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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O USO DO SIG NA GESTAO E MONITORAMENTO AMBIENTAL - CASO DE


FLORESTAS

Nome: Fernando Nunes Francisco

Código: 708213085

Beira, Outubro de 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O USO DO SIG NA GESTAO E MONITORAMENTO AMBIENTAL - CASO DE


FLORESTAS

Nome: Fernando Nunes Francisco

Código: 708213085

Curso: Gestão Ambiental

Cadeira: Introdução a Sistemas de


Informação Geográfica (SIG)

Ano de Frequência: 2º ano

Docente: Joaquim Constantino

Beira, Outubro de 2022


Índice
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GOEGRÁFICA (SIG)............................................4

2.1. Componentes de SIG..........................................................................................4

2.2. As Florestas em Moçambique.............................................................................6

2.3. Importância dos SIG na gestão e monitoramento ambiental das florestas.........6

3. Conclusão...................................................................................................................9

4. Referencias Bibliográficas.......................................................................................10
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1. INTRODUÇÃO
Informações referentes à repartição geográfica de recursos naturais, de características
específicas de solos e de vegetação são do típico interesse a tomadores de decisões em áreas
como a agricultura, cartografia, cadastro urbano, redes de concessionárias e floresta.

Em caso de Moçambique ocorrem muitos tipos de vegetação, as principais ocorrências destes


florestamento em Moçambique estão localizadas na parte central do centro do país, onde o
sistema de drenagem é muito denso os estuários são frequentes e os grandes rios como
Zambeze, Pungue, Buzi e Save desaguam no oceano Índico (Luis, 2017). Consequentemente
as informações geográfica permanecerem fora do alcance do público envolvido no processo.

É nesse sentido que os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) adoptam um papel cada vez
mais relevante na sociedade moderna, determinada pela valorização de informações
concebidas a partir do processamento e análise de dados geográficos.

Assim, partindo-se desses pressuposto, esta pesquisa pretende fazer uma análise intrínseca no
que tange a importância do uso dos SIG, para a gestão e monitoramento ambiental - caso de
florestas. Para tal, a pesquisa optou em escolher o método bibliográfico, onde fez-se um
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites no que tange ao tema
esposo.

Quanto a estrutura deste trabalho, é constituída por três partes, detalhadamente: Introdução,
onde o trabalho faz abordagem superficial do tema, os objectivos e a metodologia para a
concretização do mesmo. Após isso segue-se com o referencial teórico que elucida-se os
conceitos básicos dos autores que já estudaram o assunto, após isso a pesquisa irá apresentar
as conclusões e por fim as fontes.
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2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GOEGRÁFICA (SIG)


Sistemas de Informação Geográfica abreviadamente (SIG), são ferramentas computacionais
que permitem a integração de informação diversa, e a sua manipulação, sendo espacialmente
adequadas para análise de problemas de natureza espacial, tanto ao nível global como regional
ou local (Fortes, 2007, citado em Chimangue, 2018). Sobre o ponto de vista da sua
funcionalidade, para Burrough, (1986, citado em Souto,2012) considera SIG, como sendo um
conjunto de ferramentas para recolha, armazenamento, organização e selecção, transformação
e representação da informação de natureza espacial do mundo real, para um determinado
conjunto de circunstâncias.

Com base nos utensílios SIG é possível não só manter actualizada a cartografia das áreas
afectadas por acidentes naturais, como criar modelos prospectivos com base no cruzamento e
tratamento quantitativo dos factores intervenientes (por exemplo: relevo, geologia, uso do
solo, elementos climáticos, dados demográficos, desflorestamentos) (Conselho, 2001, citado
em Ribeiro, 2012).

As várias definições dos SIG reflectem a multiplicidade de usos, visões e aplicações destas
tecnologias, no entanto o seu maior potencial está na conjugação das várias metodologias com
uma perspectiva interdisciplinar da sua utilização. De uma forma geral, são sistemas
concebidos para recolher, armazenar, analisar objectos e fenómenos em relação aos quais a
localização geográfica é uma característica importante Aronoff, (1989 citado em Souto,
2012). Em quanto para o Szlafsztein e Sterr, (2007, citado em Chimangue, 2018) considera
que SIG integram cinco componentes principais: hardware, software, dados, pessoas e
métodos.

2.1. Componentes de SIG


Interface - é responsável pela comunicação do sistema com o usuário, é nesta camada que se
define como o sistema é operado e controlado. A camada intermediária é subdividida em três
partes: a entrada e integração de dados (responsável pela captação e conversão dos dados); a
consulta e análise espacial (responsável pela execução e análises espaciais, como operação
topológica); e visualização e pilotagem (responsável pelo resultado final do objecto) (Barros,
2010, citado em Ribeiro, 2012).

Na visão de Lazzarotto (2003, citado em Chimangue, 2018), as características de Sistema de


Informações Geográficas podem ser divididas de seguinte maneira:
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O Software – é formado por um conjunto de programas, que tem por objectivo colectar,
armazenar, processar e analisar dados geográficos. Software é apropriado para o
processamento da informação espacial, engloba duas componentes fundamentais: gestão da
base geográfica e da base alfanumérica (Cunha 2009, citado em Chimangue, 2018);

O Hardware – é o conjunto de equipamentos necessários para o desempenho das funções


realizadas pelo software, em que se pode usar o computador e seus periféricos: impressora,
scanner, plotter e unidades de armazenamento (Rocha e Fernandez, 2013);

Recursos Humanos – é uma ferramenta no auxílio à resolução de problemas e de questões


espaciais levantadas por utilizadores, que são dos mais variados campos e das mais diversas
especialidades. A forma de utilização de SIG varia consoante os objectivos pretendidos pelos
utilizadores (Soares 2004, citado em Ribeiro, 2012);

Metodologias – estão ligadas directamente ao conhecimento e à experiência do profissional,


que a partir de um objectivo definido submete seus dados a um tratamento específico, para a
obtenção dos resultados desejados, pois a qualidade dos resultados dos SIG não está ligada
somente à capacidade de processamento e sofisticação, mas também é proporcional à
experiência do usuário (Silva, 2006, citado em Ribeiro, 2012);

Dados – conforme o autor acima, os dados espaciais são a base sobre o qual funcionam os
SIG e estes variam no espaço e no tempo. Existem várias formas de adquirir e integrar os
dados espaciais que varia consoante a sua tipologia. O poder da informação é, sem dúvida,
indiscutível. Porém, o que tem revolucionado os processos tradicionais de utilização da
informação é a maneira como ela pode ser rapidamente processada e utilizada para diferentes
objectivos pelo modo de sua apresentação, ou seja, georreferenciada e mapeada (Freire,
2009).

Os cinco itens apresentados por Lazzaroto (2003, citado em Chimangue, 2018) possuem
características distintas, mas que se relacionam entre si, ou seja, o utilizador de SIG, com sua
experiência de usuário, aplica as metodologias estudadas para poder cada vez mais trabalhar
com os dados obtidos, utilizando software e hardware disponíveis para a realização de todas
as análises e geração de resultados satisfatórios que atendam às suas necessidades.
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2.2. As Florestas em Moçambique


A Lei de florestas e fauna bravia No 10/99 de 7 de Julho, define floresta como “Cobertura
vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna e exercer um efeito
directo ou indirecto sobre o solo, clima ou regime hídrico”. Esta definição é uma definição
funcional (a função que exerce este recurso para a sociedade, natureza e ao ambiente (solo,
água e clima). (Baia, 1998, citado em Noa, 2016).

[…] a região costeira de Moçambique, com cerca de 2/3 do total da população


concentrada, caracteriza-se pela degradação acelerada das florestas de mangal,
especialmente nas zonas de grande concentração populacional, poluição da costa por
poluentes como resíduos industriais lançados ao mar sem tratamento prévio, descargas
das águas negras entre outros (Kulima, 2014, p. 48).

Moçambique, com cerca tem a maior floresta de mangais na África Oriental. Ao sul do rio
Save mangais ocorrem extensivamente no estuário Morrumbene, baia de Inhambane, Baía de
Maputo e Inhaca. A Baía de Maputo é uma das mais extensas áreas de manguezais na região
sul. As maiores florestas ocorrem no centro do país, principalmente devido as descargas de
água doce considerável de cerca de 18 rios incluindo os deltas do zambeze, pungue, Save e
Buzi. (Micoa, 2009).

2.3. Importância dos SIG na gestão e monitoramento ambiental das florestas.


Os Sistemas de Informação Geográfica foram aplicados pela primeira vez em Moçambique no
ano de 1980 apoiado por especialistas estrangeiros e entre outros incluíam estudos sobre o
inventário florestal, clima, erosão do solo, estudos agro climáticos e segurança alimentar. A
inexistência de meios técnicos e humanos fazia com que nessa altura apenas um único
computador instalado no Ministério do Plano e Finanças corresse o programa (Fao, 1982,
citado em Noa, 2016). Em 1990 muitos países em desenvolvimento beneficiaram-se da
redução dos custos dos equipamentos informáticos, porém, Moçambique não tirou proveito
dessa situação pelo facto de estar envolvida na guerra civil.

Segundo Luís, (2017) aplicação dos SIG em Moçambique na gestão e monitoramento de


ambiental tem necessitado medidas muito regulares. As áreas florestas são normalmente
pouco acessíveis aos cartógrafos e aos investigadores em geral.

Assim, o conjunto dum meio difícil de acesso com a necessidade de actualizar regularmente
os dados sobre ele num contexto de mudança leva a obrigação de usar uma ferramenta que
permite economizar tempo, recursos humanos e materiais, que ficam muito importantes no
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trabalho de campo nas florestas. A detecção remota parece uma solução eficiente a esse
problema (Gaspar, 2021).

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) em conjunto com o Sensoriamente Remoto


(SR) podem ser usados para aceder variáveis espaciais e temporais, equilibrando melhor
integração e organização dos dados, avaliação e prognóstico de problemas com auxílio de
modelos matemáticos de simulação (Espinosa e Rosa, 2009).

Vaiphasa (2006, citado em Luis 2017) argumenta que as florestas constituem um dos mais
importantes ecossistemas costeiros e que estão ameaçados pela expansão dos assentamentos
humanos, a explosão da aquacultura comercial bem como o impacto das marés e tempestades,
e por isso há cada vez mais um aumento da procura de mapas detalhados dos mangais com
finalidade de medir sua extensão e avaliar o seu declínio.

Produzir mapas detalhados das florestas na comunidade ou o tipo de espécies existentes não é
uma tarefa fácil, principalmente porque as florestas de mangal são muito difíceis de aceder
por isso os SIG é uma séria alternativa aos métodos modernos baseados em campo para o
mapeamento dos mangais, uma vez que permite recolher informações mesmo em lugares
inacessíveis. (Kulima, 2014)

De acordo com o mesmo autor, técnicas de Sistema de Informação Geográfica, fornecem


informações que subsidiam comparações temporais com o estado actual de áreas naturais,
possibilitando projecções de alterações ou de impactos para uma dada região, auxiliando na
adopção de medidas mitigadoras com vistas ao gerenciamento costeiro. Kulima, (2014)
adverte que as propostas de gestão costeira devem considerar os processos naturais e
antrópicos que agem sobre o ecossistema mangal.

O uso das técnicas de SIG desempenham um papel importante para a obtenção de grande
número de informações sobre dinâmica e as alterações antrópicas dos mangais, as quais são
imprescindíveis para a elaboração de planos de gestão e conservação da zona costeira, com
vistas à conservação da paisagem e dos recursos naturais.

Segundo Luis (2017), em Moçambique poucos estudos foram feitos visando avaliação da
dinâmica dos mangais usando os sistemas de informação geográfica. O projecto AIFM
estudou as mudanças de cobertura na província de Manica na escala de 1:250 000 para o
período de 1990 e 2004. Nesse estudo foi usado um método multi-temporal para comparar
simultaneamente imagens colhidas em duas épocas diferentes. De acordo com Marzoli (2007,
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citado em Luis 2017) a área total dos mangais no país reduziu de 408,000 ha em 1972 para
357,000 ha em 2004, com uma perda total de 51,000 ha num período de 22 anos.
Adicionalmente, o decréscimo da área aumentou de 67 há por ano (-0.2% por ano) entre 1972
e 1990, para 217 há por ano (-0.7% por ano) entre 1990 e 2004.

Contudo, os SIG permitem integrar informação proveniente da detecção remota, de bases de


dados e de tecnologias de geolocalização. São, por isso, um apoio fundamental na tomada de
decisão na monitoria e gestão florestal, facultando de uma forma organizada e
georreferenciada dados de inventário florestal e de monitorização de recursos, por exemplo
(Gaspar, 2021).

Segundo o autor acima, os SIG permitem, ainda, fazer análise, modelação e simulações. O
planeamento e delineamento das unidades de gestão e respectivos talhões beneficiam do
suporte dos SIG permitindo também integração dos normativos legais em vigor disponíveis na
web (restrições legais e ambientais) facilitando, deste modo, a adopção de boas práticas de
gestão de plantações florestais (Gaspar, 2021).
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3. Conclusão
Esta pesquisa, enquadra-se na disciplina de gestão ambiental, e teve como objectivo de avaliar
importância do uso dos SIG, para a gestão e monitoramento ambiental - caso de florestas.

Portanto, ao longo do desenvolvimento, concluiu-se que desde da implementação dos SIG em


Moçambique, este acrescentou uma maior eficiência ao ordenamento florestal, onde podemos
verificar a aplicação desta tecnologia na definição de políticas e estratégias de gestão florestal,
no zonamento do território de acordo com as suas características, na confrontação com outros
instrumentos de planeamento, na análise da vulnerabilidade contra agentes bióticos e
abióticos, na instalação de infra-estruturas florestais, e no desenvolvimento de programas de
gestão estratégica dos combustíveis florestais.

Esta tecnologia encontra-se presente nos diferentes períodos da gestão e monitoria florestal,
desde o planeamento, passando pela operacionalização e avaliação dos resultados. De fato,
podemos verificar a sua presença em trabalhos de análise e diagnóstico, inventário florestal,
cadastro da propriedade, silvicultura preventiva, projectos de recuperação e na exploração
florestal.

De modo geral, os SIG contribuem para um correto ordenamento florestal, proporcionando


uma análise abrangente dos espaços florestais e permitindo aos gestores florestais uma
tomada de decisão mais consciente e direccionada para a obtenção de melhores resultados.
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4. Referencias Bibliográficas
Chimangue, Daniel. (2018). Aplicação de Sistemas de Informação Geográfica para o
Mapeamento da Vulnerabilidade Costeira da Baia de Maputo. Maputo: UEM

Gaspar, Júlio. (2021). Gestão florestal apoiada por Sistemas de Informação Geográfica.
RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e Papel. Disponível em: www.e-globulus.pt.
Acesso no dia 10/10/2022.

KULIMA. (2014). Mangal ilusão ou realidade. Reconstituição do mangal ilusão ou


realidade. Maputo: Kulima.

Luís, António. (2017). Aplicação dos sistemas de informação geográfica e detecção remota
no monitoramento do mangal. Beira: UCM.

MICOA. (2009). Pobreza e o meio ambiente. Moçambique: Ministério para Coordenação da


Acção Ambiental.

Noa, Mário. (2016). Definição de florestas, desmatamento e degradação florestal no âmbito


do REDD+. Maputo.

Ribeiro, Vitorino. (2012). Aplicação de sistema de informação geográfica na identificação de


área para aterro sanitário. Beira: Universidade Católica de Moçambique.

Rocha, Bernado., e Fernandez, Leonor. (2013). Avaliação dos critérios morfodinâmicos para
a fase de diagnóstico do projecto orla: Um estudo de caso em praias arenosas com
desembocaduras fluviais. Sociedade & Natureza.

Souto, Gonçalves. (2012). Aplicação SIG: Gestão de Pontos de Interesse de Entidades. Santa
Maria.

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