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Análise de Riscos Ambientais

Aula 5

Profa. Me. Marcia Lapa Frasson


Olá!

Assista ao vídeo a seguir e conheça os temas que serão


abordados nesta aula.

Introdução

Esta disciplina tem o objetivo de apresentar todos os temas


pertinentes à análise de riscos: seus conceitos, análise e avaliação,
gerenciamento e monitoramento dos riscos originados pelas
atividades e empreendimentos implantados pela sociedade, bem
como os impactos que impõem sobre o meio ambiente.

É possível proceder com o estudo e apresentar os resultados


do processo de análise de riscos ambientais por meio do estudo de
impacto ambiental (EIA) e do relatório de impacto ao meio
ambiente (RIMA), que serão nossos objetos nesta aula. O RIMA,
instrumento de diagnóstico da viabilização de implantação de
projetos, é exigido nos processos de licenciamento ambiental,
regulamentado por lei e exigido pela sociedade.

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Estudo de Impacto Ambiental

Antes de mais nada, leia a Política Nacional do Meio Ambiente,


regulamentada pela lei 6.938/1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.

A referida lei dispõe sobre a política nacional do meio


ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Ela é
parte do sistema nacional de meio ambiente (Sisnama) e institui o
cadastro de defesa ambiental através da Lei 8.028 de 1990.

Tem o objetivo de preservar, melhorar e recuperar a qualidade


ambiental, assegurando condições de desenvolvimento social e
econômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da
dignidade da vida humana.

A política nacional do meio ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social


com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
ecológico;

...

III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade


ambiental e de normas relativas ao uso e manejo dos recursos
ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas nacionais para o uso


racional dos recursos ambientais;
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...

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais


com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente,
concorrendo para manutenção do equilíbrio ecológico propício à
vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de


recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário da
contribuição pela utilização de recursos ambientais para fins
econômicos.

O vídeo a seguir comenta o processo impactante e a atividade


humana, assista.

Se o impacto ambiental é o resultado do efeito da relação em desequilíbrio do


homem com o ambiente, podemos entender que o estudo do impacto ambiental é
o instrumento do conhecimento a ser utilizado como uma alternativa de minimizar
este desequilíbrio?

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Processo impactante
É o desdobramento natural, ou induzido pelo homem, de uma
série de eventos de ordem física, biológica ou antrópica que
acabam por originar os impactos ambientais. Isso significa que é
pelo desenrolar dos processos impactantes que ocorrem as
alterações das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente: o impacto ambiental propriamente dito.

Enquanto um empreendimento impactante é o projeto que,


caso seja implantado, será capaz de produzir alterações positivas
ou negativas no meio ambiente, a atividade impactante é a ação
necessária para se implantar e conduzir o empreendimento
impactante (JURISWAY.ORG).

http://www.cana.cnpm.embrapa.br/impacana.html

Impacto ambiental
Podemos definir impacto ambiental como a alteração causada
ao meio, ou em algum de seus componentes bióticos ou abióticos,
por determinada ação ou atividade. Tais alterações precisam ser
quantificadas, uma vez que apresentam variações relativas,

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podendo ser positivas ou negativas, de pequena, média ou grande
magnitude.

De acordo com a legislação, o conceito de impacto ambiental


é:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas


do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da
população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos
recursos ambientais.

O principal objetivo de estudar os impactos ambientais é,


principalmente, avaliar as consequências de algumas ações
antrópicas, para que possa haver a preservação da qualidade de
determinado ambiente o qual poderá sofrer com a execução de
determinados projetos ou ações, ou logo após a implementação dos
mesmos.

Avaliação de Impacto Ambiental

É o instrumento de política ambiental, formada por um


conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o início do
processo, o exame sistemático dos impactos ambientais de uma
ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas
alternativas. Os resultados são apresentados de forma adequada
aos responsáveis pela tomada de decisão e ao público. Nos casos
em que a decisão é favorável à implantação do projeto, os
procedimentos devem garantir que sejam tomadas todas as
medidas de proteção do meio ambiente.

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Outra forma de definir a avaliação de impacto ambiental é
entendê-la como o conjunto de técnicas e metodologias
sistemáticas para diagnosticar, identificar, analisar e prevenir os
possíveis efeitos adversos sobre o meio. É preventivo no sentido
de dar viabilidade ambiental.

O estudo de impacto ambiental foi regulamentado através da


resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – Conama 01,
de 23 de janeiro de 1986 – que lista todos os tipos de atividade e
empreendimento que necessitam de sua elaboração. É necessário
estabelecer as definições, as responsabilidades, os critérios básicos
e as diretrizes gerais para o uso e a implantação da avaliação de
impacto ambiental como um dos instrumentos da política nacional
do meio ambiente. Na resolução do Conama, fica estabelecido que
o licenciamento ambiental das atividades nela listadas dependem
da elaboração de estudo de impacto ambiental e seu respectivo
relatório de impacto sobre o meio ambiente, ambos devem ser
submetidos à aprovação do órgão ambiental competente.

Para saber mais, acesse o link e tenha acesso à resolução do


Conama. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/
res0186.html>.

O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação,


deverá contemplar as alternativas tecnológicas e locacionais do
projeto (sempre comparando com o ambiente como está, por meio

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da avaliação sistemática dos impactos ambientais que forem
gerados na implantação e operação da atividade e da definição dos
limites da área geográfica direta ou indiretamente afetada pelos
impactos).

O estudo de impacto ambiental propõe o desenvolvimento dos


seguintes aspectos:

 Compreensão do que está sendo proposto, do que será feito e do


tipo de material que será utilizado;

 Compreensão do ambiente afetado (aspectos físicos, biológicos e


sociais);

 Previsão dos possíveis impactos, quantificando-os;

 Divulgação dos resultados que serão utilizados no processo de


tomada de decisão.

A seguir, veremos que o estudo de impacto ambiental


abrange, também, os desdobramentos que resultam da ação
humana sobre o meio ambiente – sendo que o efeito ambiental
abrange as repercussões decorrentes de fenômenos naturais e os
aspectos ambientais são qualquer intervenção propiciada pela
organização sobre o meio ambiente.

Farão parte do estudo de impacto ambiental:

 Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;

 Completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas


interações, do meio social e econômico (com características de
uso e ocupação do solo e da água);

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 Análise dos impactos ambientais e suas alternativas;

 Identificação, determinação da magnitude e interpretação de sua


importância;

 Definição das medidas mitigadoras e dos sistemas de controle;

 Definição do programa de acompanhamento e monitoramento.

A identificação dos aspectos ambientais é um processo


contínuo que leva em conta as condições normais de operação de
uma organização e também os aspectos que ocorrem em situações
anormais, sem esquecer as condições de emergência que podem
ser causadas pelo impacto.

http://www.cana.cnpm.embrapa.br/impacana.html

Na identificação, valoração e interpretação, os impactos


ambientais devem ser categorizados segundo os seguintes critérios:

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Detalhando a informação acima em consulta à bibliografia
encontramos a seguinte apresentação:

Quanto à classificação do impacto:

 Impactos diretos ou primários: alteração de aspectos


ambientais (em função da atividade humana) que provocam o
desgaste dos recursos utilizados;

 Impactos indiretos ou secundários: ocorrem em consequência


da ação ou da presença humana (como é o caso do crescimento
demográfico decorrente da implantação do projeto);

 Impactos de curto prazo: ocorrem logo após a realização da


ação, podendo desaparecer em seguida, quando finalizado o
empreendimento;

 Impactos de longo prazo: continuam a agir mesmo depois do


término da realização o empreendimento;

 Impactos reversíveis e irreversíveis: diz respeito ao caráter


reversível ou não das alterações provocadas ao ambiente;

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 Impactos cumulativos e sinérgicos: leva em consideração a
acumulação (no tempo e no espaço) dos efeitos sobre o
ambiente.

Em relação aos atributos dos impactos ambientais temos:

 Magnitude: grandeza de um impacto em termos absolutos;

 Importância: é a ponderação do grau de significância de um


impacto em relação ao fator ambiental afetado e a outros
impactos.

Quanto à classificação qualitativa dos impactos ambientais


temos dois critérios de valor:

 Impacto positivo: cuja ação pode causar melhorias na qualidade


ambiental;

 Impacto negativo: a ação causa danos à qualidade ambiental.

Critério de ordem:

 Impacto direto (também conhecido como primário ou de


primeira ordem): resultado de uma simples relação de causa e
efeito;

 Impacto indireto (também conhecido como secundário ou de


enésima ordem): reação secundária em relação à ação, também
pode ser parte de uma cadeia de reações.

Critério de espaço:

 Impacto local: a ação circunscreve-se ao próprio sítio e às suas


imediações;

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 Impacto regional: o impacto se propaga em áreas além das
imediações do local onde se dá a reação;

 Impacto estratégico: o efeito se dá em um componente


ambiental de importância coletiva, nacional, ou mesmo,
internacional.

Critério de tempo:

 Impacto a curto prazo;

 Impacto a médio prazo;

 Impacto a longo prazo.

Critério de dinâmica:

 Impacto temporário: permanece por um tempo determinado


após a realização da ação;

 Impacto cíclico: se faz sentir em ciclos, podendo ser constantes


ao longo do tempo;

 Impacto permanente: uma vez executada a ação, os impactos


não param de se manifestar num horizonte temporal conhecido.

Critério de plástica:

 Impacto reversível: uma vez cessada a ação, o fator ambiental


retorna às suas condições originais;

 Impacto irreversível: uma vez cessada a ação, o fator ambiental


não retorna às suas condições originais (pelo menos num
horizonte de tempo que se possa determinar).

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Visão de magnitude:

 Nenhum impacto ou 0 (zero);

 Desprezível ou 1 (um);

 Baixo grau ou 2 (dois);

 Médio grau ou 3 (três);

 Alto grau ou 4 (quatro);

 Muito alto ou 5 (cinco).

O vídeo a seguir discute o estudo de impacto ambiental a


partir de um caso ocorrido aqui no Brasil, assista.

A avaliação de impactos ambientais não deve ser considerada


apenas como uma técnica, mas como uma dimensão política de
gerenciamento, educação da sociedade e coordenação de ações
impactantes (CLAUDIO, 1987), pois permite a incorporação de
opiniões de diversos grupos sociais (QUEIROZ, 1990).

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http://kanis.posterous.com/fotos-do-impacto-ambiental-causado-pelo-derra#!/

As medidas mitigadoras e potencializadoras são aquelas


que devem ser adotadas na mitigação dos impactos negativos e na
potencialização dos impactos positivos. Classificadas quanto à
natureza, podem ser preventivas ou corretivas.

Medidas preventivas: são destinadas a prevenir a


degradação de um componente do meio ou de um sistema
ambiental;

Medidas corretivas: ações para a recuperação de impactos


ambientais causados por qualquer empreendimento ou causa
natural. Isso significa dizer que as medidas corretivas são todas as
medidas tomadas para proceder à remoção do poluente do meio
ambiente, bem como restaurar o ambiente que sofreu degradação
(ARRUDA et al, 2001).

O Programa de Acompanhamento e Monitoramento


Ambiental implica na recomendação de programas de
acompanhamento e monitoramento da evolução dos impactos
ambientais positivos e negativos associados ao empreendimento,

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sendo necessário especificar os métodos e periodicidade de
execução (UNIOESTE).

Para a realização do estudo de impacto ambiental é


necessária a composição de uma equipe multidisciplinar habilitada,
que será a responsável tecnicamente pelos resultados
apresentados.

Relatório de Impacto Ambiental

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o relatório que de


forma objetiva, e em uma linguagem acessível à comunidade, deve
apresentar as conclusões do estudo de impacto ambiental,
apresentando mapas, quadros, gráficos, ou seja, recursos de
comunicação visual para facilitar o entendimento das informações.
Devem constar no relatório os objetivos e justificativas do
projeto, a descrição das alternativas tecnológicas do projeto, a
síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência (bem
como dos prováveis impactos ambientais, e dos métodos, técnicas
e critérios usados para sua identificação), caracterização presente
e futura da qualidade ambiental da área (como a possibilidade de
não implantação do empreendimento, as medidas mitigadoras para
cada um dos impactos negativos e o grau de alteração esperado) e,
ainda, o programa de acompanhamento e monitoramento dos
impactos.

O Decreto 750/93, criado com base no Art. 14 da Lei


4.771/65, também impõe obrigatoriedade na elaboração do
instrumento quando se tratar de supressão de vegetação nativa de

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mata atlântica primária e secundária nos estágios médio e
avançado de regeneração, em atividades de utilidade pública e/ou
interesse social.

EIA e RIMA não figuram sozinhos como instrumentos de


licenciamento prévio, há também o Plano de Controle Ambiental
(PCA), o Relatório de Controle Ambiental (RCA) e o Programa
de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). PCA e RCA se
destinam a avaliar o impacto de atividades capazes de gerar
impactos menores ao ambiente e por isso dispensaria a
complexidade e o aparato técnico-científico para tal elaboração. Já
o PRAD (Decreto 97.632/89) seria um instrumento complementar
ao EIA e ao RIMA em atividades de mineração, visando a garantir a
plena recuperação da área degradada (PORTAL SÃO
FRANCISCO).

Quer saber mais sobre EIA, RIMA e PRAD? Então assista ao


vídeo a seguir.

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Através da bibliografia disponível, escolha um empreendimento ou uma
atividade de acordo com sua área de interesse e, utilizando as
informações de categorização segundo os critérios de ordem,
dinâmica, plástica e temporalidade, faça uma análise qualitativa dos
impactos ambientais gerados.

Método de Avaliação de Impacto Ambiental

Entre as metodologias utilizadas para a avaliação do impacto


ambiental, na quantificação e valoração, a que tem se destacado é
a apresentada por Leopold (1971), sendo que variações existem em
razão da heterogeneidade do ambiente nos diversos biomas
estudados, bem como a diversidade de atividades por ele avaliadas.
A matriz de Leopold utiliza um maior número de atributos, cada um
recebe um “peso” de importância baseado em seus critérios. Ela é
aplicada na Área Diretamente Afetada (ADA) para promover a
melhor avaliação e valoração dos impactos. A avaliação é de
caráter qualitativo e quantitativo.

O vídeo a seguir discute um caso em que foi aplicado o


método de Leopold, assista e entenda melhor.

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As etapas da avaliação são:

Avaliação qualitativa: os impactos diagnosticados pelos


especialistas em cada área de conhecimento devem ser
apresentados a toda equipe multidisciplinar para que ocorra a
avaliação interdisciplinar dos resultados obtidos. O impacto é
identificado e nomeado, a seguir passa a ser descrito levando-se
em conta a causa direta, as possíveis causas indiretas e as
consequências previsíveis. O impacto passa a ser analisado
pelos seus atributos;

Atributos de impacto: diz respeito às características


qualitativas que promovem a avaliação do seu significado quando
analisado em relação a outros impactos, resultando em uma visão
global do impacto do empreendimento no ambiente e a
determinação das medidas mitigadoras que serão implantadas;

Fase de ocorrência: os impactos têm inicio na fase de


implantação do empreendimento, porém em alguns casos a própria
expectativa da comunidade em relação ao início das atividades,
principalmente com relação a empreendimentos de grande porte,
pode vir a gerar um impacto não diagnosticado justamente por ser
imprevisto. Nas fases iniciais é que surgem os impactos que
promovem as atividades modificadoras do ambiente, que podem ser
a supressão da vegetação, a geração de resíduos sólidos e
efluentes líquidos. A identificação do impacto necessita da fase de
ocorrência para a adoção de medidas prévias visando à
minimização dos impactos negativos e a potencialização dos
impactos positivos.

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Planejamento: compreende a etapa de estudos ambientais e
de engenharia (da coleta de dados até o início da instalação), pode
considerar os impactos que ocorrem com a mobilização das
pessoas na área direta e indiretamente afetadas. Na fase de
instalação, a construção é marcada pelo início da implantação das
obras e se estende até que tenham sido concluídas, é a partir desse
momento que os impactos estudados começam a ocorrer. A fase de
operação tem início com o funcionamento do empreendimento,
pode gerar menor impacto uma vez que todas as medidas previstas
tenham sido implantadas.

Quanto à abrangência: refere-se à área que pode ser


atingida pela manifestação do impacto, que pode abranger toda
uma bacia hidrográfica ou estar limitado ao canteiro de obras do
empreendimento. Contribui para a definição da amplitude das
medidas que visam à sua mitigação ou compensação. Para o
estudo da abrangência pode ser considerada a Área Diretamente
Afetada (ADA), a Área Indiretamente Afetada (AIA) e a Área de
Influência Indireta (AII).

Quanto à natureza: a natureza do impacto está relacionada à


qualificação dos efeitos que podem ser impostos ao ambiente,
podendo ser positivos, negativos ou, ainda, indeterminados –
quando os conhecimentos adquiridos não permitem a previsão dos
efeitos.

Quanto à ordem: quando a implantação do empreendimento


for diretamente relacionada com a transformação do ambiente
temos um impacto de primeira ordem. Nos casos em que o

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impacto não é decorrente da implantação do empreendimento, e
sim tem sua origem no impacto de primeira ordem, ele é
denominado de impacto de segunda ordem, podendo ser mitigado
e até anulado com a mitigação ou anulação do impacto de primeira
ordem.

Quanto à probabilidade de ocorrência: nessa etapa


fazemos o prognóstico da probabilidade do impacto ocorrer ou não
com a determinação do grau de incerteza. Não se incluem os
impactos inerentes à atividade modificadora do ambiente que têm
ocorrência certa.

Quanto ao início da sua manifestação: o início do impacto


se dá imediatamente após a atividade que lhe origina.

 Curto prazo: estipulados no máximo 60 dias após o início da


origem;

 Médio prazo: os impactos que têm ocorrência até 12 meses


após o início da atividade;

 Longo prazo: podem ocorrer após 12 meses da manifestação


da causa.

Quando à duração: diretamente relacionada à permanência


no ambiente a contar de sua origem.

 Temporário: quando deixa de existir cessada a causa que lhe


deu origem;

 Permanente: o impacto cujos efeitos permanecerão no


ambiente;

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 Cíclico: quando a manifestação do impacto tem padrão de
sazonalidade;

 Recorrente: pode desaparecer ou reaparecer sem obedecer


a um padrão definido.

Quanto à importância: por ser um julgamento bastante


abstrato, quando não houver um parâmetro bem definido para
permitir sua comparação com outros impactos de causa e natureza
similar, podemos elaborar critérios de importância de acordo com os
objetivos do estudo e as áreas do conhecimento contempladas em
cada meio (físico, biótico, social e econômico). Assim teremos
impactos classificados como sendo de grande importância,
importância média e importância pequena.

Quanto à reversibilidade: está relacionado às medidas


preventivas e mitigadores que quando colocadas em prática são
capazes de anular totalmente o efeito do impacto, nesse caso
denominada de reversível. Quando não houver medidas capazes de
anular totalmente os efeitos do impacto é irreversível. Quando as
medidas não forem capazes de anular o efeito do impacto, mas
puderem suavizá-los de maneira significativa, temos um impacto
parcialmente reversível.

Quanto à possibilidade de potencialização: aplicados aos


impactos positivos, quando há a possibilidade de aumentar os
efeitos positivos. Podem ser classificados como potencializável e
não potencializável.

Na finalização do estudo do impacto ambiental acontece a


indicação das medidas a serem adotadas com a finalidade de
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mitigar, compensar ou potencializar o efeito do impacto, elas podem
ser expressas com a adoção de medidas ou implantação de
programas ambientais que deverão ser considerados em uma
próxima etapa do licenciamento.

Avaliação quantitativa

Na valoração do impacto ambiental é atribuído a ele um


“peso” que define a sua importância e que influenciará o resultado
final.

 Natureza: negativo (-1) e positivo (+1);

 Importância: grande importância (5), média (3) e pequena (1);

 Probabilidade de ocorrência: certa (3) e incerta (1);

 Abrangência: impacto de forma localizada (1), regional (3) e os de


maior abrangência (5);

 Sinergia: sinérgico (3) e não sinérgico (1).

A fórmula utilizada para a determinação da valoração do


impacto ambiental é:

Valoração = Natureza x Importância x Probabilidade de


Ocorrência x Abrangência x Sinergia

A conclusão do EIA tende a ser favorável à implantação do


empreendimento como alternativa confiável e ambientalmente
correta. Na análise do balanço entre impactos positivos e negativos,
surgem como resultado os impactos negativos de menor número e

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baixa significância, ou seja, aqueles que podem ser minimizados
com adoção de medidas cabíveis. Finaliza apontando para a
viabilidade ambiental, econômica e social, sempre ressaltando que
o empreendimento cumprirá todas as definições, planos e
programas propostos no documento.

Nesta etapa os impactos que foram avaliados qualitativamente no


exercício anterior devem agora receber o tratamento quantitativo, ou
seja, a aplicação dos valores e a construção da matriz de avaliação do
impacto.

Síntese

Assista ao vídeo a seguir para retomar os assuntos discutidos


nesta aula.

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1. A avaliação de impacto ambiental é um instrumento de política
ambiental, seu conjunto de procedimentos é capaz de assegurar
o exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação
proposta e de suas alternativas. Como podemos conceituar e
aplicar o processo impactante no contexto ambiental?

a. Processo impactante, como conceito, diz respeito ao próprio


impacto e é aplicado em seu processo de qualificação e
quantificação.

b. É um empreendimento impactante, projeto que uma vez


implantado é capaz de produzir alterações positivas ou negativas
ao ambiente. Como conceito, sua aplicação se dá na atividade
impactante, que é a ação necessária para se implantar e conduzir
o empreendimento.

c. Processo impactante pode ser definido como o desdobramento


natural ou induzido pelo homem dos eventos de ordem física,
biótica ou antrópica e o conceito pode ser aplicado no estudo das
alterações das propriedades físicas, químicas e biológicas do
ambiente.

d. Como o resultado do estudo dos efeitos e consequências


valoráveis do impacto ambiental e aplicado na mitigação dos
mesmos.

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2. O estudo de impacto ambiental é um documento elaborado pelos
especialistas para cumprir com as exigências contidas no termo
de referência, a finalidade é a obtenção da licença ambiental.
Sendo assim você concorda que:

a. A avaliação da viabilidade ambiental do projeto não deve


pressupor análise legal, técnica e financeira.

b. A avaliação ambiental de um projeto substitui o conhecimento dos


conceitos e dos métodos relacionados ao processo de avaliação
de impactos ambientais.

c. A viabilidade ambiental do projeto é confirmada pela dispensa da


licença ambiental pelo órgão público licenciador competente.

d. A metodologia para a avaliação do impacto ambiental, na


quantificação e valoração, apresentada por Leopold, utiliza um
maior número de atributos que recebem um “peso” de
importância baseado em seus critérios.

Análise de Riscos Ambientais | Aula 5 25


Referências

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