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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

INDICADORES
AMBIENTAIS

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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1. Reconhecer os indicadores ambientais: a avaliação de impactos ambientais, o estudo de impactos ambientais e

o relatório de impacto de meio ambiente.

1 Introdução
Nos estudos ambientais, o meio ambiente é tratado como um sistema, isto é, o conjunto das partes que se

integram, direta ou indiretamente, de modo que de cada uma delas dependa o comportamento das demais. Os

fenômenos no interior do sistema processam-se por meio de fluxos de matéria e energia que resultam em

conexões e relações de dependência entre suas partes (Philippi Júnior e Maglio, 2008).

O ecossistema, unidade funcional da ecologia, é um sistema aberto, integrado por todos os organismos vivos e os

elementos físicos presentes em uma determinada área, cujas propriedades de funcionamento e de

autorregulação derivam das relações entre eles (Branco, 1989).

Um sistema ambiental inclui todos os processos e as interações que compõem o ambiente, os fatores físicos e

bióticos e os fatores de natureza socioeconômica, política e institucional (Moreira, 1991 apud Philippi Júnior e

Maglio, 2008).

Segundo Philippi Júnior e Maglio (2008), o planejamento ambiental que utiliza esses conceitos em seu processo

de trabalho, é um processo de planejamento de caráter multidisciplinar e interdisciplinar, uma vez que o estudo

dos sistemas ambientais, cujos elementos estão em permanente interação, exige como ferramenta a interação do

conhecimento de várias disciplinas, para que cada uma delas, interagindo com as demais leve a resultados e

interpretações que permitam conhecer o sistema a ser estudado.

Dessa forma, os métodos e as técnicas de análise ambiental devem absorver a interdisciplinaridade como um

pressuposto. Do ponto de vista dos participantes dos estudos, tal análise requer profissionais de várias

especialidades atuando em conjunto, em equipe multidisciplinar.

Fica claro que os indicadores ambientais têm de abordar a forma mais ampla e complexa dos ecossistemas, para

que assim possamos pensar na melhor forma de protegê-lo e preservá-lo.

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2 Meio ambiente integrado
Os conceitos de sustentabilidade e crescimento econômico constituem tema emergente. Uni-los é uma tarefa

árdua para economistas, políticos, empresários, ecologistas e população, visto que a preocupação das elites que

governam o país ou aqueles que estão à frente de grandes empresas com o meio ambiente é mínima ou

nenhuma, inclusive falta conscientização por parte da população (Oliveira Neto, 2008).

Segundo ainda o mesmo autor, na atualidade o problema principal é que essas discussões parecem míopes, pois

o conceito de sustentabilidade é muito mais abrangente do que apenas tratar do desmatamento, do derretimento

das geleiras ou das fontes alternativas de energia, pois a produção de bens e serviços, o consumo e a qualidade

ambiental estão hoje estreitamente ligados.

Cada vez mais, há tendência à valorização e apreciação do meio ambiente como bem a integrar a produção e o

consumo de bens e serviços (FUNIBER, 2009).

Segundo Granato e Oddone (2007 apud Funiber, 2009), ao aumentar o preço do meio ambiente, por exemplo,

pela via da aplicação de um imposto, a conduta de produtores e consumidores mudará “produzindo-se um uso

socialmente ideal dos recursos naturais”.

Conforme Funiber (2009), tendo em conta que a sustentabilidade está especialmente relacionada ao consumo de

bens ambientais capazes de satisfazer as necessidades das atuais gerações sem prejudicar o direito ao consumo

e à satisfação de necessidades das gerações vindouras, cabe se perguntar como se traduzem em termos

econômicos esta preocupação e, em particular, “os direitos das futuras gerações”. É aqui que reside uma

fundamental contraposição entre a economia ambiental e a denominada economia do bem-estar.

3 Indicadores
Para que possamos começar a pensar numa reversão de valores para que efetivamente façamos ações em prol da

sustentabilidade, é necessário que indicadores nos forneçam informações do meio natural e socioeconômico

para a análise, que deve ser sistemática e relevante, no planejamento de um sistema de gestão ambiental.

Um indicador é uma informação processada, geralmente de caráter quantitativo, que gera uma noção clara e

acessível sobre um fenômeno complexo e sua evolução, de modo a dar uma ideia da situação em que ele se

encontra, podendo-se estabelecer, então, qual a diferença existente entre seu estado em relação à ideal situação

(Comissão Nacional de Meio Ambiente, 1999).

Por exemplo, no âmbito econômico, o PIB é um indicador de evolução da economia de um país, reunindo

informação sobre processos produtivos, riqueza, empregos, etc.

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Os indicadores são instrumentos auxiliares na avaliação e no acompanhamento de um projeto no decorrer do

tempo. Por exemplo, indica o grau de conservação de uma região, a qualidade ambiental de uma área urbana

(FUNIBER, 2009).

A seguir, alguns indicadores muito úteis nos planos de ação da gestão do meio ambiente e dos espaços naturais

em diversas escalas de gestão territorial, segundo FUNIBER (2009):

• Monitoramento de planos de ação específicos

Programa de monitoramento de planos de ação específicos, que permitem o acompanhamento de um

plano de proteção, de recuperação e de introdução de espécies da flora e fauna, de um plano de educação

e de sensibilização ambiental e de outros planos de ação que façam parte dos planos de gestão. Neste

caso são escolhidos os parâmetros de diversas índoles que detectem mudanças ocorridas, sistematiza-se

o acompanhamento desses parâmetros, identificando-se as causas provocadoras da mudança,

modificando-se e complementando-se assim as propostas de gestão.

• Acompanhamento biológico

Programas de acompanhamento biológico, que têm como principal objetivo o monitoramento do estado

em que se encontram as populações de fauna e flora de uma determinada área natural, num período de

tempo o mais dilatado possível, e sob uma metodologia padronizada. Mediante sua implementação pode-

se manter atualizada uma base de dados (sobre as mudanças na abundância dos seres vivos e as

mudanças na estrutura e na composição das populações), identificar as alterações nos parâmetros

estudados, e determinar em que fase do ciclo vital das espécies de organismos vivos estudados ocorrem

as mudanças.

• Acompanhamento socioeconômico

Programas de acompanhamento socioeconômico, que visam monitoramento das características

apresentadas pela população humana na área natural, ou em suas proximidades, num dilatado período

de tempo e sob uma metodologia padronizada. Contemplam o acompanhamento de parâmetros

relacionados com a situação socioeconômica da população, com a mudança de usos do solo e com o

aproveitamento de recursos naturais (atividades cinergéticas, piscícolas, de coleta, de lazer e de visita,

entre tantas outras).

• Controle de impacto

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Programas de controle de impacto que buscam como objetivo destacar mudanças de parâmetros

biológicos e ambientais, produzidos geralmente por problemas de origem ou indução humana em escala

global (diminuição do ozônio na estratosfera, chuva ácida) e em âmbito local e regional (contaminação

de um rio, erosão de uma bacia hidrológica etc). São também úteis na gestão de espaços naturais, mas

apresentam maior importância em nível suprarregional, ajudando na coordenação de políticas e de

planos de gestão em âmbito nacional e internacional.

O uso de indicadores como instrumentos para a gestão e para a tomada de decisões políticas é uma prática

habitual em setores como o da economia, da sociologia, da educação, etc.

No terreno ambiental e no âmbito dos países da União Europeia, o desenvolvimento de planos nacionais de

política ambiental teve início nos anos 80, momento em que surgiu a necessidade de se pôr em prática a

utilização de instrumentos que avaliassem a situação do meio ambiente (Funiber, 2009).

Segundo ainda o mesmo autor, a história do desenvolvimento de indicadores ambientais teve início oficial na

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Natural e Desenvolvimento, quando se produziu um consenso geral a

respeito da necessidade de avançar para a implementação de um desenvolvimento sustentável.

4 Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)


O processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi introduzido mundialmente no final da década de 1960,

inicialmente nos EUA a partir de 1969 (National Environmental Policy Act) e na Europa pela França, sendo

gradativamente adotado pelos demais países, ampliando as preocupações mundiais existentes com a questão

ambiental, com a introdução do conceito de impacto ambiental na avaliação de projetos de desenvolvimento

(Philippi Júnior e Maglio, 2008).

O conceito de impacto ambiental incorporou o controle e a mitigação dos efeitos negativos da poluição, mas

incluiu também a aferição das alterações ambientais significativas, geradas pelas atividades de desenvolvimento,

tais como as perdas de recursos naturais, os efeitos sociais e econômicos sobre as populações, a perda de

espécies e da biodiversidade em geral, entre outros (Philippi Júnior e Maglio, 2008).

Como um instrumento de política e gestão ambiental de projetos de empreendimentos, o processo de avaliação

de impacto ambiental caracteriza-se por procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo de

planejamento, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma proposta (projeto, programa,

plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e

aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles considerados (Moreira, 1997).

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No Brasil, a AIA, como um instrumento de gestão ambiental, foi introduzida por meio da Lei Federal 6.938 de 31

de agosto de 1981, que estabeleceu a política ambiental e dos demais procedimentos técnicos de gestão

ambiental. Esses instrumentos foram regulamentados um a um por meio de Resoluções do Conselho Nacional de

Meio Ambiente, órgão superior do Sisnama.

No caso da AIA, sua regulamentação em nível nacional deu-se a partir da Resolução 001/86 do Conama, que

estabeleceu as definições, os critérios básicos e as diretrizes para a sua introdução no país, formalizando o

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA), como

condicionantes para o licenciamento ambiental de empreendimentos causadores de impactos ao meio ambiente.

Posteriormente, a Constituição da República de 1988, em seu capítulo de meio ambiente (art. 225), consagrou o

Estudo Prévio de Impacto Ambiental, como exigência para a implantação de obra ou atividades causadoras de

significativa degradação do meio ambiente (parágrafo 10, inc. IV apud Philippi Júnior e Maglio, 2008).

5 Conhecendo um EIA/RIMA
(texto baseado em Genebaldo Freire Dias, 2004)

Conforme a Resolução 001/86 do Conama, para o licenciamento de uma atividade modificadora do ambiente, o

interessado deverá, após apreciação preliminar do projeto e da sua localização – fase da Licença Prévia (LP) –

apresentar ao órgão de meio ambiente respectivo, os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e o seu respectivo

Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA).

Os EIAs, além de atender à legislação e aos objetivos da PNMA, deverão conter as alternativas tecnológicas e de

localização do projeto, identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de

implantação e operação da atividade, e definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada

pelos impactos, entre outros.

Devem, também, apresentar um diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com a descrição e

análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental

local, antes da implantação do projeto, considerando o meio físico, o meio biológico e o meio socioeconômico

(artigos 5º. e 6º.).

Dadas estas características, não é difícil concluir que os EIAs são documentos volumosos, detalhados, exaustivos,

e possivelmente complexos demais para a compreensão dos leigos, dos representantes comunitários. Pensando

nisso, a mesma Resolução estabeleceu o RIMA que é no fundo, um resumo dos EIAs, apresentando de forma

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objetiva, em linguagem acessível, ilustrado por várias técnicas de comunicação visual, de modo que se possa

entender as vantagens e desvantagens do projeto e todas as possíveis consequências ambientais de sua

implantação.

O RIMA fica no órgão de meio ambiente à disposição do público (e os EIAs também) para conhecimento e como

fonte de informações que podem permitir a participação da comunidade quando da realização das audiências

públicas (quando for o caso), no “julgamento” do projeto. Ou seja, a lei ambiental brasileira tem esse importante

mecanismo de participação comunitária na gestão ambiental.

6 Conclusão
Percebemos ao longo da aula, que já dispomos da maioria dos dispositivos legais necessários para a consolidação

de nossa Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Entretanto a participação popular, a despeito de todo o

respaldo legal que a abriga e contempla, tem sido restrita, desarticulada e insuficiente.

O que faz com que não haja interesse da divulgação de informações de caráter ambiental para todos e somente

ocorra para poucos?

Por que nossos governantes são sempre os menos informados sobre o meio ambiente?

Não vamos deixar que a figura se torne o nosso indicador ambiental e continue a ser o indicador ambiental de

muitos políticos que nos representam.

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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Planejamento, construção e avaliação de projetos em educação ambiental.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu os indicadores ambientais: a avaliação de impactos ambientais, o estudo de impactos
ambientais e o relatório de impacto de meio ambiente.

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