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Desenvolvimento e Qualidade de Vida

Unidade I

Profa. Amanda G. M. Traballi


TRABALLI, Amanda G. M.

Desenvolvimento e Qualidade de Vida (livro-texto) / Amanda G. M.


TRABALLI – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019.

1. Qualidade de Vida. 2.Gestão Ambiental 3. Desenvolvimento


Sustentável. I. Traballi, Amanda G. M. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP.
II. Título.
APRESENTAÇÃO DA PROFESSORA-AUTORA

Doutora em Comunicação na Universidade Paulista (UNIP). Mestre em


Comunicação na UNIP. Pós-graduada em Especialização em Tecnologia da
Informação para Estratégia de Negócios. Bacharel em Comunicação Social –
Jornalismo pelo Centro Universitário das Faculdades Integradas Alcântara Machado.
Pesquisadora do Grupo Integração Agroindustrial CNPq/UNIP.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
1 QUALIDADE DE VIDA ......................................................................................... 6
1.1 Algumas tentativas em definir qualidade de vida ......................................... 9
1.2 Qualidade de vida relacionada à saúde ....................................................... 11
1.2.1 Praticar atividade física a favor da saúde ................................................ 12
1.2.2 A importância do sono para melhorar a qualidade de vida .................... 13
1.2.3 Aspectos da qualidade de vida nas fases do ser humano: criança,
adolescência, adulto e velhice ............................................................................... 14
1.3 Um esboço da posição do Brasil referente ao Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) .......................................................................................................... 16
1.4 Vícios: um caminho ilusório para o prazer ................................................. 19
1.5 A ressonância da violência na saúde e qualidade de vida ........................ 24
2 A SAÚDE HOLÍSTICA E O ECOSSISTEMA ..................................................... 26
2.1 A visão parcial do todo gera manifestações fragmentadas sobre o
desenvolvimento e a qualidade de vida ................................................................ 27
2.2 A qualidade de vida e a saúde mental ......................................................... 31
2.3 A conexão entre qualidade de vida e sustentabilidade: educar para
transformar e conscientizar ................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
INTRODUÇÃO

Muito se fala sobre qualidade de vida, uma palavra multidisciplinar, que pode
ser encontrada em várias áreas do conhecimento, associando o homem, o meio e
sua percepção sobre a vida. Considerando questões que vão além dos aspectos da
área da saúde, abrangendo além dos aspectos físicos, biológicos, as questões
psicológicas e mentais e, com isso, ampliando as dimensões referentes à vida do
homem no planeta em que habitamos.
A utilidade de compreender o mundo com o propósito de viver melhor e
sobreviver parece que ainda está distante, pois se observarmos a realidade mundial,
o dia a dia das pessoas, notamos que não existem mais regras, limites,
preocupações com a saúde, com a qualidade do que comem.
Nesse sentido, mesmo o ser humano sabendo dos riscos a que se submete e
questionando o porquê de suas ações, Patrício (1995, p. 13) reflete: “mesmo
mantendo certos padrões de vida que possam levar a espécie à extinção? Passei
então a me ligar nessa interrogação”. Ela completa dizendo que foi em direção da
resposta com a frase: “A busca do prazer, da felicidade”, que dá origem a sua tese,
a qual pondera sobre a instância felicidade-prazer no sentido de viver e ser saudável
tanto na conduta individual quanto na coletiva.
Os padrões que existiam com relação a doença x doente, já evoluíram nos
dias de hoje, muito se fala em dar mais atenção ao doente ao invés da doença, pois
existem fatores que estão presentes, como o psicológico, os quais podem resultar
em doenças psicossomáticas e muitas vezes podem estar além das questões
abarcadas pela medicina tradicional, como olhar o quadro clínico de um paciente
apenas pelos seus exames biológicos.
Ainda em relação à saúde, podemos observar a mudança de tratamento dos
doentes terminais, aqueles que chegaram em um estágio no qual a medicina não
tem mais soluções para sua doença. Para esses casos, existe nas clínicas e nos
hospitais a ala de cuidados paliativos, ou até se for um caso que o paciente possa
receber os cuidados em casa, ele pode ficar junto a seus familiares, nesses
momentos finais de vida.
Nesse sentido, Patrício (1995) recomenda pensar na integralidade da saúde,
no âmbito tanto individual quanto coletivo, levando em consideração as
necessidades de sentir, estar, fazer e ter no seu processo de vida saudável, por
meio do exercício da interação transpessoal, da natureza, durante o cotidiano e a
sociedade com suas possibilidades e limitações.

5
1 QUALIDADE DE VIDA

O termo qualidade de vida é multidisciplinar e geralmente está relacionado


aos aspectos da saúde, que estão diretamente ligados ao termo vida. Em muitos
casos, apenas são levados em consideração os termos dor, morte, ou seja,
aspectos pensando no problema, mas é importante também colocar atenção nos
aspectos de prevenção, como diz o ditado popular: “É melhor prevenir do que
remediar”.
Na direção desse pensamento, podemos focar nos aspectos de
reconhecimento, para poder prevenir, e tomar decisões no sentido de refletir sobre
essas questões. Os cuidados com a saúde, segundo Diniz (2013, p. XIX) “têm sido
considerados, tradicionalmente, medidas clínicas objetivas para a interpretação de
resultados, tais como a resposta biológica ao tratamento, as comorbidades e a
mortalidade”. Mas com a chegada dos programas preventivos e as terapias
alternativas, muitos profissionais empenham-se em promover e desenvolver
indicativos que possibilitam o entendimento das questões relacionadas à Qualidade
de Vida (QV).
Termos como “promoção em saúde” eram centrados, segundo Patrício (1995,
p. 9), “em diagnósticos e tratamentos altamente especializados e em patologias
previamente catalogadas; onde a visão do corpo do indivíduo é desarticulada do seu
contexto micro e macro”. Não observavam outros aspectos além das patologias, ela
ainda diz que é como se a pessoa não existisse, mas somente sua doença, o seu
problema ou apenas a sua conta bancária. Com o tempo, percebeu-se a
necessidade da análise de ir além do estudo clínico do paciente, observando os
recursos terapêuticos no tratamento dos pacientes, analisando o indivíduo como um
todo.
Pensando em manter as pessoas saudáveis, podemos relacionar três ações:
recuperação, proteção e incentivo a hábitos saudáveis. Em termos de recuperação,
ocorre quando um paciente já tem uma doença e é necessário tratá-lo tanto nos
aspectos físicos, quanto no psicológico e no social. Na proteção à saúde, as ações
devem prezar por proteger o indivíduo de ser exposto a produtos químicos, agentes
poluidores, ter à disposição equipamentos de proteção, entre outros. Com relação
ao incentivo de hábitos saudáveis, promover a divulgação de informações que
contribuam com a saúde, no sentido de prevenir doenças.
Também podemos pensar nos aspectos subjetivos, como a percepção da
pessoa sobre a saúde e sobre os aspectos não médicos do seu contexto de vida,
como ela avalia sua situação pessoal. Existem também os aspectos
multidimensionais, reconhecendo as diferentes dimensões: física, psicológica,
relacionamento social e ambiente no qual vive.
 Física: percepção do indivíduo sobre sua condição física;
 Psicológica: percepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e
cognitiva;
 Relacionamento social: percepção do indivíduo sobre os relacionamentos
sociais e os papéis sociais adotados na vida;
 Ambiente: percepção do indivíduo sobre o meio ambiente onde vive.

6
Existem diferenças de conceito entre qualidade de vida e estados de saúde,
apesar de um permear o outro, pode haver indicadores diferentes e avaliações sobre
diversos aspectos, como renda, educação, expectativa de vida. Sendo importante
considerar três dimensões: saúde mental, funcionamento físico e funcionamento
social. Na saúde mental, observar o bem-estar e estado psicológico; no
funcionamento físico, aspectos referentes à percepção do seu estado de saúde,
como o bom funcionamento do organismo, fadiga e dor; e no funcionamento social,
considerar o nível de aceitação, relacionamento, resiliência (flexibilidade e
versatilidade) do indivíduo.
Uma questão que sempre esteve presente na narrativa do ser humano é: “O
que é a vida?”, sempre em busca de uma razão para viver, em entender as questões
como o que ele está fazendo no mundo. Nesse sentido, segundo Bardini (2015, p.
2): “Na busca por repostas que satisfizessem sua curiosidade, [o ser humano] criou
sistemas de pensamento, sistematizou conhecimento, desenvolveu métodos de
pesquisa e criou a própria filosofia”, no intuito de responder essas questões, mas
que muitas vezes ficam no subjetivo, e dependem da crença, ou da ideologia
individual.
A busca por respostas, por novidades, por descobertas, sempre motivou o
homem a querer sempre mais, e a rapidez com que ele consegue ter acesso a
informações na época atual é disparada. Mudanças ocorrem num piscar de olhos,
tanto ambientais quanto comportamentais e isso pode refletir também na qualidade
de vida. A partir do momento em que aspiramos por mudanças no âmbito pessoal ou
coletivo também devemos ter consciência dos fatores que influenciam essas
pretensões, por exemplo, referente às questões ambientais, se quisermos satisfazer
todos os desejos, continuarmos vivendo no consumismo e retirando da natureza
todos seu recursos, mesmo sabendo que alguns não são renováveis e podemos
prever que eles se esgotarão em pouco tempo.
Também podemos pensar a qualidade de vida pelas dimensões: saúde
mental, pensando no bem-estar psicológico, funcionamento físico, a percepção do
estado de saúde, questões como fadiga, dor, bom funcionamento do organismo e o
funcionamento social, o nível de aceitação, relacionamento, resiliência, flexibilidade
e versatilidade. Sendo necessário pensar nas metas, expectativas, também ter a
capacidade de focar nas ações positivas para alcançar seu objetivo.
Com essas atitudes, além de ser necessário estabelecerem normas, leis para
as sociedades agirem, o mais imprescindível é que os indivíduos assumam sua
responsabilidade por suas atitudes e contribuam para a construção de um mundo
mais justo e melhor. Nessa perspectiva, ainda pensando em nossas condutas,
segundo Fantin (2014, p. 84) “O modo como nos relacionamos, moramos,
trabalhamos, produzimos, consumimos, nos alimentamos, nos divertimos ou
utilizamos nosso tempo livre constitui nossa qualidade de vida e afeta a nossa
saúde, individual e coletiva”.
Nessa lógica, é necessário pensar nas atitudes para o futuro, pensar nas
próximas gerações, atentando para as questões de preservação do meio ambiente,
da saúde, melhorando a qualidade de vida da população. Caso contrário,
observaremos grandes catástrofes, o aumento do estresse e falta de estrutura na
área da saúde, que sofre com as superlotações, principalmente no setor público.
Mas sempre existem soluções, e com a educação e a conscientização dessas
questões, a população, as ciências e quem sabe até os políticos poderão contribuir

7
para melhorar as condições no sentido de manter a vida saudável para os habitantes
do planeta em que habitamos.
Uma atitude realizada pelo Ministério da saúde foi a publicação de cinco
passos no sentido de uma melhor qualidade de vida, conforme a figura 1.

Figura 1– Dicas em saúde, qualidade de vida seguindo os cinco passos indicados pelo
Ministério da Saúde

Fonte: BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013 1

Com esses objetivos, podemos refletir em termos pessoais, conforme Bardini


(2015, p. 41): “quem dentre nós será altruísta o suficiente para modificar hábitos de
consumo arraigados e abdicar de todas as possibilidades de conquista material,
sensorial e intelectual disponíveis para a nossa avidez”. Nesse sentido, prezando

1Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/260_qualidade_de_vida.html . Acesso em: 10


out. 2019.

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por essas atitudes, mudando o estilo de vida, o ser humano estará contribuiu para
uma melhor qualidade de vida e quem sabe para um Mundo Melhor.

1.1 Algumas tentativas em definir qualidade de vida

Em busca de viver melhor e com mais qualidade, avanços podem ser


considerados nos estudos das ciências biológicas, sociais e humanas, na direção de
promoverem ações que contribuam para melhorar a condição do ser humano em
sua relação com o trabalho, com a família e com sua própria vida. Como atuação na
redução da mortalidade, com melhores métodos da medicina para a prevenção de
doenças; redução nas ações trabalhistas, com prevenção, utilizando atividades nas
empresas como a ginástica laboral e no âmbito familiar ou existencial, promovendo
ações que contribuam com uma melhor expectativa de vida.
Quando o assunto é qualidade de vida, muitas pessoas já tentaram definir,
logo nos primórdios das civilizações, filósofos, médicos e pessoas comuns também
estavam em busca dessas questões. Na obra Ética a Nicômaco, o filósofo grego
Aristóteles reflete que o propósito da vida humana é a felicidade, ou seja, é
característico da natureza humana orientar-se pela vida boa e feliz. Mas para cada
indivíduo o ponto de felicidade é relativo aos aspectos que ele reconhece sobre a
vida. Por exemplo, para alguns, ser feliz é ter muito dinheiro, mas quando esse
mesmo indivíduo adoece, talvez o que ele mais queira são os aspectos relacionados
à saúde.
Outra forma de análise, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)2, é
a de que “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”. Nessa direção, o homem consegue trilhar
seu caminho em busca de melhorar sua qualidade de vida. No glossário temático:
“Promoção da Saúde”, publicado em 2012 pelo Ministério da Saúde, no Brasil, na
página 29, a definição de qualidade de vida é:

fem. Grau de satisfação das necessidades da vida humana – como


alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde,
lazer e elementos materiais – que tem como referência noções subjetivas
de conforto, bem-estar e realização individual e coletiva.

Ainda acompanha uma nota explicando que para esse conceito é necessário
ponderar três aspectos: histórico, cultural e valores não materiais. Referente ao
primeiro tema é significativo observar o momento histórico de cada sociedade, que
pode ter parâmetros diferentes devido aos anseios e valores de cada povo, nação.
Outro aspecto é o cultural que devido as tradições de cada lugar, existem diferenças
de padrões e, também diferentes entre classes sociais, o que pode acarretar
desigualdades e gerar conflitos e desconfortos com relação à qualidade de vida.
Outro ângulo são os valores não materiais, como os sentimentos de amor, liberdade,

2Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/260_qualidade_de_vida.html. Acesso em: 30


set. 2019

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caridade, felicidade, também podem ser considerados para uma realização no
âmbito pessoal.
A qualidade de vida é um parâmetro utilizado para medir as condições de vida
do indivíduo. Também pode ser a soma de fatores que colaboram para um bem-
estar físico, mental e espiritual do ser humano. Sendo diferente de padrão de vida e
expectativa de vida. O padrão de vida é um modelo que quantifica a qualidade e
quantidade de bens e serviços. Já na expectativa de vida é calculado um número
aproximado de anos que um grupo de indivíduos nascidos no mesmo ano irá viver,
se mantidas as mesmas condições desde o seu nascimento. Entretanto, apesar da
expectativa de vida ter aumentado, esses anos são vivenciados com má qualidade.
No sentido de transmitir uma mensagem e demostrar que é possível rever
conceitos, durante uma entrevista para o site da Associação Brasileira de Qualidade
de Vida (ABQV)3, com o tema: “O desejo de qualidade de vida é uma força capaz de
mudar o mundo”, Carlo Linkevieius Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do
Pacto Global, que é uma área do setor empresarial, que faz parte da Organização
das Nações Unidas (ONU), disse que: “Não conseguia entender como alguém podia
passar oito horas diárias dentro de uma empresa sem ter tempo para a satisfação
pessoal”.
Nesse ponto de vista, Carlo faz uma imagem como algo entre hardware e
software: “No aspecto do hardware, qualidade de vida é cuidar da saúde física (fazer
exercícios, cuidar da alimentação) e mental. Não diria exatamente religião, mas acho
importante cultivar espiritualidade”4. Com relação ao software, ele explica que a
qualidade de vida está diretamente subordinada a sua conexão com o mundo, com o
trabalho e com as pessoas.
Observa-se também a importância de colocar atenção nos aspectos de
prevenção, como diz o ditado popular: “É melhor prevenir do que remediar”. E não
apenas considerar os termos dor e morte. Pensando em manter as pessoas
saudáveis, podemos relacionar três ações: recuperação, proteção e incentivo a
hábitos saudáveis. Em termos de recuperação, ocorre quando um paciente já tem
uma doença e é necessário tratá-lo tanto nos aspectos físicos, quanto no psicológico
e no social.
Na proteção à saúde, as ações devem prezar por proteger o indivíduo de ser
exposto a produtos químicos, agentes poluidores, ter a disposição equipamentos de
proteção, entre outros. Com relação ao incentivo de hábitos saudáveis, promover a
divulgação de informações que contribuam com a saúde, no sentido de prevenir
doenças.
Outro aspecto é a qualidade de vida e a educação, quando um ser humano
tem acesso a uma educação de qualidade, será competente e poderá fazer
escolhas, caminhos em direção de um futuro melhor tanto para ele quanto para a
sociedade. O conhecimento propicia para o indivíduo um pensamento crítico, com
relação à formação de uma qualidade de vida, visando ações sustentáveis, mais
conscientes, prezando por uma interação mais harmoniosa no desenvolvimento
humano, social, econômico, tecnológico e ambiental. A educação é capaz de formar

3 Disponível em: http://www.abqv.org.br/Noticias/NoticiaDetalhe?idNoticia=1155 . Acesso em: 19 nov.


2019.
4 Disponível em: http://www.abqv.org.br/Noticias/NoticiaDetalhe?idNoticia=1155 . Acesso em: 19 nov.

2019.

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um indivíduo, fazendo ele observar que para o bem-estar individual, é necessário
também pensar no âmbito coletivo.
Nessa perspectiva, podemos perceber que a qualidade de vida observada por
esses vários ângulos demostra ser o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (social),
entre as ações do dia a dia objetivas em direção ao que todos os homens mais
querem: a felicidade.

1.2 Qualidade de vida relacionada à saúde

Conforme já apontamos, o termo qualidade de vida é multidisciplinar. Assim,


podemos observá-lo pelo prisma das questões relacionadas à saúde. A expressão
Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) é empregada quando se refere aos
temas da Qualidade de Vida especificamente associada a parte médica e clínica.
Conforme explica Diniz (2013):

A QVRS aborda aspectos relevantes que podem variar a cada estudo, mas
que, em geral, englobam saúde, sintomas físicos, toxicidade, funções
físicas, emocionais, cognitivas e sexuais, aspectos sociais, estado funcional
e as possíveis consequências desses fatores.

No ponto de vista da QVRS é importante conhecer no estado físico, por meio


de consulta, exames, entre outros, o quadro de saúde do indivíduo, para o médico
ou o profissional da saúde ter condutas com seus pacientes. Apesar de existirem
vários métodos alopatas para tratar doenças, muito já se fala em terapias
alternativas, justificando até mesmo que aquele paciente terá uma melhor qualidade
de vida.
Outra definição para QVRS foi explanada pelo grupo de Qualidade de Vida da
Organização Mundial da Saúde (The World Health Organization Quality of Life
Assessment Group – WHOQOL):

A OMS define Qualidade de Vida como a percepção individual de sua


posição na vida no contexto da cultura e dos sistemas de valores em que
vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações. É um conceito abrangente, afetado de maneira complexa
pela saúde física da pessoa, estado psicológico, nível de independência,
relacionamentos sociais, crenças pessoais e seu relacionamento com
características importantes de seu ambiente. (WHO, 1997, p. 1)5

Visto isso, eis a importância de observar a saúde por vários prismas, indo
muito além de observar somente a doença. A seguir, veremos alguns aspectos que
contribuem para uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Sabendo o que se
5 WHO defines Quality of Life as individuals perception of their position in life in the context of the
culture and value systems in which they live and in relation to their goals, expectations, standards and
concerns. It is a broad ranging concept affected in a complex way by the person's physical health,
psychological state, level of independence, social relationships, personal beliefs and their relationship
to salient features of their environment. Disponível em:
https://www.who.int/mental_health/media/68.pdf. Acesso em: 02 out. 2019.

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deve fazer é um grande passo, para poder mudar hábitos e melhorar a saúde como
um todo.

1.2.1 Praticar atividade física a favor da saúde

A prática de atividade física realizada com frequência relacionada a uma


alimentação saudável, alinhada a um equilíbrio emocional, constitui a base para o
cuidado da saúde por toda a vida. Uma palavra contrária a isso é o sedentarismo,
que além de gerar mal-estar, prejudica a saúde, podendo levar o indivíduo à morte.
Alguns fatores que prejudicam a saúde e são bem divulgados, mas
infelizmente acometem a população, como o tabagismo, o consumo excessivo de
álcool e a obesidade. O que chama a atenção é que esses fatores começam cada
vez mais cedo, afetando crianças e jovens, refletindo quando chegarem à terceira
idade. O exercício físico contribui no aumento de resultados positivos quantitativos,
sentidos no corpo, com uma melhora do sistema cardíaco, respiratório, circulatório,
entre outros.

Figura 2 – Efeitos fisiológicos da atividade física

Fonte: DINIZ, 2013.

Muito já se fala sobre como o sedentarismo afeta todo o nosso organismo,


com isso, quanto mais ações forem realizadas no sentido de educar e promover
atividades que façam com que a população entenda a importância de se exercitar,
melhor. Mudanças de hábito simples, como trocar o elevador pelas escadas,
levantar e fazer um alongamento após horas sentado em frente a um computador,
entre outras, contribuem para uma melhora nos órgãos, músculos e até no humor
das pessoas.
Conforme observamos na figura 2, além de cientificamente provados os
benefícios da atividade física para a parte biológica, também apresenta aspectos de

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um ótimo resultado para a saúde mental. Ao fazer esportes, o corpo libera
hormônios e a pessoa sente prazer, também melhorando a concentração e a
memória.
Outro aspecto importante é a qualidade de vida e a alimentação, o alimento é
o combustível para podermos realizar atividades do dia a dia. O ideal seria o ser
humano dispor de uma alimentação saudável e balanceada. A boa alimentação está
constituída em diversificar os alimentos e em consumir as quantidades adequadas
para cada organismo. Por isso a importância de passar em um profissional, como
nutricionista ou nutrólogo, que faz esse cálculo individualizado, conforme a
necessidade de cada paciente.

1.2.2 A importância do sono para melhorar a qualidade de vida

Um aspecto importante na qualidade de vida de uma pessoa é a relação da


qualidade de suas noites de sono. Gradativamente observa-se na sociedade um
aumento nos distúrbios do sono, por conta da vida agitada nas grandes cidades,
ocorrendo a redução do número de horas dormidas e má qualidade do sono, tudo
isso pode resultar problemas na saúde das pessoas. Para isso existem instrumentos
que podem medir a qualidade de vida dos pacientes, e são importantes no sentido
de detectar quais condutas deverão ser tomadas para proporcionar uma melhora no
dia a dia, aumentando a QV.
Durante grande parte dos estudos voltados sobre as questões do sono, a
medicina apenas focava nos termos de distúrbios do sono e, mais recentemente, de
deficiência do sono. Dessa maneira, a medicina do sono seguiu o padrão
determinado por outras disciplinas médicas, que apenas observam com as
desordens, doenças, e seu tratamento. Segundo Buysse (2014, p. 10-11) existem
cinco dimensões do sono que parecem ser as mais relevantes para as definições e
medidas da saúde do sono:
 Duração do sono: a quantidade total de sono obtida em 24 horas;
 Continuidade ou eficiência do sono: a facilidade de adormecer e voltar a
dormir;
 Tempo: a colocação do sono dentro do dia de 24 horas;
 Prontidão/sonolência: a capacidade de manter atenção/ vigília;
 Satisfação/qualidade: a avaliação subjetiva de sono “bom” ou “ruim”.
Ainda sobre a saúde do sono, pode ser considerada um padrão
multidimensional referente à vigília do sono, segundo Buysse (2014, p. 12):
“adaptado às demandas individuais, sociais e ambientais, que promove o bem-estar
físico e mental”. O autor também considera que a boa saúde do sono é
caracterizada por satisfação subjetiva, tempo apropriado, duração adequada, alta
eficiência e atenção permanente durante as horas de vigília.
Um distúrbio bem comum na população é a insônia, esse é o termo mais
popular, quando pensamos em privação do sono, sendo um transtorno que tem
como inconveniente a dificuldade de “pegar” no sono ou acordar por várias vezes à
noite, resultando em noites mal dormidas. Dessa forma, o corpo não descansa e

13
sofre com a sensação de cansaço no dia seguinte. Outro problema que afeta o sono
é a síndrome da apneia obstrutiva do sono, que apresenta sinais como o ronco,
engasgos e sintomas como cansaço, sonolência.
Há muito tempo falava-se em horas dormidas, que a quantidade mínima seria
8 horas. Mas estudos recentes6, indicam que o corpo precisa respeitar um ciclo de
90 minutos, durante o sono. Segundo o britânico Nick Littlehales, especialista em
sono de atletas, que trabalhou com times de futebol, como o Manchester United, “a
necessidade de dormir oito horas por noite é um mito” 7.
Ele explica também que o sono obedece a um ciclo natural de 90 minutos e
ao longo dele passamos de um sono profundo ou sincronizado para uma fase de
sono REM (sigla para Rapid Eye Moviment), conhecida como movimento rápido dos
olhos. Também recomenda não interromper essas fases, indicando dormir
baseando-se em múltiplos de 90 minutos, como 7,5 horas, 6 horas ou até mesmo
4,5 por dia. Sendo importante determinar uma hora para acordar frequentemente e
assim ter condições de calcular esse tempo total de sono.
Os antigos egípcios entendiam que, em sonhos, nossos olhos se abrem.
Tinham um templo dedicado ao sono e ao sonho, no qual passavam a noite e, no dia
seguinte, descreviam seus sonhos para o sacerdote que os interpretava e indicava
tratamentos para a cura física e mental.
Visto isso, podemos compreender que o corpo e a mente precisam de
descanso e o sono é uma das formas de consegui-lo. Mesmo que algumas pessoas
sofram de algum distúrbio do sono, atualmente já existem clínicas especializadas, as
quais o paciente passa uma noite sendo monitorado por equipamentos capazes que
indicar qual doença e, assim, o médico pode avaliar qual tratamento seguir. Dessa
forma, uma boa noite de sono contribui para uma melhor qualidade de vida das
pessoas.

1.2.3 Aspectos da qualidade de vida nas fases do ser humano: criança,


adolescência, adulto e velhice

A evolução do ser humano, também pode ser observada pelas fases que
ocorrem desde seu nascimento, crescimento, adolescência, fase adulta e fase
madura ou mais conhecida como terceira idade. Visto isso, é necessário dar atenção
para cada estágio no que diz respeito às questões relacionadas à qualidade de vida
em cada idade.
Bem no início da medicina moderna a visão que se tinha das crianças era
como se fossem adultos em miniatura, não se considerava que nessa fase
existissem necessidades e até doses de medicação diferenciadas. Nos últimos anos
do século XIX, com o estarrecedor nível de mortalidade infantil, conforme Andrade et
al. (2013, p. 113) “e graças às reformas sanitaristas, passou-se a dar atenção
especial aos cuidados de alimentação saúde, acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento das crianças”.

6 Disponível em: http://priscilastuani.com.br/a-importancia-dos-ciclos-de-sono-na-produtividade/.


Acesso em: 06 out. 2019.
7 Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/viva-voce/noticia/2019/03/08/8-tecnicas-

usadas-por-atletas-para-maximizar-o-descanso-durante-o-sono.ghtml. Acesso em: 06 out. 2019.

14
Assim como no período quando ocorreu a descoberta das vacinas, a
pediatria, especialidade da medicina que cuida de crianças, passou a realizar
tratamentos mais preventivos. Por exemplo, segundo Andrade et al. (2013, p. 113)
“houve grande investimento em pesquisas em nutrição, com estudos das
necessidades nutricionais específicas da infância e da adolescência, o que
aumentou a proteção às doenças originadas por má nutrição”.
Com isso, passou-se a diferenciar questões relacionadas a primeira infância,
cuidados com puericultura, passando para a criança até os 12 anos, depois entrando
na fase de adolescência, que também exige cuidados diferenciados. Desde
alimentação, exames laboratoriais até medicação foram adaptadas para as
diferentes etapas da vida, promovendo bem-estar e uma maior qualidade de vida.
Ainda de acordo com aspectos da área da saúde tanto na pediatria quanto
infantil, estão percebendo que apenas os aspectos de mortalidade ou de morbidade
não demonstram se o indivíduo é realmente saudável. Algumas medidas de saúde,
conforme Andrade et al. (2013, p. 117): “emocional, social e bem-estar são tão
importantes quanto a redução dos sintomas e a melhora na sobrevida para avaliar
como os resultados médicos têm causado interesse crescente na mensuração da
qualidade de vida”.

Figura 3 – Fases humanas

Fonte: Freepik.com8

Com a população vivendo cada vez mais, é frequente observarmos pessoas


de 80 anos estarem presentes na academia, nas universidades, dividindo com
jovens esses espaços. De acordo com a OMS, idoso é todo indivíduo com 60 anos
ou mais. Como as faixas etárias tradicionais já não atendem mais, optou-se pela
nova nomenclatura: a quarta idade.

8 Disponível em: https://br.freepik.com/vetores-gratis/homens-geradosflat_1538055.htm#page=1&


query=ciclo%20humano&position=7; https://br.freepik.com/vetores-gratis/geracao-mulheres-
flat_1538056.htm#page=1&query=ciclo%20humano&position=13. Acesso em: 29 dez. 2019.

15
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que hoje a
população do país alcança, em média, 74,6 anos. Demoraremos, ainda, algum
tempo para chegar até a oitava década. De acordo com o IBGE, isso só vai
acontecer em 2060, quando a expectativa de vida será de 81,2 anos.
Observando as diversas fases do ser humano, a força que o meio ambiente
exerce sobre o homem, e também o contrário, observa-se presente no conceito que
a OMS diz sobre saúde “o completo bem-estar físico, mental e social”, mas se
pensarmos em que vivemos em um ambiente e dependemos dele também para
sobreviver, seria ideal acrescentar a palavra ambiental também. Segundo Andrade
et al. (2013, p. 114) “quando se pensa em criar estratégias de promoção de
qualidade de vida em crianças e adolescentes, é preciso estabelecer suas
necessidades básicas tanto em relação à saúde física quanto na qualidade de vida”,
lembrando que essa qualidade é importante para sentirem seguros nessa fase da
vida.

1.3 Um esboço da posição do Brasil referente ao Índice de


Desenvolvimento Humano (IDH)

Uma das formas de reconhecer como anda a qualidade de vida em um país é


por qual posição ele ocupa no ranking do IDH mundial, sendo utilizado pela ONU
para averiguar a qualidade de vida de uma população, que pode variar de 0 a 1,
quanto mais se aproxima de 1, maior o IDH de um local. O Brasil caiu uma posição
de 2018 para 2019, passando da 78ª para 79ª, sendo que entre os países da
América do Sul, o Brasil e a Colômbia apareceram empatados na quarta posição.

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Figura 4 – O Brasil ocupa a 79ª no ranking do IDH

Fonte: G1, 2019.9

Os índices apresentam informações detalhadas sobre o conteúdo


apresentado durante um determinado tempo. Eles devem ser organizados, por
ordem alfabética, cronológica etc. Os índices são indicadores que podem apresentar
uma referência, ou uma patologia e tentam explicar uma determinada situação.
Podemos observar alguns critérios que são utilizados para medir o IDH, são eles:
 Grau de escolaridade representado pela média de anos de estudo na fase
adulta e a perspectiva de vida escolar, ou período de matrícula na fase
infantil.
 Renda: calculado pelo poder de compra da população, aferida pela Renda
Nacional Bruta (RNB), que também computa os gastos financeiros no
exterior.
 Nível de saúde: embasado na perspectiva de vida da população, referente
às questões de saúde e dos serviços de saneamento ambiental.

Se pensarmos em uma pessoa, temos o Índice de Massa Corporal que é


expresso pela abreviação de IMC e é reconhecido no mundo todo através da
Organização Mundial da Saúde (OMS) que faz uma referência entre a altura de uma
pessoa e sua massa. Esse índice é uma medida individual, mas que quando
utilizamos estatisticamente (grande quantidade de dados) podemos analisar como
uma população de um país se comporta.
A ONU é uma organização internacional voluntária que tem como objetivo
trabalhar pela paz e o desenvolvimento do mundo. Todos os anos os países
membro da ONU são classificados de acordo com seu IDH, que é uma maneira de
se comparar e classificar o grau de desenvolvimento dos países. Ele foi criado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para tentar analisar além dos
dados econômicos os países e incluir outros fatores.
Normalmente, a comparação entre países é feita através do Produto Interno
Bruto (PIB), esse índice mede a atividade econômica do país e ele pode ser
calculado de dois modos. De modo simples, uma forma seria a soma das riquezas
produzidas dentro de um determinado país e uma outra forma pela ótica da

9 Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/09/brasil-perde-uma-posicao-em-


ranking-do-idh.ghtml. Acesso em: 11 dez. 2019.

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demanda (análise de quem compra essas riquezas). No Brasil o PIB é calculado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IDH sai do aspecto
econômico e tem como cálculo a renda, a educação e a saúde. Esse índice não é
completo porque não inclui a sustentabilidade e nem a distribuição dos elementos
sociais entre outros importantes fatores.

A sociedade de consumo diversifica também o número e a qualidade dos


serviços oferecidos para cada classe social. O acesso limitado aos
melhores serviços não apenas compromete a qualidade de vida e, algumas
vezes, a própria sobrevivência, como também oferece muito a poucos
privilegiados que podem pagar pelo luxo pelo desperdício. (FANTIN, 2014,
p. 87)

O IDH no seu cálculo de saúde analisa a expectativa de vida (percebe-se que


o fator qualidade de vida é algo bem mais subjetivo do que contar os anos de vida
de uma população). Na educação leva-se em conta o índice de alfabetização de
adultos, escolarização da população em geral (também o grau de qualidade da
educação podemos considerar um outro item subjetivo). O último fator que se leva
em conta é a renda e aí utiliza-se o PIB per capita da população e também a
paridade do poder de compra da população (tenta-se excluir as diferenças das
diferentes moedas dos países). Em uma análise mais profunda nota-se que o IDH é
um parâmetro relativo para ser considerado, mas não um valor absoluto porque o
mundo é muito diferente com muitas diferenças.
A ONU divulga anualmente os índices, mas pode apresentar variações
porque o cálculo pode ser alterado nos métodos matemáticos. Normalmente o que
se observa é que os países desenvolvidos sempre têm índices mais altos e os
países em desenvolvimentos apresentam índices menores. O PIB é analisado como
algo auxiliar e tenta-se analisar mais do que a economia.

As desigualdades sociais geram problemas e tensões que podem se


agravar quando o aumento da riqueza de um país não é homogêneo para
toda a população. No caso de um país como o Brasil, com tantas
disparidades regionais, ocorrem deslocamentos populacionais (migrações
internas) previamente estabelecidos que agravam crises institucionais de
vários tipos. (FANTIN, 2014, p. 85)

Dessa forma, ainda podemos observar que faltam parâmetros de


sustentabilidade e um que considere as desigualdades sociais. E que apesar de
vivermos em um mundo onde tudo é diferente, essas diferenças não são levadas em
consideração. A sociedade deveria ser observada em camadas, na qual aquele
homem que tem maior capacidade, contribui com aqueles de menor capacidade,
respeitando essas diferenças.

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1.4 Vícios: um caminho ilusório para o prazer

A humanidade há muito tempo experimenta os vícios como uma forma de


obter prazer, muitas vezes essa satisfação pode durar segundos e, assim, estimular
a busca dessa sensação novamente sem pensar nas consequências, como a
escravidão de fatores externos para satisfazer questões internas. Com o avanço nos
estudos sobre esses caminhos trilhados pelo homem e suas dependências, a
Sociedade Americana de Medicina do Vício (ASAM), publicou um relatório
redefinindo o conceito de vício e indicando que agora ele é uma desordem cerebral
crônica e não somente relacionado a questões comportamentais, como a relação
com o álcool, as drogas, os jogos de azar ou até o sexo.
Em consequência, a importância de optar por linguagem e terminologia que
clareiam para entender alguns caminhos da medicina são importantes para
compreender as doenças e entender os fatores de riscos, melhorar os diagnósticos,
prognósticos, as alternativas de tratamento, contribuindo para o bem-estar do
paciente. A opção pela linguagem clara é importante também com a comunicação
na mídia, contribuindo com a disseminação de informações que contribuam para
evitar mais casos de vícios na sociedade.
No sentido de revisão do conceito sobre o vício, compreender como doença
cerebral crônica e pensando na possibilidade de remissão e recuperação, a ASAM,
desde 2011, trabalhou nesse reconhecimento e no progresso da prevenção e
redução de danos no espectro da dependência e recuperação. Dando sequência, o
Conselho da ASAM em 2018 considerou atualizar a definição de dependência que
seria mais acessível a muitos dos grupos de partes interessadas da ASAM, incluindo
pacientes, mídia e formuladores de políticas.
Com isso, o vício foi considerado uma doença médica crônica tratável que
envolve interações complexas entre circuitos cerebrais, genética, meio ambiente e
as experiências de vida de um indivíduo. As pessoas com dependência usam
substâncias ou se envolvem em comportamentos que se tornam compulsivos e
geralmente continuam apesar das consequências prejudiciais. Os esforços de
prevenção e as abordagens de tratamento para dependência geralmente são tão
bem-sucedidos quanto os de outras doenças crônicas. Esse conceito foi adotado
pela ASAM em 15 de setembro de 201910.
Segundo Nora D. Volkow, diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas,
“a dependência de drogas é uma doença crônica, as drogas alteram o cérebro
fisicamente. E essas mudanças são muito duradouras e persistem por um período
longo de tempo, mesmo após a pessoa parar de utilizar a droga”.
Com esse objetivo, observamos que a nova definição traz o vício como uma
doença primária, ou seja, ele não é consequência de outros fatores, como distúrbios
emocionais ou psiquiátricos. Assim como outras patologias, o vício é discernido
como uma doença crônica, assim sendo, deve ser observado, tratado e controlado
durante a vida das pessoas.
Após muitos estudos e avanços na área da neurociência, chegou-se à
percepção do que processa no cérebro do viciado, o diagnóstico de que o vício afeta

10Disponível em: https://www.asam.org/docs/default-source/quality-science/asam's-2019-definition-of-


addiction-(1).pdf?sfvrsn=b8b64fc2_2. Tradução nossa. Acesso em: 02 dez. 2019

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os circuitos de recompensa do cérebro, estimulando essa área, e ascendendo áreas
como memórias de experiências antecedentes como o prazer pela comida, álcool,
sexo, drogas, entre outras sensações de prazer que ativam esse comportamento de
dependência.
O tabagismo ainda atinge grande parte da população, mas pode ser
considerado uma epidemia global, provocando mais de 5 milhões de mortes ao ano,
segundo Bueno et al. (2013, p. 82) “trata-se da principal causa evitável de morte no
planeta; é uma doença e deve ser abordada como tal. A nicotina causa dependência
química e os tabagistas devem ser tratados como dependentes químicos”.
Mesmo o Brasil tendo sido o segundo país a alcançar as medidas de combate
do tabaco da OMS, em 2019, conforme dados do Ministério da Saúde, o tabagismo
é o líder em causar mortes evitáveis em todo o mundo, sendo representado por 63%
dos óbitos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). De acordo
com INCA (2019, p. 6) “destes, o tabagismo é responsável por 85% das mortes por
doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer,
25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças
cerebrovasculares”.
Na figura 4, podemos observar as medidas, chamadas MPOWER (Monitor,
Protect, Offer, Warm, Enforce and Raise), atingindo essas seis medidas, que são
consideradas o mais alto nível de combate ao tabagismo, ou seja, conseguir
implementar as melhores práticas no cumprimento das estratégias preconizadas
pela OMS.

Figura 5 – Medidas MPOWER, realizadas pelo ministério da saúde do Brasil, no Controle do


Tabaco

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE,

20
2019; OMS, 2008.11.

No sentido de endurecer e fazer cumprir as proibições sobre patrocínio,


publicidade, campanhas a favor do cigarro, indo de encontro com esse item do
MPOWER, tendo como objetivo a saúde e a qualidade de vida do paciente, Bueno et
al. (2013, p. 82) diz que “não se pode ceder às influências econômicas e políticas da
indústria tabágica, devendo-se combater a divulgação do tabagismo a todo custo e
com todos recursos”.
Podemos observar outros vícios e suas consequências conforme a imagem
sobre bebidas alcoólicas, internet, celular, smartphones, rede social e de
medicamentos.

Figura 6 – Alguns vícios e suas consequências

Fonte: Elaborado pela autora,

11 Disponível em: http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45616-brasil-e-o-2-pais-a-alcancar-


as-medidas-de-combate-do-tabaco-da-oms;
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=375-mpower-um-
plano-para-reverter-a-epidemia-tabagismo-5&category_slug=tabagismo-132&Itemid=965. Acesso em:
07 out. 2019

21
2019.12

Algumas substâncias são consideradas psicoativas e existem desde os


primórdios da civilização humana. Segundo Fidalgo et al. (2013, p. 121) “substâncias
psicoativas foram, e ainda são utilizadas como medicamentos ou venenos, como
forma de incrementar ação de feitiços ou ampliar o estado de consciência”.
Exemplos citados pelo autor são os jovens frequentadores de festas, mais
conhecidas como baladas que com a intenção de chegar a estados de relaxamento,
movidos por angústia ou tentando atender a estados de curiosidade.
A definição da OMS para dependência química é bastante técnica:
[…] estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um
organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de
comportamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a
substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar
seus efeitos psíquicos e, algumas vezes, de evitar o desconforto da
privação.

Com relação aos fatores que podem tornar o indivíduo um dependente


químico, segundo Fidalgo et al. (2013, p. 122) “tem-se o indivíduo, certamente o
mais complexo dos três elementos, que pode ou não se tornar um dependente, de
acordo com a relação que estabelece com a droga”. O autor completa dizendo que
essa relação, conforme observamos na figura 5, estão imbuídos fatores genéticos,
biológicos e psicodinâmicos.

Figura 7 – Fatores que podem tornar o indivíduo um dependente químico

12 Disponível em: https://sol.sapo.pt/artigo/555859/o-cerebro-e-o-mapa-do-tesouro-das-noticias-virais,


https://saude.abril.com.br/medicina/teste-seu-consumo-de-alcool-esta-fazendo-mal-a-voce/,
http://www.portals1.com.br/onu-uso-excessivo-de-remedios-pode-matar-10-milhoes-ao-ano-ate-2050/.
Acesso em: 15 dez. 2019.

22
Fonte: FIDALGO et al., 2013.

Em vista disso, explicando esse processo podemos observar que a


farmacodependência é um processo que se apresenta em três dimensões, conforme
Fidalgo et al. (2013, p. 122): “a substância psicoativa, com suas propriedades
farmacológicas específicas; o indivíduo, com suas características de personalidade e
sua singularidade biológica; e o contexto sociocultural, onde realiza o encontro entre
indivíduo e a droga”. O autor completa que o mais complexo desse trio é o ser
humano, que pode ou não se tornar dependente, conforme a conexão que ele
consolida com a droga.

23
1.5 A ressonância da violência na saúde e qualidade de vida

A questão de bem-estar também deve ser considerada pelo nível de


segurança que a sociedade tem. Com o aumento da desigualdade social, é
crescente o aspecto da violência nas cidades, com isso também aumenta o nível de
tensão na população, que sai de casa com medo de sofrer agressões, assaltos, e
até assassinatos. Com um nível de criminalidade cada vez mais alto, a sociedade
passa a viver em níveis mais altos de estresse e medo, que acaba gerando outras
doenças também. É necessário ao referirmos sobre violência e qualidade de vida
diferenciar o termo e segundo Vianna et al. (2013, p. 129):

Pode ser definida como evento representado por ações intencionais


realizadas por indivíduos, grupos, classes ou nações que ocasionam danos
físicos, psíquicos ou morais a si próprios ou a outrem, dos acidentes, que
são eventos não intencionais causadores de lesões físicas e/ou emocionais,
ocorridos no âmbito doméstico ou em vários ambientes sociais, como
trabalho, trânsito, esporte, entre outros (VIANNA et al., 2013, p. 129).

Quando pensamos em violência, também pensamos em desrespeito, no


entanto, muitas vezes o indivíduo nem sabe o significado dessa palavra. Se ele vive
em uma comunidade na qual o referencial, as circunstâncias que estão ao seu redor,
o comum é matar, roubar, agredir, para ele não existem parâmetros do contrário,
como a não violência, a gentileza o ajudar. Esses comportamentos não estando
presentes, não serão referências.
Nesse sentido, o indivíduo ao cometer algum ato de violência, tenta reagir a
situações que já não suporta mais, ao invés de ir em busca de ajuda para resolver
os problemas, que em muitos casos podem se apresentar por questões
psicológicas, praticam atos sem pensar nas consequências. Segundo Vianna et al.
(2013, p. 130), “a principal ação que antecede a violência é o desrespeito,
consequência das injustiças e dos afrontamentos sociais e econômicos, das
diferentes formas de produzir e reproduzir desigualdades sociais”.
As diferentes manifestações das desigualdades, geram comparações nessas
pessoas, que observam que existem pessoas com um padrão econômico melhor do
que o seu e, por vezes, ao invés de procurar meios de conquistar seus objetivos,
opta por consegui-los de uma maneira mais rápida.

Entre as causas da violência, têm-se o desrespeito, a prepotência, as crises


de raiva causadas por fracassos, frustações e ciúme, além das crises
mentais identificadas como patológicas. Frequentemente, o ato violento
surge da tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver e é
tido como último recurso para restabelecer o que é justo, segundo a ótica do
autor da violência (VIANNA et al., 2013, p. 130).

Refletindo sobre os aspectos relacionados à violência e à saúde e seus


modos, podemos notar que o ato pode ser direto, mediante a agressões físicas ou
verbais, podendo se manifestar também de modo indireto, com menosprezo,
desdéns, além de atos preconceituosos, racismos, também são categorias da

24
violência. Segundo Vianna et al. (2013, p. 131), “isso mostra que existe uma extensa
gama de atos violentos que negam ao sujeito o seu direito à autonomia, à liberdade
e à dignidade, que permeiam as relações humanas sem se tornarem visíveis”.
Nesse sentido, as relações silenciosas da violência podem ser vistas na
violência doméstica, sexual, no maus-tratos com o idoso e a criança, além de
assédio moral no trabalho, que acarretam manifestações físicos e emocionais, e
devem ser distinguidos pelo profissional da saúde.

Figura 8 – Algumas explicações sobre a violência

Fonte: VIANNA et al., 2013.

Visto isso, para debater sobre a questão da violência é necessário também


levar em consideração suas diversas faces e tentar entender que essas questões
também estão relacionadas às relações interpessoais, entre outros fatores que a
sociedade não conseguiu realizar e contribuir com investimentos em educação e
cidadania, melhorando assim a qualidade de vida dos cidadãos. Pois não adianta só
pensar em mais policiais para vigiar, prender, se a população além de segurança,
também está pedindo por melhores condições de viver.

25
2 A SAÚDE HOLÍSTICA E O ECOSSISTEMA

O estado de saúde de um indivíduo comumente é medido pela ausência de


doença, mas com o avanço dos estudos relacionados aos aspectos de saúde e
bem-estar, alguns conceitos podem ser ampliados. Pensando que o ser humano é
composto por aspectos físicos, psicológicos, sociais, espirituais e, também
ambientais, esses aspectos também devem ser levados em consideração, pois
podem influenciar na qualidade de vida e na saúde das pessoas.
Quando pensamos em meio ambiente apenas imaginamos árvores,
vegetação, animais, mas esquecemos que o ser humano também faz parte dele. Na
perspectiva do ambiente como uma unidade ou totalidade em um espaço e tempo,
Siqueira et al. (2018, p. 560) afirma que esse ambiente “no qual o ser humano vive,
trabalha e se desenvolve, pode ser considerado um ecossistema do qual o ser
humano é um dos elementos”.
Conectando a saúde e o ecossistema ao ser humano, pode se observar
nesse conjunto que a saúde transcende os aspectos apenas físicos e biológicos
durante o processo da doença, nessa sequência deve-se abranger as condições
socioculturais, espirituais e ambientais, pois, por exemplo, dependendo da cidade ou
até o país no qual vive, a pessoa é rodeada de poluição, o que complica quadro de
alergia respiratória, entre outros aspectos. A saúde, segundo Siqueira et al. (2018, p.
560) “apresenta-se como a soma do equilíbrio dinâmico que agrega as dimensões
físicas, psicológicas, socioculturais e espirituais do ser humano, e suas interações
com o meio ambiente, gerando possibilidades de saúde e bem-estar.”
Com relações aos aspectos transcendentais relacionados a percepção da
perpetuação da vida, mesmo transcorrido mais de 10 mil anos de relatos do homem
na Terra, segundo Reginato et al. (2013, p. 206) “pode-se dizer que, no que se
refere à morte, pouco se avançou na sua compreensão plena. A morte se esconde
em um mistério que se inicia no momento em que expira a vida e silencia o
coração”.

Em um cenário transcendental, constata-se que a ideia de perpetuação da


vida em outra dimensão desconhecida parecia estar presente nos nossos
primeiros pais. Ainda que essas conclusões sejam elucubrações
contestáveis, alguns achados não podem negar ao pesquisador essas
indagações. O ser humano é a única espécie que manifesta um senso de
vida após a morte, verificado em lendas e mitos como pertencente a algo
que se denomina espírito ou alma. (REGINATO et al., 2013, p. 205)

Outro ponto notável durante a história da humanidade está presente na


ordenação do pensamento de Platão, a questão entre a razão e sentido, sombra e
luz. O filósofo grego defendia a ideia de que por de trás de nossa realidade material
existe uma realidade abstrata, e que as questões relacionadas à razão pertencem
ao mundo das ideias e as relativas ao mundo material pertencem ao mundo dos
sentidos.

Se o homem permanecesse dominado pelos sentidos, só poderia ter um


conhecimento imperfeito, restrito ao mundo dos fenômenos, das coisas que

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são meras aparências e que estão em constante fluxo. […] O verdadeiro
conhecimento, a episteme (ciência), é, ao contrário, aquele pelo qual a
razão ultrapassa o mundo sensível e atinge o mundo das ideias, o lugar das
essências imutáveis de todas as coisas, dos verdadeiros modelos […]. Esse
é o único mundo verdadeiro, e o mundo sensível só existe enquanto
participa do mundo das ideias, do qual é apenas sombra ou cópia.
(ARANHA; MARTINS, 1993, p. 136)

Visto isso, ainda existe muito o que desvendar e compreender sobre os


mistérios da vida, da história do homem e da sociedade. Mas é importante perceber
que o homem está integrado à natureza, e que as questões holísticas fazem parte
dessa existência. Nesse sentido, as questões levantadas por Platão sobre o real e o
irreal, o material e o ideal parecem estar latentes na atualidade, quando a sociedade
observa a necessidade de dar importância para questões que realmente as têm,
indo ao encontro da tão almejada felicidade.

2.1 A visão parcial do todo gera manifestações fragmentadas sobre o


desenvolvimento e a qualidade de vida

No momento em que falamos de visão holística estamos considerando o todo,


não apenas a junção de sua parte, observando os fenômenos por completo,
inteiramente. E assim estudos indicam que o processo de viver bem como o
processo de uma “busca” de entender o porquê das coisas, interage com o micro e o
macroambiente físico, mental e espiritual em um determinado momento histórico.
Esse tipo de pesquisa tem com base uma teoria denominada “cuidado-holístico-
ecológico”.
Considerando a saúde como um estado harmônico que reflete no bem-estar
físico, psíquico e mental, dentro da visão holística é necessário pensar no todo e não
somente como uma junção das partes, sendo que esse sistema procura entender os
fenômenos (algo que ainda não está totalmente explicável) por completo ou
totalmente.
Nesse sentido, o ecossistema é representado pelas comunidades que há
habitantes e um espaço e sua origem vem da junção de “oikos” e “sistema” que
significa sistema da casa. Podemos considerar que um ecossistema tem dois
componentes: os bióticos (organismo vivos) e os abióticos (organismo que fornecem
a possibilidade para os seres vivos como terra, água, sol etc.).
Atualmente existe uma perspectiva inter e transdisciplinar em um processo de
interações humanas integrando prática, teoria, ciência, senso comum, diversidade,
complexidade, individualidade e coletiva que se chama referencial holístico-
ecológico para tentar explicar a visão de qualidade de vida.
Em 2000, o autor Weil fez uma análise de um mundo físico e os fatores
abstratos psicológicos que são causas de estresse. Isso também se deve ao fato
que há teorias que apontam que não existe a doença, mas sim o doente. Sendo que
esse ser humano pode apresentar reações destrutivas como a raiva, agressão,
ciúme, inveja, orgulho, possessividade, angústia, tristeza e depressão normalmente
explicado pelo que é chamado medo.

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Dentro dessa visão, segundo Weil (2000), essa fragmentação do
conhecimento atinge outros campos como a sociologia, economia entre outros. Essa
fragmentação, por exemplo, entre a psicologia e economia gera resultados
lastimáveis no conceito de trabalho humano e do tipo de atividade profissional na
maioria da população do mundo.
Com isso, o ser humano separa-se do Universo e consequentemente de sua
família, da sociedade, da natureza e da consciência universal. No seu interior cria
uma divisão de energia e matéria. Dentro dessa visão o homem separa suas
emoções da parte abstrata (energia) da parte física. Isso gera uma destruição do
meio em que vive porque se separa de tudo deixando a manifestação de emoções
destrutivas, nasce o estresse que acaba com o equilíbrio do corpo, da família e da
sociedade.
Essa separação gerada pela consciência individualista do homem gera uma
cultura fragmentada na qual ele não se responsabilidade pela sociedade em que
vive. Desaparecem os valores éticos, prevalecem e aumentam a ambição pelos
valores de segurança, poder e consequentemente apresentam-se as leis destrutivas.
Outro aspecto da separatividade é a tendência a basear suas ações em uma
vida competitiva em todos os campos como política, economia e religiosa. As
condições econômicas são do ganha-perde (se um ganha o outro perde) atuando na
exploração como forma de lucro.
A visão de cooperativismo, de que um pode ajudar o outro a crescer vai se
perdendo na sociedade. Consequentemente provoca a divisão de classes sociais,
de um lado uns muito ricos que só pensam no luxo e na riqueza enquanto outros
pensam apenas em um prato de comida, para preencher o vazio de seu estômago.
Podemos observar que a própria ciência está fragmenta como a divisão das
matérias biologia da vida com a física da matéria, não permitindo a troca de
conhecimento e a junção para chegar a outro patamar de conhecimento.
Com essa visão fragmentada o homem utiliza da exploração desenfreada da
natureza para acumular cada vez mais. O sofrimento individual reflete na
desarmonia social ameaçando a vida no próprio planeta. Dando mostra de uma das
leis de Newton sobre ação e reação, o ser humano tira e o planeta responde com
catástrofes climáticas.
Muito se fala do efeito estufa, devemos fazer uma reflexão sobre a emissão
dos gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa. Dentre as atividades
humanas responsáveis, é possível citar vários exemplos, como a agropecuária, as
indústrias e a queima de combustíveis, além da redução da vegetação. Segundo as
teorias mais aceitas e divulgadas pelo meio científico, o efeito estufa é um processo
natural de conservação do calor sobre a Terra, mas que vem se intensificando em
razão da maior emissão de poluentes na atmosfera pelo ser humano.
Segundo Capra (1998) existe uma crise de várias dimensões, morais,
intelectuais e espirituais. Existe uma profunda relação da saúde dos indivíduos e do
nosso planeta. A patologia individual está presente na patologia planetária em todas
as suas dimensões. Um exemplo genérico é que as companhias gigantescas
dominam nações globalmente e, muitas vezes, operam de uma maneira poluidora e
socialmente desintegradora.
Existe um ciclo vicioso no qual o desequilíbrio humano gera um desequilíbrio
da natureza autodestruidor, e o ideal seria um ciclo virtuoso, ou seja, se

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mudássemos o homem um homem melhor teria condições de gerar um meio melhor.
Muito se fala em crise, mas a palavra crise no idioma chinês também significa
oportunidade, então deveríamos aproveitar essas “crises” e mudarmos. Existe um
ditado no meio empresarial que colabora com esse pensamento “enquanto alguns
choram outros vendem lenços”.
Se analisarmos a história da humanidade, sempre existiu a luta pelo poder e
de uma maneira genérica através da religião, economia (financeira) e política, isso
pode ter existido de uma maneira individual ou integrada, quando houve tempo dos
três poderes atuarem juntos ou dois a dois, o que gerou um desequilíbrio muito
grande até nos dias de hoje. A busca pelo poder não se importando com nada, com
guerras e guerras sem ter pena se morrerem crianças ou mulheres.
Mas existe solução para sair dessa fragmentação, por meio de uma nova
visão da realidade, a mudança de uma visão “mecanicista” para uma realidade
“holística” está presente em todos os campos, o que nos dá “luz no final do túnel”
com a integração dos vários enfoques como ocidental e oriental como exemplo.
Essa nova ideia reflete-se nas novas relações sociais e formas de
organização social que começam a aparecer em um grande movimento de mudança
com uma crescente ocupação com temas ecológicos e sociais como uma nova ética
ecológica e nova escala de valores na economia e tecnologia.
Existem novas teorias da psicologia humanista em necessidades não-
materiais, autorrealização, relações interpessoais, altruísmo (antônimo de egoísmo)
tudo isso ditadas por algo abstrato que denominamos amor. Consequentemente,
com novas ideias geram uma imagem diferente da natureza humana entre o homem
e o cosmo. A holística também mostra o impacto da matéria e dos valores do bem-
estar com novos hábitos de vida, tornando o homem integrado ao meio ambiente.
Nota-se que os novos movimentos estão atuando de uma maneira isolada e,
com o passar do tempo, podem reconhecer a similaridade de seus objetivos e
passem a trabalhar em conjunto, tornando-os uma poderosa ferramenta de
transformação mundial. Poderemos chegar a uma realidade multidimensional
integrando a ciência e suas ramificações como história, sociologia e outros.
O dogma, uma verdade não discutível, cai e a visão dogmática de separação
começa a ser questionada com perguntas filosóficas muito antigas:
O que é o mundo?
O que é a vida?
Quem é o homem?
Existe um questionamento da responsabilidade dos grandes conglomerados e
suas influências e as políticas dos países desenvolvidos. Notamos como uma nova
concepção de produtos orgânicos, reciclagem, destino do lixo e novas formas de
trabalho através das cooperativas. Existem cidades com novos conceitos de
habitação, transporte, escola e trabalho com novos modos de vida mais
comunitários e cooperativos para satisfação de muitas necessidades não-
monetárias.
Nas companhias existe a participação de trabalhadores com autogestão. No
Brasil, desde 2002, existe o Instituto Ethos que contém mais de 600 empresas
associadas e emprega muita gente, o faturamento dessas empresas representa

29
parte considerável do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. O Ethos foi criado para
ajudar os empresários a compreender e incorporar o conceito de responsabilidade
social. A responsabilidade social deve existir com qualidade ética entre os seus
colaboradores (como são denominados os trabalhadores) e as empresas dentro da
cadeia produtiva de clientes, fornecedores, comunidade, poder público e o meio
ambiente.
O Instituto Ethos criou uma rede (atua em conjunto) por meio de parcerias, de
conscientização no setor privado fornecendo ferramentas para gestão, produção,
informação, entre outros, com o foco na responsabilidade social no Brasil e
internacionalmente. Também atua na mobilização da sociedade em geral, imprensa,
entidades, associações, federações, organizações não governamentais, instituições
de ensino, governo etc. para sempre potencializar sua atuação.
Outro exemplo é a organização Amana-Key fundada na década de 1970, a
qual tem como objetivo a inovação em gestão, buscando processos conscientes
com harmonia, sabedoria e amor, tentando alcançar o que há de melhor nas
pessoas e organização, além da melhoria nas condições de vida das pessoas e
consequentemente das corporações. A organização busca estimular a liderança em
todas as áreas da atividade humana e a aprofundar em tudo o que existe. Ao fazer
as pessoas usarem seus talentos, vocações e seus conhecimentos, elas conseguem
novas formas de gestão, cada vez mais ética, através da sua consciência. Grandes
empresas treinam seus executivos em seus cursos.
Um outro exemplo é a Unipaz – Universidade Holística da Paz que foi
fundada na França na década de 1970 e teve grande papel para introduzir a visão
holística na Europa e hoje estão também no Brasil. Sua proposta é transdisciplinar
com o conhecimento aplicado com base na ecologia profunda. Segundo De Masi
(2000) as empresas sem fins lucrativos dão mais oportunidade de igualdades na
ética, responsabilidade partilhada, cooperação, motivação, flexibilidade e
responsabilidade partilhada.
Nos trabalhos acadêmicos com visão holística normalmente estão voltados
para forma de ação de pessoas ou grupos em relação a gestão, educação, saúde e
meio ambiente, mas é bem mais difícil encontrar trabalhos com relação à qualidade
de vida do trabalhador. Procurar um ambiente de trabalho, com normas e tarefas
que fazem parte do sistema de valores com atitudes holísticas melhoram a vida dos
trabalhadores.
Existem grandes corporações que por sua atividade necessitam de um
colaborador satisfeito, já que o seu papel é muito importante para criar novas
possibilidades em empresas que não há necessidade de trabalho “braçal”. Essas
empresas buscam condições melhores de trabalho para todos, ou seja, pensam no
indivíduo e na coletividade.
Uma empresa americana de software tem uma história muito interessante. O
seu presidente atual foi programador de uma outra empresa, em uma noite, ele saiu
para comprar café e chocolate para toda a equipe, mas quando voltou teve uma
experiência desagradável. O seu chefe da época quis saber onde estava e ele
explicou que saiu pensando na equipe, pois todos iam passar a noite trabalhando e
queriam café e chocolate. Isso não foi álibi para ele e o chefe chamou sua atenção
expondo-o ao ridículo perante os outros.

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Ele escutou pacientemente e ao final disse que ia embora, pois não queria
trabalhar em uma empresa que não dava importância a seus funcionários. Saiu e foi
fazer doutorado na Universidade da Carolina do Norte. Ao término do seu doutorado,
sua tese foi usada e ele criou uma das maiores empresas de software analítico
estatístico na década de 1960. Posteriormente, como presidente, transformou-a em
referência para muitas outras no mundo. Normalmente seus funcionários entram e
só saem quando se aposentam, com exceção os da equipe comercial que
normalmente o salário é baixo e vivem de comissões.
Ele implantou há muito tempo a jornada flexível de trabalho, a empresa
funciona como clube esportivo (seus funcionários podem praticar as mais diversas
atividades físicas), além do esporte, atividades culturais como dança, pintura,
música. Creche para os filhos na qual o pai ou a mãe tem um sistema de
monitoramento da criança e pode ir até a creche sem autorização do superior.
Mesmo tendo jornada flexível, a maior parte dos funcionários fazem o horário
comercial e aproveitam para saírem no final da tarde para ficarem com as suas
atividades familiares.
Dentro da empresa existe médicos, bancos e restaurantes. No café da manhã
e no almoço (normalmente tem essas duas refeições) o funcionário pode levar
convidados para os diferentes restaurantes da empresa. Outro fator muito
interessante é que na empresa existe para todos (inclusive visitantes) café e
chocolate gratuitamente. Essa empresa por ser de capital fechado, como diz seu
presidente, não tem acionista e não faz uma economia ganha-perde, terceirizando
serviços, todos são funcionários da mesma empresa e também têm participação nos
lucros. Essa empresa foi base para as empresas atuais de tecnologia que também
tentam dar o melhor para seus funcionários.
Em suma, a visão do homem integrado em todas as suas ações, cria a
possibilidade para as próximas gerações de compreenderem melhor o mundo.
Dessa forma, eles percebem que na fragmentação os aspectos de sofrimento, não
entendimento se apresentarão, incentivando a aspectos negativos, enquanto a
reunião de mais elementos e a integração fará com que eles enxerguem a solução
para seus problemas.

2.2 A qualidade de vida e a saúde mental

A OMS afirma que não existe definição certa para relatar as questões
referentes à saúde mental, pois é necessário compreender que existem diferenças
culturais e juízos subjetivos amplos, sendo difícil colocar tudo em um lugar só.
Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida
cognitiva ou emocional.
Podemos enxergar a saúde Mental como a capacidade de um indivíduo em
apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir
a resiliência psicológica. Do mesmo modo o conceito de saúde mental é muito mais
extenso do que verificar apenas a ausência de transtornos mentais, ela pode ser
considerada também pelos fatores socioeconômicos, biológicos e ambientais.
Também é necessário pensar em estratégias e ações junto à saúde pública e nos
vários setores que possibilitem promover, proteger e restaurar a saúde mental.

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Saúde Mental é o equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as
exigências ou vivências externas. É a capacidade de administrar a própria
vida e as suas emoções dentro de um amplo espectro de variações sem,
contudo, perder o valor do real e do precioso. É ser capaz de ser sujeito de
suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver
a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal e o outro (Dr. Lorusso).
(SECRETARIA DA SAÚDE, 2019)13

Para ter uma boa saúde mental é necessário estar bem com você e com os
outros. Aceitar as condições de vida e principalmente saber lidar com as emoções,
tanto as negativas como as positivas, também saber reconhecer seus limites e se
não conseguir superá-los pedir ajuda.
Alguns critérios que apontam uma boa saúde mental são:
 Ter atitudes otimistas em relação a si próprio;
 Pensar e almejar crescimento, desenvolvimento e autorrealização;
 Concentração e boa resposta emocional;
 Independência em suas ações e autodeterminação;
 Percepção ponderada sobre a realidade;
 Compreensão das questões ambientais e competência social.

Figura 9 – Algumas práticas saudáveis, que melhoram a qualidade de vida e a saúde mental

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019.14

13 Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1059.


Acesso em: 15 dez. 2019.
14 Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental. Acesso em: 15 dez. 2019.

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No cenário nacional, referente aos esforços em desenvolver e implementar
políticas de saúde mental, é indispensável não apenas proteger e promover o bem-
estar mental dos indivíduos, mas também auxiliar as pessoas que já apresentam
transtornos mentais atestados. Algumas intervenções que já são realizadas e
demonstram eficácia:
 Tratamento da epilepsia com medicamentos antiepilépticos;
 Tratamento de depressão com intervenção psicológica e, para casos
moderados a graves, medicamentos antidepressivos;
 Tratamento da psicose com medicamentos antipsicóticos e apoio
psicossocial;
 Tributação de bebidas alcoólicas e restrição de sua disponibilidade e
marketing.
Visto isso, além dessas, também são necessárias campanhas para a
prevenção do suicídio, dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, além de
tratamentos prevenindo a demência e os transtornos pertinentes ao consumo de
substâncias tóxicas.
Atualmente, é possível notar o aumento nos casos de estresse crônico, como
os transtornos de ansiedade, a depressão, entre outros, que afetam o psicológico e
o emocional das pessoas. Um indivíduo com uma saúde mental debilitada apresenta
dificuldades de relacionamento no trabalho, no convívio familiar e social.
Esses pontos deixam a pessoa propícia a manifestar doenças autoimunes,
doenças infecciosas, tendem a depender de drogas, álcool, consequência da falta
de saúde e bem-estar, gerado pelos problemas mentais.
Algumas atitudes ajudam a lidar com a saúde mental e a promover mudanças
como: manter vínculos afetivos, viver no presente, evitar exigir demais de você
mesmo, saber perdoar e perdoar-se, saber rir, chorar e amar. O ideal é estar em
equilíbrio entre o mundo exterior e seu mundo interior, ou seja, estar em paz consigo
mesmo.

2.3 A conexão entre qualidade de vida e sustentabilidade: educar para


transformar e conscientizar

Muitas tentativas foram feitas na sociedade com a intenção de tentar


transformar os habitantes dela em seres melhores, até chegarem à percepção que a
educação é uma poderosa ferramenta no sentido de transformar e conscientizar os
indivíduos.
Ser sustentável não é apenas reciclar o lixo, comprar produtos que levam
esses selos, entre outros, mas sim pensar em todas as suas atitudes, desde o
momento que você acorda até a hora que você for se deitar. Colocar atenção se
suas ações estão contribuindo no sentido de independência de suas ações.
Nosso comportamento perante a vida também influencia em nossa qualidade
de vida. Nossos pensamentos, nossos estados emocionais, nossas ações no
trânsito, em casa com nossos familiares, podem gerar estados harmônicos ou não
com nosso organismo.

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Ao nos conscientizarmos de nossas ações, podemos melhorar nossa atuação
no meio em que frequentamos, trabalhamos, estudamos ou moramos. Se sou um
empresário e tenho atitudes que colaboram com a empresa e seus funcionários,
dando o exemplo em suas ações, proporcionando a seus funcionários crescerem e
se desenvolverem, eu estarei contribuindo com uma melhor qualidade de vida minha
e de meus empregados.
Mas muitas vezes as questões estão diretamente relacionadas à economia, a
distribuição de renda, ao poder financeiro, e se isso prevalecer, provavelmente
essas questões ficarão em segundo plano e as ações do indivíduo serão diferentes.
Portanto, o homem depende de suas influências, de sua realidade socioeconômica
para manter a sua educação.
No sentido de estimular a educação ambiental, Dias (1994) retrata que devem
considerar as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e
éticas. Segundo o autor, também grande parte dos problemas ambientais tem sua
origem na miséria, que gera camadas de insatisfação na sociedade, que precisa
lutar para sobreviver. Problemas gerados por políticas e problemas financeiros, que
prezam por alguns conglomerados, gerando discrepância em rendas e salários, sem
pensar em atender uma população que implora por ser atendida em questões
primordiais, como o acesso a alimentação, moradia, saúde, um mínimo de dignidade
para existir.
Ainda observamos empresas que pensam em seu lucro, mas para isso
degradam a natureza e abusam de seus funcionários, não prezando pela qualidade
de vida deles, ou utilizando das estatísticas altas de desemprego para agregar
funções e pagar baixos salários.
Os recursos relacionados à saúde e qualidade de vida da população são
submetidos as questões econômicas e também as políticas elaboradas no país
vigente. Segundo Fantin (2014, p. 84-85) “O acesso que as diferentes classes
sociais têm aos serviços e aos bens de consumo são determinadas pela
organização socioeconômica, pelas relações de produção e de trabalho”. Nesse
sentido, esse assunto está vivamente ligado ao vínculo do homem com a natureza.
A partir do momento em que a sociedade estimula a produção dos bens de
consumo, e trabalha nas questões apenas de lucratividade, produtividade, sem
pensar no ambiente em que vive. Já podemos ter consciência de onde chegaremos
com isso, destruição dos solos, acúmulo de riquezas sem necessidade, apenas ter,
ter e mais ter.
E a educação e a conscientização, então onde está a solução? A luz no fim
do túnel ou no começo está no homem. É um indivíduo, um ser melhor, que
contribuirá com atitudes melhores nesse meio em que vivemos. Mas somos milhões
perante ao planeta em que vivemos, sim somos. No entanto, como diz o ditado
popular: mais vale um forte, do que milhares de fracos.
Com isso, a solução depende de cada um de nós, que entendeu, que
compreendeu que na educação, na ação do homem consciente, está a solução para
a construção de um Mundo Melhor.

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REFERÊNCIAS

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