos, diz Sandra, não é indicada no ambiente profissional. Decida se a men-
sagem é formal ou informal e não misture tratamentos. “Se começar a mensagem de
maneira mais informal, deve terminá-la informalmente também. O mesmo vale para a
mensagem formal”, diz Sandra.

De acordo com ela, clientes e gestores devem ser tratados formalmente, sempre. “As
pessoas acabam levando a informalidade da fala para o e-mail e isso é errado”, diz a es-
pecialista. Terminar a mensagem com “abraços” só vale para colegas mais próximos, na
opinião dela. Beijos também devem ser evitados. “Só entre namorados e amigos”, diz.

3 Expressões temporais
Evite marcar a mensagem com expressões como “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”.
Você não tem certeza do momento do dia ou da noite em que o e-mail será lido. ““Nes-
se caso o ‘bom dia’ é só para quem enviou a mensagem, não para quem recebeu”, diz.

4 Abreviações
Esqueça as abreviações quando estiver redigindo e-mail no trabalho. Nada de “vc” no
lugar de “você”, nem “tb” para também. O risco de usar palavras abreviadas é o excesso
de informalidade. “É comum as pessoas levarem os vícios dos bate papos virtuais ins-
tantâneos e redes sociais para o email de trabalho”, diz Sandra.

Confira a mensagem antes de enviar para ter certeza de não deixar escapar nenhuma
abreviação e evitar o excesso de informalidade no e-mail de trabalho.

5 Uso de maiúsculas
Este não chega a ser propriamente um erro, mas pode trazer um certo desconforto.
Colocar uma palavra com todas as letras maiúsculas para dar ênfase a ela pode ofender
o destinatário. “Quando se faz isso, a pessoa que lê entende como um grito”, explica
Sandra.

Por isso, pense bem antes de deixar um texto ou uma palavra com todas as letras mai-
úsculas. Se a intenção não é “dar uma bronca”, opte por outro marcador para dar mais
visibilidade ao trecho ou à palavra.

6 Mensagens desnecessárias
Muitas vezes, o problema não é que a mensagem contenha erros, mas que ela simples-
mente não deveria existir. Na opinião de Sandra, a comunicação exagerada por e-mail

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SUMÁRIO 83
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

resulta em problemas com a administração de tempo. “Há pesquisas que indicam que
das 8 horas que uma pessoa passa em média no escritório, 5 são dedicadas a escrever
e redigir e-mails”, diz ela.

De acordo com a especialista, há uma banalização do uso da ferramenta. “As pessoas


até se cumprimentam por e-mail, mandam mensagens para tudo”, diz. Se você deixar
para enviar mensagens quando realmente for necessário, vai ganhar tempo para pro-
duzir mais, indica Sandra. “Economizaria muito tempo dos profissionais”, diz.

7 Uso pessoal
Usar o e-mail do trabalho para assuntos pessoais é um mau uso da ferramenta, na opi-
nião de Sandra. Embora o Tribunal Superior do Trabalho tenha limitado o poder de fis-
calização das empresas a computadores e e-mails corporativos recentemente, mandar
mensagens particulares do endereço corporativo não é indicado.

A dica é separar as coisas. “Use o e-mail do trabalho apenas para mensagens profissio-
nais”, diz Sandra. Lembre-se de que dar uso particular para o e-mail do trabalho pode
colocar até o seu emprego em risco.

PATI, Julia. Os 7 erros mais comuns ao usar o e-mail no trabalho. Revista Exame. Dispo-
nível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/os-7-erros-mais-comuns-ao-usar-o-e-mail-
-no-trabalho/>. Acesso em: 31 jul. 2017.

É importante considerar que, atualmente, há uma ampla circulação de gêneros digi-


tais, ou seja, formas textuais que podem ser documentos ou ter um papel importan-
te de comunicação, mas não são impressos, circulam por meio de suportes virtuais,
tecnológicos e em telas. Veja alguns exemplos de gêneros digitais a seguir.

• E-mail: gênero com claros objetivos comunicativos. Ensinar a escrever e-mails


claros, concisos e objetivos pode ser uma atividade muito interessante e impor-
tante e mantém contato com o estudo do gênero carta.

• Escrita específica de redes sociais: redes sociais como Facebook, Twitter e até
mais imagéticas como Snapchat e Instangram exigem sim que seus usuários
criem textos que circularão socialmente.

• Sites: ler sites e domínios on-line, entendendo seu projeto gráfico e a forma que
os links e hiperlinks são apresentados, também é um exercício de leitura.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

• Blogs: apesar de não terem maior popularidade, ainda configuram um gênero


digital utilizado e que apresenta características específicas.

• Aplicativos de conversação: Whatsapp e outros aplicativos podem servir de mote


para exercícios de reflexão linguística.

Muitos dos gêneros citados são transformações de gêneros já existentes. Por exem-
plo, o e-mail tem muitos elementos de semelhança com o gênero carta. O fato de
existir e-mail não significa que cartas deixaram de ser escritas. Os dois gêneros coe-
xistem. A seguir, apresentamos um quadro a respeito de gêneros digitais e sua cor-
respondência com um gênero que existia fora do meio digital-eletrônico:

QUADRO 6 – TRANSPOSIÇÃO DE GÊNEROS


GÊNERO QUE PODE SER O
GÊNERO DIGITAL
“PONTO DE PARTIDA”

Cartas E-mail

Uso de aplicativos de conversa, como o


Conversações
Whatsapp

Aulas presenciais Aulas à distância

Reuniões Videoconferência

Diário Pessoal Blogs, redes sociais e até vídeos do You Tube

Convites Grupos em redes sociais

Pesquisa em Livros Pesquisa em sites

Redes sociais específicas, grupos em redes


Grupos de conversa
sociais ou em aplicativos de conversa

Leitura íntima Leitura na tela

Fonte: adaptado de Marcuschi (2005).

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SUMÁRIO 85
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

6.3 RESUMO

• Nesta unidade, aprendemos os principais gêneros textuais da área comercial.

• Aprendemos, também, os mais importantes gêneros relacionados à escrita oficial.

• Estudamos as características de alguns desses textos, como ata, carta comercial


e e-mail.

SUGESTÕES DE LEITURA

1) Manual de redação oficial

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

Apresenta detalhadamente diversas características da redação oficial, pautadas na Nor-


ma Padrão da Língua Portuguesa.

2) TERCIOTTI, Sandra Helena; MACARENCO, Isabel. Comunicação empresarial na práti-


ca. São Paulo: Saraiva, 2010.

As autoras esboçam dicas de como se comunicar de forma eficiente no ambiente em-


presarial.

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86 SUMÁRIO
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 91

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