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Aula 01 - Introdução à Farmacologia

O que é farmacologia?

É o estudo dos efeitos das substâncias químicas que interagem com sistemas vivos por meio de
processos químicos, principalmente por ligação a moléculas reguladoras, e ativação ou inibição de
processos corporais normais, resultando em um efeito (maléfico ou benéfico).

O mesmo composto químico pode trazer um efeito medicamentoso ou tóxico. O que diferencia é a
dose e a via de administração.

A janela terapêutica é a faixa de concentração do fármaco, na qual ele traz um benefício terapêutico
ou tóxico. As concentrações mais baixas são aquelas onde se inicia o efeito terapêutico do
medicamento e as concentrações mais altas são aquelas onde se inicia o efeito tóxico do
medicamento.

O índice terapêutico expressa a margem de segurança que um determinado fármaco apresenta em


relação aos seus efeitos tóxicos e terapêuticos. O índice terapêutico é a relação entre a dose letal
(DL50) e a dose efetiva (DE50) para produzir um determinado efeito farmacodinâmico, ou seja, o
fármaco seguro é aquele com a maior dose efetiva e menor dose letal.

A farmacologia se divide em:

● Farmacocinética

Estuda o destino dos fármacos no organismo, desde a administração até a eliminação do organismo,
indicando a movimentação dos fármacos pelo organismo. Abrange os processos de absorção,
distribuição, biotransformação e excreção.

Absorção: vai da via de administração (oral, intravenosa, intramuscular, sublingual) até a chegada na
corrente sanguínea. Efeito de primeira passagem é o processo da metabolização do fármaco pelo
fígado e pelos microrganismos intestinais.

Distribuição: é a etapa em que a droga é distribuída no corpo através da circulação chegando aos
locais onde vai atuar, sendo primeiro aos órgãos mais vascularizados (SNC, Pulmões, coração) e
depois aos tecidos menos irrigados (tecido adiposo). Sofre influência da concentração de proteínas
plasmáticas no sangue que são necessárias para formar a fração ligada do medicamento.

Biotransformação: é o processo no qual as substâncias passam (principalmente no fígado), sofrendo


reações químicas que a convertem em um composto mais hidrossolúvel para posterior excreção.

Excreção: processo de remoção dos compostos do organismo para o meio externo, sendo a forma
mais comum a excreção por via renal.
● Farmacodinâmica

É o estudo dos efeitos fisiológicos, bioquímicos e mecanismo de ação dos fármacos, ou seja, estuda
o efeito do fármaco. Tem como objetivo principal delinear as interações físicas e químicas entre droga
e célula-alvo.

A droga ou fármaco, para exercer suas ações e produzir efeitos, precisa atingir seu local ou alvo
específico. Esses locais de ação são principalmente de natureza protéica e representados
especialmente por enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos e receptores. Para produzir
seus efeitos, a droga deve apresentar elevado grau de especificidade de ligação com seu local de
ação. Nenhuma droga, entretanto, é completamente específica nas suas ações. Ela pode afetar
outros alvos celulares e provocar efeitos colaterais.

Exemplo: A insulina é produzida pelo pâncreas e ela faz efeito nos receptores (músculo, tecido
adiposo, fígado). Ela se liga ao receptor na membrana da célula, ativa a sinalização, fazendo com que
a glicose vá para a membrana, é captada e é utilizada para fazer ATP. O excesso da glicose é
armazenado na forma de gordura no tecido adiposo.

Os fármacos têm diferentes fontes, podendo ser vegetal, animal, mineral, microrganismos e
sintéticos.
Algumas Definições

➔ Droga

Matéria prima mineral, vegetal ou animal da qual se pode extrair um ou mais princípios ativos e que
pode ou não ter propriedades terapêuticas. Por exemplo, álcool.

É uma substância química de estrutura conhecida, que não seja um nutriente ou ingrediente essencial
da dieta, que, quando administrada a um organismo vivo, produz um efeito biológico.

Pode ser:

● Substâncias químicas sintéticas;


● Substâncias obtidas a partir de plantas ou animais;
● Produtos de engenharia genética.

➔ Fármaco

Substância química de constituição definida que pode ser aplicada em farmácia e que produz efeito
terapêutico. Por exemplo, diclofenaco. Uma droga com ação terapêutica é chamada de fármaco.

➔ Medicamento

É o mesmo que fármaco, mas especificamente quando se encontra em sua forma farmacêutica.

Todo fármaco/medicamento é uma droga, mas nem toda droga é um fármaco, porque nem toda
droga tem ação terapêutica.

● Referência

Original, que foi registrado primeiro após comprovação de eficácia e segurança. Tem comercialização
exclusiva até que expire o prazo de patente do laboratório, em geral de 10 a 20 anos.

● Genérico

Contém o mesmo princípio ativo e pode ser usado no lugar do medicamento de referência, mas não
tem nome de marca. Para assegurar a intercambialidade, são realizados os testes de equivalência
farmacêutica e bioequivalência.

● Similar

Também passa pelos mesmos testes exigidos para os genéricos. Uma lista da ANVISA informa quais
são os similares já reconhecidos como intercambiáveis, ou seja, equivalentes aos respectivos
medicamentos de referência.

➔ Forma Farmacêutica

É a forma como o medicamento se apresenta. Os medicamentos podem se apresentar na forma


sólida, líquida, pastosa ou gasosa, ainda na forma de adesivos, chicletes, etc. São feitas com a
finalidade de facilitar sua administração, obter o maior efeito possível, favorecer a estabilidade do
princípio ativo, além de mascarar as características organolépticas (odor e sabor).
➔ Dose Letal 50

É a concentração de uma substância química capaz de matar 50% da população de animais


testados. É medida em mg/kg.

➔ Dose efetiva

É a concentração de uma substância química que produz uma resposta biológica.

➔ Efeito dose-resposta

Quanto maior a dose, maior a resposta.

➔ Biodisponibilidade

Consiste na fração da dose administrada que atinge a circulação sistêmica na sua forma ativa,
estando disponível para ser distribuída e causar seus efeitos Relaciona se apenas com a proporção
total de fármaco que alcança a circulação, desprezando a velocidade de absorção.

➔ Efeito de Primeira Passagem

Efeito sobre o fármaco, resultante de sua passagem pelo fígado antes de alcançar a via sistêmica,
que pode inativá-lo. A depuração hepática (clearance hepático) acontece quando o fígado retira
moléculas do fármaco, inativando-o, ou seja, o fármaco perde a capacidade de reconhecer seu sítio
ativo.

➔ Meia Vida

É o tempo necessário para que metade de uma substância seja removida do organismo por um
processo químico ou físico.

➔ Especificidade

Capacidade de um fármaco reconhecer apenas um receptor.

➔ Afinidade

Tendência de um fármaco se ligar ao seu receptor.


➔ Eficácia

Tendência de um fármaco, uma vez ligado, ativar o receptor.

Estudos Pré-Clínicos

É o período de descoberta da droga, é quando alguém tem uma ideia de uma estrutura ou interação
de um fármaco. Ele é sintetizado e testado em laboratório (in vitro e in vivo) para identificação de
possível atividade farmacológica. Há a produção da substância em grande escala, desenvolvimento
da formulação e realização de novos testes em animais. Solicita-se à agência reguladora sanitária (no
Brasil é a ANVISA, nos EUA é o FDA) e ao comitê de ética em pesquisa para realização de ensaios
clínicos.

Fases da Pesquisa Clínica

A pesquisa clínica é usualmente classificada em 4 fases: I, II, III e IV. Para se estudar clinicamente
um medicamento, ele já deverá ter sido aprovado em testes pré-clínicos, ou seja, aspectos de
segurança são avaliados em animais de experimentação antes da aplicação dessa droga em seres
humanos. Quando essa medicação está pronta para ser testada no ser humano, as fases de
investigação clínica iniciam-se e seguem uma após a outra, até que o maior volume possível de
informações sobre o medicamento seja obtido.

Fase I: refere-se ao uso do medicamento pela primeira vez em um ser humano, geralmente um
indivíduo saudável e que não tem a doença para a qual o medicamento está sendo estudado. Nesta
fase serão avaliadas diferentes vias de administração e diferentes doses, realizando-se testes iniciais
de segurança e de interação com outras drogas ou álcool.

Fase II: indivíduos que têm a doença ou condição para a qual o procedimento está sendo estudado
participam desta fase, que tem como objetivo obter mais dados de segurança e começar a avaliar a
eficácia do novo medicamento ou procedimento. Geralmente diferentes dosagens, assim como
diferentes indicações do novo medicamento, também são avaliadas nesta fase.

Fase III: depois de concluído o estudo piloto, grandes estudos multicêntricos acompanham milhares
de pacientes por um período maior de tempo, geralmente sendo comparados a outros tratamentos
existentes e recomendados para o mesmo problema. Durante esta fase se espera obter maiores
informações sobre segurança, eficácia e interação de drogas. Ao participar de uma pesquisa em fase
III, o voluntário poderá receber ou o novo tratamento ou o tratamento habitual (ou placebo).
Recebendo o tratamento habitual, o paciente será tratado com a qual os especialistas avaliam como o
melhor tratamento da atualidade. Se o paciente receber o novo tratamento, será tratado com uma
alternativa de tratamento que os especialistas esperam obter vantagens significativas sobre o
habitual. O objetivo desta fase de estudo é comparar ambos os tratamentos e estabelecer a
superioridade de um sobre o outro. Os testes de fase III devem fornecer todas as informações
necessárias para a elaboração do rótulo e da bula do medicamento. A análise dos dados obtidos na
fase III pode levar ao registro e aprovação para uso comercial do novo medicamento ou
procedimento, pelas autoridades sanitárias.

Fase IV: após um medicamento ou procedimento diagnóstico ou terapêutico ser aprovado e levado ao
mercado, testes de acompanhamento de seu uso são elaborados e implementados em milhares de
pessoas, possibilitando o conhecimento de detalhes adicionais sobre a segurança e a eficácia do
produto. Um dos objetivos importantes dos estudos fase IV é detectar e definir efeitos colaterais
previamente desconhecidos ou incompletamente qualificados, assim como os fatores de risco
relacionados. Esta fase é conhecida como Farmacovigilância.

Membrana Celular

A membrana plasmática, também chamada de membrana celular ou plasmalema, é uma estrutura


que delimita a célula, separando o meio intracelular do meio externo. Ela atua delimitando e
mantendo a integridade da célula e como uma barreira seletiva, permitindo que apenas algumas
substâncias entrem, como oxigênio e nutrientes, e outras saiam, como os resíduos.

Apresenta em sua constituição proteínas, lipídios, entre outras substâncias. O modelo que representa
a estrutura da membrana plasmática é denominado de mosaico fluido. Este modelo foi introduzido
para explicar os movimentos laterais dos componentes da membrana. Os lipídeos da membrana
estão organizados em bicamada com as cabeças polares dos fosfolipídios voltadas para a superfície
externa e interna da membrana. Intercaladas dentro dos lipídios, há moléculas de colesterol e
proteínas.

Além de proteínas e lipídeos, a membrana plasmática também apresenta em sua constituição cadeias
de carboidratos. Essas cadeias encontram-se ligadas às proteínas ou lipídios presentes na superfície
externa da membrana, formando glicoproteínas e glicolipídios, respectivamente.
Como agem os fármacos

Para que os efeitos farmacológicos ocorram, em geral, é preciso que haja uma distribuição não
uniforme das moléculas do fármaco dentro do organismo ou tecido, ou seja, as moléculas de um
fármaco precisam ligar-se a constituintes específicos de células ou tecidos para produzir um efeito.
Esses sítios de ligação são chamados “alvos farmacológicos”. A maioria dos alvos farmacológicos é
representada por moléculas proteicas.

Há 4 tipos principais de proteínas reguladoras que normalmente atuam como alvos farmacológicos
primários:

● Receptores
● Enzimas (por exemplo: bloqueadores de enzimas ECA para evitar a transformação da
angiotensina I em angiotensina II)
● Moléculas carreadoras (transportadoras)
● Canais iônicos

Receptores Farmacológicos

Esse termo descreve as moléculas-alvo por meio das quais mediadores fisiológicos solúveis
(hormônios, neurotransmissores, etc) produzem seus efeitos. Indica uma molécula de
reconhecimento para um mediador químico.

Às vezes, o termo “receptor” é utilizado para indicar qualquer molécula-alvo com a qual uma molécula
de um fármaco tem que se combinar para desencadear seu efeito específico.

Eles constituem um componente chave do sistema de comunicação química que todos os organismos
multicelulares utilizam para coordenar as atividades de suas células e órgãos.

● Canais iônicos controlados por ligantes: são também chamados de receptores ionotrópicos.
São os receptores nos quais os neurotransmissores rápidos agem. Exemplos: receptor
nicotínico da acetilcolina, GABA, receptor de glutamato.
● Receptores acoplados à proteína G: também chamados de receptores metabotrópicos ou
heptaelicoidais. São receptores de membrana que estão acoplados a sistemas efetores
intracelulares por uma proteína G. Eles constituem a maior família e incluem receptores para
vários hormônios e transmissores lentos, como o receptor muscarínico da acetilcolina,
receptores adrenérgicos e receptores de quimiocinas.

● Receptores relacionados e ligados a quinases: este é um grande e heterogêneo grupo de


receptores de membrana respondendo principalmente a mediadores proteicos. Eles mediam
as ações de uma ampla variedade de proteínas mediadoras, incluindo fatores de crescimento
e citocinas, e hormônios como a insulina, cujos efeitos são exercidos principalmente em nível
de transcrição gênica. Eles têm um papel importante no controle da divisão, crescimento e
diferenciação celulares, assim como na inflamação, reparação tecidual, apoptose (que é a
morte celular) e respostas imunológicas.

● Receptores Nucleares: são receptores que regulam a transcrição gênica. Compreendem os


receptores para hormônios esteroides, hormônio da tireoide e outros agentes como o ácido
retinoico e a vitamina D. Os receptores desse tipo também reconhecem muitas moléculas
estranhas, induzindo a expressão de enzimas que os metabolizam.

Interações fármaco-receptor

A interação fármaco-receptor pode ou não resultar na ativação desse receptor. Quando fala-se em
ativação, quer dizer que o receptor é afetado de um tal modo pela molécula ligada a ele que acaba
desencadeando uma resposta tecidual.

A ligação e a ativação representam duas etapas distintas da geração de uma resposta mediada por
receptor.

O agonista é aquele que se liga e ativa o receptor, promovendo um efeito celular.

O fármaco que se liga a um receptor sem causar sua ativação e, como consequência disso, impede
que um agonista se ligue a esse mesmo receptor, recebe a denominação de antagonista do receptor,
ou seja, é aquele que se liga e não ativa o receptor, não promovendo um efeito celular.
Os agonistas parciais são aqueles que não conseguem produzir a resposta máxima que pode ser
obtida, por mais que se aumente a dose, ou seja, tem um efeito parcial, visto que os canais iônicos
abrem parcialmente.

Os agonistas inversos possuem afinidade pelos canais em repouso e produzem um efeito oposto ao
agonista pleno, ou seja, se a ação do agonista é fechar o canal, o agonista inverso irá abrir o canal.
Se a ação do agonista é abrir o canal, o agonista inverso irá fechar o canal.

A tendência de um fármaco de se ligar aos receptores é governada por sua afinidade, ao passo que
a tendência de um fármaco de, uma vez ligado, ativar o receptor é indicada pela sua eficácia.

Os fármacos com alta potência geralmente apresentam alta afinidade pelos receptores e,
consequentemente, ocupam uma porcentagem significativa de receptores, mesmo em baixas
concentrações.

Para que haja efeito, a molécula tem que se ligar ao receptor de acordo com as interações (dipolo-
dipolo, van der Waals ou eletrostática).

As Vias dos Segundos Mensageiros


Algumas substâncias biologicamente ativas, como os hormônios, podem ser extremamente potentes,
de modo que a ligação de apenas algumas moléculas ao receptor pode provocar uma resposta
maciça através de um sistema de amplificação.

A unidade amplificadora mais simples consiste de uma proteína receptora acoplada a uma molécula
de enzima, denominada sítio efetor do receptor.

A interação da molécula de hormônio com o sítio receptor vai causar uma perturbação conformacional
no centro ativo da enzima, tornando-a apta a converter centenas de moléculas de substrato em
moléculas de produto. Se essas unidades estiverem acopladas, o produto formado, que é chamado
de segundo mensageiro (em contraste com o hormônio, que é o primeiro mensageiro), irá iniciar uma
“cascata” de eventos característica da resposta hormonal.

Potencial de Ação
As células nervosas e outras células do corpo possuem uma diferença de voltagem entre um lado e o
outro da membrana celular, ou seja, entre dentro e fora da célula. Essa diferença de voltagem
acontece pela diferença na concentração de íons carregados positivamente ou negativamente no
meio interno e externo da célula.

Quando a célula nervosa está em repouso, seu interior é carregado negativamente em comparação
ao meio externo da célula, que está carregado positivamente, isso chamamos de potencial de
repouso da membrana. Essa polaridade acontece porque, dentro da célula, existe maior
concentração de moléculas carregadas negativamente que não conseguem atravessar a membrana
celular.

Íons importantes no potencial de ação são sódio (Na+) e potássio (K+), ambos carregados
positivamente. No repouso, quando a célula não está recebendo estímulo, o seu interior tem uma
maior concentração de potássio e o meio extracelular possui uma maior concentração de sódio.

Esses íons conseguem atravessar a membrana. Essas diferenças de concentração e a capacidade


deles entrarem ou saírem da célula garantem que o potencial de ação aconteça.

Na membrana celular existe uma proteína responsável pela manutenção desse potencial de
membrana, ou seja, pela concentração dos íons sódio e potássio dentro e fora da célula - a bomba de
sódio e potássio. Ela realiza o transporte ativo de 3 sódios para fora da célula e 2 potássios para
dentro da célula. O transporte ativo é aquele que exige gasto de energia, ou seja, a bomba de sódio e
potássio utiliza energia vinda do ATP para bombear o sódio e o potássio.

O potencial de repouso do neurônio é de aproximadamente -70mV.

As células nervosas e algumas outras células do corpo possuem a capacidade de modificar o seu
potencial de membrana, invertendo sua polaridade.

Quando uma célula nervosa recebe um estímulo, canais de sódio presentes na membrana celular se
abrem e o sódio, que está mais concentrado fora da célula, por difusão, ele entra na célula. Visto que
dentro da célula o meio é carregado negativamente, conforme os íons de sódio vão entrando, o meio
vai se tornando menos negativo. Isso acontece até que a célula atinja uma voltagem limiar, que é de
aproximadamente -50mV. A partir desse momento, outros canais de sódio, que percebem esse limiar,
eles se abrem e a membrana celular se torna altamente permeável ao sódio, e o sódio entra em
grande quantidade de forma abrupta dentro da célula, fazendo com que ela inverta sua polaridade,
deixando de ser negativa e tornando-se positiva - isso se chama despolarização.

Então, os canais de sódio se fecham e, ao mesmo tempo, os canais de potássio se abrem. Visto que
o potássio está concentrado mais dentro do que fora da célula, com a abertura dos canais de
potássio, eles saem de dentro da célula e vão para o lado externo, por difusão. A partir do momento
que as cargas positivas vão saindo da célula, o potencial de membrana vai caindo, a célula vai se
tornando cada vez menos positiva, até ficar negativa de novo. Esse processo de restauração de
polaridade da célula chama-se de repolarização.

Os canais de potássio possuem um fechamento tardio, ou seja, sai mais potássio do que a
quantidade basal que tinha quando a célula estava em repouso, isso resulta em uma
hiperpolarização, ou seja, o interior da célula fica mais negativo do que no começo.

Depois que esses eventos acontecem, a bomba sódio e potássio fica responsável por restaurar as
quantidades basais de sódio e potássio dentro e fora da célula, garantindo o potencial de repouso da
membrana celular. Isso acontece em pedaços pequenos da membrana celular ao longo de todo o
neurônio e são essas alterações de potencial de membrana que chama-se de potencial de ação ou
impulso nervoso.

O potencial de ação acontecendo ao longo do axônio do neurônio permite a transmissão da


informação nervosa pelo nosso corpo.

Sempre que um neurônio recebe um estímulo que atinge aquele limiar, o potencial de ação acontece,
ou seja, aquela região da membrana despolariza. Por outro lado, quando esse estímulo não é
suficiente para chegar naquele limiar de voltagem, o potencial de ação não acontece.

Sinapses

Uma sinapse é uma região de comunicação entre um neurônio e outro neurônio (nervosa) ou entre
um neurônio e um órgão efetor (músculo ou glândula).

O neurônio anterior à sinapse (o que vai passar a informação) é chamado de neurônio pré-sináptico.
Já o neurônio posterior à sinapse (que vai receber a informação) é chamado de neurônio pós-
sináptico. O espaço entre esses dois neurônios é chamado de fenda sináptica. As terminações dos
neurônios pré-sinápticos são chamadas de botões terminais.

Existem dois tipos de sinapses nervosas:

● Elétricas

Os neurônios estão extremamente próximos, possuindo proteínas chamadas conexinas. Essas


proteínas se unem, formando canais que permitem a passagem dos íons diretamente de um neurônio
para o outro. Ela não é unidirecional, permitindo a passagem da informação de maneira bidirecional.
Acontece em apenas algumas partes restritas do cérebro, sendo extremamente rápida.

● Químicas

Acontece na maior parte do corpo. Os neurônios se aproximam um do outro, mas não se tocam. Elas
são unidirecionais, ou seja, sempre vão do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico e acontecem
através de neurotransmissores.
Os neurotransmissores são substâncias químicas que possuem a função de passar a informação de
um neurônio para outro. São mensageiros que atuam no processo de comunicação entre os
neurônios. São produzidos pelos neurônios e ficam armazenados dentro de vesículas sinápticas, que
ficam posicionadas no botão terminal, perto da membrana pré-sináptica, prontas para liberar os
neurotransmissores na fenda sináptica.

Quando o potencial de ação chega no botão terminal, canais de cálcio localizados na membrana se
abrem, por difusão o cálcio entra no neurônio pré-sináptico. Com a entrada de cálcio, as vesículas
são deslocadas até a membrana pré-sináptica, onde os neurotransmissores serão liberados. Quando
elas chegam lá, elas se fundem à membrana e liberam os neurotransmissores na fenda por
exocitose. A partir do momento que os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica, eles se
ligam a receptores específicos localizados na membrana do neurônio pós-sináptico. O que acontece
depois dessa ligação depende do tipo de neurotransmissor que está atuando naquela sinapse.

Os neurotransmissores podem ser:

● Excitatórios

Capazes de estimular um neurônio pós-sináptico, fazendo com que ele seja despolarizado e haja um
novo potencial de ação. Por exemplo: serotonina, glutamato, acetilcolina.

● Inibitórios

Hiperpolarizam o neurônio pós-sináptico, inibindo sua ação. Por exemplo: GABA e glicina.

Neurotransmissores que controlam as emoções

Adrenalina: fuga ou luta.


Noradrenalina: concentração e alerta.
Dopamina: prazer
Ocitocina: amor.
Gaba: calma.
Acetilcolina: aprendizado.
Glutamato: memória e aprendizagem.
Endorfinas: dor e euforia.
Serotonina: humor e bem-estar.

Aula 02 - Farmacocinética
A absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e a excreção dos fármacos constituem os
processos conhecidos como farmacocinética. O entendimento e a utilização dos princípios
farmacocinéticos podem ampliar a probabilidade de sucesso terapêutico e reduzir a ocorrência de
efeitos adversos dos fármacos no organismo.

A absorção é a transferência do fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea.

Moduladores:

● Via de administração
● Características específicas da droga (como acidez ou caráter básico)
● Peso molecular
● Polaridade da molécula
● Grau de ionização
● Conformação estrutural
● Lipossolubilidade
● Ligação a proteínas séricas e teciduais

pH e a relação com a região corporal

A absorção, distribuição, ação do fármaco, metabolismo e excreção depende de transportadores


(através das membranas). A passagem de fármacos através das membranas celulares se processa
de diferentes modos. Os mecanismos envolvidos no transporte de fármacos são os seguintes: difusão
passiva, facilitada e por troca; transporte ativo; difusão através de poros; endocitose e exocitose.

Difusão passiva
Também chamada difusão simples. A força motora da absorção passiva de um fármaco é o gradiente
de concentração através da membrana que separa dois compartimentos corporais. Em outros termos,
o fármaco se move da região de concentração alta para a de concentração baixa. A difusão passiva
não envolve transportador, não é saturável e apresenta baixa especificidade estrutural. A maioria dos
fármacos é absorvida por esse mecanismo. Os fármacos hidrossolúveis atravessam as membranas
celulares através de canais ou poros aquosos, e os lipossolúveis movem-se facilmente através da
maioria das membranas biológicas, devido à sua solubilidade na bicamada lipídica.

Difusão facilitada

Outros fármacos podem entrar na célula por meio de proteínas transportadoras transmembrana
especializadas que facilitam a passagem de moléculas grandes. Essas proteínas transportadoras
sofrem alterações conformacionais, permitindo a passagem de fármacos ou moléculas endógenas
para o interior da célula, movendo-os de áreas de alta concentração para áreas de baixa
concentração. Esse processo é denominado difusão facilitada. Ele não requer energia, pode ser
saturado e pode ser inibido por compostos que competem pelo transportador.

Transporte ativo

Esta forma de entrada de fármacos também envolve transportadores proteicos específicos que
atravessam a membrana. Poucos fármacos cujas estruturas se assemelham às de metabólitos de
ocorrência natural são transportados através da membrana celular usando esses transportadores
proteicos específicos. O transporte ativo dependente de energia é movido pela hidrólise de trifosfato
de adenosina. Ele é capaz de mover fármacos contra um gradiente de concentração – ou seja, de
uma região com baixa concentração de fármaco para outra com concentração mais elevada. Esse
processo é saturável. Os sistemas de transporte ativo são seletivos e podem ser inibidos
competitivamente por outras substâncias cotransportadas.

Endocitose

É processo pelo qual partículas sólidas ou líquidas entram em contato com a membrana celular, a
qual se invagina e se estrangula em seguida, para largar o material englobado dentro de um vacúolo
de membrana no interior da célula, restituindo-se a fração de membrana celular utilizada.

As proteínas transportadoras de membrana estão presentes em todo o organismo e controlam a


entrada de nutrientes e íons essenciais e a saída de restos do metabolismo celular, toxinas, fármacos
e outros xenobióticos.
A absorção é determinada por fatores físicos, como:
● Fluxo sanguíneo: Os intestinos recebem um fluxo de sangue muito maior do que o estômago,
de modo que a absorção no intestino é favorecida ante a do estômago.

● Área de superfície: Com uma superfície rica em bordas em escova contendo


microvilosidades, o intestino tem uma superfície cerca de 1.000 vezes maior que a do
estômago; por isso, a absorção de fármacos pelo intestino é mais eficiente.

● Tempo de contato com a superfície: Se um fármaco se desloca muito rapidamente ao longo


do trato gastrointestinal, como pode ocorrer em uma diarreia intensa, ele não é bem
absorvido. Contudo, qualquer retardo no transporte do fármaco do estômago para o intestino
reduz a sua velocidade de absorção.

Biodisponibilidade

A biodisponibilidade representa a taxa e a extensão com que um fármaco administrado alcança a


circulação sistêmica, podendo ser afetada por:

● Características da preparação posológica


● Propriedades físico químicas do fármaco
● Ataque metabólico no intestino.
● Transporte através do epitélio intestinal para a circulação porta.
● Passagem pelo fígado e excreção biliar.

Ela depende da absorção de um fármaco e da entrada na circulação geral na forma inalterada e


subsequentes medidas do fármaco absorvido ou seus metabólitos biotransformados.

Distribuição dos fármacos

A distribuição dos fármacos se dá através dos vasos sanguíneos para todos os tecidos do organismo,
principalmente para os mais vascularizados.

A taxa de liberação e a quantidade potencial do fármaco distribuídos depende de vários fatores,


dentre estes o débito cardíaco, o fluxo sanguíneo regional permeabilidade capilar e volume tecidual.

● Ligação a proteínas plasmáticas

A ligação reversível às proteínas plasmáticas fixa os fármacos de forma não difusível e retarda
sua transferência para fora do compartimento vascular.

A albumina é a principal proteína ligadora dos fármacos ácidos e pode atuar como uma reserva de
fármaco (à medida que a concentração do fármaco livre diminui, devido à eliminação, o fármaco
ligado se dissocia da proteína). Isso mantém a concentração de fármaco livre como uma fração
constante do fármaco total no plasma.

A Glicoproteína ácida alfa 1 liga-se aos fármacos básicos.

● Ligação a proteínas dos tecidos

Vários fármacos se acumulam nos tecidos, levando a concentrações mais elevadas no tecido do
que no líquido extracelular e no sangue. Os fármacos podem acumular como resultado da ligação a
lipídeos, proteínas ou ácidos nucleicos. Os fármacos também podem ser transportados ativamente
aos tecidos. Os reservatórios nos tecidos podem servir de fonte principal de fármaco e prolongar sua
ação ou causar toxicidade local ao fármaco.
● Sistema Nervoso Central, Barreira Hematoencefálica e Líquido Cerebroespinal

Nesses compartimentos, devido à estrutura compacta e contínua celular, há uma dificuldade de


ultrapassar esses compartimentos. Fármacos lipossolúveis têm maior facilidade.

● Ossos

Fármacos que tenham na sua estrutura molecular íons metálicos bivalentes podem se acumular nos
ossos.

● Tecido Adiposo como Reservatório

Fármacos lipossolúveis são armazenados por solubilização física na gordura neutra.

Metabolismo dos Fármacos

Os sistemas enzimáticos envolvidos no metabolismo dos fármacos estão localizados principalmente


no fígado. Outros órgãos com função metabólica significativa são envolvidos no metabolismo de
fármacos como o trato gastrointestinal, os rins e os pulmões.

Basicamente, todas as transformações de fármacos podem ser agrupadas em quatro tipos: oxidação,
redução, hidrólise e conjugação (ou síntese). Um fármaco pode sofrer uma simples transformação,
porém, na maioria das vezes, sofre transformações sucessivas, até chegar a seu metabólito final.
Assim, a biotransformação costuma ser dividida em duas fases:

● Reação de fase 1

As reações de fase I convertem fármacos lipofílicos em moléculas mais polares (hidrossolúveis),


introduzindo ou desmascarando um grupo funcional polar, como –OH ou –NH2. As reações de fase I
em geral envolvem redução, oxidação ou hidrólise. A biotransformação de fase I pode aumentar ou
diminuir a atividade farmacológica, ou ainda não ter efeito sobre ela.

Pró-fármacos são fármacos inativos que são metabolizados em compostos ativos (hidrólise de ligação
éster ou amida). Para que tenham efeito, é necessário que sejam convertidos.

● Reação de fase 2

Esta fase consiste em reações de conjugação. Se o metabólito resultante da fase I é suficientemente


polar (hidrossolúvel), ele pode ser excretado pelos rins. Contudo, vários metabólitos de fase I
continuam muito lipofílicos para serem excretados. Uma reação subsequente de conjugação com um
substrato endógeno – como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido – produz
um composto polar em geral mais hidrossolúvel e terapeuticamente inativo, facilitando a excreção do
fármaco.
Excreção dos Fármacos

Os fármacos são eliminados do organismo pelo processo de excreção sem qualquer alteração (forma
inalterada) ou como metabólitos.

As vias de excreção podem ser:

● Renal: 25% a 30% dos fármacos são excretados pelos rins


● Biliar e fecal: Fármacos não absorvidos ou excretados pela bile.
● Suor, saliva e lágrimas: Quantidades desprezíveis.
● Leite materno: Quantidades desprezíveis. É necessário ter cautela, pois é uma fonte potencial
de efeitos indesejados na criança.
● Pulmonar: Os pulmões estão envolvidos primariamente na eliminação dos gases anestésicos.

Três processos fundamentais são responsáveis pela eliminação renal dos fármacos:

● Filtração glomerular

Fármacos de baixo peso molecular são filtrados desde que não estejam unidos às proteínas. Assim,
apenas a fração livre do fármaco dissolvido na água do plasma encontra condições de ser excretada
por filtração glomerular. Sua taxa de excreção depende diretamente da taxa de filtração glomerular.

● Secreção tubular ativa

As moléculas do fármaco são transferidas para a luz do túbulo por sistemas de transportadores
(carreadores), um para fármacos ácidos e outro para fármacos básicos.

● Reabsorção tubular passiva (difusão passiva através do epitélio tubular)

Enquanto o fármaco se desloca em direção ao túbulo contorcido distal, sua concentração aumenta e
excede a do espaço perivascular. O fármaco, se for neutro, pode difundir-se para fora do lúmen,
retornando à circulação sistêmica. A manipulação do pH da urina, para aumentar a fração ionizada do
fármaco no lúmen, pode ser feita para minimizar a retrodifusão e, assim, aumentar a depuração de
um fármaco indesejável. Como regra geral, ácidos fracos podem ser eliminados alcalinizando a urina,
ao passo que a eliminação de bases fracas pode ser aumentada por acidificação da urina. Esse
processo é denominado prisão iônica. Por exemplo, um paciente apresentando dose excessiva de
fenobarbital (um ácido fraco) pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina e mantém o fármaco
ionizado, diminuindo, assim, a sua reabsorção.

Resumindo:
fármacos ácidos = pouca excreção
fármacos básicos = excreção
Dose de manutenção

Quando se administra um fármaco, em uma série de doses repetidas ou em infusão contínua, com o
objetivo de manter a concentração de equilíbrio do fármaco associada à janela terapêutica.

Dose de ataque

Uma ou várias doses administradas no início do tratamento com o objetivo de alcançar rapidamente a
concentração alvo. Exemplo: em infecções graves ou arritmias.

Transportadores como Alvos Farmacológicos

Transportadores de membrana são alvos de inúmeros fármacos. Alguns exemplos:

● Transportador de serotonina (SERT): antidepressivos - inibidores seletivos de recaptação de


serotonina
● Transportador de Colesterol: ezetimiba - inibe a absorção do colesterol
Aula 03 - Vias de Administração
A via de administração, bem como o padrão de distribuição, podem interferir de maneira direta sobre
a duração e extensão da ação de um fármaco.

Ao se considerar a administração de um fármaco, é fácil prever que a situação ideal seria administrá-
lo diretamente no local onde sua ação é desejável. Essa estratégia não somente aumenta a eficácia
farmacológica, mas também diminui a dose do fármaco necessária para a obtenção do efeito
desejado e tende a atenuar sua toxicidade.

Existem, no entanto, fatores que dificultam a aplicação direta de fármacos no local de ação. São
exemplos, a pequena cooperação do paciente (pelo eventual desconforto causado pela via de
administração e/ou pela habituação prévia com outras vias) bem como a dificuldade de acesso ao
local específico de ação etc.

Por outro lado, a distância implica sua absorção e distribuição pelo organismo ou em parte dele. O
volume de distribuição desse fármaco irá ditar a concentração inicial a ser obtida. Na maioria das
vezes, elege-se uma dose do fármaco que permita manter níveis sanguíneos terapêuticos, em geral
elevados, de maneira a fazer com que quantidade suficiente do fármaco atinja o seu sítio de ação.

A frequência da administração e a dose necessária irão depender fundamentalmente dos processos


de perda (metabolização e excreção) que começam a ocorrer simultaneamente à absorção do
medicamento.

A concentração do fármaco depende ainda do fluxo sanguíneo regional e local, bem como de sua
capacidade de difusão. A ligação às proteínas plasmáticas é mais um fator limitante à ação do
fármaco. Quando esses processos deixam de ocorrer, ou passam a ocorrer de maneira inadequada,
imprevista ou anormal, manifestam-se os efeitos tóxicos ou a ausência do efeito desejado.

Formas farmacêuticas

● Sólida: cápsula, comprimido, drágea, granulado


● Semissólida: pomada ou unguento, pasta, creme, gel, supositório, óvulo
● Líquida: solução, suspensão, extrato fluido, espírito
● Gasosa: tintura, xarope, elixir, emulsão

Vias de administração

● Enteral: Administração de medicamentos através do trato gastrointestinal, com efeito


sistêmico. Exemplo: Oral (é considerada no trato digestivo por conter enzimas que auxiliam
no processo de quebra das moléculas) e retal.

● Enteral transmucosa: difusão através de uma membrana mucosa. Sublingual ou perlingual. A


colocação do fármaco sob a língua permite que ele se difunda na rede capilar e, assim, entre
diretamente na circulação sistêmica. A administração sublingual tem várias vantagens,
incluindo facilidade de administração, absorção rápida, ultrapassagem do ambiente
gastrintestinal (GI) hostil e capacidade de evitar a biotransformação de primeira passagem. A
via bucal (entre a bochecha e a gengiva) é similar à via sublingual.
● Parenteral: que se faz por outra via que não a digestiva, mas com efeito sistêmico.
Intramuscular, intravenoso, intra-arterial, subcutânea, intradérmica, intracardíaca, intrapleural,
intra-articular, intra-esternal, intraperitoneal, intratecal ou raquidiana, intra-sinusal.

● Parenteral transmucosa: difusão através de uma membrana mucosa. Conjuntival,


rinofaríngea, traqueobrônquica, pulmonar.

● Intravenosa: deve ser utilizada, preferencialmente:

❖ Na emergência.
❖ Para administrar grandes volumes de soro ou plasma ou substitutos plasmáticos.
❖ Para administrar soluções que por outra via seria extremamente irritante.
❖ Para administrar soluções hipertônicas.
❖ Quando se deseja manter os níveis plasmáticos do fármaco.

● Transcutânea: os fármacos administrados por esta via são absorvidos a partir da pele e dos
tecidos subcutâneos diretamente no sangue.

● Pele: a aplicação tópica é usada quando se deseja um efeito local do fármaco. Por exemplo,
o clotrimazol em pomada é aplicado diretamente na pele para o tratamento de infecções por
fungos.

Vantagens da pele como via de acesso a circulação sistêmica:

❖ Evita-se o metabolismo de 1º passagem.


❖ Evita-se o risco de superdosagem.
❖ Evita-se alguns efeitos colaterais.
❖ O tratamento pode ser suspenso a qualquer tempo.
❖ Possibilidade de terapia a indivíduos com distúrbios gastrintestinais.
❖ Evita-se tratamento doloroso.
❖ A aceitação do paciente é maior.

Sistemas Terapêuticos de Liberação de Fármacos

● Ocusert: sistema de liberação lenta de pilocarpina para tratamento de glaucoma.

● DIU: sistema de liberação lenta de progesterona para contracepção, endometriose,


sangramento menstrual excessivo.
Aula 04 - Distribuição
A distribuição é o passo que envolve a passagem do fármaco, a partir do plasma, para os tecidos e o
estabelecimento de um equilíbrio.

-> Ansiedade e fluoxetina

Tem órgãos que têm alto e baixo fluxo de sangue.

Tem fármaco que tem afinidade com gordura, será distribuído nos tecidos e vai ser depositado no
tecido adiposo. Com o aumento do peso, existe diferença na distribuição do fármaco.

No plasma, o fármaco pode estar ligado a proteínas transportadoras, apresentando frações livres
(dissolvida) ou ligada proporcionalmente fixas, assim, quando a primeira (a fração ativa) é distribuída
para os tecidos, parte da fração ligada se torna livre.

Fármacos lipossolúveis têm afinidade com proteínas plasmáticas (globulina), é transportado então
pelas proteínas plasmáticas. Quando ele se torna livre, ele então vai ser distribuído.

O fármaco só faz efeito quando tem receptor específico para ele. Ao mesmo tempo que ele faz efeito,
ele vai para o fígado, é metabolizado e excretado pelos rins. Sua concentração vai diminuindo
conforme vai sendo metabolizado e excretado.

Quando tem dois fármacos, um sempre tem mais afinidade do que o outro. O que tem menos
afinidade ele fica livre primeiro para fazer efeito e o que tem mais afinidade, quando o que tem
menos, ele é liberado e faz efeito.

O fármaco se desliga da proteína plasmática por conta do aumento da concentração de fármaco livre.
Nesse equilíbrio sempre devemos levar em conta os tecidos de depósito, sendo que para substâncias
lipofílicas o tecido gorduroso é um importante sítio.

Quanto mais tecido adiposo um indivíduo possui, a liberação do fármaco para o sangue é feita em
menor quantidade e mais lentamente, visto que a maior parte das moléculas estão ligadas às
proteínas plasmáticas, dificultando a excreção do fármaco. O contrário também ocorre, quanto menos
tecido adiposo, mais rápida é a excreção, pois as moléculas estão livres.

Lipofílica = afinidade à gordura


Hidrofílica = afinidade à água
Hidrofóbica = aversão à água
Lipofóbica = aversão à gordura

Algumas drogas intoxicam, porque quando tem afinidade à gordura (organoclorado), ele se deposita
no tecido adiposo. Quando a pessoa emagrece, o fármaco é liberado, e faz efeito aumentando a
acetilcolina, o que aumenta a contração muscular. Isso faz com que a pessoa tenha convulsões,
podendo causar morte.

Esteróide é utilizado em progesterona e testosterona, para aumentar a síntese proteica. Tem muita
afinidade à gordura. A fração livre se equilibra com a parte interior da célula, fazendo efeito no
receptor.

O medicamento tem que ter eficácia e sua concentração é maior que sua eficácia, para que seja
suficiente para entrar na célula e fazer efeito. É importante que ele tenha o menor efeito colateral
possível. Então, deve existir um equilíbrio na concentração entre alta eficácia e menor efeito colateral.
Todo medicamento tem efeito colateral.

A superdosagem traz um efeito adverso. É uma dosagem bem maior do que o recomendado para
aquele medicamento.

A ligação a proteínas plasmáticas geralmente ocorre para substâncias com caráter ácido (albumina).
Substâncias de caráter básico - alfa-1-glicoproteína ácida.
Dependendo da quantidade de gordura presente no organismo, o medicamento pode demorar para
sair do organismo, por ter afinidade com gordura. Essa afinidade pode trazer efeitos colaterais.

Alguns medicamentos favorecem o ganho de peso pelo seu efeito, pois a pessoa acaba comendo
mais devido ao fato do seu emocional estar mais estabilizado. Estimula a fome.

Pacientes com desnutrição apresentam menores níveis de albumina sérica, gerando uma alteração
na fração disponível de medicamentos de caráter ácido. Baixa proteína, gera uma baixa concentração
de fármaco ligado, aumentando a disponibilidade dele.

Pacientes com processos inflamatórios, por exemplo, favorecem a elevação dos níveis da alfa 1
glicoproteína (globulina), modificando a fração livre de medicamentos de caráter básico. Por exemplo,
obesidade, glúten e açúcar. Aumenta a fração de fármaco básico livre, aumentando a disponibilidade
do fármaco livre.

Outros determinantes de variações da velocidade de distribuição:

● Fluxo sanguíneo regional


● Eventuais barreiras - hematoencefálica ou placentária

Quanto menor a molécula, mais lipossolúvel, menor grau de ionização (menos carga), melhor
passagem na barreira hematoencefálica. É essencial que psicotrópicos sejam lipossolúveis para
passar por esta barreira para fazer seu efeito.

Resumo

● A variabilidade da distribuição dos fármacos e a extensão em que este fenômeno ocorre


dependem em grande parte da solubilidade em água do fármaco.
● Fármacos que se distribuem pelo LEC (líquido extracelular) e exercem efeito em membranas
têm seu início de ação mais rápido do que aqueles que devem penetrar na célula.
● A distribuição do fármaco é maior em órgãos que têm maior fluxo sanguíneo.
● A variação da concentração das proteínas plasmáticas interfere na concentração de fármacos
livres e é inversamente proporcional.
● O grau de afinidade do fármaco a proteínas plasmáticas interfere na concentração desse
fármaco livre.
● A variabilidade das concentrações das proteínas plasmáticas estão relacionadas a fatores
patológicos (redução da biossíntese proteica).
● A variabilidade das concentrações das proteínas plasmáticas estão relacionadas a fatores
fisiológicos (idade). Quanto mais idoso, menor a viabilidade do fármaco.
● A variabilidade das concentrações das proteínas plasmáticas estão relacionadas a distúrbios
renais (Hipoproteinemia). Diabético aumenta a excreção de proteína, baixa concentração de
proteína plasmática, afetando a distribuição do fármaco. Manter diabetes controlado é
essencial para controlar a excreção das proteínas plasmáticas.
Aula 05 - Metabolização e Excreção de Fármacos
★ Metabolização

Faz parte da farmacocinética.

Metabolismo = transformação

Fases do Metabolismo dos Fármacos

● Reação de fase 01: oxidação, redução, hidrólise. Há a introdução de grupos funcionais (-OH,
-COOH, -SH, -O ou NH2). Enzimas que inativam ou biotransformam os fármacos.
Pró-farmacos: você toma o medicamento, passa por metabolismo, é ativado e aí sim ele tem
o efeito esperado. Fármacos inativos que são metabolizados em compostos ativos.

● Reação de fase 02: facilita a eliminação. As enzimas catalisam a conjugação do substrato


(produto da fase 01) com uma segunda molécula, produzindo um metabólito mais
hidrossolúvel. Quanto mais hidrossolúvel, mais fácil a substância é excretada pelo rim.

Exemplos:

● Codeína

Toda vez que ele passa pelo fígado, se transforma em morfina. Efeito narcótico, tira a dor. Leva à
dependência química.

● Fenitoína

Anticonvulsivante.
Passa pela fase 01 no fígado - citocromo P450 para colocar uma hidroxila (-OH) -> biotransformação.
Passa pela fase 02 - glicuronídeo -> conjugação. É um complexo de enzimas que faz com que retire o
H e coloque outra molécula, para deixar a molécula mais hidrossolúvel, facilitando a excreção pelos
rins.
Locais do metabolismo dos fármacos

O Complexo citocromo P-oxirredutase está localizado no retículo endoplasmático rugoso. Ali temos o
metabolismo dos fármacos, na região dos hepatócitos. A usina metabólica é o fígado, o grande
responsável pelo metabolismo. Temos metabolismo também nos pulmões, mucosa nasal e trato
gastrointestinal.

Cirrose hepática -> tem uma diminuição nas células hepáticas, o que dificulta a metabolização dos
fármacos, aumentando o tempo de ação, gerando efeito tóxico do mesmo, pela sobrecarga do
fármaco que não está sendo metabolizando, fazendo seu efeito constantemente.

Existem vários tipos de citocromos que fazem o papel de transferir moléculas para metabolizar o
fármaco.

Principais reações envolvidas no metabolismo dos fármacos

● Desalquilação
● Hidroxilação
● Oxidação
● Desaminação
● Hidrólise
● Glicuronidação
● Sulfatação
● Acetilação
● Metilação
● Glutationilação

Fatores que afetam o metabolismo dos fármacos

● Genéticos: Diferenças de expressão das enzimas de metabolização. Maior sensibilidade dos


japoneses e chineses ao etanol.
● Fisiológico: Metabolismo prejudicado em pessoas muito jovens e idosos. Diferenças sexuais,
gravidez, doença hepática, estado nutricional.
● Farmacodinâmicos: Dose, posologia, vias de administração, depósitos teciduais, ligação a
proteínas plasmáticas.
● Ambientais: Competição metabólica entre fármacos e xenobióticos (substâncias estranhas ao
organismo).

★ Excreção

Experimento 01

Cloranfenicol (antibiótico): inibe de forma irreversível as enzimas microssomais hepáticas, como o


citocromo P450, e por conseguinte, pode prolongar a semivida dos medicamentos que são
metabolizados por este sistema.

Fenobarbital (anticonvulsivante, hipnótico e sedativo): age no sistema nervoso central, utilizado para
prevenir o aparecimento de convulsões em indivíduos com epilepsia ou crises convulsivas de outras
origens. Indutor enzimático.

Pentobarbital Sódico (tiopental): sedativo, hipnótico e antiespasmódico. Usado como anestésico.

Rato 01: cloranfenicol 4 dias antes do experimento + pentobarbital sódico -> foi o primeiro a dormir,
porque o pentobarbital já fez efeito, porque tem bloqueio das enzimas, sem metabolismo, continuando
o efeito.

Rato 02: fenobarbital 1 hora antes do experimento + pentobarbital sódico -> ele é metabolizado
rapidamente, pelo fato de ter muitas enzimas que metabolizam, aumentando a excreção.

Rato 03: grupo controle - não recebe nenhum pré-tratamento e recebe o pentobarbital sódico.

O primeiro rato continuou dormindo, enquanto o segundo não dormiu e o terceiro acordou assim que
o efeito passou (entre 60 e 90 min).

Experimento 02

Bicarbonato de sódio
Ácido acetilsalicílico: analgésico, antitérmico e antiinflamatório. É facilmente hidrolisado,
biotransformado no fígado. Meia-vida: 2 a 3h.
Amido
Cloreto férrico 10%

Pessoa 01: bicarbonato de sódio + 300 mL água + 500mg AAS


Pessoa 02: 300 mL água + 500mg AAS
Pessoa 03: amido + 300 mL água + 500mg AAS

4 gts de cloreto férrico que age com o ácido salicílico e fica roxo.

Urina 01: bem roxo. Excretou mais. Urina ficou mais básica
Urina 02: pouco roxo. Excretou mais ou menos.
Urina 03: nada roxo. Quase não excretou. Urina ficou mais ácida
Prova:
1. A fração livre do fármaco estará aumentada, isto é, acima do normal. Um indivíduo com
desnutrição grave, tem uma quantidade de albumina abaixo do normal. Isso faz com que a
quantidade do fármaco livre de caráter ácido esteja disponível para fazer o efeito no tecido.
2. O omeprazol tem uma afinidade menor às proteínas plasmáticas comparado a fluoxetina, ele
estará em maior quantidade livre no plasma. A fluoxetina estará mais ligada às proteínas.
Aula 06 - Sistema Nervoso, Neurotransmissores e Sinapses
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC: encéfalo e medula
espinhal) e periférico (SNP: tecidos neuronais fora do SNC). A porção motora (eferente) do
SN pode ser subdividida em duas partes: autonômica e somática.

Eferência: SNC para periferia, nervos motores


Aferência: periferia para SNC, nervos sensoriais

Sistema Nervoso Autônomo

O sistema nervoso autônomo, também chamado de sistema nervoso visceral, vegetativo ou


involuntário é independente e está ligado primariamente a funções viscerais,como débito
cardíaco, fluxo sanguíneo, etc. Ele distribui-se amplamente por todo o organismo e regula
as funções autônomas que ocorrem sem controle consciente. Na periferia, ele consiste em
nervos, gânglios e plexos que inervam o coração, vasos sanguíneos, glândulas e outras
vísceras, e ainda os músculos lisos em vários tecidos. É dividido em: simpático,
parassimpático e sistema nervoso entérico.

Os sistemas simpático e parassimpático estabelecem um vínculo entre o SNC e órgãos


periféricos.
O sistema entérico compreende os plexos nervosos intrínsecos do trato gastrointestinal, que
estão intimamente interconectados com os sistemas simpático e parassimpático.

Sistema Nervoso Somático

É constituído de fibras nervosas periféricas que enviam informações para o SNC, além de
fibras motoras que inervam os músculos esqueléticos, que têm movimento voluntário. O
corpo da célula é localizado no encéfalo ou medula espinhal e se liga diretamente ao efetor
específico do SNS, o músculo esquelético, fazendo a sinapse química. As fibras destes
neurônios são longas e contém nas suas terminações a Acetilcolina (ACC) armazenada.
O sistema límbico é um conjunto de estruturas localizado no cérebro, abaixo do córtex,
sendo responsável por todas as respostas emocionais.
Neurotransmissores

Tendo em vista que a seletividade dos fármacos baseia-se no princípio de que diferentes
vias utilizam transmissores diferentes, um dos principais objetivos é identificar os
transmissores do SNC.

Os aminoácidos de interesse primário são de duas categorias: o aminoácido acidífero


glutamato e os aminoácidos neutros glicina e GABA. Todos esses compostos estão
presentes em altas concentrações no SNC e são modificadores extremamente potentes da
excitabilidade neuronal.

● Ácido gama-aminobutírico (GABA): inibitório


● Glicina: inibitório
● Beta-alanina: inibitório
● Taurina: inibitório
● Glutamato: excitatório
● Aspartato: excitatório

As monoaminas incluem as catecolaminas (dopamina e norepinefrina) e a 5-


hidroxitriptamina. Essas vias constituem local de ação de muitos fármacos, como os
estimulantes do SNC (cocaína e anfetamina). Tem função modulatória e controle da dor.

● Dopamina: ação inibitória lenta sobre os neurônios do SNC.

● Norepinefrina: tem a capacidade de hiperpolarizar os neurônios, aumentando a


condutância de potássio. Em muitas regiões do SNC, a norepinefrina aumenta os
impulsos excitatórios por mecanismos diretos e indiretos. Elevação da pressão
arterial.

● Serotonina: Exerce ação excitatória rápida em um número limitado de locais no


SNC. Na maior parte das áreas, exerce uma forte ação inibitória. No SNC, a 5-HT é
sintetizada quase inteiramente nas células localizadas nos núcleos da rafe no tronco
encefálico. Sentimentos de bem-estar.
ISRS: Inibidor seletivo de recaptação de serotonina

ISRN: Inibidor seletivo de recaptação de serotonina-norepinefrina

ADT: Antidepressivo tricíclico

NET: Transportador de norepinefrina

SERT: Transportador de serotonina

IMAO: Inibidor de monoaminoxidase


Aula 07 - Farmacologia dos Agentes Antidepressivos
O transtorno depressivo afeta 3 a 11% da população ao ano, acomete duas a três vezes
mais o sexo feminino. Por conta do impacto econômico (custos com o tratamento),
infelizmente, permanece não diagnosticado e, consequentemente, não tratado em 30 a 50%
dos casos.

O termo depressão, na linguagem corrente, tem sido empregado para designar tanto um
estado afetivo normal (a tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias)
doença(s).

Enquanto sintoma, a depressão pode surgir nos mais variados quadros clínicos, entre os
quais: transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo, doenças
clínicas, etc. Pode ainda ocorrer como resposta a situações estressantes, ou a
circunstâncias sociais e econômicas adversas.

Enquanto síndrome, a depressão inclui não apenas alterações do humor (tristeza,


irritabilidade, falta da capacidade de sentir prazer, apatia), mas também uma gama de
outros aspectos, incluindo alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas (sono, apetite).

Enquanto doença, a depressão tem sido classificada de várias formas. Entre os quadros
mencionados na literatura atual encontram-se: transtorno depressivo maior, melancolia,
distimia, depressão integrante do transtorno bipolar tipos I e II, depressão como parte da
ciclotimia, etc.
Manifestações clínicas imprescindíveis ao diagnóstico

● Humor deprimido
● Perda de interesse
● Alteração de apetite
● Fatigabilidade
● Mudança no padrão de sono
● Redução da capacidade em se concentrar e manter a atenção
● Ideias de culpa e inutilidade
● Autoestima e autoconfiança reduzidas
● Ideação ou planejamento suicida

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) caracteriza-se por humor deprimido na maior parte
do dia durante duas semanas ou por perda de interesse ou prazer na maioria das atividades
ou ambos.

Depressão caracteriza-se por:

● Distúrbio do sono e apetite com perda de energia e cognição


● Pensamentos de culpa
● Pensamentos de inutilidade
● Pensamento suicida

A principal indicação para o uso de antidepressivos consiste no tratamento de TDM. A


depressão coexiste com outras condições clínicas, desde dor crônica até doença arterial
coronariana.

Para evitar que os neurotransmissores diminuam, é preciso que eles fiquem com os valores
normais, é necessário impedir que eles sejam recaptados ou degradados pelos
neurotransmissores pré-sinápticos. Por isso os fármacos têm essa ação de impedir a
recaptação desses neurotransmissores. Inibidor de recaptação do neurotransmissor.

Também existem inibidores de enzima que impedem a metabolização do neurotransmissor,


fazendo com que ele retorne.
Fatores neuroendócrinos

A etiologia da depressão não está muito bem estabelecida. Teorias mais aceitas associam
fatores biológicos, hereditários e ambientais. Fatores precipitadores incluem abuso de
drogas, comorbidade clínica e estressores vitais

O planejamento terapêutico é baseado na evolução clínica do transtorno depressivo e foi


didaticamente dividido por Kupfer (1991) em três fases:

● Aguda
● Continuação
● Manutenção

Fase Aguda

A opção por tratamento medicamentoso é influenciada pela gravidade e apresentação dos


sintomas, presença de comorbidades clínicas e preferência do paciente. A efetividade dos
antidepressivos pode ser considerada comparável inter e intraclasses, considerando os
transtornos depressivos em geral.

Em depressões atípicas, inibidores da monoamino oxidase (IMAO) são superiores aos


antidepressivos tricíclicos (ADT). Já ADT são superiores aos inibidores seletivos da
recaptura de serotonina (ISRS) em pacientes hospitalizados.

Comorbidade é toda doença, condição ou estado físico e mental que, em razão da


gravidade, pode potencializar os riscos à saúde.
Fatores para a escolha do antidepressivo:

● Perfil dos efeitos colaterais, segurança e tolerabilidade;


● Resposta anterior individual ou em membros da família;
● Preferência do paciente;
● Evidências disponíveis;
● Custo do tratamento;
● Apresentação clínica dos sintomas depressivos.

Se após 4 a 8 semanas não se observar pelo menos uma melhora moderada, deve-se
reavaliar o regime de tratamento, verificar a adesão e os fatores farmacocinéticos e
farmacodinâmicos.

Diante de resposta insatisfatória ou ausente, as opções de manejo incluem:

● Potencialização com lítio ou tri iodotironina (T3);


● Associação de antidepressivos;
● Troca para outro antidepressivo, não IMAO;
● Aumento da dose;
● Eletroconvulsoterapia (ECT)

Fase de Continuação

O objetivo é a prevenção de recaídas. Por esse motivo, recomenda-se manter a medicação


antidepressiva durante 16 a 20 semanas após a remissão. A dose utilizada na fase aguda
geralmente é mantida durante a estabilização embora existam variações na prática clínica
corrente.
Fase de Manutenção

O objetivo é prevenir recorrências, ou seja, novo episódio depressivo após a recuperação


de um episódio anterior. A decisão pela manutenção do antidepressivo depende de alguns
fatores:

● Risco de recorrência (episódios anteriores, sintomas residuais, diagnóstico


psiquiátrico não afetivo associado, presença de transtorno médico geral crônico)
● Gravidade do episódio;
● Efeitos colaterais;
● Preferência do paciente.

Geralmente, a dose que foi eficaz nas fases aguda e de continuação é mantida durante esta
fase. A redução da dose ainda não está bem estabelecida.

Antidepressivos que são dotados de diferentes mecanismos de ação e assim subdivididos:

● Antidepressivos tricíclicos (ADT) ou heterocíclicos;


● Inibidores da monoaminoxidase (IMAO);
● Inibidores da recaptura de serotonina e noradrenalina (SNRI): venlafaxina,
desvenlafaxina, milnacipran e duloxetina;
● Inibidores seletivos da recaptura de noradrenalina (Nari): reboxetina;
● Inibidores da recaptura de serotonina e antagonistas de receptores de serotonina
(Sari): nefazodona e trazodona;
● Inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS);
● Antidepressivos de nova geração (estruturas químicas diversas);
● Inibidores da recaptura de dopamina (e, em menor grau, de noradrenalina):
bupropiona, amineptina;
● Antidepressivos noradrenérgicos e serotoninérgicos específicos (NaSSA):
mirtazapina;
● Outros: mianserina , tianeptina e hypericum.

Efeitos colaterais dos antidepressivos baseados no mecanismo de ação:


Questões

1. Descreva o conceito de depressão (transtorno depressivo maior - TDM).

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) caracteriza-se por humor deprimido na maior parte
do dia durante duas semanas ou por perda de interesse ou prazer na maioria das atividades
ou ambos.

2. Descreva os sintomas da depressão (TDM).

● Distúrbio do sono
● Pensamentos de culpa
● Pensamento de inutilidade
● Pensamento suicida
● Perda de energia e cognição

3. Quais os neurotransmissores envolvidos na depressão (TDM).

Serotonina e noradrenalina.

4. O que caracteriza a depressão (TDM), quais os fatores que caracterizam o


TDM.

A depressão é caracterizada por:

● Distúrbio do sono e apetite com perda de energia e cognição


● Pensamentos de culpa
● Pensamentos de inutilidade
● Pensamento suicida

5. Cite 3 fármacos do grupo dos antidepressivos tricíclicos.

Amitriptilina, Clomipramina e Imipramina.

6. Cite 3 fármacos do grupo dos antidepressivos inibidores de recaptação de


serotonina.

Escitalopram, Sertralina e Fluoxetina.

7. Cite 3 fármacos do grupo dos antidepressivos inibidores de recaptação de


serotonina e norepinefrina.

Venlafaxina, Duloxetina e Desvenlafaxina.


Aula 08 - Medicamentos Estabilizadores de Humor para o
Transtorno Afetivo Bipolar
Transtorno do humor é uma condição patológica que apresenta alterações no
temperamento e comportamento, na energia, na forma de sentir, de pensar e reagir
Também chamado de perturbação do humor, esse tipo de transtorno compromete não
apenas o humor, como também a afetividade e relações sociais.

O transtorno afetivo bipolar consiste em episódios de mania e depressão, separados por


períodos de humor normal.

O transtorno afetivo bipolar (TAB) representa um dos maiores desafios terapêuticos na


psiquiatria. A complexidade do seu tratamento exige, em diferentes níveis, estratégias
terapêuticas que precisam ser ajustadas de maneira individual.
O transtorno afetivo bipolar congrega um amplo espectro de condições clínicas em que o
humor apresenta oscilações muito mais amplas que na população em geral.

Provoca disfunções que instabilizam:

● Ritmos biológicos: sono, apetite


● Funções cognitivas: atenção, concentração e memória
● Funções metabólicas: alterações no apetite e peso
● Sistemas endócrinos: distúrbios da tireoide, diabetes mellitus
● Funções da psicomotricidade: agitação, lentificação
● Impulsividade: compras excessivas, suicídio

Sintomas psíquicos:

● Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de


culpa;
● Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades,
antes consideradas como agradáveis;
● Fadiga ou sensação de perda de energia;
● Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões.
● Alterações do sono;
● Alterações do apetite.

Evidências Comportamentais

● Retraimento social;
● Crises de choro;
● Comportamentos suicidas;
● Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora.

Mania

Define-se um episódio maníaco como ≥ 1 semana de humor persistentemente elevado,


expansivo ou irritável e atividade direcionada a um objetivo persistentemente aumentada ou
aumento perceptível da energia mais ≥ 3 sintomas adicionais:

● Autoestima inflada ou grandiosidade


● Diminuição da necessidade de sono
● Falar mais do que o habitual
● Fuga de ideias ou pensamentos acelerados
● Facilidade em se distrair
● Aumento das atividades direcionadas a objetivos
● Envolvimento excessivo em atividades com alto potencial para consequências
negativas (p. ex., gastar em festanças, investimentos financeiros tolos)
Os pacientes maníacos podem ficar incansáveis, excessiva e impulsivamente envolvidos
em diversas atividades prazerosas com alto risco (p. ex., jogos, esportes perigosos,
atividade sexual promíscua) sem crítica sobre o possível risco. Os sintomas são tão graves
que os pacientes não podem desempenhar seus papéis primários (ocupação, escola,
tarefas domésticas). Investimentos insensatos, farras caras e outras escolhas pessoais
podem ter consequências irreparáveis.

Pacientes em episódios maníacos podem usar roupas exuberantes, extravagantes ou


coloridas e frequentemente têm posturas autoritárias com fluxo de fala rápido e sem
interrupções. Os pacientes podem fazer associações pela sonoridade (novos pensamentos
são desencadeados pelo som das palavras e não pelo significado). Distraídos com
facilidade, os pacientes podem constantemente mudar de um tema para outro ou de uma
empreitada para outra. Entretanto, eles tendem a acreditar que estão em seu melhor estado
mental.

Perda da crítica e aumento na capacidade de atividade, muitas vezes, acarretam


comportamentos intrusivos, podendo ser uma combinação perigosa. Disso resultam atritos
interpessoais que podem levar os pacientes a sentir que estão sendo tratados injustamente
ou perseguidos. Como resultado, os pacientes podem se tornar um perigo para si mesmos
e para as outras pessoas. A atividade mental acelerada é experimentada como uma corrida
de pensamentos pelos pacientes e é observada como fuga de ideias pelo médico.

Mania psicótica é a manifestação mais extrema, com sintomas psicóticos que podem ser
difíceis de distinguir da esquizofrenia. Os pacientes podem ter delírios extremamente
grandiosos ou persecutórios (p. ex., de ser Jesus, de ser perseguido pelo Federal Bureau of
Investigation FBI]), às vezes, com alucinações. O nível de atividade aumenta
marcadamente; os pacientes podem correr e gritar, xingar ou cantar. A labilidade de humor
aumenta, com frequência, com irritabilidade crescente. Delirium completo (mania delirante)
pode surgir, com perda completa do pensamento e comportamento coerentes.

Hipomania

Um episódio hipomaníaco é uma variante menos extrema de mania representado por um


episódio evidente que dura ≥ 4 dias com um comportamento claramente diferente do
comportamento habitual do paciente quando não está deprimido com ≥ 3 dos sinais e
sintomas adicionais listados acima na rubrica mania.

Durante o período hipomaníaco, o humor melhora, a necessidade de sono diminui à medida


que a energia aumenta visivelmente e a atividade psicomotora acelera. Para alguns
pacientes, períodos hipomaníacos são adaptativos, pois produzem alta energia, criatividade,
confiança e funcionamento social supernormal. Muitos não desejam deixar o estado
eufórico prazeroso. Alguns funcionam muito bem e o funcionamento não está notavelmente
comprometido. No entanto, em alguns pacientes, a hipomania se manifesta como distrair-se
facilmente, irritabilidade e humor lábil, que o paciente e os outros acham menos atraente.

Indivíduo com TAB costuma apresentar

● Maior número de dias de internação hospitalar


● Mais faltas no trabalho.
● Nível mais baixo de funcionamento social.
● Alta chance de desemprego
● Alta chance de desemprego
● Maior chance de problemas forenses

Tipos de Transtorno Bipolar

● Transtorno Bipolar I: definido por episódios maníacos que duram, pelo menos, 7
dias ou por sintomas maníacos, que são tão graves que a pessoa precisa de
cuidados hospitalares imediatos. Geralmente, episódios depressivos ocorrem
também, tipicamente durando pelo menos 2 semanas. Episódios de depressão com
características mistas (com depressão e sintomas maníacos ao mesmo tempo)
também são possíveis.

● Transtorno Bipolar II: definido por um padrão de episódios depressivos e episódios


hipomaníacos, mas não os episódios maníacos desenvolvidos acima.

● Desordem Ciclotímica: também chamada de ciclotimia, é definida por numerosos


períodos de sintomas hipomaníacos bem como inúmeros períodos de sintomas
depressivos de pelo menos 2 anos 1 ano em crianças e adolescentes). No entanto,
os sintomas não atendem aos requisitos diagnósticos para um episódio hipomaníaco
e um episódio depressivo.

● Outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados:


definidos por sintomas de transtorno bipolar que não correspondem às três
categorias listadas acima.

Fisiopatologia

A neurotransmissão das aminas biogênicas na região distribuídas pelos circuitos neurais na


área dos circuitos límbico estriado, córtex pré frontal regiões que controlam as
manifestações comportamentais dos transtornos de humor.

● Neurobiologia da Regulação do Humor

O processo de geração de estados afetivos complexos, isto é, a resposta sentimental e


comportamental frente a diferentes estímulos (eventos estressantes) envolve:

❖ A identificação do significado emocional do estímulo (estresse)


❖ A produção de um estado afetivo específico em resposta ao estímulo.
❖ A regulação da resposta afetiva e comportamental, que envolve a modulação dos
processos 1 e 2, passos necessários para a obtenção de uma resposta
contextualmente apropriada

Passo 01: A amígdala, o córtex insular e o núcleo caudado participam do processo de


identificação do significado emocional do estímulo.

Passo 02: O córtex pré frontal ventrolateral, o córtex orbitofrontal, o córtex insular o giro
cingulado anterior à amígdala e o estriado participam da resposta afetiva frente aos
estímulos.

Passo 03: A regulação afetiva e comportamental, por sua vez, é desempenhada pelo córtex
pré frontal dorsolateral e dorsomedial, pelo hipocampo e pelo giro cingulado anterior dorsal.

Sintomas como labilidade afetiva, ciclagem depressão/mania e distratibilidade, comumente


associados ao TAB, podem estar associados a estas alterações em regiões cerebrais
envolvidas no processamento das emoções.

● Neurotransmissores

❖ Sistema Serotoninérgico

A serotonina (5 HT) modula diferentes atividades neuronais e, desse modo, diversas


funções fisiológicas e comportamentais, como controle de impulsos, agressividade e
tendências suicidas. Desta forma, diminuição da liberação e da atividade da 5 HT podem
estar associadas a algumas anormalidades como ideação suicida , tentativas de suicídio,
agressividade e distúrbios do sono, achados frequentes nos transtornos bipolares.

❖ Sistema Dopaminérgico

Uma maior atividade dopaminérgica induzida por aumento da liberação, diminuição da


capacidade de tamponamento pelas vesículas sinápticas ou pela maior sensibilidade dos
receptores dopaminérgicos pode estar associada ao desenvolvimento de sintomas
maníacos, enquanto a diminuição da atividade dopaminérgica estaria associada à
depressão.
Locais de ação dos agentes psicóticos e lítio

Antagonista de D2: Clorpromazina, Haloperidol, Flufenazina.

❖ Sistema Noradrenérgico

Uma tendência de maior atividade da noradrenalina em estados maníacos. Uma hipótese é


que há uma função serotoninérgica central diminuída, associada a uma função
noradrenérgica aumentada, poderia estar envolvida na gênese da mania.
❖ Sistema Gabaérgico

Dados clínicos indicam que um decréscimo na função GABAérgica acompanha os estados


maníacos e depressivos e que agonistas do GABA possuem propriedades antidepressivas
e antimaníacas. Agonistas: Topiramato e Zolpidem.

❖ Sistema Glutamatérgico

O aumento do glutamato pode induzir cronicamente mecanismos que mantêm o balanço do


glutamato na sinapse por meio de um feedback negativo. A modulação do glutamato é
verificada com a utilização de estabilizadores do humor.
Estabilizador de Humor

É uma substância capaz de atuar como o lítio. Um anticonvulsivante usado para o


tratamento do transtorno bipolar. O antipsicótico atípico utilizado no tratamento do
transtorno bipolar.

Com isso, podemos separar os Estabilizadores de Humor em três grupos de fármacos


principais:

● Carbonato de Lítio: o Estabilizador de Humor propriamente dito;


● Anticonvulsivantes: carbamazepina, oxicarbamazepina, ácido valpróico,
divalproato de sódio e lamotrigina.
● Antipsicóticos atípicos: quetiapina, risperidona, olanzapina etc

Questões

1. Defina transtorno de humor e transtorno afetivo bipolar.

Transtorno do humor é uma condição patológica que apresenta alterações no


temperamento e comportamento, na energia, na forma de sentir, de pensar e reagir
Também chamado de perturbação do humor, esse tipo de transtorno compromete não
apenas o humor, como também a afetividade e relações sociais.

O transtorno afetivo bipolar consiste em episódios de mania e depressão, separados por


períodos de humor normal.

2. Quais os sistemas orgânicos e/ou funções que são instabilizadas pelo


transtorno afetivo bipolar? Cite 5 e dê exemplo.

● Ritmos biológicos: sono, apetite


● Funções cognitivas: atenção, concentração e memória
● Funções metabólicas: alterações no apetite e peso
● Sistemas endócrinos: distúrbios da tireoide, diabetes mellitus
● Funções da psicomotricidade: agitação, lentificação
● Impulsividade: compras excessivas, suicídio

3. Descreva o que é mania e hipomania.

Define-se um episódio maníaco como ≥ 1 semana de humor persistentemente elevado,


expansivo ou irritável e atividade direcionada a um objetivo persistentemente aumentada ou
aumento perceptível da energia mais ≥ 3 sintomas adicionais:
● Autoestima inflada ou grandiosidade
● Diminuição da necessidade de sono
● Falar mais do que o habitual
● Fuga de ideias ou pensamentos acelerados
● Facilidade em se distrair
● Aumento das atividades direcionadas a objetivos
● Envolvimento excessivo em atividades com alto potencial para consequências
negativas (p. ex., gastar em festanças, investimentos financeiros tolos)

Um episódio hipomaníaco é uma variante menos extrema de mania representado por um


episódio evidente que dura ≥ 4 dias com um comportamento claramente diferente do
comportamento habitual do paciente quando não está deprimido com ≥ 3 dos sinais e
sintomas adicionais listados acima na rubrica mania.

4. Quais os sintomas psíquicos que apresenta um indivíduo com Transtorno


afetivo bipolar (TAB).

● Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de


culpa;
● Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades,
antes consideradas como agradáveis;
● Fadiga ou sensação de perda de energia;
● Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões.
● Alterações do sono;
● Alterações do apetite.

5. Quais neurotransmissores e/ou sistemas neurotransmissores que estão


envolvidos no TAB.

Serotonina, dopamina, noradrenalina, GABA e glutamato.


Aula 09 - Medicamentos Estabilizadores de Humor para o
Borderline
Caracteriza os indivíduos que vivem entre a fronteira da lucidez e a insanidade. A
personalidade borderline é um grave transtorno mental com um padrão característico de
instabilidade na regulação do afeto no controle de impulsos nos relacionamentos
interpessoais e na imagem de si mesmo.

Afeta de 1 a 2% da população geral, 10% de pacientes psiquiátricos e 20% dos internados


em hospitais, sendo que a maior parte das pessoas afetadas (até 70%) corresponde a
mulheres.

A epigenética tem uma importância muito grande para desencadear processos patológicos.

Os sintomas (características) são: esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. A


“síndrome” borderline é portanto um mosaico de sintomas menos acentuados de diversos
transtornos.

Os pacientes apresentam diversas sensações, por vezes conflitantes, muitas vezes


manifestando tensão aversiva, incluindo raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e
sentimentos crônicos de vazio e solidão. Exagerada reatividade no humor (Disforia e
períodos eutímicos).

● Cognição alterada

● Sintomatologia alterada: ideias superestimadas de estar mal

● Experiências de dissociação: despersonalização e perda da percepção da realidade.

● Outros sintomas são semelhantes aos psicóticos, com episódios transitórios e


circunscritos de ilusões e alucinações baseadas na realidade.

Impulsividade manifestada:

● Autodestrutivos: apresentam comportamento suicida, podendo apresentar


automutilação, ameaças e tentativas de suicídio.

● Formas mais gerais de impulsividade: caracterizadas pelo abuso de drogas,


desordens alimentares, participação em orgias, explosões verbais e direção
imprudente.

Relacionamentos Intensos e Instáveis, cujos problemas mais comuns são:

● Profundo medo de abandono, que tende a se manifestar em esforços desesperados


para evitar ser deixado sozinho.
● Alternância entre extremos de idealização e desvalorização, sendo os
relacionamentos marcados por frequentes discussões, rompimentos , baseados em
uma série de estratégias mal adaptadas que irritam e assustam outras pessoas.

Causas apontadas para a origem do transtorno:

● Acredita-se que, além do forte componente genético experiências traumáticas na


infância como abuso sexual e negligência causariam a desregulação emocional e a
impulsividade, levando aos comportamentos não funcionais, déficits e conflitos
psicossociais (Carneiro, Lígia. Ciências & Cognição, 2004)

● Encontrar marcadores biológicos diretos, que pudessem ser identificados como


causa dos transtornos mentais, não vem sendo alcançado com a esperada
facilidade. É nesse contexto sendo decepcionante. Identificamos as noções de
epigenética, neurodesenvolvimento e plasticidade como os principais indicativos de
um novo modo de compreender a biologia dos fenômenos mentais. A complexidade
genética, o papel formativo do ambiente e as variações que caracterizam a
vulnerabilidade implicam importantes modificações nas principais teses sobre a
determinação biológica dos transtornos mentais. (Freitas Silva, L. R., & Ortega, F.,
2016)

Terapia Medicamentosa

● Neurolépticos: controlar os sintomas cognitivo-perceptuais.

Os medicamentos antipsicóticos (neurolépticos) se caracterizam por sua ação psicotrópica,


com efeitos sedativos e psicomotores.

❖ Clorpromazina
❖ Haloperidol
❖ Clozapina
❖ Risperidona
❖ Olanzapina
❖ Quetiapina
❖ Ziprasidona

● Antidepressivos

Ansiedade e raiva. Efeito adversos: Náuseas; diarreia; agitação; insônia; tontura.

❖ Antidepressivos tricíclicos: Imipramina ; Amitriptilina ; Nortriptilina ; Clomipramina


❖ Inibidores de captação não seletivos (NA/5HT): Venlafaxina ; Duloxetina
❖ Inibidores seletivo da captação (5HT): Fluoxetina; citalopram ; sertralina
❖ Inibidores seletivo da captação (NA): Reboxetina ; Fenelzina

● Estabilizadores de Humor: raiva, regulam as alterações bruscas de humor

Os Estabilizadores de Humor em três grupos de fármacos principais:

❖ Carbonato de lítio: o Estabilizador de Humor propriamente


❖ Anticonvulsivantes: carbamazepina, carbamazepina , ácido valpróico,
divalproato de sódio e lamotrigina
❖ Antipsicóticos atípicos: quetiapina, risperidona, olanzapina, etc.

Efeitos colaterais neurológicos e psiquiátricos: principalmente o tremor essencial,


diminuição da função da tireóide, diabetes insípido nefrogênico, tontura, dor de cabeça, falta
de coordenação dos movimentos, sonolência, cansaço, visão dupla, náusea, vômitos,
reações alérgicas na pele, secura da boca, inchaço e aumento de peso

Questões

1. Quais as duas características por onde transitam os indivíduos com


Borderline?

Lucidez e insanidade.

2. Como você caracterizaria a síndrome Borderline?

A personalidade borderline é um grave transtorno mental com um padrão característico de


instabilidade na regulação do afeto no controle de impulsos nos relacionamentos
interpessoais e na imagem de si mesmo.

3. Quais as classes farmacológicas utilizadas para o tratamento do Borderline?

Neurolépticos, antidepressivos e estabilizadores de humor.

4. Cite 4 efeitos adversos dos fármacos utilizados no tratamento do Borderline?

Náuseas, diarreia, agitação e insônia.


5. Quais os principais efeitos do uso dos neurolépticos?

Controlar os sintomas cognitivo-perceptuais, com ação psicotrópica, tem efeitos sedativos e


psicomotores.
Aula 10 - Medicamentos Ansiolíticos, Hipnóticos e Fitoterápicos
★ ANSIOLÍTICOS

A ansiedade é o medo excessivo de situações cotidianas, de forma duradoura. É


caracterizada por tensão, aflição, angústia, perturbação de espírito, incerteza, preocupação
excessiva e pensamentos negativos, produzindo alterações fisiológicas, entre as quais,
sudorese, tontura, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Fatores
neuroanatômicos e neurofisiológicos.

Fisiopatologia

A patogênese dos transtornos de ansiedade têm como base a resposta ao sistema “luta e
fuga” com ativação do sistema nervoso simpático, mas também, respostas autonômicas,
neuroendócrinas, cognitivas e motoras. O núcleo central da amígdala capta a entrada
glutamatérgica excitatória de várias áreas corticais e do tálamo, e em resposta a amígdala
projeta para muitas regiões do cérebro dos sistemas monoaminérgicos que desencadeiam
manifestações clínicas comuns de ansiedade. A ansiedade permeia diversos aspectos da
vida do indivíduo e gera prejuízo a ele, com limitações a atividades diárias.

A ansiedade pode ser causada por diversos fatores, como ambientais, genéticos e
neurobiológicos - abuso de substâncias, doenças físicas, distúrbios hormonais, eventos
traumáticos, estresse, fatores ambientais e genética.

Manifestações somáticas comuns da ansiedade

● Cardiorrespiratórias: palpitações, dor no peito, dispneia ou sensação de estar


sufocado
● Gastrointestinais: dispepsia, náusea, diarreia, inchaço ou dor abdominal
● Geniturinária: frequência ou urgência urinária
● Neurológicas/Autonômicas: sudorese, ondas quentes ou frias, tontura ou pré-
síncope, parestesia, tremores, dor de cabeça.

Tratamento

Os principais tratamentos para os transtornos relacionados com a ansiedade incluem ISRS,


IRSN, benzodiazepínicos, buspirona e antagonistas beta-adrenérgicos.

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem ser efetivos para o alívio dos
sintomas de ansiedade, sendo considerados medicação de primeira escolha devido ao seu
perfil de efeitos colaterais, sua maior segurança.
★ HIPNÓTICOS E SEDATIVOS

Os fármacos sedativos hipnóticos possuem uma ação abrangente no paciente. Os


compostos sedativos são responsáveis por acalmar o paciente. Já os hipnóticos possuem
um efeito de indução da sonolência ou sono assim, iniciando e mantendo o sono.

Outros efeitos produzidos pelos benzodiazepínicos: Sedativos. Hipnóticos, anestésicos,


anticonvulsivantes e de relaxamento muscular.

Prejudicam cognição; memória; controle motor; potencializa efeito de outros sedativos


(álcool).

Tratamento

Os benzodiazepínicos, como alprazolam, clordiazepóxido, clonazepam, diazepam,


lorazepam e oxazepam, são eficazes no tratamento do transtorno de ansiedade
generalizado, do transtorno do pânico e da ansiedade situacional.

Outro efeito dos benzodiazepínicos: sedativos, hipnóticos, anestésicos, anticonvulsivantes e


de relaxamento muscular.

Eles prejudicam: Cognição, memória, controle motor e potencializa efeito de outros


sedativos (álcool).
★ FITOTERÁPICOS

Algumas plantas medicinais e fitoterápicos podem ser utilizados com segurança e eficácia
para o tratamento de distúrbios do sono. No entanto, não existe boa evidência que
quantifique e comprove a eficácia dos mesmos para o tratamento da insônia. Os
fitoterápicos que possuem mais estudos são a Valeriana Officinalise e o Piper Metysticum
G. Forst (kava-kava - hepatotóxico).

Além da prescrição de fármacos e fitoterápicos, recomenda-se que se utilize outras


estratégias em conjunto, tais como: higiene do sono, terapia cognitivo comportamental,
terapia de controle de estímulos, terapia de restrição de sono, terapia de relaxamento e de
biofeedback.

Questões

1. Quais os fatores que caracterizam a ansiedade?

A ansiedade é o medo excessivo de situações cotidianas, de forma duradoura. É


caracterizada por tensão, aflição, angústia, perturbação de espírito, incerteza, preocupação
excessiva e pensamentos negativos, produzindo alterações fisiológicas, entre as quais,
sudorese, tontura, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Fatores
neuroanatômicos e neurofisiológicos.

2. Cite 6 manifestações somáticas comuns que acometem o ansioso.

● Cardiorrespiratórias: palpitações, dor no peito, dispneia ou sensação de estar


sufocado
● Gastrointestinais: dispepsia, náusea, diarreia, inchaço ou dor abdominal
● Geniturinária: frequência ou urgência urinária
● Neurológicas/Autonômicas: sudorese, ondas quentes ou frias, tontura ou pré-
síncope, parestesia, tremores, dor de cabeça.
3. Qual a classe de medicamentos utilizada como primeira escolha no tratamento
da ansiedade e por que? Descreva o mecanismo de ação.

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem ser efetivos para o alívio dos
sintomas de ansiedade, sendo considerados medicação de primeira escolha devido ao seu
perfil de efeitos colaterais, sua maior segurança. Esta classe farmacológica inibe
seletivamente a recaptação de serotonina, aumentando a concentração de serotonina na
fenda sináptica. Ao fazerem essa inibição seletiva, esses fármacos não têm efeito anti-alfa-
1, anti-histamínico, anticolinérgico, ou toxicidade cardiovascular como os tricíclicos. São
benéficos, pois os pacientes têm melhor tolerabilidade, não são letais em doses elevadas e
promovem uma melhor adesão ao tratamento.

4. Quais são os efeitos dos hipnóticos e sedativos no paciente em tratamento?

Os compostos sedativos são responsáveis por acalmar o paciente. Já os hipnóticos


possuem um efeito de indução da sonolência ou sono, iniciando e mantendo o sono.

5. Os benzodiazepínicos atuam em qual receptor? Descreva o mecanismo de


ação dos benzodiazepínicos. Cite 2 fármacos que atuam no receptor Gaba A
de classes diferentes, e que são utilizados para insônia.

Os benzodiazepínicos dificultam a excitação (e a transmissão de sinais) de neurônios que


contêm o receptor GABAA (assim chamado por funcionar quando o neurotransmissor ácido
gama-aminobutírico, ou GABA, se liga a ele). Isso se dá através do aumento da entrada de
íons negativos (Cl⁻ ) na célula, com consequente hiperpolarização entre os meios externo e
interno do neurônio. A hiperpolarização diminui a ativação neuronal em diversas vias do
sistema nervoso central, muitas das quais estão relacionadas com ansiedade e tensão.

Zolpidem e Triazolam.
Aula 11 - Medicamentos Antipsicóticos e Drogas de Abuso
★ MEDICAMENTOS ANTIPSICÓTICOS

Psicose

A psicose é um sintoma da doença mental que se caracteriza por um senso distorcido ou


inexistente da realidade. Transtornos psicóticos comuns:

● Transtornos de humor (depressão maior ou mania) com característica psicótica.


● Psicose induzida por substâncias.
● Demência com características psicóticas.
● Delirium com características psicóticas.
● Transtorno psicótico breve.
● Transtorno delirante.
● Transtorno esquizoafetivo.
● Esquizofrenia.

Epidemiologia

A prevalência mundial de esquizofrenia é de 1%, sendo o transtorno protótipo para


compreensão da fenomenologia da psicose e do impacto do tratamento antipsicótico.

Características observadas:

● Alucinações, delírios, discursos desorganizados e comportamento desorganizado ou


agitado (sintomas positivos).

● Apatia, avolição, alogia e déficits cognitivos (sintomas negativos).

Avolição: Incapacidade de iniciar e persistir em atividades dirigidas a um objetivo.


Alogia: feito ou dito absurdo; contrassenso, despropósito.

Hipótese Dopaminérgica

Antagonismo dos receptores de DA. Exemplo: Clorpromazina e Haloperidol.


Potencial dos agentes antipsicóticos nos receptores dos neurotransmissores

Efeitos colaterais neurológicos dos fármacos antipsicóticos


★ DROGAS DE ABUSO

Farmacologia não é absolutamente o único determinante da experiência ou do


comportamento relativo às drogas. Características da personalidade, como o
comportamento de risco, podem contribuir para o abuso de drogas.

A idade em que a droga é usada pela primeira vez, a experiência anterior com drogas, os
efeitos previstos da experiência, o estado nutricional e fatores sociais também podem
influenciar o risco de abuso e dependência.

Principais drogas de abuso


Dependência de Substâncias (Adicção)

É definida como “um padrão mal-adaptativo de uso de substâncias que leva a prejuízo ou
sofrimento clínico significativo, evidenciado por três (ou mais)” características, que incluem
tolerância, abstinência e abandono ou redução de “importantes atividades sociais,
ocupacionais ou recreativas… em razão do uso da substância” durante um período de 12
meses.

O termo abuso aplica-se especificamente a substâncias não prescritas.

Complicações clínicas

● Toxicidade tecidual
● Alterações metabólicas induzidas
● Disfunção do órgão (álcool)
● Aumento da pressão arterial sistêmica
● Memória de curto prazo
● Doenças pulmonares e cardíacas
● Danos psicológicos
Uma pesquisa aprofundada sobre os estudos finais concluiu que a maconha parece ter
efeitos adversos específicos sobre os parâmetros espermáticos, ou seja, contagem de
espermatozoides, concentração, motilidade, morfologia, capacitação e viabilidade, afetando
assim a fertilidade nos homens Certos níveis hormonais, incluindo testosterona, hormônio
luteinizante e hormônio folículo estimulante, também chamaram a atenção, potencialmente
impactando a fertilidade dos homens no entanto, uma inferência finita não pôde ser
comprovada pelos estudos.

Embora os estudos mostram efeitos significativos nos parâmetros espermáticos e na


disfunção sexual orgânica, também é de notar que esses estudos são apenas
observacionais e são conduzidos em pequenos grupos em localizações geográficas
multicêntricas onde outros padrões de estilo de vida podem ser confundidores.

A literatura científica indica que a doença psicótica surge mais frequentemente em


consumidores de cannabis em comparação com os não utilizadores, o consumo de
cannabis está associado a um risco dose dependente de desenvolver doença psicótica e os
consumidores de cannabis têm um início mais precoce de doença psicótica em comparação
com os não utilizadores. O uso de cannabis também foi associado ao aumento das taxas de
recaída, mais hospitalizações e sintomas positivos pronunciados em pacientes psicóticos.
Fazemos recomendações sobre o tipo de pesquisa necessária para melhor caracterizar a
relação entre o uso de cannabis e o desenvolvimento e os resultados da psicose.

A maioria dos dados clínicos e pré-clínicos aponta para uma forte correlação entre a
exposição a canabinóides na adolescência e desfechos neuropsiquiátricos adversos
persistentes na idade adulta. Embora a literatura apoie a hipótese de que o uso de cannabis
em adolescentes esteja ligado a problemas cognitivos e de saúde mental em adultos, ela
não demonstra conclusivamente que o consumo de cannabis por si só é suficiente para
causar esses déficits em humanos.

A literatura animal, no entanto, indica claramente que a exposição de início na adolescência


a canabinóides pode catalisar processos moleculares que levam a déficits funcionais
persistentes na idade adulta, déficits que não são encontrados após a exposição de início
na idade adulta e que modelam alguns dos resultados adversos relatados em humanos
entre populações adultas de usuários de cannabis de início precoce.

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