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PSICOFARMACOLOGIA

Continuação da aula 3
Farmacodinâmica: estuda o que o fármaco faz ao organismo.

Inclui o estudo:

• Efeitos biológicos produzidos pelo fármaco


• Locais de ação (alvos) e mecanismos pelos quais o fármaco atua
• Fatores que influenciam a segurança e a eficácia de um fármaco

Principais alvos moleculares dos psicofármacos e exemplos:

• Enzimas à acetilcolinesostarase
• Recetores à ligados à proteína
• Transportadores à transportador da recaptação

Atividade Enzimática:

• Conversão de uma molécula em outra, ou seja, um substrato em um produto


• A enzima tem um local ativo no qual o substrato pode ligar-se especificamente
ocorrendo a transformação em produto.

O Espetro Agonista

Eficácia medição do efeito sob condições ideais

Efetividade avaliação do efeito em contexto real (se a eficácia se mantém em condições da


vida real)

Eficiência relação que tem em conta os custos e benefícios

Um fármaco ideal é aquele que é eficaz + efetivo + eficiente

Inventar uma molécula para ser aprovada como fármaco:


Farmacocinética:

• Absorção (via de administração)


• Distribuição
• Metabolização
• Excreção

Farmacodinâmica:

• Alvos
• Efeitos pretendidos
• Segurança
• Eficácia, efetividade, eficiência

Aula 4

Investigação:

Inventar uma molécula para ser aprovada como fármaco:

• Como surgiu a molécula?


• Avaliação
• Estudos clínicos
• Tempo
• Comercialização

Objetivos:

• Descrever as várias etapas de desenvolvimento de um medicamento


• Descrever os vários tipos de desenho de ensaios clínicos
• Identificar os aspetos metodológicos principais para o desenho e condução de ensaios
clínicos
• Reconhecer que dados são necessários para a avaliação de um medicamento antes da
sua introdução no mercado ou na aprovação de novas indicações
• Reconhecer os vários tipos de outcomes de eficácia e segurança
• Propor um programa de desenvolvimento e respetivos estudos clínicos perante cenários
hipotéticos a serem discutidos

O desenvolvimento de fármacos é um processo demorado, de alto risco, complexo e altamente


regulado.

Descoberta de Biotecnologia:
• Macromoléculas provenientes de organismos vivos ou de sistemas biológicos
• Proteínas ou péptidos dirigidos a um alvo específico de uma via biológica
• Processos de fabrico complexos

Descoberta dos Químicos:

• Pequenas moléculas produzidas por processos químicos


• Compostos identificados por processos computacionais
• Processos de fabrico menos complexos e mais reprodutíveis

Fase Pré Clínica:

• A fase de investigação pré-clínica começa por avaliar a farmacocinética +


farmacodinâmica e a toxicidade do composto em modelos animais
• Após a primeira avaliação do perfil de segurança do composto identifica-se a ação no
alvo terapêutico, ou seja, o potencial farmacológico e terapêutico >> dose para
utilização em humanos?
• O plano de avaliação pré-clínico pode ser adaptado em função do perfil de utilização
clínica da nova entidade química
• Ponderar a dispensa de estudos de carcinogenicidade e toxicidade reprodutiva em
situações em que a esperança de vida é baixa, mas não em situações em que se prevê
uma utilização do medicamento em idades jovens e por períodos prolongados.
• Nesta fase os compostos podem ser sujeitos a modificações químicas no sentido de
potenciar a sua eficácia ou minimizar a sua toxicidade

Fase Clínica I:

• A Fase I marca a primeira administração do medicamento no homem, em voluntários


saudáveis, num número reduzido de indivíduos
• Estudos abertos, braço único, não controlados por placebo nem comparador ativo
• As doses do medicamento administradas são muito mais reduzidas do que nas
avaliações pré-́ clínicas
• Avalia-se o metabolismo e a farmacocinética do medicamento em humanos
• Realizam-se em centros selecionados sob a orientação de investigadores especializados,
seguindo metodologias de monitorização rigorosas, que visam minimizar o risco de
exposição a um medicamento de efeito desconhecido no homem
Fase Clínica II:

• A Fase II marca a primeira administração em doentes “alvo” (com a doença)


• Permite a demonstração da ação farmacológica em doentes
• Identifica a relação entre diversas doses, a eficácia e a tolerabilidade: estudos de
escalada de dose (dose ranging studies)
• Os resultados destes estudos identificam a(s) dose(s) a utilizar no Plano de
Desenvolvimento Clínico (PDC) subsequente
• O PDC define as populações que podem vir a beneficiar do medicamento, os
parâmetros de avaliação de eficácia, a metodologia de identificação de potenciais riscos
que poderão ocorrer nos EC de fase III.

Fase Clínica III:

• Os estudos de Fase III têm como objetivo demonstrar a eficácia e segurança na


população alvo do medicamento para a qual se pretende obter a Autorização de
Introdução no Mercado (AIM)
• São conduzidos em populações alargadas de doentes segundo as metodologias
adequadas à obtenção de evidência – estudos aleatorizados/randomizados e controlados
por placebo ou comparador ativo (fármaco já usado para essa patologia)
• Estes estudos são quase sempre realizados em dupla ou tripla ocultação – blind (o
médico, o doente e o promotor desconhecem se o doente está a receber o medicamento
em avaliação ou o comparador)
• Concluídos estes estudos, a empresa farmacêutica submete o pedido de AIM às
autoridades reguladoras que inclui os resultados de todos os estudos pré-́ clínicos e
clínicos

Aprovação:

• A Aprovação e AIM é concedida pelas autoridades competentes (AC) de um país ou de


uma região – FDA nos Estados Unidos e EMA na Europa
• Documentos de avaliação de acesso público (EMA: EPPAR - European Public
Assessment Report)
• A AIM pode ser condicionada ao cumprimento de um plano de avaliação complementar
de segurança durante a comercialização, o Plano de Gestão de Risco (PGR)
• É aprovado o Folheto Informativo do doente e o Resumo das Características do
Medicamento (RCM); estes documentos são de acesso público
• O RCM especifica as indicações da aprovação, posologias, precauções e
contraindicações e resume os principais resultados de eficácia e segurança
• O RCM é atualizado periodicamente para incluir novas informações de eficácia ou
segurança obtidas durante a comercialização

Efeitos adversos:

Efeitos secundários dependentes da dose:

• Expectáveis numa determinada proporção de casos, relacionados com a dose (quanto


maior a dose, maior a probabilidade de ocorrerem)

Efeitos idiossincráticos:

• Imprevisíveis, extremamente raros, não dependem da dose

Relações imunológicas:

• Alergias até choque anafilático

Tolerância:

• Diminuição do efeito de determinada substância após administração repetida da mesma


• São necessárias doses maiores para obter o mesmo efeito
• Farmacocinética: mecanismos de indução enzimática
• Farmacodinâmica: depleção de NT, up/downregulation de recetores, plasticidade
neuronal
• Adaptações psicológicas e comportamentais

Abstinência:

• Perante a administração de determinado psicofármaco ou SPA, ocorrem adaptações


neurofisiológicas
• Objetivo de regressar à homeostasia
• Na ausência do psicofármaco ou SPA, há um desequilíbrio no sentido inverso
• Perante a administração de determinado psicofármaco ou SPA, ocorrem adaptações
neurofisiológicas
• Objetivo de regressar à homeostasia
• Na ausência do psicofármaco ou SPA, há um desequilíbrio no sentido inverso

Fase Clínica:

• Estudos não comparativos abertos de braço único


• Estudos comparativos aleatorizados (RCT)
Controlo: placebo e/ ou medicamentos ativo
ocultação
estudos de braços paralelos
• Estudos de cross over
• Estudos adaptáveis

Genéricos e Bioequivalentes

• Equivalência farmacêutica:
principio ativo: composto químico/molecular é o mesmo
mesma via de administração + mesma dose
• Bioequivalência:
mesmo efeito e farmacocinética equivalente

Populações especificas

Uma população “especial” em farmacologia?

• Idade pediátrica
• Grávidas e puerpério
• Idosos

Idade Pediátrica:

• Período neonatal
• Primeira infância
• Segunda infância
• Terceira infância
• Pré-adolescência
• Puberdade
• Adolescência

Farmacocinética: avaliação quantitativa – concentração do fármaco

Absorção:

• Via oral influenciada por vários fatores:


pH gátrico (muito variável nos primeiros tempos de vida)
motilidade GI (aumento do peristaltismo)
Semi vidas difíceis de prever
• Efeito de primeira passagem hepática

Metabolização:
• RN e 1ª infância: imaturidade da função hepática, diversas variantes em ambas as fases
(I e II)
• Crianças: normalmente metabolizadoras mais rápidas que os adultos
• PEA e P Neurodesenvolvimento: metabolismo também mais imprevisível

Excreção:

• Função renal num recém-nascido é ainda imatura


• Menor ainda em RN prematuros
• Aumenta o tempo de semi-vida – maior concentração com a mesma dose – risco de
toxicidade
• Estabilização da TFG ao longo do desenvolvimento (12 anos)

• Neuromaturação em curso
• Maturação diferente de recetores
• Efeitos paradoxais na infância
• Diferentes proporções de efeitos adversos

Grávidas e puerpério:

• Transmissão de nutrientes, troca de gases


• Excreção de metabolitos fetais
• Produção hormonal
• Proteção contra translocação de microrganismos
• Medicação para a grávida pode passar para o feto algo que não é tóxico para a mãe,
pode ser para o feto
• Considerar sempre a existência de gravidez ou a sua possível ocorrência (idade fértil)
• Medicamentos que possam ser teratogénicos ou fetotoxicos
• Nunca utilizar medicamentos novos ou não testados em grávidas
• Desaconselhar sempre a automedicação nãoorientada
• Quando possível evitar a medicação no primeiro trimestre

Idosos:

• A partir de 65 anos
• Idade cronológica ≠idade biológica
• População muito heterogénea
• Características fisiológicas e patológicas especiais
• Comorbilidades frequentes e polimedicação é habitual
• Alterações nos recetores e nos mecanismos intracelulares de transmissão do sinal
• Alterações na homeostasia: metabólicas e hormonais
• Alterações induzidas por doenças crónicas • Interações entre fármacos
• Automedicação, adesão Tx
• “Medicinas alternativas/naturais”

Aula 6

Psicose e Esquizofrenia:

• Antiguidade e idade média – possessão demoníaca


• Morel (1857) – teoria da degeneração
• Kraeplin (1893) – dementia praecox
• Bleuler (1911) – esquizofrenias
• Kurt Schneider (1920) – sintomas de 1a ordem
• T. Crow (1980) – esquizofrenia tipo I e tipo II

Sintomatologia:

Positivos:

• Delírios – alt do pensamento


• Alucinações – alt da perceção
• Alterações da linguagem e comunicação
• Desorganização do discurso
• Do comportamento
• Catatonia
• Agitação

Negativos:

• Disfunção da comunicação – alogia: pobreza do discurso; latência e lentificação


• Disfunção do afeto – embotamento afetivo: redução do leque das emoções
• Disfunção da socialização – associalidade: isolamento e redução do interesse social e de
interação
• Disfunção da capacidade para o prazer – anedonia: redução da capacidade de tirar
prazer das experiências
• Disfunção da motivação – avolia: redução do desejo, motivação e persistência
(inclusivamente autocuidados)
• Dificuldade no pensamento abstrato, falta de espontaneidade, restrição no
comportamento dirigido a objetivos

Sintomas Cognitivos:

• Focar e manter atenção


• Estabelecer e manter objetivos
• Estabelecer prioridades e organizar execução de tarefas
• Monitorizar a performance
• Memória
• Fluência verbal
• Compreensão e adequação a feedback social

Sintomas Afetivos:

• Elação de humor
• Sintomas depressivos

Sintomas Agressivos:

• Agressividade

➔ A esquizofrenia é uma perturbação habitualmente grave, incapacitante, que acarreta


grande sofrimento pessoal e familiar e custos sociais elevados
➔ Esquizofrenia manifesta-se como uma acentuada disrupção na cognição e nas emoções
associada a uma constelação de sintomas: rotura com a realidade
➔ Desencadeia-se maioritariamente na adolescência/início da idade adulta (período crítico
da maturação do SNC) depois de uma fase de pródromos mais ou menos prolongada,
com sintomas inespecíficos (dificuldades na socialização e aprendizagem
➔ Evolui para a cronicidade, com flutuação dos sintomas positivos e negativos e
frequentemente com um quadro residual com empobrecimento das funções cognitivas e
da vida relacional, o que condiciona desfavoravelmente o prognóstico
➔ Apesar dos progressos recentes na imagiologia, neurofisiologia e genética molecular
(que têm permitido avançar modelos fisiopatológicos das psicoses e o desenvolvimento
de novos fármacos), a esquizofrenia permanece uma doença largamente desconhecida

Fase pré mórbida:

• O período pré-escolar caracteriza-se por preocupações não específicas


• O período escolar precoce caracteriza-se por défices não específicos na atenção e
comportamento (problemas de comportamento e atrasos do desenvolvimento nas
competências motoras ou de linguagem); dificuldades nas relações interpessoais e na
capacidade de resolução de problemas, menor QI, jogo solitário, ansiedade excessiva

Fase prodrómica:

• Resulta no desenvolvimento de psicose


• A psicose é geralmente gradual/insidiosa
• O melhor fator preditivo é o funcionamento pré-mórbido

Vias dopaminérgicas:

• Nigroestriada – défice dá perturbações do movimento (parkinsonismo, distonia,


acatísia); hiperatividade causa coreia, discinesia e tiques; bloqueio crónico causa
discinesia tardia
• Mesolímbica – hiperatividade é responsável pelos sintomas positivos; impulsividade +
agressividade; PRAZER
• Mesocortical – diminuição da atividade dá origem a sintomas negativos e sintomas
cognitivos (CPF)
• Tuberoinfundibular – em relação com prolactina Dopamina bloqueia // inibiçãoo da
dopamina.
• Talâmica – sono e vigília

Hipótese Serotoninérgica: baseia-se do seguinte

• Substâncias agonistas, como o LSD, provocam sintomas psicóticos, nomeadamente


alucinações
• Menor expressão do recetor 5-HT2A no córtex pré-́frontal dos doentes com
esquizofrenia.
• Interação entre o sistema serotoninergico e dopaminergico
• Clozapina: antagonista 5-HT2A >> primeiro AP atípico (2ªG)

Antipsicóticos Típicos:

1º Geração = típicos

• Antagonismo recetores D2
• Alvo: sintomatologia positiva
• Bloqueio de pelo menos 80% dos recetores D2 mesolímbicos para diminuir
sintomatologia positiva
• Antagonismo ocorre também na via nigroestriada – sintomas do movimento
• Neuroléticos – Efeitos extra-piramidais
• Via tubero-infundibular – PRL (porque a dopamina inibe) – galactorreia, disfunção
sexual
• Diminuição global da dopamina mesocortical – sintomatologia negativa e cognição
• Feedback negativo: recetores D2 // qualquer variação de NT influencia muito –
discinesia tardia irreversível

Efeitos anti histaminérgicos H1

• Efeito terapêutico para ansiedade e insónia


• Efeitos adversos: sonolência e aumento de peso
• Haloperidol < Clorpromazina

Efeitos anti adrenérgicos:

• Diminuição da pressão arterial, hipotensão, ortostática, sonolência, tonturas

Antipsicóticos típicos:

Aprovações dos antipsicóticos típicos em idade pediátrica:

• Clorpromazina > 5 anos para agressividade em contexto de psicose


• Haloperidol > 5 anos
• Pimozide > 3 anos para Psicose // + tiques e Síndrome de Tourette

Síndrome maligno dos Neuroléticos:

• Aumento da rigidez muscular


• Aumento da temperatura (>38ºC) – Febre
• Alteração do estado de consciência – Coma

Antipsicóticos atípicos:

• Ação antidepressiva, antimaníaca, sedativo-hipnótica


• Menos efeitos adversos extra-piramidais e menos hiperPRL

Farmacocinética dos AP:

• Após absorção oral, o pico dos níveis plasmáticos ocorre geralmente entre 2-4h
• 50% do antipsicótico é excretado na circulação enteropática e 50% via renal
• 82-99% ligados a proteína e muito lipossolúveis, grande volume distribuição
• Atravessam a barreira hematoencefálica e a placenta
• Semivida geralmente entre 5-50 horas – porém, duração clínica elevada
• Níveis plasmáticos estáveis estabelecem-se em 4-10 dias

Nota: O efeito antipsicótico geralmente só se torna evidente ao fim de alguns dias e até 2
semanas

Farmacodinâmica quetiapina:

• Efeitos diferentes dependentes da dose


• Afinidade de recetores

Efeitos adversos dos AP:

Acinésia

Sialorreia (+Clozapina) – efeito paradoxal - movimentos faciais e motilidade esofágica

Parkinsonismo iatrogénico – Efeitos extrapiramidais:

• Tremor, em grau e intensidade variável, que pode interferir com as atividades sociais –
mais pronunciado em repouso.
• Rigidez (articular, máscara facial, diminuição dos movimentos acessórios dos membros
e dificuldade em iniciar movimento).
• Bradicinesia – lentificação do movimento

Distonia aguda

• 90% dos casos ocorrem nos primeiros 4 a 5 dias de administração


• Espasmos musculares breves ou prolongados, que resultam em movimentos ou posturas
anormais mais frequentes nos olhos, boca e maxilares - crises oculogiras, protusão da
língua, torcicolo.
• Podem ser emergências! > distonia laríngea
• Mais no sexo masculino

Acatísia:

• Inquietação e ansiedade – mental


• Incapacidade de permanecer quieto – motora
• Sensação subjetiva + Avaliação objetiva
• mais no sexo feminino, meia idade
• Geralmente surge após 10 a 15 dias do início do tratamento até aos 60 dias
• Depende da dose: o aumento da dose aumenta este efeito secundário

Discinesia tardia:
• Movimentos anormais da face e boca (mastigatórios, coreicos, atetoides, etc.), que se
podem estender ao pescoço e mãos
• Surgem vários meses após o início do tratamento, durante ou após descontinuação; mais
comum nas mulheres
• Dependente do uso de doses elevadas e por longo tempo e/ou uso de antiparkinsonicos
em associação
• Irreversível na maioria dos pacientes

Prognóstico: Fatores de pior diagnóstico

• Sexo masculino
• Idade precoce
• Pior funcionamento pré-mórbido
• Alterações imagiológicas cerebrais (volume cerebral)
• Défice cognitivo
• >DUP – Duration of Untreated
Psychosis
• Refratariedade terapêutica
• Baixa adesão a terapêutica

Aula 7

Perturbações de Humor a antidepressivos: o que devemos questionar?

• Duração
• Substâncias Psicoativas
• Antecedentes Familiares
• Medicação
• Avaliar risco suicidário

Humor: Sintomas de mania:

Comportamento

• Agitação psicomotora/hiperatividade, sono, taquiritmia do discurso, inquietude,


atividades dirigidas a um objetivo, energia

Cognição:

• Distractibilidade, fuga de ideias (ou experiência subjetiva de pensamento acelerado),


grandiosidade, auto-estima
Relações interpessoais:

• sexualidade, desinibição social, comportamentos de risco, “destemidos”

Episódio (Hipo) maníaco:

Maníaco: duração > 1 semana

Hipomaniaco: duração > 4 dias

Episódio (Hipo) maníaco:

• Distratibilidade
• Insónia ou Indiscrições
• Grandiosidade F Fuga de ideias
• Atividade aumentada S Sono (diminuição da necessidade de) / Speech (Pressão de
discurso)
• Talkative (taquipsiquismo -> taquifemia) / Thoughtlessness (sem medir consequências
destemido)
• Sintomas com alta especificidade: elação do humor lábil (episódico), hipersexualidade

Depressão – Hipótese das manoaminas: em que se baseia?

• Muitos dos antidepressivos atuais aumentam a concentração de serotonina através da


inibição da sua recaptaçao e/ou degradação ̃
• Se níveis normais de NT – défices na transdução de sinais?
• Modelos biológicos da psicopatologia

Terapêutica:

• Resposta: redução de pelo menos 50% dos sintomas avaliados instrumental ou


clinicamente nos doentes tratados.
• Remissão: desaparecimento de toda a sintomatologia.
• Recuperação: a remissão persiste por 6 a 12meses.
• Recaída: se o doente piora antes da remissão completa.
• Recorrência: se o doente piora alguns meses após remissão completa.

Antidepressivos:

• Antes do tratamento, os neurotransmissores são libertados em níveis patologicamente


baixos e exercem níveis de retroalimentação auto-inibitória em estado de equilíbrio
dinâmico. O efeito final consiste no nível basal anormalmente baixo da atividade dos
recetores pós-sinápticos (sinalização).
• O uso a curto prazo de medicação antidepressiva resulta na libertação aumentada de NT
e/ou aumento da duração da ação do NT na fenda sináptica.
• Ambos os efeitos produzem aumento da estimulação dos auto-recetores inibitórios com
maior inibição da síntese de NT e da sua exocitose. Possível down-regulation dos
recetores pós-sinápticos.
• O efeito final na atividade dos recetores póś - sinápticos permanece semelhante ́ à
atividade pré-tratamento.
• Mais efeitos adversos, ainda sem efeito terapêutico
• O uso crónico de medicação antidepressiva resulta em dessensibilização dos auto
recetores pré-sinápticos.
• Assim, ocorre redução da inibição da síntese de NT e da sua exocitose.
• O efeito final consiste em aumento de atividade dos recetores pós sinápticos, levando a
uma resposta terapêutica.

Os antidepressivos:

• Não “elevam” o humor em indivíduos não deprimidos.


• Altamente lipossolúveis.
• Semivida plasmática variável
• Em doses elevadas podem provocar arritmias.
• Baixam o limiar convulsivo.
• Baixa adesão.
• Interações medicamentosas.
• Tolerância desenvolve-se para efeitos anticolinérgicos e sedativos
• Mas não para efeito antidepressivo.
• Não causam dependência física.
• 1º AD introduzidos clinicamente. Efeito terapêutico através da inibição da MAO-A
(+B).
• Os inibidores da MAO são, hoje em dia, utilizados sobretudo quando os outros AD
falharam na Tx de Depressão Major e Perturbação de Pânico.
• Risco de Crises Hipertensivas: uma subida brusca e súbita da Tensão Arterial, podendo
levar a AVCs hemorrágicos e morte. Esta reação pode ser potenciada por administração
concomitante de fármacos simpaticomiméticos ou por consumo de alimentos ricos em
tiramina (simpaticomimético indireto – promove libertação de catecolaminas).
• Fenelzina: inibidor da MAO-A
• Moclobemida: inibidor competitivo e reversível da MAO-A
• Clorgilina: inibidor seletivo e irreversível da MAO-A
• Selegilina: inibidor seletivo da MAO-B

Efeitos secundários:

• Hipotensão
• Efeitos simpaticomiméticos
• Aumento de peso
• Estimulação excessiva do SNC

Ainda sobre os antidepressivos:

• Seletividade – maior margem terapêutica – menor mortalidade IMV


• São atualmente os antidepressivos mais prescritos
• Igualmente eficazes, sem efeitos secundários anticolinérgicos
• Náuseas, anorexia, insónia e disfunção sexual causados por estimulação de diferentes
subtipos de recetores 5HT constituem os efeitos indesejados mais frequentes
• Principalmente nos primeiros 15 dias: pode desencadear agitação aguda, ansiedade,
crises de pânico

Síndrome de descontinuação:

• Normalmente, os pacientes descrevem choques elétricos no cérebro, flashes visuais e


dores de cabeça. Outros sintomas são tonturas, desequilíbrio, letargia, insónia, fadiga,
ansiedade, agitação e náusea.
• Este síndrome tem sido associado à semivida de um determinado SSRI; quanto mais
curta, maior o risco.
• A redução gradual (dependente da pessoa e do antidepressivo) reduz a probabilidade de
sintomas de descontinuação

Viragem maníaca:

• A Perturbação Bipolar geralmente apresenta-se inicialmente com um ou mais episódios


de Depressão Major
• Um episódio de mania ou hipomania pode ocorrer pela primeira vez durante o
tratamento com um antidepressivo, estimulante ou outro agente com efeitos de elevação
do humor.
• Essa “mudança” de humor para mania, estado misto ou psicose pode ser perigosa.
• É particularmente prevalente entre jovens e adultos jovens expostos ao tratamento com
um antidepressivo ou estimulante.
• Efeito adverso ou Perturbação Bipolar não diagnosticada
Aula 8

Humor e ansiedade

Medo:

• Foco especifico de ameaça


• Relação compreensível entre a ameaça e o medo
• Usualmente episódico
• Tensão circunscrita
• Ameaça identificável
• Diminui com a ausência da ameaça
• Área circunscrita da ameaça

Ansiedade:

• Origem ilusória da ameaça


• Relação incerta entre a ansiedade e o medo
• Prolonga
• Tensão pervasiva
• Pode não ser identificável
• Persistente
• Foco específico da ameaça

A ansiedade é uma experiência universal:

Emocional:

• Humor ansioso, humor depressivo

Cognitivo:

• Perceção de ameaça, sentimento de falta de controlo

Comportamental:

• Tensão, medo, comportamento de evitamento


Somático:

• Muscular, ativação do sistema nervoso autónomo

Ansiolíticos:

• 1900s – Barbitúricos como sedativos hipnóticos e anticonvulsivantes


• 1952 – Meprobamato como sedativo e ansiolítico
• 1960 – Benzodiazepinas
• 1977 – Fármacos + prescritos
• 1987 – Buspirona

Benzodiazepinas:

• Estrutura química é a fusão de um anel de benzeno com um anel de diazepina


• A primeira BZD, o clorodiazepoxido, foi descoberto em 1957 e introduzido no mer-
cado na década de 1960
• Potenciam o efeito do neurotransmissor ácido gamaaminobutírico (GABA) – inibitório

Propriedades:

• Ansiolíticas: + corticais e límbicas


• Hipnóticas/Sedativas: formação reticular
• Adjuvantes de Anestesia
• Relaxantes Musculares: ação direta sobre a espinhal medula
• Anticonvulsivantes: córtex cerebral e tronco cerebral

Ainda:

• Rápida absorção oral


• Pico plasmático: 30min-2h
• Taxa de absorção sublingual (clonazepam, alprazolam, lorazepam) é apenas ligeira-
mente maior
• Absorção IM mais lenta que a oral (exceto lorazepam e midazolam)
• Via endovenosa: sedação pré-anestésica (midazolam) e para o tratamento de convulsões
• Lipossolúveis em grau variável entre as BZD
• Circulam no sangue ligadas a proteínas plasmáticas: 85-100%
• Metabolização hepática (exceto lorazepam e oxazepam)
• Extensa distribuição tecidular
• A possibilidade de acumulação e a consequente sedação dependente da semivida do me-
tabolito ativo associada à solubilidade lipídica e à potência
• 90% eliminação urinária e 10% eliminação fecal

Indicações:

• Ansiedade ligeira a moderada


• Tensão/excitação/agitação
• Insónia
• Síndrome de abstinência etílica (aguda e crónica)
• Convulsões
• Espasmos musculares, distonia, Síndrome das pernas inquietas
• Acatísia iatrogénica
• Tétano (Diazepam)

Contraindicações:

• Miastenia Gravis
• Insuficiência Respiratória
• Apneia do Sono (SAOS)
• Insuficiência Hepática (exceto oxazepam e lorazepam)

Efeitos secundários:

• Sonolência
• Sedação
• Hipotensão
• Alterações motoras
• Entre outras

As Benzodiazepinas:

• Seguras e efetivas num período de tempo curto (2-4 semanas)


• Fármacos de risco em idosos (cognição, memória, quedas...)
• Contra-indicados na gravidez: Categoria D-X
• IMV: depressões graves do estado de consciência, coma, depressão respiratória e morte
(muito mais rara do que com os barbitúricos)
• Risco elevado com consumo simultâneo com álcool e/ou opióides
• Metabolização hepática
• Automedicação

Buspirona:
• Farmacologicamente diferente das benzodiazepinas, agonista parcial dos recetores sero-
toninérgicos 5-HT1A, e tem reduzida atividade dopaminergica ́
• Dose terapêutica 30 mg diária, atéum máximo recomendado de 60 mg
• Semivida: 2 a 3 horas
• Grande efeito de primeira passagem hepática
• Aumenta os níveis séricos de haloperidol e de alguns SSRIs (competição hep)
• Estratégia aumentativa
• Utilizada com iMAO pode provocar hipertensão arterial – crises hipertensivas
• Efeito terapêutico máximo ao fim de três ou quatro semanas, com início da eficácia
após cerca de uma semana
• Não provoca sedação, nem interage com depressores do SNC
• Não tem efeitos adversos sobre as capacidades psicomotoras
• Pouca interferência na função sexual
• Não tem potencial de abuso, nem provoca dependência física
• Muito seguro em caso de IMV
• A interrupção do tratamento, mesmo que brusca, não tem efeito rebound nem provoca
síndrome de privação.
• Efeitos secundários mais comuns são: tonturas, náuseas, cefaleias e inquietação
• Podem ser usadas em associação com benzodiazepinas no tratamento de casos resisten-
tes

Valeriana:

• Raiz de valeriana > cápsulas/comprimidos


• Utilizada historicamente para sedação, analgesia e como “calmante”
• Extratos de valeriana modulam os recetores GABA-A e induzem atividade ansiolítica >
efeito GABAérgico
• Ácido Valpróico (VPA) é um derivado do Ácido valerénico
• Não deve ser utilizado em conjunto com outros depressores do SNC
• 45-450mg

Tratamento farmacológico P. de Ansiedade:

• Integrado em estratégia terapêutica transversal, preferencialmente multidisciplinar

Moderada a grave:

• Iniciar SSRI em doses mais baixas (evitar efeitos adversos e aumento de ansiedade em
fases iniciais – 15 dias a 1 mês)
• Duração do tratamento 1 ano
• Benzodiazepinas durante 15 dias a 1 mês (mínimo tempo necessário)

Aula 10

Crise epilética:

• Fenómeno paroxístico, intermitente, não provocado, convulsivo ou não (cerca de 2/3


das crises epiléticas não são convulsivas)
• Causa primária ou secundariamente encefálica
• Causado por uma descarga síncrona, anormal e excessiva, de um certo número de neu-
rónios corticais
• Pode manifestar-se por perturbações da consciência, alterações motoras, sensitivosen-
soriais ou psíquicas
• Tem necessariamente tradução no registo electroencefalográfico (EEG) crítico: reali-
zado durante uma crise

Causas secundárias:

• Abstinência (pex, álcool, medicações: barbitúricos, BZDs)


• AVC agudo (hemorrágico > isquémico)
• Condições tóxicas (pex, urémia)
• Doença de Alzheimer
• Entre outras

A epilepsia é:

• Hiper sincronização das redes neuronais corticais


• Descarga neuronal síncrona, anormal e excessiva
• Disparo de múltiplas sinapses

As crises podem ser Focais / parciais:

• As descargas ocorrem localmente


• Os sintomas dependem da região cerebral envolvida
• Lobo temporal (esclerose do hipocampo) mais comum

As crises podem ser generalizadas:

• Todos os neurónios cerebrais, ao mesmo tempo, descarregam anomalamente


• Há perda imediata de consciência

Crise Tónico Clónica:


1º Fase Tónica (20 segundos)

• Perda de consciência e postura


• Olhos desviados para cima
• Extensão dos membros
• Tremores finos

2º Fase Clónica (90 segundos)

• Contrações violentas e generalizadas


• Cianose
• Salivação espumosa
• Incontinência

3 Fase pós ictal (pode durar horas)

• Cefaleias
• Confusão
• Dores musculares
• Fadiga, cansaço

Outros sintomas:

• Taquicárdia
• Hipertensão arterial
• Acidose respiratória e metabólica
• Pupilas dilatadas

Valproato:

• Queda de cabelo (alopécia)


• Aumento de peso, Obesidade
• Diminuição da sensibilidade à insulina
• Sedação
• Alterações do desenvolvimento neurológico fetal - teratogénico
• Alterações menstruais
• Síndrome ovário poliquistíco
• Hiperandrogenia: aumento da pilosidade
• Hepatotoxicidade, Trombocitopénia

Perturbação afetiva bipolar:


• Estabilizadores do humor: Lítio, Valproato de sódio, entre outros, antipsicóticos de 2ª
geração.
• Antipsicóticos: tratamento da mania aguda (fase inicial) e tratamento de manutenção da
perturbação bipolar (prevenção)
• Sedativos/Hipnóticos: tratamento coadjuvante.
• Antidepressivos: em geral pouco eficazes no tratamento do episódio depressivo da per-
turbação bipolar; risco de viragem maníaca

Lítio: efeitos secundários

• Gastrointestinais incluindo náuseas, vómitos e diarreia


• Aumento de peso
• Queda de cabelo (alopécia)
• Acne
• Tremor
• Sedação
• Alterações cognitivas
• Descoordenação
• Efeitos a longo prazo: alterações da função renal e da tiróide (+hipotiroidismo)

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