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RESUMO
Este artigo tem como objetivo compreender a importância da psicoterapia em
relação a identidade de gênero e orientação sexual, para isso respondeu o seguinte
problema de pesquisa: Qual a importância da psicoterapia na jornada da identidade
de gênero e orientação sexual? Visamos contribuir com os profissionais de
psicologia, possibilitando uma maior percepção da sociedade contemporânea,
através de estudos bibliográficos e pesquisas sobre a psicoterapia e seus impactos
na diversidade da sexualidade humana. A psicoterapia é uma ferramenta essencial
para todos os indivíduos, ainda mais para aqueles que estão abertos a desenvolver
a sua identidade de gênero e orientação sexual. O papel do psicoterapeuta é
fornecer um ambiente seguro e acolhedor para que os clientes explorem seus
sentimentos e trabalhem em prol de um maior autoconhecimento e aceitação. O
artigo enfatiza a necessidade dos terapeutas serem conhecedores, empáticos e
culturalmente sensíveis para que este processo seja o menos traumático possível.
Dentro dessa comunidade tão diversa, se faz necessário compreender a
individualidade de cada cidadão, neste contexto, falaremos sobre o significado
desses termos. Nosso objetivo foi mostrar como as abordagens da psicologia
podem ajudar nesse processo, seguindo algumas linhas como a psicanálise,
behaviorismo, terapia cognitivo-comportamental e o humanismo. Também
explicaremos, através dos métodos e materiais, a importância de aceitar e respeitar
os indivíduos que se desviam das normas sociais, uma vez que o estigma e o
preconceito podem levar a distúrbios psicológicos e até mesmo ao suicídio. Em
suma, nossa pesquisa traz como conclusão que a psicoterapia pode desempenhar
um papel vital ao ajudar os indivíduos a navegar pelas complexidades da sua
identidade de gênero e orientação sexual, especialmente para os membros da
comunidade LGBTQIAP+.
ABSTRACT
This article aims to understand the importance of psychotherapy in relation to gender
identity and sexual orientation, to this end it answered the following research
problem: How important is psychotherapy in the journey of gender identity and
sexual orientation? We aim to contribute to psychology professionals, enabling a
greater perception of contemporary society, through bibliographic studies and
research on psychotherapy and its impacts on the diversity of human sexuality.
Psychotherapy is an essential tool for all individuals, even more so for those who are
open to developing their gender identity and sexual orientation. The role of the
psychotherapist is to provide a safe and supportive environment for clients to explore
their feelings and work towards greater self-knowledge and acceptance. The article
emphasizes the need for therapists to be knowledgeable, empathetic and culturally
sensitive so that this process is as less traumatic as possible. Within this diverse
community, it is necessary to understand the individuality of each citizen, in this
context, we will talk about the meaning of these terms. Our objective was to show
how psychology approaches can help in this process, following some lines such as
psychoanalysis, behaviorism, cognitive-behavioral therapy and humanism. We will
also explain, through methods and materials, the importance of accepting and
respecting individuals who deviate from social norms, since stigma and prejudice
can lead to psychological disorders and even suicide. In short, our research
concludes that psychotherapy can play a vital role in helping individuals navigate the
complexities of their gender identity and sexual orientation, especially for members
of the LGBTQIAP+ community.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa teve como foco principal explicar a importância da
psicoterapia, do atendimento psicológico, para a orientação sexual e a identidade de
gênero, buscando elucidar suas notórias diferenças e ressaltar suas principais
características de modo claro. Compreender o significado dos conceitos de gênero e
de binarismo é essencial para o entendimento desse tema, assim como
compreender as diferentes formas que a sexualidade pode se manifestar. Cada
indivíduo tem seu modo único de se relacionar com o mundo, e cabe ao
psicoterapeuta compreender suas necessidades.
O papel do psicoterapeuta é fundamental durante o processo de descoberta,
permitindo-o a se autoconhecer, assim como a realidade em seu exterior. Ele deve
auxiliar o indivíduo a aprender quais são seus limites, seus interesses e
preferências, assim como a perceber o quanto a sociedade é capaz de afetar ou
induzir as suas próprias opiniões. O enfrentamento do preconceito pode ter a
psicoterapia como ferramenta.
Desse modo, a conduta do psicólogo deve ser profissional, deixando seus
preconceitos fora do setting terapêutico e respeitando as escolhas de seu paciente.
É importante assegurar o sigilo das informações recebidas para que o cliente se
sinta confortável em se expressar de forma livre, o que criará o vínculo terapêutico e
permitirá que o psicoterapeuta realize seu trabalho com sucesso.
OBJETIVO GERAL
Nosso objetivo por meio deste artigo foi compreender a importância da
psicoterapia em relação a identidade de gênero e orientação sexual, mostrando uma
visão mais ampla a respeito da participação da psicologia dentro da identidade de
gênero e orientação sexual, e como um profissional da área deve lidar com o
assunto. Como enfatiza Foucault (2004, p. 55), o discurso é uma prática que forma
sistematicamente os objetos de que fala, ao invés de ser reduzido a um conjunto de
símbolos referentes ao conteúdo ou à representação. A psicologia desempenha um
papel crucial na compreensão e abordagem de questões relacionadas à identidade
e à sexualidade. Envolve o estudo dos comportamentos, emoções e pensamentos
dos indivíduos, e como eles se relacionam com o seu autoconceito. A identidade de
gênero refere-se à percepção que um indivíduo tem de si mesmo como homem,
mulher, ambos ou nenhum. A orientação sexual, por outro lado, refere-se à atração
emocional, romântica ou sexual de um indivíduo por pessoas. Existem diferentes
categorias de orientação sexual, incluindo heterossexual, homossexual, bissexual e
assexual.
Os terapeutas que lidam com clientes que têm questões relacionadas à
identidade de gênero e orientação sexual devem ser bem informados,
compreensivos e respeitosos. O primeiro passo para abordar preocupações
relacionadas à identidade de gênero e/ou orientação sexual é criar um ambiente
seguro e aberto, onde os clientes se sintam confortáveis para discutir os seus
problemas. É essencial reconhecer que cada pessoa tem as suas experiências e
desafios únicos e que a sua identidade de gênero ou orientação sexual não deve
ser estereotipada ou patologizada. O psicoterapeuta também deve estar ciente do
impacto dos estigmas sociais e como os indivíduos lidam com estes.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi possível compreender diante da pesquisa qualitativa, e utilizando como
método um estudo de referências bibliográficas, que a psicoterapia é utilizada para
tratamentos psicológicos. Sua metodologia foi criada a partir dos estudos de Freud,
mas a primeira pessoa a usar tal forma foi James Braid, que é registrado como o
primeiro a utilizar seu tratamento. O processo utilizado pelo psicólogo é o
acolhimento, onde deve compreender as queixas de seu paciente e realizar
intervenções por meio de técnicas reconhecidas pela psicologia, mantendo a prática
e a ética profissional, para, assim, procurar uma solução ou método de tratamento
A psicoterapia é utilizada para lidar com as dificuldades em todas as formas de
angústias, patologias, distúrbios psicossomáticos, traumas, crises existenciais,
conflitos interpessoais, entre outros. Existem alguns tipos de métodos de
tratamento, que são utilizados para analisar e trazer à tona para o seu paciente,
entre elas temos a Psicanálise (desenvolvida por Sigmund Freud). O terapeuta
auxilia o paciente a resgatar e reintegrar o conteúdo do seu inconsciente, desde os
que aparecem em sonhos até aqueles que nunca são acessados. Assim, ele passa
a compreender e lidar com os conflitos que vivencia no presente. Isso é feito por
meio de uma técnica chamada associação livre, que conduz o indivíduo a verbalizar
livremente todos os pensamentos que invadem seu teor.
Desde antes dos debates que temos nos dias atuais, Freud levantou em sua
época debates sobre gênero e, principalmente, a sexualidade, buscando a
motivação destas pessoas por suas atribuições que fugiam dos padrões normativos.
Assim, o tratamento com a Psicanálise pode trazer um frescor para o cliente, por
esta fuga do padrão, e desenvolver uma autoaceitação em conjunto do
autoconhecimento. Um psicanalista que também se envolve com os teorias de
sexualidade e gênero:
“Pode-se dizer, então, que a mesma configuração moderna do indivíduo
abriu espaço para a afirmação de uma identidade sexual individual, mesmo
que esta se construísse como ameaça às normas ou aos princípios da
ordem de sexo/gênero vigente. Essa identidade encontrava apoio em um
mercado de consumo que estimulava a busca de estilos de vida
diferenciados num mundo que permitia e incentivava, de certa forma, a
construção de uma identidade pessoal fora do âmbito do trabalho”
(ZARETSKY, 1976).
Dentre as abordagens da psicologia, há também o Behaviorismo, desenvolvido
por B.F. Skinner:
“As teorias afetam a prática. Uma concepção científica do comportamento
humano dita uma prática, a doutrina da liberdade pessoal, outra. Confusão
na teoria significa confusão na prática.” (SKINNER, 1953, p.9; 1967, p.14)
RESULTADOS
Segundo a American Psychological Association (2008), a orientação sexual
pode ser definida como “um padrão duradouro de atração emocional, romântica
e/ou sexual por homens, mulheres ou ambos.” Desse modo, a orientação sexual se
refere ao senso de identidade de uma pessoa com base nessas atrações.
A orientação sexual é atribuída ao desejo emocional, romântico ou não
romântico de uma pessoa por outra. Atualmente, parte da sigla LGBTQIAP+
caracteriza os diferentes tipos de orientações sexuais, como lésbicas, gays,
bissexuais, assexuais, pansexuais, entre outros, de modo a explicar e identificar as
diversas orientações. Trata-se de algo particular, uma vez que depende de um
desejo que varia de acordo com cada ser humano.
Os termos “orientação sexual” e “sexualidade” são praticamente sinônimos.
Quando falamos sobre a sexualidade humana, trata-se de um desejo romântico ou
sexual involuntário e individual, assim como a orientação sexual diz respeito aos
desejos afetivos-sexuais de ambos os gêneros, como indivíduos que possuem
atração afetiva-sexual independente da identidade de gênero ou que não sentem
desejo por ninguém. Já o termo “opção sexual”, que também é usado no cotidiano,
é errôneo, pois assim como a heterossexualidade, a homossexualidade não é
escolhida; as pessoas nascem com ela e a desenvolvem durante as fases da vida.
Sexualidade é a maneira como duas ou mais pessoas se relacionam de forma
afetiva ou sexual. Ela acompanha a raça humana há milhares de anos, sendo
influenciada pela sociedade através da cultura, religião, ambiente familiar, classe
social e econômica do sujeito. Maxwell (2003, p. 25) ressalta que:
“A sexualidade não é natural, ao invés disso, é discursivamente construída.
Além do mais, a sexualidade [...] é construída, experimentada e
compreendida de maneiras cultural e historicamente específicas. Assim,
poderíamos dizer que não existe a possibilidade de uma explicação
verdadeira ou correta da heterossexualidade, da homossexualidade, da
bissexualidade, e assim por diante. De fato, estas mesmas categorias
usadas para definir tipos particulares de relações e práticas são cultural e
historicamente específicas e não têm operado em todas as culturas em
todas as épocas.
Engles (1884) explica que, ao decorrer da história, com a padronização da
heterossexualidade e a definição do padrão heteronormativo (imposições sociais
comportamentais de acordo com os papéis de cada gênero), passou a existir um
enorme sistema compulsivo que privilegia e sustenta uma parte da população,
enquanto marginaliza e exclui a outra. Neste contexto, Mengel (2009) afirma que: “A
normalidade burguesa do casal heterossexual não é nada mais do que um momento
da história.”
Ainda sobre sua definição, a Educação para a Saúde e Afetos e Educação
para a Sexualidade (2017, p. 75), entende a "sexualidade" como:
(...) uma energia que nos motiva para encontrar amor, contato, ternura e
intimidade; ela integra-se no modo como sentimos, movemos, tocamos e
somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. A
sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e,
por isso, influencia também a nossa saúde física e mental.
Travestis são mulheres trans que optam por esse termo por motivos de
resistência à discriminação, já que durante muito tempo ele foi usado de forma
pejorativa e essas mulheres só tinham a prostituição como opção de trabalho, afinal
eram excluídas da sociedade e sofriam preconceito na busca por emprego.
DISCUSSÃO
A identidade de gênero e a orientação sexual são dois aspectos fundamentais
da identidade humana que podem ter um impacto significativo no bem-estar e na
qualidade de vida de um indivíduo. Enquanto a identidade de gênero se refere ao
sentimento de ser homem, mulher ou não-binário, a como alguém se enxerga como
indivíduo, a orientação sexual refere-se ao(s) gênero(s) pelos quais um indivíduo se
sente atraído, seja física ou emocionalmente. Tanto a identidade de gênero como a
orientação sexual são complexas e multifacetadas, moldadas por uma série de
fatores (biológicos, psicológicos e sociais).
"Passa então a enfatizar-se as identidades positivas partilhadas (e por isso
afirmadas) pelos membros de grupos socialmente oprimidos, apelando
assim a uma "diversidade afirmativa" (Trickett, 1994). Estão contempladas
nesta noção de diversidade afirmativa as perspectivas psicológicas que
olham para a diversidade não como retratando primariamente as "minorias"
como grupos políticos de interesse mas, em vez disso, enfatizando que as
experiências e as perspectivas dos diversos grupos contribuem para o
enriquecimento do corpo social e, com isto, para a diversificação
pluralizante do sujeito psicológico (e.g., CARNEIRO, 2009; GATO &
FONTAINE, 2011; NEVES, 2007)."
CONCLUSÃO
Os estudos mostraram que a compressão de gênero e sexualidade é algo que
devemos prestar atenção, já que muitas pessoas acabam fugindo de normas
sociais, ou seja se afastando de uma norma heteronormativa. Assim, foram criados
estigmas, e preconceitos em cima dessas pessoas. E este estigma afetou até
mesmo a psicologia, onde foi um material que até hoje é estudado, entendendo
desde como surge o desejo, como estas pessoas se desenvolvem mentalmente.
O tratamento não é usado para ''curar'' essas pessoas. Já que nunca
estiveram doentes, é mais como uma forma de tratamento que mais pode auxiliar o
paciente, servir como uma compressão de si. Em sua maioria, é imposto que
deveríamos nos firmar em nosso gênero de nascimento, mas ao longo da vida do
indivíduo, ele pode se perceber fora deste gênero. Assim podendo se identificar com
o gênero oposto, ou até mesmo perceber que não se identifica com ambos, desta
forma caindo no binário. A sexualidade está ligada à atração sexual, onde a pessoa
em questão sente-se atraído à pessoas do mesmo sexo, ou até mesmo a falta de
desejo sexual. Não há uma regra ao desejo, a qual tipo de pessoa podemos nos
atrair, isto vem da pessoa.
Pessoas que fogem do padrão não possuem qualquer tipo de transtorno
psicológico por sua identidade de gênero, ou orientação sexual. Mas ainda assim,
há uma dor vinda destas pessoas, a repressão que sofrem pela sua família, uma
falta de aceitação de si, e o medo do preconceito. Tudo isso acarreta em transtornos
psicológicos, como ansiedade, depressão e, em casos mais extremos, o suicídio,
contudo, devido a importância do tema, percebe-se a necessidade de mais
pesquisas.
REFERÊNCIAS
American Psychological Association (2008). Answers to your questions: For a better
understanding of sexual orientation and homosexuality. Washington, DC: Author.
Disponível em: <www.apa.org/topics/lgbt/orientation.pdf>. Acesso em: 20/03/2023.
GATO, J., CARNEIRO, N. S., & FONTAINE, A. M. (2011). Contributo para uma
revisitação histórica e crítica do preconceito contra as pessoas não heterossexuais.
Crítica e Sociedade: Revista de Cultura Política. 139-167.
NEVES, S. (2007). Psicologia, diversidade social e multiculturalidade: caminhos
cruzados. Psychologica, 45, 125-145. Acesso em 01/10/2023.
ZARETSKY, E. 1976. Capitalism, the family and personal life. Acesso em 10/08/203.
ROGERS, C. R.; ROSENBERG, R. A pessoa como centro. São Paulo, SP: Edusp,
1977. Acesso em: 05/07/2023.