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PROGRAMAS DE PREVENÇÃO

Aula 2

A prevenção é a atividade mais antiga da humanidade:

• No início, após tentar sobreviver adaptando-se passivamente às condições


ambientais, o homem primitivo foi percebendo que podia ter um papel ativo em
alguns aspetos
• Foi aprendendo a evitar certas situações para prevenir os seus
malefícios…evoluindo de estratégias de prevenção individuais para coletivas

Domínio do modelo médico hipocrático:

• Modelo médico, iniciado por Hipócrates e dominou o conhecimento até ao séc


XX: não havia espaço para a prevenção da doença – origem divina

Vantagens da Prevenção no âmbito da saúde pública

Saúde Publica:

• Medicina da coletividade, visando a saúde e o bem estar para toda a população,


através da prevenção

• Custo eficácia: os gastos necessários à adoção e manutenção de medidas de


prevenção são menores que o custo da doença a surgir

• Reduz o sofrimento global da população

• Mais pessoas como membros contribuintes da sociedade

Medicina milenar:

• Tradição hipocrática, representada pela díade médico doente, com base na cura

Relevância da Prevenção

• A perspetiva de que a promoção da saúde pode prevenir sérios e dispendiosos


problemas para o individuo e para a sociedade tem vindo a aumentar ao longo
das décadas
• O conselho da Europa ou a OMS salientam a prevenção como parte fulcral dos
programas nacionais de saúde
• Destacam-se três aspetos:
→ a necessidade de uma intervenção precoce
→ não se deve limitar a prevenir crises, mas também a promover e otimizar a
capacidade de tomar decisões e a autonomia dos indivíduos
• Importância de incluir os principais contextos de vida e o ciclo da vida

Prevenção, saúde e doença

As pessoas no ponto central podem ser encaradas de duas formas:

as pessoas no centro nem estão


doentes nem saudáveis.

A partir do ponto central a medicina tem poucas ferramentas para conduzir as pessoas
ao extremo direito → promoção de saúde

Conceções de saúde e de promoção de saúde

Três tipos de teorias de saúde:

• Médica: ausência da doença


• Holística: capacidade / funcionamento holístico
• Subjetiva: sentir-se bem

Junção de holística + subjetiva → modelo bidimensional da saúde

Nenhuma das duas dimensões, por si só, garante uma definição de saúde (positiva)

Modelo Bidimensional da Saúde

Saúde (positiva) implica que a pessoa:


• Componente holística: tenha adquirido as capacidades e disposições básicas que
as pessoas tipicamente desenvolvem na sociedade, e possa usá-las

• Componente subjetiva: experiencie bem-estar relacionado com a saúde – fonte


interna

Na componente holística – as capacidades básicas desenvolvem-se naturalmente durante


o crescimento

Disposições básicas:

• Capacidade de experienciar emoções


• Certo grau de autoconfiança
• Perceção adequada da realidade
• Força motivacional

Modelo de saúde como continuo bidimensional:

a redução a qualquer um dos níveis


constitui-se como saúde reduzida.

Promoção de saúde: é tentar criar, aumentar ou manter a saúde de uma pessoa ou grupo

Prevenção: aspetos conceptuais e metodológicos

Saúde Ótima:

• Física – aptidão, nutrição e autocuidados


• Emocional – gestão de stress e das emoções
• Social – família, amigos e comunidades
• Intelectual: educação, desenvolvimento da carreira
• Espiritual: amor, esperança, caridade, sentido da vida

Não é um ponto estatístico que se alcança ou não; é uma condição dinâmica que muda
com as circunstâncias da vida.

O equilíbrio da pessoa em relação a si própria, e com os outros


Saúde como um recurso:

• Definição com grande aceitação entre os leigos: a capacidade para se envolver


em várias atividades, desempenhar papéis e responder às exigências quotidianas
• Para a maior parte das pessoas, a saúde é um meio, não um fim. As pessoas
estarão motivadas para melhorar a sua saúde se descobrirem como isso vai
ajudá-las a focarem-se nas suas paixões.

A promoção de saúde é um processo que permite aumentar o controlo que os indivíduos


têm sobre determinantes da sua saúde – sobretudo os comportamentais, psicossociais e
ambientais – e através disso, incrementar a sua saúde.

Tem como objetivo auxiliar um individuo ou grupo a alcáçar um estado completo de


bem-estar em todas as dimensões, capacitando-o para:

1. satisfazer as suas necessidades

2. identificar e realizar as suas aspirações

3. mudar com o ambiente envolvente

Saúde como um capital: implicações positivas desta visão?

A nível pessoal:

• Promover o reconhecimento de que as pessoas são capazes de fazer


investimentos para aumentar a sua “capital saúde”
• Perceber que mesmo pequenos investimentos podem levar a melhoras
incrementais no estado de saúde analogia com a “conta poupança”

A nível político / institucional:

• Contribuir para o desenvolvimento. de colaborações inter setoriais, uma vez que


muitos determinantes da saúde não estão sob controlo do setor da saúde
• Aumentar o papel da saúde nas decisões políticas- os custos passam a ser vistos
como investimentos em cidadãos produtivos

Possíveis implicações negativas?

• Perspetiva utilitarista da saúde, por parte dos governantes


• Desenvolvimento de politicas de saúde que enfatizem o primado das
responsabilidades individuais pela saúde, numa perspetiva de mercado,
diminuindo o papel das instituições sociais….e eventualmente culpando os
indivíduos pelas próprias “falhas”

A promoção de saúde visa então informar, influenciar e auxiliar tanto os indivíduos


como as organizações de forma que eles possam ser mais ativos em matérias que afetam
a sua saúde física e mental

Prevenção em Saúde:

Inclui atividades que se destinam à:

1. promoção da saúde

2. prevenção da doença

Apesar das diferenças, ambos os modelos de cuidados de saúde não podem ser vistos
como independentes, mas sim complementares. A diferença está maioritariamente no
foco da sua atenção: promoção do resultado positivo, prevenção do resultado negativo

A prevenção da doença: esforços para tentar parar, eliminar ou adiar a emergência ou


desenvolvimento dos tipos de processos e estados internos que tipicamente causam
perturbações na saúde, no presente ou no futuro, e morte prematura.

Raramente é possível prevenir a doença sem promover a saúde, e promover a saúde sem
prevenir a doença (a longo prazo)

Podemos aumentar ou manter a saúde sem reduzir a doença:

• Um aumento na autoestima ou na agilidade não diminui necessariamente o risco


de doença futura.

A prevenção da doença não aumenta necessariamente a saúde:

• Prevenir uma doença (o cancro) permite parar uma possível causa de redução da
capacidade ou de sofrimento subjetivo, mas não está a aumentar nenhuma
capacidade, nem o bem estar relacionado com a saúde.
• Prevenir uma infeção (doença) não aumenta a saúde básica
Aula 3

Prevenção: aspetos conceptuais e metodológicos.

A relevância do comportamento em saúde: origem

• Os avanços significativos na higiene, saúde publica e microbiologia, nos países


industrializados, resultam numa marcada diminuição da mortalidade devida a
agentes patológicos microbiológicos
• A causa da ausência de saúde: doenças e acontecimentos associados aos próprios
padrões do comportamento → interesse pela influência dos comportamentos na
saúde e na doença

Comportamentos relacionados com a saúde?

“Qualquer comportamento que possa afetar a saúde física de um individuo ou qualquer


comportamento que o individuo acredite que possa afetar a sua saúde física” – Sutton

Comportamentos relacionados com saúde: classificados como

• Comportamentos de saúde positivos (usar cinto de segurança)


• Comportamentos de saúde negativos

Todos eles podem ser encarados de forma dicotómica

Comportamentos de saúde positivos:

• O termo comportamento na relação com a saúde foi introduzido por Cobb e


Kasl: comportamento de saúde como qualquer atividade empreendida por uma
pessoa, que se crê saudável, com o propósito de prevenir a doença ou a detetar
num estado assintomático
exemplo: usar o cinto de segurança, cuidados de higiene, usar preservativo

Comportamentos de saúde negativos:

• Pela sua frequência ou intensidade aumentam o risco de doença ou acidente

Classificados como:

• Públicos (correr em grupo) VS provados (exercitar-se em casa)


• Utilização de serviços de saúde (fazer uma mamografia)
• Prevenção vs deteção
• Adoção vs cessação
• Continuados (lavar os dentes) vs únicos ou esporádicos

Ainda….

• Em função do estado de saúde dos indivíduos


• Comportamentos de saúde vs comportamentos de doença

Haverá diferença entre ambos? (Segundo Sutton)

• Os determinantes são diferentes


• Comportamentos de autodirigidos VS adesão a prescrições médicas

Complexidade das relações entre comportamentos positivos e negativos: exercício

• Comportamento simultaneamente positivo e negativo


→ uso de máscara
• Correlação positiva elevada entre comportamento positivo e negativo
→ num nicho específico de mulheres jovens universitárias tinham um
comportamento de exercício físico adequado faziam-no para compensar um
elevado nível alcoólico que praticavam (estudo encontrado)
• Comportamento positivo pode conduzir a comportamento negativo
→ restrições alimentares (vegetarianos)

Comportamento relacionado com saúde como entidade multidimensional:

• Como tal, o importante é o conceito de estilo de vida, a que o conceito de saúde


tem vindo a ser cada vez mais associado
• Estilo de vida individual: padrão de comportamento suscetível de ser observado,
que pode ter um efeito marcante na saúde do próprio ou no grupo → impacto
individual e social

Comportamentos se saúde negativos:

São geralmente conhecidos por comportamentos de risco:

• Correr risco: termo que liga conceptualmente um conjunto de comportamentos


que colocam os indivíduos em risco para resultados negativos ou menos
positivos ao nível da sua saúde
• Comportamentos controlados, consciente ou não, que tem inerente uma
incerteza percebida acerca das suas consequências (possíveis benefícios ou
custos) para o bem estar do próprio ou dos outros

Adolescentes:

• Na relação entre comportamentos relacionados com a saúde e saúde a noção de


estar em risco tem diferentes significados.

O que é estar em risco? (costuma sair na frequência)

Adolescentes mais novos → em risco de iniciar comportamentos

Adolescentes mais velhos → já iniciaram comportamentos de risco para a saúde → em


risco de resultados de saúde

Quando o psicólogo faz esta avaliação percebe:

Nos mais novos o que se avalia os fatores de risco e de proteção em cada um dos níveis
(familiar, escolar…) → neste estádio, estar em risco significa ter mais fatores de risco
nos vários níveis.

• Avaliamos a magnitude do risco

Nos mais velhos o que se avalia é os comportamentos, o número de comportamentos, a


frequência / intensidade /gravidade, a quando início os comportamentos, se está
envolvido também em comportamentos positivos ou não, relação com os
comportamentos positivos → neste estádio estar em risco significa um elevado numero,
intensidade e envolvimento simultâneo em comportamentos de proteção

• A magnitude do envolvimento em comportamentos

Em suma…

O caracter de risco dos comportamentos de saúde negativos depende:

• Do momento em que tem lugar


• Da sua gravidade
• Da sua duração
• Da sua integração num estilo de vida
Atenção aos comportamentos de risco: precoces, frequentes, duradouros, que se
integram num estilo de vida composto por vários comportamentos de risco

Momentos para prevenção (há diferentes momentos para a prevenção): Vimos um grupo
de adolescentes, entre os 12 o os 19 anos. Relativamente ao comportamento tabágico,
que diferentes, momentos de prevenção podemos ter aí? Exercício

1. Nos que não iniciaram prevenir o início / experimentação

2. Nos que já experimentaram prevenir repetir

3. Nos que já repetiram prevenir a continuação

4. Nos que já deixaram prevenir que recaiam

5. Nos que já recaíram prevenir a desistência do esforço de mudança

É importante saber que em todos os momentos há metodologias de prevenção

O contributo da psicologia para a saúde publica?

• Esclarece os processos pelos quais determinado resultado de saúde ocorre –


casualidade.

Determinantes → comportamentos → resultado de saúde

Para possibilitar que as intervenções sigam critérios claros e bem definidos, para
posteriormente serem acompanhadas de uma adequada avaliação → a eficácia da
prevenção em saúde depende deste conhecimento

Aula 4

Evolução do conceito de estilo de vida:

• O agregado de decisões individuais que afetam a vida do individuo e sobre as


quais tem algum controlo
• Escolhas individuais que são afetadas por pressão dos pares, autoestima,
modelos sociais, avaliações de risco e crença nas próprias capacidades para gerir
a própria vida além de dependerem de aspetos como condições
socioeconómicas, etnia, género e sexualidade

Aspetos ambientais → tem influência nos aspetos psicológicos → em risco


comportamentos relacionados com a saúde → em rico a saúde
Problemáticas de saúde (cancro do pulmão) tem na sua base….

Exercício: aumento de fumar, beber em excesso e consumir gordura e açúcar

Estatuto socio económico (educação, ocupação, rendimento) IMPORTANTE

Aspetos ambientais (físicos e sociais)

Aspetos psicológicos

Exemplos de aspetos ambientais (físicos e psicológicos)


→ locais de habitação (bares) em que é facilitado a adquirição de hábitos pouco
saudáveis e menos acesso a escolhas saudáveis.
→ locais onde há mais criminalidade
→ sobrelotação de casas
→ qualidade do ar inferior (mais toxinas)
→ condições laborais que dão aso a mais
acidentes
→ acontecimentos traumáticos (APT)

Exemplos de aspetos psicológicos

Responsáveis pelo início


→ aumento do bem-estar psicológico
→ diminuição do stress
→ menor regulação emocional

Responsáveis pela manutenção destes comportamentos


→ menos perceção de autoeficácia e autocontrolo
→ tomada de decisão prejudicada
→ menor perceção de suporte social (sentem que há menos pessoas a desejar que elas
mudem)
→ menos motivação para a mudança
Especificidades associadas a cada comportamento: Fumar

• O inicio dá-se, normalmente, na adolescência


• Crianças de meios mais desfavorecidos tem maior probabilidade de iniciar mais
cedo e escalar para consumo diário → maior pressão pelos pares

Maior consumo de álcool:

• Pessoas expostas a quatro ou mais experiências adversas na infância tem maior


probabilidade de ser tornarem consumidores elevados
• Ter um progenitor alcoólico
→ falta de apoio às aptidões cognitivas e emocionais da criança, que permite
moderar comportamentos
→ aprendizagem social, modelagem comportamental parental

Menor atividade física:

• Menos autoeficácia
• Menor suporte social da família e amigos

Os comportamentos relacionados com a saúde não consistem simplesmente na


realização de escolhas informadas e racionais, preditas por fatores socioeconómicos

São em larga medida, resultantes de processos psicossociais que ligam determinantes


socioeconómicos à saúde

Comportamento entre múltiplos fatores que afetam a saúde

Explicação psicossocial da saúde

Em suma…

O foco nos processos psicossociais chama-nos a atenção para uma explicação


psicossocial da saúde.

• Dizer que o desemprego tem impacto na saúde é uma explicação psicossocial em


saúde? → Não, isto não é uma explicação razoável, tem para além de envolver
aspetos ambientais, tem também de tocar em aspetos psicossociais. Isso explica,
mas é necessário uma resposta social e aspetos
psicológicos

A relevância de saúde mental no contexto da saúde publica?

• Determinantes da saúde mental


• Determinantes da saúde física

Tanto a saúde mental e a física utilizam os mesmos domínios saúde, mas específicos
(fatores biológicos, fatores sociais e fatores psicológicos)

No entanto, no geral, as doenças mentais têm mais determinantes e mais difíceis de


isolar que as doenças físicas.

Interrelação entre saúde física e mental:

• Os jovens que crescem com boa saúde física têm maior probabilidade de
também ter boa saúde mental, e vice-versa

Fatores de risco comuns: desemprego, menor educação, más condições habitacionais,


baixo rendimento, acontecimentos de vida adversos

As perceções de discriminação racial contribuem para a pior saúde mental e física

Doença cardiovascular e depressão:

• A doença cardiovascular conduz muitas vezes à depressão


• A depressão → preditor independentemente de acidente cerebrovascular
→ baixa adesão a mudanças no estilo de vida

Diabetes e esquizofrenia: a prevalência de diabetes em pessoas com esquizofrenia: 5


vezes superior:

• Efeitos metabólicos da medicação e aspetos de vida, mas a frequência


superior de historia familiar

VIH/SIDA e doença mental:

• Trauma causado pelo diagnostico


• Efeitos diretos da infeção no sistema nervoso central podem causar
depressão, mania, perturbação cognitiva
• Pessoas com doença mental tem maior probabilidade de infeção, pela via
comportamental

Malária e doença mental: diferentes perturbações mentais parecem aumentar a


suscetibilidade à malaria:

• Menor adesão a medidas preventivas


• Efeitos na imunidade

Prevenção de: perturbações mentais, emocionais e comportamentais. Perturbações


físicas → promoção de saúde mental, saúde física.

As intervenções preventivas com maior custo eficácia serão as que integram fatores de
risco comuns

Segundo a OMS a saúde mental deve ser vista por todos os países como um problema
urgente de saúde pública exigindo uma abordagem de saúde publica.

Exigindo uma abordagem de saúde publica integrada, por parte de diferentes


profissionais e organizações. Focada não só na esfera negativamente da saúde mental,
mas também nas suas dimensões positivas.

Prevenção em saúde mental: 3 níveis de ação no âmbito da saúde púbica

Exercícios (respostas) – com base no artigo disponibilizado (Adelina Lopes)

1. nem todas as pessoas se deslocam ao consultório do psicólogo

2. psicologia comunitária (foco em ajudar o individuo nas suas comunidades) e


psicologia da saúde
3. padrões de adaptação e desadaptação (psicopatologia do desenvolvimento) e
conhecer os processos de mudança, adaptar o que está nos tratamentos, estes psicólogos
não são apenas da intervenção (o psicólogo atua ao conhecimento onde está)

4. ele sabe que tem que mudar alguns aspetos contextuais da pessoa e muitas vezes não
o consegue fazer e acaba por ter que atingir apenas no psicológico quando sabe que não
devia fazer apenas isso. Ele ajuda a pessoa a mudar o contexto e não a lidar com o
problema de vida e isso é uma dificuldade bastante grande.

Aula 5

Os diferentes papeis do psicólogo na prevenção em saúde mental: prestadores de


cuidados diretamente com indivíduos e famílias.

Prevenção de perturbação mental:

1. Pessoas que já têm uma ou mais perturbações mentais

2. em familiares destas pessoas

Investigadores: investigação no campo da saúde mental → investigação em prevenção é


diminuta < Investigação no campo da saúde física, sobretudo nos países menos
desenvolvidos

A integração da avaliação sistemática em programas de prevenção já existentes vai


preencher a lacuna de falta de evidência

• Líderes ou colaboradores em programas de prevenção: papel ativo na iniciação


de programas preventivos, com outros profissionais
• Consultores técnicos no desenvolvimento de programas de prevenção:
aconselhar especialistas de saúde pública a iniciar intervenções preventivas, ou a
integrar componentes de saúde mental em programas já existentes

Disseminação de conhecimento:

• Sensibilização e formação de políticos e outros profissionais, para um ambiente


que conduza ao esforço de prevenção em saúde mental

Exemplos de prevenção universal, seletiva e indicada no âmbito da saúde mental

Universal: promoção de higiene dentária → programa para prevenção das cáries


Seletiva: prevenção de bipolaridade em pessoas com
antecedentes bipolares em parentes diretos

Na Psicologia:

Modelo comunitário: nasce como reação ao modelo


médico em psicologia

1. centração nas variáveis intrapsíquicas e negligências das verdades contextuais

2. carácter corretivo

3. neutralidade

O bem estar como conceito organizador.

Veio acrescer à logica da prevenção da doença, a promoção da saúde →


empoderamento

1965 – Programa Head Start

• É um programa norte americano, com financiamento federal, de um conjunto


abrangente de serviços psicossociais e educacionais a crianças entre os três aos
cinco anos e ás suas famílias, de baixo rendimento.
• Visa sobretudo trabalhar a prontidão para a escola, para assim prevenir o
insucesso escolar e todos os problemas associados
• É o programa com maior longevidade nos EUA e resultados de avaliação de
elevado impacto.

No âmbito da Psicologia Clínica a prevenção é muito importante porque:

• Baixa taxa de utilização dos serviços remediativos (por toda a população, mas
sobretudo por adolescentes) mesmo após o diagnóstico
• Crescente numero de problemas sociais que colocam a juventude em risco
• Patologia, intervenção individual e medicação → dispendioso, consumidor de
tempo e indisponível para os mais pobres.
• Há um impulso motivado pela psicologia positiva
Tipologias de prevenção

Prevenção significa impedir que alguma coisa aconteça e o publico leigo geralmente
conceptualiza prevenção desta forma. No entanto, nos círculos profissionais, prevenção
não tem uma definição tão simplicista.

A prevenção tem três níveis:

1. Primário: intervenção anterior ao programa, destinado a evitar o seu aparecimento na


população (ex: vacinação)

2. Secundário: intervenção destinada a diminuir a duração / severidade do problema,


nomeadamente através da sua deteção precoce entre os grupos de maior risco, antes de
causar qualquer tipo de sofrimento ou incapacidade (ex: recomendação periódica de
mamografias em mulheres com historial na família de cancro da mama)

3. Terciária: intervenção que visa reduzir os efeitos secundários, sequelas e maior


deterioração, de um problema de saúde que já existe. Muitas vezes é denominado de
reabilitação (ex: alcoólicos anónimos)

Domínio da Prevenção: incidência e prevalência:

Intervenção que visa reduzir a incidência → primária

Intervenção que visa reduzir a prevalência → secundária

Intervenção que visa reduzir o impacto → terciária

Críticas:

1. a distinção entre a primária e secundária depende de:

• Identificação de uma origem da doença


biologia
especifica
preferencialmente num momento especifico
• Não num modelo biopsicossocial, para doenças cronicas
multifatoriais
por vezes, com longos períodos de latência

2. A classificação sugere um valor ordinal, podendo conduzir erroneamente à atribuição


de maior importância à prevenção primária
3. a prevenção secundária e terciária são remediação e não prevenção: a prevenção
terciária é tratamento, podemos combater esta critica através:

Previne; perturbações decorrentes da já existente.

Ex: programa de cessação tabágica em centros universitários: terciária porque se destina


a terminar uma adição. No entanto, tendo como objetivo prevenir a doença respiratória e
cardiovascular no futuro….poderia também ser conceptualizada como prevenção
primária.

Há uma classificação alternativa a esta:

Restringe o uso do termo “preventivo” a medidas destinadas a pessoas que não possuem
qualquer sofrimento ou incapacidade devida à condição que se pretende prevenir,
eliminando assim a categoria “terciária”

Não se aplica a pessoas doentes porque….medidas preventivas são as aplicadas a


pessoas cujo comportamento não é motivado pelo sofrimento atual. Três níveis, com
base nos grupos populacionais com os quais têm utilização ótima.

Prevenção universal:

Aquela que pode ser providenciada a populações inteiras, independentemente do risco a


que estão sujeitos os indivíduos que as constituem (ou “livres de risco”) para reduzir o
risco futuro.

Prevenção seletiva:

Destinadas apenas a membros de grupos com um risco acrescido (ex: acima da média)
de desenvolver uma perturbação (mas que, se avaliados individualmente, estão
perfeitamente bem).

Subgrupos da população com maior risco para o resultado indesejado, mas ainda que
sem qualquer manifestação desse resultado → são definidos a partir de informação:

• História familiar
• Género
• Idade
• Ocupação
• Ambiente em que estão inseridos
Prevenção indicada ou precoce:

Tem como alvo os indivíduos (assintomáticos ou que experienciaram sintomas em


níveis subclinicos) que, por uma condição ou desvio, podem ser considerados de alto
risco → dirige-se a pessoas que são identificadas individualmente (através de programas
de despistagem) como tendo elevado risco de virem a desenvolver determinada
condição de saúde.

Na definição clássica, a maior parte destas intervenções seriam consideradas


secundárias

Como decidir que nível preventivo devemos aplicar?

A necessidade e benefícios de uma intervenção preventiva podem ser examinadas


comparando os seguintes aspetos:

• Risco do individuo desenvolver a perturbação


• Custo de intervenção
• Risco / desconforto /potencias efeitos secundários da intervenção → análise de
custo benefício

A categoria universal é a única na qual os benefícios superam os custos e riscos


“potencialmente” para um grande numero de indivíduos.

A prevenção indicada: só o grau de risco dos indivíduos envolvidos justifica a sua


utilidade.

Prevenção dos problemas no bebé decorrentes de gravidez com exposição ao álcool.


Diferentes possibilidades:

Universal → não está gravida e não bebe álcool

Seletiva → tem um dos indicadores: está gravida, mas não bebe álcool ou bebe álcool
mas não está gravida

Indicada → está grávida e bebe álcool


É Importante ter em conta!!

• a prevenção primária/ universal tem habitualmente resultados mais limitados,


pois uma perturbação mental pode desenvolver-se mediante diferentes
mecanismos e em diferentes momentos ao longo do ciclo da vida.
• A identificação dos grupos / indivíduos de maior risco é mais desafiante, uma
vez que a etiologia das perturbações mentais e comportamentais é mais
complexa, ambígua, menos estanque e não tão homogénea em todos os
indivíduos

Evolução:

Em 1994 o instituto de medicina (IOM) pronuncia-se pela primeira vez sobre o conceito
de prevenção em saúde mental:

• Adota a tipologia de Gordon, com ênfase na análise custo benefício


• Passa a incluir em prevenção indicada indivíduos que não cumprem critérios de
diagnóstico para uma perturbação, mas têm marcadores detetáveis do seu inicio

Surgem críticas a um modelo com base na doença e não proativo, que não menciona a
promoção da saúde, e ignora a mudança política e social como intervenções preventivas
viáveis

Em 1998 o National Advisory sugere expandir a definição de prevenção para todos


aqueles que:

1. não têm sintomas atuais de perturbação mental e nunca os tiveram

2. têm sintomas pré-clínicos

3. têm uma perturbação diagnosticada, estando assintomáticos – prevenção de recaída


ou recorrência

4. têm uma perturbação diagnosticada – prevenção da comorbilidade, agravamento e/ ou


incapacidade

Se anularmos a distinção entre a prevenção e o tratamento, e assim todo o tratamento


seria considerado prevenção → investigação sobre o tratamento esgotasse os recursos
dedicados à prevenção.
Relatório de IOM (2009)

• Reativou a distinção entre a prevenção e tratamento


• No entanto, no que respeita a crianças e jovens com perturbação emocional e
comportamental, todo o tratamento poderia ser potencialmente rotulado de
prevenção → numa perspetiva desenvolvimental, são fatores de risco para
perturbações ou incapacidade mais tardia.

Medicação para PHDA em crianças do ensino básico irá prevenir o inico de sintomas
secundários e até de outras perturbações, como PO e Depressão

Este relatório inclui pela 1º vez o conceito de promoção de saúde mental → definição
consistente com a da OMS(2004): ”… inclui esforços para aumentar a competência
desenvolvimental dos indivíduos, auto-estima, mestria, bem estar e inclusão social e
para fortalecer a sua capacidade de lidar com a adversidade”.

Em suma….

Tipo de intervenção:

• Prevenção universal. Nível de rastreio comunitário. Rastrear: exposição ao risco


• Prevenção seletiva. Nível de rasteiro grupal. Rastrear: exposição ao risco
• Prevenção indicada. Nível de rastreio individual. Rastrear: características,
sintomas, comportamentos, biomarcadores

Aula 6

Prevenção universal: vantagens e limitações

• Estas intervenções são consideradas mais inclusivas e menos estigmatizantes,


razão pela qual tem sido associada a maiores taxas de participação e menores
taxas de dropout
• Efeitos superiores nas crianças/ jovens com níveis médios de competências de
autogestão, comportamento relação com os pares
• Tem efeito superior em prol de externalização que da internalização
• Quem ganha mais com isto é quem está no nível médio

10-14 anos é um ideal momento para a prevenção (IMPORTANTE)

Desafios específicos desta fase:


• Jovens que entram no 2 ciclo (complexidade académica)
• Comparação social crescente (muito em resultados escolares)

Competências sociocognitivas crescentes:

• Auto perceções tornam-se mais complexas e mais estáveis


• Capacidade crescente desse envolverem em testagem de hipóteses e considerar
teorias, perspetivas e possibilidades alternativas

Estão mais recetivos às recomendações do adulto que na adolescência mais tardia.


Muito recetivos a intervenções grupais

Há autores, que sobretudo em relação a perturbações de baixa prevalência, estarão a ser


gastos recursos com indivíduos que, de qualquer forma, nunca desenvolveriam a
perturbação. Especialmente relevante no caso de crianças, tendo em conta as taxas
relativamente baixas de psicopatologia.

Ou talvez não.

As crianças bem ajustadas vão representar 50%

Problemas potenciais na avaliação de eficácia destes programas: o facto da taxa de


problemas ser baica, nomeadamente nos contextos educacionais torna difícil uma
redução de

OU

O sucesso na redução da ocorrência do problema será inflacionado de forma espúria

Vários autores advogam que a prevenção seletiva é a que faz melhor utilização do
dinheiro disponível:

Prevenção seletiva: vantagens e desafios

Tipologias de prevenção em SM – conjugação

Vários autores advogam como abordagem mais eficaz a de PP que articulam


intervenções aos diferentes níveis:

• Indivíduos que não respondem adequadamente a programas universais tornam-


se o alvo preferencial de programas de prevenção indicada
• Combinação universal como componente indicada subsequente para os de mais
elevado risco, com base na premissa de que é necessária:
→ maior duração
→ menor dimensão do grupo
→ vários contextos

O significado tradicional de prevenção (impedir a ocorrência de algo) é mais apropriada


no âmbito da saúde física do que no âmbito psicológico → adiar o inicio do problema
emocional e ou comportamentos especialmente entre aqueles com risco aumentado para
tal.

Se adotarmos uma perspetiva desenvolvimental, de que certas fases colocam o


individuo em potencial risco, uma intervenção preventiva aparentemente universal pode
afinal ser seletiva (ex: intervenção com estudantes universitários do primeiro ano)

Imaginemos o seguinte:

Prevenção do suicídio em deprimidos, é prevenção seletiva ou indicada?

• Indivíduos deprimidos têm um risco acima da média para cometer suicídio,


pelo que são elegíveis para medidas de prevenção seletiva para evitar o suicídio
• Indivíduos deprimidos nos quais foi identificada a presença de ideação suicida
estão em alto risco para cometer suicídio, pelo que são elegíveis para medidas de
prevenção indicada do suicídio

A distinção entre níveis de prevenção, nomeadamente entre seletiva e indicada, está


muito dependente de uma adequada avaliação dos indivíduos.

Modelo Teórico que guiara o PP

Um modelo teórico, com base nos resultados de investigação, dá justificação cientifica à


intervenção preventiva

Serve de base para:

• Objetivos
• Às atividades delineadas
A teoria ou modelo sobre um comportamento “um conjunto de conceitos
interrelacionados que apresentam uma visão sistemática, através da especificação das
relações entre as variáveis, para explicar ou predizer o resultado/comportamento.

Duas componentes das teorias e os PP:

Etiologia: foca-se nas causas (fatores e processos de risco e de proteção) do problema


alvo. PP eficazes são capazes de:

• Descrever uma teoria sobre como os comportamentos problema se


desenvolveram

Interventiva: foca-se nos melhores métodos para mudar estes riscos etiológicos, uma
vez identificados. PP eficazes utilizam:

• Métodos/técnicas de intervenção baseados em teorias empiricamente testadas,


que mostram produzir mudanças desejadas nas causas do comportamento a ser
prevenido

A teoria ainda é útil para:

• Avaliação dos programas de prevenção


• A boa fundamentação pode ajudar a compreender porque é que as intervenções
são ou não são eficazes, facilitando a compreensão dos mecanismos de mudança
e fornecendo uma base para redefinir e desenvolver melhor a teoria, se for o
caso.
• São eficazes: recolher dados empíricos no seio de um enquadramento teórico
facilita a acumulação de evidencia desde modelo
• Em diferentes contextos, populações e comportamentos
• Programa Families and Schools Together (FAST), um EBP destinado a prevenir
o abuso de substâncias, delinquência, fracasso escolar e abuso infantil

Guiado por três teorias do campo da família:

• Teoria do stress familiar


• Teoria dos sistemas familiares
• Teoria ecológica social
Apesar desta importância…..

• Umas proporções substanciais de estudos não fazem referência explicita a teoria,


não a aplicam de forma explícita, ou não a testam
• 54% dos estudos não reportavam fundamentação teórica
• Numa avaliação de trinta e sete intervenções online, 76% não baseavam a sua
intervenção em qualquer teoria especifica.

Categoria 1:

• São mencionadas intervenções na introdução da teoria que especificam relações


entre as variáveis, mas a intervenção não é baseada nestas teorias
• O construto psicológico, que a intervenção visa modificar, é mencionado como
preditor do comportamento

Categoria 2:

• Os construtos/ preditores relevantes da teoria são usados para selecionar ou


desenvolver técnicas de intervenção

Construto → técnica 1

Construto 2 → técnica 2

• A intervenção é baseada numa única teoria, preferencialmente (pois uma


combinação de teorias aumentaria a dificuldade em testar as teorias

Categoria 3:

• Teoria são usados para avaliar/selecionar os participantes → com base na


pontuação/nível alcançado
• Teoria são usados para ajustar as técnicas aos participantes, com base em
diferentes nos mesmos num determinado construto

Categoria 4:

• Pelo menos um construto é medido


• As medidas dos construtos relevantes e do comportamento tem adequada
fidelidade e validade

Categoria 5:
• Houve mudanças significativas em pelo menos 1 construto relevante da teoria
• Na discussão dos resultados é claramente apresentado: o apoio a teoria
• Baseado na demonstração apropriada de como as mudanças nos mediadores
contribuem para a mudança comportamental

ou a falta de apoio à teoria, baseada em:

• Falta de resultados significativos (não houve mudança significativa


comportamental, pode ter existido, mas não ser suficiente). Ainda há programas
que ainda fazem pior, deixando com que o paciente fique pior
• Pode ter havido mudança, mas não nos preditores da teoria (mudaram, mas não
foi por o programa em si)

Categoria 6: a teoria é refinada

Os resultados são usados para refinar a teoria:

• As relações entre os construtos podem ser modificadas


• Podem ser adicionados ou removidos construtos à teoria

Lista de verificação para fundamentação teórica:

• O meu programa fornece uma teoria (ou mais) sobre o desenvolvimento dos
comportamentos problema?
• O programa articula uma teoria que explique de que forma a intervenção tem
probabilidade de provocar mudança?

Na escolha de conteúdos e atividades, é necessário ter em conta a adequação a


vários níveis

A) Adequação Desenvolvimental

• A prevenção precoce dá aos programas a oportunidade de afetar a trajetória


desenvolvimental do comportamento problemático → no entanto, para ser
relevante
• Idealmente, os esforços de prevenção deveriam ser direcionados aos períodos
etários específicos durante os quais os acontecimentos causas subjacentes à
perturbação estão a ter lugar
1. Intervenção nos fatores de risco mais relevantes no momento em causa:

• Infelizmente, muitos programas são implementados quando são desenvolvi


mentalmente menos relevantes para os participantes, porque os fatores de risco
em casa já não são / ainda não são os mais relevantes

Exemplo: programas de prevenção de problemas comportamentais

Antes dos 12 anos → treino parental estabelecido de regras e limites, monitorização


adequada, controlo firme e não coercivo

Pelos 12 anos → intervenção no nível “pares”

Programas de formação parental → um módulo para ajudarem os filhos a lidarem


com a pressão dos pares não é especialmente pertinente antes dos 10 anos

2. As intervenções preventivas deveriam ser programas para ocorrer no momento da


vida da criança/jovem em que terão o impacto máximo : “Se a prevenção ocorre
demasiado cedo, os seus efeitos positivos podem desaparecer antes do início da
possibilidade da problemática se colocar; se ocorre demasiado tarde, a perturbação pode
já ter tido o seu início”

Prevenção (depressão) na faixa dos 10-14 anos:

Adequado devido a:

• Aumento do pensamento abstrato, autoconsciência, reflexão sobre as


possibilidades futuras
• Pode intensificar estilos explicativos pessimistas, expectativas de desemparo e
impotência e, por sua, vez, sintomas depressivos.

Por sua vez, é menos adequado se:

• São exigidas competências cognitivas de nível superior (programa baseado na


dissonância cognitiva) – resultados inferiores nesta faixa etária

Prevenção seletiva:

Exemplo: perturbação de comportamento alimentar, revela-se mais eficaz em jovens


entre os 14 e 16 anos do que nos mais jovens → por já se debaterem com as questões da
imagem corporal há mais tempo, estão mais motivados para se envolverem na
intervenção.

Intervir imediatamente antes ou durante o período de maior risco de surgimento da


perturbação pode maximizar a motivação

3. A importância das transições


Exemplo: o nascimento do primeiro filho traz enormes mudanças para o casal

Probabilidade aumentada de discórdia conjugal → problemas psicológicos nas crianças,


quando chegarem a idade de ir para a escola.

Assim é um excelente momento para intervenção duplamente preventiva

Transição para o segundo ciclo como janela fundamental para prevenção de múltiplos
comportamentos de risco

4. A importância da adequação das estratégias e atividade ao nível desenvolvimental


dos participantes

Em suma

Os programas eficazes evitam abordar a audiência mais vasta possível, e ao invés


procuram responder às diferenças desenvolvimentais que caracterizam crianças e jovens
com (mesmo que muito pequenas) diferenças etárias

Lista de verificação:

• O programa de prevenção foca-se nos fatores mais relevantes na época


desenvolvimental em causa
• O tipo de prevenção é o mais adequado à etapa desenvolvimental
• As técnicas e atividades são adequadas ao nível de desenvolvimento cognitivo e
social dos participantes

B) Adequação sociocultural

As experiências culturais das pessoas são determinadas por fatores como:

• Background étnico e racial


• Estatuto socioeconómico
• Nível educacional
• Contexto geográfico
• Tradições e crenças religiosas
• Duração da residência no país

Os aspetos socioculturais têm impacto nos programas de prevenção a dois níveis:

• Grau de adesão / participação nos programas


• Grau de eficácia dos mesmos

Os psicólogos devem questionar se existem grupos étnicos ou culturais que não estão
representados no programa? Porquê?

• Outra organização está a abordar as suas necessidades


• Alguns grupos desconhecem as oportunidades de prevenção disponíveis – não
são alcançados pelas estratégias de recrutamento dos programas
• Não encaram o programa como algo positivo e apropriado para si
• Populações de minorias étnicas/ culturais tem muito menor procura de cuidados
de saúde mental → igual ou maior reticência em referenciar aos seus filhos

Motivos socioculturais:

• Maior valorização da família como suporte social e visão negativa da procura de


cuidados de saúde mental
• Muito estigma associado à doença mental, devido a elevados padrões morais e
um ideal de perfeição culturalmente disseminados – mais vergonha e culpa
associada à falha
• Cultura não centrada na criança, que proporciona a sua marginalização quando
apresenta problemas comportamentais
• Técnicas comportamentais podem ser pouco compatíveis com as práticas
parentais
• Pode merecer a criação / adaptação de um programa unicamente direcionado ao
grupo

Formas de aumentar a relevância sociocultural do programa:

• Incluir figuras de referência do grupo e/ou os próprios participantes no


planeamento e implementação do programa
• Implementação por técnico desse grupo e/ou co facilitadores
• Conteúdo direcionado especificamente para as crenças ligadas ao
comportamento problema: exemplo, as atitudes culturais têm forte impacto no
comportamento sexual de jovens afro americanos de ambos os sexos
• Utilização de exemplos, atividades e cenários representativos da sua experiência
cultural
• Figuras de referência da sua cultura “ocultas”, na arte, literatura…
• Apresentação e reflexão sobre estatísticas do seu grupo no que respeita ao
problema alvo

Em suma

• a adaptação cultural de programas de prevenção deve ir para além da superfície


(mera tradução ou mudanças nos audiovisuais), incidindo em modificações
estruturais que vão afetar a recetividade da intervenção (mudar conteúdos no
sentido de acomodar as normas sociais, crenças e práticas culturais / religiosas
da população alvo

Lista de verificação:

• A estratégia e materiais parecem sensíveis às realidades sociais e culturais dos


participantes
• A equipa é culturalmente competente para trabalhar com a população alvo?
• É possível o programa ser examinado por peritos e / ou membros do grupo alvo
potencial
• Existem membros de equipa representativos da população alvo

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