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Laura Magalhães Ferri

RELATÓRIO A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS


AMBIENTAIS NO BRASIL E NO MUNDO E AS PRINCIPAIS
LEGISLAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
AMBIENTAIS NO BRASIL

Relatório referente à atividade 1 da disciplina


Avaliação de Impactos Ambientais, análise
de pesquisa bibliográfica sobre a
história da avaliação de impactos ambientais
no Brasil e no mundo; e as principais
legislações sobre AIA no Brasil.
Pela Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, curso de Engenharia Ambiental.

Prof. Júlio César Gonçalves

Campo Grande
2020
1. Sumário

1. Sumário ____________________________________________________________ 2

2. Objetivos ___________________________________________________________ 3

3. Introdução __________________________________________________________ 4

4. Resultados e Discussão _______________________________________________ 5


a. História da Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil ________________ 5
b. História da Avaliação de Impactos Ambientais no mundo _______________ 6
c. Principais legislações sobre Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil __ 7

5. Conclusão __________________________________________________________ 9

6. Referências Bibliográficas _____________________________________________ 10

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2. Objetivos

Considerando a trajetória humana de evolução e desenvolvimento tecnológico


e econômico, se tornou notável a crescente intervenção na utilização de
recursos naturais, potencializando impactos ambientais ao redor de todo o
mundo. Através disso, foram criadas políticas públicas de prevenção,
caracterização e identificação de impactos ambientais, sendo uma delas a
Avaliação de Impactos Ambientais, que visa submeter a órgãos ambientais e
governamentais qualquer atividade que possa alterar as propriedades naturais
de recursos ambientais. Sendo assim, empreendimentos precisam analisar a
capacidade de dano do seu negócio e solicitar por consentimento
governamental para execução da obra pretendida. Nesse relatório, será
analisada a história desse movimento no Brasil e no mundo e as principais
legislações sobre Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil.

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3. Introdução

A Avaliação de Impactos Ambientais é considerada uma das ferramentas


imprescindíveis na gestão pública ambiental brasileira, tendo surgido como
meio de prevenção, identificação e precaução de danos socioambientais
causados por atividades ou empreendimentos que se instalam no ambiente
protegido, analisando as melhores opções ao tentar evitar ou reduzir esses
danos.

Atualmente, suas definições, responsabilidades, critérios e diretrizes são


estabelecidas pela Resolução n° 01/86 do CONAMA, que também carrega o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
como seus principais elementos característicos. Porém o histórico da Avaliação
de Impacto Ambiental não se inicia no Brasil nem é apenas definido pela
Resolução em questão, enfatizando então a necessidade de analisar as
questões históricas envolvidas na decisão de criar este instrumento.

Sendo reconhecida em tratados internacionais como um mecanismo eficaz de


promoção de desenvolvimento sustentável, foram formalizadas ao redor do
mundo leis que evoluíram até a atualidade de acordo com as necessidades de
cada território e nação.

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4. Resultados e Discussão

a. História da Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil

No âmbito do território brasileiro, a Avaliação de Impactos Ambientais se


tornam presentes a partir da década de oitenta com a Lei 6.803/80, que trata
do zoneamento industrial em áreas críticas de poluição em razão de exigências
de organismos multilaterais que financiavam projetos do governo brasileiro
passando a fazer parte definitivamente do ordenamento jurídico nacional em
1981 com a criação da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) por conta
da Lei 6.938/81, que se tem como exemplo de submissão de projetos
financiados por organismos multilaterais a Hidrelétrica de Sobradinho no
estado da Bahia, bancada pelo BID - Banco Internacional de Desenvolvimento.

Posteriormente, esse instrumento foi aperfeiçoado com a Resolução 01/1986,


anteriormente citada, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),
prevendo critérios e diretrizes para uso e implementação de AIA, junto com os
Estudos Prévios de Impacto Ambiental (EPIA) e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) para atividades efetivamente causadoras de significativa
degradação ambiental. Tal resolução também trouxe a definição de Impacto
Ambiental, como forma de aclarar quando a AIA se faz necessária.

Ainda na década de 1980 a AIA foi abordada em nível constitucional com a


promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
sendo a primeira constituição no mundo a inscrever a obrigatoriedade da AIA
em nível constitucional, presente então no artigo 225, §1º, IV. Logo, seguindo
moldes constitucionais, alguns Estados começaram a inserir o assunto em
constituições estaduais.

Na década seguinte, a AIA passou a ser relacionada então com o


licenciamento ambiental após a elaboração do Decreto 99.274 de 1990, sendo
um dos critérios para concessão da licença ambiental para implantação de
determinado empreendimento ou realização de atividades e obras.

Além disso, em 1997 é criada a Resolução nº. 237 do CONAMA que derroga a
Resolução nº 01/86 e complementa o procedimento de licenciamento
ambiental, tratando também da avaliação de impacto ambiental. Tornando claro
que a AIA se tornou de significativa importância tanto nacional quanto
internacional em meados do século XX por conta da alta no desenvolvimento
econômico-social e a necessidade de vincular essa evolução à proteção
ambiental.

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b. História da Avaliação de Impactos Ambientais no mundo

Como breve forma de explicar o histórico da Avaliação de Impacto Ambiental


na esfera internacional, deve-se citar o início a partir dos estudos
desenvolvidos nos Estados Unidos da América, com a promulgação do
National Environmental Policy Act – NEPA (Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente), tendo sido aprovada em 1969 e entrado em vigor em janeiro
de 1970. A lei previa que atividades modificadoras do ambiente fossem
estudadas, além da qualificação de impactos e sua utilização na tomada de
decisões para atividades governamentais. Foi também acompanhada
posteriormente de outras pesquisas e medidas em países desenvolvidos e se
unindo com políticas locais já existentes.

A AIA se desenvolve a partir daí, evolui e é modificada conforme as


necessidades se alteram e lições são aprendidas na prática. Conforme foi
aplicada em diferentes contextos socioambientais seguiu se adaptando
enquanto mantinha o principal objetivo, prevenir a degradação ambiental.

Porém, é passível relembrar que o modelo norte-americano de AIA não foi bem
visto na Europa, desencadeando na adoção da Resolução Diretiva 337/85 de
aplicação compulsória por parte dos países membros da então Comunidade
Econômica Europeia, obrigando-os a adotar procedimentos formais de AIA.
Com exceção apenas da França, que adotou legislações sobre a AIA antes da
diretiva europeia.

Diante de tal realidade, a Avaliação de Impactos Ambientais foi difundida e


passou a ser exigida, então, a partir da década de 1960, ao se consolidar a
definição de Impacto Ambiental. E apesar do âmbito já estar presente como
instrumento interno de alguns países, somente duas décadas depois a AIA é
institucionalizada em nível mundial por conta da Conferência das Nações
Unidas Sobre Meio Ambiente de 1972, na Suécia, quando foi votado um plano
relativo à avaliação do meio ambiente mundial, chamado de “Plano Vigia”.

Ainda duas décadas posteriormente, na Conferência das Nações Unidas


Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 no Rio de Janeiro (ECO/92
ou Rio/92) a AIA se tornou um princípio ambiental consubstanciado em
tratados internacionais (Princípio 17 da Declaração do Rio/92), estabelecida
como um instrumento nacional para efetuar atividades planejadas de cunho
social, econômico e ambiental que possam vir a ter um impacto adverso sobre
o meio ambiente. Definida pela ONU, em 1992, como “instrumento nacional,
que deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter
impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de
uma decisão de autoridade nacional competente”

Infelizmente a Conferência das Nações Unidas realizada no ano de 2012, com


a participação de mais de cento e oitenta países, intitulada de Rio +20, não

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teve o desfecho esperado de grandes investimentos para prevenção de
degradação ambiental por conta da crise econômica mundial. Ainda não se
deve negar que mesmo assim, o mundo continua preocupando-se e
concentrando-se em questões de sustentabilidade e preservação ambiental.

c. Principais legislações sobre Avaliação de Impactos


Ambientais no Brasil

No Brasil a AIA só foi exigida legalmente em 1981, pela PNMA (Lei Federal
6.938/81). As legislações estaduais que precederam tal lei foram aplicadas em
poucas ocasiões e foi somente após o regulamento da Resolução Conama
01/1986, que o instrumento realmente passou a ser aplicado. Tal resolução
estabelece:

● Lista de atividades sujeitas ao EIA/Rima;


● Diretrizes para elaboração do estudo;
● Conteúdo mínimo do EIA;
● Conteúdo mínimo do Rima;
● Que o estudo deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar;
● Acessibilidade pública do Rima.

Vale enfatizar que o EIA/Rima deve ser submetido ao órgão competente


durante a fase de Licença Prévia para fins de licenciamento para atividades
que possam modificar o ambiente. A definição dos estudos técnicos
necessários ao licenciamento cabe ao órgão licenciador já que diversos tipos
de estudos ambientais foram criados por diferentes instrumentos legais
federais, estaduais e municipais. Além do EIA/Rima, encontram-se
denominações como o plano e relatório de controle ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação entre outros.

Como, após firmada a Resolução Conama 01/1986, ao longo dos anos as


medidas legais pertinentes foram evoluindo de acordo com as necessidades do
nosso território, se apresenta na Tabela 1 uma síntese dos tipos de estudos
ambientais que com o tempo foram previstos na legislação brasileira na esfera
federal.

Denominação Referência Legal

Estudos ambientais Res. CONAMA 237, de 19/12/1997

Estudo prévio de Constituição Federal do Brasil, Art.


impacto ambiental 225, 1°, IV (1988)

EIA – Estudo de Res. CONAMA 1, de 23/1/1986


Impacto Ambiental e

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Rima – Relatório de
Impacto Ambiental

PBA – Projeto Básico Res. CONAMA 6, de 16/9/1987


Ambiental

PRAD – Plano de Decreto Federal n° 97.632, de


Recuperação de 10/4/1989
Áreas Degradadas

PCA – Plano de Res. CONAMA 9, de 6/12/1990


Controle Ambiental
Res. CONAMA 286, de 20/8/2001

Res. CONAMA 23, de 7/12/1994

RCA – Relatório de Res. CONAMA 10, de 6/12/1990


Controle Ambiental
Res. CONAMA 23, de 7/12/1994

EVA – Estudo de Res. CONAMA 23, de 7/12/1994


Viabilidade Ambiental

RAA – Relatório de Res. CONAMA 23, de 7/12/1994


Avaliação Ambiental

EVQ – Estudo de Res. CONAMA 264, de 20/3/2000


Viabilidade de Queima

Plano de Res. CONAMA 273, de 29/11/2000


Encerramento

RAS – Relatório Res. CONAMA 279, de 27/6/2011


Ambiental
Simplificado

Plano de Emergência Res. CONAMA 293, de 12/12/2001


Individual

Plano de Res. CONAMA 316, de 29/10/2002


Contingência Plano
de Emergência Plano
de Desativação

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5. Conclusão

Foi possível analisar, através dessa pesquisa bibliográfica, que tanto em âmbito
nacional quanto internacional, se vivencia um desenvolvimento econômico que
implica na necessidade de evolução na consciência socioambiental, discussões
à respeito do meio ambiente e tomada de atitudes para evitar a degradação
ambiental por parte de domínio governamental, acadêmico e até popular.

Desse modo, a Avaliação de Impactos Ambientais como instrumento essencial


de proteção prévia do meio ambiente, não deve ser mantida como mero
requisito formal do procedimento de licenciamento, e sim uma cumprição rigida
dos decretos e resoluções criados com o passar do tempo, para que seja
concreta a proteção e preservação ambiental de locais de instalação de novas
atividades e obras ao redor do mundo.

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6. Referências Bibliográficas
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Disponível em: https://agropos.com.br/avaliacao-de-impacto-ambiental/. Acesso em:
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Editora. São Paulo. 2008.

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