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Gramática da

Língua
Portuguesa
Ulisses Pasquale
Fonologia
FONOLOGIA • Vogais – a, e, i, o, u

• Semivogais – i, u (em algumas palavras, encontramos e e o representando


CALHA
semivogais – mãe, pão...)
5 letras: c, a, l, h, a.
4 fonemas: /k/, /a/, /lh/, /a/. Dígrafo /lh/ • Consoantes – b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, y, z.
Elas podem ser: bilabiais (mato/bato), labiodentais (faca), linguodentais
TÁXI
(dardo/cinco), velares (ralo), alveolares (nada/lado) e palatais (acho/alho).
4 letras: t, a, x, i.
5 fonemas: /t/, /a/, /k/, /s/, /i/. A letra x representa dois
sons - /ks/ SILABAS
HORA • Monossílabos: é, há, ás, cá, mar, flor, pé...
4 letras: h, o, r, a. • Dissílabos: a-í, a-li, de-ver, cle-ro, i-ra...
3 fonemas: /o/, /r/, /a/. A letra h não representa nenhum • Trissílabos: ca-ma-da, O-da-ir, pers-pi-caz, tungs-tê-nio...
som • Polissílabos: bra-si-lei-ro, psi-co-lo-gi-a, a-ris-to-cra-ci-a...

ENCONTROS VOCÁLICOS

• Hiato: encontro de duas vogais (são sempre separados quando da divisão da silaba): SA-Í-DA, RU-IM, PA-ÍS; vogal + semivogal (geralmente caracterizado
pelo encontro de uma vogal + Ditongo): I-DEI-A, IO-IÔ.

• Ditongo: encontro de uma vogal + semivogal (decrescente – MOI-TA, CAI, MÓI), ou semivogal + vogal (crescente – QUAL, PÁ-TRIA, SÉ-RIO), pertencentes a
uma mesma silaba. Podem ser orais (TÊNUE ou DENTAIS) e nasais (MÃE ou PÃO). Terminações em /EM/ como: NINGUÉM, ALGUÉM e em /AM/ como:
FALARAM, CATARAM, representam ditongos nasais decrescentes.

OBS.: Há alguns encontros vocálicos átonos e finais que são chamados de instáveis porque podem ser pronunciados como ditongos ou como hiatos: IA
(PÁTRIA), IE (ESPÉCIE), IO (PATIO), UA (ARDUA) , UE (TÊNUE), UO (VACUO). A tendencia predominante é pronuncia-los como ditongos.

• Tritongo: sequencia formada por semivogal + vogal + semivogal: PA-RA-GUAI (orais), QUÃO (nasais).
ENCONTROS CONSONATAIS

Agrupamento de duas ou mais consoantes.


• Consoante L ou R são encontros que pertencem a uma mesma silaba: PRA-TO, A-TLE-TA;

• Consoantes que pertencem a silabas diferentes: AB-DI-CAR, SUB-SO-LO, AD-VO-GA-DO, AL-GE-MAR, COR-TE.

• Há um grupo consonantais que surgem no inicio dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: PNEU-MO-NI-A, PSI-CO-SE, GNO-MO

DÍGRAFOS

O dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema. Podemos dividir os dígrafos em dois grupos:
consonantais e vocálicos.

• Consonantais: CH (Chuva), LH (Alho), NH (Sonho), RR (Barro), SS (Assunto), SC (Ascensão), SÇ (Nasço), XC ( Exceção), XS (Exsuar), GU
(Águia), QU (Quilo).
Os grupos GU e QU, quando trazem o U pronunciado, não representam dígrafos, pois nesse caso G e Q têm um som e U tem outro:
aguentar; sagui; tranquilo; aquoso.

• Vocálicos: AM/NA (Campo, Sangue), EM/EN (Sempre, Tento), IM/IN (Limpo, Tingir), OM/ON (Rombo, Tonto), UM/UN (Nenhum, Sunga).
ORTOGRAFIA
NOÇÕES PRELIMINARES

• Homônimas: mesma grafia e mesma pronuncia - LUTA (substantivo), LUTA (do verbo lutar).
• Homógrafas: mesma grafia, pronuncias diferentes – ALMOÇO (substantivo, nome de uma refeição), ALMOÇO (do verbo almoçar).
• Homófonas: mesma pronuncia mas grafia diferente - CESTA (substantivo), SEXTA (numeral ordinal).
• Parônimas: se assemelham na grafia e/ou na pronuncia, porém diferem no sentido - EMINENTE (elevado) e IMINENTE (prestes a ocorrer), FLAGRANTE
(evidente) e FRAGRANTE (perfumado), INFLAÇÃO (alta dos preços) e INFRAÇÃO (violação).

FONEMAS COM MAIS DE UMA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

O fonema /∫/ (letra x e dígrafo ch)

A letra x representa esse fonema:

Após um ditongo: Ameixa, Caixa, Peixe, Eixo, Frouxo, Trouxa, Baixo, Encaixar, Paixão, Rebaixar.

Após um grupo inicial en: Enxada, Enxaqueca, Enxerido, Enxame, Enxovalho, Enxugar, Enxurrada.
Cuidado com Encher e seus derivados (lembre-se cheio) e palavras iniciadas por ch que recebem o prefixo en-: Encharcar (de charco), Enchapelar (de
chapéu), Enchumaçar (de chumaço), Enchiqueirar (de chiqueiro).

Após o grupo inicial me: Mexer, Mexerica, Mexerico, Mexilhão, Mexicano.

Nas palavras de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas: Xavante, Xingar, Xique-xique, Xará, Xerife, Xampu.

Escrevem-se com x: Capixaba, Bruxa, Caxumba, Faxina, Graxa, Laxante, Muxoxo, Praxe, Puxar, Relaxar, Rixa, Roxo, Xale, Xaxim, Xenofobia, Xicara.

Escrevem-se com ch: Arrocho, Apetrecho, Bochecha, Brecha, Broche, Chalé, Chicória, Cachimbo, Comichão, Chope, Chuchu, Chute, Debochar, Fachada,
Fantoche, Fechar, Flecha, Linchar, Mochila, Pechincha, Piche, Salsicha, Tchau.
Homofonia com o fonema /∫/ (letra x e dígrafo ch)

Há vários casos de palavras homófonas cuja grafia se distingue elo contraste entre o x e o ch, Eis algumas delas:

O fonema /չ/ (letra g e j)

A letra g somente representa o fonema /չ/ diante das letras E e I. Diante das letras A, O, e U, esse fonema é necessariamente representado pela letra j.

Usa-se a letra g:

Nos substantivos terminados em agem, igem, ugem: Agiotagem, Aragem, Barragem, Contagem, Coragem, Garagem, Malandragem, Miragem, Viagem,
Fuligem, Impigem (ou Impingem), Origem, Vertigem, Ferrugem, Lanugem, Rabugem, Salsugem.
Cuidado com as exceções pajem e lambujem.

Nas palavras terminadas em ágio, égio, igio, ógio, úgio: Adágio, Contágio, Estágio, Pedágio, Colégio, Egrégio, Litígio, Prestígio, Necrológio, Relógio,
Refúgio, Subterfúgio.
Usa-se a letra j:

Nas formas dos verbos terminados em jar: Arranjar (Arranjo, Arranje, Arranjem), Despejar (Despejo, Despeje, Despejem), Enferrujar (Enferruje,
Enferrujem), Viajar (viajo, viaje, viajem).

Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica: Jê, Jiboia, Pajé, Jirau, Caçanje, Alfanje, Alforje, Canjica, Jerico, Manjericão, Moji.

Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j: Gorjear, Gorjeio, Gorjeta (derivadas de Gorja), Cerejeira (derivada de Cereja), Laranjeira (de
Laranja), Lisonjear, Lisonjeiro (de Lisonja), Lojinha, Lojista (de Loja), Sarjeta (de sarja), Rijeza, Enrijecer (de Rijo), Varejista (de Varejo).

Escrevem-se com g: Aborígine, Agilidade, Algema, Apogeu, Argila, Auge, Bege, Bugiganga, Cogitar, Drágea, Faringe, Fugir, Geada, Gengiva, Gengibre,
Gesto, Gibi, Herege, Higiene, Impingir, Monge, Rabugice, Tangerina, Tigela, Vagem.

Escrevem-se com j: Berinjela, Cafajeste, Granja, Hoje, Intrujice, Jeito, Jejum, Jerimum, Jérsei, Jiló, Laje, Majestade, Objeção, Objeto, Ojeriza, Projétil
(ou Projetil), Rejeição, Traje, Trejeito.

O fonema /z/ (letras s, x e z)

A letra s representa o fonema /z/quando é intervocálica, como em asa, mesa, riso.

Usa-se a letra s:

Nas palavras que derivam de outras em que já existe s: Casinha, Casebre, Casinhola, Casarão, Casario (derivadas de Casa), Lisinho, Alisar, Alisador (de
Liso), Analisar, Analisador, Analisante (de Análise).

Nos sufixos ês, esa (para indicação de nacionalidade, título, origem): Chinês, Chinesa, Marquês, Marquesa, Burguês, Burguesa, Calabrês, Calabresa,
Duquesa, Baronesa.

Nos sufixos ense, oso, osa (formadores de adjetivos): Paraense, Caldense, Catarinense, Portense, Deleitoso, Deleitosa, Gasoso, Gasosa, Amoroso,
Amorosa, Espalhafatoso, Espalhafatosa.

Nos sufixos isa (indicador de ocupação feminina): Poetisa, Profetisa, Papisa, Sacerdotisa, Pitonisa.
Após ditongos: Lousa, Coisa, Causa, Neusa, Ausência, Eusébio, Náusea.

Nas formas dos verbos pôr (e derivados) e querer: Pus, Pusera, Pusesse, Puséssemos, Repus, Repusera, Repusesse, Repuséssemos, Quis, Quisera, Quisesse,
Quiséssemos.

Usa-se a letra z:

Nas palavras derivadas de outras em que já existe z: Deslizar, Deslizante (derivadas de Deslize), Abalizado (de Baliza), Razoável, Arrazoar, Arrazoado (de
Razão), Raiz, Enraizar.

Nos sufixos ez, eza (formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos): Rijeza, Rigidez, Nobreza, Surdez, Invalidez, Intrepidez, Sisudez, Avareza,
Maciez, Singeleza.

Nos sufixos izar (formador de verbos) e ização (formador de substantivos): Civilizar, Civilização, Humanizar, Humanização, Colonizar, Colonização,
Realizar, Realização, Hospitalizar, Hospitalização.

Não confunda com os casos em que se acrescenta o sufixo ar a palavras que já apresentam s: Analisar, Pesquisar, Avisar.

Em muitas palavras, o fonema /z/ é representado pela letra x: Exagero, Exalar, Exaltar, Exame, Exato, Exasperar, Exausto, Executar, Exemplo,
Exequível, Exercer, Exibir, Exílio, Exímio, Existir, Êxito, Exonerar, Exorbitar, Exorcismo, Exótico, Exuberante, Inexistente, Inexorável.

Escrevem-se com s: Abuso, Aliás, Anis, Asilo, Atrás, Através, Aviso, Bis, Brasa, Colisão, Decisão, Elisabete, Evasão, Extravasar, Fusível, Hesitar, Isabel,
Lilás, Maisena, Obsessão, Ourivesaria, Revisão, Usura, Vaso.

Escrevem-se com z: Assaz, Batizar (mas Batismo), Bissetriz, Buzina, Catequizar (mas Catequese), Cizânia, Coalizão, Cuscuz, Giz, Gozo, Prazeroso,
Regozijo, Talvez, Vazar, Vazio, Verniz.

Homofonia com o fonema /z/

Há palavras homófonas em que se estabelece distinção escrita por meio do contraste s/z: Cozer (Cozinhar) e Coser (Costurar), Prezar (ter em
consideração) e Presar (Prender, Apreender), Traz (forma do verbo Trazer) e Trás (parte posterior).
O fonema /s/ (letras s, c, ç e x ou dígrafos sc, sç, ss, xc e xs)

Observe os seguintes procedimentos em relação à representação gráfica desse fonema:

A correlação gráfica entre nd e ns na formação de substantivos a partir de verbos: Ascender e Ascensão, Distender e Distensão,
Expandir e Expansão, Suspender e Suspensão, Pretender e Pretensão, Tender e Tensão, Estender e Extensão, Compreender e
Compreensão.

A correlação gráfica entre ced e cess em nomes formados a partir de verbos: Ceder e Cessão, Conceder e Concessão, Interceder e
Intercessão, Aceder e Acesso, Exceder e Excesso e Excessivo.

A correlação gráfica entre ter e tenção em nomes formados a partir de verbos: abster e abstenção, ater e atenção, conter e
contenção, deter e detenção, reter e retenção.

Observe as seguintes palavras em que se usa o dígrafo sc: Acrescentar, Acréscimo, Adolescência, Adolescente, Ascender (subir),
Ascensão, Ascensor, Ascensorista, Ascese, Ascetismo, Ascético, Consciência, Crescer, Descender, Discente, Disciplina, Fascículo,
Fascínio, Fascinante, Piscina, Piscicultura, Imprescindível, Intumescer, Irascível, Miscigenação, Miscível, Nascer, Obsceno, Oscilar,
Plebiscito, Recrudescer, Reminiscência, Rescisão, Transcender.

Na conjugação dos verbos acima apresentados, surge sç: nasço, nasça, cresço, cresça.
Cuidado com sucinto, em que não se usa sc.

Em algumas palavras, o fonema /s/ é representado pela letra x: Auxílio, Auxiliar, Contexto, Expectativa, Expectorar, Experiência,
Experto (conhecedor, especialista), Expiar (pagar), Expirar (morrer), Expor, Expoente, Extravagante, Extroversão, Extrovertido,
Sexta, Sintaxe, Têxtil, Textual, Trouxe.
Cuidado com Esplendor e Esplêndido.
Homofonia com o fonema /s/

Há casos em que se criam oposições de significado em razão do contraste gráfico. Observe:

Podem ocorrer ainda os dígrafos xc, e, mais raramente, xs: Exceção, Excedente, Exceder, Excêntrico, Excepcional, Excerto, Exsicar,
Exsolver, Exsuar, Excelente, Exceto, Exsudar, Excesso, Excitar.
ACENTUAÇÃO
TONICIDADE E ACENTUAÇÃO

As sílabas de uma palavra podem ser fortes ou fracas. As sílabas fortes são chamadas de TÔNICA, e as sílabas fracas são chamadas de ÁTONAS.
Ex.: PA-RA-LE-LE-PÍ-PE-DO, o PÍ é a sílaba tônica, as outras são átonas.

• Monossílaba tônica: Possui sentido próprio quando está só. São acentuadas quando terminada em: A (PÁ), E (PÉ), O (PÓ) e ditongos abertos ÉU
(VÉUS), ÉI (RÉIS), OÍ (DÓI).

• Monossílaba átona: Não possui sentido próprio quando está só: com, em, lhe.

Palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de acordo com a posição que a sílaba tônica ocupa dentro da palavra:

• Oxítona: É a palavra cuja última sílaba é forte. Acentua-se as oxítonas terminadas em: A (SOFÁ), E (VOCÊ), O (CIPÓ), EM (AMÉM), ENS (VINTÉNS) e
ditongos abertos ÉI (FIÉIS), ÓI (HERÓI), ÉU (CHAPÉU).

• Paroxítona: É a palavra cuja penúltima sílaba é forte. Acentua paroxítonas terminadas em: L (FÁCIL), N (PÓLEN), R (CADÁVER), X (TÓRAX), PS
(BÍCEPS), US (VÍRUS), I e IS (JÚRI, LÁPIS), OM e ONS (IÂNDOM, ÍONS), UM e UNS (ÁLBUM, ÁLBUNS), Ã(s) e ÃO(s) (ÓRFÃ(s), ÓRFÃO(s)) e ditongo oral
(JÓQUEI).

• Proparoxítona: É a palavra cuja antepenúltima sílaba é forte. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

REGRAS ESPECIAIS DE ACENTUAÇÃO

• Hiato: I ou U seguido de s ou sozinho: SA-Ú-DE; PA-ÍS; BA-ÚS. Antecedidos de ditongos, mas estiverem em posição final na palavra: PI-AU-Í, TEI-Ú,
TUI-UI-Ú.

Exceção: Quando seguido por NH: RA-I-NHA, BA-I-NHA. Quando as vogais estiverem repedidas: XI-I-TA, SU-CU-U-BA. Quando forem precedidas de ditongo:
FEI-U-RA, BAI-U-CA. Não se acentua a primeira vogal dos grupos oo e ee: VO-O, EN-JO-O, CRE-EM, LE-EM, VE-EM.
Morfologia
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
ESTRUTURA DAS PALAVRAS

Radical: É a parte da palavra responsável por sua significação principal. GOVERNO, GOVERNADOR, DESGOVERNO, INGOVERNÁVEL, DESGOVERNADO.

Afixos: Morfemas capazes de mudar o sentido do radical a que são anexados.

• Prefixos – Quando são colocado antes do radical. DESGOVERNO, INGOVERNÁVEL, DESGOVERNADO.

• Sufixos – Quando surgem depois do radical. GOVERNADOR, INGOVERNABILIDADE, INGOVERNÁVEL.

Desinências: Existem morfemas que indicam as flexões das palavras e sempre surgem na parte final das palavras varáveis. Podem ser:

• Desinências Nominais: Flexão de gênero (feminino: A, masculino: O) e número dos nomes (singular: Ø, plural: S). MENINO, MENINA (S).
Existem palavras que não possuem gênero e por isso não sofrem flexão. CABELO, LIVRO, AVIÃO...

• Desinências Verbais: Flexão de número, pessoa, tempo e modo nos verbos. ESTUDÁVAMOS:

ESTUD – Radical
Á – Vogal Temática
VA - Desinência Verbal Modo-Temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo)
MOS - Desinência Verbal Número-Pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural)

Vogal e Consoante de Ligação: São elementos que, desprovidos de significação, são usados entre um morfema e outro para facilitar a pronúncia.

• GASÔMETRO: gás + metro - O é vogal de ligação.

• CHALEIRA: chá + eira - L é consoante de ligação.


Vogal temática: É um morfema que se junta ao radical a fim de formar uma base à qual se ligam as desinências. Essa base é chamada tema.
Além de atuar como elemento de ligação entre o radical e as desinências, a vogal temática também marca grupos de nomes e de verbos. Isso
significa que existem vogais temáticas nominais e vogais temáticas verbais.

• Vogais Temáticas Nominais: São A, E e O, quanto átonas finais, como palavras - MESA, TRISTE, LIVRO, ARTISTA, BASE, TRIBO, BUSCA,
COMBATE, ESCOLA, SORTE...

Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois LIVRO, ESCOLA e SORTE, por exemplo,
não sofrem flexão de gênero. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: CARROS, MESAS, DENTES.

Os nomes terminados em vogais tônicas (SOFÁ, CAFÉ, CAQUI, MANDACARU e CIPÓ, por exemplo) não apresentam vogal temática; Podemos
considerar que os terminados em consoante (FELIZ, ROEDOR, por exemplo) têm o mesmo comportamento.

• Vogais Temáticas Verbais: São A, E e I, criando três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
temática é A pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática é E pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal
temática I pertencem à terceira conjugação.

Podemos perceber claramente a vogal temática atuando entre o radical e as desinências nos seguintes exemplos:

- Primeira conjugação: GOVERN-A-VA, ATAC-A-VA REALIZ-A-SSE.


- Segunda conjugação: ESTABELEC-E-SSE, CR-E-RA, MEX-E-RÁ.
- Terceira conjugação: DEFIN-I-RA, IMPED-I-SSE, AG-I-MOS.

OBS.: O verbo pôr e seus derivados (compor, repor, impor etc.) incluem-se na 2ª conjugação, pois a sua forma original em português é POER.
A vogal temática também pode aparecer nos nomes. Neste caso, sua função é a de preparar o radical para receber as desinências. MARES =
MAR (radical) + E (vogal temática) + S (desinência nominal de número plural).
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

Derivação: Modificação de determinada palavra primitiva por meio do acréscimo de afixos. Esses acréscimos podem alterar o significado da
palavra (como em ESCOLARIZAÇÃO/SUBESCOLARIZAÇÃO) e também mudar a classe gramatical da palavra (como em ESCOLARIZAR,
ESCOLARIZAÇÃO, que são, respectivamente, verbo e substantivo). A derivação, quando decorre do acréscimo de afixos, pode ser classificada
em três tipos:

• Prefixal ou Prefixação: Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem seu significado alterado. Por exemplo, alguns verbos
derivados de PÔR – REPOR, DISPOR, COMPOR, CONTRAPOR, INDISPOR, RECOMPOR, DECOMPOR.

• Sufixal ou Sufixação: Resulta do acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe
gramatical. Em UNHADA, por exemplo, houve modificação de significado: o acréscimo do sufixo trouxe a noção de “golpe”, "ataque feito
com a unha", ou mesmo a ideia de “ferimento provocado pela unha”. Já em ALFABETIZAÇÃO, o sufixo ÇÃO transforma em substantivo o
verbo ALFABETIZAR. Esse verbo, por sua vez, já resulta do substantivo ALFABETO pelo acréscimo do sufixo IZAR.

• Prefixal-Sufixal ou Prefixação-Sufixação: O acréscimo de afixos pode ser gradativo. Nada impede que, depois de obter uma palavra por
prefixação, se forme outra por sufixação, ou vice-versa:

- DESVALORIZAÇÃO (valor -> valorizar -> desvalorizar -> desvalorização)


- INDESATÁVEL (desatar -> desatável -> indesatável)
- DESIGUALDADE (igual -> igualdade -> desigualdade)

• Parassintética ou Parassíntese: Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. É
um processo que dá origem principalmente a verbos, obtidos a partir de substantivos: ABENÇOAR, AVISTAR, ABOTOAR, AMALDIÇOAR,
AJOELHAR, APODERAR, ENRAIZAR; e de adjetivos: ENRIJECER, ENGORDAR, ENTORTAR, ENDIREITAR, ENVELHECER.

OBS.: A diferença entre a derivação prefixal-sufixal e a derivação parassintética está no fato de que na primeira podemos tirar o prefixo ou o
sufixo e a palavra continua existindo; na segunda, se tirarmos o prefixo ou o sufixo, o que sobra não existe em língua corrente.
• Regressiva: Ocorre quando se retira a parte final de uma palavra primitiva, obtendo-se por essa redução uma palavra derivada. É
um processo particularmente produtivo para a formação de substantivos a partir de verbos, principalmente os da primeira e os da
segunda conjugações. Esses substantivos, chamados por isso deverbais. indicam sempre o nome de uma ação. O mecanismo para
sua obtenção é simples: substitui-se a terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo AR ou ER por uma
das vogais temáticas nominais A, E ou O: BUSCAR-BUSCA, SACAR-SAQUE, PERDER-PERDA, AJUDAR-AJUDA, VENDER-VENDA.

• Imprópria: Ocorre quando determinada palavra, sem sofrer nenhum acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe
gramatical: o JANTAR (substantivo formado pelo uso do verbo JANTAR), o BELO (substantivo formado pelo uso do adjetivo belo).

Composição: A composição produz palavras compostas a partir da aproximação de palavras simples, aquelas em que há um único
radical, como AMOR e PERFEITO. Para que ocorra o processo de composição, é necessário estabelecer entre essas palavras um
vinculo permanente, que faz com que surja um novo significado: é o que ocorre quando formamos o composto AMOR-PERFEITO, que
dá nome a uma flor. O significado não é o mesmo da expressão AMOR PERFEITO, na qual cada palavra mantém seu significado
original (trata-se do sentimento amoroso manifestado de forma perfeita). Em AMOR-PERFEITO há uma única palavra que dá nome a
um organismo vegetal. A composição também pode ser feita por meio do uso de radicais que não têm vida independente na língua.
Isso ocorre basicamente na formação de palavras que recebem o nome de compostos eruditos por serem formadas com radicais
gregos e latinos. É o caso, por exemplo, de DEMOCRACIA, PATOGÊNESE, ALVIVERDE, AGRICULTURA e outras, usadas pincipalmente na
nomenclatura técnica e científica.

• Justaposição: Ocorre quando os elementos que formam o composto são simplesmente colocados lado a lado (justapostos), sem
que se verifique qualquer alteração fonética em algum deles. SEGUNDA-FEIRA, GUARDA-ROUPA, PASSATEMPO, GIRASSOL.

• Aglutinação: Ocorre quando os elementos que formam o composto se aglutinam, o que significa que pelo menos um deles perde
sua integridade sonora, sofrendo modificações: FIDALGO (filho + de + alguém), EMBORA (em + boa + hora), VINAGRE (vinho +
acre).
• Hibridismo: Forma palavras pela união de elementos de línguas diferentes: AUTOMÓVEL (auto = grego + móvel = latim),
ABREUGRAFIA (abreu = português + grafia = grego), MONOCULTURA (mono = grego + cultura = latim), BUROCRACIA (bureau =
francês + cracia = grego).

• Onomatopeia: Ocorre quando se forma uma nova palavra por meio da imitação de sons. A palavra formada procura reproduzir um
determinado som, adaptando-o ao conjunto de fonemas de que a língua dispõe. Dessa forma, surgem palavras como: CACAREJAR,
TIQUE-TAQUE, RECO-RECO, PINGUE,PONGUE, XIXI, ZUMBIR, BLABLABLÁ...

Abreviação: Forma palavras pela redução de um vocábulo até o limite que não cause dano à sua compreensão: MOTO (motocicleta),
PNEU (pneumático), FOTO (fotografia), PORNÔ (pornografia), QUILO (quilograma).

OBS.: Não confunda abreviação com abreviatura. Abreviatura é a redução na grafia (somente na grafia, nunca na pronúncia) de
determinadas palavras, limitando-as à letra ou letras iniciais e/ou finais: abreviatura = abr., abrev. academia = acad.

• Siglonimização: Essa palavra dá nome ao processo de formação de siglas. As siglas são formadas pela combinação das letras
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), MASP (Museu
de Arte de São Paulo), Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste).
ESTUDO DOS VERBOS (I)
ESTRUTURA DAS PALAVRAS

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