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GEOPROCESSAMENTO AMBIENTAL

O GEOPROCESSAMENTO NO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Identificar como o Geoprocessamento pode contribuir para o processo de licenciamento ambiental;

2. Apresentar exemplos da contribuição do sensoriamento remoto e SIGs no licenciamento ambiental.

1 Introdução
Nesta aula, vamos ver como o Geoprocessamento, através do sensoriamento remoto e dos SIGs, contribui para o

licenciamento ambiental.

Bons estudos!

A necessidade do ser humano de adquirir informações sobre a distribuição geográfica de recursos minerais,

alimentos e conhecer lugares específicos sempre foi uma parte importante das atividades das sociedades

organizadas.

Com as inovações tecnológicas, isso deixou de ser feito apenas em mapas de papel e, a partir da segunda metade

do século passado, passou a ser possível armazenar e representar tais informações em um ambiente

computacional, permitindo o aparecimento do Geoprocessamento.

Vamos ver como o Geoprocessamento, através do sensoriamento remoto e dos SIGs, contribui para o

licenciamento ambiental.

2 O Geoprocessamento no licenciamento ambiental


Geoprocessamento é um instrumento tecnológico fundamental para o conhecimento da realidade e definição de

ações.

Esse instrumento influencia de maneira crescente as áreas de cartografia, análise de recursos naturais,

transportes, comunicações, energia e planejamento urbano, regional e meio ambiente.

As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG

ou, em inglês, GIS), permitem análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de

dados georreferenciados.

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Essas ferramentas têm grande importância para o monitoramento da biodiversidade e para o licenciamento

ambiental, devido à capacidade de coleta de dados para diversos estudos, bem como realizar análises complexas,

ao integrar dados de diversas fontes.

O SIG pode ser considerado um importante meio de apoio e desenvolvimento de aplicações voltadas ao meio

ambiente, facilitando a integração de dados espaciais e permitindo propor alternativas para diminuir impactos

identificados no ambiente, inclusive no âmbito das bacias hidrográficas.

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3 Automatização da produção de documentos
As ferramentas SIG tornam possível ainda automatizar a produção de documentos cartográficos. Como exemplo,

temos o uso de imagens de satélites CBERS georreferenciadas, segmentadas e interpretadas, assim como a

criação dos mapas de vegetação de uma determinada localidade.

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Fonte: INPE, 2015.

Primeiras imagens do Brasil coletadas pela câmera CCD do satélite CBERS-2: Região noroeste do Estado de São

Paulo. As áreas de solo exposto estão em tons avermelhados escuros; as áreas de agricultura e cana-de-açúcar,

em verde. O delineamento das curvas de nível é visível. Na região inferior central da imagem pode-se ver um

assentamento rural, constituído de pequenos lotes agrícolas.

4 Informações sobre os problemas ambientais


Num país de dimensões continentais e com grande carência de informações adequadas para a tomada de

decisões sobre os problemas ambientais, o Geoprocessamento apresenta um grande potencial.

Isso ocorre principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em que o conhecimento seja

adquirido localmente e transferido para a sociedade.

O uso de técnicas de Geoprocessamento no licenciamento ambiental tem sido uma ferramenta dinâmica, capaz

de garantir agilidade no processo de orientação e fiscalização do órgão.

5 Verificação de ações e compensações


O Geoprocessamento auxilia ainda na verificação das ações condicionantes e das compensações, além dos

instrumentos técnicos e jurídicos que compõem o processo de concessão da licença.

A técnica permite que todos sejam catalogados e codificados num mapa digitalizado, além dos dados disponíveis

através de tabelas, por exemplo.

Geo MS traz agilidade no sistema de licenciamento ambiental em Mato Grosso do Sul

Com o objetivo de tornar mais eficiente o processo de licenciamento ambiental, o governo do Estado, por meio

do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), em parceria com a Empresa Brasileira de

Pesquisa em Agropecuária (Embrapa), apresentou hoje a conclusão do projeto Geo MS.

O objetivo principal do projeto é estruturar um sistema de informação georreferenciada para o monitoramento

do espaço rural e a geração de informação estratégica, que auxilie governos estaduais na tomada de decisão

sobre a implantação de projetos, utilizando como estudo de caso o Estado do Mato Grosso do Sul.

Leia mais aqui: http://www.perfilnews.com.br/estado/geo-traz-agilidade-no-sistema-de-licenciamento-

ambiental-em-mato-grosso-do-sul

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6 Histórico do licenciamento ambiental
1972 - Após a Conferência de Estocolmo, em 1972, na capital da Suécia, a preocupação ambiental tornou-se uma

realidade que precisava ser incorporada aos processos produtivos.

1975 - É dentro desse contexto que se compreende o processo de licenciamento ambiental que, no Brasil, iniciou

voltado principalmente para o controle da poluição industrial, como estabelecido nas diretrizes do Segundo

Plano Nacional de Desenvolvimento (1975).

1980 - Na década de 1980, foi publicada a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que se tornou a base

institucional e legal do licenciamento ambiental no Brasil.

Atenção

De acordo com Rodrigues (2008), com a incorporação da AIA (Avaliação de Impactos Ambientais) à legislação

brasileira em 1981 (Política Nacional de Meio Ambiente), esses sistemas preexistentes de licenciamento tiveram

que ser adaptados.

7 Alterações na análise ambiental


A adaptação citada não aconteceu somente no que tange ao seu campo de aplicação (atividades que utilizem

recursos ambientais ou que possam causar degradação ambiental, no lugar de atividades poluidoras).

Ocorreu também quanto ao tipo de análise que passou a ser feita, não mais abrangendo somente emissões de

poluente e sua dispersão no meio, agora incluindo os efeitos sobre a biota, os impactos sociais etc.

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É sempre bom salientar que dois elementos institucionais destacaram-se na PNMA:

Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA);

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Vamos ver cada um deles a seguir?

SISNAMA

O SISNAMA é o conjunto de instituições na esfera federal, estadual e municipal, que formula e regula a política

ambiental e aplica a legislação pertinente, sendo responsável pelo licenciamento ambiental.

Leia sobre os Instrumentos da PNMA no link a seguir:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a06_09_01.pdf

CONAMA

Ao longo dos anos, houve a necessidade de se detalhar melhor essa questão do licenciamento ambiental.

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Para isso, o CONAMA estabeleceu duas resoluções:

Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986 (http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86

/res0186.html).

Resolução CONAMA nº 237 de 22 de dezembro de 1997 (http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?

codlegi=237).

As resoluções basicamente estabelecem os instrumentos mais comentados do sistema de licenciamento

ambiental brasileiro: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e as licenças ambientais — prévia (LP), de instalação

(LI) e de operação (LO).

8 Criação da PNMA
A Política Nacional de Meio Ambiente foi regulamentada pelo Decreto nº 88.351 de junho de 1983. Mas este foi

revogado e substituído pelo Decreto nº 99.274 de junho de 1990 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03

/decreto/antigos/d99274.htm), que, em seu artigo 19, diz o seguinte:

Art. 19. O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

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I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem

atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais

de uso do solo;

II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes

do projeto executivo aprovado;

III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o

funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto na licença prévia e de

instalação.

Então, o que se observa é que o licenciamento é composto por três tipos de licenças: prévia, de instalação e de

operação. Cada uma refere-se a uma fase distinta do empreendimento e segue uma sequência lógica de

encadeamento. Vamos conhecê-las.

Licença prévia:

É solicitada quando o projeto técnico está em preparação, a localização ainda pode ser alterada e alternativas

tecnológicas podem ser estudadas. Nessa fase, o empreendedor ainda não investiu no detalhamento do projeto e

diferentes conceitos podem ser estudados e comparados. Essa licença não autoriza a instalação do projeto, e sim

aprova a viabilidade ambiental do projeto, bem como sua localização e concepção tecnológica. Além disso,

estabelece as condições a serem consideradas no desenvolvimento do projeto executivo.

Licença de instalação:

Somente poderá ser concedida caso a primeira tenha sido solicitada e autorizada.

Nessa fase, o projeto técnico é detalhado, atendendo às condições estipuladas na licença prévia. O prazo de

validade dessa licença é estabelecido pelo cronograma de instalação do projeto ou atividade, não podendo ser

superior a seis anos.

Licença de operação:

É concedida depois que o empreendimento foi construído e está em condições de operar. Sua concessão, no

entanto, está sempre condicionada ao cumprimento das condições preestabelecidas na primeira e segunda fase.

O prazo de validade dessa licença não pode ser inferior a quatro anos e superior a dez anos. Ela deve ser

renovada periodicamente, inclusive para se verificar se todos os condicionantes para a operação estão sendo

cumpridos.

Atenção

Observação quanto às mudanças no processo:

Lembre-se de que o licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão ambiental,

de atuar conforme o projeto aprovado.

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Portanto, modificações posteriores, como, por exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da

área de influência, deverão ser levados novamente ao crivo do órgão ambiental.

Além disso, esse órgão monitorará, ao longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes

determinadas ao empreendimento.

9 Importância do empreendedor no licenciamento


A partir de 1997, o empreendedor passou a ter o direito de participar do estabelecimento das exigências do

estudo de impactos e condicionantes de licenciamento, tornando-se também responsável pela contratação da

equipe técnica que realiza o EIA.

Todo processo de licenciamento ambiental, a começar pela LP — concedida na fase preliminar do planejamento

do empreendimento ou atividade e aprovando sua localização e concepção — são fortemente dependentes de

informação cartográfica, sejam mapas, cartogramas ou coordenadas de localização, ilustrando e especificando a

localização dos empreendimentos e o alcance de seus impactos potenciais.

O que o Geoprocessamento tem a ver com isso?

Bem, os mapas são ferramentas de comunicação poderosas e, de forma geral, são criteriosamente analisados e

muito utilizados pelos analistas ambientais dos órgãos licenciadores.

Quer ver um exemplo?

É comum que os analistas extraiam a informação cartográfica fornecida pelo empreendedor no processo de

licenciamento e a carreguem no GPS para fazer as vistorias.

Isso permite verificar em campo, com precisão, a veracidade das informações fornecidas e o contexto geográfico

onde se insere o empreendimento.

É comum que os analistas extraiam a informação cartográfica fornecida pelo empreendedor no processo de

licenciamento e a carreguem no GPS para fazer as vistorias.

Isso permite verificar em campo, com precisão, a veracidade das informações fornecidas e o contexto geográfico

onde se insere o empreendimento.

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10 Profissionais dos órgãos licenciadores
Na maioria dos órgãos licenciadores, os analistas têm acesso, diretamente ou através de um departamento

especializado, a sistemas de informação geográfica (SIG), como é o caso do IBAMA.

Na última década, tem havido um processo intenso de complementação e renovação dos quadros de

profissionais dos órgãos licenciadores, através de concursos públicos.

Esse processo permitiu que hoje tivéssemos como analistas profissionais de bom nível técnico e de variadas

formações, como biólogos, geógrafos, engenheiros de várias áreas, entre outros, que usam ferramentas de

geoprocessamento correntemente no seu trabalho de análise e fiscalização.

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11 Caso do rio Saí
De acordo com Barbosa, Oliveira e Silva (2013), na Costa Verde do Rio de Janeiro, o processo de urbanização

acelerado tem causado inúmeros problemas de ordem ambiental para a população, sobretudo aqueles

associados à ocupação desordenada nas planícies de inundação dos rios locais.

Séries históricas de imagens de satélite são hoje de fácil obtenção e um recurso muito usado na análise

ambiental, o que permite muitas vezes flagrar impactos do empreendimento sem mesmo ir a campo.

As áreas urbanizadas estão em franco processo de crescimento, por conta dos investimentos para a implantação

de condomínios de luxo.

Os empreendimentos imobiliários Costa do Sahy e Sahy Residencial estão localizados na planície de inundação

do rio Saí.

Como não há estudos sistemáticos sobre os processos de cheias do rio Saí, essas instalações podem estar

vulneráveis aos eventos hidrológicos extremos do curso principal e seus afluentes e, portanto, podem estar em

uma área de risco ambiental.

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Clique no link a seguir e leia o texto “Reflexão sobre os empreendimentos”:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a06_15_01.pdf

12 Geoprocessamento na elaboração do EIA


Durante a elaboração do EIA, as aplicações de geoprocessamento são inúmeras, abrangendo frequentemente:
• O imageamento por satélite em alta ou média resolução;
• A integração em ambiente de SIG dos desenhos do empreendimento (plantas do projeto básico,
executivo ou geométrico);
• O mapeamento temático de uso das terras e cobertura vegetal;
• As análises qualitativas e quantitativas da vegetação a ser suprimida e das Áreas de Preservação
Permanente (APPs) afetadas, entre outros.
Clique no link a seguir e leia o texto “Analisando o caso da Fazenda de São Bento”:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a06_16_01.pdf

Na bacia do rio Guandu do Sapê, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, grande parte da APP encontra-se preservada.

O mapeamento do uso do solo foi feito através de imagens de satélite, em escala de detalhe, datado de 2010. Veja

na imagem, o mapa de uso do solo dentro da área de APP (Fonte: Leite, et al (2013).

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13 Planejando o uso do Geoprocessamento
Os ciclos de implantação de grandes projetos de infraestrutura duram de dois até 10 anos ou mais. Logo, o ato de

planejar corretamente o uso do Geoprocessamento e contratar na hora certa contribui para o máximo benefício

no ciclo do projeto.

Essa prática reduz inclusive o custo de muitos outros estudos por meio do suporte à comunicação e integração

de informações, suporte ao planejamento das atividades de campo e ampliação da capacidade de análise do

corpo técnico contratado e executivos responsáveis.

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Saiba mais
Leia os seguintes textos:
• Geoprocessamento no Planejamento Urbano. Disponível em: http://mundogeo.
com/blog/2010/12/15/geoprocessamento-no-planejamento-urbano/
• A importância do Geoprocessamento na auditoria e perícia ambiental.
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-do-
geoprocessamento-na-auditoria-e-pericia-ambiental/15901/
• Geo MS traz agilidade no sistema de licenciamento ambiental em Mato Grosso
do Sul. Disponível em: http://www.perfilnews.com.br/estado/geo-traz-
agilidade-no-sistema-de-licenciamento-ambiental-em-mato-grosso-do-sul
Assista ao seguinte vídeo:
Videoaula | Geoprocessamento - Mód. 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=HxN6p0jgAGY

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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará o seguinte assunto:
• Como o Geoprocessamento contribui para a elaboração de Estudos de Impactos Ambientais (EIA).

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou como o Geoprocessamento contribui para o processo de licenciamento ambiental;
• Observou exemplos claros da contribuição do sensoriamento remoto e SIGs no licenciamento ambiental.

Referências
BARBOSA, Debora Rodrigues; OLIVEIRA, Renata Ribeiro; SILVA, Frank Gundim. Uso do solo e ocupação na

Planície de Inundação do Rio Sahy (Mangaratiba/RJ). In: IV Workshop Internacional sobre Planejamento e

Desenvolvimento Sustentável em Bacias Hidrográficas, 2013, Presidente Prudente. Anais do IV Workshop

Internacional sobre Planejamento e Desenvolvimento Sustentável em Bacias Hidrográficas. Presidente

Prudente: Unesp, 2013.

LEITE, Barbara Cardoso et al. Bacia do rio Guandu do Sapê: uso e ocupação da faixa marginal de proteção. In: 14º

Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental, 2013, Rio de Janeiro. Anais do 14º Congresso

Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Geologia de

Engenharia e Ambiental, 2013.

MEDEIROS, Anderson. ArcGIS: como georreferenciar imagens do Google Earth. Disponível em: http://www.

clickgeo.com.br/georreferenciamento-imagens-google-earth-arcmap/

RBA Engenharia e Planejamento Ambiental. O que é Geoprocessamento.

RODRIGUES, Fabricio Gaspar. Direito Ambiental Positivo: comentários à legislação, doutrina e mais de 200

questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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