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Índice

1.Introdução .................................................................................................................................... 3

1.1.O objectivo geral ....................................................................................................................... 3

1.2.objetivos específicos ................................................................................................................. 3

1.3.Metodologia .............................................................................................................................. 3

2.Contribuições à terapia psicológica ............................................................................................. 4

2.1.Desenvolvimento pessoal e psicoterapia .................................................................................. 4

2.2.Metodologia psicoterapia (a dinâmica do processo) ................................................................. 5

3.Conclusão................................................................................................................................... 13

4.Bibliografia ................................................................................................................................ 14
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1.Introdução

A intersecção entre o desenvolvimento pessoal e a psicoterapia tem sido uma área de grande
interesse e pesquisa dentro do campo da psicologia. Ao longo das décadas, diversas abordagens
terapêuticas têm contribuído significativamente para o entendimento e promoção do
desenvolvimento pessoal dos indivíduos, oferecendo ferramentas e estratégias para lidar com
desafios emocionais, comportamentais e relacionais.

Este trabalho propõe-se a explorar as contribuições à terapia psicológica, com foco em duas
áreas fundamentais: o desenvolvimento pessoal e a metodologia da psicoterapia. Inicialmente,
examinaremos como a psicoterapia influência o desenvolvimento pessoal dos indivíduos,
explorando os princípios e técnicas que promovem o crescimento emocional, a resiliência e a
autenticidade.

Em seguida, abordamos a metodologia da psicoterapia, destacando a dinâmica do processo


terapêutico.

1.1.O objectivo geral

 Explorar e analisar as contribuições da psicoterapia para o desenvolvimento pessoal dos


indivíduos, destacando a importância das abordagens terapêuticas na promoção do
crescimento emocional, comportamental e relacional.

1.2.objetivos específicos

 Analisar como as técnicas e intervenções terapêuticas podem promover a resolução de


conflitos emocionais, a superação de traumas;
 Examinar os desafios e limitações enfrentados pelos terapeutas ao aplicar as diferentes
abordagens terapêuticas;
 Investigar a influência dos factores contextuais, como cultura, contexto social e histórico,
na eficácia e adaptação das abordagens terapêuticas no processo de desenvolvimento
pessoal.

1.3.Metodologia

Como método para a realização do nosso trabalho foi uma consulta bibliográfica e uso de
internet.
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2.Contribuições à terapia psicológica

A terapia psicológica é uma área ampla e diversificada, composta por uma variedade de
abordagens teóricas e práticas. As contribuições à terapia psicológica são vastas e podem ser
categorizadas de várias maneiras.

Como produto de nossas observações, a partir das teorias e técnicas de Rogers (Barros Santos,
1968) foi possível inferir que algumas diferenciações teóricas e operacionais estavam se
revelando úteis e que poderiam ser classificadas como urna posição neo-rogeriana. Tais
distinções são mais sensíveis nos seguintes pontos:

1º) Do ponto de vista teórico, a tendência ao crescimento e a auto-realização proposta por Rogers
como fundamental na motivação humana é sensivelmente ampliada com a busca de auto-
afirmação, isto é, a necessidade básica do ser humano em sentir-se alguém, em existir e em
mover-se como pessoa em um mundo que é seu.

2º) As três condições necessárias e suficientes para terapia propostas por Rogers são colocadas
de forma um tanto diferente, ou seja: a congruência e a autentiddade são mantidas e até mesmo
enfatizadas no sentido de ser o terapeuta uma pessoa clara e transparente ao cliente, vivenciando
suas experiências e seus sentimentos e expondo-os ao cliente sempre que este desejar conhecê-
Ios; a aceitação ou consideração positiva incondicional é pouco enfatizada pois sua ocorrência
pode significar um conformismo pouco pragmático ou um artificialismo que se opõe à
congruência ou autenticidade; a empatia é consideravelmente reforçada e ampliada como sendo a
mais eficaz das três condições.

2.1.Desenvolvimento pessoal e psicoterapia

Geralmente, as pessoas que procuram terapia psicológica ou a assistência de orientadores e


outros profissionais são movidas por um desejo de resolver relações conturbadas, seja no plano
familiar, conjugal, profissional, social, religioso, sexual. Ou em qualquer outra área. Não se
sentem suficientemente capazes de enfrentar os problemas com os dados da realidade em que
vivem. Outros sentem-se em constantes situações de "stress" físico ou mental. Outros, enfim,
dirigem-se à terapia para melhor e mais profundo aproveitamento de suas potencialidades;
sentem que podem ser mais do que são. Em todos os casos há um estado de incongruência em
que sobressai uma discrepância entre o Eu real e o Eu ideal, entre o Eu pessoal e o Eu social. A
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imagem de si é percebida como algo incerto; há um sentimento de incapacidade ou, por outro
lado, de injustiça, insegurança ou de medo.

Os procedimentos destinados à assistência psicológica repousam, basicamente, nos conceitos


sobre a vida mental e sobre os determinantes do comportamento. Nesses referenciais incluem-se,
igualmente, a psicopatologia e a acepção do que é "normal", "útil" ou "desejável". Mowrer (in
Pennington & Berg, 1954) apresenta excelente súmula das diferentes posições em que se coloca
o comportamento normal, visto pela estatística, pela psicologia, pela filosofia e pela teologia e
pelo qual se infere que as influências culturais nessa conceituação parecem ser dominantes.

Actualmente, com a ênfase nos direitos humanos, nos conceitos de liberdade individual e de livre
opção, para não se falar na, teologia do prazer, os caminhos terapêuticos parecem abrir-se no
sentido de considerar normal, útil ou desejável aquilo que assim parece à pessoa. Dá-se a esta a
opção e, em consequência, a direcção do processo assistencial nem sempre se destina a "curar".
O alvo transforma-se em desenvolvimento pessoal, no sentido de mobilizar ou de ampliar. Os
recursos humanos, facilitando à pessoa uma vida mais fértil e mais agradável. O bem-estar, o
prazer, a consciência de ser-se alguém e a eliminação de barreiras ou atritos passam a ser a tónica
do processo. Esse sentimento parece resultar de um balanço final que a pessoa faz de seu papel
na vida, face às expectativas que derivam dele e dos outros e de seu desempenho, ou seja, da
maneira como efectiva seu papel.

2.2.Metodologia psicoterapia (a dinâmica do processo)

Como assinala Karasu (1979), o repertório de teorias e técnicas psicoterápicas tem-se avolumado
e se categorizado em modelos freudianos, neofreudianos e não-freudianos. Uma explosão de
formas terapêuticas vem ocorrendo, das quais são exemplos a terapia "racional" de Ellis, o
"realismo" de Glasser, o "grito primal" de Janov, a "terapia orgástica" de Reich, o "sentido da
vida" de Frankl, a . Inibição recíproca" de Wolpe e até a "meditação transcendental", para citar
apenas algumas.

Tanto no caso de desenvolvimento pessoal como no de terapia, os procedimentos têm variado


desde a antiguidade e se estendem através do uso de recursos biológicos (quimioterápicos,
cirúrgicos, manipulativos, bioenergéticos), de recursos sociológicos (mudanças ambientais,
ocupacionais, situacionais, institucionais) e de recursos psicológicos (diálogos, dramatizações,
catarse, hipnose, condicionamento, actuações no plano cognitivo e emocional) e se acham
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descritos por vários autores (Pennington, 1954; Ford, 1963; Sundberg & Tyler, 1963; Wolberg,
1977) .

Parece estarmos, agora, na era de valorizar o sentimento, o sensualismo e, principalmente, a


experiência imediata, o “aqui e agora”, desprezando o passado e o amanhã, o que se explica
como repulsa à excessiva dependência do homem à tecnologia e a consequente ameaça de perda
da própria individualidade. Realmente, a massificação e a tecnocracia levaram o homem a buscar
reafirmar-se como alguém que existe; que não é um simples número ou objecto, mas um ser que
tem certo conteúdo pessoal e ao qual devem caber alternativas e opções. Se o homem se revolta
contra esse anonimato em que é colocado é porque o sentimento profundo de ser (ou de não-ser)
foi de alguma forma atingido ou simplesmente ameaçado. Em qualquer campo o homem parece
buscar, sobretudo, o reconhecimento de que é alguém, que deve ser conhecido e respeitado. Esse
sentimento nos pareceu básico em todos os clientes e sua utilização muito útil na técnica
terapêutica, na medida em que nossa observação do quadro clínico seja válida. Aliás, sobre os
efeitos da técnica terapêutica, há muito que ser ainda descoberto e as pesquisas existentes não
são totalmente esclarecedoras, embora revelem alguns marcos operacionais (Ga:rfield e Bergin,
1978). O que parece mais comum, se analisarmos os modelos terapêuticos que vêm sendo usados
com nomes diversos através do tempo, é a atenção dada à pessoa, considerando-a, respeitando-a
e desenvolvendo seu poder de opção e de decisão.

Embora seja discutível a generalização de modelos metodológicos em terapia psicológica, face à


diversidade de casos e, principalmente, às atitudes que se exigem do terapeuta, há certas
premissas e consequentes formas de actuação que se têm revelado úteis. Procurou o autor reunir
os conceitos da dinâmica terapêutica em 8 proposições a saber:

1. É possível inferir que as proposições de Rogers referentes às atitudes essenciais à prática


terapêutica e que se referem à congruência, respeito incondicional ao cliente e empatia, em um
clima de calor humano, permaneçam constantes. O que se propõe, como ingrediente terapêutico
complementar e igualmente útil, é a análise cognitiva e emocional do fenómeno da auto-
avaliação que o cliente realiza.

A avaliação supra referida é um processo habitual de vida, efectuada a todo momento e tende a
ocorrer com mais profundidade em situações de terapia. Consciente do julgamento que ocorre no
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cliente, pode o terapeuta facilitar essa avaliação através de reflexões de ideias e sentimentos e de
comentários esclarecedores sobre:

 Eventos que o cliente considera positivos ou negativos em sua experiência;


 Fantasias que elabora em torno de seu Eu ideal;
 Dificuldades ou barreiras que percebe, internas ou externas.

À medida que terapeuta e cliente analisam, reflexivamente e em conjunto, em clima receptivo e


não-crítico, os temores e insatisfações, bem como os Sucessos e gratificações, o cliente tende a
modificar a concepção sobre si mesmo. A competência profissional do terapeuta - que o
diferencia dos leigos e da situação comum de vida - consiste em explorar os elementos
cognitivos e emocionais que dão origem às defesas e aos comportamentos do cliente.

Seria possível argumentar que o processo de avaliação facilitado pelo terapeuta venha a se
contrapor às três condições propostas por Rogers, particularmente às que se referem à
consideração positiva e incondicional e à empatia. A divergência assim suposta não ocorre,
porém, uma vez que a avaliação é realizada pelo cliente. O terapeuta, no decurso do processo,
sente que o cliente está se avaliando e sua função é reunir os dados e as interpretações deste
originárias e abrir caminho para que o cliente reveja as razões de seus pensamentos, sentimentos
e acções e os intérpretes sob outras ópticas encontrando explicações menos traumatizantes para
os fatos que considera. O papel do terapeuta é o de oferecer, como hipóteses, várias
interpretações alternativas focalizando a dinâmica de necessidades e motivos que fluem no
cliente e as defesas que vem utilizando para satisfazê-los.

As colocações ou interpretações não seguem, jamais, o modelo analítico tradicional em que as


expressões físicas ou intelectuais do cliente são captadas pelo analista no seu sentido
inconsciente, simbólico, em termos dos conceitos psicanalíticos. O material exposto pelo cliente
é comentado pelo terapeuta com expressões usuais do dia-a-dia, ao nível consciente. É um
diálogo activo em que o significado da existência, o sentido de vida, as aspirações e as fantasias
são explorados, dentro de realidades fenomenológicas e existenciais.

2. Ocorrendo a auto-avaliação, surge o conceito do eu-real e do eu-ideal, daquilo que se percebe


que é e daquilo que deveria ser; a segurança e a auto-estima são atingidas. Dessa confrontação
surgem problemas no sentido de examinar eventuais deficiências pessoais, face às exigências e
pressões ambientais. O estado de tranquilidade, de bem-estar e de produtividade dependerá dessa
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confrontação. Não se trata de uma simples aceitação de si mesmo, de acordo com a posição
rogeriana, mas de um julgamento muito profundo em que as acções e a conduta geral são
revistas, com dois sentimentos paralelamente dispostos:

 Reconhecimento de necessidades, de deficiências e de pontos positivos;


 Definição de papéis do sentido da vida face ao sentimento anterior. Em outras
palavras, a pessoa tem a percepção aceitadora do que é, do que precisa, de suas
potencialidades e de suas dificuldades e, iÍo mesmo tempo, define sua trajectória de
Acão, face à avaliação realizada. Não é a aceitação conformista e até certo ponto
impregnada de passividade (nada posso fazer, se sou assim) mas de um planeamento
operacional de sua vida face a esse julgamento (tenho limitações, agi com ela sou
contra elas, mas posso fazer algo, porque sou alguém e como pessoa existo e tenho
um papel a desempenhar).

Com base no material verbal apresentado pelo cliente, o terapeuta faz comparações entre seu
desempenho e as barreiras ou dificuldades que enfrenta. Essa intervenção consiste, de um lado,
em vivenciar com o cliente as experiências positivas ou negativas que enfrentou e os recursos de
que dispunha para agir.

O terapeuta procura despertar as fantasias do cliente e seu nível de aspirações. Nesse momento o
cliente faz um julgamento de si mesmo no que se refere a seu futuro. Surgem imagens sobre o
sentido de vida que colocou para si mesmo ou, o que é mais comum, ausência de um sentido.
Esse sentido não é apenas um objectivo, tal como entrar em uma faculdade, arranjar um
determinado emprego, viver harmoniosamente com o esposo, esposa ou filho, com o chefe ou
com os outros, usufruir melhor a vida sexual ou, como me disse um adolescente certa vez: "meu
único problema é ter uma moto". Não se trata de manipular esses fatos na sua superfície, nem no
seu aspecto operacional, mas no significado que o alcance desses objectivos tem para sua própria
avaliação como pessoa.

3. A relação assistencial, seja profiláctica ou terapêutica, caracteriza-se por uma troca de


percepções, cognições e sentimentos, entre o psicólogo e a pessoa assistida. Não se configura,
em momento algum, o carácter de discussão ou confrontação de opiniões, mas o posicionamento
do psicólogo, quando este sentir que sua verbalização e a expressão de sentimentos possa
contribuir para aprofundar o processo de avaliação do cliente sem traumatizá-lo. A discrepância
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ou a concordância de sentimentos são fatos reais da vida e por isso são essenciais à relação
psicológica. O que diferencia essa relação da vida real é a ausência de imposições, luta, domínio
ou submissão. Cada um, psicólogo e cliente, tem sua individualidade e podem pensar igualou
diferentemente sobre os mesmos assuntos, com base nas percepções e vivências de cada um.
Esse é o agente positivo que provavelmente facilita à pessoa sua auto-afirmação.

A aceitação do outro como ele é, deslocando-se o foco referencial do terapeuta para o cliente,
entendendo seu comportamento em função da pessoa que ali está, é o procedimento básico
rogeriano. Essa condição porém, embora teoricamente compreensível, é praticamente rara, senão
na totalidade, pelo menos na maioria das actuações dos psicólogos, conselheiros e outros
profissionais. Vê-se constantemente, até nas discussões técnicas e na conversação normal, como
o psicólogo julga seu cliente e o está sempre julgando.

4. O diálogo entre o psicólogo e a pessoa assistida processa-se no plano emocional e cognitivo.


Há espaço para apreciação racional dos fatos da vida, para discussão de planos de acção e
obtenção de informações. O material tratado provém do cliente, não havendo direcção por parte
do psicólogo, o que não deve impedir este último de formular perguntas relativas a situações já
exploradas ou que estimulem o cliente a uma acção catártica. Pode haver interpretações
superficiais ou profundas, expressas pelo psicólogo, como hipóteses a serem julgadas pelo
cliente. Essa colocação facilita o vivenciar e o experienciar proposto por Gendlin (1961).

5. O processo terapêutico é, sobretudo, uma revisão de. Critérios, não no sentido de ignorá-los,
mas na direcção de um foco auto-referente. A pessoa muda no sentido de tranquilizar-se, quando
faz um cotejo de suas próprias potencialidades e das barreiras que enfrenta; quando verifica em
si mesmo suas aspirações e suas necessidades e as confronta com seu nível de realização. A
função do psicólogo é permitir que essa confrontação se faça de forma "consistente com a self",
porém muito mais activa. Se o cliente verbaliza, por exemplo, "fracassei nos meus estudos", ou
"fracassei no meu casamento" ou no "meu trabalho", esse "fracasso" é explorado pêlo terapeuta
em função dos agentes que promoveram esse fracasso; o enfoque cognitivo e racional conduz,
posteriormente, ao enfoque emocional. Parte-se do cognitivo para o emocional e não deste para
aquele.

6. É evidente que os procedimentos e as "técnicas" psicoterápicas, aqui expostas, frequentemente


se relacionam com outras actuações, particularmente com as técnicas cognitivas (Beck, 1976;
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Beck e Rush, 1978), com as técnicas rogerianas (Rogers, 1951, 1978; Hart e Tomlinson, 1970),
com os procedimentos existencialistas (May, 1977) e logoterápicos (Frankl) e provavelmente
com procedimentos comportamentalistas (Lazarus, 1972, 1977). Não se trata de uma simples
mistura de métodos, mas de um conjunto integrado e coerente de atitudes e de intervenções, que
caminham em uma direcção definida, isto é, na exploração, pelo cliente, do que representa, para
ele, o seu EU, e a abertura de espaço para que ele encontre sua individualidade e sua pessoa, para
que avalie suas limitações e suas possibilidades e o resultado de suas actuações vivenciais dentro
dessas coordenadas, ao mesmo tempo em que define, para si mesmo, um sentido de vida e as
razões para existência. A orientação terapêutica é essencialmente baseada na auto-afirmação e
nisto se diferencia das demais teorias e técnicas psicoterápicas. Opera-se em uma visão
humanística da pessoa, em que o indivíduo, como pessoa, é o foco principal, embora possa haver
frequentes referências a aspectos particulares do comportamento os quais são entendidos na
situação organísmica e global da pessoa, no seu contexto existencial.

7. A posição terapêutica, tal como a sentimos, pode envolver, também, um questionamento dos
valores vigentes, sejam educacionais, profissionais, familiares ou pol1ticos, não no sentido de
oposição pura e simples, mas na acepção de confrontá-los com as necessidades e os motivos do
cliente, quer pessoais, quer como componentes de grupos ou instituições. Não se restringe
unicamente à pessoa, pois estaríamos, se assim fosse, tratando-a em um mundo particular,
alienando-a das contingenciais sociais e ambientais. Por essa razão, a personalidade do cliente e
suas reacções comportamentais são relacionadas com todos os agentes externos que o cercam; o
domínio de seus pensamentos e acções é ampliado e discutido face às pressões, valores,
necessidades e expectativas sociais. O distúrbio psicológico é visto mais como algo resultante de
raízes sociais e a pessoa do cliente e seu Eu pessoal são confrontados com essas exigências e
características culturais, económicas e até ecológicas, sem se perder de vista a pessoa do cliente e
sua individualidade. Facilitar a percepção de si mesmo, do papel que como pessoa ela reserva a
si mesma e assim define sua vida, é o alvo básico.

8. A ser válida a hipótese de que a auto-afirmação seja o determinante básico do comportamento


e que os problemas psicológicos ocorram, embora sob nomenclatura e formas diversas, no
campo do valor pessoal (poder, prestígio, segurança, confiança em si e sentimentos similares),
explicado diferentemente em outras colocações teóricas, é óbvio que o desenvolvimento pessoal,
ou a meta terapêutica, seja orientado na valorização da pessoa. Não se trata, porém, de simples
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elogios, exortações ou justificativas mas, essencialmente, de ênfase na individualidade da pessoa


e nas reacções que provêm de seu Eu Pessoal e de seu Eu Social. A confrontação entre o Ser e o
Dever-se, ou seja, entre os impulsos pessoais e as pressões sociais procede-se em termos da
pessoa, isto é, daquilo que é omo indivíduo foi nele produzido. Os erros, limitações ou
impropriedade de actuações, como tais vistos pelo cliente, são reexaminados face a várias
alternativas para que possam ser entendidos na sua dinâmica.

Ruth Scheeffer e uma equipe de estudiosos do aconselhamento psicológico, em excelente


trabalho descritivo e crítico de métodos e técnicas nessa área. Citam a proposição de Dinkmeyer
publicada no The Personnel and Guidance Jounal (v. 51, n? 3, pp. 177.81, 1972), segundo a qual
o encorajamento e a valorização do cliente são elementos indispensáveis ao processo de
aconselhamento. Essa contribuição coincide com o que propomos, neste livro, como produto de
nossa experiência pessoal.

O fato psicológico que se julga ser de efeito terapêutico no processo de auto-afirmação é o


momento em que a pessoa, ao verbalizar um comportamento e o, sentimento traumático que dele
flui, defronta-se com outras alternativas que reexplicam tanto a conduta como a sensação havida.
Essas alternativas ou reinterpretações, oriundas dela própria ou do terapeuta, interrompem o
caminho da interpretação traumática até então existente. Facilita-se, assim, o surgimento de
novas alternativas ou respostas que, em geral, reduzem a ansiedade ou angústia (medo das
consequências que a pessoa interiorizou) porque oferecem explicações menos traumáticas com
relação ao Eu-pessoal. A pessoa tende a refazer, para melhor, o juízo sobre si e como essa
apreciação é, na linguagem comportamentalista, um poderoso reforçador positivo, a pessoa tende
a incorporar essa resposta a seu quadro de reacções.

Há o risco de emergirem alternativas ou respostas ainda mais traumáticas, robustecendo o quadro


de deficiência e de baixo conceito, já instalado, com aumento da ansiedade e maior desordem
comportamental. São os efeitos negativos que podem ocorrer em qualquer terapia. A habilidade
do terapeuta consiste em discutir com o cliente todas as alternativas possíveis, traumáticas ou
não, acompanhadas, sempre, de calor humano, apoio e empatia que tendem a neutralizar os
efeitos traumáticos de qualquer nova explicação.
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Muitas observações, originárias de outros autores, parecem conformar a dinâmica do processo tal
como a vemos, ou seja:

 A qualidade da relação pessoal é, sempre, o fato mais importante. As atitudes criadas


pelo psicólogo e o clima psicológico são o que leva o cliente a mudanças construtivas.
"Um alto grau de empatia talvez seja o factor mais relevante numa relação sendo, sem
dúvida, um dos factores mais importantes na provocação de mudanças e de
aprendizagem" (Rogers e Rosenberg, 1977). A empatia é uma forma de valorizar a
pessoa, provavelmente mais operante do que o "respeito positivo incondicional" e a
"congruência".

A pergunta que os comentaristas e pesquisadores colocam é sobre onde ocorre a mudança: no


ego ideal ou na concepção do ego e a análise dos dados parece indicar que "na maior parte dos
clientes o ego ideal permaneceu admiravelmente estável no curso da terapia... É principalmente a
concepção do Ego que mudou na maioria dos casos". E Rogers diz, ao referir-se ao resultado da
terapia, "que o cliente tornou-se essencialmente a pessoa que desejava tornar-se quando começou
a terapia" (Pages, 1976).

Mais adiante diz Pages que a terapia produz modificações na maneira como a pessoa se julga,
permanecendo inalterados seus valores. O cliente passa, em função da terapia, a reconhecer seus
próprios valores, a torná-Ios seus, o que exclui a resignação e a indulgência consigo como
produtos da terapia. Nesse caso, a nosso ver, ocorre o processo de auto-afirmação: o cliente passa
a sentir-se como pessoa e a reconhecer seu potencial e suas limitações, sem efeitos traumáticos.
Cremos, pois, que a resultante terapêutica é a auto-afirmação, embora não seja esse factor assim
identificado por Rogers ou seus comentaristas.

No processo de valorização de si mesmo, surge a confrontação dos valores introjectados na


infância e na adolescência. Toma-se um quadro de valores que ditam o certo e o errado, na forma
pela qual os introjectamos e que muitas vezes entram em oposição com a nossa própria
percepção e nossas experiências. Ocorre uma acomodação pela escolha de um dos lados, mas
pode ocorrer, também, um conflito, a percepção de uma nítida disparidade entre o que somos e o
que "devemos" ser. Corresponde esta colocação àquilo que Rogers (1978) afirma passar-se na
terapia bem conduzida: a pessoa é valorizada na sua individualidade e singularidade. Este é o
caminho psicoterápico que temos visto como frutífero.
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3.Conclusão

Em suma, as contribuições da psicologia para o desenvolvimento pessoal e a psicoterapia são


inestimáveis. Ao oferecer um entendimento profundo do comportamento humano, promover o
autoconhecimento, identificar e resolver problemas, desenvolver habilidades de enfrentamento
saudáveis, promover o bem-estar e capacitar indivíduos a assumirem o controlo de suas vidas, a
psicologia desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida e na promoção da
saúde mental. Ao longo do tempo, a psicologia continua a evoluir e oferecer novas perspectivas e
abordagens, destacando sua importância contínua no apoio ao crescimento pessoal e ao bem-
estar psicológico.
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4.Bibliografia

Rogers, C.R (1978) Sobre o Poder Pessoal, Tradução. São Paulo: Marrins Fontes.

Frankl, V.E (1980) Psicoloterapia e Sentido de Vida. Tradução. São Paulo: Quadrantes, s/data.

Franks, C.M. & Wilson, G.T. (1980) Annual Review ofBehavior Therapy Theory & Practice.
Nova York: Brunner - Mazd.

Pennington, L.A. & Berg, I.A. (1954) An Introduction to Clinical Psychology. Nova York: The
Ronald Press.

Pages, M. (1976) Orientação Não Diretiva em .Pslcoterapia e PsicologIa Social. Tradução. Rio
de Janeiro: Editora Forense.

May, R. (1973) O Homem ii Procura de Si Mesmo. Tradução: São Paulo: Vozes.

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