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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

SAÚDE SEXUAL E SAUDE REPRODUTIVA

Nome: Fernando Nunes Francisco

Código: 708213085

Curso: Gestão Ambiental

Cadeira: Habilidade de Vida,


Saúde Sexual e Reprodutiva,
Género e HIV-SIDA.

Ano de Frequência: 2º ano

Docente: Tânia Ivone

Beira, Outubro de 2022


Índice
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

1.1. Objectivo Geral...................................................................................................1

1.2. Objectivos Específicos........................................................................................1

2. SAÚDE SEXUAL E SAUDE REPRODUTIVA.......................................................2

2.1. Sexo e sexualidade um aspecto fundamental do ser humano.............................2

2.2. Direitos sexuais e reprodutivos...........................................................................3

2.3. Violência sexual e violência baseada no género.................................................5

2.4. Epidemia global do HIV SIDA...........................................................................8

2.5. O HIV e SIDA em Moçambique........................................................................9

3. METODOLOGIA DE PESQUISA..........................................................................11

4. CONCLUSÃO.........................................................................................................12

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................13
1

1. INTRODUÇÃO
A saúde sexual é como bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado à
sexualidade. Ela engloba não só aspectos específicos da saúde reprodutiva, como ter controlo
sobre a fertilidade individual por meio do acesso à contracepção e ao aborto, e livre de
Infecções Sexualmente Transmissíveis, disfunção sexual e sequelas relacionadas à violência
sexual, mas também a possibilidade de ter experiências sexuais seguras e prazerosas, sem
coerção, discriminação e violência. A violência sexual é um problema que afecta várias
sociedades, que tem gerado o HIV/SIDA no mundo inteiro. Moçambique não é uma
excepção.

Numa sociedade marcada por fortes desigualdades de género, como a nossa, as


mulheres são as principais afectadas por este tipo de violência. Contudo, este não é um
problema limitado às mulheres. As estratégias de desenvolvimento e combate a pobreza neste
país não resultarão se este tipo de violação continuar invisível e impune. Leis são importantes
porque definem as regras sociais e podem oferecer a estrutura de base para implementação de
políticas, programas e serviços relacionados à saúde sexual.

Nestes moldes, o presente trabalho tem o intuito de abordar sobre a Saúde Sexual e
Saúde Reprodutiva, olhando particularmente para o contexto global e num contexto
Moçambicano. Quanto a estrutura deste trabalho, é constituída por três partes,
detalhadamente: Introdução, onde o trabalho faz abordagem superficial do tema, os objectivos
e a metodologia para a concretização do mesmo. Após isso segue-se com o referencial teórico
que elucida-se os conceitos básicos dos autores que já estudaram o assunto, após isso a
pesquisa irá apresentar as conclusões e por fim as fontes.

1.1. Objectivo Geral

 Analisar a Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva

1.2. Objectivos Específicos

 Conceptualizar o Sexo e Sexualidade;


 Mencionar os direitos sexuais e reprodutivos;
 Aludir sobre a violência sexual e violência baseada no género;
 Descrever a situação da Epidemia global do HIV SIDA;
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 Descrever a situação do HIV e SIDA em Moçambique.

2. SAÚDE SEXUAL E SAUDE REPRODUTIVA

2.1. Sexo e sexualidade um aspecto fundamental do ser humano


De acordo com OMS (2006), a sexualidade é uma energia que motiva o ser humano na
procura do amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos,
movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia
pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde
física e mental.

O termo sexo diferencia com a sexualidade, isto é, sexo se refere a definição dos
órgãos genitais, masculino ou feminino, ou também pode ser compreendido como uma
relação sexual, enquanto o conceito de sexualidade está ligado personalidade de cada um, é
uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros
aspectos da vida. Sexualidade não é sinónima de coito (relação sexual) e não se limita à
ocorrência ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso, é a energia que motiva a
encontrar o amor, contacto e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das
pessoas, e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos,
sentimentos, acções e interacções e, portanto a saúde física e mental. Se saúde é um direito
humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano
básico." (Who Technical Reports Series, 1975 citado em João, 2019). Portanto, a sexualidade
é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e inclui o sexo, género, identidades e
papéis, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução.

O sexo faz parte da sexualidade, que é um fenómeno bem abrangente. Tendo ou não
relações sexuais, todo mundo sempre será uma pessoa “sexuada”, pois todas as pessoas,
independentemente de quais condições, são serem dotadas de sexualidade. Assim, são capazes
de sentir o bem-estar, diante de sensações prazerosas tácteis, sensações confortantes diante da
afectividade e acolhimento amoroso, vindo de relacionamentos conjugais ou mesmo fraternos
ou de amizade (Maia, s/d).

De acordo com João, (2019) a sexualidade se manifesta ao longo da vida do ser


humano, desde do nascimento, na infância, na adolescência, na juventude, na vida adulta, na
maturidade e no envelhecimento. A forma como isso ocorre varia de pessoa para pessoa e de
diferentes condições vinculadas a diferentes contextos, como, por exemplo, o contexto social
3

e económico (diferentes culturas e momentos históricos), o contexto familiar (valores morais


e religiosos), o contexto subjectivo (questões emocionais e cognitivas), entre outras.

De acordo com Maia, (s/d, Pp. 3-5).

[…] na infância, a sexualidade se expressa por meio de curiosidades, questionamentos,


exploração do próprio corpo e do outro, reconhecimento das diferenças sexuais. É o
erotismo infantil marcado pelo diálogo sobre sexo, ocorrências de masturbação
individual e jogos ou brincadeiras sexuais. A adolescência, fase que começa na
puberdade e termina quando se assumem papéis de adultos, é um período muito
importante para a sexualidade, pois é quando descobrimos e vivenciamos nossas
escolhas amorosas e sexuais e nos reconhecemos como sujeitos sexuados no mundo.
Nessa fase, reconhecemos nossa identidade pessoal, assumindo nossos desejos e forma
de sentir e amar…. […] o adulto (já com o corpo físico desenvolvido) precisa
enfrentar novos desafios da sexualidade: o cuidado de si e do outro, a maternidade e a
paternidade, a possível relação conjugal, as experiências mais amadurecidas da
resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo), escolha das práticas sexuais e as
manifestações e as condições da identidade sexual que nem sempre condizem com as
regras e padrões definidos pela sociedade. No envelhecimento, o corpo, que nunca
deixa de ser sexuado, passa por transformações, pois deixa de ser reprodutivo, o que
implica em uma série de mudanças para homens e mulheres.

Portanto, a sexualidade envolve: bem-estar físico, emocional e social, formando a


saúde global do ser, sendo propulsora de qualidade de vida. Entretanto, muitos reduzem
sexualidade a sexo, sendo sexo multidimensional e é primordial para edificação da formação
da personalidade, com características próprias que não se confundem, nem se iguala aos
outros seres, a sexualidade humana personaliza e socializa os homens e mulheres (João,
2019).

2.2. Direitos sexuais e reprodutivos


Os direitos são um conjunto de leis ou princípios que regulam as relações sociais, ou
seja, são as normas criadas em cada sociedade para orientar a vida em comum: o que se pode
ou não fazer, que garantias os cidadãos e cidadãs têm do Estado, definindo o que é importante
e quais são as responsabilidades de cada um (Corrêa, 2003).
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Os direitos sexuais, são direitos a uma vida sexual com prazer e livre de
discriminação, de acordo com a Política Nacional de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos
(2011) Os direitos sexuais e reprodutivos estão consagrados na Constituição da República e
outra legislação do nosso país e incluem os seguintes aspectos:

a) Todos os cidadãos têm direito à assistência médica e sanitária e o dever de promover e


defender a saúde pública (Artigo 89 da Constituição);
b) Todos os cidadãos têm direito à igualdade de acesso à assistência médica através do
Serviço Nacional de Saúde, nos termos do artigo 116 da Constituição da República;
c) Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos
aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de
nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão
ou opção política (artigo 35 da Constituição da República);
d) Igualdade de Género. O Homem e a Mulher são iguais perante a lei em todos os
domínios da vida política, económica, social e cultural, nos termos do artigo 36 da
Constituição da República;
e) A maternidade é dignificada e protegida nos termos da Constituição e demais
legislação ordinária em vigor no Ordenamento Jurídico Moçambicano (artigo 120 da
Constituição da República);
f) A Lei do Trabalho e o Estatuto Geral dos Funcionários do Estado, garante a protecção
da mulher trabalhadora nas situações de gravidez e de amamentação, nos termos do
previsto na Lei nº 8/98 de 20 de Julho (Artigos 74 e 75) da Lei do Trabalho; e do
Decreto nº 14/87 de 20 de Maio que aprova o Estatuto Geral dos Funcionários do
Estado;
g) A lei garante a gratuitidade dos cuidados médicos durante a gravidez, parto,
transferência e internamento (artigo 5, Lei nº 4/87 de 19 de Janeiro e Lei nº 2/77 de 19
de Janeiro - Lei da socialização da medicina). A lei também garante a gratuitidade dos
cuidados preventivos, que inclui o planeamento familiar e atenção à criança até aos 5
anos;
h) Resolução nº 4/95 de 11 de Julho que aprova a política do Governo, com forte enfoque
para a Saúde da Mulher e da Criança;
i) Política da população, aprovada pela resolução nº 5/99 de 13 de Abril, que estipula
como objectivo prioritário contribuir para o aumento da esperança de vida ao nascer
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dos Moçambicanos, adoptando como estratégia a redução da mortalidade materna e


infantil;
j) A Resolução nº 4/96 de 20 de Março do Conselho de Ministros aprovou a Política
Nacional da Juventude, que reconhece o direito dos jovens à informação, educação e
acesso aos serviços integrados de Saúde Sexual e Reprodutiva.

Ainda na perspectiva da PNSDSR (2011) os direitos sexuais e reprodutivos estão


também consagrados em várias convenções que Moçambique subscreveu, entre elas a
CIPD/Cairo que os definiu da seguinte forma:

a) O direito de adolescentes, homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a


métodos eficientes, seguros, aceitáveis e financeiramente compatíveis de planeamento
familiar, assim como a outros métodos de regulação da fecundidade à sua escolha e que
não contrariem a lei, bem como o direito de acesso a serviços adequados de saúde que
propiciem às mulheres condições de gestação e parto seguros, proporcionando aos
casais uma melhor probabilidade de ter um filho sadio;
b) Em relação ao aborto: A lei do aborto actualmente em vigor penaliza a mulher e o
profissional que realiza o aborto [Código penal art.358 de 1886] com 2 a 8 anos de
prisão.

Contudo, os direitos reprodutivos e os direitos sexuais são inseparáveis, já que


garantem o livre exercício da sexualidade e a autonomia para as decisões das pessoas no que
se refere à vida sexual e à reprodução, bem como assumir as responsabilidades dessas
decisões.

2.3. Violência sexual e violência baseada no género


A Organização Mundial de Saúde (2002) define a violência o uso intencional da força
física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um
grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão,
morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

Segundo o dicionário Houaiss, (2001, p. 2866 apud Balbinotti, 2008, p. 03) “a


violência é “o ato ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou
intimidação moral contra (alguém) ”. A violência sexual pode ocorrer de várias maneiras,
como o abuso sexual sem contacto físico, que se divide em assédio sexual que são propostas
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de relações feitas pelo(a) autor(a) da agressão, a vítima no caso a criança ou adolescente é


chantageada e ameaçada.

A violência sexual é um problema que afecta várias sociedades, no mundo inteiro.


Moçambique não é uma excepção. De acordo com a Lei 29/2009 sobre Violência Doméstica
praticada contra a Mulher aborda a Violência Sexual como:

“Qualquer conduta que constrange a praticar, a manter ou a participar de relação


sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coacção ou uso da força; que a
induza a comercializar ou utilizar de qualquer modo a sua sexualidade, que a impeça
de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimónio, à gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante coacção, chantagem, suborno ou manipulação; ou
que limite ou anule o exercício dos seus direitos sexuais [e] reprodutivos.”

Portanto, este problema ainda é pouco discutido. A violência sexual abrange estupro
dentro de um relacionamento; estupro por pessoas desconhecidas ou até mesmo conhecidas;
tentativas sexuais indesejadas ou assédio sexual, que podem acontecer na escola, no local de
trabalho e em outros ambientes; violação sistemática e outras formas de violência,
particularmente comuns em situações de conflito armado (como a fertilização forçada); abuso
de pessoas com incapacidades físicas ou mentais; estupro e abuso sexual de crianças e formas
“tradicionais” de violência sexual, como casamento ou coabitação forçada (Balbinotti, 2008).

A violência baseada no género (VBG) é um termo genérico que designa qualquer ato
prejudicial perpetrado contra a vontade de uma pessoa baseado em diferenças socialmente
atribuídas entre homens e mulheres em razão de seu sexo biológico ou de sua identidade de
género (Guerreiro e Mazoni, 2020).

A VBG reflecte a desigualdade subjacente e sistemática, associada à distribuição


desigual de poder entre homens e mulheres e às normas enraizadas e expectativas rígidas
sobre os papéis de género. É considerada uma manifestação dessas relações desiguais de
poder historicamente definidas, que afecta principalmente mulheres e meninas desde antes de
seu nascimento até à sua velhice, podendo a sua subordinação ser ou não absoluta, e podendo
ter variações de acordo com a cultura e região3. Inclui actos que infligem dano ou sofrimento
físico, sexual ou mental, ameaças de tais actos, coerção e outras privações de liberdade e
económicas. Esses actos podem ocorrer em público ou em privado Plano Nacional de
Prevenção e Combate à Violência Baseada no Género em Moçambique (2018). A VBG
7

ocorre em todos os países do mundo e manifesta-se com maior incidência contra mulheres e
meninas (Guerreiro e Mazoni, 2020).

Conforme o autor acima, a VBG é uma das violações de direitos humanos mais
predominantes no mundo e não conhece fronteiras sociais, económicas ou geográficas.
Mundialmente, estima-se que uma em cada três mulheres já sofreu abuso físico ou sexual por
parte de parceiros ou terceiros ao longo da sua vida. A violência baseada no género é um
obstáculo à concretização dos objectivos da promoção da igualdade de género e autonomia
das mulheres, impede o desenvolvimento de uma sociedade harmoniosa, dificulta e anula o
gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais.

De acordo com PNPCVBGM (2018), a violência contra a mulher e rapariga atinge


grandes proporções e diversas formas, sendo as mais comuns, a agressão física, a violência
sexual, uniões forçadas e outras formas que atentam contra a liberdade e autonomia de
mulheres e raparigas. Globalmente, a Violência Baseada no Género pode assumir diversas
formas interrelacionadas, físicas, sexuais, psicológicas e económicas.

A VBG prejudica a saúde, a dignidade, a segurança e a autonomia das suas vítimas e


geralmente permanece envolta numa cultura de silêncio. Os efeitos da VBG nas mulheres e
raparigas são severos, intensos e duradouros. Segundo Guerreiro e Mazoni, (2020) estes
podem ser de natureza física, psicológica, social ou socioeconómica, afectando a:

 Saúde física, sexual e reprodutiva, incluindo gravidez forçada e indesejada e infecções


sexualmente transmissíveis (por exemplo, HIV), e até a morte;
 Saúde psicológica, incluindo trauma, perda de auto-estima ou até depressão.

Os efeitos da VBG também se reflectem ao nível:

 Económico, incluindo perda de produtividade, agravamento da pobreza e diminuição dos


níveis de rendimento nacional;
 Social, incluindo rejeição social e comunitária, estigmatização, disposição para a
violência (principalmente pelos rapazes) e aceitação da violência (principalmente pelas
raparigas).
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2.4. Epidemia global do HIV SIDA


O HIV é uma infecção crónica que tem um profundo impacto no desenvolvimento
socioeconómico a nível individual, da família, da comunidade e dos países (Zhang et al.,
2012, Okamura, 2016).

O Programa Conjunto das Nações Unidas em HIV/SIDA (UNAIDS) estimou que em


2013, 35 milhões de pessoas em todo o mundo estavam a viver com HIV. Deste total, cerca
de 71% vivem na África Subsaariana, sendo considerada a região mais afectada pela epidemia
(UNAIDS, 2014). A epidemia varia entre as regiões e países. Actualmente, quinze países
respondem por 75% da carga global da epidemia e dez deles encontram-se na África
Subsaariana.

O número de infectados aumenta consideravelmente a cada ano. No presente, 12,9


milhões de pessoas em todo o mundo estão a receber tratamento anti-retroviral. Os esforços
para conter a epidemia fizeram com que houvesse avanços na oferta de serviços e
medicamentos anti-retrovirais, entretanto, 42 países da África Subsaariana ainda têm uma
cobertura de ARV igual ou inferior a 40%. Somado a este factor, há o contínuo aumento de
novos casos de infecção, que embora tenham decrescido em 33% entre 2005 a 2013,
continuam com índices bastante elevados. Em 2013, ocorreram 1,5 milhões de novas
infecções pelo HIV somente na África subsaariana, sendo que a África do Sul, Nigéria e
Uganda respondem por quase 48% de todas as novas infecções da região (UNAIDS, 2014).

Adicionalmente, 80% dos dezasseis milhões de mulheres acima dos 15 anos que
vivem com HIV, encontram-se também na África Subsaariana. Nesta região, o principal
factor impulsionador da epidemia são as transmissões heterossexuais, característico de um
cenário epidemiológico generalizado. As relações múltiplas concorrentes (Pettifor et al., 2005,
citado em Okamura, 2016), violência baseada no género e sexo transaccional e intergeracional
são alguns dos factores relacionados ao aumento da vulnerabilidade e do risco de infecção
pelo HIV entre raparigas adolescentes e mulheres jovens.

Já em outras regiões do mundo, o sexo masculino é o mais afectado, e reflecte a


característica de uma epidemia concentrada em determinados grupos, denominados como
populações chaves (UNAIDS, 2014), e nesse grupo encontram-se profissionais do sexo e seus
clientes, homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas injectáveis (Strathdee and
Stockman, 2010, citado em De acordo com Okamura, 2016).
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De acordo com o sobre HIV/SIDA (2022) mostra que os esforços para assegurar que
todas as pessoas vivendo com HIV estejam a aceder ao tratamento anti-retroviral que salva
vidas estão a fracassar. O número de pessoas em tratamento do HIV desacelerou em 2021 do
que em mais de uma década. E enquanto três quartos de todas as pessoas vivendo com HIV
têm acesso ao tratamento anti-retroviral, aproximadamente 10 milhões de pessoas não têm e
apenas metade (52%) das crianças vivendo com HIV têm acesso a medicamentos que salvam
vidas. A diferença na cobertura do tratamento do HIV entre crianças e adultos está a aumentar
em vez de diminuir.

Conforme o relatório, a pandemia de SIDA ceifou uma vida, em média, a cada minuto,
em 2021, com 650 000 mortes por SIDA, apesar do tratamento eficaz do HIV e dos
instrumentos para prevenir, detectar e tratar infecções oportunistas.

2.5. O HIV e SIDA em Moçambique


Foi dentro de um cenário socioeconómico e político de reconstrução pós guerra e
calamidades naturais que o HIV instalou-se como uma epidemia de grande magnitude em
Moçambique. O primeiro caso de SIDA reportado foi em 1986 (República de Moçambique,
2010), e desde então a epidemia tem aumentado numa escala sem precedentes. Neste mesmo
ano, foi criada pelo então Ministro da Saúde, a Comissão Nacional da SIDA, que actuaria
como órgão de aconselhamento ao Ministério da Saúde (MISAU) na condução dos programas
de combate ao SIDA e o Centro de Coordenação da SIDA que deveria gerir a implementação
dos programas (Matsinhe, 2006, República de Moçambique, 2004).

Esta Comissão passa a ser mais operacional e efectiva a partir da sua reorganização em
1988. Adicionalmente, com a criação do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da
SIDA (PNPCS) no âmbito do MISAU, é delineado o primeiro Programa de Médio Prazo para
cobrir o período de1988 a 1990, com o apoio técnico da Organização Mundial de Saúde
(OMS). Subsequentemente, as fases II entre 1990 e 1991 e III entre 1992 e 1993 são
implementadas (Matsinhe, 2006).

Nos anos subsequentes à assinatura dos Acordos de Paz em 1992 e consequente fim da
guerra civil, o Programa Nacional de Prevenção e Controlo do SIDA é expandido para todo o
país. Por volta de 1996, a OMS sai de cena e entra o Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre o HIV/SIDA (ONUSIDA), com um mandato para dinamizar a resposta global ao
HIV/SIDA, envolvendo outras estruturas além da saúde numa bordagem multissetorial
(Matsinhe, 2006).
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Governo elaborou, com o apoio e envolvimento de diversos atores, o Plano Estratégico


Nacional I (PEN-I) o que levou à criação do Conselho Nacional de Combate ao SIDA
(CNCS), para coordenar a implementação da estratégia nacional de combate ao HIV/SIDA.
Paralelamente ao Plano Estratégico da Saúde, foi elaborado o PEN-II e PEN-III, nos anos de
2004, 2009, 2010 e 2014, com o objectivo de dar continuidade aos ciclos de planificação,
enfatizar fortemente o carácter multissectorial e destinar recursos para a sociedade civil na
implementação das acções locais. Para este plano, foram consideradas sete áreas prioritárias:
1) Prevenção; 2) Advocacia; 3) Estigma e Discriminação; 4) Tratamento; 5) Mitigação das
Consequências; 6) Investigação; 7) Coordenação da Resposta Nacional.

Moçambique, com uma epidemia predominantemente de transmissão heterossexual, é


hoje considerado um dos 10 países responsáveis por 75% da carga global da epidemia no
planeta (UNAIDS, 2014). Segundo o Inquérito Nacional de Prevalência, riscos
Comportamentais e Informação sobre o HIV/SIDA realizado em 2009, o primeiro estudo de
base populacional feito no país, a prevalência nacional é de 11,1% nos adultos entre 15 a 49
anos de idade, com grandes variações regionais. A região sul e centro possuem as maiores
prevalências com 17.8 % e 12,5% respectivamente e a região norte é a mais baixa com 5,6%.
Dentre as províncias, Gaza detém a maior prevalência com 25,1% e Niassa a menor
prevalência com 3,7%, mostrando uma grande diferença entre elas, (INS et al., 2010). Entre
adultos de 15 a 49 anos de idade, e desagregando por sexo, a prevalência entre as mulheres é
de 13.1% e de 9.2% entre os homens. As áreas urbanas apresentam uma prevalência de 15.9%
nesta mesma faixa etária, ao passo que nas áreas rurais é de 9.2%. No caso dos jovens de 15 a
24 anos de idade, a prevalência entre as raparigas é 3 vezes maior que entre os rapazes, (INS,
INE & GTM, 2011).
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3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Para realização deste trabalho utilizou-se da revisão bibliográfica, em que permitiu a
elaboração do quadro teórico conceptual, através de manuais, artigos científicos, dissertações,
monografias, aulas e revistas científicas referentes a conceitos de saúde e sexualidade.

Esta técnica é um procedimento exclusivamente teórico, compreendida como a junção,


ou reunião, do que se tem falado sobre determinado tema. Como ensina Fonseca (2002) a
pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web
sites. Entretanto, existem pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objectivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta.
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4. CONCLUSÃO
Ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, olhou-se nos conceitos do sexo e da
sexualidade, com estes dois termos foi possível perceber que o sexo esta ligado a definição
dos órgão genitais, ou também pode ser uma relação sexual, enquanto o conceito de
sexualidade está ligado a tudo aquilo que somos capazes de sentir e expressar.

Ficou evidente que a saúde sexual requer uma abordagem positiva face à sexualidade e
à possibilidade de ter experiências sexuais seguras e prazerosas, livres de coerção,
discriminação e violência.

Também percebeu-se que a violência sexual e a violência relacionada à género


ocorrem em todas as partes do mundo. Algumas pessoas podem ser especialmente vulneráveis
a violências desse tipo, incluindo mulheres, crianças, pessoas sob custódia, pessoas com
deficiências e/ou pessoas cuja orientação sexual ou identidade de género real ou percebida é
considerada inaceitável. A violência de qualquer forma é prejudicial à saúde mental e física,
assim como a outros aspectos do bem-estar.

Por outro lado, a violência sexual pode facilitar a transmissão de HIV. Conforme a Lei
29/2009 sobre a violência doméstica também prevê (art.18) penas no caso de cópula que
resulte numa infecção de transmissão sexual, incluindo o HIV. Portanto em Moçambique a
pandemia de SIDA ceifou uma vida, em média, a cada minuto, em 2021, com 650 000 mortes
por SIDA, apesar do tratamento eficaz do HIV e dos instrumentos para prevenir, detectar e
tratar infecções oportunistas.
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5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Balbinotti, C. (2008). A violência sexual infantil intrafamiliar: a revitimização da criança e
do adolescente vítimas de abuso. Rio Grande do Sul.

Corrêa, S. (2003). Direitos Sexuais e Reprodutivos: pauta global e percursos brasileiros.


Brasil. Campinas, SP: Editora da Unicamp.

Guerreiro, S., e Mazoni, N. (2020). Manual de formação sobre violência baseada no género
na Guiné-Bissau. GUINÉ-BISSAU: Grupo Banco Mundial.

INS, INE & GTM (2011). Vigilância Epidemiológica do HIV e seu Impacto Demográfico em
Moçambique: Actualização, Ronda 2009. Maputo: GTM.

João, P. (2019). A importância da sexualidade humana e o prazer feminino. Disponível em:


https://rsaude.com.br/. Acesso no dia 05 de Novembro de 2015.

Lei n.º 29/2009, Sobre a Violência Doméstica Praticada contra a Mulher.

Maia, Ana. (s/d). Sexualidade e educação sexual. Faculdade de Ciências da Unesp.

Matsinhe, C. (2006). Tábula Rasa: Dinâmica da Resposta Moçambicana ao HIV/SIDA,


Maputo: Textos Editores. Lda.

O.M.S. (2006). Relatório Mundial da Saúde - Saúde Mental: Nova concepção, nova
esperança. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde.

O.M.S. (2022). Relatório sobre HIV/SIDA no Mundo Alerta sobre o Aumento de Infecções e
Redução de Recursos para o Combate da Epidemia. Disponível em:
https://mozambique.un.org/pt. Acesso no dia 05/10/2022.

Okamura, M. (2016). Avaliação de um Projecto de Fortalecimento das Capacidades para


Resposta ao HIV em Moçambique: Universidade Nova de Lisboa.

PNPCVBGM (2018). Plano nacional de prevenção e combate à violência baseada no género


2018-2021. Moçambique: República De Moçambique.

PNSDSR. (2011). Política Nacional de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Maputo.


República De Moçambique.
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UNAIDS. (2004). Women and HIV/AIDS: Confronting the Crisis.

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