Você está na página 1de 15

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Contribuição da Disciplina de Habilidades de Vida, Saúde Sexual e


Reprodutiva, Género e HIV para uma vida saudável

Anita Tomas Lopes - 708220487

Curso: Licenciatura em Ensino de Matemática


Disciplina: Habilidades de Vida e Saúde
Sexual, Reprodutiva, Género HIV-SIDA
Ano de Frequência: 2º Ano

Beira, Setembro de 2023


Índice

Capitulo I: Introdução.......................................................................................................................1

1.1 Objectivos:..................................................................................................................................2

1.2. Metodologia...............................................................................................................................2

CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica..........................................................................................3

2.1 Personalidade..............................................................................................................................3

2.2 Sexualidade e Saúde...................................................................................................................3

2.3 Falando sobre Anticonceptivos..................................................................................................5

2.4 Habilidades de Vida...................................................................................................................7

2.5 O papel individual e social e seu impacto nas comunidades face a Problemática do HIV-SIDA
..........................................................................................................................................................9

2.6 A concepção das Infecções Sexualmente Transmissíveis........................................................10

CAPITULO III: Considerações finais............................................................................................11

3. Conclusão...................................................................................................................................11

4. Referencias Bibliográficas..........................................................................................................12
Capitulo I: Introdução

O presente trabalho de pesquisa far-se-á uma abordagem sequencial das unidades, explicando de
que modo os conteúdos do Modulo de Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reprodutiva, Género
e HIV no geral contribuem para uma vida Saudável.

A atenção em saúde sexual e em saúde reprodutiva é uma das áreas de actuação prioritárias da
atenção Básica à saúde. Deve ser ofertada observando-se como princípio o respeito aos direitos
sexuais e aos direitos reprodutivos.

Desenvolver esse trabalho não é tarefa simples, tendo em vista a alta complexidade que envolve o
cuidado dos indivíduos e famílias inseridos em contextos diversos, onde é imprescindível realizar
abordagens que considerem os aspectos sociais, económicos, ambientais, culturais, entre outros,
como condicionantes e/ou determinantes da situação de saúde.

Este trabalho está estruturado em três (3) capítulos fundamentais: sendo, o I capítulo que
apresenta aspectos introdutórios como: a introdução do trabalho, os objectivos (geral e
específicos) e a metodologia usada na realização do trabalho. O IIº capítulo comporta a
fundamentação teórica. Por fim o III e o último capítulo, neste são apresentadas as conclusões
obtidas após a realização da pesquisa, seguido das referências bibliográficas que foram usadas
para o desenvolvimento do trabalho.

1
1.1 Objectivos:

1.1.1 Objectivo geral:

Conhecer a importância do estudo de Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reprodutiva, Género


e HIV&SIDA.

1.1.2 Objectivos Específicos:

 Conceituar a Saúde sexual e reprodutiva;


 Explicar de que modo a disciplina Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reprodutiva, Género
e HIV&SIDA contribuem para uma vida Saudável;
 Dar exemplos concretos da vida real na comunidade.

1.2. Metodologia

Para a concretização dos objectivos do presente trabalho de pesquisa, foram usadas como
metodologias o trabalho de campo e pesquisa bibliográfica.

De acordo com Michel (2000, p.3) a pesquisa bibliográfica consiste: Na definição de objectivos e
levantar informações sobre o assunto em estudo. Entretanto, o estudo exploratório ou pesquisa
bibliográfica pode ser considerado uma forma de pesquisa, na medida em que se caracteriza pela
busca, recorrendo a documentos, de uma resposta a uma dúvida, uma lacuna de conhecimento.

2
CAPÍTULO II: Fundamentação Teórica

2.1 Personalidade

A personalidade é o que nos somos, o que gostamos de ser, fazer e ter, é aquilo que queremos
parecer aos outros. A personalidade desenvolve-se durante a vida, e é influenciada por factores
físicos, psicológicos, psíquicos, culturais e morais.

Estes factores interligam-se dependendo de como o indivíduo se adapta ao ambiente, em que a


pessoa vive, ao longo do tempo da vida.

A personalidade de um indivíduo interfere em todas as suas acções e na maneira como as outras


pessoas o vêem, afinal a personalidade é o conjunto de acções psicológicas que dita a forma de
pensar, agir e sentir de cada um.

É difícil lidar com diferentes modos de enxergar um mesmo ponto, ainda mais quando esta
situação é levada ao âmbito profissional onde existem diversas áreas, pessoas e cenários distintos.
Entender e compreender a personalidade própria, bem como a das pessoas ao redor pode ser a
chave do sucesso.

Segundo John D. Mayer professor de psicologia na Universidade de New Hampshire e um dos


co-desenvolvedores da teoria sobre inteligência emocional “Se você quer dar o melhor de si é
importante entrar em sintonia com sua personalidade, bem como das pessoas em torno de você”.

Além disso, para John D. Mayer é necessário prestar atenção em seu comportamento, analisar e
avaliar suas acções e alocar esforços para tentar melhorar os pontos a melhorar. Caso a auto
análise não seja suficiente prestar atenção no que as pessoas dizem a respeito de sua
personalidade pode ser útil, ainda mais se a observação for recorrente.

2.2 Sexualidade e Saúde

Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos são Direitos Humanos já reconhecidos em leis


nacionais e documentos internacionais. Os direitos, a saúde sexual e a saúde reprodutiva são
conceitos desenvolvidos recentemente e representam uma conquista histórica, fruto da luta pela
cidadania e pelos Direitos Humanos.

3
A sexualidade diz respeito a um conjunto de características humanas que se traduz nas diferentes
formas de expressar a energia vital, chamada por Freud de libido, que quer dizer energia pela
qual se manifesta a capacidade de se ligar às pessoas, ao prazer/ desprazer, aos desejos, às
necessidades, à vida.

Comumente, as pessoas associam sexualidade ao ato sexual e/ou aos órgãos genitais,
considerando-os como sinónimos. Embora o sexo seja uma das dimensões importantes da
sexualidade, esta é muito mais que actividade sexual e não se limita à genitalidade ou a uma
função biológica responsável pela reprodução (NEGREIROS, 2004).

A sexualidade é uma das dimensões do ser, em outras palavras: cada um de nós tem uma
identidade sexual que integra o modo de ser de cada um e que é inseparável da nossa humanidade
(Deputte, 1997; Thaler-Demers, 2001 apud Lourenço, 2002).

De acordo com as definições da OMS, a sexualidade é vivida e expressa por meio de


pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e
relacionamentos.

Dessa forma, é fundamental valorizar, promover e incentivar o autoconhecimento, que implica


buscar conhecer a si próprio, os valores, o modo de ver e viver a vida e as relações com os outros,
em tomar contacto com os sentimentos, em conhecer o corpo e em identificar as potencialidades
e dificuldades/bloqueios de diversas ordens. Da mesma forma, é importante estimular a
construção de relacionamentos que contribuam para o crescimento pessoal, que ajudem na
superação das dificuldades e fortaleçam a auto-estima.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde sexual como um estado físico, emocional,
mental e social de bem-estar em relação à sexualidade; não é meramente ausência de doenças,
disfunções ou debilidades. A saúde sexual requer abordagem positiva e respeitosa da sexualidade,
das relações sexuais, tanto quanto a possibilidade de ter experiências prazerosas e sexo seguro,
livre de coerção, discriminação e violência.

A saúde sexual é um tema importante a ser incorporado às acções desenvolvidas na Atenção


Básica, com a finalidade de contribuir para uma melhor qualidade de vida e de saúde das pessoas.
Tradicionalmente, as questões relacionadas à saúde sexual são pouco ou mesmo não são
abordadas.
4
Os profissionais de saúde, em geral, sentem dificuldades de abordar os aspectos relacionados à
sexualidade ou à saúde sexual de seus pacientes. Trata-se de uma questão que levanta polémicas,
na medida em que a compreensão da sexualidade está muito marcada por preconceitos e tabus, e
os profissionais de saúde não se sentem preparados ou se sentem desconfortáveis em lidar com o
tema.

As equipes de Atenção Básica/Saúde da Família até mesmo o modulo de Habilidades de


Vida, Saúde sexual e Reprodutiva, Género e HIV&SIDA têm um papel fundamental na
promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva e na identificação das dificuldades e disfunções
sexuais, tendo em vista a sua actuação mais próxima das pessoas em seu contexto familiar e
social.

O Ministério da Saúde define Atenção Básica como um conjunto de acções, no âmbito


individual ou colectivo, que abrange a promoção e a protecção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.

2.3 Falando sobre Anticonceptivos

A atenção em anticonceptivo pressupõe a oferta de informações, de aconselhamento, de


acompanhamento clínico e de um leque de métodos e técnicas anticoncepcionais, cientificamente
aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, para homens, mulheres, adultos
e adolescentes, num contexto de escolha livre e informada.

Na atenção em anticonceptivo, é muito importante oferecer diferentes opções de métodos


anticoncepcionais para todas as etapas da vida reprodutiva, de modo que as pessoas tenham a
possibilidade de escolher o método mais apropriado às suas necessidades e circunstâncias de
vida. Nesta ordem de ideia, o módulo de Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reprodutiva,
Género e HIV tem como principais Contribuições para uma vida Saudável, as seguintes:

Primeiro não se pode prevenir nada sem ter informações e as unidades do módulo nos dão
grandes informações. Um dos grandes exemplos é o alto índice de gravidez precoce e indesejada
nas comunidades, falta de aderência aos centros de saúde para saber o seu estado de saúde, a
perca da identidade cultural e o alto índice de infecção por doenças de transmissão sexual, buli e
discriminação nas escolas, entre outros.

5
 Contribui para que os estudantes possam desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e
responsabilidade. Essas unidades vinculam-se ao exercício da cidadania na medida em que,
de um lado, se propõe a trabalhar o respeito por si e pelo outro, e, por outro lado, busca
garantir direitos básicos a todos, como a saúde, a informação e o conhecimento, elementos
fundamentais para a formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades.
 O enfoque educativo, que é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção prestada
em saúde sexual e saúde reprodutiva. Educar é um processo de construção permanente.
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção.
 Estimular as mulheres e os homens, adultos e adolescentes ao conhecimento e ao cuidado de
si mesmos, fortalecendo a auto-estima e a autonomia, contribuindo para o pleno exercício dos
direitos sexuais e dos direitos reprodutivos.
 Compreender a busca de prazer como uma dimensão saudável da sexualidade humana;
 Proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores;
 Agir de modo solidário em relação aos portadores do HIV e de modo prepositivo na
implementação de políticas públicas voltadas para prevenção e tratamento das doenças
sexualmente transmissíveis/SIDA;
 Conhecer e adoptar práticas de sexo protegido, ao iniciar relacionamento sexual.
 Evitar contrair ou transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o vírus da SIDA;
 Procurar orientação para a adopção de métodos contraceptivos, evitando desde modo a
gravidez precoce ou indesejada.

O tema sexualidade está presente no quotidiano de todas as pessoas. Tão importante quanto
polémica, a abordagem da educação sexual é de suma importância para a qualidade e efectividade
da atenção em saúde sexual e saúde reprodutiva. Devido à sua importância, deve, além de contar
com acções específicas, transversalizar as acções da equipe de saúde, na escuta aos usuários do
serviço.

Abordar a temática saúde sexual e saúde reprodutiva sob enfoque educativo significa ofertar
oportunidades aos usuários de falarem sobre o que pensam do amor, do preconceito, da amizade,
da família, da cidadania, do namoro, do “ficar”, da virgindade, das doenças sexualmente
transmissíveis, da raiva, da violência, das drogas, do sexo, da fome, da desigualdade, da arte, do
6
medo, da gravidez desejada ou indesejada etc. Por tudo isso, abordagens colectivas, ou melhor,
conversas colectivas sobre esse assunto tornam-se fundamentais.

2.4 Habilidades de Vida

Com o objectivo de fomentar a implementação de acções voltadas para a promoção de saúde, a


OMS (1997) propõe a realização de programas baseados no modelo de habilidades de vida,
considerado uma estratégia na redução de comportamentos de risco e para o aumento dos
cuidados com a saúde física e mental.

De acordo com Castellanos (2001), a iniciativa da OMS em inserir o modelo de habilidades de


vida nas escolas deve-se às mudanças ocorridas nos últimos anos na cultura mundial, o que tem
reflectido nos estilos de vida da população. Em função dessas transformações observa-se que
crianças e adolescentes de hoje não estão suficientemente competentes para enfrentar os enormes
desafios e pressões do mundo contemporâneo.

A OMS (1997) sugere que o modelo de habilidades de vida consiste em favorecer o


desenvolvimento de um conjunto de dez competências, sendo agrupadas em categorias que se
complementam: habilidades sociais e interpessoais, habilidades cognitivas e habilidades para
manejar as emoções. O conjunto de habilidades psicossociais proposto, de acordo com a OMS
(1997); Fallas e Vargas (1999), Castellanos (2001); OPS (2001) e Botvin (2004) é o seguinte:

1. Auto-conhecimento: Esta habilidade pode ser entendida como a busca de perceber e


reconhecer em si próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos de maneira realista,
sendo fundamental no desenvolvimento dos adolescentes. Esta habilidade relaciona-se ao
conhecimento e aceitação de nossos pontos fortes e fracos, gostos e interesses.

2. Empatia: Pode ser conceptualizada como a capacidade em compreender as pessoas, sendo


capaz de entender o que leva um indivíduo a comportar-se de determinada maneira. Trata-se de
não julgar, antes aceitar a diferença, implicando em uma acção de solidariedade e aceitação.

3. Comunicação eficaz: Habilidade em se expressar, verbalmente ou não, de maneira apropriada


diante de diversas situações. A comunicação assertiva está relacionada a um conjunto de
pensamentos, sentimentos e acções que auxiliam o jovem no alcance de seus objectivos pessoais
de forma socialmente aceitável (Botvin, 2004).

7
4. Relacionamentos interpessoais: Trata-se da capacidade em iniciar, manter relacionamentos
de forma satisfatória, os quais são importantes para o nosso bem-estar mental e social, além de
ser capaz em terminar relações de maneira construtiva.

5. Tomada de decisões: Esta competência é compreendida pela capacidade em avaliar e


deliberar as consequências, riscos e benefícios que uma situação pode apresentar, sendo possível
escolher a melhor alternativa que propicie um maior estado de bem-estar, em detrimento daquelas
que colocam em risco a integridade do indivíduo.

6. Resolução de problemas: É a capacidade de lidar com situações que causam tensão e/ou
conflito de maneira construtiva, utilizando os recursos do próprio ambiente sem provocar danos
aos demais. Trata-se de uma competência importante, pois permite enfrentar de maneira
construtiva os problemas da vida, uma vez que os dilemas não solucionados podem se converter
em fontes de mal-estar físico e mental.

7. Pensamento criativo: É a capacidade do indivíduo em buscar alternativas viáveis, através da


flexibilidade de pensamento, com o objectivo de facilitar o manejo de situações diversas.
Consiste na habilidade em utilizar a experiência, os recursos próprios do ambiente, sendo
possível manejar os recursos do próprio pensamento como imaginar, inventar, recriar e observar.

8. Pensamento crítico: Pode ser entendida como a habilidade de reflectir, analisar e examinar as
situações da vida pessoal e social a partir de diferentes ângulos, perspectivas e opiniões. Esta
competência contribui de certa maneira para o bem-estar de cada um na medida em que permite
reconhecer os factores positivos, negativos, internos e externos que influenciam nossas atitudes e
comportamentos, o que aumenta a capacidade para se resolver de maneira assertiva as
dificuldades encontradas. O indivíduo crítico é capaz de fazer perguntas e não aceitar os
acontecimentos sem desenvolver uma análise cuidadosa em termos de evidência, razões e
suposições.

9. Lidar com os sentimentos e emoções: Esta habilidade auxilia no reconhecimento das


emoções, perceber sua origem e identificar a maneira como estas influenciam os
comportamentos, além de identificar melhores maneiras de expressá-las.

10. Lidar com o estresse: Trata-se da habilidade em reconhecer, avaliar possíveis fontes de
estresse, encontradas em diferentes cenários da vida, além de identificar possíveis alternativas
8
para reduzi-las, como realizar mudanças em relação ao ambiente ou ainda ligadas ao estilo de
vida. Implica ainda a capacidade em solicitar auxílio familiar, de amigos e, caso necessário, apoio
profissional, na tentativa de resolver as situações geradoras de tensão.

O ensino de habilidades de vida possibilita que os adolescentes tenham a oportunidade de


adquirir novos conhecimentos, além de influenciar directamente na formação de seus valores e
atitudes. Castellanos (2001) considera que a menos que os indivíduos aprendam como
desenvolver sua capacidade de sentir empatia e relacionar-se com os demais, a busca por
trabalhar de modo exclusivamente abstracto o valor da solidariedade corre o risco de permanecer
como uma aproximação meramente filosófica e teórica no ensino de valores.

2.5 O papel individual e social e seu impacto nas comunidades face a Problemática do HIV-
SIDA

Apesar dos esforços de prevenção até a data desenvolvidos no sentido de reduzir a progressão da
epidemia do HIV/SIDA em Moçambique, novos casos continuam a aparecer. As campanhas de
IEC não se têm traduzido em mudança de comportamento. Um dos principais argumentos para a
falta de eficácia das campanhas em sido a natureza das mensagens difundidas, cujo conteúdo é
muitas vezes culturalmente inadequado, não produzindo, por isso, a desejada mudança de
comportamento.

Hoje ninguém contesta que o HIV/SIDA além de ser uma questão médica e epidemiológica é
também um fenómeno com marcada dimensão cultural. A sua correcta contextualização só pode
ser feita se se tiver em linha de conta a heterogeneidade social e cultural, os padrões
institucionalizados de comportamento, os sistemas simbólicos, as estruturas de produção e
distribuição de bens e serviços e as relações de poder.

Muito embora haja outros mecanismos também reconhecidos, a progressão da epidemia está
profundamente associada à sexualidade dos indivíduos assim como ao comportamento sexual
adoptado. Mas, a forma como os indivíduos constroem e expressam a sua sexualidade é
influenciada por processos não só de natureza individual, mas também social, cultural, económica
e política. Fenómenos como ritos de iniciação, casamentos poligâmicos e tradicionais, ritos de
passagem, regimes de tabus, medicina tradicional, entre outros, são fortemente atravessados por
componentes da sexualidade.

9
2.6 A concepção das Infecções Sexualmente Transmissíveis

Segundo resultado de estudo realizado, os praticantes de medicina tradicional possuem um


conhecimento bastante vasto das ITSs e um vasto leque de tratamentos de acordo com o tipo de
doença.

Na medicina tradicional, as ITSs são interpretadas na sua maioria como resultado de violação de
códigos morais ou negligência pelas tradições. Segundo Fialho existe todo um sistema articulado
de regras e proibições que definem a rede social, o tempo e o espaço em que a sexualidade,
enquanto acto sexual, é praticada. É neste contexto que devem ser analisadas as representações
dos indivíduos sobre Saúde Sexual e Reprodutiva, particularmente as ITSs e o HIV/SIDA. Na
concepção de muitos moçambicanos, a tuberculose, por exemplo, resulta da violação de normas e
não observância de rituais de purificação, em casos de “contaminação de morte” ou “poluição”
decorrente de contacto sexual com uma mulher impura (menstruada e/ou que tenha realizado
aborto). A tuberculose é desta forma percebida como uma doença de transmissão sexual.

Em Moçambique, vários estudos têm mostrado que, as ITSs são vistas como “doenças de
mulheres”, quer dizer, estas seriam doenças transmitidas aos homens, pelas suas parceiras.
Normalmente não se contempla a hipótese de o homem poder ele próprio, também transmitir a
doença. Os estudos sugerem que apesar dos conhecimentos no geral serem razoáveis denotam-se
fragilidades por exemplo no conhecimento sobre formas de transmissão por transfusão sanguínea
e vertical de mãe para filho. Os níveis da percepção de risco ainda são preocupantes apesar de
alguns estudos terem concluído que aumentaram nos grupos mais jovens. Estes níveis são
conducentes a comportamentos de risco e ao fraco poder de negociação no uso de preservativo.

Quanto às práticas sexuais estas evidenciam a não correspondência com os níveis de


conhecimentos e atitudes e particularmente no uso do preservativo nas relações “extraconjugais”.
Consideramos ser ainda bastante baixo apesar de se terem registado melhorias ao longo dos anos.
Assumindo que o HIV é transmitido maioritariamente através do sexo desprotegido e que várias
outras variáveis poderão influenciar o uso de preservativo, pensamos que um dos factores chave
para reverter a situação da epidemia será através da indução a mudanças nos padrões de
comportamento sexual e no uso do preservativo.

10
CAPITULO III: Considerações finais

3. Conclusão

Terminado a pesquisa em relação as contribuições das unidades do modulo de Habilidade Vida,


Saúde Sexual e Reprodutiva, Género e HIV&SIDA concluímos que: As práticas educativas
tradicionais, tais como as “palestras”, não se mostram efectivas por não levarem em conta as
concepções prévias e situações de vida dos sujeitos envolvidos.

A aprendizagem significativa acontece quando aprender uma novidade faz sentido para nós.
Geralmente isso ocorre quando a novidade responde a uma pergunta nossa e/ou quando o
conhecimento novo é construído a partir de um diálogo com o que já sabíamos antes. Isso é bem
diferente da aprendizagem mecânica, na qual retemos conteúdos. Na aprendizagem significativa,
acumulamos e renovamos experiências.

As actividades educativas podem e devem ser desenvolvidas nos serviços de saúde e nos diversos
espaços sociais existentes na comunidade. Deve-se promover a participação dos homens –
adolescentes, adultos ou idosos – para promover cultura de responsabilidade compartilhada, não
sobrecarregando as mulheres.

O profissional deve sempre pautar suas acções em princípios éticos, como o respeito à autonomia
das pessoas, a privacidade, a confidencialidade e o sigilo na abordagem da sexualidade e saúde
reprodutiva.

11
4. Referencias Bibliográficas

Adolpho, M. S. (2017). A dependência emocional em casais: O amor que aprisiona; Trabalho de


Conclusão de Curso;

Ministério da Saúde. (2013). Atenção Básica – Saúde sexual e Reprodutiva, 1ª Edição, Brasília.

Negreiros, T. C. de G. M. (2004). Sexualidade e género no envelhecimento. Revista Alceu. v. 5.

Seligman, M. E. P. (2004). Felicidade autêntica: Usando a nova psicologia positiva para a


realização permanente.

Schlosser, A. (2014). Interface entre saúde mental e relacionamento amoroso: um olhar a


partir da psicologia positiva.

Tangler, E & Laissone, E. (2019). Habilidades de Vida, Saúde Sexual e Reprodutivas, Género e
HIV&SIDA, Versão CED.

12

Você também pode gostar