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Avaliação de

Impacto Ambiental
Material Teórico
Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Introdução a Avaliação de Impactos
Ambientais (AIA)

• Introdução
• Histórico
• Estudos Ambientais
• Atividades que necessitam de Avaliação de Impacto Ambiental

·· Nesta unidade, temos como objetivo apresentar conceitos importantes sobre


avaliação de impacto ambiental e discorrer sobre estudos ambientais dentro da
avaliação de impacto ambiental. O intuito final é preparar o profissional de meio
ambiente para coordenar a elaboração de uma avaliação de impacto ambiental e
conhecer todos os estudos envolvidos.

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Contextualização

Trataremos especificamente dos conceitos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e os


principais tipos de estudos ambientais. A unidade tem como objetivo apresentar conceitos
importantes para o profissional de meio ambiente coordenar a elaboração de um estudo de
impacto ambiental e conhecer todos os estudos envolvidos. Para tanto, devemos antes fazer
um breve histórico de como foi introduzido a AIA mundialmente e no Brasil e quais os tipos
de estudos ambientais existentes hoje, como e quando devem ser aplicados.
O mais importante é deixar claro que a Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento
que representou grande avanço em termos de política ambiental, obrigando a todos a pensar
nos aspectos ambientais nos estágios mais preliminares da concepção de um projeto. É
também um importante instrumento de gestão, aumentando a viabilidade a longo prazo
de empreendimentos, ajudando a evitar erros que trariam custos ambientais e econômicos
significativos, podendo trazer uma contenção substancial de recursos econômicos ao
empreendedor e de recursos ambientais à sociedade.

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Introdução

O estudo de impacto ambiental torna o processo de licenciamento mais transparente, o que


permite que diferentes agentes sociais possam se envolver com o processo de desenvolvimento
e gestão da sua região.
Aqui a introdução aos conceitos da AIA é o tema central, para tanto, devemos antes fazer
um breve histórico de como foi introduzida essa avaliação mundialmente e no Brasil, quais os
tipos de estudos ambientais existentes hoje e como e quando devem ser aplicados.
A AIA é o processo de identificar as consequências futuras de uma ação presente ou proposta
(SANCHES, 2008). É uma definição concisa, mas apresenta uma característica fundamental,
que é a avaliação prévia dos impactos de um projeto, pois o intuito é evitar ou prevenir efeitos
nocivos ao meio ambiente na implantação de projetos.
A AIA é um processo sistemático de avaliação ambiental e é composto por várias etapas
como: triagem, definição de conteúdo dos estudos, descrição do projeto, descrição da área
afetada, identificação, previsão e avaliação dos impactos e medidas mitigadoras, apresentação
de todos os resultados com revisão e tomada de decisão.
Ela é elaborada para dar apoio na autorização ou licenciamento de um novo projeto,
apresentando informações sobre as prováveis consequências de um empreendimento,
auxiliando na tomada de decisão. O processo de avaliação de impactos ambientais inclui
consulta e participação pública, envolvendo o público na realização dos estudos e nas decisões.

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Histórico

Antes de prosseguirmos, vamos fazer um breve histórico para entendermos como chegamos
à Avaliação de Impacto Ambiental.
Em 1972, tivemos a primeira conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em
Estocolmo (Suécia). Nesse evento, foi emitida a Declaração de Estocolmo, na qual foram
definidos os princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as
decisões a respeito das questões ambientais com o objetivo de conciliar o desenvolvimento
e a proteção ambiental e usos conscientes dos recursos naturais para benefícios atuais e
futuros. Criou-se também um mecanismo institucional para tratar das questões ambientais
no âmbito das Nações Unidas, o chamado Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
A Avaliação de Impacto Ambiental foi criada na forma de uma Declaração de impacto
ambiental, instituída para atender às demandas sociais da época no sentido de minimizar
os impactos ambientais de grandes projetos. A AIA foi proposta pelos países desenvolvidos
como um mecanismo de gestão ambiental para prevenir e subsidiar a tomada de decisão
dos setores públicos.
O modelo adotado nos diversos países se baseou no modelo adotado na regulamentação
Norte Americana de 1969 (NEPA), que instituiu a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Nessa Lei (art.102), é exigido que todas as agências federais:
• Devem usar uma abordagem sistemática e interdisciplinar garantindo que as matérias
naturais, ambientais e sociais sejam usadas no planejamento e na tomada de decisão;
• Precisam desenvolver e identificar métodos e procedimentos, para que as questões
ambientais sejam consideradas na tomada de decisões juntamente com as questões
técnicas e econômicas;
• Necessitam incluir em relatórios e proposições de legislação, e qualquer ação federal
que afete a qualidade do ambiente humano, uma declaração sobre: impactos ambientais
sobre a ação proposta; efeitos adversos que não podem ser evitados caso a proposta
prossiga; alternativas para a ação proposta; correlações entre os usos do ambiente e a
manutenção da produtividade ao longo do tempo; os comprometimentos de recursos
irrecuperáveis envolvidos na ação proposta.
Após a criação da NEPA, os sistemas de AIA foram estabelecidos de várias formas em
diferentes partes do mundo. Esses sistemas variam muito entre os países, alguns são leis,
normas ou estatutos, que são exigidos pelas autoridades antes da permissão para a implantação
de um projeto; em alguns casos, apenas diretrizes sobre AIA foram estabelecidas, impondo
algumas obrigações para os órgãos governamentais.

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AIA no Brasil
No Brasil, na década de 1970, projetos de grande porte que eram financiados e foram
submetidos à Avaliação de Impacto Ambiental, tais experiências promoveram a inclusão do AIA
como um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei no 6938/81. Em 1986, foi
editada a Resolução Conama 01/86, onde se estabeleceu as definições, responsabilidades, os
critérios básicos e as diretrizes para a avaliação de impacto ambiental aplicado ao licenciamento
ambiental de atividades que alteram o meio ambiente. A resolução apresenta alguns aspectos
relevantes como:
· O estudo de impacto ambiental prevê alternativas tecnológicas e de localização do projeto;
· É definido o conteúdo do estudo de impacto ambiental incluindo: diagnóstico ambiental;
análise dos impactos ambientais; definição das medidas mitigadoras, e proposição de
programas de monitoramento e acompanhamento;
· Coloca a execução de audiência pública para a divulgação do projeto e seus impactos e
discussão do RIMA.
Na constituição federal de 1988, no artigo 225 dedicado ao meio ambiente, foi colocada
a obrigação do poder público de exigir a elaboração do AIA para obras ou atividades com
potencial para a degradação do meio ambiente.
Em 1997, a resolução Conama no 237 regulamentou as competências para o licenciamento
nas esferas federal, estadual e distrital e as etapas de licenciamento, conferindo ao órgão
ambiental a competência para a definição de outros estudos ambientais para o processo de
licenciamento, caso o empreendimento não for considerado causador de degradação ambiental.

Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)


No Brasil, a AIA passou a ser considerada na legislação brasileira em 1980, por meio da Lei
nº 6.803, que definiu as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição. A lei passou a exigir um Estudo Prévio de Impacto Ambiental para a aprovação de
zonas estritamente industriais destinadas à localização de polos petroquímicos, cloroquímicos,
carboquímicos e instalações nucleares. O marco da legislação nacional referente à AIA se deu
em 1981, com a regulamentação da Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela
Lei Federal nº 6.938. Até então, algumas tentativas de aplicação de metodologias para a AIA
foram decorrentes das exigências de órgãos financeiros internacionais para aprovação de
empréstimos a projetos governamentais. A AIA surgiu como instrumento para a identificação,
previsão, interpretação e prevenção das consequências ou efeitos de alguma ação, plano ou
programa relacionado ao Meio Ambiente. Sua finalidade é que os impactos ambientais sejam
considerados antes de se tomar qualquer decisão que possa acarretar significativa degradação
da qualidade do meio ambiente. Para tanto, as atividades que compõem a AIA são organizadas
de maneira sequencial e lógica, tendo como objetivo final analisar a viabilidade ambiental de
projetos. Ao longo do tempo, a AIA foi evoluindo como instrumento, sendo seu uso ampliado
e regulamentado também nas esferas estaduais e municipais, permitindo maior aderência

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

como ferramenta para a Política Nacional do Meio Ambiente. Em 1983, o Conselho Nacional
do Meio Ambiente, CONAMA, recebeu a competência para determinar os critérios a serem
exigidos nos Estudos de Impacto Ambiental. Assim, em 1986, foi criada a Resolução CONAMA
nº01, que estabeleceu as definições responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para
o uso e implementação da avaliação de impacto ambiental como um dos instrumentos da
política nacional de meio ambiente. Posteriormente, foram criadas outras resoluções pelo
CONAMA que disciplinaram aspectos dos estudos de impacto ambiental, conforme será
discutido ao longo das próximas unidades. Dessa forma, como parte do processo de AIA,
diversas leis, regulamentos e políticas estabeleceram a a necessidade de preparação de Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) para a tomada de decisões sobre a implantação de atividades com
impacto ambiental significativo.

Relevânica do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


A avaliação de impacto ambiental permite que se identifique problemas na etapa inicial de
um projeto, proporcionando melhorias ambientais, evitando, mitigando e compensando os
efeitos adversos de um projeto.
Estudos realizados concluíram que o EIA promove um número significativo de mudanças
nos projetos. A convenção da Biodiversidade reconhece a avaliação de impacto como uma
ferramenta importante para garantir que o planejamento do projeto inclua a biodiversidade.
A avaliação de impactos sociais, realizada no âmbito dos estudos ambientais, aumenta a
legitimidade do empreendimento e facilita o processo de implantação, removendo as incertezas
do processo, tanto da comunidade como do empreendedor (Brasil,2014).
A avaliação de impacto ambiental também permite melhor tomada de decisões sobre os
empreendimentos, com a oportunidade para a participação pública e redução de riscos de
danos e desastres ambientais.
O objetivo da avaliação de impacto ambiental é assegurar a realização de gestão ambiental
efetiva dos projetos de desenvolvimento (NITZ et al. apud Brasil,2014). Para que seja efetivo,
devem ser previstas no processo de licenciamento ferramentas de gestão que garantam que as
medidas mitigadoras e compensatórias propostas na fase de aprovação sejam implementadas
durante a implantação e operação do empreendimento.
A prática tem mostrado que para o AIA ser eficaz é necessário que as medidas propostas
venham compor Programas Ambientais, tais programas são orientados pelos princípios da
gestão ambiental, conforme a série ISO 14.000, com: planejamento, definição de responsáveis,
procedimentos ambientalmente adequados, formas de verificação e registros, etc.

AIA e o Licenciamento
Instrumentos de licenciamento para empreendimentos com AIA são necessários com
definições precisas. Como exemplo, temos o estado de São Paulo, onde esses instrumentos
estão definidos na resolução SMA 49/2014 e DD 152/2014. De acordo com tais normas,
são previstos três tipos de estudos ambientais, definidos conforme a significância dos impactos:
• Estudo Ambiental Simplificado (EAS): realizado para avaliar as consequências
ambientais de atividades e empreendimentos considerados causadores de impactos de
pequenas magnitudes e pouco significativos;

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• Relatório Ambiental Preliminar (RAP): realizado para avaliar consequências de
atividades que causam degradação ao meio ambiente e que são necessárias medidas
mitigadoras para a implantação;
• Estudo de Impacto Ambiental (EIA): realizado para avaliar as consequências
efetivas e com potencial para a degradação ambiental, nas quais são necessárias medidas
mitigadoras e/ou compensatórias para sua implantação.

Os tipos de empreendimento sujeitos ao licenciamento com AIA estão definidos na


resolução Conama 01/86 e 237/97. A Resolução Conama 01/86 apresenta uma lista para
o licenciamento com estudo de impacto ambiental. A Resolução Conama 237/97 delega ao
órgão ambiental que faz o licenciamento definir os critérios de elegibilidade.
Para um projeto entrar com um processo de licenciamento e solicitar a licença prévia, pode
seguir os seguintes caminhos:

· Solicitação da Licença Prévia (LP) subsidiada por um Estudo Ambiental


Simplificado (EAS);
· Solicitação da Licença Prévia (LP) com apresentação do Relatório
Ambiental Prévio (RAP);
· Solicitação de Licença Prévia (LP) com apresentação de um termo
de referência para a Elaboração de EIA/RIMA.
No caso de EIA, antes do parecer técnico do órgão ambiental sobre a viabilidade do projeto,
são realizadas audiências públicas para esclarecer aos interessados o conteúdo do EIA/RIMA em
análise, sanando as dúvidas e ouvindo dos presentes críticas e sugestões a respeito (Brasil,2014).
Apresentaremos um fluxograma que mostra os passos de um licenciamento com AIA:
Etapas do Licenciamento (Brasil,2014)
Empreendimento Empreendimento

Termo de
Consulta EIA/RIMA
referência

Audiência pública
Relatório ambiental
preliminar
Parecer técnico
Empreendimento

Relatório ambiental
Licença prévia Consema
simplificado

Empreendimento Licença de
instalações

Licença de
operações

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Estudos Ambientais

Como exemplos de estudos ambientais, destaca-se, além do Estudo de Impacto Ambiental e


o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), o Relatório Ambiental Prévio (RAP),
o Estudo Ambiental Simplificado (EAS), o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e o Plano
de recuperação de áreas degradadas (PRAD). Todos esses estudos são variações de estudo
ambiental. De acordo com a obra, o seu grau de impacto e o porte do empreendimento, o
órgão competente para o licenciamento ambiental definirá através do seu corpo técnico qual o
estudo que melhor se enquadra. A sua importância reside no fato de que, através dele, pode-se
obter um diagnóstico ambiental completo da área objeto da obra ou empreendimento, a fim de
que possam ser adotadas as medidas ambientais cabíveis para a manutenção do meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Além desses estudos ambientais, a Política Nacional do Meio
Ambiente também instituiu eficazes instrumentos de gestão ambiental, como: o zoneamento
ambiental; o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; a avaliação de impactos
ambientais; a educação ambiental; a criação de Unidades de Conservação; o licenciamento
ambiental propriamente dito, prévio, à construção, instalação ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades que fazem uso de recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental
(FERRAZ et al., 2012).
Como vimos, existem diferentes estudos ambientais para necessidades especificas de
projetos. A seguir, vamos apresentar definições de diversos estudos ambientais.

Estudo Ambiental Simplificado (EAS)


O Estudo Ambiental Simplificado (EAS) é o estudo ambiental apresentado em forma
de relatório técnico que contém o conjunto de informações decorrentes da avaliação das
consequências ambientais de atividades e empreendimentos considerados geradores de
impactos ambientais pequenos, de abrangência local e não significativa. É um estudo técnico
que é elaborado por equipe multidisciplinar e oferece uma análise da viabilidade ambiental de
um empreendimento considerado com potencial para causar danos ambientais. Ele é utilizado
para obter a licença ambiental prévia (LAP).
O EAS deve conter o estudo da interação entre os elementos dos meios físico,
biológico e socioeconômico, elaborando um diagnóstico integrado da área de influência
do empreendimento. O estudo deve apresentar a avaliação dos impactos resultantes da
implantação do empreendimento e, se necessário, as medidas mitigadoras de controle
ambiental e compensatórias.
É importante ressaltar que, de acordo com o porte do empreendimento, da área envolvida
e da capacidade de suporte do meio, outros estudos poderão ser solicitados. Caso o EAS
não seja suficiente para avaliar de forma segura o potencial de degradação ambiental, será
solicitado o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental
(EIA e RIMA).

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Relatório Ambiental Preliminar (RAP)
O Relatório Ambiental Preliminar (RAP), como o EAS, é um estudo técnico que é
elaborado por equipe multidisciplinar e que oferece uma análise da viabilidade ambiental de
um empreendimento considerado com potencial para causar danos ambientais. Ele é utilizado
para obter a licença ambiental prévia (LAP).
Também como o EAS, o estudo deve conter a interação entre os elementos dos meios
físico, biológico e socioeconômico, elaborando um diagnóstico integrado da área de influência
do empreendimento. O estudo deve apresentar a avaliação dos impactos resultantes da
implantação do empreendimento e, se necessário, as medidas mitigadoras de controle
ambiental e compensatórias.
Caso o RAP não seja suficiente para avaliar os aspectos ambientais e sua viabilidade,
será solicitado a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA).

Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


Os estudos de impacto ambiental denominados EIA são estudos técnicos e científicos
elaborados por equipe multidisciplinar que, além de oferecer instrumentos para a análise da
viabilidade ambiental do empreendimento ou da atividade, destinam-se a avaliar sistematica-
mente as consequências consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa
degradação do meio ambiente, propondo medidas mitigadoras e/ou compensatórias com
vistas à sua implantação. No EIA, os impactos são avaliados por meio de técnicas de me-
dição mais detalhadas, capazes de medir qualitativa ou quantitativamente a magnitude e a
importância dos impactos. É um estudo destinado a atividades de maior porte e com maior
potencialidade de apresentar impactos significativos ao meio ambiente.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)


O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um documento síntese dos resultados do
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o qual deve ser escrito em linguagem objetiva e acessível
à comunidade em geral, ao qual será dada publicidade.

Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV


O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) surgiu como instrumento para identificar,
avaliar e analisar os impactos ocorridos no meio urbano decorrentes da implantação de
empreendimentos industriais, comerciais ou residenciais de maior porte. O EIV é semelhante

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) quanto à avaliação dos impactos, mas é bem diferente
em relação aos objetivos. De forma geral, o estudo de impacto de vizinhança é realizado
para empreendimentos habitacionais, institucionais ou comerciais, públicos ou privados que
não estão sujeitos à apresentação de EIA, mas que causam impactos no meio urbano. O
objetivo do estudo de impacto de vizinhança é o de apresentar ao poder público a análise
do empreendimento.
Na elaboração deste estudo é avaliado a repercussão do empreendimento sobre vários
aspectos urbanos, como: a paisagem urbana; as atividades instaladas; a movimentação
de pessoas e mercadorias; recursos naturais; recursos sociais; tudo isso da vizinhança do
empreendimento, no intuito de verificar a viabilidade urbana e ambiental do projeto.
O estudo de impacto de vizinhança engloba a identificação, a valoração e a análise dos
impactos previstos e as respectivas medidas de mitigação para haver a implantação de um
empreendimento em área urbana. Os resultados do estudo são apresentados em relatórios de
impacto de vizinhança (RIVI) e vão subsidiar a decisão para a aprovação do empreendimento
ou impedir sua implementação.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)


O plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD) é solicitado pelos órgãos ambientais
como parte integrante do processo de licenciamento de atividades que degradam ou modificam o
meio ambiente, e também após o empreendimento ter sido punido pela degradação ambiental.
Resumidamente o PRAD é o conjunto de medidas que propicia à área degradada condições de
restabelecer o equilíbrio dinâmico, com solo apto para uso e paisagem reestabelecida.
O PRAD objetiva o retorno do sítio degradado para uma forma de utilização, de acordo
com um plano preestabelecido para o uso do solo. É um instrumento de gestão ambiental para
atividades como: desmatamentos; exploração de jazidas; recuperação de área de preservação
permanente; reversa legal; terraplenagem, etc.
O PRAD é normalmente utilizado para solos e vegetação, podendo também beneficiar
direta e indiretamente a reabilitação ambiental da área.
Como já mencionamos, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem o objetivo de analisar
as consequências ambientais prováveis de uma atividade humana no momento da proposição.
Tais informações devem ser levadas em consideração na decisão juntamente com a parte
financeira, técnica, legal e política. O objetivo principal é que as iniciativas respeitem o meio
ambiente e todas as ações ambientais negativas determinadas desde o início do projeto e
consideradas já na sua concepção. A ideia é melhorar o rendimento dos recursos naturais e
diminuir ou compensar os efeitos desfavoráveis.
De acordo com o referencial teórico e metodológico, a avaliação de impacto ambiental
determina, prevê, interpreta, atenua e monitora os efeitos ambientais de uma atividade proposta.
No entanto, encontramos algumas controvérsias sobre o termo e a aplicação. Alguns teóricos
colocam que a avaliação de impacto ambiental é um processo amplo que inclui instrumentos

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como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA); para outros, é uma das etapas de um processo
mais amplo que consiste no Estudo de Impacto Ambiental (PHILIPPI, 2004).
Na nossa unidade, adotamos a concepção de AIA como um processo mais amplo, que
inclui, entre outros instrumentos, o estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório Ambiental
Preliminar (RAP), o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), entre outros.
Outro ponto em discussão é que, para alguns, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve
ser utilizado para projetos e a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para políticas e planos.
É importante colocar que as principais diferenças são que a avaliação ambiental estratégica
se ocupa dos impactos indiretos cumulativos de políticas, planos e programas, fornecendo
subsídios para o desenvolvimento sustentável de uma região, com uma perspectiva mais ampla
baixo nível de detalhe; em contrapartida, o estudo de impacto ambiental trataria de um projeto
específico, avaliando, portanto, os efeitos característicos, com alto nível de detalhe e foco nas
medidas mitigadoras. A AAE e o EIA são instrumentos complementares, no entanto, poucos
países tem regulamento para AAE. No Brasil, a avaliação ambiental estratégica vem sendo
discutida de forma muito incipiente e ainda não foi regulamentada e nem incorporada ao
licenciamento ambiental.

Termo de Referência (TR)


Todos esses estudos ambientais e outros não mencionados aqui são aplicáveis a vários
tipos de atividades e empreendimentos, e o órgão ambiental elabora para cada um o termo
de referência (TR) que orienta a elaboração do estudo específico de cada empreendimento, de
acordo com as suas particularidades e o local proposto para a implantação.
O termo de referência é o instrumento orientador da elaboração de qualquer tipo de estudo
ambiental (EIA/RIMA; EIV; RAP, PRAD, etc.). O TR deve ser elaborado minuciosamente,
utilizando-se de todas as informações disponíveis sobre o empreendimento e sobre a área
onde será implantado o projeto, incluindo toda a legislação pertinente.
Em alguns casos, o órgão ambiental solicita que o empreendedor elabore o termo de
referência ficando com a função de julgar e aprovar.

Atividades que necessitam de Avaliação de Impacto Ambiental

Como vimos, a avaliação de impacto ambiental é uma obrigação legal que antecede à
instalação de qualquer empreendimento ou atividade com potencial de causar poluição ou
degradação ambiental. As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental
estão expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97.

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Poluição e Fontes de Poluição


Antes de prosseguirmos, é importante definirmos o que é poluição e o que são fontes
de poluição: segundo a Lei nº 997/76 aprovada pelo Decreto nº 8.468/76 e alterada
pelo Decreto nº 47.397/02, no art. 4, são consideradas fontes de poluição todas as obras,
atividades, instalações, empreendimentos, processos, dispositivos, móveis ou imóveis, ou
meios de transporte que, direta ou indiretamente, causam ou possam causar poluição ao
meio ambiente.
A mesma lei citada no item anterior, no seu art.2, considera a poluição do meio ambiente
a presença, o lançamento ou a liberação, nas águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer
forma de matéria ou energia, com intensidade, em quantidade, de concentração ou com
características em desacordo com as que forem estabelecidas em decorrência dessa lei, ou que
tornem ou possam tornar as águas, o ar ou solo:

I – Impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde;


II – Inconvenientes ao bem estar público;
III – Danosos aos materiais, à fauna e à flora;
IV – Prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades
normais da comunidade.

Apresentaremos a seguir uma tabela com os empreendimentos sujeitos ao licenciamento


com necessidade de avaliação de impacto ambiental.

Atividades / empreendimentos sujeitos ao licenciamento com


Avaliação de Impacto Ambiental
Empreendimento/atividade
Parques temático e aquático; complexos turísticos e hoteleiro
Hidroelétrica
Linhas de transmissão ou subestação
Abertura de barras e embocaduras
Canalização, retificação, ou barramento de cursos d´água
Sistema de irrigação
Transposição de bacias hidrográficas
Sistema de abastecimento de água
Aeroporto
Portos
Terminal de carga
Ferrovias
Rodovias
Metropolitano
Corredor de transporte metropolitano
Oleoduto
Gasoduto

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Projeto agrossilvo pastoril
Projeto de assentamento rural e de colonização
Loteamento, conjunto habitacional, loteamento misto com uso industrial
Distrito ou loteamento industrial; loteamento misto com uso industrial
Zona estritamente industrial
Agroindústria - destilaria de álcool e usina de açúcar
Depósito ou comércio atacadista de produtos químicos ou inflamáveis
Complexo industrial
Aterro industrial e de codisposição
Aterro sanitário
Sistemas de tratamento de resíduos sólidos urbanos
Sistemas de tratamento de resíduos sólidos industriais, associados ou não a instalações
industriais
Sistemas de tratamento e disposição final de resíduos de serviços de saúde
Transbordo de resíduos sólidos
Atividade minerária
Sistema de tratamento e disposição de esgoto sanitário
Centrais termoelétricas
Tabela retirada do site da CETESB (http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/aia_lp.asp)

Finalizando

Nesta unidade, procuramos sintetizar informações sobre um processo que é muito rico
e complexo: a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Muitos conceitos foram bastante
simplificados para não se perder uma visão de conjunto. Podemos aprofundá-los na bibliografia
citada e também nos demais recursos disponíveis na unidade.
Outro aspecto importante é que a avaliação de impacto ambiental torna transparente o
processo de licenciamento, fazendo com que diferentes agentes sociais tomem conhecimento
e se envolvam com os processos de desenvolvimento e gestão da sua cidade.

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Material Complementar

Sites:
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL:
https://goo.gl/8GtT8x

MEGAPROJETOS & AMBIENTE URBANO: PARÂMETROS PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
https://goo.gl/MvJ9yq

BIOINDICADORES DE QUALIDADE DE ÁGUA COMO FERRAMENTA EM ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL


https://goo.gl/Nkjn81

Leituras:
O artigo publicado na Revista de Administração de Empresas pode ser acessado em:
https://goo.gl/ycL5QQ

O estudo pode ser acessado em:


https://goo.gl/yfRxkP

Vídeos:
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - FERNANDA VERONES - BL 1
https://youtu.be/ewPQhm_BQuU

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Referências

BRAGA, B. et al. Introdução Engenharia Ambiental. 2. Ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de Licenciamento Ambiental. Brasilia: 2009.


Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/ultimo_caderno_pnc_
licenciamento_caderno_de_licenciamento_ambiental_46.pdf. Acesso em 10/10/2014.

RODRIGUES, J.R. Roteiro básico para a elaboração de estudo de impacto ambiental.


Texto retirado do Manual de Orientação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo. Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental.

FERRAZ, F.B.; et al. Análise comparativa entre avaliação e estudo de impacto ambiental.
Nomos – Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC, vol. 32.2. Fortaleza –
CE,2012.

PHILIPPI, A. et. al. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004.

BRASIL. Manual Para Elaboração de Estudos Para o Licenciamento com Avaliação


de Diagnóstico Ambiental, 2014. Disponível em: http://goo.gl/1LveMX. Acesso em
10/05/2015.

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Unidade: Introdução a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Anotações

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